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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 31.256 - RJ (2011/0239609-0)

RELATOR : MINISTRO MARCO BUZZI RECORRENTE : L C V

ADVOGADO : ANTÔNIO JESUS DOS SANTOS E OUTRO(S)

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EMENTA

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS PREVENTIVO - EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL - DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR EM FAVOR DE FILHA E EX-ESPOSA - ACÓRDÃO DENEGATÓRIO DA ORDEM.

INSURGÊNCIA DO DEVEDOR - 1. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM EM RELAÇÃO AOS ALIMENTOS DEVIDOS À EX-ESPOSA - ALIMENTADA QUE, AO DEFLAGRAR AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO, DECLARA EXPRESSAMENTE POSSUIR CONDIÇÕES DE PROVER O PRÓPRIO SUSTENTO - AUSÊNCIA DE URGÊNCIA NO RECEBIMENTO DAS QUANTIAS EXEQUENDAS - CONVERSÃO DA AÇÃO EXECUTIVA PARA O RITO DO ART. 732 DO CPC - DISCUSSÃO ACERCA DO DÉBITO A SER TRAVADA NAS VIAS ORDINÁRIAS - 2. SUPERVENIÊNCIA DA MAIORIDADE DA FILHA NO CURSO DA EXPROPRIATÓRIA E DESEMPENHO DE ATIVIDADE LABORATIVA, AUFERINDO, TODAVIA, SALÁRIO DE INDUVIDOSA PEQUENA MONTA - FATOS QUE, ISOLADAMENTE, NÃO POSSUEM O CONDÃO DE EXONERAR AUTOMATICAMENTE O DEVEDOR DE ALIMENTOS - NECESSIDADE DE DECISÃO JUDICIAL, MEDIANTE CONTRADITÓRIO, A FIM DE RESTAR AVERIGUADA A CONDIÇÃO ECONÔMICA DA ALIMENTADA - INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 358 DESTA CORTE DE JUSTIÇA - 3. PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS IN NATURA - INVIABILIDADE DE COMPENSAÇÃO - PRECEDENTES DA CORTE - AUSÊNCIA, ADEMAIS, DE PROVA ACERCA DA EFETIVA CONTRIBUIÇÃO MATERIAL DO DEVEDOR COM A SUBSISTÊNCIA DA ALIMENTADA, SENDO VEDADO O EXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA NA ESTREITA VIA DO HABEAS CORPUS - 4. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso ordinário em "habeas corpus", nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Raul Araújo, Maria Isabel Gallotti e Antonio Carlos Ferreira votaram com o Sr. Ministro Relator.

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Superior Tribunal de Justiça

Brasília (DF), 15 de dezembro de 2011(Data do Julgamento)

MINISTRO MARCO BUZZI Relator

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 31.256 - RJ (2011/0239609-0)

RECORRENTE : L C V

ADVOGADO : ANTÔNIO JESUS DOS SANTOS E OUTRO(S)

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO MARCO BUZZI (Relator):

Trata-se de Recurso Ordinário em Habeas Corpus, interposto por A. J. dos S., contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que denegou a ordem em habeas corpus, em aresto assim ementado:

AGRAVO LEGAL. HABEAS CORPUS. ALIMENTOS. AUSÊNCIA DE PROVA DA QUITAÇÃO DAS PRESTAÇÕES CORRESPONDENTES AOS TRÊS ÚLTIMOS MESES, BEM COMO DAQUELAS QUE VENCERAM NO CURSO DO PROCESSO. DENEGAÇÃO DA ORDEM. MANUTENÇÃO.

As teses defendidas neste recurso de agravo, nada mais são do que uma renovação das razões apresentadas no writ. Inexistindo fato novo a ensejar a retratação da decisão, esta há de ser mantida, por seus próprios fundamentos. Tentativa de reexame da matéria. Caráter procastinatório. Entendimento consolidado na jurisprudência desta Egrégia Corte. Recurso não provido.

O recorrente defende a ilegalidade da ordem de prisão emanada do juízo de primeiro grau, e a necessidade de reforma do acórdão do Tribunal a quo, que a manteve, sustentando: a) a insubsistência do dever de prestar alimentos, já que as alimentadas são maiores e capazes, acrescentando que sua filha, além de contar com 19 anos de idade, desempenha atividade laborativa; b) a excessividade do

quantum exigido, porquanto está residindo com as exequentes e, deste modo,

prestando-lhes alimentos in natura.

