1197600677
I 1111111111111111111111111111111111111111 PROF. MÁRCIO EDGAR RITZMANN MADEIMNk.'VES -- -- .:» ÇURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ANÁLISE DO SETOR MERCADOLÓGICO DAS GRANDES EMPRESAS INDU$TRIAIS DE SANTA CATARINA
, ,"..-/ t /t3[,c·'
MO!Joixafia apresentada para obtenção do grau de
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MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO
Fundação Getulio Vargas Escola deAdmini&lraç.iio
de Empresas de SAo Paulo
Bibliota~·
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I
-I
ÍNDICE
Prefácio
Introdução
1 - OProblema
2 - Estudo Exploratório
3 - Formulação de Hipóteses e Sub-hipóteses
3.1 - Sub-hipóteses
3.2 -Hipótese Básica
4 - O Universo Pesquisado
5 -
6
Trabalho de Campo6 ~Etapas da Monografia
Metodologia
1 -Dados
2 - A Coleta dos Dados
3 - Tabulação
4 - Análise dos Dados
7
10
14
14
"14
15
15
16
17
17
19
19
19
20 20
I -ANÁLISE DO SETOR MERCADOLÓGICO DAS GRANDES
EMPRESAS INDUSTRIAIS CATARINENSES 21
"1 -Estrutura Organizacional 21
1.1 - Departamentalieaçdo 22
102 - Organograma 24
1. 3 - Estrutura Organizacional do Setor Mercadológico 25
2 - Planejamento 28
. .
201 - Planejamento
ctotoi
292.1.1 - Definição dos Objetivos 29
201.2 - Análise do Meio Ambiente 30
2.1. 3 - Quantificação dos Objetivos 31
4
2.1.5'- Consolidação dos Planos Setoriais num
Plano Global
2.1. 6 - Investigação Estratégica
2.1.7 - Seleção de Alternativas
2.1. 8 - Implantação
2.1.9 - Controle e
Aâaptàçdo
2.2 -Planejamento Mercadológico
2.2.1 - Planejamento Organizacional
2.2.2 - Planejamento Operacional
2.2.3 - Planejamento Mercadológico nas Grandes
Empresas Industriais de Santa Catarina
3 - Mercado
3.1 - O Mercado nas Grandes Empresas Industriais
de Santa Catarina 46
32
32
33
33
34
34
35
37
39
43
3.2 -Pesquisa de Mercado 51
3.3 - Pesquisa do Mercado ( Análise Quantitativa
do Mercado) 56
3.4 - Pesquisa do Consumidor ( Análise Qualitativa
do eMercado ) 66
3.4.1 - Modelo Econômico de Mar shall 68
3.4.2 - Modelo de Aprendizado de pavlov 69
3.4.3 - Modelo Psicoanalitico de Freud 70
3.4.4 - Modelo Psicossocial de Veblen 72
3.4.5 - Modelo dos Fatores Organizacionais deHobbes 74
3.5 - O Processo de Compra 76
3. 6 - Segmentação de Mercado e Diferenciação de
Produto 83
4-Pro~fu ~
4.1 - Caract eristicas do Produto 99
5
4.3 - Ciclo de Vida do Produto 104
4. 4 - Composto de Produto - Linha de Produto 106
4. ~ - Trading up e Trading doum 108
4. 6 - Novos Produtos 109
4. 7 - Desenvolvimento e Introdução de Novos Produtos 112
4.8 - Modificação de Produtos 119
4. 9 - Eliminação de Produtos 121
4.10 - Dietribuiçao Fisica 124
4.11 - Compra de Matéria-Prima 132
5 - Preço 134
5.1 - Bases para Decisões sobre os Preços 139
5.2 - Pol.iticas: de Determinação de Preços 146
6 _.Via de Distribuição 149
6.1 - Seleção da Via de Distribuição (Estrutura) 152
6.2 - Conflito e Cooperação na Via de Distribuição 161
6.3 - Integração Vertical e Horizontal 166
6.4 -
Número de Distribuidores 1697 - Promoção
7. 1 - Propaganda e Promoção de Vendas
,
7~1. 1 - Classificação da Propaganda
174
176
180
7.1.2 - Orçamento de propaganda e Promoção 181
7.1.3 - Objetivos da Propaganda e Promoção de Vendas 185
7.1. 4 - Agência de Propaganda 189
7.2 - Venda Pessoal 190
7.2.1 -Administração da Força de Vendas 193
7.2.2 - Determinação da Cotas 200
8 - Controle das Atividades Mercadológicas 202
8. 1 - Controle da Eficiência 203
8.2 - Controle do Plano Anual 205
6
9 - O Executivo do Setor Mercadológico 211
9. 1 - Es colar idade 211
9.2 - Experiência Profissional 215
9.3 - Principais Problemas encontrados pelos Executivos 215
9.4 - Salário 215
II - VERIFICAÇÃO DAS SUB-HIPÓTESES E DA HIPÓTESE BÁSICA
1 - SUb-Hipóteses 2 - Hipótese Básica.
219
219
227
111 - AS INSTITUIÇÕES RESPONSÁVEIS PELO DESENVOL VIMENTO DO SETOR MERCADOLÓGICO DAS GRANDES EMPRESAS
INDUSTRIAIS DE SANTA CATARINA 245
1 - Federação das Indústrias de Santa Catarina 245 2 - Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo SUl 248 3 - As Universidades e Fundações Educacionais 255
4 - As Instituições e o Conceito Mercadológico 256
ANEXO 1 - Questionário 260
ANEXO 2 - Gêneros e Grupos 278
.Ó, \
ANEXO 3 - Organogramas 284
PREFÁCIO
Nos últimos anos, foram desenvolvidos vários trabalhos de
pesquisa com o objetivo de analisar o setor administrativo das
empre-sas industriais do Estado de Santa Catarina.
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
(FIESC), através do Centro de Assistência
à
Média e PequenaÍndús-tria (CAMPI ), o Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul
( BRDE ), através do Instituto Brasileiro de Assistência Gerencial
à
P~quena e Média Empresa de Santa Catarina ( IBAGESC) e a Secretaria
do Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, foram as
insti-tuições que mais se destacaram nesta análise.
Por iniciativa particular, trabalhos com este objetivo
fo-ram desenvolvidos principalmente por alunos do Curso de Méstrado em Ciências de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Estado
de Santa Catarina.
Como fruto da soma destes esforços, dispomos hoje de tr~
balhos de análise do setor administrativo, de vários ramos da Indústria
Catarinense. O "Estudo do Complexo Metal-Mecânico de Santa Catari
na,,1, o "Diagnosticodo Setor Têxtil de Santa Catarina,,2, a "Análise da Indústria de Transformação de Santa Catarina,,3, o " Diagnóstico
de Indústrias Mecânicas e Metalúrgicas de Santa Catarina" 4são alguns
exemplos que podemos citar.
