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Academic year: 2021

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Doutora Andrée Crabée (1917-2003)

Autor(es):

[s.n.]

Publicado por:

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/39748

Accessed :

8-Jun-2021 03:05:37

digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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CRÒNICA

Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra,

As paixões tristes deprimem a vontade e mutilam a inteligência.

A admiração, pelo contrário, eleva a alma, reconforta o coração, galvaniza o espírito.

A Universidade, sendo feita de pessoas, não pode escapar à lei comum da natureza humana.

Mas as razões de admirar são nela tão visíveis que lhe basta parar um instante para logo reencontrar, com alegria, a força necessária ao cumprimento da sua missão.

Faço votos para que os instantes de cerimónia e de festa - como este em que formalmente vos peço as insígnias doutorais para os nossos jovens colegas - sejam também momentos canónicos para o trabalho de todos os dias!

DOUTORA ANDRÉE CRABBÉE (1917-2003)

Em 17 de Março de 2003, a Doutora Andrée Rocha, perante a comoção de muitos, deixou definitivamente a calma Praceta Fernando Pessoa, em Coimbra, onde durante tantos anos viveu, para ir juntar-se a Miguel Torga, seu Marido, no cemiteriozinho trasmontano de S. Martinho de Anta, terra natal do Escritor. Que ambos repousem em paz, na lavada simplicidade dessa paisagem que tanto amaram.

Jubilada em Dezembro de 1986, como Professora Catedrática, depois de ter ensinado Literatura Francesa e Literatura e Cultura Portuguesas, durante largos anos, nas Faculdades de Letras de Lisboa e de Coimbra, a Doutora Andrée Rocha, belga de origem, tornou-se portuguesa pelo coração e pelo espírito, numa metamorfose gradual iniciada em Bruxelas, quando preparava, muito jovem, na Universidade Livre da cidade, a sua licenciatura em Estudos Românicos: fora conquistada pelo magistério sedutor de Vitorino Nemésio, que aí ocupava então o leitorado de Português. Ao Mestre-Poeta ficou a dever estímulos que a orientaram para o estudo da nossa Literatura; mas foi decisivo para a sua fixação em Portugal e a adopção da nacionalidade portuguesa o conhecimento do jovem médico Adolfo Rocha, com quem se consorciou para toda a vida, afectiva e intelectualmente, no início dos difíceis anos 40.

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CRÒNICA

Doutorou-se em Literatura Portuguesa em 1944, na Faculdade de Letras de Lisboa, onde, naquele campo e no da Literatura Francesa, veio a iniciar funções lectivas; mas o húmus fecundante da sua formação “românica” e do seu crescimento intelectual num país que ao longo da história foi sempre uma encruzilhada de línguas e de culturas, marcaram o espírito dinâmico da Doutora Andrée Rocha, não a deixando confinar-se numa especialização estreita: somando ao domínio das línguas românicas o das línguas germânicas, tornou-se uma conhecedora excelente das literaturas e culturas europeias e americanas, abarcando uma vasta “enciclopédia” que soube tornar viva, pois sempre a radicou num olhar interrogante e perspicaz dirigido ao homem através do espaço e do tempo e numa fina apreensão estética da obra artística, saída da ingénua produção popular, ou provinda da elaborada criação culta.

Assim, inteiramente cabe a esta Professora o honroso epíteto de “humanista”. Buscando a informação actualizada e o rigor crítico, mas fugindo da erudição seca ou da manipulação mecanizada dos textos, inte- ressava-lhe sobretudo, na investigação e na docência, dialogar com os que, de outrora aos nossos dias, acicatados por um dado contexto, verte­ ram nas múltiplas linguagens da arte (literatura, pintura, música) a sua experiência, os seus sonhos, os seus encantamentos, as suas revoltas. O lato e “quente” saber assim adquirido acompanhava-se nela, compreensi- velmente, de viva curiosidade pelo espectáculo do mundo e de empenho em causas que lhe solicitassem o espírito. Daí os compromissos éticos e cívicos que, no respeito de valores essenciais da dignidade humana, a levaram a assumir, ao longo de uma vida confrontada com graves momentos da história ocidental e da nossa própria história, opções desa­ frontadas que lhe custaram, sob o regime de Salazar, perseguições e sofrimentos; que lhe deram também, quando o horizonte português se abriu, a vontade de cooperar activamente no rejuvenescimento social e cultural do País.

Desta cultura dinâmica e aberta, tornada “vida”, testemunham, para além da sua estimulante docência, os muitos títulos da sua produção bibliográfica, onde avultam os trabalhos consagrados a Garrett (é de 1944, com reedição dez anos depois, a sua dissertação de Doutoramento,

O Teatro de Garrett), ao Cancioneiro Geral (lembre-se o ensaio Garcia de Resende e o ‘Cancioneiro Geral, de 1979), à epistolografia portuguesa

(recorde-se o trabalho pioneiro A Epistolografìa em Portugal, de 1965, reeditado em 1985), a Gil Vicente, a Baltasar Dias, a Camões, etc. (em 1986, o volume Temas de Literatura Portuguesa reuniu estudos seus que percorrem autores dos séculos XVI a XX). Não pode esquecer-se ainda a

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CRONICA

dinamização que procurou imprimir à investigação e ao ensino da Literatura Portuguesa através da contribuição essencial que deu à criação, em 1978, na Faculdade de Letras de Coimbra, de um Centro de Literatura Portuguesa a que se deveu o surgir da revista Cadernos de Literatura (25 números, de 1978 a 1986), por ela dirigida; como afirmava a “Ordem de Serviço” - prefácio da Redacção ao seu primeiro número -, era uma publicação de ar novo, que pretendia abrir-se a jovens colaboradores e, “com alegria”, “tornar imediatamente possível um salutar convívio da Universidade com arte viva, autores vivos e perspectivas actualizadas de crítica e de teoria literária”.

Saúde-se, enfim, no perfil da Doutora Andrée Rocha, a prática de uma “sagesse” que aliou o culto da simplicidade e das atitudes autênti­ cas à grande cultura, à disposição estética, ao sentido de responsabilidade intelectual e cívica. Por isso amava a hombridade das gentes do “reino maravilhoso” de Trás-os Montes; e tão bem se sentia, no seu escritório repleto de livros, lendo os autores predilectos, quanto, no seu quintal coimbrão, enxada em punho, ou, Portugal fora, calcorreando caminhos que a levassem ao encontro da fisionomia física e moral do País (que pro­ fundo conhecimento, o seu, da realidade portuguesa!). Com esse peculiar modo de ser, por vezes um pouco agreste, mas muitas outras de tão afável cordialidade, era sobretudo nas horas de “ócio” (no prestigioso sentido latino da palavra) - essas deleitosas e profícuas horas em que o espírito pode vagabundear, longe do quotidiano triturante, ao sabor de temas que o seduzem - que a Doutora Andrée Rocha “revelava” a sua riqueza àqueles que com ela conviveram (de quão poucos se poderá dizer o mesmo!). E como era então vivificadora e educadora a sua presença!

Agradeçamos, pois, à sua memória as lições de cultura e de vida que nos deu.

Referências

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