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A ação cardiovascular dos peptídeos ricos em prolina da Bothrops jararaca não está relacionada com a inibição da enzima conversora de angiotensina I e potenciação da Bradicinina

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Academic year: 2017

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(1)

A AÇÃO CARDIOVASCULAR DOS PEPTÍDEOS RICOS EM

PROLINA DA

Bothrops jararaca

NÃO ESTÁ RELACIONADA

COM A INIBIÇÃO DA ENZIMA CONVERSORA DE

ANGIOTENSINA I E POTENCIAÇÃO DA BRADICININA

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do título de Doutor em Ciências

Orientador:

Prof. Dr. Antonio Carlos Martins de Camargo

Co-orientador:

Prof. Dr. Robson Augusto Souza dos Santos

(2)

Ficha catalográfica

Ianzer, Danielle Alves

A ação cardiovascular dos peptídeos ricos em prolina da Bothrops jararaca não está relacionada com a inibição da enzima conversora de angiotensina I e Potenciação da Bradicinina/ Danielle Alves Ianzer. – São Paulo, 2006.

xiii, 124f.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Biologia Molecular

Título em inglês: The cardiovascular action of proline rich-peptides from Bothrops jararaca is not related to angiotensin I-converting enzyme inhibition and bradykinin potentiation.

(3)

Trabalho desenvolvido no Laboratório de Hipertensão – ICB - UFMG e no Laboratório Especial de Toxinologia Aplicada – Instituto Butantan.

Apoio Financeiro:

(4)

!

"

# $

(5)

Ao

Prof. Dr. Antônio Carlos Martins de Camargo

por mais uma

oportunidade que me foi concedida, por sua preciosa orientação e pela

confiança para realização de mais um projeto.

Ao

Prof. Dr. Robson Augusto Souza dos Santos

por ter aberto as

portas, concedendo a oportunidade de desenvolver este trabalho em seu

laboratório. Agradeço por sua co-orientação, pela confiança, pela dedicação e

pelos conhecimentos transmitidos durante a realização do mesmo.

Aos amigos Gisele Maia, Jerusa Almeida, José Roberto Silva, Carlos

Henrique Xavier, Luciana Maia e Marcela Ramos, pela colaboração para

realização dos experimentos e, principalmente, pela amizade, carinho e

dedicação, ajudando-me nesta jornada de uma forma muito preciosa.

Ao Prof. Dr. Anderson Ferreira pela ajuda para realização no estudo de

função renal.

A Vera Pontieri pelos estudos realizados com captopril.

Às funcionárias do Laboratório Especial de Toxinologia Aplicada

CAT-CEPID, Neusa Lima, Vera Lima, Vanessa Souza e Maria José da Silva pela

colaboração administrativa e convívio agradável.

A todos os professores, estudantes e técnicos do Laboratório de

Hipertensão do ICB-UFMG, especialmente Profa. Andréa Haibara, Prof.

Marco Antônio Peliky, Marcela Neves, Marisa Lemos, Cynthia, Andrey, Ana

Paula Nadu, Betinha, Leonor, Serginho, Denise, Giancarla, Gonzaga, Rodrigo

(6)

Molecular e Biomateriais – Departamento de Química da UFMG pela

amizade e carinho.

Aos amigos Diva Helena Nogueira, Rosemari, Marina Matos, Simone

Barbosa, Liliana Mora, William Marandola, José Fernando Magalhães, Gisele

Picolo, Marcelo Sodré, Márcio de Paula, Fernanda Faria, Gerusa Araújo,

Andréia Marneli e Millen Cristine pela amizade e carinho, pelo apoio nos

momentos difíceis e pela vibração nas minhas vitórias.

A Neiva Madeira Yanzer pela revisão ortográfica.

Ao Giuseppe Puorto pela foto da Bothrops jararaca.

A todos que, de alguma forma, colaboraram para realização deste

(7)

,

%

(8)

ÍNDICE

pág.

ABREVIATURAS ... ix

RESUMO ... xii

ABSTRACT ... xiii

I – INTRODUÇÃO ... 1

I.1 – Sistema Renina Angiotensina (SRA)... 4

I.2 – Sistema Calicreína Cinina (SCC) ... 7

I.3 – Vaspeptidases: ECA e NEP ... 9

I.4 – Peptídeos Potenciadores de Bradicinina (BPPs) - 40 anos de história dos primeiros inibidores da ECA ... 14

I.4.1 – A descoberta dos BPPs ... 14

I.4.2 – Desenvolvimento do Captopril ... 15

I.4.1 – Retorno do interesse pelos BPPs ... 18

II – OBJETIVOS ... 28

II.1 – Objetivo Geral ... 29

II.2 – Objetivos Específicos... 29

III – MATERIAIS E MÉTODOS... 30

III.1 – Animais... 31

III.2 – Peptídeos... 31

III.3 – Outras drogas e reagentes... 32

III.4 – Cânulas... 32

III.5 – Equipamentos... 32

(9)

III.7.2 – Estudo da ação potenciadora de BPPs sobre a atividade hipotensora da BK e da ação inibitória dos BPPs sobre a conversão de Ang I em Ang II

em ratos acordados ... 37

III.8 – Estudo do efeito dos BPPs sobre a função renal de ratos espontaneamente hipertensos (SHR)... 38

III.8.1 – Determinação de Na+ e K+ nas amostras de plasma e urina ... 39

III.8.2 – Determinação da osmolalidade nas amostras de plasma e urina ... 39

III.9 – Análise Estatística ... 40

IV – RESULTADOS ... 41

IV.1 – Intensidade e duração da atividade potenciadora dos BPPs sobre o efeito hipotensor da bradicinina em ratos normotensos anestesiados... 42

IV.2 – Efeitos cardiovasculares da administração intravenosa dos BPPs em ratos espontaneamente hipertensos ... 45

IV.3 – Avaliação dos efeitos cardiovasculares da administração intravenosa dos BPPs em ratos normotensos ... 62

IV.4 – Comparação dos efeitos cardiovasculares dos BPPs em ratos hipertensos e normotensos ... 69

IV.5 – Potenciação da BK durante o efeito anti-hipertensivo agudo e tardio dos BPPs em SHR acordados... 71

IV.6 – Dissociação da atividade anti-hipertensiva dos BPPs em SHR e inibição, in vivo, da conversão de Ang I em Ang II ... 73

IV.7 – Determinação do efeito dos BPPs sobre a função renal de ratos espontaneamente hipertensos (SHR) ... 75

V – DISCUSSÃO ... 80

VI – CONCLUSÃO ... 97

VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 100

(10)

ABREVIATURAS

µ µ µ

µM – micromolar

Ac – acetil

Ang I – angiotensina I

Ang II – angiotensina II

Ang III – angiotensina III

Ang IV – angiotensina IV

Ang-(1-7) – angiotensina (1-7)

ANP – peptídeo natriurético atrial

Bj – Bothrops jararaca

Bk – bradicinina

BNP – peptídeo natriurético cerebral

BPFs – fatores de potenciação da bradicinina

BPPs – peptídeos potenciadores de bradicinina

cDNA – ácido desoxirribonucleico complementar

CNP – peptídeo natriurético tipo C

C-terminal – carboxi-terminal

Da – dalton

DCV – doenças cardiovasculares

ECA2 – enzima conversora de angiotensina II

EDHF – fator hiperpolarizante derivado de endotélio

FC – freqüência cardíaca

(11)

mg – miligrama

min – minutos

mL – mililitro

MM – massa molar

mM – milimolar

NEP – neprilisina

ng – nanograma nM – nanomolar

NO – óxido nítrico

N-terminal – amino-terminal

PA – pressão arterial

PAM – pressão arterial média

PAP – pressão arterial pulsátil

PCP – prolil carboxipeptidase

PE – polietileno

PEP – prolil endopeptidase

RAAS – sistema renina-angiotensina-aldosterona

rpm – rotações por minuto

SCC – sistema calicreína cinina

SRA – sistema renina angiotensina

t-PA – ativador do plasminogênio de tipo tecidual

(12)

Código dos aminoácidos

1 letra 3 letras

aminoácido .

