AS CONTRIBUIÇÕES DA COMUNIDADE PARA O TRABALHO DA EQUIPE DE UM PSF
Maria José Sanches Marin1
Luciana Rocha de Oliveira2
Mércia Ilias3
Elza de Fátima Ribeiro Higa1
Considerando a relevância da participação popular na construção de novos modelos de saúde, o
presente estudo propõe-se a verificar as contribuições dessa participação nas ações de saúde de uma Unidade
de Saúde da Família. Trata-se de estudo de análise documental, a partir de atas de 24 reuniões mensais da
equipe com a comunidade. Após a leitura dos registros, os assuntos discutidos foram agrupados em quatro
temáticas: recursos materiais e humanos, acesso aos serviços de saúde de maior complexidade, adesão da
comunidade às atividades oferecidas pela unidade e promoção da saúde e prevenção de doenças. Constata-se
que, embora as discussões vislumbrem a visão integral da saúde e possibilitem co-responsabilidade,
fortalecimento do vínculo e troca de informação, ainda é necessário maior avanço para se obter a efetiva
participação da comunidade na co-gestão do sistema de saúde.
DESCRITORES: programa saúde da família; participação comunitária; saúde pública
COMMUNITY CONTRIBUTIONS TO A FHU TEAM WORK
Considering the importance of people participating in the construction of new health models, this study
aimed to characterize and analyze contributions brought by community to health actions carried out in a Family
Health Unit. It is a documentary analysis based on the records of 24 monthly meetings between the team and
community. After reading the records, subject was divided into four themes: material and human resources,
availability to secondary level health services, community adherence to the unit activities, health promotion
and disease prevention. Discussions opened a wide perspective on health and stimulated co-responsibility,
stronger links and information exchanging. Nevertheless, there is a need to improve community effective
participation in the co-management of the health system.
DESCRIPTORES: family health program; community participation; public health
LAS CONTRIBUCIONES DE LA COMUNIDAD PARA EL TRABAJO DEL EQUIPO DE UN PSF
Considerando la relevancia de la participación de la población en la construcción de nuevos modelos de
salud, el presente estudio propone caracterizar y analizar las contribuciones de la participación de la comunidad
en las acciones de salud de una Unidad de Salud de la Familia. Se trata de un estudio de análisis documentario,
basado en actas de 24 reuniones mensuales del equipo con la comunidad. Después de la lectura de los registros,
los asuntos fueran clasificados en cuatro temáticas: recursos materiales y humanos, accesos a los servicios de
salud de nivel secundario, adherencia de la comunidad a las actividades ofrecidas por la unidad y promoción de
la salud y prevención de enfermedades. Verificó-se que las discusiones destacaron una visión íntegra de la salud
e hicieron posible la co-responsabilidad, fortalecimiento del vínculo y cambio de información. Todavía es necesario
avanzar para obtener la efectiva participación de la comunidad en la co-gestión del sistema de salud.
DESCRIPTORES: programa salud de la familia; participación comunitaria; salud pública
INTRODUÇÃO
A
participação comunitária é um movimento que vem sendo incentivado como uma estratégia deenfrentamento dos problemas de saúde, conseguindo,
assim, maior consciência política e compartilhamento
das responsabilidades e de informações, na busca
de melhor autonomia e qualidade de vida das pessoas.
A participação dos cidadãos na gestão pública
em saúde vem sendo articulada desde o Movimento
Nacional pela Reforma Sanitária, o qual teve por
marcos de reafirmação e consolidação as 8ª e 9ª
Conferências Nacionais, respectivamente, em 1986
e 1992, e vem ocorrendo nos Conselhos Municipais
de Saúde (CMS), os quais possuem composição,
paridade e atribuições asseguradas por norma
jurídica(1).
O delineamento dado à política de saúde
brasileira, pela constituição de 1988, contribuiu com
tal construção ao atribuir ao Ministério da Saúde o
compromisso de reestruturar o modelo de atenção,
partindo do referencial de saúde como direito de
cidadania e pressupondo a organização dos serviços
cada vez mais resolutivos, integrais e humanizados(2).
