ELABORAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA I:
CAMINHO PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
CIENTÍFICO
CURSOS DE GRADUAÇÃO
Núcleo de Formação Sociocultural e Ética e Metodologia da Pesquisa Pró-Reitoria de Ensino
ORGANIZADORAS:
Aparecida Cristina Cardoso Cristina Herold Constantino Siderly do Carmo Dahle de Almeida
COLABORADORA:
Noiriel Leal
MARINGÁ – PR 2016
Eixo temático - 4
“ELABORAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA I: TÍTULO, TEMA E
PROBLEMA”.
Reitor: Wilson de Matos
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Ensino: Valdecir Antonio Simão Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
NÚCLEO DE FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E METODOLOGIA DA PESQUISA Gestora da disciplina: Cristina Herold Constantino
APRESENTAÇÃO DO EIXO TEMÁTICO
Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo a mais uma etapa de estudos sobre Metodologia da Pesquisa Científica, agora, relacionada ao quarto eixo temático. Este apenas o primeiro de uma sequência de três materiais que tem por objetivo instrumentalizá-lo, sendo apoio direto tanto à elaboração de um projeto de pesquisa, quanto a quaisquer trabalhos acadêmicos desenvolvidos ao longo de seu curso.
Como graduando e pesquisador iniciante você terá necessidade de compreender como se elabora um projeto de pesquisa, ou seja, quais aspectos básicos, porém, fundamentais devem ser levados em conta para que um projeto de pesquisa seja materializado, isto é, colocado no papel. Neste sentido, neste material, você será desafiado a compreender conceitos teóricos relacionados a alguns desses principais aspectos que envolvem a elaboração de qualquer projeto de pesquisa.
O contexto acadêmico é marcado pelo fio condutor da pesquisa, seja pela vinculação a um ou mais projetos de pesquisa ao longo da jornada acadêmica, seja pelo simples fato de que a pesquisa permeia toda a prática pedagógica de todo profissional da educação que exerce com responsabilidade a sua prática e que exige, consequentemente, conhecimento e prática da pesquisa como parte do processo ensino-aprendizado. Neste sentido, entendemos que tratar da elaboração de um projeto de pesquisa não se faz apenas necessário, mas premente a todo aluno de curso superior. Um outro aspecto que justifica a busca pelo conhecimento do presente eixo é que ao longo da nossa trajetória como professores e responsáveis pela organização da disciplina de Metodologia da Pesquisa temos observado que uma das grandes dificuldades por parte do acadêmicos(as) dos diferentes cursos se dá em relação à clareza de conceitos e aplicação do tema, título e problema de pesquisa, os quais , conforme mencionamos tratam-se de aspectos básicos e fundamentais à elaboração de um projeto de pesquisa.
Desse modo, com a finalidade de melhor estruturá-lo na composição de seu projeto e/ou trabalho de pesquisa este material foi organizado da seguinte forma: primeiramente, faremos uma rápida abordagem sobre projeto de pesquisa e especificações gerais e, posteriormente, daremos ênfase aos três primeiros aspectos relacionados à elaboração de um projeto de pesquisa, a saber, tema, título e problema, respectivamente.
Por isso, querido(a) aluno(a), convidamos você a compartilhar de mais este material e a fazer o melhor uso de toda a informação disponível, refletindo sobre ela e colocando-a em prática entendendo que os melhores resultados você alcançará ao longo de sua vida acadêmica como aluno iniciante na pesquisa e ao longo de sua vida profissional e pessoal.
