I.
N9 U3
MODELOS DO HOMEM: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO
-Antonio Maria da Silveira
- 1988 - .
~ Cba~cOn8' _ _ _
"~..=~dl~eQ ~i~
... - . - !:lr.nit\ fi ... ...,..,... do PNPE ~WJ~
- - -
-MODELOS 00 HOMEM: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO
Antonio Maria da Silveira*
O texto é minha contribuição em mesa redonda sobre "M~
delos do Homem", quando me coube discut-ir'os construtos da econo-mia e da administração**.Está mantido em forma de conferência,como originalmente apresentado, pois parece-me a melhor abordagem para
um trabalho interdisciplinar, em que se busca a facilitação da lei
tura - todas as referências são também conservadas em nota de ro dapé.
Começo pelo homem econômico, contrastando-o com o modelo administrativo de Simon, e interpretancb a dessemelhança em termos dos níveis de abstração das disciplinas. Ambos se limitam ao cál culo consciente, igoc>rando uma racionalidade sistêmica " ainda que sem postulação d? coletivo como 'unidade analítica. Faço então um rápido apanhado da racionalidade sistêmica em escritos da adminis tração, e de escolas econômicas que contestam o paradigma neoclás sico,e apresento o entendimento usual dos economistas sobre o homem sociológico. Procuro, em seguida, englobar estas formulações numa versão estocástica do modelo do ser humano da análise transacio nal. Visualizo a consistência deste modelo com a adoção do colet! vo como unidade de análise, e refuto o argumento dos neoclássicos contra os marxistas, mostrando ainda que incorrem na mesma aborda gemo
*
PhD em ... Eax1ani.a e M) em Aànini.stração pela Camegie-Mallcn t.hi v., e Engenl'le! m M!cãnia:> e Eletricista pela UFMi.**
!ésa redcnda a:mmorati va Cb cin;Juentenãrio da Faculdade de Ecxmania e -p.jj.2.
~~delos do Homem
o
homem econômico é o decisor interesseiro. Já em 1525, Erasmo de Roterdam fazia uma interpretaçâo econômica da sociedade em seu Elogio da Loucura:Em suma, para resumir tudo numa única idéia, voltai-vos para todos os lados,' e vereis que os papas, os príncipeG, os juízes, os magistrados, os amigos, os inimigos, os grandes,os pequenos, todos, sem exceçao agem em virtU<E do ouro sonante.
g uma interpretação econômica no sentido de que se ba-seia na visão de um ser humano que busca apenas "levar vantagem" ,um frio calculista movido pelo desejo de tirar proveito em tudo. Nou-tro exemplo, creio que mais nitidamente redutor, a perda da
do Mundo de 1982 tem a seguinte interpretação econômica*:
Perdemos porque os italianos compraram nossos principais jogadorES! As transações nao foram realizadas antes o~ durante a copa, mas os con tatos sim. Os jogadJres estavam cientes dos mi lhões de dólares que poderiam ganhar, e entende ram bem que isto só poderia ocorrer no caso de vitória da Itália .•. poiS de outra forma o fut~ boI perderia prestígio e recursos naquele país!
Copa
Desta "idéia única" do ser humano ao construto que a co difica numa unidade analítica, tem-se as contribuições acadêmicas de MandeVille, Ferguson e Adam Smith, há mais de 200 anos.
Hoje,num n!ve1 de abstração maior, a escola neoclássic~
postula um avaliador, que pondera custos e benefícios associados a cada alternativa de ação, tem conhecimento perfeito das informa çóes todas, além da capacidade ilimitada de cálculo que lhe permi-te maximizar o apermi-tendimento do inpermi-teresse próprio. Amenizando-se a onisciência de informações, cai-se em exigência ainda maior sobre
a capacidade de cálculo, numa maximizaçâo bem mais complexa**.
*
O elCellplo foi tirado do cotidiano, e está tranScrito ce neu livro, Silveira (1987,pp.16) - usarei livrenente da nesma liberdace em outra; pentes do texto." f
; i
-:;
. . . . 1 •
Pode-se dizer que esta evolução corresponde ao desenvolvimento ni
tural de uma teoria sob um dado paradigma, ou de teorias que se 8t cedem mantendo o mesmo paraqigma do comportamento humano, apesa;' de mudanças revolucionária$ noutras dimensões. Refiro-me à exten-são do campo dedutivo das têorias, com a redução do número de pr~
posições básicas e o aperfeiçoamento da coerência interna. são as sim imposições lógicas ebU$ca da generaÍidade, numa abstraçãoc.re~
cente, que explicam a evolução de Erasmo a Friedman, distinguindo-se o último como bom repredistinguindo-sentante da década de cinquenta entre os neoclássicos*. Deste então Q notável foi a extensão desta análise
ao comportamento do setor 9dvernamental, numa sedição chamada da escolha pública, mas que prefiro denominar catalática, seguindo o
desejo da sua figura dominante, Buchanan**.
