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Conservação no cerrado, território, política pública: mosaico Sertão Veredas-Per...

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Academic year: 2017

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DEPARTAMENTO DE GEOGRAFI A

CON SERVAÇÃO N O CERRADO, TERRI TÓRI O, POLÍ TI CA PÚBLI CA - M osaico Sert ão Vereda s- Peruaçu

N ilo Lim a

( Nilo Am érico Rodrigues Lim a de Alm eida)

Tese de doutorado apresent ada ao Program a de Pós- Graduação em Geografia Hum ana do Depart am ent o de Geografia da Faculdade de Filosofia, Let ras e Ciências Hum anas da Universidade de São Paulo, para obt enção do t ít ulo de Doutor em Geografia.

Orient ação: Prof. Dr. Wagner Costa Ribeiro.

(2)

Dedicatória

(3)

AGRADECI MEN TOS

Ao Professor Wagner Cost a Ribeiro pela oport unidade de realização da pesquisa m e aceitando com o seu aluno de dout orado no desafio da pesquisa sobre as questões am bientais.

Aos am igos e colegas Gil Rodrigues, Lia Bit t ar, Fredson Cabral, Sidivan Resende e Heitor Paladim e José S. Sobrinho que participaram diret am ent e para a realização dest a pesquisa.

Aos m eus alunos de Geografia da Faculdade Ceiva de Januária- MG e aos m eus colegas professores daquele segundo sem est re de 2006.

(4)

RESUM O

Est e t rabalho est á inserido na linha de pesquisa Geografia Política e Meio Am bient e. Est uda a problem át ica am bient al que envolve relações com política t erritorial. Com o t al, discut e quest ões de acesso, cont role e uso dos recursos nat urais no biom a do Cerrado do Nort e de Minas Gerais à m argem esquerda do rio São Francisco sob o pressupost o de que a dist ribuição polít ica dos recursos não corresponde à dist ribuição nat ural gerando situações de conflito, de im pacto e destruição. A política t errit orial e am bient al propost a para a área de est udo é a im plantação do Mosaico de Unidades de Conservação Sertão Veredas- Peruaçu que se constit ui em política pública am bient al determ inada pelo Sistem a Nacional de Unidades de Conservação com o form a de arranj o t erritorial e am bient al para o caso de conj unt o de unidades de conservação em proxim idade regional. A est rat égia adot ada para im plant ação do Mosaico é o Desenvolvim ento Territorial de Base Conservacionista que pode significar um a t ransform ação na caract erística t errit orial e na sociedade da área de est udo.

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ABSTRACT

This paper is inserted in the line of research on Political Geography and Environm ent . I t concerns t he environm ent al issue t hat involves relat ions wit h t erritorial policy. I t discusses m at ters of access, such as the cont rol and use of nat ural resources at Savanna biom e in t he nort h of Minas Gerais, on t he left bank of River São Francisco, under t he pret ext of t he political dist ribut ion of resources has no relation t o t he nat ural dist ribut ion. Due t o this result, it creat es sit uations of conflict , im pact and dest ruction. The t errit orial and environm ent al policy proposed t o t he st udy area is t he im plem ent at ion of Pat chwork Unit s of Conservat ion of Sertão Veredas- Peruaçu t hat constit utes itself in environm ent al public policy det erm ined by t he Nat ional Syst em of Units of Conservat ion as a way of t errit orial and environm ent al arrangem ent t o t he case of Units of Conservat ion in regional proxim it y. The adopt ed st rat egy t o t he im plem ent at ion of t he pat chwork is t he Territ orial Developm ent of Conservat ionist Basis which m ay concern a t ransform ation in t erritorial charact eristic and in t he societ y of t he st udy area.

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I NTRODUÇÃO I

1. TERRI TÓRI O E POLÍ TI CA PÚBLI CA AMBI ENTAL 01

1.1 Geografia polít ica e m eio am bient e 02

1.2. Do m eio am bient e à geografia polít ica 11

1.3. O Sist em a Nacional de Unidades de Conservação e suas definições de

int eresse para a Geografia Polít ica 19

1.4.Meio Am bient e, Ordem Am biental I nt ernacional e Polít icas Públicas: a

dinâm ica de int ernalização. 35

1.5. A Biodiversidade, os Recursos e o Poder 55

2. FORMAÇÃO TERRI TORI AL DO NORTE DE MI NAS: UMA

CARACTERI ZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 64

2.1. Horizont es geográficos 66

2.2. Sent idos de um a reconst it uição sob a Hist ória e a Geografia 83

2.3. O processo de ocupação e form ação regional 87

3. O TERRI TÓRI O, A POLÍ TI CA PÚBLI CA, OS RECURSOS: O NORTE DE MI NAS GERAI S CONTEMPORÂNEO E SUAS APROPRI AÇÕES 126

3.1 I nst it uições m odernizadoras no Vale do São Francisco: int ensiva exploração dos recursos nat urais.

130

3.2 As inst ituições e ‘cat egorizações am bient ais’: o m eio am bient e em

evidência 151

3.3. I nst it uições da polít ica Am bient al no Est ado de Minas Gerais 167

4. O DESENVOLVI MENTO TERRI TORI AL DE BASE CONSERVACI ONI STA COMO ESTRATÉGI A DO MOSAI CO DE UNI DADES DE CONSERVAÇÃO SERTÃO VEREDAS- PERUAÇU

206

4.1. O Mosaico de Unidades de Conservação Sert ão Veredas Peruaçu 207

4.2. Territ ório, Conceit os Am bient ais e Polít ica Territ orial 221

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SESSÃO I CONOGRÁFI CA PORTAS DO SERTÃO

SESSÃO I CONOGRÁFI CA JANUÁRI A

SESSÃO I CONOGRÁFI CA APA PANDEI ROS E PARNA CAVERNAS DO PERUAÇU

SESSÃO I CONOGRÁFI CA RI O SÃO FRANCI SCO

(8)

I N DI CE D E FI GURAS

FI GURA 01: Mapa Mosaico de UC’s Sertão Veredas Peruaçu V

LEGENDA DA FI GURA 01 VI

FI GURA 02: Mapa Hidrogeografia –Microrregião de Januária- MG VI I

FI GURA 03: Linhas de Pesquisa do Grupo Geografia Política e Meio

Am biente/ CNPq ( Diret ório dos Grupos de Pesquisa) I X

FI GURA 04: Diagram a da Biodiversidade 17

FI GURA 05: Modelo de Zoneam ento Territorial de Reservas da Biosfera 35

FI GURA 06: Legenda Figuras 07 e 08 70

FI GURA 07: Croqui Geografia I m em orial nas Terras do Sert ão 71

FI GURA 08: Croqui Geografia I m em orial nas Terras do Sert ão ( Escala Maior) 72

FI GURA 09: Habit ant e na Região da APA – Pandeiros, Margem Esquerda do Rio São Francisco, Norte de MG, em 2006.

73 FI GURA 10: Habitante na Região da APA – Pandeiros, Margem Esquerda do Rio São Francisco, Norte de MG, em 2006.

73

FI GURA 11: Mapa de Variação Clim ática em Minas Gerais 81

FI GURA 12: I soiet as Baseadas nos Valores Médios de Precipit ação: Bacia do São Francisco ent re 1961 e 1990

82

FI GURA 13: Croqui Sesm arias Coloniais Casa da Pont e e Casa da Torre 95

FI GURA 14: Mapa Ciclo da Borracha 107

FI GURA 15: Mapa Ficção Geográfica e Oportunidade Territorial 111

FI GURA 16: Mapa Redefinições no Polígono da Seca 116

FI GURA 17: Dest aque do Mapa de Recursos Veget ais 131

FI GURA 18: Legenda do Mapa de Recursos Vegetais 132

FI GURA 19: I ndicação de Potencial Lenheiro em Faixas da Área de Mat a Ciliar do Rio São Francisco

133 FI GURA 20: Presença de Arruam ent os para Maciços Verticais Hom ogêneos em

Áreas Norte Mineiras

144

FI GURA 21: Áreas de Apropriação de Recursos para a Concentração Siderúrgica 145

FI GURA 22: Mapa de Vegetação – Microrregião de Januária – Nort e de Minas e

Entorno 146

FI GURA 23: Mapa de Hipsom etria – Microrregião de Januária – Nort e de Minas e Entorno

147 FI GURA 24: Mapa Disparidades e Desigualdades no Território – Estado de Minas

Gerais 148

FI GURA 25: Relação entre Malha Viária e Mosaico de Municípios em Parte do Estado de Minas Gerais

(9)

FI GURA 26: Malha Viária em Parte do Território Brasileiro e a Microrregião de

Januária- MG 150

FI GURA 27: Tem as Abordados pela ANA para a Bacia do São Francisco 159

FI GURA 28: Tem as Abordados pela ANA para a Bacia do São Francisco 160

FI GURA 29: Tem as Abordados pela ANA para a Bacia do São Francisco 161

FI GURA 30: I m agem de Sat élite – Rio Pandeiros –MG e Usina “ Cem ig Rio Pandeiros”

163

FI GURA 31: Dest ruição da Biodiversidade 166

SESSÃO I CONOGRÁFI CA VEREDAS 176

FI GURA 32: Aum ento no Volum e de Água no Rio dos Cochos - Januária- MG 188 FI GURA 33: Etapas e Finalidades de um a Barraginha. Rio dos Cochos,

Januária-MG.