Um grande abraço e ótimos estudos! Cristina Herold Constantino
S U M Á R I O
1. ELABORAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA I: Título, tema e problema de pesquisa... 07
INTRODUÇÃO... 07
1.1 PROJETO DE PESQUISA... 08
1.2 ESPECIFICAÇÕES GERAIS... 08
1.3 ELEMENTOS DO PROJETO DE PESQUISA... 08
1.3.1 Delimitação do tema para um projeto de pesquisa... 08
1.3.2 Como escrever um título para o seu trabalho?... 11
1.3.3 Problema de pesquisa... 12
1.3.3.1 Como formular um problema de pesquisa?... 14
1.3.4 Hipótese... 15
CONSIDERAÇÕES FINAIS... 17
REFERENCIAS... 17
A A aaddvveerrssiiddaaddee tteemm oo eeffeeiittoo ddee ddeessppeerrttaarr ttaalleennttooss qquuee eemm cciirrccuunnssttâânncciiaass p prróóssppeerraass tteerriiaamm ccoonnttiinnuuaaddoo aaddoorrmmeecciiddooss.. H Hoorráácciioo
INTRODUÇÃO
Como mencionado no material de estudo da semana anterior, estamos em uma nova etapa da disciplina de metodologia da pesquisa e, nesta, focamos nossa atenção ao processo de elaboração de um projeto de pesquisa em seus diferentes aspectos. Até este momento, compreendemos o que é um projeto de pesquisa, sua importância na formação acadêmica e profissional e como um projeto de pesquisa leva a grandes descobertas e, por consequência, de que modo pode mudar o rumo da sociedade, da história, da ciência e por que não dizer de uma carreira profissional, uma vez que conduz ao processo de construção de um novo saber, que resulta em aprimoramento profissional e maior desempenho na área estudada.
A partir de agora, a temática abordada nesta semana, bem como o material que aqui apresentamos, visa discutir e apresentar os itens que compõem um projeto de pesquisa. Por uma questão didática e objetivando melhor aproveitamento por parte do acadêmico, faremos a abordagem de cada um destes em tópicos relacionados às aulas respectivamente. Nesta aula trataremos sobre tema, título e problema de pesquisa, itens iniciais e fundamentais à elaboração de todo trabalho e, neste caso específico, de um projeto de pesquisa.
Assim, tanto o material aqui proposto quanto os vídeos desta semana visam orientar e direcioná-lo na construção de um estudo sistematizado.
Bons estudos!
1.1 PROJETO DE PESQUISA
Projeto de Pesquisa é um documento acadêmico que explicita a intenção de pesquisa de um estudante. Serve tanto para trabalhos em nível de graduação (TCC) quanto para pós-graduação (Trabalhos de Conclusão de Curso de Especialização, Dissertação e Tese).
1 ELABORAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA I: Título, tema
e problema de pesquisa
1.2 ESPECIFICAÇÕES GERAIS
De forma geral, as especificações de um projeto de pesquisa são semelhantes às de trabalho acadêmico e de artigo:
a) papel A4 (210 x 297 mm), cor branca, impressão em apenas um lado da folha;
b) fonte Times New Roman ou Arial (ao longo de todo o projeto de pesquisa, deverá ser usado um único tipo de letra);
c) margens superior e esquerda de 3 cm; inferior e direita de 2 cm; d) espacejamento entre linhas no texto de 1,5;
e) para as citações longas e as referências, o espacejamento é simples (1,0); f) citações curtas (até 3 linhas) inserem-se no texto;
g) citações longas (acima de 3 linhas) devem ser destacadas, com recuo de 4 cm, fonte 10, com um espacejamento de 1,5 entre os parágrafos anterior e posterior;
h) parágrafo com recuo de 1,25 cm, com alinhamento justificado;
i) as referências devem ser feitas no sistema autor-data ou no numérico (o sistema adotado deverá ser usado em todo o projeto de pesquisa, sem a possibilidade de alternar de um para o outro ao longo do texto); j) projetos de pesquisa têm capa e folha de rosto;
k) os elementos do projeto, com exceção da capa e da folha de rosto, são grafados em folha corrida, um após o outro, sem necessidade de nova página para cada um;
l) os elementos do projeto (tema, delimitação, etc.) correspondem aos próprios títulos das seções e devem vir alinhados à esquerda, com letra em maiúsculo, em negrito, precedidos do número de ordem sem ponto.
1.3 ELEMENTOS DO PROJETO DE PESQUISA
Os elementos do projeto de pesquisa são: tema; delimitação do tema; justificativa; problema; hipótese; objetivo geral; objetivos específicos; revisão de literatura; metodologia; cronograma; referências.
Segue a explicação detalhada de cada um desses elementos.
1.3.1 Delimitação do tema para um projeto de pesquisa
Se queres fazer um livro poderoso, deves escolher um tema poderoso.
(Herman Melville)
Desenvolver um projeto de pesquisa não é tarefa fácil, escrevê-lo exige também persistência, dedicação e parâmetros. Sobre esses parâmetros você já tem ouvido e lido a respeito em aulas anteriores, no
entanto, queremos que tenha clareza quanto à maneira como poderá produzir um projeto de pesquisa e por esse motivo passaremos a tratar na aula desta semana de três aspectos básicos e extremamente importantes sem os quais comprometeria qualquer trabalho.
