INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS
AS ATITUDES DO TERAPÊUTA NA TEORIA CENTRADA NA PESSOA
TERESA CRISTINA OTHENTO CORDEIRO CARRETEIRO .
Rio de Janeiro, setembro de 1981
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T/rsop
C315a
C.ENTRO
DE pQS-GRADUAÇÃóEM PSICOLOGIA
INSTITUTO SUPERIOR DE ESTtJOOS
E PESQUISAS
PSICOSSOCIAISFUNDAÇÃd GETtltfb.VARGAS
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INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
AS ATITUDES DO TERAPEuTA NA TEORIA CENTRADA NA PESSOA
por
TEREZA CRISTINA OTHENIO CORVEIRO CARRETEIRO
Dissertação submetida como requisito parcial para ob-tenção do grau de,
MESTRE EM PSICOLOGIA
AGRADECIMENTOS
À Ronald, pelo apoio nos momentos mais críticos.
À Monique Augras, orientadora do estudo, pelo
in-centivo através de suas apreciações e críticas.
À minha "família de trabalho" (Alice, Marcia,
Ma-gale e Rogério), amigos que contribuem na minha "vida profi~
sional" e "de coração".
Ao amigo Hermano, pela ajuda desde a pré-formação
deste trabalho
À Debora e Rita, responsáveis pela datilografia.
À Alexandre e Luciana, simplesmente, por
ALEXANDRE E LUCIANA.
iH
Este trabalho procede a um exame arqueológico das
atitudes terap~uticas ao longo do desenvolvimento da teoria
rogeriana. Estuda-se o processo evolutivo que comp6e o referi do corpo teórico.
Inicialmente, g feita uma breve apresentação de
Carl Rogers, precursor da Abordagen Centrada na Pessoa. São
discorridos aspectos pessoais e profissionais do autor assim
como suas principais cohtribuiç6es no campo da Psicologia cli nica.
A teoria é decomposta em tr~s fases principais: pre
história da empatia, e empatia propriamente dita e da
experi-enciação Cexpe~iencLngr que correspondem a momento históricos
diferentes. Cada capítulo inclui o estudo pormenorizado de c~
da uma dessas fases e a análise é feita em torno de tr~s
va-riáveis principais: teoria da personalidade, processo terap~~
~ico e atitude~ do terapeuta. Ressalta-se, d~ modo especial,
este filtimo tópico. Mostra-se como as posturas e "técnicas" do terapeuta se ampliam paralelamente aos progressos teóricos.
Na filtima fase, a da experienciação, apresentam- se
as contribuiç6es de Eugene Gendlin, que permitem compreender
a abordagem rogeriana numa perspectiva fenomenológica.
Finalizando, faz-se 'uma conclusão onde sao sinteti-zados os marcos mais importantes do estudo, referente às ati-tudes do terapeuta.
This study aims at an areheologieal examination of therapeutieal attitudes in the development of rogerian theory.
A brief presentation of Carl Rogers, the forerunner of the Person Centered Approaeh, is given first, showing his personal and professional aspeets and his main eontributions to Psyehology as well.
The theory is divided in three phases: pre-history
of empathy, empathy and experieneing, eaeh phase eorresponding to different historieal moments.
Eaeh ehapter ineludes a detailed study of eaeh phase and.the analysis is õased on three main variables: personality theory, therapeutieal proeess and therapist's attitudes. Speeial emphais is is gi ven to the lat ter by showing how these a tti tutes and " teehniques" of the therapist broaden paralel to the
theoretieal progresso
Eugene Gendlin's eontributions are presented in the
last phase, that of.experieneing, allowing an understanding of the rogerian approaeh from a phenomenologieal viewpoint.
A conelusion gives the more important points with relation to the therapist's attitudes.
Agradecimentos --- iii
Resumo --- iv
Summary --- v
INTRODUCÃO CAPITULO I: PRINCIPAIS ASPECTOS DA VIDA E OBRA DE ROGERS 1. Rogers e o Pensament~ Existencial Humanista --- 03
2. Dados Pessoais e Desenvolvimento Profissional --- 04
3. Slntese o CapItulo --- 1 .. d .. 2
CAP!TULO 11: A PR~ HISTdRIA DA EMPATIA 1. Definição de Psicoterapia e Consulta Psicológica --- 15
2. O Processo Terapeutico e Suas Fases --- 18
3. Restrições e Limites da Psicoterapia --- 21
4. As Atitudes ~erapeuticas Diretivas e ~ão Diretivas --- 23
5. O Alcance do Termo Não Diretivo ---28
6. Principais Aspectos do Capítulo --- 29
CAP!TULO 111: A FASE DA EMPATIA PROPRlk\IE~TE DITA 1. A Universalidade da Tendência·à Atualização --- 33
2. A Relação da ~endncia Atualizante com as Atitudes Psicoterapeuticas ---~--- 37
3. A Teoria da Personalidade --- 43
4. Desenvolvimento do Processo Terapeutico --- 51
1 . O C oncel o . t d e fiE xperlenclaçao ---". " - " 58
2. Reformulação no Conceito de Congruência --- 60
3. A Teoria da Mudança da Personalidade --- 62
4. As Atividades do Terapeuta --- 67
5. O Processo Terapeutico --- 72
6. A Tendência
ã
Atualização e o Processo Criativo --- 77CONCLUSÃO --- 79
A obra de Carl Rogers, ou mais precisamente a
Teo-ria Centrada na Pessoa é bastante popular, mas pouco estudada.
A maioria dos. psicólogos ou profissionais ligados à Psicolo
-gia, quando criticam ou apoiam esta abordagem referem-se
so-mente a uma pequena parte da mesma, não tendo uma visão exten
sa de teoria em questão.
Este trab~lho surge com um duplo objetivo. O princ!
paI é poder trilhar a "história do psicoterapeuta" centrado
na pessoa, estudando seu papel e atitudes durante o processo
psicoterápico. O segundo ponto refere-se ao exame da teoria ,
visto que, o estudo do desenvolvimento das atitudes terapeut!
cas só tem sentido se, concomitantemente, também, forem
estu-dados as mudanças que ocorrem em seu corpo te~rico.
Rogers na década de 60 ao teorizar sobre as condi
-çoes que contribuiram para o crescimento do indivíduo, na
re-lação terapeutica, não referia-se somente à dimensão, estrit~
mente, de ajuda psicoterápica. Estava, também, espandindo
es-tas "condições facilitadoras" para o campo das relações
so-ciais. Pode-se, neste sentido, afirmar que a teoria Rogeriana,
além de desempenhar papel relevante na prática psicoterápica,
tem, ainda, fundamental importância na profilaxia dos "desa
-justes". Razão que corrobora a escolha do tema no referido tra
Este estudo descreve e aprecia os marcos primor
diais da abordagem Rogeriana. Procede-se a anilise dos tr~s
perfodos que comp6e a dimensão te6rica. No primeiro
(Pr6-his-t6rio da E~IPATIA) analisam-se as principais atitudes do
tera-peuta, do cliente e aS "mudanças" que ocorrem com este
duran-te o trabalho duran-terapeutico. São, tamb6m, discutidos os
concei-tos de psicoterapia' e aconselhamento.
Na etapa intermediária (El\IPATIA PROPRIAl\IE:JTE
DI-TA), estuda-se o conceito de self, a teoria da personalidade
e as principais atitudes do terapeuta.
:Jo Gltimo periodo sao analisadas as contriblliç6es
de Eugene Gendlin sobre a "Experienciação" e apresentados as
re~ormulaç6es te6ricas e práticas que sofre a abordagem.