189

FI GURA 34: I lustração e Fotografias sobre Lagoas Marginais 195

FI GURA 35: Várias ocorrências de Lagoas Marginais e Áreas de I nundação na

Bacia do Médio São Francisco 196

FI GURA 36: Sub- Bacias na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco 205

FI GURA 37: Prim eira Delim itação do Território do M_SVP. 210

FI GURA 38: Atual Delim it ação do Território do M_SVP. 210

FI GURA 39: I ncidências de Turism o e Ext rativism o do M_SVP. 213

FI GURA 40: Resultados Alcançados e Produtos do Proj et o M_SVP. 216

FI GURA 41: Ficha de I nform ações sobre Gestão de Unidades de Conservação no M_SVP

219

FI GURA 42: Mensagem de Correio Elet rônico M_SVP. 222

FI GURA 43: Mensagem de Correio Elet rônico M_SVP. 227

FI GURA 44: Mensagem Entre Mem bros do Grupo WEB M_SVP. 235

FI GURA 45: Modelo de Dinâm ica de Form ação do Mosaico de Municípios no Território Brasileiro

241

SESSÃO I CONOGRÁFI CA PORTAS DO SERTÃO ( após Considerações Finais) SESSÃO I CONOGRÁFI CA JANUÁRI A ( após Considerações Finais)

SESSÃO I CONOGRÁFI CA APA PANDEI ROS E PARNA CAVERNAS DO PERUAÇU ( após Considerações Finais)

(10)

I N DI CE DE TABELAS

TABELA 01 48

TABELA 02 49

(11)

LI STA DE SI GLAS

ANA – Agência Nacional de Águas

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elét rica APA - Área de Proteção Am bient al

CEAM – Coordenadoria de Educação Am bient al

CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Am bient e e Desenvolvim ent o

DTBC – Desenvolvim ent o Territ orial de Base Conservacionist a DUSM – Depart am ent o do Uso do Solo Met ropolit ano

I BGE – I nstit ut o Brasileiro de Geografia e Est atística I SA – I nst it ut o Sócio Am bient al

M_SVP - Mosaico de Unidades de Conservação Sert ão Veredas Peruaçu PARNA – Parque Nacional

RDS – Reserva de Desenvolvim ent o Sust ent ável RPPN – Reserva Part icular do Patrim ônio Nat ural RVS – Refúgio da Vida Silvestre

(12)

I N TRODUÇÃO

Considerado país m egadiverso e t endo abrigado a CNUMAD ( Conferência das Nações Unidas para o Meio Am bient e e Desenvolvim ent o/ 1992/ Rio de Janeiro) , o Brasil foi se t ransform ando em um país que passou a dem andar polít icas de conservação e sust ent abilidade. Est as políticas vêm recebendo os m ais diversos conceit os e concepções, m uit as das quais vinculadas a políticas de cunho t errit orial tais com o ‘planos de m anej o’, ‘gest ão am bient al’, ‘gest ão de bacias hidrográficas’, ‘m anej o com unit ário’ de recursos naturais, conservação in sit u, zonas de am ort ecim ent o, corredores

ecológicos, zoneam ent os ecológicos- econôm icos, desenvolvim ent o t errit orial de base conservacionista ( DTBC) , dent re out ros.

(13)

at ribut os de recursos naturais, bem com o em relação à diversidade cult ural das populações resident es nest as áreas.

A abordagem propost a inicialm ent e a part ir dos quest ionam ent os sobre conservação e sustentabilidade, apontou para um a discussão na linha de pesquisa geografia polít ica e m eio am bient e. Com o t al, nossa

pret ensão era em t erm os gerais apresent ar um a avaliação do Sist em a Nacional de Unidades de Conservação ( SNUC) confront ada com polít icas t errit oriais abrangent es com o a Política Nacional de Ordenam ent o Territorial ( PNOT) sob a ótica da Geografia.

(14)

em seu program a- proj et o a dim ensão da política t errit orial1. Est e pressupost o requer explicit ação e análise j á que surge dest as a possibilidade de contribuir para o debat e no sent ido da política pública am bient al.

Surgem ent ão as quest ões a partir deste redirecionam ento: onde se reconhece e se ident ifica a problem ática da política territ orial no âm bit o do SNUC? Qual o sent ido de t erritório de que estam os falando? Que cam inhos de part icipação podem ser propost os à sociedade na const rução das políticas públicas am bient ais sust entáveis a part ir de referências da Geografia? Qual a cont ribuição em relação a políticas t errit oriais de conservação dos recursos em am biente de cerrado e sertão?

É reconhecido que a Geografia Polít ica cont ém um a dim ensão de ciência aplicada: os est udos est ratégicos, por exem plo, são com uns a est a disciplina. É recorrent e, port ant o, que haj a um a base t errit orial

m ot ivadora at é do debat e t eórico. É nest a base que ocorre a relação social, o recort e t errit orial sobre o qual se debruça a pesquisa.

O Mosaico de Unidades de Conservação Sert ão Veredas Peruaçu

( Mosaico_SVP) se configura um recorte t errit orial e um recort e de

1 Rogério HAESBAERT ( 2004: 25) aponta para essa relação: [ ...] não falt am processos

(15)

pesquisa que abrange em sua part icularidade processos de política pública am biental, sendo ao m esm o tem po um program a fundam ental do SNUC com o proj et o e ordenam ento legal e ordenam ento territorial. É ao m esm o t em po um Mosaico de Unidades de Conservação que apresent a em seus obj et ivos a aplicação da est rat égia de

Desenvolvim ent o Territ orial de Base Conser vacionist a ( DTBC) com o

alt ernativa de desenvolvim ent o a ser im plem ent ada, nest e caso, em área do Cerrado e Sert ão do Nort e de Minas Gerais, abrangida pelo Polígono da Seca e regionalm ent e localizada à m argem esquerda do rio São Francisco.

A Figura 01 a seguir represent a a área do Mosaico_SVP cont endo o recort e das Unidades de Conservação, os principais rios e os m unicípios envolvidos com a sobreposição da Microrregião de Januária.

(16)
(17)

FI GURA 0 1 ( LEGEN DA)

Legenda do Mapa "Mosaico de UC's Sertão Veredas Peruaçu Sedes Municipais

Viscinais da Estrada Parque

Estrada Parque Mosaico_SVP

Rio dos Cochos (Ch) Rio Pardo (Pd)

Rio Peruaçu (Pe) Rio Calindo (Ca)

Rio Japoré (Ja) Rio Itacarambi (It) Riacho da Cruz (Cr) Riacho Tijuco (Ti)

Ribeirão do Peixe (Px) Rio Coxá (Co)

Rio Urucuia (Ur)

Rio Acari (Ac)

Rio Pandeiros (Pa) Rio Carinhanha (Nh)

Rio São Francisco (SF) Hidrografia

APA Coxá Gibão APA Estadual de Pandeiros

APA Federal do Peruaçu Assentamento São Francisco Corredores Ecológicos Parque Estadual da Mata Seca

Parque Estadual Serra das Araras Parque Estadual Veredas do Peruaçu

Parque Nacional Grande Sertão Veredas

RDS Veredas do Acari

Terra Indígena dos Xakriabás RPPN Arara Vermelha

RVS dos Pandeiros RPPN Veredas do Pacari

Parque Nacional Cavernas do Peruaçu Formoso

Cocos

1- BONITO DE MINAS 2- CHAPADA GAÚCHA 3- CÔNEGO MARINHO

4- ICARAÍ DE MINAS

5- ITACARAMBI

6- JANUÁRIA

7- JUVENÍLIA 8- MANGA

9- MATIAS CARDOSO 10- MIRAVÂNIA

11- MONTALVÂNIA

12- PEDRAS DE MARIA DA CRUZ

(18)
(19)

O enfoque que ora se apresent a nest e t rabalho não pret ende a exaust ão de possibilidades int erpret at ivas no âm bit o da Ciência Geográfica. Por cert o não são poucas as possibilidades de int erpret ação dos fenôm enos territ oriais t ant o dentro do sub- cam po genérico

Geografia Polít ica2 com o t am bém no que se ent ende por Meio Am bient e.

