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LEVANTAMENTO DE CAUSAS DO ASSOREAMENTO DE UM PONTO DO LAGO IGAPÓ 2 NO MUNICÍPIO DE LONDRINA PR

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Academic year: 2021

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SANTOS, Edmar dos¹; PEREIRA, Rafael Gallo²; EMERICH, Sérgio Paulo Dutra Lima³

RESUMO: A deposição de sedimentos do solo em corpos d'água é um processo geomorfológico

conhecido como assoreamento. Sua ocorrência pode ser devido a fatores de susceptibilidade do solo à erosão e à falta de vegetação, que tem a finalidade proteger os corpos d'água. A construção do Lago Igapó 2 e a urbanização em seu entorno aconteceu de maneira má planejada e, hoje em dia, apresenta problemas de assoreamento. O trabalho busca apresentar uma breve análise do problema e, para isso, abordou o contexto histórico dos quatro lagos (Igapó 1, 2, 3 e 4), bem como as causas e consequências do assoreamento. Verificou-se que a foz do Ribeirão Cambé, afluente do Lago Igapó 2, teve um estreitamento em sua largura e pode-se observar que o tipo de solo, as obras próximas ao lago e a urbanização em seu entorno influenciaram para a agravação do problema.

Palavras-chave: Erosão. Consequências. Lagos urbanos.

TURVEY OF CAUSES OF THE SILTING OF A POINT OF THE LAKE IGAPÓ 2 IN THE MUNICIPALITY OF LONDRINA - PR

ABSTRACT: The deposition of soil sediments into water bodies is a geomorphological process

known as silting. Its occurrence may be due to the factors of soil susceptibility to erosion and lack of vegetation, which has the funtion to protect the water bodies. The construction of the Lake Igapó 2 and the urbanization in its surroundings happened in a poorly planned way and, today, it presents silting problems. This work pretend to do a brief analysis of the problem and, for this, it approached the historical context of the four lakes (Igapó 1, 2, 3 and 4), as well the causes and consequences of the silting. It was verified that the mouth of Ribeirão Cambé, an affluent of the Lake Igapó 2, had a narrowing in its width and it can be observed that the type of soil, the constructions near the lake and the urbanization in its surroundings influenced the aggravate of the problem.

Keywords: Erosion. Consequences. Urban lakes.

¹Acadêmico de Engenharia Ambiental, UTFPR. E-mail: dmassantos@outlook.com

² Acadêmico de Engenharia Ambiental, UTFPR. E-mail: rafa_pg_14@hotmail.com

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INTRODUÇÃO

O Brasil passou por um processo de urbanização acelerado na década de 1960, o que ocasionou, entre muitos problemas, a ineficiência na infraestrutura urbana (TUCCI, 1997). No Estado do Paraná, mais precisamente no município de Londrina, não foi diferente. Algumas áreas, como o entorno do Lago Igapó 2, tiveram loteamentos e foram incentivadas a ocupação.

Os Lagos Igapó 1, 2, 3 e 4 começaram a ser idealizados em 1957 pela gestão do prefeito Antônio Fernandes Sobrinho e, em 1959, foram inaugurados. Os lagos foram construídos na área urbana (na época, afastada do núcleo urbano), formados por meio do represamento do Ribeirão Cambé, com o intuito de solucionar o problema de drenagem deste ribeirão (LORENZO, 2011) e ocupar uma área julgada sem valor. Na construção deles não foram levadas em consideração as matas ciliares para diminuir a infiltração de águas pluviais no solo e protegê-los contra riscos geomorfológicos, como erosão e o assoreamento subsequente.

Em imagens de satélites, é possível notar a presença de bancos de sedimentos em alguns pontos dos Lagos em decorrência dos processos erosivos que, segundo Guerra (1995), podem ser traduzidos como um processo geomorfológico, o assoreamento. Fatores como susceptibilidade do solo, ação da chuva e do vento e a falta de cobertura vegetal influenciam para que aconteça o desprendimento e transporte de partículas do solo, provocando diversos prejuízos, como depauperamento das terras, perda de nutrientes (BERTONI; LOMBARDI NETO, 1999) e, ainda, acúmulo de sedimentos em lagos ou rios.