A

Ala

Alanina

C

Cys

Cisteína

D

Asp

Ácido Aspartico

E

Glu

Ácido Glutâmico

<E

Pyr

Ácido Piroglutâmico

F

Phe

Fenilalanina

G

Gly

Glicina

H

His

Histidina

I

Ile

Isoleucina

K

Lys

Lisina

L

Leu

Leucina

M

Met

Metionina

N

Asn

Asparagina

P

Pro

Prolina

Q

Gln

Glutamina

R

Arg

Arginina

S

Ser

Serina

T

Thr

Treonina

V

Val

Valina

(13)

RESUMO

No presente trabalho foram avaliados os efeitos cardiovasculares de quatro

peptídeos potenciadores de bradicinina (BPPs) em ratos espontaneamente hipertensos

(SHR). Os peptídeos foram selecionados de uma família de 19 oligopeptídeos encontrados

no veneno e no precursor do peptídeo natriurético do tipo C do cérebro da serpente

Bothrops jararaca. Estes peptídeos foram escolhidos por suas características distintas; relativos a inibição in vitro da enzima conversora de angiotensina I (ECA) e a potenciação

ex vivo da bradicinina (BK). Os experimentos foram realizados em ratos hipertensos (SHR) e normotensos (WT) acordados, com implantação de cateteres de polietileno em artéria

femoral para medida da pressão arterial média (PAM) e da freqüência cardíaca (FC) e veia

femoral para administração da droga. A PAM e a FC foram monitorados durante 6 horas

após a injeção intravenosa dos BPPs. Os quatro BPPs mostraram efeitos cardiovasculares

potentes entre as doses de 0,47 nmol/Kg e 710 nmol/Kg. O efeito anti-hipertensivo dos

BPPs foi bifásico, apresentando uma redução inicial da PAM nos primeiros 20 minutos

após a injeção do peptídeo (período agudo), seguida por outra queda que iniciou em

60-80 minutos após o BPP e se manteve por até de 6 horas. A alteração da PAM máxima foi

observada com o BPP-10c na dose de 71 nmol/Kg (-53 ± 6 mmHg). O BPP-7a é um fraco

inibidor in vitro da ECA somática [Ki(app) ≅ 50 µM] e mostrou-se incapaz de potenciar a BK, até mesmo, em concentrações 100 vezes maior que concentrações usadas para os

outros peptídeos. Contudo, o BPP-7a na dose de 14,2 nmol/Kg provocou queda máxima

da PAM de -45 ± 6 mmHg em SHR. Em contraste, foi mostrado que durante a ação

anti-hipertensiva dos quatro BPPs em SHR não houve alteração das respostas hipotensora da

BK e pressora da Ang I, tanto durante o período agudo como durante o período tardio.

Esses resultados indicam a participação de mecanismos ainda não esclarecidos nos efeitos

cardiovasculares desses peptídeos, não podendo ser descartada a ação mediada por

receptor órfão. Essas características abrem novas perspectivas para utilização dos BPPs

(14)

ABSTRACT

In the present study, were evaluated the cardiovascular effects of four Bradykinin

Potentiating Peptides (BPPs) in spontaneously hypertensive rats (SHR). The peptides

were selected from a family of 19 proline-rich oligopeptides found either in the venom of

Bothrops jararaca or derived from the C-type natriuretic peptide precursor of the B. jararaca

brain. These peptides were chosen for their distinct features concerning the in vitro and in vivo inhibition of the somatic angiotensin converting enzyme (ACE), and the ex-vivo and

in vivo potentiation of bradykinin (BK). The experiments were performed in conscious adult male hypertensive rats (SHR) and normotensive rats (WT), with polyethylene

catheters implanted into the femoral artery for the mean arterial pressure (MAP) and

heart rate (HR) measurements, and into the femoral vein for drug administration. The

MAP and HR were monitored for 6 hours after the intravenous injection of BPPs. All four

BPPs showed potent cardiovascular effects in the range between 0.47 nmol/Kg and 710

nmol/Kg. The anti-hypertensive effect of BPPs was biphasic, presenting an initial

reduction of MAP in the first 20 minutes after the peptide injection (acute period),

folowing by other fall in 60-80 minutes after BPP and maintained for even of 6 hours (late

period). The maximal change on MAP was observed using the BPP-10c at a dose of 71

nmol/Kg (-53 ± 6 mmHg). Differently from the other three BPPs, the BPP-7a presented a

weak in vitro inhibition of the somatic ACE [Ki(app) ≅ 50 µM], and was unable to potentiate the BK, even at concentrations 100-fold higher than the concentrations used for the other

peptides. However, the BPP-7a at a dose of 14.2 nmol/Kg caused the maximum MAP fall

of the -45 ± 6 mmHg in SHR. In contrast, was showed that during the BPP

anti-hypertensive effect in SHR there were not alteration of the BK hypotensive and the Ang I

pressure responses, during both acute and late periods. These results indicate the

(15)
(16)

I – INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial (HA) é considerada um fator de risco altamente

prevalente para as doenças cardiovasculares como: acidentes vasculares cerebrais,

insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, insuficiência renal e doenças

vasculares periféricas (Collins e cols., 1990; Burnett Jr JC, 1999).

A Organização Mundial de Saúde estima que a hipertensão arterial seja

responsável por 4,5 % das causas de doenças associadas (64 milhões) e por 7,1

milhões de mortes prematuras (World Health Organization, 2003).

No Brasil, a hipertensão é um dos principais responsáveis por graves

problemas de saúde no país. Pesquisas revelaram que 28,5 % dos brasileiros

apresentam pressão arterial acima de 140 x 90 mmHg (Sociedade Brasileira de

Cardiologia, 2005). As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de

mortes no Brasil. Dados do levantamento realizado entre o período de 1979 e 1997,

revelam que as mortes por DCV alcançam 32,3% do total que corresponde a 300

(17)

estresse (Sudakov e cols., 1982) e fatores genéticos, demonstrados principalmente

pela história familiar do paciente ou identificados por exames altamente

específicos (Marques e cols., 2003; Naaby-Hansen e cols., 2004).

A regulação da pressão arterial (PA) é uma das funções fisiológicas mais

complexas, que depende da integração das atividades dos sistemas

cardiovascular, renal, neural e endócrino. Os principais mecanismos de controle

da PA se dividem em controle neural, humoral e local que agem de forma

integrada em diferentes situações comportamentais, para melhor redistribuir os

fluxos sangüíneos regionais através de alterações na resistência total e local e no

débito cardíaco e dessa forma manter a PA em níveis adequados (Hasser e cols.,

2000; Campagnole-Santos e Haibara, 2001).

Os mecanismos neurais controlam a pressão arterial através do sistema

nervoso central (SNC) e sistema nervoso autônomo. Os mecanismos humorais são

aqueles que atuam em nível sistêmico, principalmente através de substâncias

circulantes lançadas no sangue. Os mecanismos locais ocorrem através de

substâncias que atuam pontualmente em órgãos ou pequenas regiões com campo

de ação restrito (ação parácrina).

Os fatores locais como prostaglandinas, endotelina e óxido nítrico são

também de grande importância no controle vascular, por serem capazes de

(18)

sobre a resistência vascular periférica, função cardíaca e a volemia (Schiffrin EL,

2001).

O sistema renina-angiotensina (SRA) e o sistema calicreína-cinina (SCC)

desempenham funções fundamentais para regulação dos sistemas cardiovascular

e renal (Mullins e cols., 1990; Madeddu e cols., 1999; Campbell DJ, 2001).

I.1 – Sistema Renina Angiotensina (SRA)

Descoberto há mais de cem anos (Tigerstedt e Bergman, 1898), o SRA é um

sistema hormonal envolvido na regulação da PA e no balanço hidroeletrolítico

(Brunner e cols., 1972; Haber E, 1983), apresentando um papel importante na

regulação hemodinâmica e homeostática através de mecanismos vasculares e

renais, tanto em condições fisiológicas quanto fisiopatológicas (Cody RJ, 1997;

Santos e cols., 2000; Unger T, 2002).

Alterações no equilíbrio dos SRAs tecidual (cérebro, rim, vasos, coração,

adrenal), circulante, central e periférico parecem estar envolvidas no surgimento e

manutenção das várias formas de hipertensão, tais como: hipertensão essencial,

hipertensão renal, hipertensão neurogênica e hipertensão por mineralocorticóides

(19)

(funções intrácrina e autócrina), sobre células adjacentes (função parácrina) ou em

locais distantes da região de produção (função endócrina) (Unger T, 2002).

O SRA é um sistema altamente complexo dependente da ativação em

cascata de diversas enzimas/substratos, que produzem peptídeos biologicamente

ativos (Santos e cols., 2005).

A pró-renina é uma enzima liberada na circulação pelas células

justaglomerulares dos rins e estocada nessas células em grânulos imaturos para

ser processada na forma ativa, renina (Kurtz e Wagner, 1999).