Nessa proposta, a idéia de “saúde para todos”,
sem a participação ativa das pessoas, não será
possível para o ano 2010, pois delas depende o
necessário aval para impulsionar a prevenção e a
atenção primária à saúde. Essa participação também
deve ser a facilitadora da coordenação das múltiplas
atividades do Estado no setor saúde e permitir que
seja construída uma visão holística da saúde(3).
A participação cidadã caracteriza-se pela
substituição da categoria comunidade ou povo pela
sociedade como categoria central. Esse conceito está
fundamentado na universalização dos direitos sociais,
na ampliação do conceito de cidadania e em uma
nova compreensão do caráter do Estado, remetendo
à definição das prioridades nas políticas públicas com
base em um debate público(4). Assim, pode-se
considerar tal participação como o controle sobre a
própria situação, mediante intervenções em decisões,
iniciativas e gestões, que afetam as condições de vida
em que tal situação e projetos se desenvolvem(5).
Devido a tal atuação, o envolvimento da
coletividade tem-se firmado gradualmente nos
últimos anos e tem produzido diretrizes políticas cada
vez mais compatíveis com a realidade, de modo a
garantir e racionalizar recursos materiais, financeiros
e humanos, ao mesmo tempo em que as pessoas
adquirem cada vez mais consciência das suas tarefas
e da responsabilidade inerente a elas(6).
Atualmente, com quase duas décadas de
construção desse modelo, parece evidente a
importância da participação ativa e contínua da
sociedade nas ações a serem desenvolvidas.
Contribui com isso a implementação do Programa
Saúde da Família (PSF), que vem ocorrendo em todo
território nacional e possui características que
favorecem a integração entre comunidade e equipes
de saúde da família, bem como a relação
trabalhador-usuário. Nesse sentido, destaca-se a introdução dos
agentes comunitários de saúde (ACS) nas equipes,
adscrição da clientela em um território definido e o
trabalho em equipe.
O trabalho em equipe, nas unidades de saúde
da família, favorece o envolvimento e a participação
da comunidade na construção de um projeto assistencial
comum, visto que a população de referência é a
destinatária do trabalho desenvolvido, pressupondo um
processo de democratização das instituições.
A filosofia do PSF busca, portanto, alcançar
em longo prazo uma alteração da relação entre
cidadão e o Estado, promovendo o conceito de saúde
como um direito de cidadania e possibilitando a
inserção ativa dos indivíduos nos processos de
melhoria da qualidade de vida por meio de sua
participação na discussão das políticas públicas(6).
Apesar de se considerar relevante tal
participação, estudo sobre o PSF aponta para a
ausência do usuário como protagonista do seu próprio
viver e da produção de seu cuidado, visto que a
equipe ainda coloca a população fora do âmbito das
decisões sobre o que lhe diz respeito(7). Os avanços
na participação e no trabalho em equipe não têm
garantido a construção de um projeto assistencial
comum(4).
A participação democrática nas decisões e
ações que definem o destino da sociedade brasileira
vem sendo duramente conquistada, haja vista a
tradição autoritária e excludente que constituiu a
sociedade brasileira ao longo da história(8).
Diante do exposto, reconhecendo a relevância
da participação das pessoas da comunidade na
implementação de um modelo que visa à melhoria
da qualidade de vida e as dificuldades para torná-la
efetiva, buscou-se, aqui, compreender como tal
participação vem ocorrendo em um PSF, com a
finalidade de contribuir com dados que permitam a
OBJETIVO
Verificar as contribuições da participação da
comunidade nas ações de saúde de uma Unidade de Saúde da Família.
METODOLOGIA
Trata-se de estudo de análise documental, a partir das atas das reuniões da equipe da USF Santa
Augusta, da cidade de Marília, SP, com a comunidade. A Unidade de Saúde da Família Santa Augusta teve início de seu trabalho em 27 de abril de 2003. A área de abrangência possui 2348 pessoas. A equipe
de saúde é formada por uma médica, uma enfermeira, uma dentista, uma auxiliar de consultório dentário, duas auxiliares de enfermagem, seis agentes comunitários, uma auxiliar de serviços gerais e, duas
vezes por semana, um motorista. Além de servir como campo de estágio para estudantes da primeira, segunda e quarta séries dos Cursos de Enfermagem e Medicina da Faculdade de Medicina de Marília e à
Residência Multiprofissional de Saúde da Família da mesma instituição, a USF conta com residentes médicos e enfermeiros e, a partir de 2006, com residentes de odontologia, fisioterapia e serviço social.