~o capitulo final do trabalho apresenta-se as pri~
cipais caracteristicas da atitude terapeutica, desde sua
CAPrTULO I: PRÜJCIPAI S ASPECTOS "DA "IDA E OBRA DE RO.GERS
1. ROGERS E O PEi'\SAt-lENTO EX I STENC IAL HU~JAN I ST A
Carl Rogers, psic6logo norte americano, nascido em
Chicago em 1902, "insere-se na corrente de pensamento
humanís-tico por acreditar na capacidade construtiva do ser humano no
desenvolvimento de sua vida e enfatizar o carater único e
to-tal de cada individuo. Sua crença na pessoa humana leva-o a
escrever:
Quanto ma-t.6 tJtaba.e.ho com a.6 peé.6 oa.6, tanto na te.fLa
p-ta -tnd-tv-tdua.e. como no.6 gJtupO.6 de. encontJt~, ma-t~
Jte..6pe-tto te.nho pe.e.o homem, pe.e.o .6e.u va.e.oJt e. d-tgn-t
dade. de pe.6.66a humana. E.6.6e. va.e.oJt que. v-tm a atJt-t~
bU-tfL ao .6e.Jt humano
i
a.e.go que. bJtota fLe.a.e.me.nte. dam-tnha e.xpeJt-t~nc-ta. N~o comece.-t com t~o a.e.ta con.6-t
de.Jtaç.~o pe..e.a pe..6.6oa humana. (Evan.6, R., 7979:931-:
o
desenvolvimento de suas concepçoes teóriçasali-cerça-se, taillbgm, em valores salientados pelas correntes de
pensamento existencialista. Acredita que o movimento de
auto-realização comporta um crescente grau de compromisso do
indi-víduo em relação as suas escolhas.
o
discurso Rogeriano nao destaca movimentos dede-sespero e angustia, face ao ato de escolher, tal corno
correntes de pensamento existencial francesas.
a v-t.6~O do homem, no eX~.6tenc-ta.e.-t.6mo
ameJt-tca-no
ê
c.e.aJtamente pO.6-tt-tva e aZ me co.e.oco .6emdúv-t-da a.e.guma. Acho que e.6ta v-t.6~O pO.6-ttiva pode .6eJt
atJt-tbu-tda, ta.e.vez, ao 6ato de te.Jtmo.6 .6-tdo mt.6
a-óoJttunado.6 na v-tda. N~o 6omo.6 vZt-tma.6 d-tJteta.6 de
na conhecenm06 o de6espeno. E5tou cento de Que
6a
tone~ cuttunai~ útten6e.ne.m" nL~,~o. (Evan6, R. 1979:
9 1 ) •
Segundo Maddi (Maddi, S. 1972), a abordagem Roge
-riana situa-se no modelo do preenchimento, na visão de atuali
zação, isto porque .postula uma força bisica de
desenvolvimen-to no homem, a qual esti sempre em constante desdobramendesenvolvimen-to no
decorrer da vida.
2. DADOS PESSOAIS E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
Rogers descende de uma família protestante, com
valores muito rígidos, onde eram proibidos divertimentos como
festas e jogos.
Seus pais valorizavam excessivamente o trabalho e
criaram os filhos dentro desta atmosfera. O autor relata
(Ro-gers, C. 1961) te-r se tornado uma criança solitiria que
dedi-cava seu lazer à leitura.
AtE seus vinte anos pensa serem os protestante pe~
soas diferentes. Acreditava rio protestantismo como a finica re
1igião "certa". Mas uma viagem que fez à China em 1922,
levou-o a mlevou-odificar seus vallevou-ores passandlevou-o à acreditar que não
exis-te uma finica crença "correta".
Emancipei-me peta pnimeina vez da atitude netigio
~a de meu~ pai6 e vi Que jã.nao 06 podia 6eguin ~
E6ta independencia de pen6amento pnovocou um gnan
ma.6 v.üta6 a.~ c.o;'.5a~ li d;'~tânc.[a, c.ompJte.e.nd;' que 60;' ne.6.6e momento, mai6 do que em qualqueJt outJto, que me .toJtYle;' uma pe.6.6oa ;'i1depeYldel1te. (RogeJt6 ,
C.1961:191.
Aos doze anos sua família mudou-se para o campo
onde seus pais adquiriram uma fazenda. Uma das razoes que
le-vou-os a esta mudança foi o intento de afastar os filhos das
"tentações" urbanas.
No campo, Rogers interessa-se por zoologia e
botâ-nica, ciências que passou a estudar e pesquisar. O autor
pen-sa terem sido estes estudos que despertaram seu interesse
pe-la atividade científica, o qual o acompanhari ao longo de seu
desenvolvimento teórico.
Seus estudos universitirios, inicialmente, foram
feitos no "Union Theological Seminary", nesta ocasião
tensio-nava tornar-s~ pastor. Após ter cursado este Seminirio por
dois anos, desistiu de dedicar-se ã religião, pois sentia que
suas escolhas deveriam ser guia~as por si próprio e não por
uma crença religiosa.
TOJtYlava-.6e paJt~ m~m algo de hoJtJtZvel teJt de pJt06e6
.6aJt um c.eJtto YlumeJto de c.Jtença.6 paJta me podeJt man ~ teJt na pJt06;'.6.6ão. Eu queJtia enc.ontJtaJt um c.ampo no qual pude.6.6 e e.6taJt .6 egu.Jto de que. m;'nho. l;'b eJtdade
de pen.6amento não .606JteJt.ta Jte.6tJt;'çõe.6. (RogeJt.6, C.
1961: 201.
Ao sair do Seminário transferiu-se para a Universi
dade de Columbia, vindo a sofrer influências da filosofia
hu-manistica de John Dewey. Na prática seu interesse voltou- se
Seu trabalho inicial como psicólogo clínico teve
lugar no "Rochester Guidance Center", o qual dirigiu por dez
anos. Este órgão cuidava de crianças e adolescentes
delinquen-tes, desprovidos de família ou recursos materiais. Na etapa
preliminar deste trabalho, o autor sofria forte influ~ncia de
concepçoes freudianas. A postura terapeutica que então adotava
era a do profiss ional que "conhece" o que acontece com o cl ien
te. Mas esta atitude lhe trouxe v&rios questionamentos devido
a insatisfações e fracassos que alguns casos de clientes lhe
trouxeram, levando-o a compreender:
... que, pana 6azen algo mai~ do que demon~tnan a
minha pn5pnia elanivideneia e a minha ~abedonia, o
melhon ena deixan ao paciente a dineç~o do movimen
:to no pnoc.e.6~o :tenapeu:tic.o. (Rogen.6, C.
1961:231.-A partir deste momento passa a formular posições
teóricas mais desvinculadas de escolas terapeuticas. Começa a
interessar-se por teóricos da psicologia do ego, os quais enf~
tizam a importância da "auto-imagem" no desenvolvimento do com
portamento. Entre es~es autores encontram-se Goldstein e
Sul1ivan.
Influencia-se também pelas idéias de Otto Rank, so
bretudo as concernentes à "relaç'ão terap~utica". Rank distan
-ciando-se do freudismo cl&ssico, focaliza a importância da
si-tuação presente, não se preocupando em interpretar as relações
passadas. Rogers, corrobora as idéias de Rank quando
compreende a relação psicoterapeutica como uma experiência compreende cresci
-mento.
7 •
1940), quando então resolve aceitar um convite da Universidade
de Ohio para lecionar, com dedicação exclusiva. Pensa que esta
oportunidade irá deixá-lo no desenvolvimento de suas
ativida-des teóricas. Já havia publicado seu primeiro livro em 1939.
"O Tratamento Clínico da Criança - Problema" (Rogers, C. 1980),
no qual descreve seu trabalho e idéias dos anos que permaneceu
em Rochester.
Rogers fixou-se cinco anos em Ohio (1940-1945) e
escreveu seu segundo livro: "Aconselhamento e Consulta Psicoló
gica" (Rogers, ·C. 1974), no qual começa a delinear as bases de
sua teoria psicoterapeutica.