A liberação da renina é controlada por diversos fatores. A atividade do

nervo renal representa um sinal estimulador para secreção de renina que é

mediada via adrenoreceptores β1 (Hackenthal e cols., 1990). Outras substâncias

como dopamina (Kurtz e cols., 1988), adrenomedulina (Jensen e cols., 1997)

também estimulam a secreção de renina. A função da renina, uma

aspartil-peptidase, é clivar especificamente a ligação peptídica Leu10-Val11 do

angiotensinogênio plasmático, produzido pelo fígado. A síntese de

angiotensinogênio é estimulada por glicocorticóides, hormônio tireodiano e pela

angiotensina II (Ang II) (Ben-Ari e Garrison, 1988). A clivagem libera o

decapeptídeo angiotensina I (Ang I), que em seguida é clivado pela enzima

conversora de angiotensina I (ECA) originando o potente octapeptídeo

(20)

O SRA não possui apenas a Ang II como produto ativo. Outros peptídeos

biologicamente ativos, como a angiotensina III (Ang III), angiotensina IV (Ang IV)

e angiotensina (1-7) [Ang-(1-7)] são gerados a partir da Ang I e/ou Ang II. Estudo

com a Ang-(1-7) mostraram que esse peptídeo apresenta em geral ações opostas a

Ang II (Ferrario e cols., 1997; Santos e cols., 2000).

A Ang II tem suas ações mediadas pelos receptores AT1 e AT2. A ligação da

Ang II em receptor AT1 desencadeia processos celulares produzindo vários efeitos,

dentre eles, vasoconstrição, síntese protéica, crescimento celular, regulação da

função renal e do equilíbrio hidroeletrolítico (Ardaillou R, 1999; De Gasparo e

cols., 2000). A Ang II também atua como neurotransmissor e neurorregulador

modulando o controle central da pressão arterial, a atividade simpática, o apetite

pelo sal e a sede (Lima e cols., 1999; De Gasparo e cols., 2000).

Os receptores AT2 estão largamente presentes em tecidos fetais e

apresentam redução na sua expressão logo após o nascimento (Nahmias e

Strosberg, 1995; Gallinat e cols., 2000). Porém, parecem desempenhar papel

importante em adultos. Em algumas situações a ligação da Ang II em AT2 provoca

vasodilatação, um dos efeitos opostos aos mediados pelo receptor AT1 (Gallinat e

(21)

(PEP) ou por hidrólise da Ang I pela neprilisina (NEP) e prolil endopeptidase

(Ferrario e cols., 1997; Santos e cols., 2000). Esse peptídeo exerce diversas funções

no SRA, dentre elas, a inibição da ECA, e também, via seu receptor Mas, que

contrapõe muita das ações mediadas pelo receptor AT1, causando modulação ou

antagonismo das ações da Ang II, como vasoconstrição e proliferação celular

(Ferrario e cols., 1997; Santos e cols., 2003).

Nos últimos anos, numerosas observações obtidas a partir de estudos

clínicos e em modelos experimentais de diabetes, hipertensão, insuficiência

cardíaca, entre outros, têm sugerido que além das disfunções do sistema

renina-angiotensina, a redução dos componentes do sistema calicreína-cinina pode causar

aumento da PA, conseqüentemente induzindo o aparecimento de doenças

cardiovasculares relacionadas (Sharma JN, 1984; Sharma e cols., 1996; Sharma e

Sharma, 2002).

I.2 – Sistema Calicreína Cinina (SCC)

A descoberta do sistema calicreína-cinina se iniciou há quase um século

atrás, quando Abelous e Bardier mostraram o efeito hipotensor da urina humana

(Abelous e Bardier, 1909).

O SCC representa uma cascata metabólica onde as calicreínas teciduais e

plasmática liberam cininas vasoativas a partir do cininogênio de alto e de baixo

(22)

no SCC, a bradicinina (BK) é a principal. A BK, um nonapeptídeo

(Arg-Pro-Pro-Gly-Phe-Ser-Pro-Phe-Arg) identificada por Rocha e Silva e colaboradores (1949), é

gerada a partir da clivagem do cinogênio de alto peso molecular pela calicreína

plasmática (Suzuki e cols., 1966).

As cininas estão envolvidas em vários processos fisiológicos e patológicos.

Devido a sua capacidade de ativar células endoteliais, as cininas podem causar

vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, liberação do ativador do

plasminogênio de tipo tecidual (t-PA), produção de óxido nítrico (NO) e

mobilização de ácido araquidônico. Sendo assim, participa fisiologicamente da

regulação de pressão sanguínea, funções renal e cardíaca e em processos

patológicos como inflamação (Moreau e cols., 2005).

As diversas atividades farmacológicas das cininas são mediadas através de

ligações com dois tipos de receptores específicos (receptores B1 e B2), antes de

serem metabolizadas por diversas peptidases (Marceau e cols., 1998;

Leeb-Lundberg e cols., 2005). As ações como vasodilatação e hipotensão são mediadas

pelo receptor B2, pela liberação de NO, prostaciclinas e fator hiperpolarizante

derivado de endotélio (EDHF) (Couture e Girolami, 2004). Enquanto as ações

(23)

responsáveis pela degradação da BK, entre elas, a ECA, a NEP, a aminopeptidase

P e as carboxipeptidases M e N (Margolius HS, 1995).

O SRA e o SCC são dois sistemas que interagem em diferentes níveis e estão

envolvidos em várias funções fisiológicas e fisiopatológicas. Após a liberação da

Ang I e BK, ocorre a formação da Ang II e da inativação da BK pela ECA. Na

mesma situação, se insere a NEP que metaboliza Ang I e BK (Figura 1) (Tschöpe e

cols., 2002; Campbell DC, 2003).

I.3 – Vasopeptidases: ECA e NEP

Inicialmente, apenas a enzima conversora de angiotensina I era considerada

a enzima vascular envolvida na regulação da pressão arterial. Atualmente, sabe-se

que além da ECA, outras enzimas como a NEP também estão envolvidas na

regulação dos sistemas cardiovascular e renal. Desta maneira, o termo

“vasopeptidases” tem sido utilizado para as enzimas que participam do controle

das disfunções cardiovasculares e da pressão arterial (Weber MA, 2001).

A ECA, uma zinco metalopeptidase, é a responsável principal pela

formação do peptídeo vasopressor Ang II, através da clivagem do dipeptídeo

C-terminal da Ang I (Skeggs e cols., 1956). Além disso, a ECA inativa a BK pela

remoção do dipeptídeo C-terminal (Turner e Hooper, 2002).

Existem três isorformas da ECA: a forma somática e duas formas pequenas.

(24)

homólogos, denominados C e N-terminais, e cada um deles contém um sítio ativo.

(Wei e cols., 1991a; Wei e cols., 1991b). A forma pequena de 90 - 110 KDa é

expressa apenas nas células germinativas masculinas e contém um sítio ativo

correspondente ao domínio C-terminal da forma somática (Coates D, 2003). A

outra forma pequena de 68 KDa foi identificada no fluido ileal e na urina humana

que apresenta apenas um sítio ativo correspondente ao domínio N-terminal

(Deddish e cols., 1994; Casarini e cols., 1995).

Desde a descoberta dos dois domínios catalíticos ativos da ECA por Wei e

colaboradores em 1991 (Wei e cols., 1991b), têm sido feitas especulações sobre a

funcionalidade dos dois sítios. Embora, in vitro os sítios C- e N-terminais

apresentem a mesma habilidade para clivar tanto a Ang I quanto a BK, existem

algumas características bioquímicas que diferenciam os dois sítios ativos (Wei e

cols., 1992; Jaspard e cols., 1993; Deddish e cols., 1996; Michaud e cols., 1997;

Deddish e cols., 1998).

In vivo, a Ang I é predominantemente hidrolisada pelo o sítio C-terminal, a

BK é hidrolisada por ambos os domínios (Acharya e cols., 2003). A função do

domínio N-terminal pode estar menos relacionada com o sistema

(25)

tetrapeptídeo (Ac-Ser-Asp-Lys-Pro-OH) envolvido na regulação negativa da

hematopoiese (Rieger e cols., 1993; Rousseau e cols., 1994; Azizi e cols., 1996).

Além disso, outro substrato específico para sítio N-terminal é a Ang-(1-7), que ao

mesmo tempo inibe a hidrólise da Ang I feita pelo domínio C-terminal (Deddish e

cols., 1998).

Os avanços científicos têm possibilitado elucidar o papel funcional dos dois

domínios da ECA, o que aumenta a busca pelo desenvolvimento de uma nova

geração de inibidores domínio-seletivos com perfis farmacológicos distintos

(Redelinghuys e cols., 2005).

A NEP, uma enzima encontrada abundantemente nos rins, está envolvida

no metabolismo de vários peptídeos reguladores dos sistemas nervoso,

cardiovascular, inflamatório e imune. Os principais substratos in vivo da NEP são

os hormônios natriuréticos, peptídeo natriurético atrial (ANP), peptídeo

natriurético cerebral (BNP) e peptídeo natriurético do tipo C (CNP), as

endotelinas, a Ang I convertida em Ang (1-7) e a BK (Campbell DC, 2003).