A USF atende população urbana e rural.
Além de atender a demanda de consultas médicas, de enfermagem e odontológicas, a equipe realiza visitas domiciliárias para as pessoas
consideradas de maior risco e com doenças incapacitantes e atividades com grupos de hipertensos e diabéticos, futebol, caminhada, reeducação alimentar, artesanato, corte de cabelo, pré-natal,
grupo de crescimento e desenvolvimento entre outros. Semanalmente são realizadas reuniões de equipe, quando se discute os problemas da comunidade bem como o processo de trabalho da equipe.
Uma vez ao mês é realizada reunião de comunidade com a participação dos profissionais da equipe, alunos da Faculdade de Medicina de Marília (cursos de medicina e enfermagem), presidente da
comunidade local, representantes do Conselho da Zona Sul (CONSUL) e outras pessoas da comunidade. Além dos elementos da equipe, participam das reuniões aproximadamente de quatro a dez pessoas.
Essas reuniões são registradas em ata e enviadas para a Equipe Gestora do PSF na Secretária Municipal de Higiene e Saúde de Marília.
Para a realização deste estudo foram
utilizados os dados registrados em atas de 24 reuniões
de comunidade da USF Santa Augusta, no período de
março de 2003 a março de 2006.
A análise dos resultados foi realizada
conforme os passos da técnica de análise de conteúdo descrita por Bardin(9), compreendendo: leitura
flutuante de cada uma das unidades de registros, segunda leitura com a finalidade de desmembrar as
unidades de registro para classificar e agregar os dados brutos contidos nas mesmas em representação
do conteúdo e a categorização por grupos de unidades de registros com significado e elementos comuns. Tal
análise possibilitou agrupar as discussões narradas
nas atas em quatro temáticas: recursos materiais e humanos, acesso aos serviços de saúde de maior
complexidade, adesão da comunidade às atividades oferecidas pela unidade e promoção da saúde e
prevenção de doenças, as quais são apresentadas
em forma de tabelas com os respectivos elementos
comuns, seguidas de análise descritiva.
RESULTADOS
Ao referir-se aos temas discutidos nas reuniões da equipe do PSF cujas atas foram analisadas,
a temática acesso aos serviços de saúde de maior complexidade, agrupada na Tabela 1, revela-se como
preocupação para a comunidade devido aos limites impostos na continuidade do cuidado à saúde.
Tabela 1 - Distribuição dos assuntos, ações e
resultados obtidos a partir das reuniões de
comunidade com a equipe da USF referente à temática: acesso aos serviços de saúde de maior
complexidade. Marília, SP, 2006
a m e
T Ação Resultados
e d e d a d l u c i f i D
s a n o t n e m a d n e g a
s e d a d il a i c e p s e
. s a c i d é m
r o t s e g o p u r g o a o d a c i n u m o C
a e d ú a S a d a i r a t e r c e S a d
a r a t n e m u a e d e d a d i s s e c e n
. s o ç i v r e s e d a t r e f o
a d n a m e d A
a u n i t n o c
. a d i m i r p e r
o ã ç a v o r p a a n a r o m e D
e d o s s e c o r p o d
. a r u d a e u q a l
s o t n e m i c e r a l c s e s o d a t s e r P
o o m o c a m r o f à o t n a u q
. o d a il a v a é o s s e c o r p
s o i r á u s U
m e c e n a m r e p
. s o t i e f s i t a s n i o
ã ç a z il a e r a n a r o m e D
. a i f a r g o m a m e d
a s a d a t n e i r o m a r o f s a i r á u s U
o ã r i t u m o n e m a x e o r a z il a e r
s a d l a t i p s o H o l e p o t i e f
. a il í r a M e d s a c i n íl C
s a d a i r o i a m A
e u q s e r e h l u m
a r e p s e à m a v a t s e
. e m a x e o u o z il a e r a
d o ã ç a m a l c e R
o d e d a d il a u q
o n o t n e m i d n e t a
. a i c n ê r e f e r e d l a t i p s o h
e p i u q e à a d a c i n u m o C
e u q S H M S a d a r o t s e g
s o m o c o g o l á i d u o z il a e r
.l a t i p s o h o l e p s i e v á s n o p s e r
o d a v r e s b o i o f o ã N
o d a tl u s e r
. o i r ó t a f s i t a s
O acesso às tecnologias de saúde representa
aspecto importante a ser considerado pelo setor, visto
que a implantação dos PSF com a finalidade de reorganizar a atenção básica não tem sido suficiente
Conforme apontado por Merhy, o PSF deve
ser explorado dentro de seus limites e incorporado como uma modalidade tecnológica integrante da
complexa rede de atenção, antes de ser considerado suficiente para resolução de todos os problemas(10).