Antes da sedição, na microeconomia consumidores maximiza
vam
a utilidade, produtores o lucro, trabalhadores escolhiam a de sejada composição entre labor e lazer, associando satisfação aoúl
timo e despraze~ ao primeiro, que Thes compensava entretanto em re~Qa. Na macro, a questão não era formalmente tratada, mas keynesi~
nos e monetaristas implicitamente pressupunham a prevalência do i~
teresse público no comportamento do setor governamental.Evidência ...
e~píricas contrárias eram tidas como imperfeições, caracterizadas como corrupção, politicagem, ignorância, etc. Com a sedição, neo·· olássicos passam também à análise do governo, postulando o mesmo comportamento interesseiro do homem do setor privado.Monetaristas sequem-lhes os passos, nevoaçando ainda mais as interrelações entre micro e macroeconomia.
Cabe ainda um destaque para Oskar Lange na· década de 30
e 40, com seu modelo de socialismo mitigado, onde explicitamente os decisores todos agem em função do interesse público***.
Maximi-zadore~ do interesse privado, maximizadores do interesse pUblico:
a
maximização tornou-,se sinônimo de racionalidade no "mainstream" , -. ,*
A defesa da abordagem reoclássica é \In OOS mais férteis artigos de Friedman(l981,pp.162-200). já <nn três cÊcadas e neia em debate. A discussão à:>s re
quisi ta3 netoCblÓgiCX)S que faço a seguir é dirigida cx:ntra ele, e está
nais
c1aranente posta do que em sua prineira versão (Silveira 1984, W. 372-5) • ** O livro-coletânea de artigos Budlanan(1985) é una boa :referência geral.·4.
no conglomerado de teorias econômicas da escola dominante no Oci dente. Ao irrealismo deste construto, deste tipo ideal, respo~de
se com ponderação "peculiar" dos requisitos metodológicos (Navalha de Occam). Pesos maiores para fertilidade lógica - o número dE:
proposições derivadas, ou de consequências - , e mais ainda para . simplicidade - o número reduzido de idéias básicas, ou de press~
postos - , além da elegância, inegavelmente aqui maior. Conexãe múltipla é o requisito frequentemente escamoteado, esquecido oü
mal ponderado. Noutras palavras, desconsidera-se o sonho ou ilu-· são maior da ciência: explicar todos os fenômenos, da física à p~
lítica, numa teoria única, com os construtos logicamente interlig~ dos*.
Vejo uma contradição grande: os apóstolos da racionalid~
de humana desprezando o sonho que se fundamenta na racionalidade do real. Doutro lado, uma c:cerência não menor: a pond~ração pecul1. ar dos requisitos exige ênfase na previsão em detrimento da expl1. cação. Assim, na busca de prever o muito com o muito pouco,tange~
cia-se o ficcionismo: homens agem como se maximizassem, não impor-ta o sabermos que não o fazem. Numa analogia do Friedman, as te
lhas de uma árvore se posicionam como se buscassem maximizar a auto-exposição ao sol, não importa o sabermos que não possuem cap~ cidade deliberativa. Intele=tualmente insatisfatório é o mínimc que se pode dizer deste estado das artes. Direi
te** •
mais,
certamen-Passo ao questiona~ento, primeiro na antítese Homem A~ minlstrativo. Este é um decisor interesseiro, mas como informações incompletas, incorrendo em custos n~ avaliação e geração de
alter-*
Margenau(l982, pp. 289-304) é um excelente artigo introdutório sobre aci-ênCia.
** Nas décadas da ci.rquenta e sessenta, a ênfase na previsão ccnvinha bem (B1anchi 1988,W.ll). ~sde então, o dasenpenho dos nelhores noElos ~
cxnãni.cos, nesrrc no pais dos nelhores dachs, tem sido c1esccncertante. Allan Ieltzer(l986,pp. 1-14), em sua ccnferencia presidencial na Associação Ero-nân1ca à:> teste, Estaibs thidos, o::nclui que, na nédia, os prev1sores de maior sucesso não c:xnseguem rem predizer "Se haverá crescillento ou reCEssão
.5.