Estudos iniciados na década de 90 comprovaram que a inibição combinada

da ECA e da NEP é mais eficaz que a inibição da ECA, para redução da pressão

sanguínea, tanto em animais hipertensos como em pacientes. A inibição

simultânea das vasopeptidases, ECA e NEP, reduz a atividade do sistema

renina-angiotensina pelo bloqueio da conversão da Ang I em Ang II e, paralelamente,

(26)

peptídeos natriuréticos (Anastasopoulos e cols., 1998; Burnett Jr JC, 1999; Bralet e

Schwartz, 2001).

Os inibidores das vasopeptidases passaram a representar uma nova opção

para o tratamento da hipertensão e poderiam também diminuir a morbidade e

mortalidade associadas às disfunções cardiovasculares, como o infarto

(Anastasopoulos e cols., 1998; Burnett Jr JC, 1999; Bralet e Schwartz, 2001).

A primeira droga desenvolvida para inibir as vasopeptidases foi o

Omapatrilato (Burnett Jr JC, 1999; Trippodo e cols., 1999). Ensaios in vitro

monstraram que essa droga é altamente potente para inibir a ECA, contudo inibe

igualmente os dois sítios catalíticos (Azizi e cols., 2000). Estudos clínicos

realizados com o Omapatrilato apresentaram índice considerável de casos de

angioedema e tosse seca em pacientes tratados (Messerli e Nussberger, 2000;

Kostis e cols., 2004). Esse efeito colateral foi atribuído à forte inibição das duas

enzimas (Zanchi e cols., 2003), limitando sua utilização clínica.

A Figura 1 apresenta a ação das vasopeptidases, ECA e NEP sobre o sistema

(27)

Figura 1 - Ação da ECA e da NEP sobre os SRA, SCC e peptídeos natriuréticos.

1) Conversão da Ang I em Ang II; 2) Conversão da Ang I em Ang-(1-7); 3 e 4) Degradação

da BK; 5) Degradação da Ang-(1-7) e 6) Degradação dos peptídeos natriuréticos. Efeitos

fisiológicos no SRA mediados pelos receptores AT1 incluem vasoconstrição, retenção de

água e sódio, liberação de aldosterona, aumento da atividade nervosa simpática entre

outros; mediados pelos receptores AT2 incluem diferenciação celular, vasodilatação entre

outros; mediados pelos receptores Mas e ATn incluem vasodilatação (liberação de NO e

potenciação da BK), aumento do fluxo renal, modulação da excreção renal de sódio,

modulação da atividade do sistema nervoso simpático entre outros. Os efeitos no SCC

mediados pelos receptores B2 incluem vasodilatação e hipotensão através da liberação de

NO, prostaciclinas e do EDHF. Efeitos fisiológicos dos peptídeos natriuréticos incluem

vasodilatação, excreção de sódio, diminuição dos níveis de aldosterona, inibição do

RAAS, inibição da atividade nervosa simpática, diminuição do crescimento do músculo

liso vascular.

(Adaptado de Burnett Jr JC, 1999; Couture e Girolami, 2004; Santos e cols., 2005). Angiotensinogênio Angiotensina I Ang II ECA Bradicinina Metabólitos inativos B2 3 Renina Cininogênio Calicreína Efeitos fisiológicos NEP Metabólitos inativos ANP BNP CNP Efeitos fisiológicos 4 6 1 2

AT2 AT1 Mas ATn

5

Efeitos fisiológicos

(28)

I.4 – Peptídeos Potenciadores de Bradicinina (BPPs) – 40 anos de

história dos primeiros inibidores da ECA

I.4.1 – A descoberta dos BPPs

No início da década de 60, durante experimentos para verificar se o BAL

(2,3-dimercaptopropanol), em associação ao veneno da serpente Bothrops jararaca

(Bj) (Figura 2), era capaz de potenciar a contração no íleo isolado de cobaia, os

pesquisadores Ferreira e Rocha e Silva observaram que o próprio veneno possuía

forte atividade potenciadora sobre a BK (Ferreira e Rocha e Silva, 1963). Esses

potenciadores da atividade da bradicinina foram inicialmente chamados de fatores

de potenciação da bradicinina (Bradykinin potentiating factors - BPFs), por não

(29)

Os BPFs potenciaram a ação farmacológica da bradicinina ex vivo em muitas

preparações do músculo liso, dentre os quais o intestino de cobaia foi mais

sensível para ação dos BPFs (Ferreira SH, 1965). O extrato de BPF potenciou

especificamente a ação da BK em todos esses sistemas sem alterar os efeitos da

acetilcolina e da histamina (Graeff e cols., 1965; Ferreira SH, 1965). No entanto,

apresentou baixo efeito sobre a ação da angiotensina II e ocitocina nas preparações

de músculo liso de íleo de cobaia e útero de rata, respectivamente (Ferreira SH,

1965).

I.4.2 – Desenvolvimento do Captopril

Sérgio Ferreira testou o efeito do extrato de BPF sobre a ECA. O extrato

apresentou-se como um potente inibidor dessa enzima. Esse resultado fez com que

o grupo de Vane, que na época estava engajado na investigação da causa da

hipertensão, tivesse um forte interesse pelos BPFs como uma ferramenta

importante no tratamento da hipertensão (Smith e Vane, 2003).

Utilizando métodos bioquímicos, Ferreira e colaboradores (1970)

fracionaram o veneno da B.jararaca para isolamento dos BPFs, que após a

identificação passaram a ser chamados de peptídeos potenciadores de bradicinina

ou BPPs. Neste trabalho foram isolados nove peptídeos e determinada a seqüência

de aminoácidos de um deles, o BPP-5a. Com a mesma metodologia, Ondetti e cols.

(30)

Após a identificação dos BPPs, Vane apresentou para a indústria

farmacêutica Squibb o conceito da inibição da ECA pelos BPPs. Dessa forma,

houve um grande interesse pelos BPPs por parte da indústria farmacêutica (Smith

e Vane, 2003).

Sabendo que a ECA possuía um papel importante no controle da pressão

arterial (Ng e Vane, 1970), vários pesquisadores se empenharam em desenvolver

uma droga anti-hipertensiva com grande potência inibitória sobre a ECA e,

principalmente, que apresentasse atividade por administração oral (Ondetti e

cols., 1977; Cushman e cols., 1977; Ondetti e Cushman, 1981).

Na época, dentre os BPPs que haviam sido descritos, o BPP-9a sob o nome

genérico de teprotide, devido aos quatro resíduos de prolinas na sua estrutura,

apresentou uma potente inibição da ECA, como também uma satisfatória

potenciação da BK (Ferreira e cols., 1970). Contudo, estudos clínicos constataram

que a utilidade terapêutica do BPP-9a ou teprotide era limitada pela ausência de

atividade por administração oral, tanto em modelos animais como em humanos

(Krieger e cols., 1971; Gavras e cols., 1974; Gavras e cols., 1975). Assim, tornou-se

essencial para aplicação farmacêutica o desenvolvimento de um inibidor não

(31)

Extensos estudos da ligação com o Zn2+, centro catalítico do sítio ativo, conduziu à

síntese de compostos não-peptídicos estáveis que combinaram a prolina com um

grupo sulfidril, aumentando a potência inibitória. Destes compostos, o Captopril

(D-3mercapto-2-metilpropionil-L-prolina) foi o primeiro inibidor sintético

delineado para a ECA (Figura 3), que apresentou grande potência inibitória sobre

a enzima e atividade por via oral (Ondetti e Cushman, 1981).

Figura 3 – Estrutura química do captopril.

O desenvolvimento do captopril apresentou características, como baixo

custo de produção, absorção oral, estabilidade e, ao mesmo tempo, reproduziu as

mesmas atividades farmacológicas e enzimáticas dos BPPs (Case e cols., 1978;

Gavras e cols., 1978; Antonaccio e cols., 1979; Niarchos e cols.,1979; Cushman e

cols., 1982). Como conseqüência, os BPPs deixaram de interessar à Indústria

Farmacêutica.

Estudos recentes mostraram que o captopril atua sobre a ECA bloqueando

(32)

para o sítio N-terminal (Michaud e cols., 1997). Acredita-se que esse fato explique

parte de seus efeitos colaterais indesejáveis, como a anemia, causada

provavelmente pela inibição do domínio N-terminal (Bailey e Sizeland, 1989;

Lefant e cols.,1989; Dive e cols., 1999).

I.4.3 – Retorno do interesse pelos BPPs

Durante análises da biblioteca de cDNA da glândula de veneno da Bj, foi

isolado o cDNA que codifica a proteína precursora dos BPPs e do peptídeo

natriurético tipo C no veneno da serpente. O clone codifica uma proteína

constituída por 256 aminoácidos, contendo 7 BPPs e o CNP (Figura 4). Dos sete

peptídeos encontrados, havia duas seqüências inéditas (Murayama e cols., 1997).

