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Pirenópolis Goiás Brasil

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Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015

HISTÓRIA DAS IDEIAS: AS PERSPECTIVAS DE PETER DRUCKER SOBRE OS

MANAGERS E A ADMINISTRAÇÃO MODERNA

Kaique Alves de Sousa Prof. Ms. Alexandre de Paula Meireles Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Iporá

Introdução

Por mais que o caráter científico das obras de Peter Drucker (1909-2005) possa ser questionado, seus escritos tem um grande peso na teoria moderna da administração de empresas. Uma das peculiaridades do pensamento de Peter Drucker está obsecrada ao considerar as Grandes Corporações Modernas como uma realidade do Capitalismo do Séc. XX que refuta as teorias clássicas de Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823). O peso de sua obra está em justificar novas dinâmicas sociais pensando as mudanças históricas da técnica, do saber e do conhecimento, que darão origem no Séc. XX o que ele chama de “Sociedade das Organizações” e um “capitalismo sem capitalistas”, argumentos que ele usa para justificar uma nova ordem social na qual o conhecimento organizacional e a divisão dos saberes são suas características principais e assim justificar a importância dos gerentes e administradores de empresas o que fez Drucker ser considerado o pai da administração moderna.

O discurso de Peter Drucker ainda se utiliza do Taylorismo a fim de enaltecer o fator “tecnologia” com a ideia de desmistificar os escritos de Karl Marx através de um discurso que revela um otimismo acerca da Revolução Industrial e principalmente sobre o desenvolvimento do capitalismo estadunidense como um grande exemplo de mudanças sociais benéficas que transformaram a realidade social do operário nos Estados Unidos, furto do que ele chamou de

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“Revolução da Produtividade”.

Seu discurso remonta uma tradição histórica advinda das mudanças estruturais que os Estados Unidos sofreram a partir do New Deal1 que procurou negar a luta de classes e também a história de inúmeras lutas operárias passando uma ideia de que o trabalhador estadunidense se diferenciava dos demais trabalhadores do mundo.

Em 1930, a Gerência Científica de Taylor – a despeito da resistência de sindicatos e intelectuais – tinha se estendido a todo o mundo desenvolvido. Em consequência disso, o proletário de Marx se tornou um “burguês”. Foi o operário da indústria, o “proletário”, e não o capitalista, quem se transformou no verdadeiro beneficiário do Capitalismo e da Revolução Industrial. Isso explica o fracasso total do marxismo nos países altamente desenvolvidos, para os quais Marx havia previsto uma “revolução” por volta de 1900. Explica por que a Grande Depressão não levou a uma revolução comunista, como esperavam Lênin e Stalin – e praticamente todos os marxistas. Naquela época os proletários de Marx ainda não haviam se tornado afluentes, mas já pertenciam à classe média. Eles haviam se tornado produtivos (DRUCKER, 1997, p.19).

Com esse discurso Drucker alega que a produtividade intensa da sociedade estadunidense foi capaz de produzir uma nova etapa do conhecimento chamada de “Revolução Gerencial”, um fator que surgiu dentro das Grandes Corporações e logo se tornou uma característica de toda a sociedade que se encontrava em um nível de fragmentação do conhecimento sendo este um fator que colocava os técnicos, tecnólogos e principalmente os “Managers” como mais importantes na organização da sociedade do que os próprios capitalistas detentores dos meios de produção.

Neste contexto, Gerentes e burguesia tem uma subsequente diferenciação pelas funções que desempenham no capitalismo, pela diferença histórica de suas origens, por seu desenvolvimento na história do capitalismo e pelas diferentes superestruturas jurídicas e ideológicas.

Objetivo

Analisar historicamente a obra de Peter Drucker intitulada Sociedade Pós-Capitalista

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Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015

(1997) a fim de obter reflexões que nos faça identificar a origem dos discursos que emergiram do Desenvolvimento Capitalista do Século XX.

Metodologia

Para buscar atender a pesquisa recorreu-se a obra de Lucien Goldmann, Dialética e Cultura (1980) que oportuniza caminhos no estudo de História Intelectual e História das Ideias, pois em seu pensamento ajuíza as obras de filosofia e literatura integradas a seu contexto social, exprimindo a visão de uma classe ou de um grupo social. Pois um fato empírico é abstrato e superficial na medida em que ele ainda não foi concretizado a um contexto social e cultural. Portanto como pesquisa histórica o significado de uma obra adquire um sentido mais amplo quando esta é colocada sob o conjunto de uma vida, de um comportamento.

Realizou-se um levantamento dos escritos que trata das ideias de Drucker para com a lógica capitalista, foi feito através da ferramenta midiática Google Acadêmico, este que reúne grande acervo de obras e pesquisas. Foi através deste confiável portal que reunimos algumas produções que apresenta apontamentos críticos e reflexivos a respeito dos pensamentos de Drucker e a administração moderna. Os encontros presenciais e online garantiram a reflexão a respeito da obra e vida de Peter Drucker, diálogos formais e informais sustentaram ideias e contra ideias sobre as leituras realizadas de cada capítulo da obra de Drucker.

Resultados e Discussão

No decorrer deste processo de pesquisa realizamos as leituras de Goldman (1979), Drucker (1997) e Bernardo (1998), assim como encontros presenciais e virtuais para dialogar sobre os textos propostos no plano de ação, promovendo um enriquecedor intercâmbio de pensamentos a respeito das mesmas. Foram feitos levantamentos de alguns estudiosos que

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utilizam Drucker como fonte de pesquisa.