nativa~ de ação, e possuindo capacidade limitada de cálculo.~ me nos abstrato, mais rico em atributos do ser humano, "mais reali.sta"
na terminologia norma.lnente utilizada. Em CXJlp:!I'lSaÇâo, a teoria comportamen tal, de que é um construto ,perde em elegância, coerência lógica '-o simplicidade. Parece-me possível colocar o Homem Econômico comi limite do Administrativo, mas é longínqua" ainda uma visualização da teoria neoclássica como limite da comportamental. A convivên-cia destas percepções distintas é, entretanto, da mesma natureza do que se observa na flsica e engenharia. A primeira, necessitan do da abstração na busca de generalidade, constroi movimento sem atrito, gás perfeito, corpo rígido e outros tipos ideais - seu com prometimento é com o saber porque. A segunda, forçada ao "realis mo" na exigência da aplicabilidade, enfrenta as deselegâncias do mundo real com modelos especlficos, coeficientes de segurança, etc - seu comprometimento é com o saber ~. Ciênci~ e tecnolo gia exprimem, em resumo, o conflito paradigmát1co: flsica e econo mia versus engenharia e administração.
Talvez haja uma simplificação excessiva no exposto, pois existe uma diferença enorme entre um decisor que possui memória, isto é, cuja h"istõria pessoal é operativa no processo decisório, e o desmemorizado, a-histórico homem econômico. A grande questão envolvida é se a faculdade de jUlgamento humano funciona compara~
do alternativas·e optando pela melhor, ou comparando alternat_~
vas com'· um ideal ou padrão historicamente desenvolvido, e optandu pela que satisfaz. Herbert Simon, expoente da teoria comportamen-·
t~l ou da economia institucional, segue, em seu homem administra tivo, o segundo caminho:. satisfazimento ao invés de maximização*. O decisor possui um padrão, um nível de aspiração e ópta pela pr,!. me1ra alternativa que o satisfaz. Quando não já disponível, a aI ternativa é gerada num processo de busca adaptativa. Uma ambiência propicia eleva morosamente a aspiração, caso oposto da adversidade
*
A teoria <X'IIpOI't:aIIetal da enpresa é um canpo da administração, mas pode ser.6.
que a reduz. Assim, a mudança do padrão exige a passagem do tem-po, sendo ainda função das realizações passadas e do desempen~o de
grupos de referência.
Questionamento maior quando se considera a racionalidade
sisclmdoa, mesmo ficando aquém do coletivo como unidade analítica. Na colocação de James March, às ações correntes nao correspondem razões igualmente atuais, não sendo os agentes capazes de se just~
ficarem perfeitamente. Seguem regras, preceitos comportamentais surgidos ao longo de um processo evolutivo*. Este é o entendimento corrente, entre economistas, sobre a natureza do homem
sociológi-co. Passando à escola econômica neo-austríaca, o salto nesta di-mensão é enorme. Para Hayek, o homem é tanto um seguidor de re gras quanto um agente propositado. Regras·surgem de um processo darwiniano, regras são frutos da experiência de gerações, mas re gras aparecem, por vêzes, apenas como restrições morais do decisor interesseiro**. Para os neoclãsicos, mais correto talvez seria e~ tender que a racionalidade, sob condições de ignorância parcial,po deria significar o seguimento de regras. Mas
é
Ansoff que afirmat! vamente assim o coloca, no ,~studo da estratégia empresarial, campo bem prestigiado da administ~~ação***.Joan Robinson, da escola pós-keynesiana ou da antítese da concorrência imperfeita,está mais próxima de Hayek do que de
Ansoff ou dos neoclássicos. Robinson vê o desenvolvimento da cons ciência como uma necessidade biológica, a sobrevivência da e~e.
A consciência é posta em analogia com a lígua, havendo uma prope~
são ao seu desenvolvimento na estrutura do cérebro humano. O con
teúdo da consciência, como a lígua que se fala, é fruto de um pr~ cesso de educação, variando assim com a sociedade no tempo. Em ou tras palavras, há o reconhecimento de um código ético culturalmen te condicionado. "A moralidade é desejada e respeitada pelo que e la própria vale ••• deve-se pensar que é certo porque é certo****.
*
**
***
****
'kja Mlrctl(l982,W.20l-4)
Ha}ec(l985). EntencE-se por horrem eccnâni.oo apenas o cxnstruto
neoclássi-0 ) . A :referência aos danais e:..-dge indicação da esoola de pensanento ou,es
peci.ficanente, 00 autor.
-Ansoff(l977) •
BX>insal (1979, pp. 14-5).
~---~---
-.7.
Temos a caracterização do comportamento ético, nao importando a sua redução filogenética ao decisor propositado.