I nt ernam ent e, j á há um a divisão prat icada na Geografia e dent ro dest a nos encont ram os sob a égide da Geografia Hum ana, um cam po disciplinar no que se refere à Área de Concent ração dest a pesquisa.

Um a explicitação que apresent e o m ovim ent o de const rução de um a base t eórico- m et odológica é fundam ental quando se trabalha em Ciências Hum anas. Est a é um a dim ensão do conhecim ent o em que se adm it e que at é m esm o o suj eit o pesquisador interfira com suas vivências nas escolhas e opções dos cam inhos da pesquisa. Daí um aspect o da im port ância da explicit ação para possibilit ar a verificação da coerência dos argum ent os.

No m ovim ent o, nada linear, ao longo da hist ória das conform ações t eórico- m et odológicas que se precipitaram no cam po disciplinar geral da Geografia Hum ana adm ite- se nest a pesquisa que a abordagem

2 Um a idéia geral e prelim inar que procura dar conta da universalidade do processo de

(20)

privilegiada é um recorte, isto é, um a relação dent ro do m ovim ento

geral da sociedade cuj a int erpret ação est á suj eit a, inclusive, à filiação t eórico- m et odológica do pesquisador. Nesse sentido, o percurso instit ucional pode indicar elem ent os do percurso t eórico. Est a explicitação é aqui realizada em conexão com a noção de m ovim ent o geral da sociedade, privilegiando aí dim ensões da Geografia Polít ica e do Meio Am bient e.

Em prim eira instância, ingressam os no Grupo de Pesquisa Geografia Política e Meio Am bient e3. Este grupo de pesquisa tem seu registro e ano de form ação em 2002, com a organização e liderança de Wagner Cost a RI BEI RO, no CNPq. O t em ário que se apresent a est á j ustaposto do seguinte m odo:

FI GURA 0 3

: LI NHAS DE PESQUI SA DO GRUPO GEOGRAFI A POLÍ TI CA E MEI O AMBI ENTE/ CNPQ ( DI RETÓRI O DOS GRUPOS DE PESQUI SA)

Linhas de pesquisa

• Cidade e ambiente

• Gestão dos recursos hídricos • Ordem ambiental internacional • Políticas públicas ambientais

FONTE: CNPQ ( web) – Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, 2007.

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A propost a de sub- linha de pesquisa na qual est e t rabalho se insere é a de polít icas públicas am bient ais. No Grupo de Pesquisa, a

apreensão geral e cont ext ualização se fazem num plano em que há:

[ ...] análise da regulação da ação hum ana em escala int ernacional e local à luz de t rês perspect ivas: o princípio da responsabilidade com um , porém diferenciada, que é em pregado em docum ent os com o o Prot ocolo de Kyot o; a ét ica do devir, necessária reflexão sobre qual m odelo adot a r diant e de um a base m a t erial rest rit a e um a expansão perm anent e da produção4; e, por últ im o, a segurança am bient al int ernacional [ ...]

( CNPQ- web – Diret ório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, 2007)

Com o se quer discut ir a polít ica pública am bient al, a análise da regulação da ação hum ana pode oferecer cam inhos de part icipação,

obj et ivo expresso dest a pesquisa. E ainda se acrescent a a hipót ese de que a repart ição de acesso, controle, oport unidades e dom ínios são const ruídos em escalas que aqui se apresent am no sent ido genérico de recortes territ oriais. A respeito dos recursos, Wagner RI BEI RO ( 2004) indica que um a das fontes de conflit o num a geografia política dos recursos est á em que a dist ribuição nat ural não corresponde à dist ribuição política.

I sto nos indica que se part iculariza o fenôm eno geral da relação ent re a geografia polít ica e o m eio am bient e com a m ediação da Política

Pública Am bient al. Trabalha- se nest e escopo com a hipót ese de que esta dim ensão política tem em seu m ovim ento claras políticas t errit oriais quando se aborda os processos m ais part iculares a part ir do

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SNUC, que com o j á dissem os se configura com o um a política nacional de ordenam ento territorial.

A perspect iva da política t errit orial am bient al – áreas de m ananciais e florest as peri- urbanas em dest aque - est eve present e durant e t rabalho que realizam os na CEAM5 ( Coordenadoria de Educação Am bient al) durant e a prim eira m et ade dos anos 90. Posteriorm ente est a m esm a oport unidade foi ret om ada durant e t rabalho de apoio à fiscalização am bient al j unt o ao DUSM ( Depart am ent o do Uso do Solo Met ropolitano)6. É de se not ar que est e pequeno período foi experim ent ado ainda no processo de discussão e criação do SNUC dent ro do Congresso Nacional. Bem com o eram ainda bastant e recent es as repercussões da CNUMAD7 ( Conferência das Nações Unidas para o Meio Am biente e Desenvolvim ent o – Rio de Janeiro - 1992) .

A reflexão com o t em ário da Geografia Polít ica, por sua vez, fazia-se com cert a sim ult aneidade na Universidade por ocasião de nossa part icipação no proj et o Territ ório Lugar e Poder que teve lugar no então Laborat ório de Geografia Política e Planej am ent o Territorial8 e

5 CEAM é órgão interno da estrut ura da Secret aria de Estado do Meio Am biente – SP.

Fizem os parte da equipe com o Estagiário de Geografia, entre 1993 e 1994. O foco de ação e reflexão estava volt ado para as Áreas de Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo.

6 DUSM é órgão int erno da est rut ura da Secret aria de Est ado do Meio Am bient e – SP.

Fizem os part e do apoio à fiscalização am biental nas Áreas de Mananciais da Região Met ropolit ana de São Paulo.

7 Para um a discussão sobre a dim ensão de Geografia Polít ica que acom panha est a

conferência ver: Wagner Cost a RI BEI RO ( 2001: 107- 144) .

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Am bient al. Em um out ro cent ro do qual part icipam os t am bém era repercut ido o t em ário em quest ão: O Núcleo de Est udos Est rat égicos9, organizado num âm bit o m ais am plo das Ciências Hum anas e Sociais.

Est e cont at o inicial do percurso t eórico m etodológico do pesquisador seguram ent e influenciou escolhas dos m om ent os da pós-graduação10. Est e período, com o era de se esperar, abriu algum as novas perspectivas para o pesquisador dent ro da relação geogr afia polít ica e m eio am bient e. De nossa part icipação nest e m om ent o dest acam os dois

sem inários e alguns t ext os t ocando nos t em as Segurança Am bient al; Ordenam ent o Territ orial; Meio Am bient e no Est ado de São Paulo.11

Est as conj unt uras de cam inho profissional e de percurso t eórico, bem com o as oportunidades de contat o num período cont ínuo de um

9 Na ocasião est e Núcleo t inha ligação m ais fort e com a Ciência Polít ica. No entant o

abrigava professores e est udantes- pesquisadores de várias outras áreas além do âm bito inclusive da FFLCH- USP.

10 No m estrado, cursam os as disciplinas “ Geografia Política: teorias sobre o t erritório e

o poder e sua aplicação à realidade contem porânea ( Prof. Wanderley Messias da Costa) ” ; “ Polít icas de Espaço Público e Cidadania ( Prof. Eduardo Yazigi) ” ; “ A Reorganização do Espaço Geográfico na Fase Hist órica Atual ( prof. Milton Santos) ” ; “ Raça e I dentidade Nacional: invenções e reinvenções do Brasil contem porâneo ( prof. Sérgio Guim arães) ” . No doutorado, com o oportunidade de reflexão e debate, cursam os out ra série de disciplinas: “ Geografia Política e Meio Am biente ( prof. Wagner Cost a Ribeiro) ” ; “ Federalism o e Regionalism o Polít ico no Brasil ( Prof. André Robert o Mart in) ” ; “ Avaliação Prospect iva dos Territórios ( Prof. Hérve Thièry) e o Sem inário de Pesquisa de Pós- Graduação Geografia- USP: “ Evaluación de los Servicios Am bient ales para la Captura del Carbono At m osférico em Áreas Naturales Protegidas e su I nterrelación com El Desarrolo Socioeconôm ico de la Region ( profs. Sergio Franco Maass e Rafael Candeau Dufat da Universidade Autônom a del Estado de México)

11 LI MA, Nilo – “ Geografia Polít ica, elem ent os de áreas prot egidas e quest ões do

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sem est re com nossa área de est udo nos levaram nest a pesquisa a perseguir alguns obj et ivos:

- Produzir debat e, inform ação e conhecim ent o sobre um a parcela do biom a cerrado em área do grande sert ão;

- Produzir debat e, inform ação e conhecim ent o sobre um a porção regional do t errit ório brasileiro, o Nort e de Minas Gerais na bacia do rio São Francisco, t endo com o fundam ent o t eórico a noção de form ação t errit orial.