Como dissemos anteriormente conceituar título, assunto e tema é, ou pelo menos deveria ser, algo comum e simples de se fazer. Contudo, o que temos visto é uma grande confusão quanto à concepção e aplicação desses conceitos em qualquer trabalho e, por extensão, em um projeto de pesquisa.
Na verdade, a maneira mais apropriada por meio da qual devemos abordar tais aspectos é tratarmos primeiramente do assunto, seguido pelo tema e título, ou seja, por ser o primeiro o mais abrangente e o último o mais específico.
Antes, porém, de entrarmos propriamente no assunto é preciso ter a ideia clara sobre o que se pretende estudar.
Mas, como saber sobre o que estudar?
De onde exatamente o acadêmico deve partir, a fim de tentar buscar temas para o seu projeto? De tudo. Do meio que o cerca. Do seu emprego ou trabalho diário. Dos afazeres diários. Da sua rotina. Do que você fez a sua vida inteira ou não fez.
É fundamental, portanto, levar em conta um questionamento dentro do universo da sua área de estudo que pode ser traduzido em diferentes perguntas:
Qual assunto é de minha preferência? Com qual disciplina tenho mais empatia? Ou mesmo,
Com qual linha de pesquisa (área que estudo) tenho mais afinidade?
Assim, definir o assunto, pressupõe conhecê-lo minimamente, ou pelo menos simpatizar-se com ele. Sabendo que, quanto mais afinidade e prazer
temos com o nosso trabalho, mais fáceis serão as superações dos obstáculos e, portanto, os riscos de uma desistência, desaprovação ou questões do gênero serão bem menores ou quase inexistentes.
O segundo passo ainda em direção ao assunto é realizar leituras que possam ajudar no conhecimento mais detalhado acerca daquilo
sobre o qual se quer pesquisar. Até mesmo porque a leitura contribui para o conhecimento do assunto e, portanto, pode encaminhar a delimitação do tema.
A ideia clara e precisa do que se pretende estudar já é um excelente início para se escrever um projeto. Desta forma, o assunto sugere uma área de interesse, o que sempre traz inúmeras possibilidades,
O tema é o “assunto” que se quer pesquisar, apresentado de forma ampla, apenas para situar a área de interesse do pesquisador. Serve ainda para que o professor-orientador perceba, de imediato, se aquele assunto proposto pelo aluno-pesquisador está entre os temas de sua área de estudo e docência. No caso de projetos para pós-graduação stricto sensu, o tema serve para identificar se há congruência entre o projeto e as “linhas de pesquisa” dos programas, o que é um requisito fundamental.
EXEMPLO:
Assunto: economia TEMA: economia doméstica
Assunto: meio-ambiente TEMA: a utilização da água nos grandes centros
Assunto: saúde emocional TEMA: causas do stress nos relacionamentos de trabalho.
sendo amplo demais. E, a partir da delimitação desta área de interesse, chega-se ao tema. Para se fazer um trabalho de pesquisa bem delimitado, ou seja, com um foco bem definido é preciso ter um tema, isto é, a partir da amplitude do assunto focar um tema, por exemplo:
O acadêmico pesquisador deve se lembrar que ele não irá esgotar o tema, o que quer dizer que ele não precisa e nem vai conseguir escrever tudo sobre um dado assunto, por isso é tão importante delimitar o tema, ou, em outras palavras, fazer um recorte sobre o que se quer trabalhar, fugindo de temas que podem comprometer a objetividade e, assim, o resultado satisfatório do seu trabalho. Portanto, podemos dizer que o
TEMA é o ASSUNTO DELIMITADO. Desta forma, dois, três ou dez acadêmicos podem até fazer um trabalho
de pesquisa sobre o mesmo assunto, mas não sobre o mesmo tema, pois cada um vai delimitá-lo conforme o seu enfoque.