Em Ohio ministra cursos dedicados à formação do
psicoterapeuta, nos quais objetivava propiciar aos alunos trei
namento teórico e prático usando pará este fim recursos de
en-trevistas gravadas, as quais, posteriormente, seriam
analisadas e supervisionaanalisadas. Foi o primeiro psicoterapeuta a desen
-volver esta atividade. Sobre a questão, escreve:
Não conheço melhoh maneiha de· combinah a aphendiza
gem vi~cehal pho6unda com a~ aphendizagen~ ~eóhi ~
ca~ e cogni~iva~ mai~ ab~~ha~a~, alem do~ ~hê~ pa~
~o~ que mencionei: viveh ~o~almen~e a expehiência~
heouvZ-la de 60hma vivencial-cognitiva, e e~tudâ
-la mai~ uma vez, ~endo em vi~ta toda~ a~ pi~ta~ ~n
~elec~uai~. (Rogeh~, C. 1978:40).
Percebe-se pela compreensao do texto que o autor ,
para efeito de aprendizagem do psicoterapeuta, recomenda um
desdobramento da experiência em cognição e vivencia, coincidig
do o momento da psicoterapia com o encontro destes dois polos
Terminada a etapa em Ohio, Rogers tranfere-se para
a Universidade dê OYicago para ens'inar psicologia e montar um
Centro de Aconselhamento. Considera os anos aí passados
(1945-1957) os mais prósperos de sua vida, a nível de construção teó
rica. Neste período escreve "Terapia Centrada no Paciente" (R~
gers, C. 1974). A hipótese central de seu trabalho continuase~
do que não se pode "ensinar" diretamente a ninguém, mas sim
a-judar na faci1itagão da aprendizagem do outro. Esta hipótese é
tanto válida para psicoterapia como para a educação. Como
pro-fessor, Rogers dividia os alunos em vàrios pequenos grupos, de
modo que pudesse conhecer mais cada aluno e ajudar a
desenvol-ver um clima de liberdade na sala de aula.
Foi em Chicago que Rogers pela primeira vez entrou
em contato com as idéias de Kierkegaard e Buber, e sentiu
ha-ver entre este~ e ele, grande identidade de pensamento. Ressa!
ta as idéias de Buber ao salientar a importância do encon
-tro "Eu-tu", tão propagado pelo filósofo existencialista. Pe~
sa que a relação terapeutica situase nesta dimensão existen
-cial. O terapeuta ajuda ainda, o cliente a "ser ele próprio" ,
a desenvolver suas potencialidades, tornando-se cada vez mais
"aquilo que ele realmente é". Esta enfase no processo de "ser",
Rogers encontra apoio nas idéias de Kierkegaard.
Foi também em sua permanencia em Chicago, que veio
a submeter-se a psicoterapia.
Ap~endi que pode~ia eon6ia~ não ~ã no~ eliente~ ,
na equipe, no~ aluno~, ma~ também em mim me~mo ...
Não 60i uma lição 6âeil, ma~ ext~emam~nte valio~a
Conv~m notar que na etapa de sua vida onde Rogers
diz ,ter sido a mais fecunda teoricamente coincide, ser um pe
-ríodo de grande aprimoramento pessoal. Talvez, possa-se dizer
que a realização que sentiu nesta ~poca deva-se a uma busca
mais globalizante, tanto no sentido pessoal como profissional.
Os anos que se seguem'at~ 1963, Rogers passa a tr~
balhar na "Universidade de Wisconsin". Inicialmente seu
traba-lho tinha carater temporário, mas acaba sendo convidado de for
ma permanente. Rogers, como não queria deixar a Universidadede
Ohio, fez várias exigencias, que na ~poca considerava
impossí-veis de serem aceitas, tais como: trabalhar com psicólogos e
psiquiátras, participando da formação dos mesmos e fazer psic~
terapia e pesquisas com sujeitos normais ,e psicóticos.Para sua
surpresa, a Universidade mostrou-se favorável as suas
condi-çoes. Neste, período, junto 'com outros autores publica uma obra
sobre' esquizofrênicos hospi talizados, "Rela t ionship and i ts
impact: A study of psychotherapy with. Schizophrenics". CRogers
Ced.), 1967).
Foi ainda nesta etapa que publicou "Tornar-se
pes-soa", CRogers, C. 1961) um de seus livros mais conhecidos.
Es-te exemplar ~ composto de uma coletânea de artigos, escritos no
período de 1951/1961, proferidos em conferências ou publicados
em revistas especializadas. No livro Rogers reconhece que o te
rapeuta deve estar presente "como pessoa" para que o relaciona
mento terapeutico seja eficaz.
À partir de 1964 _ até os dias a.tuais, transfere- se
para La Jol1a, California, e a'bandona a vida universitária. Suas
pretensões em relação
a
psicologia clfnica tornam-se distintasdas anteriores e dedica-se ao trabalho com pessoa5 "normais",
principalmente em experiências de grupos. Estas experiênciasd~
nomina de "grupos de encontro", os quais tem por objetivo
pro-piciar uma experiencia intensiva em grupo,durante um período
de tempo previamente determinado. Para Wood, "0 adve.nto do g,'t~
po de. e.ncontJl.O tottnou pouco p0-6-61vel 6aze.tt uma d-i-6t-inção ptte..c;{
-6a e.nttte. "Te.ttap-ia"- e. "Ctte.-6c-ime.nto",,(l~(tIood, J. 1980:41.
Nos anos 70, Rogers e outros terapeutas de orient~
çao centrada na pessoa, começaram a trabalhar com grupos
bas-tantes numerosos, os quais são chamados de "Workshop". Inicial
mente estes grupos eram compostos de cinquenta a cem pessoas
e tinham finalidade de treinar facilitadores(2) de grupos,
se-guindo um programa previamente elaborado pela equipe
organiza-dora. Com o passar do tempo, estes grupos passaram a ser menos
estruturados pelos profissionais organizadores, passando os
participantes, cada vez mais a serem responsáveis pela
progra-mação dos mesmos.
Rogers acredita que as condições capazes de favor~
cer o processo de crescimento do indivíduo são as mesmas que
auxiliam no processo de grupo, tanto terapeutico, tomo educa
-cional ou comunitário, daí sua enfase atual no trabalho com
grandes grupos.
(1) ••• the adve.nt 06 the encountett gttoup -it wa-6 no longe.tt
pO-6--6-ible to make a -6hattp d-i-6t-inct-ion be.twe.en "the.ttapy" and "gttowth".
(2) Nota do autott: - palavtta tttaduz-ida dO-6 textO-6 de Rogett6
-"6ac-il-itatott-6". E-6p~c-ie de. P-6-icote.ttapeuta de gttupo. Aquele que
aux-il-ia na 6oJtmação de um "cl-ima de gttupo", onde. 0-6 paJtt-ic-ipan
A Obra Rogeriana encontra grande repercussao na
irea Educacional. Sobre este tema escreve o livro "Liberdade
para Aprender" (Rogers, C. 1973). O autor considera que o
pro-fessor deva ser o facilitador da experi~ncia do aluno,
auxili-ando-o no desenvolvimento do seu processo de aprendizagem. As
metodologias que cada professor encontra na facilitação do
en-sino são distintas: Mas, Rogers acredita que elas são fecundas
quando se pautam na confiança pelo aluno. Ou seja, reconhece a
capacidade do "aprendiz" de escolher, desenvolver e aprimorar
as aprendizagens que lhe são significativas, isto ~, as que t~m
influ~ncia expressiva sobre seu comportamento.
Rogers afirma que os mesmos princípios facilitado
res da psicoterapia tamb~m o são para a atividade pedagógica .
Comentando sobre o processo de aprendizagem escreve:
A apfLe.ndizage.m au-to-ú1ic.iada que. e.nvolve. -toda 'a pe.~
60a do apfLe.ndiz - 6e.U6 6e.n-time.n-to6 -tan-to quan-to 6ua
in-te.ligê.nc.ia - e: a mai.6 dUfLáve.l e. impfLe.gnan-te..
Ve..6-c.obfLimo6 i660 e.m P6ic.o-te.fLapia, onde. a apfLe.ndizage.m
mai6 e.6ic.az e: a da pe.66oa que. .6e. de.ixa e.nvolve.fL, -to
-talme.nte., pOfL 6i me.6ma. (Roge.fL6, C. 1973: 158).