1 -SDE ; CEBRAE; IBAGESC; BRDE; CODESUL. Estudo do complexo metal-mecânico de Santa Catarina. Florianópolis, BRDE, 1974.
2 - BECH, Amauri. Diagnóstico do setor têxtil de Santa Catarina. Flo-rianópolis, Instituto Euvaldo Lodi (SC ), 1972.
3 - SDE; CEBRAE; IBAGESC; BRDE. Análise da indústria de transfor
mação de Santa Catarina. Florianópolis, Secretaria do Desenool.uimen
8
Duas têm sido as caracteristicas básicas destes trabalhos.
são setoriais, com a atenção dos pesquisadores voltada para ramos
especificos da indústria Catarinense ; são genéricos, não se atendo a
análises detalhadas de áreas particulares do setor administrativo. Em
consequência, não dispomos de monografias abordando
exaustivamen-te aspectos da Administração Financeira, da Administração da
Produ-ção' da Administração Geral ou da Administração Mercadológica das
empresas industriais de Santa Catarina.
Entretanto, de muito é sentida a falta de trabalhos desta
natureza, quer por Professores ou acadêmicos dos vários cursos de
Administração de Empresas existentes no Estado, quer por
executi-vos responsáveis pelas decisões administrativas, todos interessados
em obter maiores conhecimentos em suas áreas de especialização.
Tendo em mente preencher parte deste vazio de
conheci-mento' procuramos desenvolver um projeto de análise do
setormerca-dologico das grandes empresas industriais de Santa Catarina. Grandes,
por contarem seus quadros funcionais com mais de quinhentos
empre-gados, e por obterem um faturamento anual, igualou superior a vinte
milhões de cruzeiros.
,
Fomos, entretanto, ambiciosos ao' traçar nossos objetivos.
Pretendemos com nosso trabalho:
a) Contribuir para o incremento da limitada literatura e-xistente sobre o setor mercadológico das empresas industriais de Sa?!:.
ta Catarina.
b) Mostrar à alta administração destas grandes empresas
a necessidade da adoção do conceito mercadológico.
c) Oferecer às instituições responsáveis pelo desenvolvi
mento do setor administrativo das empresas industriais de Santa Cata
9
Para concretizar a presente monografia, visitamos cerca
de sessenta empresas industriais em todo o Estado. Recebemos pron
ta e total colaboração por parte de cinquenta e três dos executivos re~
ponsaueis pelo setor mercadológico, dentre os sessenta procurados.
Cobrimos 88% do universo selecionado. Percorremos mais de 6 mil
quilômetros, visitando quase duas dez enasde municipios nas mais di
ferentes regiões do Estado Barriga Verde. Gastamos muitas horas de
trabalho e investimos substancial soma de recursos financeiros'
pró-prios, mas temos a esperança de alcançar, ao menos, parte dos
ob-jetivos aos quais nos propusemos.
Necessário se faz, o nosso reconhecimento e gratidão a
todos os executivos do setor mercadológico, cuja colaboração foi
in-dispensável para a realização desta monografia.
Nossos agradecimentos aos colegas Professores da
Esco-la Superior de Administração e Gerência ( ESAG) da Universidade
para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina, e ao amigo
An-tônio Rocha da Silva, pela inestimável colaboraçao, permitindo o no~
so acesso a importantes fontes de dados, fundamentais para a elabo
-ração das etapas básicas desta pesquisa.
'-Nosso mais sincero agradecimento
à
Acadêmica da ESAG,Ruth Maria Ribeiro, pela imprescindiuel colaboração, revendo e
da-tilografando todo nosso trabalho.
Um especial agradecimento, ao Professor Fernando Go=
mez Carmona, que tendo aceito ser nosso orientador, esteve sempre
disposto a mostrar soluções para todas as dificuldades encontradas.
Enfim, a todos que, de uma maneira ou de outra
contri-buiram para a execução deste trabalho, apresentamos nossos mais
INTRODUÇÃO
Santa Catarina está localizada no extremo sul do pais,
possui uma faixa "litorânea de 531quilômetros e sua área é de 95.483
2
km , correspondendo a 1, 1
%
da extensão territorial do Brasil.Ao norte, o Estado faz limite com o Paraná, e ao sul
com o Rio Grande do Sul .sendo o centro geográfico de um mercado
de 20 milhões de consumidores, dos quais 2,9 milhões (censo de
1970) vivem no território Catarinense.
O Estado de Santa Catarina conta hoje com aproximada
mente 8.800 empresas industriais, localizadas nos seus 197munici
P
.
tos, 1Nosso Estado foi dividido em treze micro-regiões:
MICRO -REGIÕES
1. Região da Grande Florianópolis
2. Região da Foz do Rio Itaja{
3. Região do Médio Vale do Itajai.
4. Região do Vale do Itaja{
5. Região do Nordeste de Sta. Catarina
6. Região do Planalto Norte
POLOS
Florianópolis
Itaja{
Blumenau
Rio do Sul
Joinville
Mafra
1 - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE SANTA CATARINA. Cadas-tro industrial 73/74 de Santa Catarina. Florianópolis, FIESC, 1974.
11
MICRO -REGIÕES
7. Região do Alto Rio do Peixe
8. Região do Meio -oeste Catarinense
9. Região do Oeste de Sta. Catarina
10. Região do Extremo Oeste Catarinense
11. Região Serrana
12. Região de Laguna
13. Região Sul de Santa Catarina
POLOS
Caçador
Joaçaba
Chapecó
são Miguel do Oeste
Lages
Tubarão
Criciuma
Industrialmente, as micro-regiões do Médio Vale do
Ita-ja{, tendo como municipios principais Blumenau e Brusque, e doNor
deste de Santa Catarina, tendo como municipios principais Joinville,
Jaraguá do Sul e são Bento do Sul, contribuem com 50% da produção
do Estado. 2
Seguem em importância as micro-regiões do Meio-Oeste
Catarinense e Serrana, totalieando 17%da produção.
Num terceiro plano, as micro-regiões do Sul de Santa
Catarina e do Alto Rio do Peixe, com 12%da produção industrial.
O Quadro n9 1 a seguir, mostra a distribuição relativa
do universo empresarial por nós presquisado, dentro das diferentes
micro -r egioes do Estado.
