DAS PERÍCIAS
É um meio de prova que consiste em um exame elaborado por pessoa, em regra profissional, dotada de conhecimentos técnicos específicos, acerca de fatos necessários ao deslinde da causa.
Prova pessoal x Subjetividade.
Não vincula o juiz, que pode discordar das conclusões, embora só possa fazê-lo de forma fundamentada (CPP, art. 182)
Requisitos:
Art. 159, CPP;
Súmula 361 do STF: “No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionando, anteriormente, na diligência de apreensão.”
- terá incidência na hipótese de exame realizado por peritos não oficiais, pois se tratando de perícia oficial, bastará o exame de um só perito.
- cuida-se de nulidade relativa. § 7º - perícia complexa.
Determinação das perícias:
Tanto a autoridade policial (CPP, art. 6º , VII) como o juiz podem determiná-las de ofício ou a requerimento das partes.
divergência entre os peritos (CPP, art. 180)
omissões ou falhas nos laudos: somente o juiz. (CPP, art. 181)
no caso de crime de lesões corporais, se o exame visar a demonstração da qualificadora do artigo 129, § 1º , I, do CP, deve-se proceder a novo exame decorrido o prazo de 30 dias.
Do procedimento da perícia:
1º ) Iniciativa: será sempre da autoridade policial, em se tratando de inquérito policial, ou da autoridade judiciária, se a ação for
instaurada.
Art. 159, §3º , CPP.
** princípio da verdade real: após a lei 11.690/2008 passou a autorizar expressamente a indicação de “experts” colaboradores para exercer juízo crítico e oferecer sugestões à perícia oficial, visando esclarecer ou complementar o laudo oficial, nos termos do artigo 181 do CPP .
** não impede que as partes possa recorrer a peritos particulares.
** CPC, art. 422, 2ª parte: os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição.
2º ) Realização: formulação de quesitos.
** Art. 159, § 3º e § 5º I, CPP:
3º) Corporificação: laudo pericial
DO EXAME DE CORPO DE DELITO
Conceito: é o conjunto de vestígios materiais (elementos sensíveis) deixados pela infração penal, ou seja, representa a materialidade do crime.
CORPO DE DELITO ≠ EXAME DE CORPO DE DELITO:
O exame de corpo de delito é um auto em que os peritos descrevem suas observações e se destina a comprovar a existência do delito (CP, art. 13, caput); o corpo de delito é o próprio crime em sua tipicidade.
Exame de corpo de delito DIRETO: é feito sobre o próprio corpo de delito. Ex. homicídio
Exame de corpo de delito INDIRETO: advém de um raciocínio dedutivo sobre um fato narrado por testemunha, sempre que impossível o exame direto.
Indispensabilidade do exame de corpo de delito: (CPP, art. 158, CPP)
Impossibilidade do exame de corpo delito direto em infração que deixa vestígio: Art. 167, CPP: (duas correntes) O juiz poderá considerar suprida a falta do exame de corpo delito pela prova testemunhal, ou seja, pelos depoimentos prestado em audiência quando, desde logo, os vestígios desapareceram; O artigo 167 do CPP não determina que o juiz tome a prova testemunhal como substitutiva do exame de corpo de delito direto, mas de exame pericial indireto elaborado a partir de informes fornecidos pelas testemunhas.
Espécies: Necropsia ou Autopsia - é o exame feito no cadáver. Finalidade. descobrir a “causa mortis”. Emite-se um laudo necroscópico. Exumação - é o desenterramento do cadáver. Peritos: Perito oficial e perito não oficial CPP, art. 277 CPP, art. 278 CP, art. 342
Boletim médico - não vale como laudo, mas é uma prova indireta.
Para iniciar o processo é preciso o Exame de Corpo de Delito ?
Em regra não é preciso. Mas há certos processos que o necessitam. Por exemplo: no caso de entorpecentes não é possível nem lavrar o auto de prisão em flagrante sem o exame de corpo de delito, quanto mais a denúncia. O laudo pode ser feito em qualquer hora e qualquer dia, devendo sempre ser fundamentado. Impedimentos: analfabetos e menores de 21 anos (função pública) art. 280, CPP
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
Conceito:
É o ato pelo qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação que lhe é feita. É ato privativo do juiz e personalíssimo do acusado, possibilitando a este último o exercício da sua defesa, da sua autodefesa. meio de prova e defesa. art. 5º , LV, CF: a defesa técnica e a autodefesa - a defesa técnica é indispensável; - a autodefesa é ato de exclusiva titularidade do acusado, sendo, por isso, perfeitamente renunciável.