O autor nos dias atuais vive em La Jolla e vem
uni-camente se dedicando a escrever e a facilitação de grupos comu
nitários. Em seu recente livro "Sobre o Poder Pessoal"(Rogers,
1978) enfoca seu interesse pela política. Estuda este tema em
relação
à
virias "instituições" tais como, família, casamento,educação e mostra a aplicabilidade da "filosofia" centrada na
pessoa a estas áreas.
como o sistema social "pensa" o indivíduo e afirma que a ten
-dencia a atualização contraria a maneira como se estrutura a
'sociedade. Comenta:
N0440 4i4tema educacional, no~~a~ o~ganizaç~e4
in-du~t~iai~ e milita~e4 e muito~ out~o~ a4pecto~ de
no~~a cultu~a a~~umem o ponto de vi4ta de que a na
tu~eza do indivZduo é tal que não ~e pode conóia~
nele - ele deve ~e~ guiado, in4thuZdo, ~ecompen~a
do, punido po~ aquele4 que 4ão mai~ ~~bio~ ou
po~-4uem ~tatu~ ~upe~io~ . ... Po~tanto, a ~imple~ de~
c~i.ção da p~emi~~a óundamelltal da te~apia cent~ada
-no-cliente 4ignióica óaze~-~e uma aói~mação
polZ-tica conte~tado~a. (Roge~~, C. 1978:18).
3. SINTESE DO CAPITULO
Pode-se concluir pela leitura qeste capítulo que a
vida e obra de Carl Rogers situam-se num contínuo de maior a
menor estruturação e direçãó.
No início de sua vida foi muito influenciado por va
lores pr~-estabelecidos, tais como os ditados por seus pais e
pela religião, mas passa paulatinamente a modificar-se nesses
aspectos. Percebe que a eficácia ou não de um "valor" nao
pro-vem do exterior, mas ~ legitimada pela experiência de cada
in-divíduo.
O mesmo ocorre em sua vida profissional. Nas
eta-pas preliminares de seu trabalho supunha que conhecimentos
so-bre o psiquismo do indivíduo, enquanto·esp~cie, o levaria a
a-judar seus clientes. Mas, vem a aprender a importância de
com-preender-se a particularidade de cada pessoa. Esta mudança
por menos abstrações e mais pessoalidade. O mesmo ~ notado em
relação aos livros que o autor es~reve. Nos dois primeiros, to
dos os relatos são feitos num tom impessoal, nos
passam a ser feitos em primeira pessoa.
posteriores
Houveram tamb~m mudanças na escolha do cliente com
quem trabalhar. O trabalho psicoteripico de Rogers
inicialmen-te era feito com clieninicialmen-tes individuais, posinicialmen-teriormeninicialmen-te com
gru-pos terapeuticos e atualmente com' grugru-pos comunitirios. Nota-se
que houve uma ampliação do conceito "terapeutico". No inicio,
quem frequentava um "setting" terapeutico era o cliente ou
se-ja o que precisava de ajuda. E quem ajudava era o terapeuta. A
tualmente com o surgimento dos grupos o poder de ajuda não e
mais centralizado no terapeuta, mas no grupo, neste sentido ca
da pessoa é faci1itadora do seu crescimento e do grupo. A mu
-dança do vocibu10 "terapeuta de grupo" para "facilitador de
grupo" contém u~a descentralização de "poder"'. Acr·edita que e
o grupo que tem o poder da mudança, sendo que cabe ao facilita
dor ajudar no "aparecimento" deste poder.
A abordagem centrada na pessoa, no que se refere a
psicoterapia, sofre modificações e evoluções que sao bastante
evidenciadas, principalmente, nas três obras a saber: "Psicote
rapia e Consulta Psicológica" (Rogers, 1974); "Terapia
Centra-da no Paciente" (Rogers, 1974) e "Tornar-se Pessoa" ( Rogers ,
1961). Cada uma destas obras referem-se a diferentes estigios
do pensamento Rogeriano, denominadas respectivamente, de
INSIGHT; CONGRUENCIA e EXPERIENCIAÇÁO. O presente trabalho
CAP!TULO 11: A PRl1 HISTCRIA DA EHPATIA
Este capítulo analisa a principal obra de Rogers,
que aborda os prim6rdios da construç~o te6rica Centrada na Pes
~
·soa voltada para a psicoterapia. Esta etapa e frequentemente
chamada de N~a-Diretiva ou do Insight e tem como fundamental
publicaç~o o livro "Psicoterapia e Consulta Psico16gica"
(Ro-gers, C. 1974). La Puente,ao referir-se a este período,
comen-ta:
P4e~temo~ atenç~o que ne~te momento Roge~~ n~o no~
p40põe uma "teo~ia", c.omo na~ã na etapa po~te~io~,
O que ele p~etende naze~ dU4ante e~te~ ano~ ~ ~e
-6l eti4 ~ o b~e o~ n ato!) po~ ele o b~ e~vado de "uma
60~ma um tanto ~impli6ic.ada", ba~tante te~~a a te~
4a, ~em 6aze~ eluc.ub~açõe6, ma~ ao c.ont~ã~io, 6~
mantendo o mai6 p~õximo po~~Zvel da ta~ena te~apeu
tic.a.U) lLa PiLente, M., 1970:97l,"
-.~_._.-
--dt
.
Antes da publicaç~o acima referida, o autor jáha-via editado a obra "O Tratamento Clínico da Criança-Problema '1
(Rogers·,"" C:--r979), na qual re1ata sua expeTlencia com crianças
e principalmente adolescentes, na época em que trabalhou no
"Rochester Guidance Center". Sua principal tarefa consistia em
manipular as condições em que os c1ientes~viam, objetivando
melhorar seus aj ustamentos. Procedia, a um di,:?
nôstico da situaç~o da criança e à partir olvia um
plano de tratamento, o qual incluia vária~ ireas de atuação
(lJ"Rema~quon6 qu'~ c.e moment-l~ Roge~6 ne nOU6 p~op06e pa6
une "th~otUe"., c.omme i l l e ne~a dan6 l'~tape 6uivante. Ce qu'
il entend 6ai4e pendant c.e6 ann~e6, c.~e6t ~~nl~c.hi~ 6U4 le6
6ait6 ob6e4v~6 "in ~omewhat ove46impli6ed 604m", t4ê.6 te44e ã.
te44e, 6an6 6ai4e d'~luc.ub4ation6, mai~ tout au c.ont4ai4e, en
~e maintenat le plu~ p4ê.~ pOfj6ible de l'ent4etien th~4apeuti
tais como, escola, família, instituições, onde a criança
esti-vesse morando. Posteriormente o próprio autor critica este
pe-ríodo de sua produção teórica, dizendo:
Realizei e~tudo~ diagn~~tico~ de c~ia"ça~ e
elabo-~ei ~ecomendaç~e~ pa~a o t~atamento de ~eu~ p~obl!
ma~; em 1928, de~envolvi um i"vent~~io pa~a a
ava-liaç~o do mundo inte~io~ da c~iança, que - VeU6 me
pe~doe - continua a ~e~ vendido ao~ milha~e~.
(Ro-9 e~~, C. 1 9 7 7 : 2 9 ) •
Atribuimos, principalmente, a dois fatores as
cri-ticas que o autor faz a este período. Primeiro, ele procura e~
contrar uma gama bastante variada de recursos terapeuticos mul
to dos quais irá criticar mais tarde, devido à estrutura de PQ
der que eles contêm. O segundo é relativo à atitude
terapeuti-ca se basear numa postura diagnóstiterapeuti-ca, o que posteriormente f~
rá críticas acirradas por achar que "~omeHte o cliente
é.
capazde adqui~i~ um conhecimento completo da dinamica de ~eu compo~
tamento e de ~ua pe~cepç~o". (Roge~~, C. e Kinget, 1975, voi.
2:212).
1. PEFINIÇÃO DE PSICOTERAPIA E CONSULTA PSICOL6GICA
Ainda hoje, encontram-se autores e leigos, que
de-nominam e restringem a obra Rogeriana como consulta ou
aconse-lhamento psicológico, retirando-lhe, muitas vezes, a vertente
psicoterápica.