Buscando uma perspectiva mais abrangente para o ordend mento destas formulações, vejo o pressuposto da análise transaci.· nal da psiquiatria social. O construto reconhece a personalidad~
humana com três dimensões, o Pai, o Adulto e a Criança,
parecendo-me uma simplificação do modelo estrutural do Freud, superego, ego e ido A cada dimensão está associado um conjunto de padrões de comportamento, informado por estados mentais, com postura,
de vista, voz e vocabulário distintos, formando atitudes
pontos psíqui-cas diferentes e frequente$ente inconsistentes. Para Eric Berne,o Adulto é a dimensão predominante, pois cabe-lhe "a tarefa de reg~
lar as atividades do Pai e da Criança, e a'objetiva mediação entre eles". Creio ser possivel formalizar os modelos de homem da econ? mia e da administração, e talvez da sociologia e ciênçias polí.ti--cas, como casos limites de construtos da psicologia, sendo-me mais fácil visualizá~lo nesta versão simplificada*.
O seguidor de regras estaria na dimensão Pai, o decisor interesseiro no Adulto. Na medida em que as regras apenas suprem a deficiência de cálculo e a ignorância parcial de alternativa~
e dados, a dimensão Adulta mantém predominância. Mas na medida ex; que as regras estão internalizadas e se constituem em deveres que determinam imperativamente a ação, a predominância passa para o Pai. A terceira dimensão, a espontaneidade da Criança está de fo
ra, inteiramente ignorada em todos os construtos da economia e quase todos da administração**.Assim, é em termos desta conexão múltipla que vejo a operacionalização do tão discutido irrealismo do homem econômico: um adulto sem criança nem pai,assemelhando-se, por certo, a um eunuco ••• ***.
Substituindo a predominância de uma dimensão ou doutra da personalidade, pela propensão ou probabilidade de ação segundo
*
Ber.ne(1964, pp. 23-34).** .
Não
é o caso da nercadologia. O pré':prio Beme (icen,pp.33) e.xenplifica o seuDDdelo nuna. aplicação a vendas de porta em porta.
*** :e
de Buàlanan,o zewluciooário da catalática, a inspiração para o dito. Nadefesa do batem ecxnânioo, ele chama eunuco ao já citaOO calStruto de Lan
ge: tanb2m xinga de eunucos a tcxbs os eccnan:Lstas-matemáticos. Assim,
a
---~~- ---~
.8.
cada uma delas, existe uma esperança de desenvolvimento de uma te2 ria bem mais abrangente e fértil, consistente e elegante. A simp1i cidade seria mantida certamente nos casos limites, onde as reformu lações das teorias existentes estariam no status da física newto-niana, como limite da quântica ou da relatividade restrita*.
O coletivo como unidade analítica é outra questão maior.
De um lado, já na química não se consegue derivar todos os atribu
tos da água a partir do hidrogênico e do oxigênio, e da forma em que se combinam. Passando à biologia, muitos atributos de organiE mos vivos derivam da interação de seus constituintes, não se mani
festando neles quando tomados individualmente. Seguem-se os grupos sociais com características de comportamento inderiváveis da cornbi nação dos atributos de indi víduos que os compõem. Ocorrem, nos três casos, mudanças ou novidades na composição, o que obviamente legitima o coletivo como unidade analítica. Neoclãssicos veemente mente se opoem aos marxistas nesta dimensão, condenando a
.
classe como construto. Mas é na mesma dimensão que também pecam,postulan-do o comportamento pecam,postulan-do grupo familiar - seu individualismo é de fato farnilismo, como lembra o grande filósofo neoclássico Frank Knight**. O lucro é maximizado por outro grupo, a firma,cuja comp~
sição varia de um a dezenas de milhares de componentes, sob as mais variadas condições de trabalho, dependência, cultura, lideran ça, estrutura, etc.