Para delimitarmos o tema, no entanto, é preciso alguns critérios:
espacial (GIL, 2004, p.162) segundo o qual busca-se delimitar o locus da observação, ou seja o local onde o fenômeno em estudo ocorre. Um estudo que trate da violência urbana, por exemplo, pode comportar diversos recortes espaciais (um município, uma área metropolitana, uma região etc.). Certo é que o parâmetro espacial escolhido implicará no resultado dos dados obtidos e nas conclusões do estudo.
temporal (GIL, 2004, p. 162), isto é, o período em que o fenômeno a ser estudado será circunscrito. Podemos definir a realização da pesquisa situando nosso objeto no tempo presente, ou recuar no tempo, procurando evidenciar a série histórica de um determinado fenômeno. E, ainda, utilizando a terminologia da Victor Franz Rudio (RUDIO, 1985, p. 72-75) fazendo alusão à população a ser estudada.
A população consiste na definição de quem será objeto da pesquisa. Este quem pode se referir a um conjunto de empresas, ou aos pacientes, sob determinado procedimento clínico, ou ainda a sujeitos que serão indagados acerca de seus comportamentos ou visão de mundo (exemplo, os praticantes de uma determinada religião). A população do estudo dependerá, obviamente, da área de conhecimento na qual ele se insere e no propósito de cada pesquisa.
Para escolher o tema sugerimos que você faça a você mesmo as seguintes perguntas: Há algum problema comigo?
O que está ocorrendo onde moro? (lá em casa, prédio, condomínio, vizinhança). Quero conhecer mais sobre um produto novo?
Durante a graduação, um tal assunto chamou a minha atenção?
No meu local de trabalho tem ocorrido muita violência, agressividade, ansiedade, stress, depressão, lesões etc. ?
A escolha do tema de pesquisa, geralmente, depende do interesse do pesquisador e do manejo de fontes de consulta bibliográfica.
Os temas podem surgir, portanto: a) da observação do aluno; b) da vida profissional; c) de programas de pesquisa;
d) de contato e relacionamento com especialistas; e) do feedback de pesquisas já realizadas; f) do estudo de literatura especializada. Então, resumindo, como escolher o tema?
Você deverá escolher o tema com o qual esteja familiarizado.
A partir da escolha do tema, o próximo passo é escrever um TÍTULO provisório, que contenha as principais variáveis que gravitam em torno do seu TEMA.
Essas variáveis são também chamadas de palavras-chave e serão básicas e essenciais para você delimitar o seu problema de pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE, são os termos que servem para indicar as principais variáveis que serão
investigadas durante o estudo.
1.3.2 Como escrever um título para o seu trabalho?
O título provisório, conforme dissemos, deverá determinar três elementos essenciais da sua pesquisa: a) A população a ser estudada (e que possui um problema a ser resolvido);
b) Os elementos problemáticos que estão influindo na referida população;
Exemplo:
ASSUNTO: trânsito
c) Os elementos que vão ser utilizados para extinguir, diminuir ou contribuir para resolver a
situação problemática (que será objeto de sua pesquisa).
Voltando ao exemplo anterior:
1.3.3 Problema de pesquisa
Os problemas são oportunidades em roupas de trabalho. (Henry Kaiser )
O termo problema segundo o dicionário Aurélio (2010) apresenta vários significados, como conflito afetivo que impede ou afeta o equilíbrio psicológico do indivíduo, questão não resolvida e que é desejo de discussão em qualquer domínio do conhecimento, questão proposta para que se dê solução e proposta duvidosa que pode ter diversas soluções. Neste sentido, o que se observa é que todos os significados propostos conduzem à busca de uma solução, sendo este aspecto intimamente relacionado à pesquisa científica, na medida em que esta nasce de uma inquietação ou dúvida que conduz à busca de uma solução a qual chamamos de problematização da pesquisa.
A elaboração de um problema de pesquisa consiste em dizer de maneira explícita, clara, compreensível e operacional qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, cujo objetivo é torná-lo individualizado e específico (GOMIDES 2002, p.7).
Segundo Gil (2008) toda pesquisa inicia com algum tipo de indagação, ou seja, com a apresentação de uma problemática. Para o mesmo autor, quando vamos conceituar ou definir um problema de pesquisa é preciso primeiramente entender que nem todo problema é passível de tratamento científico e que se faz necessário identificar se o problema apresentado se enquadra na categoria científica, isto é, se a questão proposta é passível de tratamento científico.
Desta forma, considera-se que uma problemática é de TÍTULO:
Análise das causas da violência do trânsito na cidade de Maringá e ações educativas que contribuam para sanar o problema.