O vocábulo "aconselhamento" em linguagem
ofere-16.
ce ao aconselhando, corise1hos e definiç6es, o que como se
de-preenderá é imcompatíve1 com a orientação rogeriana.
Convém lembrar que os termos Aconselhamento ou Con
su1ta sao traduzido do inglês da palavra "counse1ing" que
pro-vém do verbo "to counsel" cuja tradução é tanto prestar consul
ta como aconselhar. Verifica-se qUe a palavra "counse1ing"
es-colhida pelo autor para delimitar o que é aconselhamento, pre~
ta-se a partir de sua definição a ambiguidades semãnticas, mas
estas serão'esclarecidas dentro da obra rogeriana na própria
apresentação teórica. Concluise, portanto, que os que criti
-cam a ,abordagem rogeriana referindo-se a aconselhamento como
sendo diretivo e superficial, estariam, provavelmente, enfoca~
do à acepção semãntica e não teórica, o que mostra um
conheci-mento pouco profundo do tema em questão.
o
autor faz as seguintes definiç6es com relação aaconselhamento e consulta psicológica:
Exi~~em mui~a~ de~ig~açõe~ que ~e podem apli~a~ a
e~~e~ p~o~e~~o~ de e~~~evi~~a~. Podem de~ig~a~- ~e
a~~avê~ de urna exp~e~~ão ~imple~ e de~~~i~iva ~omo
"e~~~evi~~a~ de ~~a~ame~~o~". Com mui~a 6~eque~~ia
~ã.o ~hamada~ "~on~ul~a~ p~i~olõgi~a~", exp~e~~ão a
que ~e ~e~o~~e ~ada vez mai~, e~pe~ialme~~e ~o~
meio~ pedagõgi~o~. Tai~ ~o~~a~o~, a~ende~do ~ ~ua
6i~alidade ~u~a~iva e ~e~upe~ado~a, podem de~ig~a~
~e ~omo p~i~o~e~apia, ~e~mo mai~ 6~eque~~eme~~e
u-~ilizado pelo~ a~~i~~e~~e~~o~iai~, p~icõlogo~ e
p~iquiã~~a~ clZ~ico~. No~ capZ~ulo~ ~eguin~e~ pode
mo~ u~a~ e~~a~ exp~e~~õe~ mai~ ou me~o~ ~omo ~i~o~
~imo~, poi~ ~oda~ pa~e~em ~e6e~i~ o me~mo mê~odo de
ba~e - uma ~ê~ie de co~~a~o~ di~e~o~ com o i~divZ
duo, com o obje~ivo de lhe o6e~ece~ a~~i~~ê~cia na
al~e~açã.o da~ ~ ua~ a~i~ude~ e compo~~ame~~o~.
(Ro-g e~~, C. 1974: 1 5 ) • '
fere-se ao processo psi~oteripico. e a expressa0 consulta psico
lógica enfoca os virios momentos que permeiam este processo ,
sendo portanto temporal a distinção entre os dois termos. Um ,
consulta psicológica, tem carater mais estitico e o outro, psi
coterapia, dimensão mais dinâmica.
à duas denominações, psicoterapia e entrevista de
aconselhamento, o autor chama de método de tratamento direto,
isto é, quando existe um contato direto entre psicoterapeuta e
cliente e a relação psicoterapêutica vai favorecer mudanças no
cliente.
.Em paralelo i este método o autor descreve também
os métodos que denomina indireto ou de tratamento pelo
ambien-te, os quais define como:
Metodo~ de ajuda4 o~ indivZduo~ que ~e eneont4am em
dióieu.tdade~ - p4ob.tema.6 de eompo4tame.nto, 64aea.6
-.60.6, pe4tu4óaçõe.~ emoeionai~, neU40.6e..6, de.tinquên
-eia, inóe.tieidade eonjuga.t . ... são inÚme4a.6 a.6 &04
ma.6 que. e.6te. t4atamento pode a.6.6Umi4. Pode ine.tui~
todo.6 0.6 meio.6 pO.6~Zvei.6 pe.to~ quai.6 o ambiente
SZ-.6ico e p.6ieo.tôgieo do indivZduo o pode .teva4 a uma
adaptação ~ati.66atô4ia. Pa4a um .6e4á o inte4namento
numa ea~a de 4epOU.60, pa4a out40 a mudança de e~eo
.ta ou ainda a t4an.6óe4êneia de um ~e4viço indu~~a.t
pa4a out40, enquanto que pa4a uma e4iança pode
im-p.tiea4 ti4á-.ta ã óamZ.tia e ·eo.toeá-.ta num .ta4 ou nau
t4a l..n.6t1..tu..1..ção. (Roge4.6, C., 1974: 25).
Nestes tipos de tratamento a caracteristica princi
paI é a nao participação do cliente em relação a mudanças, ini
cialmente do ambiente físico. Acredita-se que modificações
am-bientais propiciarão melhor adaptação do cliente.
Mas nesta fase da teoria Rogeriana o .objetivo prig
cipal ~ o enfoque psicot~r5pico, consequentemente m~todos de
tratamento direto, onde a 6tica pSicoter5pica visa promover
maior crescimento e independ~ncia emocional do cliente em rela
ção ao terapeuta e ao seu mundo. O cliente é percebido na sua
totalidade e não como doente ou portador de problemas, daí a
atenção terap~utica ser focada no desenvolvimento do sujeito .
O terapeuta acredita e confia no "potencial" dos indivíduos p~
ra alcançar maiores graus de maturidade no processo da vida.
Pensa ser importante seu papel, ajudando o sujeito a liberar
suas potencialidades.
Nesta época Rogers já começa a perceber que a
desa-daptação psicol6gica decorre de um bloqueio da afetividade, o
que o leva ~ enfatizar os elementos afetivos no discurso do
cliente.
Acredita que o acento da 6tica ter~p~utica deve
re-cair nas estruturas afetivas do presente imediato, pois estas
estruturas, quando importantes, tem um carater atemporal, rev~
lando-se tanto na hist6ria passada como na presente. A escolha
de se trabalhar com o presente faz-se útil, pois no momento em
que o indivíduo vive um sentimento e este é objeto de trabalho
na relação terapêutica, dito sentimento torna-se mais vivo, fi
cando sua afetividade mais evidenciada.
2. O PROCESSO TERAPEUTICO E SUAS FASES
-tico, formula, de maneira pouco sistemática as qualidades que
o terapeuta deveria ter e que na fase seguinte, após
reformulações, denominará de empatia ..
algumas
Desde o primeiro contato do cliente com o
terapeu-ta, este objetiva "ajudar" o primeiro a responsabilizar-se por
si próprio, inclusive por suas dificuldades. Deve ficar claro
para o cliente, que o terapeuta não tem respostas para seus
problemas, que soluções partirão dele a medida que tiver maior
clareza sobre seu processo de vida, o que sera favorecido pela
relação terapeutica.
Com o desenvolvimenio da terapia, o terapeuta
pas-sa a estimular a livre ~xpressão do cliente, sendo esta alta
-mente favorecida pela atitude de interesse e aceitação de quai~
. .
quer sentim~ntoi vividos pelo sujeito, inclusive os negativos.
Sobre esta questão o autor escreve:
o
con~elheiho aceita e heconhece o~ ~entimento~ po~itivo~ que ~e exphimem, da me~ma maneiha que ace~
tava e heconhecia o~ ~entimento~ negativo~. O~ ~en
timento~ po~itivo~ não ~ão aceito~ com aphovaç.ão ou.
elogio~. o~ valOhe~ mOhai~ não entham ne~te tipo de
tehapia. o~ ~entimento~ po~itivo~ ~ão aceito~ nem
mai~ nem meno~ do que o~ ~entimento~ negativo~, co
mo uma pahte da peh~onalidade. Ê e~ta aceitaç.ão ~
tanto do~ impul~o~ de imatuhidade como o~ de
matu-hidade, da~ atitude~ aghe~~iva~ e de ~ociabilidade,
de ~entim~nto~ de culpa e de exphe~~~e~ po~itiva~,
que dá ao indivZduo opohtunidade pela'phimeiha vez
de compheendeh a ~i phã phio como
ê.. .