MICRO -REGIÕES PERCENTUAL
Região do Nordeste de Santa Catarina 41,50%
Região do Médio Vale do Itaja{ 33,81%
Região do Alto Rio do Peixe 7,54%
Região Sul de Santa Catarina 7,54%
Regido da Foz do Itaja{ 3,15%
Regiao do Meio-Oeste Catarinense 3,15%
Região de Laguna 3,15%
- .
TOTAL 100 %
Quadro 1
12
Com uma população de 2,9 milhões de habitantes, como
já mencionamos, Santa Catarina representa 3,4% do contingente po-pulacional Brasileiro. Sua taxa de natalidade é bastante
significati-va : 3,2% entre 1950 e 1970. 3
Possuimos uma população bastante jovem, sendo 45% dos
Catarinens es menores de 15 anos. A taxa de mortalidade infantil é
decrescente e a duração média de vida aumenta para cada criança
que nasce.
A urbanização está ganhando intensidade. Em 1970, 56%
dos Catarinenses moravam no campo, enquanto que em 1960 havia
67; 6%,
e em 1950 76%.Uma percentagem de 40% da população é considerada
e-conomicamente ativa, distribuindo-se, em 1970, 61% no setor
pri-mário ( Agricultura e Indústria Extrativa), 15% no secundário (
In-dústria de Transformação) e 24% no terciário (Comércio,
Servi-ços, .Finanças). 4
ÀZem dos Português es, participaram da etnia Catarinen se Alemães e Italianos em maior escala, além de Suiços, Poloneses
e Franceses.
-o
solo Catarinense, no que se refere aos recursos natu-: raisapres enta, em geral, um baixo PH; dai ser impróprio para amaioria das culturas •
Os recursos florestais de valor econômico (produção de madeira) estão quase extintos, motivando o aparecimento de progra
mas' de reflorestamento com bastante frequência.
3 - ABREU, Alcides; OLINGER, Glauco; LAGO, Paulo; GEVAERD, Carlos José; PASSONI JÚNIOR, Carlos. Ensaios sobre a Economia Catarinense. Florianópolis, Editora Empreendimentos Educacionais, 1970. p. 15.
13
'Quanto aos recursos de subsolo, muito pouco de
pesqui-sa tem sido realizado, sendo, portanto, ignoradas suas reais poten
cialidades.
Sem dúvida, a grande riqueza mineral do Estado
é
o car-uao, principalmente no momento atual, de reconhecida crise
mundi-al de energia.
Os recursos marinhos foram levantados e definidos em
suas potencialidades, o que gerou um grande incremento deste
se-tor industrial, favorecido também, pelos incentivos governamentais.
Ainda não totalmente explorados são os recursos turísti
cos , representados pelo belíssimo litoral, pelas regiões serranas,
pelas águas termais e por uma tipicidade bastante característica de
certas localidades que sofreram influência das -coloniz açoes europe
ias, em geral não encontrada em outras regiões do país.
No período 70/73, Santa Catarina alcançou uma
expan-são da atividade econômica de 52,2%.5 Com a perspectiva de dinami
zaçáo do setor administrativo das indústrias catarinenses, resultan
te dos esforços das várias instituições responsáveis pelo desenvolvi
mento desta área, e com a maior promoção do trabalho em conjun=
".
to governo -emp resa, pode-se ter total confiança no progresso eco
nômico e social de Santa Catarina.
5 - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE SANTA CATARINA. Op: cito
14
1 - O PROBLEMA
Desde os últimos anos, tem=se observado a transição sQ.
frida pela Economia Brasileira: o que é comumente chamado merca
do vendedor, está evoluindo para uma fase de mercado comprador,
ou seja, de uma economia caracterizada por uma demant1;a superior
à oferta, para uma situação inversa.
E as grandes empresas industriais de Santa Catarina es
tariam acompanhando esta modificação no mundo dos negócios ?Par tindo desta indagação básica, desenvolvemos toda a nossa análise,
que resultou na presente monografia.
2 - ESTUDO EXPLORATÓRIO
Iniciamos o trabalho, efetuando um estudo exploratório
com o objetivo de aprofundar nosso conhecimento da realidade
mer-cadológica das grandes empresas industriais do Estado. Levantamos
e analisamos toda a modesta bibliografia existente sobre o assunto.
Mantivemos contatos com executivos ligados ao setor mercadolcgico c
de algumas destas empresas. Trocamos ideias com
técnicosvincu-lados às instituições encarregadas do desenvolvimento do setor
ad-ministrativo das indústrias Catarinenses.
3 - FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES E SUB-HIPÓTESES
Como resultado da nossa pesquisa exploratória, bem co
mo da experiência profissional adquirida em trabalhos que âeseniiol vemos em algumas empresas industriaisdo Estado, formulamos
15
3."1 - SUB-HIPÓTESES
a) O setor mercadológico não recebeu até o presente
mo-mento, a devida atenção, por parte da alta administração, na grande
empresa industrial de Santa Catarina.
b) Os executivos do setor mercadológico das grandes
em-presas industriais de Santa Catarina não são possuidores"de conheci
-mentos que os possam conduzir
à
utilização das modernas técnicas damercadologia.
c) Não existe no momento, para o setor mercadológico, u
ma mão -de-obra técnica, realmente qualificada, que atenda
à
uma demanda imediata por parte das empresas industriais catarinenses, no
mercado de trabalho do Estado.
d
y
Os n{veis salariais dos executivos do setor mercadolo gico das grandes empresas industriais de Santa"Catarina, sãoinferio-res aos dos executivos desta área em outros Estados.
e) As instituições encarregadas do desenvolvimento do se
tor administrativo das empresas catarinenses, não tiveram, até o mo
mento, qualquer preocupação de colocar nas mãos dos executivos do
setor mercadológico das grandes empresas, meios para a adoção do
conceito mercadológico.
f) Os executivos do setor mercadológico das grandes
em-presas industriais de Santa Catarina são provenientes de outros
Esta-dos, principalmente de
são
Paulo e Guanabara.3.2 - HIPÓTESE BÁSICA
Com o objetivo de orientar todo nosso trabalho de análise
16
Nás grandes empresas industriais de Santa Catarina o se_O
tor mercadológico não está devidamente adequado às reais
necessida-des de suas Organizações.
4 - O UNIVERSO PESQUISADO
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina e ditou em 19.74o "Cadastro Industrial 73/74 de Santa Catarina"? Atra~
vés deste catálogo tivemos condições de definir as maiores empresas
industriais do Estado, ou sejam, as com mais de quinhentos emprega
dos e com faturamento anual, igualou superior a vinte milhões de cru
z eiros. Baseados nestes dois parâmetros definimos um universo com
posto de sessenta empresas espalhadas pelas diferentes regiões do Es
tado, classificadas por gênero industrial, conforme critério adotado
pelo IBGE (Quadro 2). Os tipos de empresa que compõem cada gene
ro serão apresentados no anexo 2 deste trabalho.