As duas novas seqüências encontradas nesse precursor, sugeriram a

(33)

aa bp

TCTGGCCAAGCAGACAAGCGCG 22 GCTTGACGAGACGCTCTTGCGGCAAAGCGCCCGGCTCGACTCGGCTCCCTTCGGCTCAGCGGTCCGCGCCGTCGA 97 GGATTCTCACTCTTGCTCGCTCGCTCGCTCGCTCGCTCTCGCCCACCCTCTCTGCCGGCGCCTGCGCAGCCCGGG 172 ATGGTCCTCTCCCGCCTGGCGGCCAGCGGGCTGCTGCTCCTGGCCCTGCTGGCGCTCTCGGTCGACGGGAAGCCG 247

M V L S R L A A S G L L L L A L L A L S V D G K P 25

GTGCAGCAGTGGGCGCAGAGTTGGCCCGGTCCTAATATTCCGCCGCTGAAG 298 *BPPIV-1-A V Q Q W A Q S W P G P N I P P L K 42

GTGCAGCAGTGGGCGCAAGGGGGCTGGCCGCGCCCCGGTCCTGAGATTCCGCCGCTGACG 358 BPPIII-1-A V Q Q W A Q G G W P R P G P E I P P L T 62

GTGCAGCAGTGGGCGCAAAACTGGCCGCATCCTCAGATTCCGCCGCTGACG 409 BPPIV-1-Bb V Q Q W A Q N W P H P Q I P P L T 79

GTGCAGCAGTGGGCGCAAGGGCGGGCGCCGGGTCCTCCGATTCCGCCGCTGACG 463 BPP-c V Q Q W A Q G R A P G P P I P P L T 97

GTGCAGCAGTGGGCGCAAGGGCGGGCGCCGCATCCTCCGATACCGCCGGCGCCG 517 BPP-d V Q Q W A Q G R A P H P P I P P A P 115

CTGCAGAAGTGGGCGCCGCTGCAGAAGTGGGCGCCGCTGCTGCAGCCCCACGAGAGTCCGGCGAGCGGCACG 589 BPPVa L Q K W A P L Q K W A P L L Q P H E S P A S G T 139

ACGGCCTTGCGGGAGGAGCTGAGCCTGGGGCCAGAAGCGGCGTCGGGCGTCCCGTCTGCTGGAGCAGAGGTC 661

T A L R E E L S L G P E A A G G V P S A G A E V 163

GGGCGCAGCGGCTCGAAGGCGCCCGCTGCACCCCATCGGCTGTCGAAGAGCAAAGGGGCGGCGGCGACGCGG 733

G R S G S K A P A A P H R L S K S K G A A A T R 187

CCGATGCGGGACTTGCGCCCCGACGGCAAGCAGGCACGGCAAAACTGGGGCCGGATGGCGCACCACGACCAC 805

P M R D L R P D G K Q A R Q N W G R M A H H D H 211

CACGCGGCAGCAGGAGGCGGCGGCGGAGGCGGAGGAGGAGCGCGTCGTCTGAAGGGGCTGGCC 868

H A A A G G G G G G G G G A R R L K G L A 232

AAGAAAGGGGCGGCCAAGGGCTGCTTTGGCCTGAAGCTCGACCGCATCGGCACCATGAGCGGCCTGGGCTGC 940

Bj-CNP K K G A A K G C F G L K L D R I G T M S G L G C 256

TGAAGCCGTCGAGGGCGGCGCGAAGGCGACACCTGGCGGCGGTCTTTGAACTGAGACCCCACCCCATCCGCG 1012 GACATTTCTGGACATCCCCTGCAATTCATCCAGGGATCCCAGGCCCACACAGCCTGTCTCCTGTTGGTACGA 1084 GCACTTGAAGAAGCCATTTTTCAGTGGGAGGGTTCTGGGTAGGGTTGGACTGAGTTTTGCGCCCCCAAATCT 1156 TCCTATCTTACCTAATATATACCTAGATGCCATATATATATCGATAGATACAAGTACACCCAACACAAAAAA 1228 CACGCCCGCCCACAACTTCTTCCCCGCGACAAAGGACGGTGTCGGGAGACGGAGAGAACCAGCTGCGTATGC 1300 CATCGAGATTGCTGTTTGTACATTCGTGTCACGCATAAATGTATTTAAGTTGTAAAAGCTATTTATATATTG 1372 TTTATAAAGAGATATTTATAAAAAAAAATTTTATTTATGTAAACTAAACGAAAAGGGGTCGAGCATTGTAAA 1444 CTTTTTTTTTCCCCTTTCTCATCCTGAATAGTCGGAAGGAAAGAAAAAAAAAATCATGGACGATTTGATAAC 1516 CTGTCTTGCATTTTAATCGGATGCAGTCTTTCTTTCCGAAATGGGTGGTTTGAACAAGGCTTTTAGATACCA 1588 CGGATAAGAGTAAAAAATGCATTTGTAAAGAAATCGCACGCTATCTACCAAAGGTGTAAAAGAACCCGACGC 1660 GCCGTTTTTGACGTTTTTAGCAGAAATAAAAAAAACCACTTTTCAAAGAGGTCCTCAGAATTAAAAAAAAAAA 1733

Figura 4 -Seqüência de nucleotídeos e de aminoácidos da molécula protéica precursora

dos BPPs e do CNP isolada da glândula de veneno da Bothrops jararaca. O clone NM

96, presente no veneno da Bothrops jararaca, codifica para uma proteína constituída por 256 aminoácidos, contendo 7 BPPs (vermelho) e o peptídeo natriurético tipo C (CNP)

(azul). O lado esquerdo de cada seqüência repetida apresenta cinco resíduos de

(34)

Esse achado conduziu à realização de estudos da fração de baixo peso

molecular do veneno bruto da B.jararaca. Utilizando a combinação de técnicas

convencionais de cromatografia líquida e espectrometria de massa, foram isolados

e identificados 16 BPPs, sendo que 5 deles eram inéditos (Ianzer e cols., 2004)

(Tabela 1).

Ao mesmo tempo, utilizando as mesmas técnicas, foram realizados estudos

para isolamento de possíveis BPPs de outros tecidos da B.jararaca. Dessa forma, foi

isolado e identificado o BPP-5a no cérebro e no pâncreas, peptídeo previamente

descrito para o veneno da serpente (Hayashi e cols., 2003).

O cDNA que codifica o precursor de BPPs no cérebro foi clonado e foi

possível observar que este precursor neuronal também apresenta 7 seqüências de

BPPs e uma seqüência de CNP (Figura 5). Neste precursor havia duas novas

seqüências de BPPs, contendo 11 e 12 resíduos de aminoácidos, 11c e

BPP-12b. (Hayashi e cols., 2003) (Tabela 1).

Estudos de hibridização in situ revelaram a expressão do precursor dos

BPPs nas regiões do cérebro da serpente conhecidos por estarem envolvidos no

controle do fluido neuroendócrino e na regulação cardiovascular, como descrito

(35)

aa bp

CGGCACGAGGAAAGCGATGCCGACGCTGCGAGCGAATCTA 40 GGCCAAGCAGACAAGCGCGGCTTGACGAGACGCTCTTGCGGCAAAGCGCCCGGCTCGACT 100

CGGCTCCCTTCGGCTCAGCGGTCCGCGCCGTCGAGGATTCTCACTCTTGCTCGCTCGCTC 160 GCTCGCTCTCGCCCACCCTCTCTGCCGGCGCCTGCGCAGCCCGGGATGGTCCTCTCCCGC 220

M V L S R 5

CTGGCGGCCAGCGGGCTGCTGCTCCTGGCCCTGCTGGCGCTCTCGGTCGACGGGAAGCCG 280

L A A S G L L L L A L L A L S V D G K P 25

GTGCAGCAGTGGGCGCAAGGGGGCTGGCCGCGCCCCGGTCCTGAGATTCCGCCGCTGAAG 340 EVASIN-13a V Q Q W A Q G G W P R P G P E I P P L K 45

GTGCAGCAGTGGGCGCAAGGGGGCTGGCCGCGCCCCGGTCCTGAGATTCCGCCGCTGACA 400 EVASIN-13a V Q Q W A Q G G W P R P G P E I P P L T 65

GTGCAGCAGTGGGCGCAAAACTGGCCGCATCCTCAGATTCCGCCGCTGACG 451 EVASIN-10c V Q Q W A Q N W P H P Q I P P L T 82

GTGCAGCAGTGGGCGCAATGGGGGCGGCCGCCGGGTCCTCCGATTCCGCCGCTGACG 508 EVASIN-12b V Q Q W A Q W G R P P G P P I P P L T 101

GTGCAGCAGTGGGCGCAAGCGCGGCCGCCGCATCCTCCGATACCGCCGGCGCCGCTG 565 EVASIN-11e V Q Q W A Q A R P P H P P I P P A P L 120 CAGAAGTGGGCGCCGGTGCAGAAGTGGGCGCCGCTGCTGCAGCCCCACGAGAGTCCGGCG 625 EVASIN-5a . .Q K W A P V Q K W A P L L Q P H E S P A 140