Instado, o Ministério Público opinou pelo conhecimento e provimento parcial do recurso ordinário, nos seguintes termos (fls. 179/181, e-STJ):

HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. CONFORMIDADE COM A SÚMULA 309/STJ. EX-ESPOSA DO EXECUTADO QUE DECLARA, EM AÇÃO DE DIVÓRCIO, POSTERIOR AO AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO, QUE DEIXA DE EXERCER O DIREITO À PERCEPÇÃO DE ALIMENTOS, POR POSSUIR MEIOS

PRÓPRIOS DE SUBSISTÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE

CONTINUIDADE DA EXECUÇÃO, RELATIVAMENTE À EX-ESPOSA, PELA FORMA DO ART. 733 DO CPC. NECESSIDADE DE CONVERSÃO PARA O RITO DO ART. 732 DO CPC. FILHA DO EXECUTADO QUE,

EMBORA TRABALHE, PERCEBE PARCA REMUNERAÇÃO,

INSUFICIENTE PARA O CUSTEIO DE SUAS NECESSIDADES BÁSICAS. MAIORIDADE QUE NÃO FAZ CESSAR AUTOMATICAMENTE A OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA. FORNECIMENTO DE ALIMENTOS IN NATURA. NÃO COMPROVAÇÃO. Pelo provimento parcial do recurso ordinário, apenas para converter a execução de alimentos, relativamente à

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ex-esposa do executado, para o rito do art. 732 do CPC, prosseguindo-se, quando à filha, na forma proposta.

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RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 31.256 - RJ (2011/0239609-0)

EMENTA

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS PREVENTIVO - EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL - DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR EM FAVOR DE FILHA E EX-ESPOSA - ACÓRDÃO DENEGATÓRIO DA ORDEM.

INSURGÊNCIA DO DEVEDOR - 1. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM EM RELAÇÃO AOS ALIMENTOS DEVIDOS À EX-ESPOSA - ALIMENTADA QUE, AO DEFLAGRAR AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO, DECLARA EXPRESSAMENTE POSSUIR CONDIÇÕES DE PROVER O PRÓPRIO SUSTENTO - AUSÊNCIA DE URGÊNCIA NO RECEBIMENTO DAS QUANTIAS EXEQUENDAS - CONVERSÃO DA AÇÃO EXECUTIVA PARA O RITO DO ART. 732 DO CPC - DISCUSSÃO ACERCA DO DÉBITO A SER TRAVADA NAS VIAS ORDINÁRIAS - 2. SUPERVENIÊNCIA DA MAIORIDADE DA FILHA NO CURSO DA EXPROPRIATÓRIA E DESEMPENHO DE ATIVIDADE LABORATIVA, AUFERINDO, TODAVIA, SALÁRIO DE INDUVIDOSA PEQUENA MONTA - FATOS QUE, ISOLADAMENTE, NÃO POSSUEM O CONDÃO DE EXONERAR AUTOMATICAMENTE O DEVEDOR DE ALIMENTOS - NECESSIDADE DE DECISÃO JUDICIAL, MEDIANTE CONTRADITÓRIO, A FIM DE RESTAR AVERIGUADA A CONDIÇÃO ECONÔMICA DA ALIMENTADA - INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 358 DESTA CORTE DE JUSTIÇA - 3. PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS IN NATURA - INVIABILIDADE DE COMPENSAÇÃO - PRECEDENTES DA CORTE - AUSÊNCIA, ADEMAIS, DE PROVA ACERCA DA EFETIVA CONTRIBUIÇÃO MATERIAL DO DEVEDOR COM A SUBSISTÊNCIA DA ALIMENTADA, SENDO VEDADO O EXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA NA ESTREITA VIA DO HABEAS CORPUS - 4. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO MARCO BUZZI (Relator):

O presente recurso ordinário merece parcial provimento, porquanto descabida a prisão em execução de alimentos devidos à ex-esposa que, no bojo da ação de divórcio, dispensa expressamente a prestação, afirmando possuir condições de prover a própria subsistência.