PALAVRAS-CHAVE: trânsito – violência – educação
O Opprroobblleemmaaddeeuummaappeessqquuiissaaccoonnssttiittuuii- -s seennaaffoorrmmuullaaççããooddeeuummaappeerrgguunnttaa,, u ummaaggrraannddeeppeerrgguunnttaa((nnããooeemm t taammaannhhoo,,mmaasseemmiimmppoorrttâânncciiaaee p prrooffuunnddiiddaaddee)),,qquueesseerrááaabbaalliizzaaddee t tooddaaaaffuuttuurraappeessqquuiissaa..OOttrraabbaallhhoo p poosstteerriioorrmmeenntteepprroodduuzziiddoosseerrááaa e exxpprreessssããooddeettooddoooopprroocceessssooppaarraaaa b buussccaaddeessoolluuççõõeesseerreessppoossttaassaaeessttaa p peerrgguunnttaa..PPoorrttaannttoo,,ppeerrgguunnttaass s siiggnniiffiiccaattiivvaasstteennddeemmaaccoonndduuzziirraa r reessppoossttaassssiiggnniiffiiccaattiivvaass;;ppeerrgguunnttaass s suuppeerrffiicciiaaiisstteennddeemmaaccoonndduuzziirraa r reessppoossttaassiigguuaallmmeenntteesseemm p prrooffuunnddiiddaaddee..
natureza científica quando envolver variáveis que podem ser testadas, observadas e manipuladas.
De acordo com Comides (2002) a delimitação de um problema de pesquisa pode ser feita considerando duas razões: as de ordem prática e as de ordem intelectual.
Vejamos a seguir:
Problemas de ordem prática
a) Problemas que devem ser direcionados para respostas que ajudem a subsidiar ações; b) Direcionados para a avaliação de certas ações ou programas;
c) Direcionados a verificar as consequências de várias alternativas possíveis;
d) Direcionados à predição de acontecimentos, com vistas a planejar uma ação adequada.
Problemas de ordem intelectual
a) Direcionados para a exploração de um objeto pouco conhecido;
b) Direcionados para áreas já exploradas, com o objetivo de determinar com maior precisão e apuro as condições em que certos fenômenos ocorrem e como podem ser influenciados por outros;
c) Direcionados para a testagem de alguma teoria específica; d) Direcionados para descrição de um determinado fenômeno.
Dentre as definições propostas por diversos estudiosos destacamos também a pontuação de Vidigal:
[...] o problema de pesquisa pode ser entendido, também, como uma “mola propulsora” para o pesquisador se manter motivado e, principalmente, tornar seu trabalho interessante. A delimitação do problema guarda estreita relação com os meios disponíveis para investigação (VIDIGAL s/d, p.07).
A citação apresentada vem afirmar a importância do problema de pesquisa no processo de construção do conhecimento, sendo este, conforme pontua o autor, a mola propulsora responsável por orientar o desenvolvimento da pesquisa.
1.3.3.1 Como formular um problema de pesquisa?
A construção do problema da pesquisa, segundo Pereira (2007) consiste em um momento especial no trabalho do acadêmico e/ou pesquisador, onde o acadêmico e/ou
pesquisador buscará segundo Rudio (2001) apud Pereira (2007) apresentar de maneira explícita, clara, compreensível e operacional a dificuldade com a qual se defronta e pretende resolver limitando seu campo e apresentando suas características.
De acordo com Rudio (2001) apud Pereira (2007) a formulação de um problema de pesquisa deve apresentar as seguintes qualidades:
Enunciar uma questão, cujo modo de solução mais adequado seja uma pesquisa;
Apresentar uma questão que possa ser resolvida por meio de processos científicos;
Ser factível, tanto em relação à competência do pesquisador quanto à disponibilidade de recursos.
A formulação de um problema de pesquisa não consiste na tarefa mais fácil no processo de desenvolvimento de um estudo científico, conforme Gil (2008), a formulação de um problema de pesquisa não se faz mediante dedicação e observação de procedimentos rígidos e sistemáticos, tal procedimento tem uma estreita relação com o processo criativo, daí a importância do treinamento nesse processo. Contudo, existem algumas condições que facilitam e muito contribuem na realização dessa tarefa, tais como:
a) Imersão sistemática no objeto; b) Estudo da literatura existente;
c) Discussão com pessoas que já tenham experiência prática no campo de estudo em questão.