AGCGGCACGACGGCCTTGCGGGAGGAGCTGAGCCTGGGGCCAGAAGCGGCGTCGGGCGTC 685

..S G T T A L R E E L S L G P E A A S G V 160

CCGTCTGCTGGAGCAGAGGTCGGGCGCAGCGGCTCGAAGGCGCCCGCTGCACCCCATAGG 745

.P S A G A E V G R S G S K A P A A P H R 180

CTGTCGAAGAGCAAAGGGGCGGCGGCGACCTCGGCGGCGTCGCGGCCGATGCGGGACTTG 805

. .L S K S K G A A A T S A A S R P M R D L 200

CGCCCCGACGGCAAGCAGGCGCGGCAAAACTGGGGCCGGATGGTGCACCACGACCACCAC 865

..R P D G K Q A R Q N W G R M V H H D H H 220

GCAGCAGTAGGAGGCGGCGGCGGCGGCGGAGGAGGAGGAGCGCGTCGTCTGAAGGGGCTG 925

. .A A V G G G G G G G G G G A R R L K G L 240

GCCAAGAAAGGGGCGGCCAAGGGCTGCTTCGGCCTGAAGGTCGACCGCATCGGCACCATG 985 CNP . .A K K G A A K G C F G L K V D R I G T M 260

AGTGGCCTGGGCTGCTGAAGCCGTCGAGGGCGGCGCGAAGGCGACACCTGGCGGCGGTCT 1045

S G L G C 265

TTGAACTGAGACCCCACCCCATCCGCGGACATTTCTGGACATCCCCTGCAATTCATCCAG 1105 GGATCCCAGGCCCACACAGCCTGTCTCCTGTTGGTACGAGCAACTTGAAGAAGCCATTTT 1165 TCAGTGGGAGGGTTCTGGGTAGGGTTGGACTGAGTTTTGCGCCCCCAAATCTTCCTATCT 1225 TACCTAATATATACCTAGAGTCCATATATATATCGATAGATACAAGTACACCCAACACAA 1285 AAAACACGCCCGCCCACAACTTCTTCCCCGCGACAAAGGACGGTGTCGGGAGACGGAGAG 1345 AACCAGCTGCGTATGCCATCGAGATTGCTGTTTGTACATTCGTGTCACGCATAAATGTAT 1405 TTAAGTTGTAAAAGCTATTTATATATTGTTTATAAAGAGATATTTATAAAAAAAAATTTT 1465 ATTTATGTAAACTAAACGAAAAGGGGTCGAGCATTGTAAACTTTTTTTTTTTCCCCCTTT 1525 CTCATCCTGAATAGTCGGAAGGAAAGAAAAAAAAAATCATGGACGATTTGATAACCTGTC 1585 TTGCATTTTAATCGGATGCAGTCTTTCTTTCCGAAATGGGTGGTTTGAACAAGGCTTTTA 1645 GATACCACGGATAAGAGTAAAAAATGCATTTGTAAAGAAATCGCACGCTATCTACCAAAG 1705 GTGGTAAAAGAACCTGACGC 1724

Figura 5 -Seqüência de nucleotídeos e de aminoácidos da molécula protéica precursora

dos BPPs e do CNP isolada do cérebro da Bothrops jararaca. O clone codifica uma

proteína contendo 7 BPPs (vermelho) e o peptídeo natriurético tipo C (CNP) (azul). O lado

esquerdo de cada seqüência repetida apresenta cinco resíduos de aminoácidos

(36)

É interessante notar que o CNP, um neuropeptídeo envolvido na regulação

da PA e na concentração de eletrólitos do sangue (Nascimento-Gomes e cols.,

1995), mais uma vez foi codificado no precursor dos BPPs no cérebro. Isso, sugere

um papel fisiológico importante dos BPPs que podem também ter uma ação como

neuropeptídeos (Hayashi cols., 2003; Hayashi e Camargo, 2005).

Os BPPs descritos para a Bothrops jararaca são peptídeos contendo de 5 a 14

resíduos de aminoácidos por molécula e apresentam características estruturais

comuns, como a presença de um resíduo de ácido piroglutâmico na posição

N-terminal e uma prolina na posição C-terminal. Além disso, a maioria dos BPPs

apresenta resíduos de ácido glutâmico, arginina e triptofano. Peptídeos contendo

mais de sete resíduos de aminoácidos terminam com o tripeptídeo Ile-Pro-Pro e

possuem vários resíduos de prolina nas suas partes internas (Ferreira e cols., 1970;

Freer e Stewart, 1971; Ianzer e cols., 2004) (Tabela 1), o que confere certa resistência

a hidrólise por aminopeptidases, carboxipeptidases e endopeptidases (Cheung e

(37)

Tabela 1 – Peptídeos potenciadores de bradicinina (BPPs) isolados do veneno bruto da

Bothrops jararaca. <E, ácido piroglutâmico; + potenciação da bradicinina; ND, não

determinado; negrito, novas seqüências (Ianzer e cols., 2004).

Sequência de aminoácidos

Nomenclatura MW (Da)

Potenciação da BK

<EKWAP BPP-5aa,c,d,e 611,7 +++

<EWPRP BPP-5be 665,8 +

<ESWPGP BPP-6aa,e 653,7 +

<EDGPIPP BPP-7ae 705,8 +

<EWPRPQIPP BPP-9aa,b,e 1101,3 +++

<ESWPGPNIPP BPP-10aa,b,c,e 1075,2 ++

<ENWPRPQIPP BPP-10bb,e 1215,4 ND

<ENWPHPQIPP BPP-10ca,b,c,d,e 1196,3 +++

<EWPRPTPQIPP BPP-11ab,e 1299,5 ND

<EGRAPGPPIPP BPP-11bc,e 1069,2 ++

<EGRAPHPPIPP BPP-11cd 1149,3 ++

<EGRPPGPPIPP BPP-11de 1095,3 ND

<EARPPHPPIPP BPP-11ed 1189,4 ++

<EGWAWPRPQIPP BPP-12a a,e 1415,6 +++

<EWGRPPGPPIPP BPP-12bd 1281,5 +++

<EWAQWPRPQIPP BPP 12ce 1485,8 ND

<EGGWPRPGPEIPP BPP-13ad,e 1370,5 +++

<EGGLPRPGPEIPP BPP-13ba,b,c,d,e 1297,5 +++

<EWAQWPRPTPQIPP BPP-14ae 1683,85 ND

(38)

Além da Bothrops jararaca, vários BPPs foram descritos para venenos de

outras espécies de serpentes como Agkistrodon halys blomhoffi (Kato e Suzuki, 1970;

Kato e Suzuki, 1971; Higuchi e cols., 1999); Agkistrodon halys pallas (Cheung-Wu e

cols., 1982); Crotalux atrox (Politi e cols., 1985); Bothrops insularis (Cintra e cols.,

1990); Bothrops jararacussu (Ferreira e cols., 1992a; Ferreira e cols., 1992b);

Agkistrodon piscivorus piscivorus (Ferreira e cols., 1995); Bothrops neuwiedi (Ferreira e

cols., 1998); Trimeresurus gramineus e Trimeresurus flavoviridis (Higuchi e cols.,

1999), Trimeresurus mucrosquamatus (Jia e cols., 2003), Lachesis muta (Soares e cols.,

2005), utilizando tanto técnicas de bioquímica como de biologia molecular. Vários

BPPs também foram isolados a partir de venenos de outros animais peçonhentos

como: escorpiões (Ferreira e cols., 1993; Meki e cols., 1995; Zeng e cols., 2000; Braga

TV, 2005) e aranhas (Sosnina e cols., 1990; Akchunov e cols., 1992; Ferreira e cols.,

1996).

Contudo, apenas para a B.jararaca foi descrita essa variedade de peptídeos

(Tabela 1). Essa diversidade pode ser explicada por mutações aceleradas dentro do

domínio dos BPPs durante a evolução da serpente (Hayashi e Camargo, 2005).

Esse tipo de processo já foi observado para as fosfolipases A2 (Nakashima e cols.,

(39)

para inibição do sítio C-terminal da ECA somática. Enquanto que alguns

peptídeos mostraram-se inespecíficos, como os BPPs 11d, 12a e 13a; outros

apresentaram especificidade pelo sítio amino-terminal, BPP-5a e BPP-12b.

Somente os BPPs 7a e 11d apresentaram fraca atividade inibitória, na ordem de

µM (Tabela 2) (Ianzer DA, 2001; Cotton e cols., 2002; Hayashi e cols., 2003).