G!iNERO Empresas Empresas
,- Relacionadas Pesquisadas
Â
19
TEXTIL 20
PRODUTOS ALIMENTARES 12 12
METALÚRGICA 8 6
PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS 5 5
PAPEL E PAPELÃO 6 4
MATERIAL ELÉTRICO E ]E WMUNICAÇÕES 3 3.
PRODUTOS DE MATÉRIAS PLÁSTICAS 1 1
PERFUMARIA, SABÕES E VELAS 2 1
MADEIRA 1
-DIVERSAS 2 2
TOTAL 60 53
Quadro 2
6 - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE SANTA CATARINA. Op . cito
17
5' - O TRABALHO DE CAMPO
Visitamos as sessenta empresas componentes do nosso
u-niverso. Obtivemos pronta colaboração em cinqüenta e três delas. En
trevistamos trinta Diretores e vinte e três Gerentes. Quando tivemos
tempo disponiuel, conhecemos todas as instalações da empresa, inclu
sive outros setores administrativos, o que veio, sem dúvida,
permi-tir uma melhor compreensão da realidade mercadológica da grande
empresa industrial de Santa Catarina.
6 - ETAPAS DA MONOGRAFIA
Esta monografia foi dividida em três etapas:
I - ANÁLISE DO SETOR MERCADOLÓGICO DAS
GRAN-DES EMPRESAS INDUSTRIAIS CATARINENSES
Esta parte trata da análise descritiva do setor mercadolo
gico destas empresas, relacionada com teorias e conceitos básicos
que ajudam a compreensão dos aspectos abordados.
11 - VERIFICAÇÃO DAS SUB-HIPÓTESES E DA
HIPÓTE-SE BÁSICA
Nesta etapa, nossa preocupação fundamental
é
mostrar anecessidade da adoção do conceito mercadológico, concluindo que,por
sua ausência, o sistema mercadológico das grandes empresas
indus-triais de Santa Catarina não está adequado às necessidades destas
18
III -AS INSTITUIÇÕES RESPONSÁ VEIS PELO DESENVOL
VIMENTO DO SETOR MERCADOLÓGICO DAS GRAN-DES EMPRESAS INDUSTRIAIS DE SANTA CATARINA
Nesta fase mostramos como as instituições responsáveis
pelo desenvolvimento do setor mercadológico destas empresas
METODOLOGIA
1- DADOS
Existem dois tipos de dados que podem ser coletados em
uma pesquisa. Dados primários, "os que são observados e registra
dos pela primeira vez pelo próprio investigador", e dados
secundá-rios, "os compilados por uma organização que não é usuária dos
1
mesmos" .
Em razão da escassez destes últimos, não nos restou ou
ira alternativa, a ser optarmos pelos dados primários, que por sua
vez deveriam ser coletados diretamente nas grandes empresas
in-dustriais de Santa Catarina.
2 - A COLETA DOS DADOS
Para coletarmos os dados necessários
à
análise, utilizamos a entrevista pessoal estruturada, ou seja, "a que contém uma
série de perguntas, que não requerem mais que respostas curtas,
1 - LUCK, David; WALES, Hugh; TAYLOR, Donald. Investigación y analises del mercado. 3. ed., Barcelona, Editorial Hispano Euro=
20
submetidas
à
consideração do entrevistado através de um sistema tipificado11 •2
Definimos em seguida, que o entrevistado seria o
Dire-tor ouo Gerente responsável pelo setor mercadológico.
Criamos um questionário, cujo modelo apresentamos no
Anexo 1no final deste trabalho. Testamos várias vez es este questio nario em empresas industriais, antes de darmos sua estrutura
fi-nal. Foi utilizado um sistema de resposta seletiva, onde uma . lista
de respostas é apresentada ao entrevistado, para que assinale a
al-ternativa selecionada, complementado com perguntas dicotômicas,
onde se permite apenas duas respostas e por algumas perguntas de
resposta livre.
3 -TABULAÇÃO
Os dados coletados foram tabulados manualmente, tendo
sido confeccionados vários formulários para registrar as respostas
assinaladas.
4 - ANÁLISE DOS DADOS
Fiz emos a análise dos dados col eiado s relacionando -os
com material teórico, fruto de exaustiva pesquisa bibliográfica. E~
ta análise nos demonstrou a validade de nossa hipótese básica, uma
vez constatada a ausência do conceito mercadológico na grande
em-presa industrial de Santa Catarina.
I - ANÁLISE DO SETOR MERCADOLÓGICO DAS GRANDES
EMPRESAS INDUSTRIAIS CATARINENSES.
,
1 -ESTR UTURA ORGANIZACIONAL
Ato fundamental em admini.slraçan é a criação da
estrutu-ra 'organizacional que servirá de base para a aplicação das diversas
técnicas administrativas, entendendo-se Organização "como uma co!...
relação de deveres ou funções para a consecução de objetivos
espect-ficas ".1Do bom planejamento na distribuição e coordenaçdo destas
funções é que resulta a boa organização, e dela, por sua vez, a boa
administração. Entretanto, boa organização não implica,
necessaria-mente, em boa administração. É aquela apenas uma das importantes
técnicas de admini.st raçan,
Para Luciano Ronch.i, estrutura organizacional da
empre-sa "indica o conjunto das relações existentes entre seus diversos
ór-gãos. Ela oferece, portanto, um quadro da subdivisão das atividades,
da distribuiça.» da autoridade e da responsabilidade nos vários niueis:
É a confo'rrnaçao atribzdda ao organismo da empresa, a fim de que
1 - 1I1ULLER, Harr», Organização e método. 4.ed., Rio de Janeiro,
Fundação Geh;lioV~rgas, 1973. p.19.
r
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.22
ela possa, eficientemente, alcançar os objetivos preestabelecidos. Sob '
este aspecto, cada estrutura reflete o tipo de atividade aque se
refe-re e oferefe-rece possibilidade para julgar da característica op eratiua e da
2 .;
politica geral da empresa". .
1.1 - DEPARTAMENTALIZAÇÃO
A subdivisão das várias atividades se efetua, 'na prática,
segundo crit erios variáveis de empresa para empresa, Este processo
édefinido como Departamentalização.