Nota-se que ele tem sido utilizado como um referencial teórico pela maneira de pensar a história da gerência, e nada clássico em considerar a Historiografia tradicional, além de possuir uma postura radical da relação capitalista e dos países desenvolvidos, suas doutrinas são vistas como saídas para muitos que não adere a tradicional visão de Marx sobre o capitalismo.

Nesse sentido, Drucker busca em seus estudos traçar novas perspectiva teleológica das literaturas de administração. Em “Sociedade pó-capitalista” Drucker tenta reexaminar o contexto contemporâneo partindo das mudanças nos aspectos políticos, sociais, econômicos e morais da sociedade norte americana, fundamentado na ótica de que só podemos compreender apenas nosso tempo, e segundo o autor, ninguém nascido “agora” pode imaginar o mundo dos pais e avós.

Todavia, o parâmetro que Drucker aponta em que as pessoas vão possuir tanto as “ferramentas de produção” assim como os meios de produção, haverá o desafio social que a sociedade do conhecimento enfrentará, para o autor resulta no desafio filosófico e educacional, o que por sua vez surge uma divisão da “nova sociedade” entre intelectuais e gerentes. Um exemplo disso que também encontramos em Bernardo (1998) é que o especialista será (é) detentor do poder de produção, ou seja, o poder dos donos de empresas se reduz a meros fornecedores de capital para investimentos, pois a gestão fica a cargo dos especialistas em cada área e dos diretores.

Considerações Finais

Segundo Drucker, Gestores2 e burgueses são então diferenciados, mesmo que os primeiros pareçam ser mais ativos em relação à organização do capitalismo, os burgueses não podem ser considerados como meros apropriadores inativos da mais-valia, pois foram responsáveis na história pela organização de diversos processos econômicos, caracterizados por uma particularização que é reproduzida. Em suma, os gestores são responsáveis pela maioria dos processos relacionados a integração de inúmeras unidades produtivas, tanto no nível da força de trabalho e do mercado de trabalho, dirigindo departamentos pessoais e

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sindicatos. Gestores e burgueses coexistiriam tanto em unidades de produção particularizadas como em unidades de integração econômica, bem como nas esferas do Estado Amplo e Estado Restrito. As unidades particularizadas foram de início um campo privilegiado da burguesia por ter uma característica mais reduzida no nível de integração econômica. Segundo Bernardo (2009), no capitalismo havia desde o início lugar para os gestores, na medida em que o capitalismo tem o caráter de integração, uma unidade particularizada sempre tem relações com as Condições Gerais de Produção (CGP) e nesse relacionamento estas unidades particularizadas ofereceram um campo de existência para os Gestores, que organizam essas unidades em seu caráter integrado. (BERNARDO, 1998)

Os estágios iniciais do capitalismo tinham o Estado em seu sentido clássico (Estado Restrito), com as principais funções coordenadoras se tornando um campo privilegiado dos gestores. Na medida em que as unidades que constituíam o Estado Amplo se encontravam sob um elevado grau de particularização, faziam dos burgueses hegemônicos no controle desta esfera de poder, detendo também o poder sobre o conjunto econômico e político e podendo assim tornar o Estado Restrito seu subordinado em que os gestores executavam funções centralizadoras em um contexto institucional dominado pela burguesia. A integração econômica resultante dos ciclos da mais-valia, na medida em que se acentuou para assumir um crescente papel coordenador, reforçou o campo de atuação dos gestores, deixando em segundo plano o poder da burguesia. Os pressupostos teóricos de Bernardo (2009), pressupõe que seu método e seus conceitos só podem ganhar sentido na medida em que tentamos compreender os processos históricos regionais onde os conceitos apontados por ele podem ser então testados, ampliados e quem sabe até modificados na medida em que o curso da investigação histórica é passível de revelar resultados totalmente inesperados, onde caracterizamos a “verdade” enquanto provisória quando pensamos a História.

Sobre tudo, a pesquisa até o instante resultou nas leituras básicas para compreender a História Intelectual e História das Ideias acerca do desenvolvimento Capitalista do Século XX, e no levantamento de especialistas brasileiros da área acadêmica, de consultoria e empresarial. Identificamos na obra de Peter e alguns estudos sobre o tema a radical visão de

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um novo mundo de transformações entre a era do capitalismo e a “nova sociedade” – a sociedade do conhecimento – assim como as alterações deste novo contexto irá mexer com a economia e a política no “futuro”.

Referências

BERNARDO, João. Economia dos conflitos sociais. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2009. ___________, João. Estado: a silenciosa multiplicação do poder. São Paulo: Escrituras Editora, 1998.

DRUCKER, Peter. A sociedade Pós-Capitalista. 6ª ed. São Paulo: Pioneira, 1997.

GOLMANN, Lucien. Dialética e Cultura. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

LIMONCIC, Flávio. Os Inventores do New Deal: Estado e Sindicato nos Estados Unidos, 2009.

MEIRELLES, Alexandre de Paula. Ideologias da tecnocracia no Capitalismo Integrado – Uma introdução ao pensamento de Walther Rathenau e Adolf Augustus Berle Júnior [manuscrito] / Alexandre de Paula Meirelles. - 2013.

Referências

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