Outro aspecto significativo e que muito contribui na elaboração de um problema de pesquisa, conforme apresentados por Gil (2008) são algumas regras práticas que, segundo o autor, oriunda da experiência acumulada dos pesquisadores, dentre as quais destacam-se como mais significativas:
a) O problema deve ser formulado como pergunta: Para o mesmo autor esta é a maneira mais fácil e direta de formular um problema, além de facilitar e possibilitar ao leitor a identificação da problemática pesquisada. b) Para uma melhor compreensão utilizamos o exemplo antes apresentado, vejamos:
ASSUNTO: trânsito
TEMA: violência no trânsito
Problematização: Que fatores são responsáveis pela violência no trânsito na cidade de Maringá?
● ● ● O O mmaaiiss iimmppoorrttaannttee éé mmaanntteerr f fiiddeelliiddaaddee eennttrree oo pprroobblleemmaa ee oo t teemmaa pprrooppoossttoo ((eexxpprreessssoo nnaa ssuuaa f foorrmmaa aammpplliiaaddaa nnaa ddeelliimmiittaaççããoo ddoo t teemmaa)).. A Ass ppeerrgguunnttaass ddeevveemm sseerr f foorrmmuullaaddaass ddee mmooddoo qquueeaa bbuussccaa d dee rreessppoossttaa ppaarraa eellaass sseejjaavviiáávveell.. N Nããoosseeddeevveeffoorrmmuullaarruummaaqquueessttããoo c cuujjaa rreessppoossttaa sseejjaa iimmppoossssíívveell ((aaoo m meennoossnnoommoommeennttoo))ddeesseeoobbtteerr.. ● ● ●
c) Observa-se que o questionamento problematizou a temática que consequentemente estará propondo um problema a ser estudado.
d) Segundo Gil (2008) este cuidado é de extrema importância, principalmente nas pesquisas acadêmicas, uma vez que nessas o acadêmico inicia escolhendo o tema que por si só não constitui o problema da pesquisa, sendo que, ao formular perguntas sobre o tema provoca-se e compõe-se sua problematização. e) O problema deve ser claro e preciso: Um problema não pode ser solucionado se não for apresentado de maneira clara e precisa. Problemas apresentados de forma desestruturada e com erros de formulação acarretam dificuldades na resolução, bem como nos passos que conduzem à busca de soluções.
O autor chama a atenção quanto à clareza e adequação dos termos utilizados na formulação de um problema de pesquisa, segundo o qual formulações com termos definidos de forma não adequada, com terminologias retiradas da linguagem cotidiana podem tornar o problema confuso e com clareza insuficiente o que prejudicará seu entendimento e, consequentemente, o desenvolvimento da pesquisa.
f) O problema deve ter base empírica: significa dizer que a formulação de um problema científico não deve pautar-se ou referir-se a valores e percepções pessoais, mas a fatos empíricos.
g) O problema deve ser suscetível de solução: deve-se considerar que um problema pode ser claro, preciso e referir-se a conceitos empíricos, mas se não for possível coletar os dados necessários à sua resolução, este torna-se inviável.
h) O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: O que significa e requer por parte do pesquisador algum tipo de delimitação, uma vez que segundo o mesmo autor, a delimitação do problema estabelece estreita relação com os meios disponíveis para investigação.
Ao discorrerem sobre a importância da formulação da problemática em uma pesquisa Lakatos e Marconi (2005) pontuam que o problema refere-se a uma questão a ser investigada, assim o resultado a ser atingido é o objetivo do pesquisador, desta forma uma vez alcançado o objetivo, tem-se a resposta ao problema apresentado.
1.3.4 Hipótese
Se o problema é a grande pergunta a ser respondida por meio da futura pesquisa, a hipótese é a resposta inicial ao problema. Hipóteses são teorias ainda sem confirmação, algo como pré-teorias, ou conjecturas, como afirma o filósofo da ciência Karl Popper, em sua obra Conjecturas e refutações. As hipóteses e conjecturas têm muito valor para a ciência. Muitas vezes, as ciências trabalham com hipóteses por longos anos, antes que se possa confirmar sua validade. É justamente isso o que ocorreu com a Teoria da Relatividade de Einstein, no início do Século XX. Formulada em 1905, foi confirmada apenas em 1919, pelo famoso eclipse observado por Arthur Stanley Edington. Assim, mesmo antes de se realizar a pesquisa, é
preciso apresentar algumas soluções “hipoteticamente” construídas. Tais soluções nascem da formação inicial do pesquisador, do seu senso de observação, das pesquisas preliminares que fez, de sua experiência de vida e de profissão, etc., e, por vezes, podem brotar de um insight científico (como no caso da Teoria da Evolução de Darwin).