Através de técnicas de modelagem molecular foi demonstrada a interação

específica do BPP-9a com o sítio C-terminal da ECA. Enquanto, para o complexo

N-terminal da enzima-peptídeo (N-sECA-BPP9a) ocorre repulsão entre os

resíduos Arg 412 da enzima e a Arg da posição P4 do peptídeo (Fernandez e cols.,

2004).

A Tabela 2 apresenta os resultados in vitro para inibição dos sítios da ECA e

para inibição da NEP e os resultados ex vivo para ponteciação da BK, obtidos com

(40)

Tabela 2 - Atividade de potenciação sobre o efeito contrátil da bradicinina em íleo

isolado de cobaia (UP), constante de inibição (Ki) para a NEP e constantes de inibição

aparente (Ki app) para sítio C-terminal e N-terminal da ECA dos peptídeos potenciadores

de bradicinina (BPPs). nd – não determinado. (Ianzer DA, 2001; Cotton e cols., 2002;

Hayashi e cols., 2003).

BPP Seqüências MM (Da) UP

(nmol)

Ki NEP

(µµµµM)

Ki app da ECA

(nM) Sítio C Sítio N

BPP-5a <EKWAP 611,7 0,36 554,7 1280 400

BPP-5b <EWPRP 665,8 8,58 531,3 nd nd

BPP-7a <EDGPIPP 705,8 10,77 492,0 40000 70000

BPP-9a <EWPRPQIPP 1101,3 0,22 86,1 1 100

BPP-10a <ESWPGPNIPP 1075,2 1,68 458,9 33 130

BPP-10c <ENWPHPQIPP 1196,3 0,48 253,9 0,5 200

BPP-11a <EWPRPTPQIPP 1299,5 nd 237,8 nd nd

BPP-11b <EGRAPGPPIPP 1069,2 2,67 475,7 57 3000

BPP-11c <EGRAPHPPIPP 1149,3 2,68 589,2 40 2000

BPP-11d <EGRPPGPPIPP 1113,3 nd 1177,6 1000 1000

BPP-11e <EARPPHPPIPP 1189,4 29,77 112,7 300 100

BPP-12a <EGWAWPRPQIPP 1433,6 0,34 106,2 25 25

BPP-12b <EWGRPPGPPIPP 1281,5 0,83 220,2 150 5

BPP-13a <EGGWPRPGPEIPP 1388,5 1,26 473,4 50 50

BPP-13b <EGGLPRPGPEIPP 1297,5 0,45 693,6 nd nd

--- CAPTOPRIL 217,3 0,14 1097,6 1,14* 0,08*

(41)

fracos inibidores dessa enzima, descartando a possibilidade de serem utilizados

como inibidores combinados das duas enzimas (ECA e NEP) (Tabela 2) (Ianzer

DA, 2001).

A diversidade de BPPs descritos para a B.jararaca, bem como, as diferenças

apresentadas para potenciação da BK e inibição da ECA in vitro, implicam na

necessidade de avaliação e caracterização da(s) atividades e mecanismo(s) de ação

para cada peptídeo.

Para realização do presente trabalho, foram selecionados quatro peptídeos

entre as 19 seqüências de BPPs descritas para a B.jararaca. Os BPPs 5a, 7a, 9a e 10c

foram selecionados de acordo com as propriedades totalmente distintas relativas à

inibição dos dois sítios catalíticos ECA e potenciação da BK (em azul, Tabela 2).

A utilização desses peptídeos permitiu reavaliar o conceito vigente que

atribui os efeitos cardiovasculares dos inibidores de ECA a sua eficácia como

(42)
(43)

II – OBJETIVOS

II.1 – Objetivo Geral

Estudar os efeitos cardiovasculares de diferentes BPPs em ratos hipertensos

(SHR) e ratos normotensos (WT) e verificar se esses efeitos estão associados ou não

a sua afinidade domínio-seletiva pela ECA e sua atividade potenciadora de BK.

II.2 – Objetivos Específicos

Avaliar a atividade de potenciação dos BPPs sobre o efeito hipotensor da

bradicinina em ratos anestesiados (determinação da UP);

Avaliar o efeito da administração i.v. dos BPPs sobre parâmetros

cardiovasculares de ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e ratos Wistar

normotensos;

Comparar os efeitos cardiovasculares observados em ratos hipertensos com

aqueles observados em ratos normotensos;

Relacionar a atividade de potenciação da BK com os efeitos cardiovasculares

dos BPPs em SHR acordados;

Relacionar a atividade inibitória sobre a ECA com os efeitos cardiovasculares

dos BPPs em SHR acordados;

(44)
(45)

III – MATERIAIS E MÉTODOS

III.1 – Animais

Foram utilizados ratos (Rattus norvegicus) machos, adultos de peso corporal

entre 200 a 350 g. As linhagens utilizadas foram: ratos normotensos (WT) e ratos

espontaneamente hipertensos (SHR).

Os ratos normotensos e SHR foram fornecidos pelo Centro de Bioterismo

(CEBIO) do ICB - UFMG. Os animais foram mantidos com acesso livre à

alimentação e água e foram submetidos a um ciclo luz-escuro (12 horas cada) no

Biotério do Laboratório de Hipertensão antes de serem preparados para os

experimentos. Procedimentos que envolvem animais e seus cuidados foram

conduzidos conforme Giles AR, 1987 e aprovados pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da UNIFESP.

III.2 – Peptídeos

Os peptídeos potenciadores de bradicinina, BPP-5a (lote 0564109), BPP-7a

(lote B03260), BPP-9a (lote 0564111) e BPP-10c (lote B03264), foram fornecidos pela

(46)

III.3 – Outras drogas e reagentes

Bradicinina e captopril foram adquiridos da Sigma Co., EUA; heparina

sódica (Liquemine, 5000U.I/mL) da Roche Laboratories, Brasil; salina isotônica

estéril (NaCl 0,9%) da Asterflex, Brasil; Uretana da Sigma Aldrich Co, Alemanha;

tribromoetanol da Sigma Aldrich Co., Alemanha; padrão do osmômetro (500, 290

e 100 mOsm/Kg H2O) da Precision System Inc, EUA; padrão de sódio 140 mEq/L

de Na+ e potássio 5mEq/L de K+ da Laborlab, Brasil. Todos os demais reagentes

utilizados foram de melhor qualidade analítica disponível.

III.4 – Cânulas

As cânulas utilizadas foram confeccionadas a partir de tubos de polietileno

PE-10 (4cm para artéria e 2cm para a veia) soldados em outros tubos de polietileno

PE-50 (15cm) e obstruídas na extremidade livre do PE-50 com pino de metal.

Antes de serem implantadas nos ratos, as cânulas arteriais foram preenchidas com

solução contendo heparina (25.000 U.I. diluída 5 vezes em solução salina 0,9%) e

as cânulas da veia foram preenchidas com salina estéril (NaCl 0,9%).

(47)

♦ Ultrasom – ultrasonic cleaner by Branson – Branson A Smithkline Beckman

Company Parrott Dr. Shelton OT, EUA;

♦ Balança analítica modelo BL 120S, Denver, EUA;

♦ Pipetas – Eppendorf, Alemanha;

♦ Gaiolas metabólicas para ratos entre 150 – 300g, Nalgene, EUA;

♦ Centrífuga modelo 5417R, Eppendorf, Alemanha;

♦ Fotômetro de chama FC-180, CELM, Brasil;

♦ Osmômetro, µOsmette, Precision System, EUA.

III.6 – Registro de parâmetros cardiovasculares em ratos

anestesiados

Para o registro dos parâmetros cardiovasculares (pressão arterial pulsátil -

PAP, pressão arterial média - PAM e freqüência cardíaca - FC), os animais foram

submetidos a procedimento cirúrgico para isolamento e canulação dos vasos. Os

ratos foram anestesiados com uretana 12% (1,0 mL/100g de peso corporal) por via

intraperitoneal e colocados em decúbito dorsal em uma prancha cirúrgica. Foi

realizada uma pequena incisão na pele, separando a musculatura para localização

do feixe vásculo-nervoso femural. Na artéria femural foi introduzida uma cânula

para registro da pressão arterial. Na veia femural foi introduzido uma cânula para

as infusões das drogas. A cânula arterial foi conectada ao transdutor e feito o

(48)

animal foi mantida em 36 - 37° C (temperatura retal) através de uma manta

elétrica de aquecimento.

O registro foi realizado com a conexão da cânula arterial a um transdutor

de pressão (strain-Gauge –DT-XX Viggo-spectramed) e as oscilações de pressão

captadas foram amplificadas e convertidas em sinais digitais através do conversor

analógico/digital (A/D) MP100 (BIOPAC systems, Inc.). O software utilizado foi

AcqKowledge 5.0 (BIOPAC Systems, Inc.). Após a prévia calibragem do

equipamento, as três variáveis PAP, PAM e FC foram monitoradas continuamente.