- Apresent ar um ponto de vist a, um a parcela de verdade, sobre a im plem ent ação de um m osaico de unidades de conservação considerado com o polít ica territ orial am biental;

- Discutir o conceit o de polít ica pública em relação à est rut uração

configurada por polít icas t errit oriais.

Para t al, em t erm os m et odológicos, esta pesquisa utilizou font es secundárias com o planos de instit uições am bient ais, docum ent os, processos políticos, além de bibliografia produzida e/ ou arquivada na Universidade e de instit uições regionais. Com o fonte prim ária realizou-se um t rabalho de cam po de um realizou-sem est re no Cerrado e Sert ão do Nort e de Minas Gerais que nos perm itiu um a pesquisa part icipant e nest e

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m apas, croquis e regist ros fot ográficos que acom panham os obj et ivos dest e t rabalho.

O capít ulo 1- TERRI TÓRI O E POLÍ TI CA PÚBLI CA AMBI ENTAL- trata de discutir as relações sugeridas pela linha de pesquisa Geografia Política e Meio Am biente privilegiando aí o debat e sobre a polít ica pública am bient al a part ir do SNUC, bem com o as relações de poder, acesso, cont role e conservação da biodiversidade e recursos nat urais.

O Capít ulo 2 - FORMAÇÃO TERRI TORI AL DO NORTE DE MI NAS GERAI S: um a caract erização da área de est udo - percorre horizont es geográficos produzidos pela geografia hist órica da região do Sert ão nort em ineiro. Est es horizont es est ão present es com freqüência t ant o na

lit erat ura quant o na vida que cerca o ent orno regional e a superfície da área que com preende o Proj et o Mosaico de Unidades de Conservação Sertão Veredas- Peruaçu ( Mosaico_SVP) e configuram ident idades com Geografia. Est es horizont es são confront ados ao processo de ocupação e form ação regional para caract erizar à luz da form ação t errit orial do lugar.

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naquela região. Nesse sent ido, buscam os t am bém a relação m odernizadora com as cat egorizações am bient ais que vieram a surgir nas idéias e nas ações daqueles que de um a form a ou de out ra at uam no Cerrado e Sert ão nort em ineiro configurando novos horizontes geográficos que perm itiram a inserção das noções am bient ais.

Por últim o, o Capítulo 4 – O DESENVOLVI MENTO TERRI TORI AL DE BASE CONSERVACI ONI STA COMO ESTRATÉGI A DO MOSAI CO DE UNI DADES DE CONSERVAÇÃO SERTÃO VEREDAS- PERUAÇU, analisa os processos m ais específicos de im plantação dest e m osaico considerando prát icas, discursos e docum ent os produzidos pelos responsáveis m ais diret os com essa política t errit orial am bient al e ret om a, neste debate os fundam ent os t eóricos que serviram de base para as form ulações de t odo est e t rabalho de pesquisa.

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1 .1 Geografia polít ica e m eio a m bient e

O debate perm anente do âm bito da geografia política dem onstra t er validez e pertinência o instrum ent al analítico fornecido por alguns conceit os que est e sub- cam po t am bém se preocupou em m odelar. Um dest es conceitos é o de t errit ório ent endido aqui com o expressão da

relação sociedade e espaço. I st o é, o t errit ório em si não esgot a as possibilidades int erpret at ivas. Est as possibilidades devem alcançar as apropriações do t erritório com o as de soberania, dom ínio, acesso, part icipação e em t erm os m ais est ritam ente am bientais, ist o é, políticas t errit oriais sobre recursos e biodiversidade.

É recorrent e ao t errit ório12 um feixe de outros conceit os correlat os com o os de front eira, lim it e, zonas, faixas, superfície, corredores... Est es, por exem plo, com o const rução m at erializada. E t am bém processos com o divisão t errit orial, ordenam ent os territ oriais, m osaicos de unidade de conservação, áreas de m ananciais, florest as peri-urbanas.

O ‘t erritório’ pode ser apreendido com o um a relação de poder e espaço. Em t erm os do Est ado- Territ orial é a área de soberania em que

12 A recorrência de conceitos em torno do “ t erritório” se dá por pertinência, e de certa

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vigora um corpo de leis, claram ent e delim it ado - os lim it es13 e

apresent ando t am bém um cont orno front eiriço – as faixas de front eira -

que é diversificado conform e a form ação socioespacial de cada unidade t errit orial nacional. Estas form as tendem a se reproduzir internam ent e ao Est ado- Territ orial principalm ent e nas concepções zonais de t erritório.

Rogério HAESBAERT ( 2004) problem at iza a noção de t errit ório e t errit orialidade. Assim , a noção de t errit ório é sint etizada a part ir das vert ent es política e j urídico- política com o espaço delim it ado, cont rolado, na m aior parte do caso relacionado ao Estado, porém não exclusivam ent e. Com o vert ent e econôm ica ( m uit as vezes econom icist a) a partir da noção de dim ensão espacial de relação econôm ica, com o font e de recursos, com o em bat e frut o da divisão t erritorial do trabalho. Com o vert ent e cult ural ( m uit as vezes culturalist a) por m eio da valorização subj et iva e sim bólica (I dem, p. 40) , m as m esm o nest e caso,

o recort e geográfico pode ser t rat ado reunindo as dim ensões da política e da cultura pelas quais a noção de t errit ório revela relações de espaço e poder (I dem , ibidem, p.229) .

O Estado deve ser hist oricam ent e situado j á que é um a entidade genérica, se não problem atizada (I dem , ibidem , p. 198) , supondo que

t al concepção apoiada na Hist ória nos aj ude a com preender que as

13 Nesse sent ido, com o exem plificação, pode- se afirm ar que os curdos são um a

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relações de poder e espaço não se rest ringem ao Est ado Territ orial (I dem , ibidem , pp. 210- 211) . No ent ant o, considera- se que a polít ica

pública, passa pela m ediação est at al. É certo que os discursos dos processos globais apresent am a idéia do desaparecim ent o das ‘front eiras’ e dem ais form as t errit oriais est at ais, no ent ant o, acredita- se na possibilidade de teorizar criticam ent e sobre novas t errit orialidades ent endendo aí o papel de cada Estado específico num foco geopolítico de diferenciação geográfica desses processos (I dem , ibidem , p. 213) .

A recorrência dos conceit os t rat ados na pesquisa à m ediação do ‘territ ório’ t em o pressuposto da relação m ais básica e elem entar da sociedade com o espaço. Em prim eiro plano a apropriação dos m eios nat urais, fenôm eno j á reconhecido na literatura com o o processo da

segunda nat ur eza. Por isso m esm o, m eio am bient e, t am bém possui est a

apropriação com o pressupost o. I st o quer dizer que o m eio am bient e não est á lá e nós, a sociedade, aqui. Meio am bient e é um a form a de part icularização que a sociedade im prim e ao m eio nat ural ao m eio construído e que, para isso, conta com a m ediação de alguns processos da geografia política, tendo esta dim ensão14 const ruído hist oricam ent e o ‘território’ com o m ediação15.

14 Dependendo do cont ext o, consideram os os term os geografia polít ica com o dim ensão

social ou de m odo m ais rest rit o com o disciplina da ciência geográfica.

15 Em Antonio C. R. Moraes ( 2000) este processo im plica trabalho e valor dos quais

tam bém se infere a apropriação do m eio natural e no sent ido m ais part icular, a

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Num out ro nível de refinam ent o é preciso levar em cont a os condicionant es hist óricos na form ação t errit orial brasileira. Para Wanderley Messias da COSTA ( 1988) as políticas t erritoriais são um t ipo especial de política pública que im plica alguns dados: m odificações na

est rut ura t errit orial que a coloca na sit uação de est rut urant e; um a dada concepção do espaço nacional; um a est rat égia de int ervenção ao nível

dest a est rut ura t errit orial; m ecanism os de viabilização dest a política.

Nesse sent ido, fica colocado para a geografia polít ica apontar o problem a da integração nacional e indagar em que m edida esta problem át ica int eressa à sociedade civil16 sobret udo num país em que o fundam ent o hist órico da apropriação territ orial tem lugar com a cont radição cent ralização- dispersão17. Durant e o Est ado Novo, dando aqui um largo salt o hist órico no sent ido da apropriação territ orial, ainda se configurava o problem a da logística t erritorial que perm anecia às

lógico- hist órico ocorre, em um a das inst âncias, pela sucessão, isto é, a “ sucessão dos

m eios geográficos” na qual est á im plícit o desde logo a apropriação do m eio natural;

16 Especificam ente em term os de políticas públicas am bientais, na qual se coloca o

problem a da gestão e da sust ent abilidade, est am os t om ando de alguns autores a possibilidade de interpretação de alguns im portantes vetores im port antes nesta discussão: a sociedade civ il, sua abordagem hist órica e sua decorrente distinção em

relação ao Est ado e ao Mercado e suas dist inções internas em L. C. BRESSER PEREI RA ( 1999) ; a ordem am bient al int ernacional, as polít icas públicas am bient ais no sent ido

de se verificar os vetores de internalização present es na const rução das polít icas am bientais brasileiras: Wagner Costa RI BEI RO ( 2001; 2004a e 2004b) e Leila Cost a FERREI RA ( 1998) . Enfoques de privilegiam a questão da form ação territorial a partir de condicionant es hist óricos em Wanderley Messias da Cost a ( 1988) e Ant onio Carlos Robert de MORAES ( 1994) .