A deposição de sedimentos no lago ocasiona problemas ambientais e sociais, como transbordamento para vias públicas, reportados pela mídia local. Dessa maneira, o objetivo desse trabalho é fazer uma breve análise de um ponto assoreado no Lago Igapó 2, apresentando as possíveis causas e consequências do processo.

METODOLOGIA

O Lago Igapó 2 encontra-se na área urbana do município de Londrina – PR. O ponto assoreado, objeto deste estudo, localiza-se nas coordenadas 23º19'39.35''S e 51º10'9.24''W. No desenvolvimento deste trabalho foi necessário abordar dois tópicos: o contexto histórico dos quatros Lagos, mas focando no Igapó 2, e o seu processo de assoreamento.

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Realizou-se um estudo do contexto histórico dos quatro Lagos (Igapó 1, 2, 3 e 4), onde foi abordado a justificativa e objetivos do gestor vigente daquela época na decisão de construí-los e de incentivar a urbanização ao longo das margens. Apresentou-se, ainda, os problemas decorrentes do mau planejamento do Lago Igapó 2 e também outros fatores que contribuem para a ocorrência do ponto assoreado, como susceptibilidade do solo à erosão, falta de vegetação e obras próximas ao referido lago.

A análise do processo de assoreamento foi feita a partir da interpretação de imagens de satélites do software Google Earth ™. Foi observado a evolução do ponto assoreado nos anos de 2004, 2014 e 2015 (a escolha dos anos foi de acordo com as mudanças mais significativas na foz do ribeirão) e foi apresentado um dos impactos do ponto assoreado no lago (enchente).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os Lagos Igapó começaram a ser construídos em 1957, na gestão do prefeito Antônio Fernandes Sobrinho, a partir do represamento do Ribeirão Cambé. Na época, o objetivo era solucionar o problema de drenagem do ribeirão, no entanto, mais tarde, objetivou-se também em ampliar as áreas de lazer e o embelezamento paisagístico da cidade (CABRERA, 1992). Ainda de acordo com o autor, o lago foi subdividido em Igapó 1, 2, 3 e 4 (Figura 1) devido à sua fragmentação por ruas e avenidas.

Entre as décadas de 1940 e 1980, o entorno do Lago Igapó 2 teve uma série de loteamentos, pois a cidade passava por um processo migratório imposto pelas mudanças e transformações na estrutura econômica de produção (LUIZ, 1991). No entanto, na construção do lago não foram levados em consideração as matas ciliares que desempenhariam as funções de diminuir a infiltração de águas pluviais no solo, proteger o lago contra riscos de erosão e assoreamento subsequente, entre outras. Scalco et al. (2013) afirmam que o lago deveria ter uma área total de mata ciliar preservada de 814.643,5 m² para estar em conformidade com o Novo Código Florestal (2012), porém apenas 25,4% dessa área é preservada. Dill (2002) salienta a importância de florestas nas margens dos cursos d'água, pois elas preservam seus limites, evitam o assoreamento e minimizam os riscos de contaminação, além de contribuírem para a manutenção da fauna silvestre.

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Figura 1 – Lagos Igapó 1, 2, 3 e 4 na área urbana do município de Londrina, Paraná. Fonte: Google Earth ™, 2017.

Uma combinação de diversos fatores contribui para o assoreamento no ponto em estudo. Os tipos de solos nas margens do Córrego Água Fresca, afluente que deságua no lago, são Latossolo Vermelho (que tem alta susceptibilidade à compactação) e o Nitossolo Vermelho (que possui alto risco de erosão devido aos relevos acidentados), de acordo com a Embrapa (s/d). A falta de cobertura vegetal nessas áreas possivelmente contribui para um maior escoamento superficial de águas pluviais e para o transporte de sedimentos desses solos.