A pesquisa futura irá confirmar ou refutar tais hipóteses. Em qualquer dos casos, há crescimento do conhecimento: ou por deixar de acreditar numa proposta que se mostrou equivocada; ou por confirmar uma posição que se julgava acertada. Mesmo assim, deve-se considerar que as “verdades científicas” nunca são “verdades absolutas” ou definitivas, como Popper também demonstrou (ver, por exemplo, POPPER, Karl. A
lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1972). Veja-se que a física de Newton, por exemplo,
considerada por muitos como o ponto final de toda a ciência, foi ampliada e, até certo ponto, superada pela física de Einstein. E não se pode saber se a física de Einstein é ou não a última palavra na explicação dos fenômenos do mundo físico.
A hipótese (ou as hipóteses, se for o caso) será sempre expressa na forma de um texto, constituído de alguns parágrafos, dentro dos formatos-padrão de texto estabelecidos pelas normas técnicas para trabalhos acadêmicos. Cuide-se para que a hipótese mantenha fidelidade ao problema que foi levantado: a resposta não pode indicar uma direção distinta da pergunta que foi apresentada.
Assim, tome-se, por exemplo, o problema acima apresentado:
Uma possível hipótese para tal problema poderia ser:
PROBLEMA: Como a temática da responsabilidade social tem sido desenvolvida no âmbito das
instituições de ensino da rede privada do Município de Maringá?
HIPÓTESE: O tema da responsabilidade social não está ausente das discussões, programas e atividades
propostos, nos últimos anos, pelas instituições de ensino da rede privada do Município de Maringá. Verifica-se um empenho sempre mais crescente no sentido de incluir as atividades institucionais entre as muitas ações desenvolvidas pelo Poder Público Municipal, assim como por empresas e outras entidades da sociedade civil.
Além disso, percebe-se que, em algumas escolas, o tema da responsabilidade social tem tido cada vez maior espaço: seja em conteúdos programáticos; seja em atividades extraclasse, assim como em eventos de maior envergadura, envolvendo a comunidade escolar e a comunidade externa.
Nota-se, desse modo, uma preocupação dos docentes em incluir, no cotidiano da escola, a preocupação com a formação da consciência dos alunos para as questões de interesse social, como a preservação ambiental, a cidadania, a solidariedade, o voluntariado, a consciência política, entre outras.
É comum, também, a ocorrência de parcerias significativas entre instituições preocupadas com a questão da responsabilidade social e a escola. Empresas, organismos não governamentais, comunidades religiosas e pessoas voluntárias têm se aproximado da escola para somar forças em prol da melhoria das condições de vida da comunidade.
Portanto, a pesquisa aqui proposta quer verificar, com maior grau de profundidade, até que ponto realmente o tema da responsabilidade social tem sido desenvolvido entre as escolas da rede privada de ensino, no Município de Maringá.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção ou o planejamento de um estudo científico, como mencionado nos vídeos e no conteúdo deste material não consiste em uma tarefa fácil, mas exige do acadêmico/pesquisador: dedicação, treino, criatividade e busca constante do saber científico.
Compreender a delimitação de um tema dentro de uma grande área de estudo, dar um título ao seu trabalho e saber problematizar uma situação consiste em ter a compreensão do pensar científico e oportunizar-se a contribuir com o desenvolvimento acadêmico, profissional e científico.
Que este material contribua para nortear os seus trabalhos e represente uma proposta inicial rumo ao pensamento científico. Certo de que a delimitação dos temas significativos à sua área de estudo e a construção do saber científico fazem parte de propostas diárias de trabalhos acadêmicos e também traduzem o início de elaboração de um projeto de vida.
Sucesso!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. Atlas. São Paulo, 2008.
GOMIDES, José Eduardo. A definição do problema de pesquisa a chave para o sucesso do projeto de pesquisa. Revista do Centro de Ensino Superior Catalão – CESUC, Ano IV, nº 06, 1º semestre, 2002. MATIAS-PEREIRA, José. Manual de metodologia da pesquisa científica. Atlas. São Paulo, 2007.