A dificuldade da população em ter acesso a especialistas, exames e procedimentos específicos
fere princípios constitucionais e regulamentares do sistema de saúde brasileiro quando considera “a
saúde como um direito de todos”, a “integralidade”, “equidade” e “universalidade”.
A dificuldade em agendar consulta com
especialistas e exames específicos, conforme citado pela comunidade, revela lacuna importante na atenção
secundária e, em decorrência disso, os usuários ficam predispostos a agravamentos da condição de saúde com
possíveis internações de urgência. Além disso, tal aspecto gera desconforto para a equipe da USF, a quem cabe
dar respaldo e explicações para a situação de demora.
Ao organizar o sistema de saúde, conforme o princípio da hierarquização e regionalização, tem-se
idéia de expansão da cobertura e democratização do acesso. No entanto, a rede de atenção básica não tem
conseguido tornar-se a “porta de entrada” mais importante, haja vista a alta demanda existente nos
prontos-socorros e a dificuldade de acesso aos serviços especializados(11). Explica-se tal fato pela insuficiência
de recursos para o setor saúde, má utilização daqueles já existentes, além da discriminação existente no setor
privado, que se baseia exclusivamente no critério econômico e busca garantir sua sobrevivência pela
criação de planos de saúde.
Tabela 2 - Distribuição dos assuntos, ações e
resultados obtidos a partir das reuniões de comunidade com a equipe da USF referente à
temática: adesão da comunidade às atividades
oferecidas pela USF. Marília, SP, 2006
Adesão, do ponto de vista etimológico, do
l a t i m a d h a e s i o n e , s i g n i f i c a j u n ç ã o , u n i ã o ,
aprovação, acordo, manifestação de solidariedade,
apoio; pressupõe relação e vínculo. Entende-se ser
um processo multifatorial, estruturado a partir da
relação entre quem cuida e quem é cuidado e
e n v o l v e a c o n s t â n c i a , a p e r s e v e r a n ç a e a
freqüência(12).
Referindo-se à adesão nas reuniões de
comunidade, foi discutido o pequeno número de
pessoas que vem participando da mesma, em torno
de quatro a dez por reunião. Alguns apontam como
motivo “o cansaço após o trabalho”, “a coincidência
com o horário das novelas”, além da desvalorização
da reunião enquanto espaço resolutivo.
Outras atividades de promoção e prevenção,
propostas pela equipe, também têm apresentado
pouca adesão, o que parece merecer reflexão e
análise quanto à efetividade das mesmas e adequação
às necessidades da população. Além disso, tais
medidas precisam ser ampliadas, envolvendo a
intersetorialidade, visando não apenas manter uma
ocupação e recreação, mas sim qualificação que
possibilite conquistas e perspectivas de melhoria das
condições de vida.
Na literatura, a maioria dos estudos que
tratam da adesão referem-se ao processo de
adoecimento e ao tratamento medicamentoso,
dificultando maior compreensão das condições que
podem estar envolvidas com a adesão a ações de
promoção e prevenção como as propostas pela equipe,
pois essas demandam a construção de uma
consciência cidadã.
Chamam a atenção o fato de que a cidadania
“não é algo natural”, posto que está submetida a
regras sociais e culturais. Nas sociedades coletivistas,
como a que vivemos, “o todo prevalece sobre as
partes, à hierarquia é o princípio básico e o que vale
é a relação”. Assim, se o indivíduo não tem nenhuma
ligação com pessoa ou instituição de prestígio, ele é
tratado como inferior(13).
Os casos de resistência revelam, muitas
vezes, que as pessoas estão se sentindo
desvalorizadas ou não está havendo verdadeiro
diálogo entre os saberes da equipe e dos usuários.