(R o 9 eh~, C. ,1974:51-52).
o
terapeuta responde aos aspectos afetivos do quelhe
é
comunicado e não ao conteúdo intelectual. Sua atitude inclui a não valorização da experiência do c·liente. Ou sej a, nao
su-jeito e desvalorizar outros. Mas, € de sua compet~ncia agili
-zar a capacidade de auto aceitação do cliente.
Rogers acredita que a aceitação, favorece um
rela-xamento das atitudes de defesa. O cliente passa a
compreender-se melhor, adquirindo novas percepções sobre si próprio. A
es-ta reestruturação perceptiva que acompanha o movimento de aut~
aceitação o autor denomina de INSIGHT. Geralmente após este mo
mento do processo segue-se outra fase denominada AÇOES
POSITI-VAS, sendo a atuação do cliente na realidade objetiva, de
pos-se da nova compreensão de si próprio. Este processo nao e sug~
rido pelo terapeuta, mas surge "espontaneamente" no cliente.
Grande parte das vezes, estes momentos são acompanhados de ati
t~des ambivalentes, v~sto estar o cliente" duvidando de sua
ca-pacidade de mudança. Contudo, i medida que a pessoa se aprofu~
da no processo de auto-conhecimento, as ações positivas
tornam-se cada vez mais integradas.
Nota-se que as proposições do autor, no que se
re-fere a atitudes terapeuticas, comportam incoerencias. Ao mesmo
tempo que afirma "dever" a resposta terapeutica conter uma
i-senção de valor, esta empregando uma refer~ncia valorativa qu~
do agrupa as atitudes do sujeito em "agressivas" e de "sociabi
lidade".
Observa-se, ainda que em paralelo a "recomendação"
da prática terapeutica não incluir atitudes valorativas, a teo
ria que respalda tal "praxis" cont€m conceitos bastante impre.&
nados de concepçoes de valor, tais como ações positivas.
Poder-se-ia contra~arg~mentar tal crítica di::endo
que, nesta época, o autor está "descevendo fatos observados"
e a observação confirma que o desenvolvimento de um processo
terapeutico, bem sucedido, propicia o surgimento de açoes posi
tivas. Caberia então perguntar se os critérios empregados para
denominar ações, com6 positivas, não continuariam sendo
crité-rios valorativos?
3. RESTRIÇOES E LIMITES DA PSICOTERAPIA
A Psicoterapia pode somente ser eficaz quando o
cliente estã sob tensão e almeja encontrar urna solução para os
problemas que atravessa. Rogers cita exemplos onde a atuação
terapeutica direta nao e eficaz inicialmente, mesmo quando
a-tendida a condição de tensão emocional, sendo-necessárias,
an-tes de tudo, modificações ambientais. ~estes casos o sujeito
encontra-se submerso 'em circunstâncias ambientais
desajustado-ras e desfavoráveis.
Rogers enfatiza a importância de empregar os
pri-meiros contatos para avaliar se ri cliente deve ou não se subme
ter ã uma psicoterapia. Cita:
o con~elhei~o deve, no inIcio do~ ~eu~
conta-to~ com o paciente, ap~e~ia~ a óo~ça do indivIduo
ou a ~ua capacidade pa~a a~~umi~ a~ açõe~ que
al-te~em o ~u~~o de ~ua vida, devendo também julga~
~ e a ~ituaçã.o
é
~ ~ cetIvel de ~ e~ alte~a.da, ~ e a-6~ati~óaçõe~ alte~nativa~ e o~ out~O-6 meio~ de
li-da.~ com a -6ituaçã.o ~ã.o po~~Ivei~. (Roge~~,C.1974:72J.
Considera ser ineficaz a psicoterapia quando são escassas "as
Nesta fase, outro fator importante para a admiss50
do cliente, criança ou adolescente, ã psicoterapia é a indepeQ
, dência afetiva ou espacial do controle familiar, fato que
tam-bém se observa no cliente adulto. Os clientes, crianças ou adQ
lescentes, que se situam no que foi exposto podem submeter- se
a tratamentos ~ficazes quando os pais também recorrem a proce~
sos psicoterápicos, com terapeutas diferentes daqueles que tr~
tam aos filhos. Os pais ao iniciarem as entrevistas de
consulta psicológica, consultambém passam pelos mesmos critérios avaliati
-vos e seleti-vos até aqui discriminados.
Outro ítem de seleção é a idade e o nível de
inte-ligência. Pessoas com baixo nível intelectual não se
benefici-am da situação psicot~r~pica. Para sujeitos de idade inferior
a dez anos também não é eficaz a psicoterapia, pois esta com
-porta somente o aspecto verbal da comunicação. Neste caso é
a-conselhável a psicoterapia ludoterápica que trabalha com os as
pectos verbais e lúdicos. Nos casos de indivíduos de idade
su-perior a cinquenta anos, é aconselhável analisar
cuidadosamen-te seu nível de plasticidade em relação a mudanças assim como
suas condições ambientais, antes de iniciar a psicoterapia.
O autor exclui a possibilidade de psicótico
parti-cipar de um tratamento, justificando ter este pouco contato com
a realidade e não ser capaz de comunicar seus conflitos e
ten-soes.
Convém notar que Rogers nao esclarece como se deve
deter-par de um tratamento psicoterápico. Fica também incerto se e
-feito um "contrato breve" com o cliente antes de admiti-lo
de-finitivamente para a psicoterapia ou se este é um crit~rio que
.0 terapeuta tem para si e só o comunica ao cliente quando este
não corresponde as condições necessárias para que se processe
a psicoterapia.
Cabe fazer algumas considerações sobre o cliente
que nesta ~poca era considerado "adequado" para psicoterapia .
Ao mesmo tempo que o autor aponta sua confiança no ser humano
dizendo:
..• há uma eon6iança muito mai~ p~o6unda no indivI
duo pode~ o~ienta~-~e pa~a a matu~idade, pa~a a
~aude e pa~a a adaptação. A te~apia não ê uma 6o~
ma de 6aze~ algo ao indivIduo ou de induzI-lo a 6a
ze~ algo ~ob~e ~i me~mo. E ante~ um p~oee~~o de II
be~tá~lo pa~a a matu~~ção e um de~envolvimento no~
mal , de ~emove~ ob~tâeulo~ que o impeçam de avan~
. ça~. (R o g e~~ , C. 1 9 74 : 4 1 ) .
Parece duvidar tamb~m desta confiança quando limi- ,.
ta o cliente que pode submeter-se a abordagem centrada na
pessoa. Veremos no capitulo seguinte que estes limites serão ex
-tintos na fase posterior, podendo uma gama muito maior de
pes-soas se beneficiar desta abordagem.
4. AS ATITUDES TERAPEUTICAS DIRETIVAS E NÃO DIRETIVAS
Rogers ao definir o seu método terapeutico expoe
Deste modo usa as denominações Não Diretiva e Diretiva. Emprega
a primeira para designar as "posturas" do terapeuta que
identi-fica com sua proposta teórica. E a segunda para referir-se aos
procedimentos que opõe-se a perspectiva anterior.
Dentro de qualquer comunicação verbal podemos sem -. .
pre identificar dois níveis: um que se direciona ao conteúdo do
que e expresso e outro que se situa no nível de sentimento da
comunicação. A abordagem não diretiva volta-se para este
segun-do nível, ou seja, o de sentimento. Rogers justifica o emprego
desta perspectiva apontando que os problemas que levam um
indi-víduo a recorrer a "c..ol1.6ulta. p.6ic..olõgic..a." .6ão 0.6 que. te.m pOfL bE:,
.6e. "6a.tofLe..6 a.6e.tivo.6 il1c..ol1.6c.ie.l1te..6"". (Roge.fL.6, C. 1974:J44J,nao
sendo recomendado, portanto, trabalhar-se com os aspectos de
conteúdo. Se assim procedess~ estar-se~ia hipotetizando que a
natureza do problema apresentado é cognitiva.