A PAM e a FC foram calculadas via software a partir dos valores da PAP.

III.6.1 – Determinação da unidade de potenciação (UP) da BK pelos BPPs

na pressão arterial de ratos anestesiados

Para determinação da UP na pressão arterial de rato foram utilizados 21

ratos normotensos, de peso corporal de 200 a 280 g. A UP é a quantidade do

peptídeo capaz de transformar o efeito de uma dose simples de BK ao

correspondente ao efeito produzido por uma dose dupla (Ferreira SH, 1965; Paula

e cols., 1995).

(49)

30, 40, 50, 60, 75 e 90 minutos, após a injeção do peptídeo, foram injetadas doses

padrão de 0,5 µg de BK para verificar a potenciação do efeito hipotensor da

mesma, como também a duração deste efeito.

Neste ensaio foram testadas várias doses do peptídeo (uma dose por rato) a

fim de determinar a dose correspondente a UP. O n variou de 4 a 7 animais para

cada BPP.

III.7 – Registro de parâmetros cardiovasculares em ratos

acordados

Um dia antes do experimento, os animais foram submetidos à cirurgia para

introdução de cânulas na artéria e na veia femural. Os ratos foram anestesiados

com tribromoetanol 2,5% (1,0 mL/100 g de peso corporal) por via intraperitoneal e

colocados em decúbito dorsal em uma prancha cirúrgica. Foi realizada uma

pequena incisão na pele, separando a musculatura para localização do feixe

vásculo-nervoso femural. As cânulas foram introduzidas na veia cava inferior

através da veia femural, para administração da droga e na aorta abdominal

através da artéria femural, para registro dos parâmetros cardiovasculares. As

cânulas foram amarradas junto ao feixe com fio cirúrgico e dirigidas

subcutaneamente com auxílio de um trocater para a região escapular, onde foram

(50)

O experimento foi iniciado 18 - 20 horas após o procedimento cirúrgico e

realizado com o animal não-anestesiado e com livre movimentação. O registro foi

realizado com a conexão da cânula arterial a um transdutor de pressão (BIOPAC

systems, Inc.), conforme detalhadamente descrito no item III.6.

III.7.1 – Efeitos cardiovasculares da administração aguda de BPPs em ratos

acordados

Neste estudo foram utilizados ratos hipertensos - SHR (65 animais) e ratos

normotensos - WT (23 animais),de peso corporal entre 250 a 350g.

Antes da administração da droga foram monitorados os parâmetros

cardiovasculares dos ratos durante 60 minutos, como controle basal foram

utilizados os 20 minutos que antecederam a administração do peptídeo. Após esse

período, foi feita a injeção i.v. in bolus do BPP num volume total de 0,5 mL

(solução de NaCl 0,9%) ou veículo (NaCl 0,9%) e monitorados os parâmetros

cardiovasculares durante 6 horas. Durante o período do registro, foram anotados

os valores de PAM e FC a cada 2 minutos. Este estudo foi realizado com as doses

de 0,47; 2,37; 14,2; 71 e 710 nmol/Kg de peso corporal para cada BPP em SHR (O n

(51)

de BPP ou veículo. No segundo dia de experimento, os animais apresentaram

níveis basais de PAM e FC similares aos observados no primeiro dia.

III.7.2 – Estudo da ação potenciadora de BPPs sobre a atividade

hipotensora da BK e da ação inibitória dos BPPs sobre a conversão de Ang

I em Ang II em ratos acordados

Neste estudo foram utilizados SHR (34 animais), de peso corporal entre 250

a 350 g. Antes da administração da droga, foram monitorados os parâmetros

cardiovasculares do rato durante 30 minutos. Após esse período, foram feitas

injeções i.v. in bolus da bradicinina (0,5 µg e 1,0 µg) e da angiotensina I (20 ng e 40

ng) num volume total de 0,1 mL para verificar a resposta padrão desses peptídeos

(controle). O intervalo de cada administração foi de no mínimo 3 minutos. Foram

feitas injeções de salina (veículo) após a administração das drogas. Após 60

minutos do início do registro, foi feita a administração i.v. de BPP (2,37 nmol/Kg)

num volume total de 0,5 mL (solução de NaCl 0,9 %). Nos tempos de 10 e 210

minutos após a administração de BPP foram feitas injeções de BK (0,5 µg) e nos

tempos 20 e 220 minutos após BPP foram feitas injeções de Ang I (40 ng) (O n

(52)

III.8 – Estudo do efeito de BPPs sobre a função renal de ratos

espontaneamente hipertensos (SHR)

Neste estudo foram utilizados 29 ratos hipertensos de peso corporal entre

280 a 350g para avaliação aguda da função renal após administração i.v. de BPPs.

Para adaptação, os ratos foram mantidos em gaiolas metabólicas durante

um período de 48 horas antes da administração com acesso livre a água e ração. O

BPP (710 nmol/Kg) no volume final de 0,15 mL (solução de NaCl 0,9%) foi injetado

na veia caudal dos ratos. Os animais controle (injeção i.v. de salina, 0,15 mL) e os

tratados foram mantidos por 24 horas, após a administração, em gaiolas

metabólicas mantendo livre acesso à água e ração.

Após o período de 24 horas, foram coletados a urina e o sangue dos ratos

para determinação de vários parâmetros (sódio plasmático, excreção urinária de

sódio e potássio, osmolalidade sérica, osmolalidade urinária, clearance osmolar,

clearance de água livre).

As amostras de sangue (0,5 – 1,0 mL) foram coletadas através da veia

caudal e acondicionados em tubos (tipo Eppendorf), contendo 30 µL de heparina e

mantidos em banho de gelo até a centrifugação. As amostras de urina e sangue

(53)

III.8.1 – Determinação de Na+ e K+ nas amostras de plasma e urina

As determinações de Na+ nas amostras de plasma e de Na+ e K+ nas

amostras de urina foram realizadas por fotometria de chama no fotômetro de

chama utilizando padrão contendo 140 mEq/L de Na+ e 5mEq/L de K+ preparado

em água deionizada.

Para determinação do sódio plasmático e urinário, as amostras de plasma e

de urina foram diluídas em 3000 e 200 vezes em água deionizada,

respectivamente. Os valores lidos a partir das amostras foram multiplicados pelo

fator de diluição. A dosagem de cada amostra foi feita em duplicata.

A partir das concentrações sérica e urinária de sódio e urinária de potássio,

pode ser calculada a quantidade excretada desses íons.

Quantidade excretada = concentração do íon (mEq/L) X fluxo urinário

(mL/min/100g peso).

Quantidade excretada = µEq/min/100g de peso

III.8.2 – Determinação da osmolalidade nas amostras de plasma e urina

A determinação das osmolalidades sérica e urinária foi realizada por

osmometria de congelamento. Para leitura, o osmômetro foi previamente

calibrado utilizando duas soluções padrão, 100 mOsm/Kg H2O e 500 mOsm/Kg

H2O. A faixa de leitura usada foi de 0 a 2000 mOsm/L. Foram utilizadas 50 µL de

(54)

diluídas 1:2 em água deionizada. Os valores lidos a partir das amostras foram

multiplicados pelo fator de diluição. A dosagem de cada amostra foi feita em

duplicata.

O clearance osmolar (Closm) foi obtido a partir do seguinte cálculo: Closm Osmolalidade urinária (mOsm/L) x volume (mL)

Osmolalidade sérica (mOsm/L) x Tempo de coleta de urina (min)

III.9 – Análise Estatística

Os resultados foram expressos como média ± EPM. Os resultados da

potenciação da BK em ratos anestesiados e acordados, os resultados do efeito

pressor da Ang I em ratos acordados e os resultados dos parâmetros renais foram

analisados utilizando One-Way ANOVA seguida do teste de Dunnett. Os dados

dos efeitos cardiovasculares foram analisados utilizando teste t pareado para

comparar o efeito agudo com o tardio de cada BPP. Para comparações do efeito

agudo e do efeito tardio separadamente dos grupos tratados com BPPs e com

veículo foi utilizado One-Way ANOVA seguido do teste de Dunnett ou do teste

de Newman Keuls quando apropriado. Para comparação dos efeitos

cardiovasculares nos dois modelos animais foi utilizado teste t não pareado

(55)
(56)

IV – RESULTADOS

IV.1 – Intensidade e duração da atividade potenciadora dos

BPPs sobre o efeito hipotensor da bradicinina em ratos

normotensos anestesiados

A avaliação e comparação da intensidade de potenciação dos BPPs para

promover a amplificação do efeito hipotensor causado pela administração

intravenosa de bradicinina foi possível graças a determinação da unidade de

potenciação (UP).

A Figura 6 apresenta as respostas hipotensora da BK antes e após a

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