As altenzativas de Departamentalização mais utilizadas,
segundo William H. Newman3', são:
a) Por produtos ou serviços. são agrupadas as atividades
diretamente relacionadas com um produto (ou serviço). Como exem
pio temos as divisões da General Motors para Cheurolet , Buick,
Ca-dillac, Frigidaire, etc.
b) Por localização. Quando as atividades são amplamente
dispersas, é desejável estabelecer uma administração local. Uma e1?!..
presa que distribui produtos para diferentes Estados, pode criar um
"
departamento para cada um deles.
c) P01' per{odo de tempo. Quando as operações diárias.ou
semanais excedem de muito o horário normal de trabalho do indiuiduo,
acrescenta=se , por vezes, W17 segundo turno; As companhias de
utili-.J , \
âaâes pziblicas, os restaurantes, as indu str ias que possuem jYY6ceSSo
,
..
continuo e inúmeras outras empresas criam divisões que trabp,lham
normalmente na basede turnos; ."'.".
}~
,,
:
.
2 _-RONCHI, Luciano. Organização, Métodos e Mecaniz açdo, 5~ed.,
Sab Paulo, Editora Atlas, 1971. p.69.
3 -NEW,1.1AN, William H. Ação administrativa. 3.ed., s'ão paul~,
ditara Atlas, 1972. p.140-2. '
23
d ) Por cliente. Este padrão, que ocorre. naturalmente
com maior fr equencia nas operações de vendas, reflete-se, às vezes,
em toda' a empresa. As seções de saldos das lojas de departamentos, ,
por exemplo, geralmente procuram atrair um tipo de freguesia
dife-,
rente do que procuram OS demais departamentos ; refletem
ativida-des de compra e de. serviços..../ diversas e podem adotar pol.iticas de
• pessoal distintas.
e) POYprocesso. Em algumas circunstâncias,
é
conueniente colocar no mesmo departamento todas, ou a maioria das, pessoas
que utilizam ~m determinado tipo de equipamento. Um exemplo :
es-tenógrafas. Em outros casos, principatmenie na indústria manufatu-:
reira, esta divisão poderá basear-se em etapas claramente definidas
na s equéncia de operações. Assim, uma fabrica de suéters
apresen-ta unidades de malharia, vapor, corte, costura, bem como
embala-gem e expedição.
f) Por funções. 'Com a crescente complexidade da
admi-nistraçdo de quase todos os tipos de empresa, vem sé tornando cada
vez mais generalizada a d~partanientalização funcional. Entretanto,
difere muito, na prática, da concepção exata do que se constitui uma
<
funçao . Alguns departamentos baseados em funções ocupam -se, de d!!,.
terminado aspecto da adrninistração, tal como a programaçaoou in~
p eçdo; outros tomam como base a semelhança do trabalho, conto em
um departamento de atividades burocráticas; ou podem basear=se na
sem elliança dos requisitos necessários ao desempenho de r;erta~ fu1!:.,
çoes , como no caso de um departamento de pesqu isa, Em
outros",ca-sos, a caracteristica p rincipal de uma divisão baseada em funçõ.0S é
a sillbT-ularidadedepropósitos ou objetivos. A tradicional de,;narr:{'?~ão
de setores em produção, finanças,' administração geral e vendas' to?:.,
nau a departamentalização funcional um dos padrões dominantes nas
emfJresas de negócios. Inclusive, é esta
a
alternativa de depariamentalização utilizada em todas as empresas por nós pesqui.sadas . :
.11,
I
I
l
I.
24
1~2 - ORGANOGRAMA
# i- • •
-E bastante comum encontrarmos no estudo de organizaçoes
e métodos a utilização de sistemas de representaçi,o gráfica das situ~
ções ou processos particulares.
Ouso d'es'te sistema permite a definição de um modelo es
quemático, que serve aos fins d€f cada estudo, como uma fiel reprodl!:...
'ção da situação real.
No campo da Organização, o modelo mais utilizado é o 01'
'ganograma. "Nos últimos anos nos Estados Unidos, o conceito de
01'-. ganograma evoluiu no sentido ~e incluir não só a estrutura orgânica
presente, mas também a futura, tal como é planejada pela administro
- ' 4
çaoli.
Porém, o uso generalizado e universal do organograma é
retratar a hierarquia e a divisão de atividades da organização, conce
bidas pela administração.
Como vantagens, o organograma tem a propriedade de
re-velar o caráter formal ou~oficial da organização, sendo importante Pf!...
ra a Diretoria, para os funcionários e para os pesquisadores externos.
A sua elaboração dá ensejo à análise de inconsistências e comPlexidf!...
des na estrutura e, con.sequeni em ent e, à eliminação desses
incoveni-entes. Serve para estabilizar a estrutura da organização, vantagem
que resul.ia em diminuição de conflitos "jurisdicionais " entre âirigen
tes e departamentos da empresa.
Como a principal desuaniagem do organog1'ama aponta-se
a ausência das inumera.s e importantes relações informais que têm ll!:...
gar em qualquer empresa. Principalmente, quando a organização euo
4 - FERREIRA BALCÃO, Yolanda. Organograma: representação grá
fica da Estrutura. Revista de Adminisiraçao de Empresas. são PaulO.
5 (17): 108, jan./mar. 1965.
,.
i-.~.~'.'.
25
'.",
lui de tal forma, que lideres de grupos informais passosr;« exercer
verdadeiras funçoes de comündoque limitam a autoridade formolme'.!:...
.~ .
te delegada.
Contudo, na opinião da Profa, Yolanda Ferreira Balcão,
"0organograma ten; ~tilidade comprovada e traz beneficios que com
pensam o esforço monetário e de trabalho que se exige para sua ado=
. -çao ".5
Foi através deste instrumento de análise, que procura=
mos conhecer a estrutura organizacional do setor mercadológico das
grandes empresas industriais de Santa Catarina.
1.3 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO
SETOR MERCADOLÓGICO
Para a análise em questão, os executivos entrevistados
nosforneceram acesso aos organogramas apresentados no Anexo 3
deste trabalho: Estes dernon stram, de forma significativa, a estrut1:!:.
ra organizacional encontrada no setor mercadológico das grandes el?::.
bresasínduetriais do Estado.
A subdivisão das várias atividades referentes a este
se-tor obedeceu critérios funcionais em todas as empresas pesquisadas.
A forma comum de apresentação da estrutura organizaciQ..
naZ do setor é piramidal, sendo os n{veis hierárquicos encontrados em
. numero de cinco: Diretoria, Gerência, Departamentos,. . " Setores- '.:~e Se-.,'
. çoes.
Em n{vel de diretoria, em 90% das empresas pesquisadas
encontramos executivos membros das familias detentoras da' maioria
r1 - ,
..as açoes. No nivel de gerência, as empresas geralmente utilizam ~
5 -Id. ibid, p.124.