Nota-se que Rogers emprega o termo "inconsciente "
quando se refere à desadaptação do indivíduo, demonstrando
influ~ncia que'ainda sofria nesta fase da Psican~lise. Mas
empregar este conceito não apresenta o corpo teórico no
ele se inscreve, o que demonstra uma imprecisão teórica.
a
ao
qual
Ao se focalizar os sentimentos "expressos"
possibi-lita-se que a enfase recaia nos elementos afetivos da
comunica-ção do cliente, o que não acontece quando o acento terap~utico
dirige-se aos aspectos de conteúdo. Pode-se dizer que a atitude
Nâo Diretiva preocupa-se com "o como" o cliente vive
determina-da dificuldetermina-dade, enquanto que o método Diretivo ocupa-se com "o
O desenvolvi~ento que o discurso do cliente assume
em ambas as perspectivas ~ diferentes, assim corno a dimens50do
poder do terapeuta. No enfoque diretivo ~ o psic6logo que vai
escolher quais aspectos de conteúdo sao mais importantes de s~
rem trabalhados, fato que contribui para um bloqueio da expre~
sao afetiva d6 cliente. Corre-se tamb~m o risco de ao
escolher-se determinado conteúdo estar escolher-se baescolher-seando num ponto de vista
auto-referente. O mesmo nao ocorre no m~todo não diretivo qua~
do a atuação terapêutica mantem-se permanentemente voltada aos
sentimentos do cliente,no alcance de sua compreensão e
grada-tivo aprofundamento. Neste caso ~ o cliente que escolhe "o quê"
comunicar.
Pesquisas (Rogers, C. 1974: 154) mostram que ã medi.
da que o trabalho terapêutico não diretivo avança, o cliente
adquire maior liberdade de expressar seus sentimentos, sendo,
portanto, menos necessário a participação ativa do terapeuta.
Os mesmos resultados não foram obtidos quanto ã prática direti
va, onde a participação do terapeuta na fase inicial e final
da terapia mantem-se a mesma, o que se pode entender pelo fato
dele, em ambas as fases do tratamento, assumir o curso da en
-trevista, orientando o cliente na melhor solução a tornar na re
solução do "problema" em questão. Esta atitude propicia que o
cliente nao assuma totalmente a responsabilidade pela resolu
-ção de suas dificuldades, por "saber" que o terapeuta irá
fa-ze-lo.
A técnica nao diretiva empregada pelo autor nesta
-tia em:
ajuda~ no p~oce~~o de cla~i6icaç~o do~ ~entimento~
e 6avonece~ a liv~e expneJ~aO, uma nova compneen
-~ão vinã. po~ ~i e. podenã. -!>en neconfzecida pelo
con-~elhei~o quando ,!>U~9i'L. (Roge~~, C. 1974:210J.
Impunha-se, também, para a execuçao desta técnica,
algumas restrições no comportamento do terapeuta, tais como
auto-restrição e não iniciativa de ação. Isto expre~sa que o
terapeuta deveria evitar qualquer- expressão que pudesse
acele-rar o processo do cliente. Acrescenta o autor:
~e~i~ti~ a e~ta tentação de inte~pne!an_dema~iado
dep~e~~a, ~econhece~ que a comp~een~ao e urna expe
~iê.ncia a ~ealiza~ e não uma expe~,lê.ncia que po~-=
~a ~e~ impo~ta, ~ um pa~~o impo~tante no pnagne~
~o do con~ethei~o. (Roge~~, C. 1974:220J.
Infere-se pela leitura do trecho acima exposto, a
influencia que o autor sofria da Psicanálise, quando usa a
pa-lavra "interpretar" como sinônimo da técnica de "clarificação
dos sentimento".
Uma das limitações que se impunha ao terapeuta nao
diretivo é a de não fazer alusão aos sent imentos que ainda não
foram verbalmente expressos pelo cliente. Isto porque se fos
-sem salientados os sentimentos nao presentes verbalmente, pod~
ria deflagrar no cliente um processo defensivo, quando tais
sentimentos encontram-se excessivamente reprimidos. Pode
tam-bém ocorrer que estes não estejam reprimidos e neste caso qua~
do enfocados pelo terapeuta aceleram o processo.
Aprende-se da leitura do texto rogeriano que a ca~
ta-se a uma medida prevent i va, pois para se evi t ar at i tudes de
defesa restringe-se qualquer inteivenç~o a sentimentos
nao-ex-pressos. Conv~m questionar se tal cautela n~o conteria tamb~m
um descr~dito na percepçao do terapeuta, pois lhe sendo
inter-dito de exprimir o n~o verbalizado, desconfiáva-se de sua cap~
cidade de poder avaliar o quanto cada uma de suas intervenções
propicionaria ou dificultaria o processo de crescimento do cli
ente.
o
autor acreditava que o processo de resistência àterapia, enfatizado pela psicanálise surgisse pelo manejo
ina-dequado da t~cnica terapêutica, ou seja, quando o psic6logo o~
jetivasse acelerar o processo terapeutico. Esta e mais uma
ra-z~o pela qual o profissional devesse restringir sua resposta
somente aos sentimentos verbalmente presentes no discurso do
cliente.
Pode-se questionar se ao responsabilizar-se o tera
peuta pelo processo âe defesa que venha a "surgir" com o clie~
te, não se estaria isentando, deste último, sua parcela de res
ponsabilidade, no surgimento de qualquer sentimento que possa
vir a vivenciar.
Lembramos Richard Evans, ao escrever sobre o autor:
ele
é
incapaz de neconhecen tanto a coexi~tência do~ opo~to~ como a enonme complexidade do~ a~
-~untOJ humano~ . ... Há uma e~pêcie de onipotencia e
otimi~mo na obna de Rogen~, uma cnença em que tudo
ê
pOJ~Zvel com o~ in~tnumento~ da tenapia centnadano "cliente". (Evan~, R. 1979:321.
pen-samos equivalar-se ao excesso de responsabilidade "implicitame~
te" atribuido ao terapeuta.
s.
O ALCANCE DO TERMO NÃO DIRETIVOA nao diretividade como atitude terapeutica
refere-se a explicitação dos significados de refere-sentimentos e emoções do
cliente. Nota-se, portanto, ser a enfasc dada ao lado afetivo e
não ao factual.
Marion Kinget aborda o terna em questão dizendo:
E
vehdade que, num eeh~O 6en~ido, a nao diheçao naoexi6~e. Na heafidade, eonvé:m di6~inguih enthe "nao
dah dihetiva6" e "nao teh dihe Çao" - ou mai6 ,~im
pfe6mente, enthe dihetiva6 e diheÇaO. O ~ehmo "dihe
~iva6" impL[ea em eon6efh.o6, iMthuçõe6,
,5uge/~tõe/5-e~e, enquan~o que "diheÇaO" 6ugehe a idé:ia de oJÚen
~aÇao ou 6eja de 6igni6ieaçao.
Na pJÚmeiha aeepÇao - aU6 êneia de dihe~iva6 - nao há.
dúvida de que a nao-diheÇaO exi6te . . . . E eX~haohdi
ná.JÚamente dJ..{:{eif de 6e fevah adiante vá.hia6 6e6-:
6õe6 6 em 6 e eaih l1a6 ahmadifha6 da tendêneia -
mui-~o humana - de ie eon6hon~ah o in~ehfoeutoh eom o
6eu ponto de vi6~a, eom 6eu6"phophio6 vafOhe6 e opi
niõe6. 16 ~o 6 e phatiea, impfJ.. eitame nte, pefo 6impfe6
j o 9 o de q ue6 tõ e6, de a~i~ude6 6 U~i6, não vehb U6, de
aeohdo, de6aeohdo, dúvida, eneohajamen~o, ete.