17 Wanderley Messias da COSTA indica a respeit o desta cont radição que “ [ ...] decorre

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volt as com as cont radições ent re o poder do Est ado Territ orial e o poder local18.

Para Antônio Carlos Robert de MORAES ( 2002: 13- 27) num est udo em que pont ua condicionant es, quest ões e dificuldades para a gest ão am bient al, a form ação colonial t eve com o m ot ivação a conquist a de espaços cuj o fort e elem ent o de ident idade foi a conquist a t errit orial que expressava um a inst alação colonizadora com um padrão ext ensivo do pont o de vist a do espaço e um padrão intensivo ( seletivo)19 na apropriação de recursos nat urais. Nest e sentido, é significat iva a inform ação que em fins do século XVI I I a Coroa Port uguesa j á realizava a expropriação de recursos nat urais de m odos m ais sistem át icos e art iculados com o dem onst ra Ângela DOMI NGUES ( 2001)20.

Est as determ inações históricas de m odernização conservadora são inseridas e reit eradas no processo de independência do Brasil. O quadro

18 “ [ ...] havia graves problem as divisórios entre estados e m unicípios, o que

com prom etia vários aspectos da adm inistração pública, com o divisão dos tribut os e das verbas, regularização de terras rurais e urbanas, censos e pleit os eleit orais, além , evidentem ente, de conflitos recorrentes em torno da repartição do poder local e est adual ent re elites rurais e urbanas [ ...] ” Wanderley Messias da COSTA ( idem , p. 48)

19 Destaque nosso.

20 DOMI NGUES, Ângela. Para um m elhor conhecim ent o dos dom ínios coloniais:

a const it uição de redes de inform ação no I m pério port uguês em finais do Set ecent os. Hist . cienc. saude- Manguinhos, 2001, vol.8 supl, p.823- 838. I SSN

0104-5970. O art igo trata da at uação de cientistas, funcionários portugueses e m esm o nat ivos, inclusive indígenas, na sust ent ação de um a rede de inform ações sobre as pot encialidades econôm icas dos t erritórios adm inistrados pela coroa port uguesa, tendo com o principal foco o Brasil. Visando o desenvolvim ento econôm ico do reino,

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ent ão se desenha por m eio da m otivação expansionist a- colonial representada agora com a idéia- eixo de const ruir o país com o pressupost o da ocupação dos fundos t errit oriais não explorados cuj a

int enção era m ant er o Est ado fort e ao m esm o t em po em que se aproxim avam elites regionais desconect adas em t erm os econôm icos21. Um a das decorrências deste processo seria a não nit idez do lim ite entre o público e o privado; nit idez t ão cara à necessária distinção ent re Sociedade Civil, Est ado e Mercado para os propósit os de gest ão t errit orial ( am biental) .

No período de m odernização do Estado Territ orial brasileiro a partir do Governo Get úlio Vargas e continuada em m om entos posteriores, caract eriza- se o aspect o periférico dest e processo: m odernização

induzida a part ir de planos e dist ribuição de inovações no espaço nacional. O Est ado se configura com o principal agent e dest as inovações nos países de capit alism o t ar dio com o o Brasil22.

21 “ ... Num a prim eira versão, a idéia de const ruir o país é assim ilada à de levar a

‘civilização’ ao int erior selvagem ( ...) em função do expost o, a form ação do Est ado no Brasil vai est ar cont inuam ente m arcada por um a fort e orient ação de cunho geopolít ico: garantir a soberania e a integridade dos fundos territ oriais será sem pre sua m issão básica. Daí um aparelho de Est ado const ruído tendo por referência o dom ínio do território e não o bem - estar do povo.” ( Antonio Carlos Robert MORAES, 2002: 14- 15)

22 “ ... Muit as das determ inações históricas apont adas no início do texto vão aflorar com

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A tít ulo de exem plo, regist ram os aqui est as reit erações (Carlos B. VEI NER: 1990) na relação do Estado Brasileiro com a sociedade e seu t errit ório. Vê- se nest es discursos a presença da idéia de conquist a e o pressupost o dos fundos t errit oriais em relação a áreas que hoj e são

reconhecidas com o biom as onde se proj et am possibilidades de políticas de conservação de recursos.

[ ...] Precisam os prom over est a arrancada ( Marcha para Oest e) a fim de suprirm os os vazios dem ográficos de nosso t erritório e fazerm os com que as front eiras econôm icas coincidam com as front eiras polít icas. Eis o nosso im perialism o. Não am bicionam os um palm o de t errit ório que não sej a nosso, m as t em os um expansionism o, que é o de crescerm os dent ro de nossas próprias front eiras (Get úlio Va rgas2 3, Discurso em Goiânia,

08/ 08/ 1940)

[ ...] não haverá t arefa m ais fascinant e, no próxim o qüinqüênio, que a de prosseguir nos novos rum os abert os pela Revolução de 64, para a redescobert a da hint erlândia brasileira ( ...) Cam inhos físicos, na t ram a de um a infra- est rut ura am pliada e vit alizada, j á se abrem para o sert ão nordest ino, a hiléia am azônica e a vast idão do planalt o cent ral. Mecanism os de conquist a econôm ica dessas regiões vêm sendo preparados há alguns anos, nos rot eiros da Revolução [Presidência da República , I I Plano N acional de Desenvolvim ent o do Brasil ( 1 9 7 5 -1 9 7 9 )2 4 [ ...] ( Carlos B. VEI NER, 1990: 197- 198) .

Há um int ervalo de m ais de 30 anos ent re os dois discursos. Nos dois, são evocadas as im agens do ‘grande Brasil e seu espaço vazio’; focam claram ent e as áreas do front int erior do t erritório brasileiro. A

diferença significat iva é que em Getúlio Vargas o expansionism o privilegia a ocupação dem ográfica. Já no período do regim e m ilitar o

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foco principal est á na ocupação econôm ica, conform e a int erpret ação do aut or acim a.

A conj untura geral que acom panha o fim do regim e m ilitar e o processo de dem ocratização brasileiro é m arcada por um reordenam ent o econôm ico int ernacional com dim inuição de fluxos de recursos ext ernos e pulverização das ações int ernas de planej am ent o. O que se perde é a perspect iva de integração e art iculação int erna do Est ado que é relevant e para um a gestão int egrada do t errit ório.

No ent ant o, com o observa Ant ônio Carlos Robert MORAES ( 2002) , o aparato de Estado da política am bient al cresceu j ust am ent e no período de tendência geral de esfacelam ento de diversos tipos de políticas públicas planificadas. Mas esse crescim ent o ocorre ainda de form a set orial, ist o é, a gest ão am bient al focando conj unt o específico e próprio de políticas caracterizando um isolam ent o cont radit ório em relação a um a perspect iva de gest ão m ais int egrada25. Será int eressant e t ent ar refletir aqui se o SNUC se configuraria com o um a possível m ediação ent re processos m ais globais com o a ordem am biental internacional e ao m esm o tem po abrigar dim ensões da form ação sócioespacial brasileira

25 [ ...] os recortes t erritoriais fornecem um bom m ot e para se pensar a im plem entação

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com o as necessidades de gest ão integrada do t errit ório e art iculações int erset oriais.

A perspectiva int egradora present e na noção de ‘t erritório’ é problem atizada por Rogério HAESBAERT:

[ ...] Part indo de um pont o de vista m ais pragm át ico, poderíam os afirm ar que quest ões ligadas ao cont role, “ ordenam ent o” e gest ão do espaço, onde se inserem t am bém a s cham adas quest ões am bient ais26, têm

sido cada vez m ais cent rais para alim ent ar est e debat e [ ...] aj udam a repensar o conceit o de t errit ório. A im plem ent ação das cham adas polít icas de ordenam ent o t erritorial deixa m ais clara a necessidade de considerar duas caract eríst icas básicas do t erritório: em prim eiro lugar, seu carát er polít ico – no j ogo ent re o m acropoderes polít icos inst itucionalizados e os “ m icropoderes” , m uitas vezes m ais sim bólicos, produzidos e vividos no cot idiano das populações; em segundo lugar, seu carát er int egrador – O Est ado em seu papel gestor- redist ribut ivo e os indivíduos e grupos sociais em sua vivência concret a com o os “ am bient es” capazes de reconhecer e de t rat ar o espaço social em t odas suas m últ iplas dim ensões [ ...] é im prescindível [ ...] que contextualizem os historicam ente o ‘território’ com qual est am os t rabalhando [ ...] Se nossa leitura for um a leitura int egradora [ ...] Rogério HAESBAERT ( 2004: 76 e 78)

Em sínt ese, adotando a interpret ação de Rogério HAESBAERT, a as cham adas quest ões de “ gest ão” e “ m anej o” , ut ilizando- se aqui de j argões m ais difundidos nas tarefas da política pública am bient al, devem absorver a concepção de perspectivas int egradoras que conferem um a necessária revisão à noção de política t erritorial, cont ribuindo para o conceit o de Desenvolvim ento Territ orial de Base Conservacionist a, est rat égia e program a adot ados na im plant ação do Mosaico_SVP.