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1. Alimentos devidos à ex-esposa

Manifesta a ilegalidade da ordem de prisão, no que concerne aos alimentos devidos à ex-esposa do paciente.

No caso, a ação de execução de alimentos restou proposta em litisconsórcio facultativo pela ex-esposa e filha do executado, referindo-se às parcelas vencidas nos meses de janeiro a março de 2010 e às vincendas no curso da lide executiva.

Porém, posteriormente à propositura da ação executiva, duas outras demandas restaram deflagradas.

A ação de exoneração de alimentos, datada de 27.04.2010, na qual o paciente busca livrar-se do dever de prestar alimentos à ex-esposa, ao argumento de que passou a residir sob o mesmo teto da credora, provendo-lhe todas as despesas.

De sua vez, a alimentada ingressou com ação de divórcio litigioso, em 02.02.2011, declarando expressamente deixar de "exercer o direito à percepção de alimentos, por possuir meios próprios de subsistência, sendo certo que presume que o requerido também possua menos de sustento próprios." (fl. 110, e-STJ)

Com efeito, essa declaração, no sentido de que a credora possui condições de prover a sua subsistência, é suficiente para obstar a prisão do devedor dos alimentos, relativamente a tais parcelas, já que inviável a coerção prisional, medida excepcionalíssima, quando perdido o caráter assistencial da verba.

No ponto, importante esclarecer que o reconhecimento da ilegalidade da ordem de prisão não possui o condão de exonerar o devedor do pagamento do débito, implicando no redirecionamento da ação executiva para o rito previsto no art. 732 do CPC, que culmina na restrição patrimonial ao invés da prisão do alimentante, mormente quando inexiste decisão judicial, emanada das vias ordinárias, exonerando o paciente do dever de prestar alimentos, procedimento este vedado em sede de habeas corpus .

Sobre a viabilidade de conversão do rito expropriatório quando evidenciada a perda do caráter alimentar da verba perseguida:

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. ART. 733 DO CPC.

INADMISSIBILIDADE NO CASO. FILHO MAIOR, CONTANDO HOJE COM 28 ANOS DE IDADE. DESPESAS REFERENTES A CURSO UNIVERSITÁRIO.

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procedimento previsto no art. 733 do CPC. Dispondo o alimentante de título judicial, a execução deve proceder-se em conformidade com o art. 732 do mesmo Diploma Processual Civil.

Recurso provido para conceder-se a ordem. (STJ, RHC 14.764/SP)

O procedimento previsto no art. 733 do CPC, que prevê como sanção ao devedor inescusável de alimentos a prisão, somente é cabido naqueles casos em que restar patente que a inadimplência culminará em privações básicas do alimentado.

Com efeito, considerando que a própria credora de alimentos afirmou em juízo que possui condições de prover a sua subsistência, não há falar em viabilidade da prisão por inadimplemento, devendo a perseguição de tais quantias ser realizada pela via da constrição patrimonial (art. 732 do CPC).

Acerca da excepcionalidade do procedimento previsto no art. 733 do CPC:

HABEAS CORPUS - AÇÃO DE EXECUÇÃO DE PRESTAÇÕES ALIMENTARES - INEXISTÊNCIA DE PEDIDO DE PRISÃO CIVIL DO EXECUTADO E EXECUÇÃO DE VERBAS ALIMENTARES, INCLUSIVE, PRETÉRITAS - OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 732, CPC - NECESSIDADE - CONVERSÃO PARA O RITO PREVISTO NO ARTIGO 733, DE OFÍCIO - IMPOSSIBILIDADE - IMINÊNCIA DA EXPEDIÇÃO DE DECRETO PRISIONAL - VERIFICAÇÃO - ORDEM CONCEDIDA. I - A execução de

sentença condenatória de prestação alimentícia, em princípio, rege-se pelo procedimento da execução por quantia certa, ressaltando-se, contudo, que, a considerar o relevo das prestações de natureza alimentar, que possuem nobres e urgentes desideratos, a lei adjetiva civil confere ao exeqüente a possibilidade de requerer a adoção de mecanismos que propiciam a célere satisfação do débito alimentar, seja pelo meio coercitivo da prisão civil do devedor, seja pelo desconto em folha de pagamento da importância devida; (STJ,

HC 128.229/SP; Rel. Min. Massami Uyeda; 3ª Turma; j. em 23.04.2009; grifei)

Do exposto, impõe-se o provimento do recurso ordinário no ponto, a fim de determinar que a execução relativa às quantias devidas à ex-esposa prossiga na forma do art. 732 do CPC.