(RogeM,
c.
e Kinge~, M., 1975:36-37).Toda atitude clínica que se embasa em uma teoria
segue uma direção, da qual nao escapa a abordagem centrada na
pessoa. A não-diretividade requer que o terapeuta nao imprima
um significado à experiência do cliente, mas que o ajue a encon
trar seu próprio significado, isentando-se de seus juízos de
na pritica, segue certa relativi~ade. Por maior que seja a
intenção do psicólogo de "eximir-se" de si próprio, sua "cxis
tencia humana", continua fazendo-se presente em cada um de
seus atos. Rollo May compartilha desta id~ia quando afirma:
N~o exl6te tal eol6a eomo vehdade ou healldade pa
ha um 6eh humano, a meno,~ que e6te pahtlelpe de::
la, tenha eon6el~nela dela, tenha ee~ta helaç~o
e o mel a . ( Ma y, R . 1 9 7 6 : 1 6. O 9 h-<-fi o e H o~~ o) .
6. PRINCIPAIS ASPECTOS DO CAPITULO
A atitude terapeutica nesta fase consistia na
acei-tação de qualquer sentimento expresso pelo cliente, atrav~s
da criação de um clima compreensivo.
Esta compreensao para o autor vai assumir nuances
diferentes, dependendo da fase do processo que o cliente este
ja atravessando. Na.fase inicial, a criação de uma relação
a-mistosa com o cliente ~ evidenciada pelo acolhimento caloroso.
A estruturação da relação depende do acolhimento e da
delimi-tação feita pelo terapeuta ao cliente, do que seja a relação
e qual a função que compete a ambos. A definição da situação
de ajuda, pode ser verbal ou subjacentes a atitude do
profis-sional. Estabelecida a relação, o terapeuta envida todos seus
esforços em ajudar a expressão dos sentimentos do cliente,
e-vitando quaisquer desvios que possam distancii-lo deste
Rogers considera que a "permissividade e ·ausencia
de direção, contribuem no alcance da liberdade de expressa0.
Os sentimentos do cliente, vao assumir ao longo do
processo terapeuticos várias expressões tais como "posi tivas",
"negativas" e "ambivalentes". A todos estes aspectos o autor
considera que deva haver acolhimento por parte do terapeuta.
A modalidade técnica que efetiva a compreensao e a
resposta de clarificação dos sentimentos. Consiste em esclare
cer ou elucidar o sentido das expressões do cliente, visando
este objetivo o terapeuta expõe com brevidade e de um modo
muito claro, as atitudes que sustentam o que é expresso pelo
cliente.
A aplicação desta técnica acarreta a observancia de
constante atenção ao aspecto verbal da comunicação. Estes pr~
cedimentos Rogers considera pertencerem aos métodos
de tratamento.
diretos
A técnica de clarificação dos sentimentos encerra
limites, alguns deles serão mais tarde (1974) criticados pelo
próprio autor. O terapeuta parece estar mais embuido em sua
função técnica, de clarificar os sentimentos do cliente e mos
trar-se compreensivo, do que de participar efetivamente da re
lação.
da comunicação, nao sendo, n~sta época relevadas as expres
sões não verbais.
Gondra (1975), referindo-se a função do terapeuta
neste período, critica sua passividade dizendo:
... a pouea impontaneia que ~e atnibui na ~elaç~o
te~apeutiea ao~ elemel1to~ maL.s pe~~ oai~ do te~a
-peuta. Sua 6ul1ç~0 de eatalizadon I1~O o penmite le
van nada p~opJt.io pana a te~apia, e a ab~tei1ç~o
e.-=-xige. uma 6e~~ea di~eiplil1a e um eOHt~ole de. toda
a ~ua e.~pontane.idade. (Gondna, 1975:61). (1)
Outra modalidade terapeuticà também citada nesta fa
se, mas pouco enfatizada, consiste, como vimos, de manipula
-ções ambientais feitas pelo terapeuta, ou seja, metodos de
tratamento direto.
Neste período devido a amplitude de atitudes tera
peuticas (diretas e indiretas), podese notar uma ambivalen
-cia do autor nó que se refere ao poten-cial de crescimento do
ser humano. Ou seja~ s6 em alguns casos ou sob determinadas
condições pode-se acreditar na ptesença deste movimento de
crescimento.
Rogers, posteriormente., irá cri ticar a ambivalência
que atribuia à sua concepção do "princípio de crescimento" do
indivíduo, neste período te6rico ao escrever:
( 1 ) li
~ua 6uneion de eatalizad04 no le penmite. apontan nada
pnõpnio a la tenapia, y la ab~teneiõn le exige uma 6énne.a
... embo~a o eon~elhei~o e~tive~~e inteleetual
-mente p~eoeupado eom a~ po~~ibilidade~ da te~a
-pia nao di~etiva e ap~ende~~e um poueo da~ ~ua~
têeniea.ó. Começ.a a. aeOlló e.e.lta.~ o~ paeiente-6 eom
uma. hipõte~e de ~e-~peito muLto limita.da, que de
alg uma ma.11 ei~a. -6 e po de~ia ó o~m ula.~ 110 ~ ~ eg u{'l1-te-~
te~mo-ó: "ponho eomo hipõte~e que o ind-tv<.duo tem
uma. eapa.eida.de limita.da. pa.~a. óe eomp~eellde4 e pa.
~a. ~e ~eo~ga.niza~ a. -6i me.ómo, num deteftmil1a.do gJtá.u
e em ~e.~tO-6 tipo-6 de -6 ituaç.õ e-6. Em muita.ó -6
itua.-ç.~e-6 e. eom muito-6 paeiente-6 eu, eomo Ob6e.~va.do~
de óo~a., ma.i~ objetivo, p0-6-60 eonheee~ mai-6 pe~
óeita.mente. a. ~itua.ç.ao e o~ient~-.e.o da me.lho~
me-Yl.ei~a.". (Roge.~~, C. 1974:37).
32 .
Pode-se inferir, pela leitura do capítulo e do te~
to acima exposto, haver, nesta poca~ uma correlação entre a
maneira como era percebido o cliente ("capacidade limitada
para se compreender") e a atitude terapêutica. Ou seja, a me
dida que yia-se com certas restriç6es as possibilidades de
desenvolvimento da pessoa humana, precisava o terapeuta, na
prática, deter o poder de rearrumar o discurso do cliente e
enfatizar as variáveis emocionais. Pela lei tura .de "entrevis
tas psicoterápicas" deste período teórico percebe-se que
pe-la frequência (número excessivo) com que são feitas interven
ções de clarificação na relação terapêutica esta se menospr~
zando as capacidades de mudança do próprio cliente.
Se por um lado a clarificação de sentimentos
con-tribuía para auxiliar a auto-compreensão do cliente, por
ou-tro "retirava" o terapeuta da "cena terapêutica",
colocando-o à margem da relação, no papel de t€cnico. não havendo
CAPfTULO 111: A FASE DA E~PA1IA PROPRIMIENTE DITA
Esta etapa é também chamada de CENTRADA NO CLIENTE
ou da CONGRUENCIA e é marcada pela publicação do livro
"Tera-pia Centrada no Paciente" (Rogers, C. 1974). Nesta obra se
ar-ticulam de maneira mais sistemática as principais idéias do au
tor, principalmente as que se referem às atitudes
psicoterápi-cas, de especial modo à empatia.
E,
também, rigorosamenteres-saltada a relação destas atitudes coma tendência
à
atualização.Neste período, as formulações sobre o processo
te-rapeutico se aparesentam de forma mais teórica.
A fase insere, ainda, uma exposição da teoria rog~
riana sobre a personalidade e a conduta.
1. A UNIVERSALIDADE DA TENDENCIA À ATUALIZACÃO ,
Toda a obra rogeriana alicerçase sobre o pressu
-posto básico da tendencia à atualização ou ao crescimento. Sen
do que nesta etapa a infase nesta tendencia atinge seu aplce.
-
.Esta capacidade já foi extensamente comentada pelo autor na
fase anterior. Mas muitos aspectos da prática clinica par~
ciam desconsiderar a existincia de tal pressuposto, visto que
restringia a psicoterapia somente a alguns indivíduos.
Um dos marcos desta segunda fase é a extinção de