PERSPECTI VAS I NTEGRADORAS:

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( 1) Territ ório com o área de feições ou relações de poder relat ivam ent e hom ogêneas com ênfase no cont role do acesso;

( 2) Territ ório com o rede privilegiando o m ovim ento e conexão ( conform e D. Massey propõe sobre o conceit o de lugar)

( 3) Multit erritorialidade, ou híbridos m aterial- ideal ou social- nat ural em m últiplas esferas: econôm ica, polít ica, cult ural;

( 4) Perspectiva hist órica porque a Hist ória cont extualiza experiências diversas, relações de dom ínio e apropriação no/ com / por m eio do espaço.

1 .2 . D o m eio am bient e à geografia polít ica

(38)

A geograficidade27 da quest ão am bient al foi discut ida em t erm os

de Geografia do Meio Am bient e no Sem inário de Pesquisa em Pós

Graduação28 nos seguint es t erm os:

- Princípio: m eio am biente é um sist em a aberto que t raz a dist inção ent re m eio

nat ural e recurso nat ural; o m eio am biente im plica a exist ência hum ana.

- O enfoque geográfico ( geossist êm ico) do m eio am bient e avalia e m ede o grau

de im pact o am bient al em que a problem át ica do m eio am biente só aparece com a intensidade hum ana.

- Aspect os m et odológicos que se precisa estudar dentro da Geografia do Meio

Am biente:

a) at ividades sócio- econôm icas “ regionais” , pois são fontes de im pact os; trabalhar com o diagnóstico e articular a outras escalas;

b) condições e processos nat urais sob influência ant rópica ( estabilidade,

balanço, energia, geopolít ica, et c.) ;

c) nível de adapt abilidade da paisagem devido a dem andas sócio- econôm icas; d) m udanças significat ivas e sua repercussão sobre a econom ia e a sociedade; e) at ividades sócio- econôm icas est udadas em sua qualidade funcional para a área em quest ão de acordo com a caract eríst ica ecológica;

f) ações geopolíticas;

g) invent ário de ong’s ou oscip’s que trabalham na região em questão; trabalho no sentido de ações pró- am bientais;

h) inventário de áreas prot egidas na região em quest ão;

i) inventário da quantidade de EI A’s ( Estudos de I m pacto Am biental) e RI MA’s ( Relat órios de I m pacto Am biental) ;

j ) inventário de im pactos;

l) invent ário geopolítico ( territorialidade)

- Situações privilegiadas para uso dos aspectos m etodológicos: Planos diretores; Ordenam ento Territorial ( Zoneam ent o Ecológico Econôm ico, inclusive) ; Políticas Territoriais...

O princípio da Sociedade Agent e é um a questão sobre a qual é

necessário configurar um a clara delim itação no sentido de quem produz im pacto e quem recebe as conseqüências.

27 Entendida com o possibilidade do Cam po Disciplinar em Geografia Hum ana.

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Este enfoque geográfico do m eio am bient e apresent ado acim a se coloca, a nosso ver, em um a dim ensão m ais prát ica. Os aspect os m et odológicos pretendem dar cont a de processos para avaliar e m edir graus de im pact o de acordo com a int ensidade hum ana. Os aspectos m et odológicos seriam ent ão variáveis cuj os sent idos são explicados por m eio de processos m ais universais com o a form ação t erritorial brasileira, no nível da sociedade e a hist ória do pensam ent o geográfico, no nível do cam po disciplinar. I sto para m encionar alguns processos.

Se tom arm os, a título de exem plo, o aspect o de “ atividades sócio-econôm icas regionais com o font e de im pacto” e quiserm os entender a “ sociedade agent e” em t erm os de relação espaço e poder, um ‘diagnóst ico’ dest e aspect o nos inform a sobre um result ado dest a relação e a art iculação de escalas só poderia ser m edida à luz de condicionant es da form ação t errit orial brasileira se não quiserm os gerar um em pobrecim ent o de processos polít icos. Se focarm os “ o nível de adaptabilidade da paisagem ” j á de início vem a questão sobre qual o conceit o de paisagem adot ado.

Ant ônio Carlos Robert de MORAES ( 2002: 09)29 ao problem at izar a quest ão am bient al para um a abordagem em Ciências Hum anas aponta para um em pobrecim ento que a visão ‘holística’ integrat iva de fenôm enos nat urais e sociais cost um a oferecer no t rat o da m at éria em

29 “ ... Não raro, nessa perspect iva, toda a riqueza e com plexidade da vida social é

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t erm os de processos polít icos e econôm icos. A at enção const ant e ao m ovim ento t eórico- m et odológico adot ado t orna- se fundam ent al se não quiserm os correr o risco da norm alização e rigidez nos processos sociais o que t ornaria as variáveis explicáveis em si m esm as30.

Por out ro lado, o esquem a do Sem inário de Pós- Graduação apresentado acim a é capaz de dem onst rar aspectos operacionais capazes de prom over diálogo entre a política am bient al e outros setores da política territ orial. A gam a de aspect os que se desdobram do enfoque sugere inclusive a quest ão da int erface com out ros setores da adm inistração pública no sentido de sistem at izar e fazer fluir est as inform ações.

Organizam os o Diagram a da Biodiversidade ( p.17) que, além dos propósit os operacionais, cont ém tam bém obj et ivos int erpretat ivos da sit uação. A idéia part iu de observações de diagram as produzidos em t ext os de pedagogias ecológicas que se propunham à dem onst ração da

biosfera com o um conj unt o de int erações t em porais e espaciais

art iculadas em escalas. Nest e diagram as, em geral o int ervalo escalar se

30 A norm alização ( e/ ou norm atização) se caracteriza com o tendência do período atual

principalm ent e quando relacionadas a processos de m odernização, desenvolvim ento tecnológico, um a espécie de suprem acia do operacional sobre o int erpret ativo. Em sum a, significa retirar o context o hist órico e crít ico em relação aos processos; em Luiz Carlos Bresser Pereira ( 1999) , a norm alização exclui e reduz a riqueza da dim ensão da

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deslocava desde os m icrorganism os at é a biosfera e dem onst rava a relação de interdependência orgânica (ecológica) ent re os intervalos.

No Diagram a da Biodiversidade propost o se observa, em prim eiro plano, um a dist inção horizont al no nível dos int ervalos. Est e procedim ent o t em o obj et ivo de dem onst rar alguns elem ent os que podem ser incluídos no processo de apropriação do espaço: a divisão do t rabalho e correlativam ent e a divisão social do t rabalho e a divisão t errit orial do t rabalho; os agentes podem ser distinguidos por sua

at uação em um ou out ro nível diant e da biodiversidade.

Num out ro plano, o vert ical, not a- se um desdobram ent o em que genericam ent e as áreas nat urais brasileiras são apresent adas com o

ecossist em as ou biom as ou dom ínios m orfoclim át icos nas diversas

‘literat uras am bient ais’. Est es rót ulos apresent am divergências quanto à classificação e quant o aos lim it es. Por out ro lado convergem a respeit o das áreas m ais centrais. Hervé THÉRY e Neli Aparecida de MELLO ( 2005: 71) propõem o deslocam ent o da problem ática no sent ido da redefinição dos lim it es dessas áreas nat urais. Um a vez em que há concordância sobre a área cent ral de cada um a dessas porções da biosfera os lim it es im port ant es são aqueles m ais frágeis e agredidos. I st o recoloca a quest ão em t erm os de disparidades e dinâm icas do

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O desdobram ent o configurado a part ir do t erm o bioesfera

representa em algum a m edida o alargam ent o das especializações. Sabe- se que a reunião de cada um a dest as part es form a o que poderia se ent ender com o o sistem a nat ural esférico t errestre – para ser

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- QUAL A RELAÇÃO E FORMA DE TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA E SUAS TERRI TORI ALI DADES? - QUAI S AS DI NÂMI CAS E DI SPARI DADES TERRI TORI AI S?