" .'
, " . .. .
'éó'.>;ali" '~--~~'0é; ( .• ' ••••'4!w.·bL:Á;wi@".i'~·;'1-.··.o-·-~~;·-i9hb;:á "'irifi?étM,,,_)~:I ••••"Y';;~·hés;.+&t',j,"'-4;t::,.>
26
I
I
«
EMPRESAS PESQUISADAS
QUANTIDADE ·ÓRGÃOS DO SETOR MERCADOLÓGICO
ENCONTRADA
,
5 Pesquisa de Mercado
5 '. Compra de Matéria Prima ;
3 Desenvolvimento de Produto
Relações Públicas
"
3
2 Prestação de Serviços ao Consumidor;
14
_ 6 . L
Propaganda e Promoço es ". \
- Planejamento ' ,
-. Fixação de Preço .,
-
'. t;<>'i,
;-->-,.
i
.i
;
Quadro',y,
6 - Em apenas 5, das 14empresas que possuem este órgão, nota/nos
27
S~ntimos a falta do Gerente de Produtos, fruto da evolução
. .
. do setor mercadológico. O desenvolvimento deste setor sobrecarregou
o Diretor de Marketing com.a obrigaioria delegação de respons abilido
. .
.
des a especialistas em funções especificas: PesquisadeMl!y;cado, Ve~
das, Propaganda, Promoção de Vendas, etc. Mesmo com esta
delega-ção, o Diretor de Markeiing continuou tendo a função de receber todas
as informações daqueles especialistas, coordená-las e tomar decisões.
O segundo passo foi então, fixar grupos de produtos e entregar parte
das atividades do Diretor de Marheting a vários Gerentes de Produtos.
Concluindo, podemos diz er que a análise da estrutura orgf!:...
niz acionai do setor mercadológico nos mostra que as grandes
empre-sas industriais de Santa Catarina estão adaptadas para mercados vend~
dares, E ainda, que a orientação básica predomina~te na maioria das
empresas não está voltada para o mercado nem para o consumidor,
mas para a distribuição dos produtos, decorrente da eficiência do
se-tor de produção.
, . 1
!,": ,.;'.
: i
i1
, ,
~.
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,
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I
lI
,.I
28
:2 -
PLANEJAMENTOO propósito do planejamento' 'não
é
a eliminação do risco, pelo contrário, seu propósito é aumentar a capacidade da empresa em, . 7
assumi-los ".
Planejamento "é o processo que nos permite prever e
a-valiar cursos de ação alternativos e futuros, com vistas
à
tomada dedecisões mais adequadas e mais racionais". 8
Munoz Amato considera planejamento "a formulação
sis-temática de um conjunto de decisões, devidamente integrado, que
ex-pressa os propósitos de uma empresa e condicioná os meios de alcan
çà-los, Um plano consiste na definição dos objetivos, na ordenação dos métodos e formas de organização, no estabelecimento das
medi-das de tempo, quantidade e qualidade, na localização espacial das ali
vidades e outras especificações necessárias para canalizar
racional-. 9
mente a conduta de uma pessoa ou grupo ",
Em suma, planejamento consiste em definir objetivos e e
leger meios capazes para os alcançar. Toda atividade emprega algum
processo de planejamento. Todo individuo ou organização planeja, se
ja de forma sistemática, seja emp iricamente, Planejar é um
proces-so circular e continuo: se estabelece os objetivos, se planeja, se o!..
ganiza
e
executa, se avalia e se volta a Planejar; reiniciando todo ociclo.
7 - STERN, Mark E. Thinking through policies, objectives and strate gies. New York,McGmw-Hill Book Compan.y , 1970. p.7-15.
8 - HOLANDA, Nilson. Elaboração e avaliação de projetos. Rio de Jf!:.. neiro, Editora APEC S/A, 1968. p.16.
29
Ó interesse pelo planejamento na administração começou a ser objeto de maior atenção a partir de 1945, quando se notou um
crescente despertar para o assunto, evidenciado na prática, pelo
em-prego de consultores técnicos particulares; ou pela criação de depar
tamentos, setores ou seções de planejamento e controle. Estas medi
das levaram muitos a supor que estas duas funções fossem auxiliares
do processo administrativo. Na verdade, o planejamento é a essência
da a muiis raçao.d ..
t
-
102.1 -PLANEJAMENTO GLOBAL
o
planejamento global congrega aprevisão do curso de a-ção das atividades de todos os setores operacionais da empresa.Os professores Kalman J. Cohen e Richard M. Cyert sub dividem o processo de planejamento global em nove etapas básicas/1
2.1.1 - DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS
O processo de planejamento começa com a definição dos
objetivos pela alta administração. A estes objetivos devem se reunir
os que têm a função, de colocar em prática as politicas da empresa Es
ta adesão pode ocorrer de várias formas, caracterizadas na teoria co
mo "compensações colaterais". Nesta etapa, a definição dos
objeti-vos é muito mais qualitativa do que quantitativa, ainda que, algumas.
vezes, sejam definidos certos {ndices, como ganho por ação, taxa de
10 -MULLER, Harry. Organização e métodos. 4. ed. ,Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1973. p.41.
11 - COHEN, Kalman J. & CYERT, Richard. M. La estrategia, su e Laboraciori puesta en practica y controlo Revista Adrninistracion de
Bii
30
participação no mercado, etc.
Ao determinar os objetiuos, os dirigentes devem
conside-rar a sua relação com os objetivos dos demais integrantes da
organi-zação. Se todos este membros tiverem metas iguais, e a mesma
con-cepção de como alcançá-los, não haverá dificuldades em criar para a
empresa uma estrutura adequada. O mesmo ocorrerá se todos aceita rem, completa e unanimemente, os objetivos propostos pela alta
ad-ministração. Ocorre porém, que a maioria das organizações reunem
pessoas com objetivos distintos, e geralmente diferentes dos por elas
definidos.
É evidente, que nenhuma empresa possui um sistema de ~ valiação dos objetivos de cada integrante, e também
é
óbvio, que nem todos podem exercer igual influência na determinação das metas org~niz acionais.
Em resumo, se obterá um sistema funcionando de forma
eficaz, se seus objetivos forem a
sintese
dos objetivos dos seusinte-grantes.
Na definição das suas metas, a empresa deve considerar,
também, os valores sociais dos membros da equipe diretiva. É pr
e-'.
ciso distinguir entre os objetivos sociais adequados para a empresa,
os apropriados aos seus dirigentes. Por exemplo, em algumas empr e
sas pode haver conflito entre a contaminação do meio ambiente e os
resultados operacionais esperados. Este conflito se agrava, quando
não há uma legislação adequada, ficando sob a responsabilidade de ca
da empresa reduzir ou não seus lucros em prol do bem -estar social.