Destaca-se ainda que, na confrontação de saberes,
é importante considerar a complexidade articulada
no núcleo de histórias e a cultura que explicitam a
mesma, obtendo-se, assim, a explicação para a
dificuldade de adesão(14).
a m e
T Ação Resultados
Esse aspecto representa desafio aos
profissionais da equipe de saúde que, muitas vezes,
adotam condutas autoritárias, considerando o saber
científico de sua apropriação como verdade absoluta.
Além disso, parece que a valorização da cura,
do uso de medicamento e do aspecto biológico como
a única forma de obter melhora nas condições de
saúde ainda está presente no imaginário tanto dos
usuários como da equipe. Tal fato também pode
dificultar o delineamento de medidas que visem a
promoção e a prevenção de forma a atender as
necessidades das pessoas e, conseqüentemente, a
sua adesão.
Parece, portanto, que a falta de adesão da
população às medidas de atenção à saúde, na busca
de melhoria da qualidade de vida, é multifatorial e as
estratégias de superação devem considerar,
especialmente, o estabelecimento de vínculo, troca
de saberes e o respeito pelo outro.
Apesar da pequena participação da
comunidade, tanto nas reuniões de equipe como nas
atividades desenvolvidas na unidade, observa-se,
pelas discussões, grande avanço na abordagem de
temáticas voltadas para a promoção da saúde e
prevenção das doenças, revelando preocupações
com o desenvolvimento de intervenções que vão
além da simples medicalização da vida e visam a
melhoria dos níveis de saúde, conforme se observa
na Tabela 3.
A Carta de Ottawa define promoção da saúde
como “o processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria da qualidade de vida e saúde,
incluindo maior participação no controle deste
processo”(15). Nesse sentido, as reuniões de
comunidade têm retratado a temática, conforme
demonstrado na Tabela 3.
a m e
T Ação Resultados
. a u r a n s i a m i n
A Orientação,quantoaosriscoseàimportânciademantê -S C A s o l e p s o il í c i m o d s o n e s e õ i n u e r s a n , o il í c i m o d o n s o l . s a t i s i v s a e t n a r u d . a u r a n s i a m i n a e d o ã ç i u n i m i d e v u o H s o i d l a b s o n e r r e t e s a u r s a l e p o d a h l a p s e o x i L . o m s e m o d m e g a l c i c e r e d a tl a f e m e l e v á l c i c e r o x il e d a t e l o c a r a p s e õ t a l e d o ã ç a t i c il o S ; o i r á t i n u m o c o r t n e c o a e t n e r f s o a s e õ ç a t n e i r o m a r a s s a p e d a d i n u m o c a d s a o s s e P . s i a m e d s a o s s e p s a , s o d a c o l o c m a r o f s e õ t a l s O e d a d i n u m o c a i r p ó r p a e s a d a t n e i r o m a r o f a d a u t n e c a e v u o H . r a z il a c s i f a u o s s a p . o d a h l a p s e o x il o d o ã ç i u n i m i d . o h l a s a g a o d a h n a p m a
C Colocaçãodecartazesnaunidadeerecipientepara . s o h l a s a g a s o r a t i s o p e d s o d í u b i r t s i d m a r o f s o d a o d s o h l a s a g a s O . e t n e r a c s i a m o ã ç a l u p o p a r a p . o v i t e l o c e t r o p s n a r
T Discussãosobreamásinailzaçãoeimprudênciados . s a t s i r o t o m . o ã ç a t n e i r o e a d a b m o L . a i r á t i n u m o c a t r o
H SoilcitaçãodeapoiodaSecretariaMunicipalde o ã ç i s i u q a a r a p e d a d i n u m o c a d o ã ç a z il i b o m e a r u tl u c i r g A . o n e r r e t e s e t n e m e s e d o h n i z i v ; s e õ ç a t n e i r o u o z il a e r a l o c í r g a o c i n c é T s a s e r p m e e o n e r r e t m u u e d e c e d a d i n u a d . s e t n e m e s m o c m a r í u b i r t n o c . a il í m a f a s l o