2. Prestação alimentícia em favor da filha

O recorrente defende a ilegalidade da ordem de prisão, no tocante às quantias devidas à filha a título de alimentos, apresentando, para tanto, dois fundamentos: a) a maioridade, adquirida no curso da demanda executiva; e, b) o desempenho de atividade laborativa, o que confere a ela condições de prover a própria sobrevivência.

Sem razão, todavia.

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superveniência da maioridade do filho alimentado não traduz fundamento suficiente a ensejar automática exoneração do alimentante, sendo necessária decisão judicial específica, a fim de conferir ao credor de alimentos o exercício do contraditório.

É o teor da Súmula 358 do Superior Tribunal de Justiça:

O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.

Nesse sentido:

RECURSO ORDINÁRIO. HABEAS CORPUS PREVENTIVO. EXECUÇÃO. ALIMENTOS. JUSTO RECEIO. MANDADO DE PRISÃO EXPEDIDO APÓS A INTERPOSIÇÃO DO RECURSO. RECONHECIMENTO. SÚMULA 309 DO STJ. MAIORIDADE. SÚMULA 358 DO STJ. CAPACIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANDO. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.

1.A expedição, após a interposição do recurso ordinário, de mandado de prisão comprova o justo receio exigido para a impetração de habeas corpus preventivo (art. 5º, LXVIII, da CF).

2."O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo" (Súmula 309 do STJ).

3.Como a aquisição da maioridade não implica a imediata exoneração da obrigação alimentar (Súmula 358 do STJ), demandando a apreciação da capacidade financeira do alimentando, não pode a questão ser apreciada em sede de habeas corpus, que somente admite provas pré-constituídas.

RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. (STJ, RHC 25.783/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, j. em 05.10.2010, grifei)

HABEAS CORPUS - AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - FORO DO

ALIMENTANDO - RENÚNCIA - POSSIBILIDADE CRITÉRIO

TERRITORIAL - COMPETÊNCIA RELATIVA - INADIMPLEMENTO DAS PRESTAÇÕES VENCIDAS NO CURSO DO PROCESSO - PRISÃO CIVIL - LEGALIDADE - APLICABILIDADE DO ENUNCIADO N. 309/STJ -

MAIORIDADE SUPERVENIENTE DO ALIMENTANDO - NÃO

DESCONSTITUIÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR - AFERIÇÃO DA CONDIÇÃO ECONÔMICA DO DEVEDOR E DA NECESSIDADE DO ALIMENTANDO - MATÉRIA DE PROVA - IMPOSSIBILIDADE NA ESTREITA VIA COGNITIVA DO WRIT - ORDEM DENEGADA.

I - É legítima a prisão civil do devedor de alimentos quando fundamentada na falta de pagamento de prestações vencidas nos três meses anteriores à propositura da execução ou daquelas vencidas no decorrer do referido processo;

II - A definição do foro do alimentando como o competente para as ações em que se pleiteia alimentos, por ser tratar de critério de competência relativa, comporta renúncia por parte daquele que possui referida prerrogativa legal.

III - A superveniência da maioridade não constitui critério para a exoneração do alimentante, devendo ser aferida a necessidade do pensionamento nas instâncias ordinárias. (STJ, HC 71.986/MG, Rel.

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Min. Massami Uyeda, 4ª Turma, j. em 17.04.2007, grifei)

Na mesma linha, o desempenho de atividade laborativa pela credora não é suficiente para liberar o alimentante da obrigação de prestar alimentos, mormente naquelas situações em que o salário percebido é de pequena monta.

Consta dos autos cópia da Carteira de Trabalho da filha do paciente (fl. 75), na qual está consignado o recebimento, em data de 01.02.2010, do salário de R$ 293,43 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e três centavos), quantia essa, ao menos em um exame perfunctório - típico do remédio constitucional sob apreciação -, insuficiente para prover o sustento da alimentada.