2.1.2 - ANÁLISE DO MEIO AMBIENTE
31
em parte, por situações favoráveis no mei o. Estes eventos e seus
rs.
sultados repercutem intensamente na organização, e deve ela,sem-pre que possiuel, procurar responder aos novos estimules externos,
aproveitando-os para atingir seus objetivos de forma eficiente e total.
2.1.3 - QUANTIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS
Uma vez, anunciados qualitativamente os objetivos e
com-pletada a análise do meio, os planejador es estão em condições de es-tabelecer objetivos quantitativos. Na verdade, se trata de fixar
valo-resconcretos àqueles previamente estabelecidos, que admitam este
tipo de formulação. Para o planejamento, é sempre útil expressar os
objetivos quantitativos por meio de Inâices de crescimento. Por exe11!:..
plo, pode-se ter a meta de atingir um determinado crescimento anual
de lucros, durante o prazo coberto pelo planejamento.
2.1.4 - ELABORAÇÃO DE PLANOS SETORIAIS
Cada setor operativo da empresa elabora seu próprio
pla-no, obedecendo os prazos de tempo estabelecidos peloplano global.Es
te prazo pode ser curto, médio ou longo.
Para que cada unidade setorial possa desenvolver seu pró
prio planejamento, é necessário que os responsáveis recebam da dire
çdo algumas orientações. Estas informações devem conter os seguin
tes elementos:
a) Algumas diretrizes básicas sobre o processo de plane
jamento. Grande empenho deve ser desenvolvido para que os
executi-vos adequados, em razão de suas posições na organização, partici
32
orientados no sentido de conceberem planejamento a longo prazo, sem
pr e que este for preciso, já que estes funcionários possuem uma ten
dencia natural para a resolução de problemas a curto prazo.
b ) Enunciar claramente os objetivos para cada setor op~
racional.
c) Levar ao conhecimento de todas as unidades
operati-vas os resultados do estudo do meio econômico efetuado pela alta
ad-ministração, para que todas possam prever as mudanças tecnologi
-cas, investigar o mercado, etc.
2.1.5 - CONSOLIDAÇÃO DOS PLANOS SETORIAIS NUM
PLANO GLOBAL
Nesta parte os planos dos diferentes setores operacionais
são transformados no plano global da empresa. são reunidos os
da-dos quantitativos, bem como os referentes aos aspectos qualitativos,
descritivos, etc.
2.1.6 - INVESTIGAÇÃO ESTRATÉGICA
A observação de divergências entre os objetivos iniciais
traçados pela alta administração e as previsões do Plano global
cons-tituem o estimulo propul sor da busca de estratégias novas para a em
presa.
O processo estratégico se concentra, inicialmente, nas ~
lividades internas. A empresa pode modificar, por exemplo, sua poii
tica de preços, aumentando-os na tentativa de alcançar seus
objeti-vos. Outra área passiva de análise são os custos, que podem ser
33
Se análise interna não for suficiente para eliminar a
dife-rença entre o desejado e o previsto, restará a alternativa da
investi-gação externa. Esta análise deve iniciar-se pela busca de novos
re-cursos que permitam
à
empresa alcançar seus objetivos, recorrendoaté, se necessário for, e houver disponibilidades financeiras,
à
aqui-sição de outras empresas.
2.1. 7 - SELEÇÃO DE ALTERNATIVAS
Nesta fase é feita uma projeção dos resultados esperados
nas diferentes alternativas estratégicas propostas. são analisados os
riscos, custos, recursos humanos e materiais, probabilidade de
êxi-to de cada uma delas. As que demonstrarem melhores perspectivas de
sucesso serão futuramente postas em prática.
2.'1.8 :-IMPLANTAÇÃO
Uma vez escolhida uma combinação de ações estratégicas
para a empresa, se passa
à
etapa seguinte do processo de planejamento, que é a implantação.
O.primeiro passo é transformar as estraiegias delineadas
em uma série cronologica de planos. Por exernplo : pode-se ter um
plano de desenvolvimento de novos produtos, de conquista de novos
mercados, etc.
são definidos os Planos de curto prazo, que servem de po"!:...
to de partida para os de médio prazo, formando ambos partes dos de
longo prazo. Obtém -se, desta forma, uma relação harmônica de todo
o processo de planejamento.
34
tegias planejadas, a colaboração dos executivos em todos os nlueis h.i
erarquicos da empresa.
Finalmente, deve ser analisada a estrutura organizacional
da empresa. Muitas vezes é necessário centralizar ou descentralizar
os órgãos executivos para se atingir os objetivos esperados no
plane-jamento.
2.1. 9 - CONTROLE E ADAPTAÇÕES
O processo de planejamento deve conter um sistema de
a-valiação de resultados, capaz de demonstrar os desvios entre o plane
jamento e o que se obtém. Devem existir meios de comunicação
ade-quados para se determinar quando um Plano deixa de ser apropriado
aos objetivos da empresa ou de certos setores operacionais. Ao se
quantificar os objetivos empresariais, por serem eles pas siueis de medição, basta compilarmos as informações históricas para efeitos
de controle.
2.2. - PLANEJAMENTO MERCADOLÓGICO
Planejamento integrado em mercadologia tem sido âenomi
d 'i teei d loei 12
na o es ra egta merca o ogica.
A expressão estratégia "é de origem militar e significa a
arte ou ciência de conceber e organizar um Plano de operações de guer
ra. Como tal, requer a determinação de um objetivo, de um estudo de
disposição básica de recursos militares, de um prazo em que o
obje-1::' -
RICHERS) Raimar. A estratégia e~áplanejamento jntegrado da ~çao mercadologica. In: ADMINISTRAÇAO' MERCADOLOGICA';PRINCI PIOS E MÉTODOS. Rio de Janeiro, Fu1Íd~GetúlioVargas, 1972J.p.885:
35
tivo deve ser alcançado, e frequentemente da indicação de algumas nor
mas de conduta para a ação rápida e presumidamente eficiente".13
A estratégia se distingue da tática, que consiste "na arte
de dispor as tropas no campo de batalha e de movimentá -las para
al-cançar o objetivo proposto pelo plano estratégico ".14
Sendo estratégia mercadológica, é definida como "0 pla-nejamento integrado e coordenado de todos os instrumentos
mercado-lógicos a serem utilizados para alcançar os objetivos esp ecificos den
tro de prazos preestabelecidos ,~15
Para Martin L. Bell , o planejamento mercadológico pode ser classificado em duas categorias principais: planejamento
organi-. l l . to
c
.
l 16z aciona ep anejamen o operaciona .