Outra condicionante para agravar o problema foram as obras de duplicação da PR – 445, as quais estavam sendo realizadas desde 2013. De acordo com Morais Filho (2014), alguns cuidados ambientais durante a construção das vias não foram tomados, deixando-as expostas. Os períodos de chuvas foram suficientes para carregar sedimentos para os bueiros e para os córregos que desaguam nos Lagos Igapó 1, 2, 3 e 4.

Verificou-se o comportamento de um ponto assoreado do Lago Igapó 2 durante os anos 2004 (figura 2), 2014 e 2015. Nota-se que, no decorrer dos anos, a foz do Ribeirão Cambé tem diminuído devido ao acúmulo de sedimentos.

O ano de 2014 (Figura 3) não apresentou redução da foz tão significativa em relação ao ano de 2004, porém, acontecimentos como enchentes foram relatados pela mídia local (Figura 4), o que indica que o Lago Igapó 2 já apresentava problemáticas.

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Figura 2 – Ponto assoreado na Foz do Ribeirão Cambé no município de Londrina, Paraná. Fonte: Google Earth ™, 2004.

Figura 3 – Ponto assoreado na Foz do Ribeirão Cambé no município de Londrina, Paraná. Fonte: Google Earth ™, 2012.

O ano de 2015 (Figura 5), por outro lado, apresentou um estreitamento bastante significativo na largura do rio. Os efeitos negativos sobre o lago e às áreas ao seu redor podem ser diversos, como a redução do volume de água, enchentes, formação de banco

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de sedimentos, aumento na velocidade do fluxo de água entre as margens da foz, além de dificultar a entrada de oxigênio nas águas (BARROSO; SILVA, 1992). Dill (2002) complementa que o assoreamento pode gradativamente ir se estendendo por todo o fundo de um lago, provocando assim a diminuição do seu período de vida.

Figura 4 – Lago Igapó 2 transborda e invade vias públicas no município de Londrina, Paraná. Fonte: Bonde News, 2014.

Figura 5 – Ponto assoreado na foz do Ribeirão Cambé no município de Londrina, Paraná. Fonte: Google Earth ™, 2015.

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CONCLUSÃO

Em imagens de satélite disponibilizadas pelo Google Earth ™, é possível notar que as margens do Lago (1, 2, 3 e 4) como um todo é quase totalmente ocupada, restando apenas alguns remanescentes florestais. Em função disso, uma desocupação seria inviável (devido ao custeio para realocar os proprietários) e extremista (visto que a área é ocupada há décadas).

A solução para minimizar os impactos do Lago Igapó 2 seria um estudo bem planejado sobre os problemas presentes, além de apresentar as possíveis alternativas como a introdução de espécies nativas e, se possível, paisagísticas para serem plantadas nos quintais das propriedades.

A prefeitura, em conjunto com órgãos ambientais e profissionais da área, poderia propagar saberes ambientais sobre as causas e consequências da falta de vegetação ao longo dos lagos, bem como oferecer créditos ou fazer acordo para aqueles que colaborarem a formar uma mata ciliar no lago como um todo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone, 1999. 335 p.

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CABRERA, R. B. A. Uso da terra e assoreamento, Lagos Igapó –

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VACACAÍ-MIRIM E SUA RELAÇÃO COM A DETERIORAÇÃO DA BACIA

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Forte chuva causa alagamentos em Londrina; confira os principais pontos. Disponível em: <http://www.bonde.com.br/bondenews/londrina/forte-chuva-causa-alagamentos-em-londrina-confira-os-principais-pontos-351440.html>. Acesso em: 18 abr. 2017. GUERRA, A. J. T. (1995). Processos Erosivos nas Encostas. Cap. 4. In: GUERRA, A. J. T.; CHUNHA, S.B. (org.). Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil 472 p.

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TUCCI, C. E. M. Plano Diretor de Drenagem Urbana: princípios e concepção. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 2, n. 2, p. 5-12, dez. 1997. Disponível em:

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