- QUAI S I NSTI TUI ÇÕES E/ OU EMPRESAS ENVOLVI DAS? - QUAL O PAPEL DO ESTADO?

- QUAL FOCO OU ALVO NA BI ODI VERSI DADE?

- QUAI S PRI NCI PAI S I NTERESSES ENVOLVI DOS NO ALVO OU FOCO NA BI ODI VERSI DADE? - QUAI S ÁREAS DA CI ÊNCI A ENVOLVI DAS?

- OUTROS DADOS RELACI ONADOS

Elaboração: Nilo LIMA (2006)

GENS CÉLULAS TECI DOS ÓRGAÕS SI STEMAS ESPÉCI ES POPULAÇÕES COMUNI DADES ECOSSI STEMAS BI OESFERA BI OMAS LI TOESFERA DOMÍ NI OS

MORFOCLI MÁTI COS

HI DROESFERA ATMOESFERA PEDOESFERA FI LOESFERA

LEGENDA

NÍ VEL DA BI OPROSPECÇÃO

NÍ VEL DA CONSERVAÇÃO

SUB- NÍ VEL DA CONSERVAÇÃO COM AS CLASSI FI CAÇÕES DE ÁREAS NATURAI S NO BRASI L

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Os conceit os que ‘dividem ’ a esfera t errest re est ão inseridos no m om ent o de const rução de um a periodização, ist o é, caract erizar a diferenciação histórica no sent ido de explicar um a form ação sócioespacial, noção que é relevant e para est a pesquisa que t em ent re seus propósit os discutir um a política territorial específica31. Est e t ipo de recort e exige que expliquem os as m ot ivações das variáveis present es no assunt o da pesquisa e j unt o com isso inferir- lhes a dim ensão política.

Redesenhando aqui brevem ent e o percurso t eórico m et odológico percorrido: t rabalham os com alguns conceitos chaves na abordagem dos lugares propost os na pesquisa. Est es são a Polít ica Pública

( am biental) ; a Polít ica Territ orial com o est rut uradora e et apa da polít ica

pública; o processo de part icipação, pois dim ensão fundam ent al da

política pública no sent ido em que retom a a distinção ent re Est ado, Mercado e Sociedade Civil – e ao m esm o t em po desafia a possibilidade de int erconexão ent re est as t rês últ im as cat egorias porque há desafios ét icos e polít icos propost os no cam inho do que se ent ende por

sust ent abilidade ou base t errit or ial conservacionist a32. As variáveis

31 “ [ ...] As diferenças entre os lugares são o result ado do arranj o espacial dos m odos

de produção particulares. O ‘valor’ de cada local depende dos níveis qualit ativos e quantitativos dos m odos de produção e da m aneira com o eles se com binam . Assim , a organização local da sociedade e do espaço reproduz a ordem int ernacional ( ...) os m odos de produção tornam - se concretos sobre um a base territorial historicam ente determ inada. Dest e pont o de vista, as form as espaciais seriam um a linguagem dos m odos de produção. Daí na sua determ inação geográfica, serem eles seletivos, reforçando desta m aneira a especificidade dos lugares [ ...] ” ( Milton SANTOS, 1979: 14)

32 A política territ orial am bient al específica propost a para a construção de Mosaicos de

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present es no diagram a se configuram ent ão com o dados dos lugares que são explicados e com parados conform e a m ot ivação de suas exist ências. E, é claro, o Diagram a da Biodiversidade significa um pont o de vista exposto que só pode ser organizado pelo fato de ser construído a part ir de referências com as quais se dialoga.

1.3. O Sist em a Nacional de Unidades de Conservação e suas definições de int eresse para a Geografia Política

Não se pret ende aqui fazer um estudo exaust ivo da lei do SNUC, m as pont uarem os e dest acarem os a seguir alguns elem ent os da lei do Sist em a de Unidades de Conservação de interesse m ais específicos da

Ciência Geográfica e dest a pesquisa.

Ent endem os que o SNUC part iculariza o que aqui delim itam os com o relação ent re a geografia polít ica e o m eio am bient e. É expresso na lei do Sistem a33 que est e se configura com o o conj unt o das unidades de conservação em t odos os níveis de governo exist ent es no Territ ório Brasileiro. As unidades de conservação, por sua vez, são definidas com o

do desenvolvim ento de cadeias produt ivas de base conservacionista, da form ação de um a identidade de gestão do m osaico e do increm ent o do capital social das com unidades que o com põem . Visa gerir os m osaicos de form a a torná- los econom icam ent e sust ent áveis e interessant es para os agentes econôm icos, envolvendo a part icipação das com unidades no processo de elaboração e im plem ent ação do Plano de DTBC E de gestão do m osaico” ( Fundação Nacional do Meio Am biente, 2005)

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“ espaços t errit oriais e seus recursos am bient ais”34 e um a gam a de ações de políticas t erritoriais são t ipificadas a part ir dest a definição:

zoneam ent o; plano de m anej o; zona de am ort ecim ent o; corredores ecológicos; m osaico de unidades de conservação; Desenvolvim ent o Territ orial de Base Conservacionist a ( DTBC) .

O art igo 2º da Lei do SNUC t raz definições sobre as quais farem os alguns destaques:

- Unidades de Conservação: definidas com o espaço t errit orial o

que im plica a dim ensão de soberania e dom ínio; im plica t am bém lim it es

definidos e regim e especial de adm inistração, isto é, adm inistração em m oldes diferentes do rest o do t errit ório nacional. Essa definição, por princípio histórico, significa rearranj os de t er rit orialidade que será um

processo tanto m ais conflitivo quant o m ais densa e apropriada for a área em quest ão.

- Conservação da N a t ureza: que prevê o uso hum ano da natureza adm itindo tant o a preservação e m anutenção da m atéria nat ural com o t am bém a ut ilização sustent ável que se coloca no dom ínio sócio- econôm ico.

- D iversidade Biológica: que com preende as várias qualidades geográficas das porções do t errit ório. Em out ros t erm os a biodiversidade, para o SNUC, significa a variabilidade de organism os

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vivos present es em ecossistem as t errest res, m arinhos, out ros ecossist em as aquát icos e com plexos ecológicos; daí que as Unidades de Conservação se colocam com o espaço t erritorial com adm inistração especial tant o na cont inent alidade com o na m aritim idade.

- Recurso Am bient a l: indica elem ent os da nat ureza ou em out ros t erm os a m at éria nat ural com a qual se t rat a na form a de recursos: “ a at m osfera, as águas int eriores, superficiais e subt errâneas, os est uários, o m ar t errit orial, o solo, o subsolo, os elem ent os da biosfera, a fauna e a flora...” . Na concepção de recursos apresent ada est á indicada t am bém a m ediação social presente que tanto m ais se am plia quant o m ais o conj unto das unidades de conservação m ais se aproxim am da form as t errit oriais de unidades de conservação de uso sust ent ável, bem com o dos corredores ecológicos e m osaicos de unidades de conservação e zonas de am ort ecim ent o. Observam os ainda que o t erm o biosfera est á

lado a lado com o part es que com plem ent am a esfera t errest re alcançada pelo uso hum ano, conform e definim os no Diagram a da Biodiversidade.

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Conservação. Estão tam bém sob o guarda- chuva deste Sistem a zonas de am ort ecim ent o; corredores ecológicos; m osaicos de unidades de conservação nos quais, por definição, aplicam - se as políticas de

preservação.

- Prot eçã o int egra l: que se aplica a Unidades de Conservação em que se prevê a m at éria nat ural livre da int erferência hum ana diret a.

- Conservação in sit u: que se aplica ao nível das espécies sendo

est as consideradas duplam ent e, ist o é, silvest res ou dom esticadas sobre as quais se age em seus m eios naturais de origem ou onde tenham desenvolvidos suas propriedades caract erísticas.

- M anej o: definido com o t odo e qualquer procedim ent o conservacionist a, ist o é, instrum ent alizado por políticas de preservação da biodiversidade e de ecossistem as.

- Uso I ndiret o: que pode ser considerado um a form a de m anej o, ist o é, aquele que não envolve consum o, colet a, dano ou dest ruição dos recursos nat urais;

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- Uso Sust ent ável: que deve m ant er a biodiversidade e os dem ais at ribut os ecológicos, de form a socialm ent e j ust a e econom icam ent e viável; que t raz um a dim ensão sócio- econôm ica m ais am pla que a definição de uso diret o.

- Ext rat ivism o: sist em a de exploração baseado na colet a e extração, de m odo sust ent ável, de recursos nat urais renováveis; que recupera form as tradicionais que hist oricam ent e ocorreram no t errit ório brasileiro m as que, no ent ant o, at ualizam - se à dinâm ica t erritorial com sua dim ensão de Estado, Mercado e Sociedade Civil.