O planejamento organizacional inclui a projeção de uma
estrutura organizacional capaz de conduzir a empresa aos seusobjeti
vos mercadológicos.
O planejamento operacional é um programa de ação
coor-denada, que deve ser levado a cabo pela empresa, para alcançar seus
objetivos mercadológicos.
2~2.1 - PLANEJAMENTO ORGANIZACIONAL
Na opinião de Bell , para o planejamento organizacional, o
melhor é adotar-se o conceito funcional. Neste conceito, a função
de-termina a estrutura.17 .
13 - Id. ibid. p.885. 14 - Iâ. ibid.
15 - Id. ibid. p.886.
r
16 - BELL, Martin L. Mercadotecnia, conceptos y estrategia , LMar-keting - concepts and strategy
l.
Mexico , Compania Editorial Conti-nental SI A, 1971~p.454.36
Ó planejador deve seguir uma sequência lógica de passos.
O primeiro deles
é
a definição clara dos objetivos da empresarelati-vos ao setor mercadológico.
O segundo passo é a determinação das funções e trabalhos gerais que devem ser desempenhados para se atingir estes objetivos.
A seguir,
é
feita a descrição das funções mercadológicas,ponto de partida para a classificação de cargos. Pode -se Planejar
vá-rios cargos para desempenhar cada função, ou agrupar várias funções
.•
num unico cargo.
No passo seguinte são definidas as relações entre os
dife-rentes cargos e os centros de decisão. Estes, administrativamente,po dem estar centralizados ou descentralizados. A autoridade que centro
liza decisões está no ápice da estrutura organizacional. No setor me!...
cadologico , geralmente, encontra-se nesta posição o Vice - Presiden-te de Marketing ou o Diretor de Marketing. As determinações das m~
tas da empresa e o delineamento dos planos de mercado ocorrem nes
te nivelo Entretanto, o esforço de mercado se dispersa através do
tempo e espaço, e muitas decisões táticas importantes devem ser
to-. rnadas nos próprios mercados. Por esta r~zão, a autoridade encarre
<
-gada da execução das atividades mercadológicas, acha-se,
frequente-mente, descentralizada.
Uma vez estabelecidas a relação de mando e as linhas de
autoridade que interligam os grupos dentro da organização, é conveni ente estabelecer uma rede de comunicação, que contribua de forma ~ ficaz para o sucesso da empresa. Esta rede de comunicação deve co!...
r er paralela com as linhas de autoridade e responsabilidade.
O passo final do enfoque funcional no planejamento organi
zacional
é
a integração da estrutura. Deve-se verificar se adescri-ção das funções se equipara
à
capacidade do pessoal âisponiuel.Em aiguns casos se faz necessário recrutar, selecionar e contratar
37
2.2.2 - PLANEJAMENTO OPERACIONAL
O primeiro passo no planejamento operacional é a análise da si
tuação mercadológica. Esta análise se compõe de três fases distintas:
a) Avaliação das atividades mercadológicas passadas da empre
sa e analis e dos aspectos atuais relativos aos produtos, preços, via de dis
tr ibuiçao, propaganda, promoção de vendas e venda pessoal.
b ) Pesquisa dos aspectos quantitativos e qualitativos do J11ercf!..
do. Determinação do n{vel de concorrência e identificação das poiiticas
u-tilizadas pelos concorrentes. Definição dos fatores econômicos e
governa-mentais capazes de influenciar o desenuol uirnenio da empresa.
c) Previsão de vendas baseada nas informações colhidas na sf!..
gundafase.
O segundo passo é a identificação e avaliação de "oportunidades
de mercado ".Este passo inclui a interpretação dos resultados da análise da
situação mercadológica. Os fatos relativos ao consumidor, meio ambiente e
conômico e governamental são considerados cuidadosamente em uma
apre-ciação das distintas oportunidades que se apresentam
à
empresa. "Oportu-nidades " que sempre tomam a forma de proporcionar satisfação ao
consumi-I
dor, podendo ocorrer através de inovações, melhorade eficiência, âesenuol=
vimento de uma vantagem diferencial ou descobrimento de um nicho no
merca-do.
o
terceiro passo é a identificação dos objetivos de mercado. Es-tes são determinados baseados nas informações obtidas nos passos anteriores. A análise da situação de mercado e a avaliação das oportunidades po~
sibilitam ao planejador estabelecer metas passloeis de serem atingidas.
Os objetivos de mercado devem ser identificados com pr ecisao,
Por exemplo, quando ele é um novo mercado, precisamos definir sua loca
lieaçao geográfica, número de consumidores, seu poder aquisitivo, nature
za e intensidade de suas necessidades.
O quarto passo é a determinação dos recursos para atingir a
38
o tempo necessários para alcançá-lo.
Após considerar o niuel de esforço com relaçao a capacidade
operacional existente, o planejador faz a seleção final dos objetivos de me~
cado.
o
quinto passo trata das considerações estratégicas. Oplane-jador deve estruturar uarios planos de ação e selecionar os mais adequa
-d;s. É uma tarefa dificil , pois é preciso visualizar planos completos e ai ternativos para chegar-se aos objetivos. são necessários fartos conheci
mentos do mercado e muita criatividade para se obter sucesso nesta eta
-pa do planejamento. Não é preciso muitas especificações nas alternativas
formuladas, porém alguns aspectos básicos têm que ser identificados. Por
ex ernplo , as vantagens e desvantagens, os perigos e possibili4ades de
su-cesso devem ser percebidos adequadamente ..
O sexto passo é o desenvolvimento do composto
mercadológi-co. Oplanejamento mercadológico integrado é uma parte ampla e compl~ xa do programa total de ação, que visa atingir a uma meta especifica ou
diferentes metas da empresa. Inclui decisões importantes sobre produtos,
via de distribuição, preço, propaganda, promoção de vendas e venda
pes-soal. Nesta fase o planejador deve desenvolver planos especificos para ca
,
da uma destas áreas de administração mercadológica.
O sétimo passo é a elaboração formal do plano mercadológico.
Todos os passos tomados até o momento no processo de planejamento, l~
vam a adoção de um plano mercadológico formal. A parte mais
importan-te desta formalização é a preparação de um documento escrito, meio ade
quado para sua implantação e controle.
O oitavo passo é o. teste dos elementos componentes do plano
no mercado, sob as condições reais de operação. Para isto é selecionada
uma área que seja representativa de todo o mercado. Este mercado piloto
é parte vital de um bom planejamento mercadológico. As informações
ob-tidas neste teste são de suma importância ao planejador mercadológico,