B Esclarecimentosquantoaoscritériosdeinclusãoe . a m a r g o r p o n a i c n ê n a m r e p . s o t n e m a n o i t s e u q e v u o h o ã N e d a r a m â C a d o i r é t s i n i M o d r o t e r i d o t e j o r P a r a p s o s r u c e r a z il i b i n o p s i d e u q o t i s n â r T s a u r e d o ã ç a t n e m i v a p à s o d a g il s a m e l b o r p . o ã ç a z il a n i s e o d n e t n o c o i r ó t a l e r m u e d a d i n u m o c a m o c o t n u j o d a z il a e R e d o ã ç u r t s n o c a e s a i r o h l e m e d m a t i s s e c e n e u q s i a c o l s o . s e d a d l u c i f i d s a d o ã ç a u t n o p a m o c a p a m m u o ã ç a z il a n i s , o t i s n â r t e d s a c a l p e d o ã ç a c o l o C . s a d a b m o l e . " a il í r a M a i r r o S " a n a m e
S Feitoconviteparaacomunidade. Houvecomparecimentode30pessoas,para e r b o s s a r t s e l a p s a d a z il a e r m a r o f s i a u q s a . s e d n i r b s o d í u b i r t s i d e l a c u b e d ú a s . S D I A a e t a b m o C e d l a i d n u M a i
D Feitoconviteparaparticipaçãonogrupodeorientações . e d a d i n u a d e s e õ ç a t n e i r o e d s o p u r g e d o ã ç a z il a e R . s o v i t a v r e s e r p o d í u b i r t s i d e d s e t n e d i c a e d o ã ç n e v e r p e d a n a m e S . o h l a b a r t s e õ ç a t n e i r o e d o p u r g o n o ã ç a p i c i t r a p a r a p e t i v n o c o t i e F e d a d i n u a d . e d a d i n u m o c a d o ã ç a p i c i t r a p a c u o p e v u o H
Tabela 3 - Distribuição dos assuntos, ações e resultados obtidos a partir das reuniões de comunidade
com a equipe da USF referente à temática: promoção da saúde e prevenção de doenças, Marília, SP, 2006
Tal discussão leva a crer que a população e
a equipe vêm se aproximando e compreendendo o
conceito de saúde de uma forma mais ampliada,
incluindo o ambiente, a moradia, a educação, o
trabalho e o transporte entre outros.
Há também indicação da busca de alianças
intersetoriais em prol da saúde da população, cujo
foco está centrado nas atividades do campo social,
com o apoio dos profissionais da equipe de saúde.
Nas reuniões de equipe, uma das temáticas
destacadas refere-se aos recursos materiais e
humanos da unidade, conforme se observa na
Tabela 4. A falta de medicamentos básicos foi tema
a b o r d a d o e m v á r i a s r e u n i õ e s e s a l i e n t a - s e o
descontentamento da população, haja vista a
grande valorização atribuída a tal item e o risco
que a falta dele pode representar para a saúde
Tabela 4 - Distribuição dos assuntos, ações e
resultados obtidos a partir das reuniões de
comunidade com a equipe da USF referente à
temática: recursos materiais e humanos da unidade.
Marília, SP, 2006
de se colocar uma caixa de sugestões para que as
pessoas possam contribuir com o desenvolvimento
das atividades. Semanalmente a equipe recolhe as
sugestões e discute-as em suas reuniões. Em alguns
casos, leva o assunto para discutir nas reuniões de
comunidade.
Mudanças de integrantes da equipe que, em
algumas situações, ocorreram por motivos pessoais
e, em outras, por necessidade dos gestores, também
foram tema de discussão com a comunidade. Apesar
de identificar algumas perdas, houve compreensão
de tal necessidade.
As discussões referentes aos recursos
materiais e humanos parece reforçar o vínculo e
cumplicidade na busca de alternativas, visando o
atendimento das necessidades, apesar de que, nem
sempre as solicitações foram atendidas.
A organização da estrutura dos serviços de
saúde, ainda que represente o primeiro passo na
busca da qualidade da atenção em saúde, garante
que o processo e os resultados sejam satisfatórios.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atingir o pleno exercício da cidadania na
busca de condições dignas de vida representa desafio
aos profissionais de saúde e à comunidade. Há de
se considerar o grande avanço que as reuniões da
equipe com a comunidade, cujas atas foram
analisadas no presente estudo, representam na
construção de um sistema democrático e
humanitário, visando a melhoria da qualidade de
vida das pessoas.