Logo, inexistindo qualquer informação nos autos de que haja decisão emanada das vias ordinárias exonerando o paciente das parcelas alimentícias ora em análise, não há falar em ilegalidade da ordem de prisão.

3. Alimentos in natura

O recorrente pretende, ainda, o reconhecimento da ilegalidade da ordem de prisão, argumentando que passou a residir com as alimentadas, e, em consequência, a prover as necessidades do lar, o que permitiria a compensação dos débitos alimentares perseguidos judicialmente com as prestações in natura que alega ter efetuado.

A pretensão é descabida, contudo.

Este Superior Tribunal, nas ocasiões em que se manifestou sobre o tema, posicionou-se no sentido da inviabilidade de compensação dos créditos alimentares, porquanto vedada a alteração na forma de provê-los, de forma autônoma, pelo próprio devedor, conforme se denota do REsp n. 25730/SP, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ. 1.3.1993; RHC n. 5890, Rel. Min. Anselmo Santiago, DJ. 4.8.1997; HC 109.416/RS.

Ainda:

HABEAS CORPUS - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS, SOB O RITO DO

ARTIGO 733 DO CPC - ALTERAÇÃO UNILATERAL DE ACORDO

JUDICIAL PARA EFETIVAÇÃO DE PAGAMENTO IN NATURA AO ALIMENTADO - PEDIDO DE COMPENSAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE, EM TESE - INADIMPLEMENTO DE DÉBITOS ALIMENTARES ATUAIS - PRISÃO CIVIL - POSSIBILIDADE - ALEGAÇÕES DE ACORDO VERBAL E SUPRIMENTO DAS NECESSIDADES DO ALIMENTANDO, POR MEIO DE PRESTAÇÃO IN NATURA - DILAÇÃO PROBATÓRIA NA VIA WRIT - IMPOSSIBILIDADE - DECISÃO QUE DETERMINA O PAGAMENTO DAS

VERBAS ALIMENTARES SOB PENA DE PRISÃO DE ATÉ 60 DIAS - DECRETO PRISIONAL - NÃO EXPEDIÇÃO - ORDEM DENEGADA (Rel. Min. Massami Uyeda, j. em 5.2.2009, grifei)

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Importa consignar, ainda, que o crédito alimentar, na forma como fixado judicialmente, não pode ser alterado de forma potestativa, a critério do devedor, cabendo, pois, ao alimentando, dispor destas quantias, a fim de suprir suas necessidades básicas, na forma como lhe convier.

Destaca-se que o paciente sequer apresenta provas robustas acerca da efetiva prestação in natura dos alimentos, limitando-se a acostar aos autos recibos de compras efetivados em supermercados, farmácias, e de pagamento de contas, sem qualquer vinculação com as necessidades da filha alimentada (fls. 34-64, e-STJ).

Ademais, as próprias exequentes afirmam que o paciente voltou a residir no mesmo imóvel delas, porém, sem permissão, existindo, inclusive, ação judicial deflagrada para regularização da situação alusiva à posse do imóvel que previamente à separação do casal, servia para residência de ambos (fl. 70, e-STJ).

Assim, não há falar em compensação dos débitos exequendos com os alimentos in natura que o paciente alega ter prestado, permanecendo hígida a ordem de prisão, relativamente a tais quantias.

4. Do exposto, dou parcial provimento ao recurso ordinário, a fim de determinar que a execução relativa às quantias devidas à ex-esposa prossiga na forma do art. 732 do CPC, mantendo-se hígida a ordem de prisão no tocante aos alimentos devidos em favor da filha do paciente.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUARTA TURMA

Número Registro: 2011/0239609-0 PROCESSO ELETRÔNICO RHC 31.256 / RJ

Números Origem: 201114000111 279093220118190000

EM MESA JULGADO: 15/12/2011

SEGREDO DE JUSTIÇA

Relator

Exmo. Sr. Ministro MARCO BUZZI Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS PESSOA LINS Secretária

Bela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : L C V

ADVOGADO : ANTÔNIO JESUS DOS SANTOS E OUTRO(S)

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Família - Alimentos

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso ordinário em "habeas corpus", nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Raul Araújo, Maria Isabel Gallotti e Antonio Carlos Ferreira votaram com o Sr. Ministro Relator.

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