Autodefesa ou defesa pessoal: o direito a audiência e o direito de presença. Direito a audiência: possibilidade de o acusado influir sobre a formação do convencimento do juiz mediante o interrogagório; Direito de presença: oportunidade de tomar ele posição, a todo momento, perante as alegações e as provas produzidas, pela imediação como o juiz, as razões e as provas. Força probatória do interrogatório: Art. 5º , LXIII, CF. Característica: meio de defesa (autodefesa). -artigo 185, § 5º , CPP; -artigo, 186, caput, CPP;
Características do Interrogatório É ato personalíssimo; É ato judicial (só o juiz que interroga); É ato oral: exceção mudo. É ato público (mas as partes não interferem (Art. 187)); Ato não preclusivo: podendo ser realizado a qualquer momento. (art. 196, CPP) É um ato individual, ou seja, nenhum co-réu pode ser interrogado na presença do outro; OBS: art. 564, III, e, do CPP.
Se o réu não falar a língua nacional, será nomeado um intérprete. O réu tem direito a entrevista com o seu defensor, antes do interrogatório. É possível o interrogatório por carta precatória. No caso de réu menor, ser-lhe-á nomeado um Curador Especial. O defensor do réu pode ser o seu curador. (Súmula 352 do STF). A falta de nomeação de curador gera apenas uma nulidade relativa, ou seja, deve-se provar prejuízo. Se o menor mentir sobre a sua idade, dizendo ser mais velho, não há nulidade. No caso de índio, se este for aculturado não necessitará de curador, já se for não aculturado, é obrigatório a nomeação de curador.
Interrogatório por videoconferência:
Lei 11.900/09 : passou a autorizar, em situações excepcionais, que o magistrado, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, realize a oitiva do réu preso pelo sistema de vidioconferencia, desde que para atender uma das finalidades previstas no artigo 285, § 2º do CPP.
Silêncio e mentira do réu: Art. 186, CPP
Art. 5º , LXIII, CF (direito de silêncio)
Interrogatório do analfabeto com deficiência de se comunicar (CPP, art. 192, p.unico)
Interrogatório de estrangeiro (CPP, art. 193)
Interrogatório do surdo, mudo e do surdo-e-mudo: (CPP, art. 192, I a III)
DA CONFISSÃO É a admissão do fato imputado. O juiz tem que perguntar qual o motivo da confissão. É um circunstância atenuante.
A confissão pode ser: Judicial: é aquela feita em juízo. Tem valor relativo, assim como todas as provas. Extrajudicial: é aquela feita fora do juízo. Não tem valor nenhum, salvo se ratificada em juízo. Explícita: nesta confissão o réu admite o crime explicitamente. Implícita: é uma confissão presumida, por exemplo, quando o réu repara os danos. Simples: ocorre quando o réu confessa o crime, mas não indica nada em seu benefício. Qualificada: ocorre quando o réu confessa o crime, mas indica algo em sua defesa. Ex.: Confessa, mas alega legítima defesa, estado de necessidade,
Valor probante da confissão: Não é a rainha das provas. Características (art. 200, CPP) Ato personalíssimo; Ato livre e espontâneo; É retratável; É divisível, ou seja, pode-se confessar um fato e negar outro.
Confissão ficta ou presumida: é aquela confissão que se dá quando o réu não contesta os fatos narrados. Não é válida no processo penal, sendo aplicada somente no processo civil. Confissão Delatória: ocorre quando o réu confessa, mas incrimina outras pessoas. É também chamada de Chamamento de Cúmplice.
DO OFENDIDO
Declarações do Ofendido - vítima não é testemunha, não presta depoimento, presta declarações. Se a vítima mente não responde por falso testemunho. O ofendido não presta compromisso. Se a vítima for co-réu, é ela interrogada.
Condução Coercitiva da Vítima: (Art. 201§ 1º , CPP) - é possível.
Valor Probatório: é relativo.
Contraditório: respeita-se o contraditório, ou seja, o advogado tem direito a reperguntas.