As temáticas classificadas a partir dos
registros dessas reuniões da equipe com a
comunidade - recursos materiais e humanos, acesso
aos serviços de saúde de maior complexidade, adesão
da comunidade às atividades oferecidas pela unidade
e promoção da saúde e prevenção de doenças
-possibilitam a compreensão de que a população e a
equipe vêm buscando novas alternativas no modo
de fazer saúde, por meio de propostas que
vislumbram modificar o conceito de saúde/doença. A
obtenção do envolvimento da comunidade nas ações
é passo importante para a consecução dos objetivos.
Apesar da baixa participação da população,
assuntos diversos são discutidos, promovendo a
co-responsabilidade entre os diferentes atores envolvidos
no processo, o que contribui para a melhoria da
a m e
T Ação Resultado
o h l a b a r t o a o i g o l E . e p i u q e a d e d o ã i n u e r a n e s s a p e R e d a m r o f o m o c e p i u q e . o v it n e c n i e a t i e f s it a s e s -u o r t s o m e p i u q E . o ã ç a m r o f n i a m o c a d a v it o m a d o ã ç a p i c it r a P a n e d a d i n u m o c o h l a b a r t o d a i r o h l e m . e p i u q e m e e d a x i a c r a c o l o C a d a d a r t n e a n s e õ t s e g u s . e d a d i n u s e õ t s e g u s m a c o l o c s o i r á u s U s a n s a d it u c s i d o ã s e u q . e p i u q e e d s e õ i n u e r e d a ç n a d u M a d s e t n a r g e t n i . e p i u q e o v o n o d o ã ç a t n e s e r p A . e d a d i n u m o c à o c i d é m a o d i c e r a l c s E e d e d a d i s s e c e n e a g o l ó c i s p a d a ç n a d u m .l a i c o s e t n e t s i s s a e s a d n i v -s a o b u e d o ã ç a l u p o P . o ã ç a t i e c a a o b u o r t s n o m e d m a r a d r o c n o c s e t n a p i c it r a P . o ã s i c e d a m o c e d a tl a F s o t n e m a c i d e m . F S U a n s o c i s á b m o c o t a t n o c o t i e F l e v á s n o p s e r a c it u ê c a m r a f e d o ã ç a s n e p s i d a l e p a d s o t n e m a c i d e m e e d ú a S a d a i r a t e r c e S . r o t s e g o p u r g m o c m a r o f s o t n e m a c i d e m s n u g l A i o f s o r t u o , s o d a l u p i n a m m u r a d r a u g a o i r á s s e c e n o d n a r e g , o p m e t e o t n e m a t n e t n o c s e d . s o t n e m a n o it s e u q a d o ã ç a u q e d a n I a d a c i s í f a e r á . e d a d i n u m u o d a h n i m a c n E a a r a p o i r ó t a l e r .l a p i c i n u M a i r a t e r c e S a ç n a d u m a d a i c n e d i v o r p i o F e o l p m a s i a m l a c o l m u a r a p , o t n e m i d n e t a o a o d a u q e d a e d o i e m e s o n a s i o d s ó p a . e d a d i n u a d o t n e m a n o i c n u f
As constantes crises no setor saúde interferem sobremaneira no processo e na qualidade
da assistência. Apesar da avançada tecnologia
existente para a preservação da saúde e da vida e existência de leis e princípios que asseguram os
direitos das pessoas, nota-se a falta de efetivação
das mesmas e o sofrimento da população como conseqüência.
A inadequação da área física foi questionada
pela população, devido à exposição da sala de espera
ao sol, no período da tarde, causando desconforto, principalmente nos dias quentes. A equipe também
aponta o incômodo com o tamanho da sala de
reuniões, localização e tamanho da sala de vacinação, falta de espaço apropriado para realização das
inaloterapias e número de consultórios insuficientes,
principalmente para atendimento dos residentes e estudantes. Após insistentes reivindicações da
comunidade em conjunto com a equipe, foi
providenciada mudança de local, o que proporcionou
melhoria na qualidade do atendimento e a satisfação dos usuários.