- Zoneam ent o: que se refere à área int erna das Unidades de Conservação ( m as tam bém , em nosso pont o de vista, à Zona de Am ort ecim ent o) no sentido de definição de set ores ou zonas em um a

com obj et ivos de m anej o e norm as específicos, com o propósito de proporcionar os m eios e as condições para que todos os obj et ivos da unidade possam ser alcançados de form a harm ônica e eficaz;

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- Zona de Am ort ecim ent o: o entorno de um a unidade de conservação, onde as at ividades hum anas est ão suj eit as a norm as e restrições específicas, com o propósit o de m inim izar os im pact os negativos sobre a unidade;

- Corredores Ecológicos: Essa definição, t am bém por princípio histórico, significa rear ranj os de t errit orialidade que será um processo

t ant o m ais conflitivo quant o m ais densa e apropriada for a área em quest ão pois são porções de ecossist em as naturais ou sem inat urais, ligando unidades de conservação, que possibilitam ent re elas o fluxo de genes e o m ovim ento da biota, facilit ando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem com o a m anut enção de populações que dem andam para sua sobrevivência áreas com ext ensão m aior do que aquela das unidades individuais.

No que se refere aos obj et ivos ( artigo 4º ) do SNUC pusem os aqui em dest aque e discutim os aqueles que est ão diret am ente relacionados aos interesses desta pesquisa:

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I I - prot eger as espécies am eaçadas de ext inção no âm bit o regional e nacional; porque prevê a prot eção em m ais de um nível de escala do t errit ório brasileiro.

I V - prom over o desenvolvim ent o sust ent ável a part ir dos recursos nat urais; porque reclam a a noção de sust ent abilidade e a relaciona im ediat am ent e com o conceit o de recursos.

V - prom over a ut ilização dos princípios e prát icas de conservação da natureza no processo de desenvolvim ento; porque proj eta a at ualização de concepções do advent o da sociedade am bient al e prát icas

t radicionais à dinâm ica t errit orial com sua dim ensão de Estado, Mercado e Sociedade Civil.

X - proporcionar m eios e incent ivos para atividades de pesquisa científica, est udos e m onit oram ento am bient al; porque apont a para a necessidade de criar m ecanism os de relação ent re o corpo t écnico das Unidades de Conservação e m em bros da sociedade civil organizada.

XI - valorizar econôm ica e socialm ente a diversidade biológica; porque aponta para a dim ensão social da m atéria natural.

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ecológico; principalm ent e porque delim it a e exige definição perm anent e de um a form a específica de prática t urística.

XI I I - prot eger os recursos nat urais necessários à subsistência de populações t radicionais, respeit ando e valorizando seu conhecim ent o e sua cult ura e prom ovendo- as social e econom icam ent e; porque indica, ao SNUC, proj et os e program as de art iculação ent re diferent es set ores da sociedade nacional e m ost ra que os recursos nat urais se relacionam tam bém à subsistência de populações do entorno de Unidades de Conservação, sobre as quais o SNUC tam bém est á responsabilizado.

No que se refere às diret rizes, m encionadas no art igo 5º da lei federal 9.985/ 2000, dest acam os que nos vários it ens do art igo fica assegurada a part icipação da sociedade tanto no est abelecim ent o

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Do pont o de vist a da gest ão das unidades de conservação ( sobret udo os artigos 24, 25, 26, 27, 30 e 32) :

- Que inclui o subsolo e o espaço aéreo com o integrantes dos lim it es das unidades de conservação na condição de influírem na est abilidade do ecossist em a. Aqui há um descom passo geopolítico. Os lim it es territ oriais são um plano35 - um cort e verfical no sent ido aéreo e angular no sent ido do cent ro da t erra - em relação ao t erreno e não um a linha apenas com o se cost um a im aginar. Sendo um plano cort ando a esfera terrestre, inclui além da linha na superfície o subsolo e o espaço aéreo. Se o SNUC define as unidades de conservação com o espaços t errit oriais há um a redundância no art igo 24 do Sist em a que parece revelar inclusive desconhecim ent o do conceit o de lim ite t erritorial. Por out ro lado há vários casos de im pacto sobre áreas prot egidas, em seus ecossist em as, por ações realizadas na superfície de ent orno dessas áreas. Um dos im pact os m ais com uns é a cont am inação e assoream ent o nos corpos d’água principalm ent e quando as cabeceiras de rios estão fora da área das unidades de conservação. Se o ponto fundam ent al do art igo 24 é a m anut enção da est abilidade do ecossist em a das unidades de conservação, est e it em se revela incom pleto e confuso, carecendo revisão.

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- Que excet o as Áreas de Prot eção Am bient al ( APA) e as RPPNs, t odas as outras cat egorias de unidades de conservação devem possuir um a zona de am ort ecim ent o no entorno da unidade cuj os lim ites podem ser definidos at é post eriorm ent e ao at o de criação da unidade de conservação. Essa definição de lim it es, m ais ou m enos indefinida t em poralm ent e, im plica t am bém rearr anj os de t er rit orialidade que será

um processo t ant o m ais conflit ivo quant o m ais densa e apropriada for a área em quest ão. As APAs norm alm ente possuem grandes ext ensões se com paradas a out ras cat egorias de unidades de conservação. Têm sido consideradas com o um a form a de t errit orialidade am bient al m enos rígida quant os aos processos e norm as, e por isso m esm o, norm alm ente carecendo de um aparat o de infra- est rut ura com o sede e funcionários específicos. Poderíam os até ent endê- la com o um a territ orialidade de prim eiro passo em busca do fort alecim ent o no sent ido das definições, obj et ivos, diret rizes e gest ão do SNUC. Muit as vezes as APAs acabam por configurar- se com o zona de am ort ecim ent o para as out ras form as de unidades de conservação m ais est rut uradas36.

Ainda sobre est a quest ão das exceções quanto a im plantação de um a zona de am ort ecim ent o, infere- se que as RPPN` s não possam const ruir tais zonas pelo fato de serem um a cat egoria de unidade de conservação em área part icular e com o t al não pode exercer dom ínio

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t errit orial fora dos lim it es da propriedade. Nem t am pouco se responsabilizar por áreas fora dest e lim it e.

- Quando existir proxim idade ou superposição ent re diferent es cat egorias de unidades de conservação – ou m esm o se forem iguais - a gest ão deve ser feit a a part ir da const rução de um m osaico de unidades

de conservação num cont exto regional.

- Que a abrangência do Plano de Manej o alcança além de internam ente a unidade em questão tam bém sua zona de am ort ecim ent o e os corredores ecológicos relacionados.

- Que do pont o de vista da part icipação, as unidades de

conservação podem ser geridas por organizações da sociedade civil de interesse público ( OSCI P’s) . No Estado de São Paulo, um decreto de 2004 regulam entou esta situação37.

- Que a com unidade cient ífica deve ser cham ada pelos órgãos executores das unidades de conservação para desenvolver pesquisas sobre: fauna, flora, ecologia num a dim ensão geo- física; e pesquisas, num a dim ensão geo- hum ana sobre form as de uso sust ent ável dos recursos nat urais e valorização do conhecim ent o de populações t radicionais - populações não definidas no corpo da lei do Sist em a, diga-se de passagem , por vet o presidencial.

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Há ainda algum as m enções a fazer sobre o SNUC:

- inclusão das Reservas da Biosfera no SNUC ( art igo 41) configurando um a t errit orialidade nacional com clara influência da

ordem am bient al int ernacional.

- a definição ( art igo 49) de que a área de um a unidade de conservação do Grupo de Proteção int egral ( Parque Nacional ou Est adual ou Municipal; Est ação Ecológica; Reserva Biológica; Monum ento Nat ural e Refúgio de Vida Silvest re) é considerada zona r ural para efeit o de

ordenam ent o t erritorial. As zonas de am ort ecim ent o dest as áreas não podem ser transform adas em zona urbana, um a vez definida form alm ent e.

- Que exist e a obrigação da m anut enção de um cadast ro de unidades de conservação por parte do Minist ério do Meio Am bient e e que o text o do art igo 50 do Sist em a define um cont eúdo de dados principais para o cadast ro. Cabe discut ir aqui o cont eúdo inform at ivo do

cadast ro propost o nest e art igo; em referência, por exem plo, à Agenda 2138, a im pact os socioam bient ais e outros. Cabe aqui ainda m encionar que o artigo 51 obriga o Poder Executivo Federal a apresentar relatório bienal de avaliação global das sit uação das unidades de conservação federal do Brasil.

38 “ ... a internalização da Agenda 21 no Brasil padece de um a dram ática falt a de

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TABELA 03:  DESCRI ÇÃO DE ALGUNS TEMAS FOMENTADOS POR PROJETO DA AGÊNCI A  NACI ONAL DE ÁGUAS PARA A BACI A DO RI O SÃO FRANCI SCO

Referências

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