TESTEMUNHAS É uma terceira pessoa que depõe sobre um fato. Valor probatório: é relativo. A prova testemunhal pode ser: Direta: ocorre quando a testemunha depõe sobre fatos que viu, presenciou; Indireta: ocorre quando a testemunha depõe sobre fato que ouvir dizer;
A testemunha pode ser: Própria: ocorre quando a testemunha depõe sobre fatos; Imprópria ou Instrumentária: ocorre quando a testemunha depõe sobre um ato do processo. Numerária: é a testemunha que presta compromisso. Entra no número legal possível. São as testemunhas arroladas pelas partes. Extranumerárias: ouvidas por iniciativa do juiz, também compromissadas, as quais foram arroladas alem do número permitido por lei. Informante: é a testemunha que não presta compromisso(são extranumerárias). Referida: é a testemunha que foi mencionada por outra testemunha. São ouvidas como testemunhas do juízo. (art. 209, §1º, CPP)
Características: Judicialidade: quem ouve a testemunha é o juiz; As partes tem direito a reperguntas; Objetividade: a testemunha não pode fazer valoração pessoal; Oralidade: em regra, o depoimento testemunhal é oral. Exceções: Mudo, Presidente da República pode depor por escrito, etc. Retrospectividade: a testemunha só depõe sobre fatos passados; Individualidade: cada testemunha é ouvida separadamente das demais.
Podem ser testemunhas: qualquer pessoa, inclusive o menor, silvícolas, policiais, juizes, promotores, etc. Advogado que presenciou o crime é testemunha, não podendo ser contratado como advogado no processo. Curador do menor pode ser testemunha. Deveres da Testemunha 1) Dever de depor. Exceções: Art. 207: quem tem o dever de guardar segredo não pode depor. Ex.: Advogado, padre, etc. Art. 206: parentes do réu, salvo se não houverem outras testemunhas. Parlamentares: não são obrigados a depor sobre fatos que tomam conhecimento no exercício da profissão.
2) Dever de prestar compromisso e dizer a verdade. Se a testemunha mentir estará cometendo o crime de falso testemunho. Em regra, a testemunha sempre presta compromisso. Exceções: art. 206 - parentes do réu; art. 208 - menor de 14 anos, débio mental, etc. 3) Dever de comparecimento Exceções: Art. 220 - pessoa enferma, ou muito idosa, etc - o juiz vai ouvi-la onde ela estiver. Art. 221 - Presidente da República, Vice-Presidente da República, Governador de Estado, etc. - estas autoridades marcam a hora, local e dia para serem ouvidas. Art. 222 - testemunha que mora fora da comarca. É ouvida através de Carta Precatória. Caso esteja no estrangeiro, é ouvida através de Carta Rogatória. Quando o Tribunal designar a oitiva de testemunha, é através de uma Carta de Ordem.
Quando se expede uma Carta Precatória é imprescindível a intimação das partes. Intima-se da expedição. O juiz fixa o prazo de cumprimento da precatória. A expedição de precatória não suspende o andamento do processo, mesmo que passado o prazo para o cumprimento dela. O juiz pode sentenciar mesmo sem a precatória. A falta de intimação é uma nulidade relativa, devendo a parte provar o prejuízo. Quando uma testemunha regularmente intimada não comparece o juiz pode: - conduzir coercitivamente; - aplicar multa; - cominar o pagamento das diligências a ela; - processo por crime de desobediência.
DO PROCEDIMENTO Momentos relevantes: Identificação da testemunha; Advertência; Perguntas sobre fatos do processo. Se a testemunha se recusar a depor, estará havendo flagrante do crime de desobediência.
Ordem dos Depoimentos:
Primeiro a oitiva das testemunhas da acusação; Segundo a oitiva das testemunhas da defesa. Não pode haver inversão da ordem, caso contrário haverá nulidade relativa. O juiz é passível de correição parcial, pois estará tumultuando o processo.
Número de Testemunhas (de acordo com o tipo de procedimento penal) Momento da Arrolação Acusação: devem as testemunhas ser arroladas na peça de acusação; Defesa: devem ser arroladas na resposta à acusação(defesa prévia) , sob pena de preclusão. O juiz pode ouvir testemunhas não arroladas, as quais são chamadas de testemunhas do juízo. Reinquirição - é possível.
Incidentes Possíveis Contradita (Art. 214); Argüição de Parcialidade (Art. 214); Retirada do réu da sala (Art. 217). Contraditar - é impugnar; pretende-se excluir a testemunha impedida de depor. Procedimento: Contradita-se a testemunha; Oitiva da testemunha; O juiz decide se exclui ou não exclui a testemunha.
Argüição de Parcialidade - se dá quando se alega circunstância que torna a testemunha suspeita de parcialidade. Procedimento: Argüição de parcialidade; Oitiva da testemunha; O juiz sempre ouvirá essa testemunha e dará o valor do seu testemunho.