Em uma das reuniões, mostraram satisfação
com o acolhimento da equipe para com a comunidade, o vínculo e respeito desenvolvidos. Tal fato foi discutido
em reunião de equipe e considerado forma de
motivação e estímulo ao trabalho. Além disso, como uma forma de ampliar a participação da comunidade
qualidade da atenção. Além disso, as reuniões
têm-se constituído em espaço de troca de informações e
busca de soluções conjuntas.
Nas reuniões, estabeleceu-se cumplicidade,
confiança e respeito entre comunidade e equipe, que
passaram a enfrentar juntas as limitações impostas
pela atual política de saúde, cujas dificuldades
parecem estar mais evidentes para aqueles que estão
na “porta de frente” do sistema.
No entanto, as discussões ainda apresentam
características de compartilhamento de informações
com pouco poder nas tomadas de decisão, visto que
essas ainda se encontram centralizadas, cabendo à
população esperar o momento conveniente para as
decisões frente às solicitações.
Constata-se a necessidade de avançar nessa
construção, de forma que a população compreenda
o direito de atuar na co-gestão do sistema de saúde
pela efetiva participação nos processos de decisão e
reivindicações, com maior consciência e força política.
Acredita-se, aqui, que a população deve ser
incentivada e acolhida pela equipe para ampliar sua
participação, haja vista a relevância das contribuições
e o reforço na tomada de decisão da equipe, além do
vínculo que se estabelece.
Espera-se que as reuniões se constituam em
processo de crescente participação no
desenvolvimento do trabalho da equipe e na obtenção
de atenção que responda às reais necessidades da
população e com sua efetiva participação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Viana V. A universidade e o controle social do Sistema Único de Saúde no Estado de Pernambuco. Cad Extensão: saúde [periódico online]. [acessado 2005 outubro 11]. Disponível em: http://www.proext.ufpe.br/cadernos/saude/controle.htm 2. Constituição 1988 (BR). Constituição: República Federativa do Brasil.Brasília (DF): Centro Gráfico do Senado Federal; 1988. Art. 196-200, p. 133-4: Da saúde. 3. Briceño-León R. El contexto político de la participación comunitaria en América Latina. Cad Saúde Pública 1998;14(supl2):141-7.
4. Crevelim MA. Participação da comunidade na equipe de saúde da família: é possível estabelecer um projeto comum entre trabalhadores e usuários?. Cienc Saúde Coletiva 2005 abril-junho; 10(2):323-31.
5. Rodrigues CG. Democracia Y participation cidadana: em busca de la equidad de nuevos recursos?. Rev Mex Sociol 1994; 3:192-204.
6. Lopes MLS, Almeida MJ. Participação popular e controle social: a experiência de Londrina. Espaço Saúde [periódico online] 2001 junho [acessado 2005 outubro 11]; 2(2). Disponível em : http:/ /www.ccs.uel.br/espaçoparasaude/v2n2/doc/controle.htm 7. Matumoto S. Encontros e desencontros entre trabalhadores e usuários na saúde em transformação: um ensaio cartográfico do acolhimento. [Tese] Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 2003.
8. Carvalho MCAA. Participação social no Brasil hoje. São Paulo (SP): Polis; 1998.
9. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1979. 10. Merhy EE. E daí surge o PSF como uma continuidade e um aperfeiçoamento do PACS. Interface Comun Saúde Educ 2001 agosto; 5(9):147-9.
11. Cecílio LCO. Modelos tecno-assistenciais em saúde: da pirâmide ao círculo, uma possibilidade a ser explorada. Cad Saúde Pública 1997 julho-setembro; 13(3):469-78.
12. Silveira LMC, Ribeiro VMB. Grupo de adesão ao tratamento: espaço de “ensinagem” para profissionais de saúde e pacientes. Interface Comunic Saúde Educ 2004 setembro-2005 fevereiro; 9(16):91-104.
13. Da Matta R. A casa e a rua. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara-Koogan; 1991.
14. Nunes MO, Trad LB, Almeida BA, Homem CR, Melo MCIC. O agente comunitário de saúde: construção da identidade desse personagem híbrido e polifônico. Cad Saúde Pública 2002 novembro-dezembro; 18(6):1639-46.
15. Ministério da Saúde (BR). Carta de Ottawa. In: Ministério da Saúde (BR). Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. p.13-24.