Retirada do réu da sala - Art. 217 - se dá quando o réu por sua atitude possa influenciar o ânimo da testemunha.
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS Reconhecer é identificar uma pessoa ou coisa. O reconhecimento pode ser policial ou judicial. Reconhecimento policial - Art. 226 e ss. - é válido se ratificado em juízo. Reconhecimento judicial - tem valor relativo. Reconhecimento por fotografia - tem valor relativo. Retrato falado - é meio de investigação e não de reconhecimento. Reconhecimento da voz - é possível. Tem valor relativo. Se dá com freqüência nos crimes contra os costumes, por exemplo no estupro.
DA ACAREAÇÃO Acarear é confrontar, é colocar duas pessoas frente a frente, cara a cara, para que esclareçam divergências relevantes. É sempre entre duas pessoas. Qualquer pessoa pode ser acareada, desde que esteja incluída no processo. A acareação em regra, se dá entre presentes, mas o Art. 230 permite a acareação entre ausentes.
DOS DOCUMENTOS
São escritos, imagens ou sons que possam comprovar um fato. Podem ser escritos (laudo pericial) ou não-escritos (filmagens, fotografias, gravações, etc).
Qual a diferença entre instrumento e documento em sentido estrito ? Resp.: O instrumento é um documento que nasce com a finalidade de comprovar um fato. Ex.: escritura pública, que nasce para comprovar um direito de propriedade. Documento em sentido estrito é o documento que nasce sem a finalidade de comprovar qualquer fato, mas pode por ocasião servir de prova em um processo. Ex.: uma carta particular.
Os documentos podem ser originais ou cópias, sendo que se forem cópias deverão obrigatoriamente estarem autenticados.
Momento de Apresentação dos Documentos - em princípio os documentos podem ser apresentados em qualquer momento. Exceções: Art. 406, § 2º CPP - Art. 475, CPP - Em princípio todo e qualquer documento pode ser juntado ao processo. Exceções: Carta interceptada criminosamente; Provas ilícitas; Provas ilegítimas; Etc.
Requisição Judicial - o juiz pode requisitar documentos de ofício. Documento em língua estrangeira precisa ser traduzido, se necessário. Havendo dúvida sobre letra ou assinatura tratando-se de documento particular, realizar-se-á o exame grafotécnico. Tratando-se de documento público, estes gozam de presunção de veracidade, até que se prove o contrário. Se os documentos já foram juntados aos autos podem ser desentranhados desde que não sejam imprescindíveis ao processo, mas sempre ficará uma cópia no processo.
DOS INCÍDIOS (ou Prova Indiciária, Indireta Ou Circunstancial) Indícios - são circunstâncias provadas que autorizam concluir outras circunstâncias (Art. 239 CPP). É perfeitamente possível a condenação com base em indícios, desde que sejam veementes. DA BUSCA E DA APREENSÃO Buscar é procurar. Apreender é pegar. A busca e a apreensão é possível tanto no Inquérito Policial quanto no Processo. Quem determina ? Tanto a autoridade policial quanto a autoridade judicial. A busca pode ser domiciliar ou pessoal.
Busca Domiciliar É feita numa casa. O conceito de casa está no art. 150 do CP. Carro não é casa. Estabelecimento comercial aberto ao público não é considerado casa. Finalidade - é possível para prender pessoas ou apreender objetos de interesse criminal (Art. 240 CPP). Em regra, documento em poder do advogado do réu não pode ser apreendido, salvo: quando o documento é o corpo de delito do crime. Ex.: escritura falsa. quando o advogado é participante do crime, deixando, portanto, de ser advogado. A busca domiciliar necessita de mandado, ordem judicial. Não é preciso ordem judicial em dois casos específicos: prisão em flagrante; e quando é o próprio juiz que faz a busca.
Delegado de polícia não pode dar essa ordem.
Horário da Busca Domiciliar
Durante o dia (das 06:00 às 18:00 horas); e
Durante à noite, desde que haja ordem judicial e desde que haja o consentimento do morador.
Busca Pessoal É a busca feita em uma pessoa. Possibilidade - somente quando há fundada suspeita de posse de armas ou objeto de interesse criminal. Em regra, quando possível, a busca em mulher deverá ser efetuada por outra mulher. Em regra, é necessário mandado judicial ou ordem policial. Exceções: quando á a própria autoridade que faz a busca; se a pessoa vem a ser presa; durante a busca domiciliar; quando há fundada suspeita de posse de arma.