Por outro lado, é fato que o indivíduo também altera o coletivo, ao longo de seu processo de coletivização***. O mais dó-cil seguidor de regras nao o faz menos, pois involuntariamente acu mula impropriedades na ação, em virtude das dimensões novas da
*
**
***
A inspiração aqui. provém de lItl rnaraviThoso livro do cientista Heisenberg
(1981) •
Knight, Frank(l98l,W.94-S). A lenbrança é boa tanbém para resgatar un pou
ex> a imagem da esrola neoclássica qtE vinha sendo transmitida. Basta citar
a sua afiJ:mação sabre o hatem ecx:nâmico quando oontrastado com o honem CCITIUIf.l
" ••• 0 cri.ticisnD raciCXlal, ecxnômioo, de valores dá resultac:bs repugnantes
em re~a txxh senso cx:mum. Nessa perB};ectiva, o harem ideal seria o ho
nem eccnêmioo, o l'1cinam qlE sabe o qtE quer e o 'persegue' oom unicidade cf;
. pl:q)Ósito. O fato é,c:ertanente, o reverso. O harem eacnêmioo é o egoista,
cruel cbjetivo de ccndenação noral" (Knight 1980,W.2l) •
seria pedir nui to, particulaznente a un teinoso, que até se 1anenta de
sê-lo, mas não OOJ'l.seglE oorrigir-se ••• , pedir a abstração do tanto passado na resistência em tantos grupos. Introspecção sem dúvida, mas estou a:Jn COlby,
"ê vantajoso senros uma pessoa, quando investiganos pessoas" - citado em
.9.
existência ou experiência em curso. Não vejo maiores problemas nó
visualização do coletivo como unidade de análise, desde que ~sta seja mantida em termos probabilísticos, com o subjacente modelo es tocástico do homem visto acima. Assim, um comportamento de firma neoclássica é mais provável na medida em que o processo de poder
é coerci ti vo e sua estrutura autocrática'. Caso mais comum do pa~ sado, certamente, mas crises de sobrevivência tendem á redução tem porária ao processo coercitivo, como se estuda no campo da estrat~
gia empresarial* • Naturalmente, a construção de teorias estocásti cas que satisfaçam os requisitos metodológicos é esperança para o trabalho do porvir. Mas tê-las em perspectiva no trabalho cientí fico corrente, parece-me o mínimo em um posicionamento maduro.
.10. Conclusão
Creio que há de fato uma oportunidade de crescimento con tínuo, para o ser humano comum, na busca da harmonia entre as . re-gras e valores internalizados e as revelações da existência e a lógica é o motor. Mas talvez seja da sabedoria a a::mjugação desta dinâmica com a consciência da inevitabilidade do duplo pensar/pois
é da condição humana a adoção simultânea ~e crenças contraditórias. Na continuidade desta ótica / crei ser da condição das c::. ências sociais o desenvolvimento de construtos inconsistentes, or~ ginando teorias internamente coerentes mas mutuamente contraditóri as.Está na busca da conexão múltipla o potencial de crescimento a través das revoluções científicas. g do princípio da complementari dade de Niels Bohr a sabedpria, a concomitante aceitação das teor~
as conflitantes, com a restrição empírica em suas aplicabilida-des. As ciências sociais são meias verdades, extremamente úteis se tidas como tais. Num passo além, cai-se no pior do·que a pior mentira, valendo a asserção de Whitehead, na autoconfiança do povo douto é a tragicomédia da [nossa] civilização*.
*
Citaoo em Georgescu-aJegenU980 ,W.222 )/ FUNDAÇAO GETULIO VARGAS
IlIUOTECAl\1ARlO llENRIQUE SIMONr"
...
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56. EVOLUÇ.L\() DOS PLANOS MSICOS DE FINANCIAMENTO PARl\ AQUISiÇÃO DE CASA PRúPRIA
DO BANCO NACIOI~AL DE HABITAÇÃO: 1~64-1984 - Clovis de Faro - 1985 (esgotado) 57. MOEDA INDEXADA - Rubens P. Cysne - 1985 (esgotado)
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59. O ENFOQUE MONETARIO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS: UM RETROSPECTO - Valdir Ramalho de Melo - 1985 (esgotado)
60. MOEDA E PREÇOS RELATIVOS': EVI DtNCIA Et~prRI CA - Antonio SaLazar P. Brandão,-1985 (esgotado)
61. INTERPRETAÇ~O ECONDMICA, INFLAÇÃO E INDEXAÇAO Antonio Haria da Silveira -1985 (esgotado)
62. MACROECONOMIA - CAPrTULO I - O SISTEHA MONETARIO - Mario Henrique Silllonsen e Rubens Penha Cysne - 1985 (esgotado)
::3.
MACROECONO~lIA - CAPrTULO II - O BJ\LANÇO DE PAGAMENTOS - Mario Henrique Simonsen e Rubens Penha Cysne - 1985 (esgotado)64. MACROECONOI1IA - CAPrTULO III - AS CONTAS NACIONAIS - Mario Henrique Simollsen e Rubens Penha Cysne - 1985 (esgotado)
65. A DEMNJOA POR DIVIDENDOS: UMA JUSTIFICATIVA TÉORICA - TOMMY CHIN-CHIU TAIII e
Sérgio Ribeiro da Costa Werlang - 1985 (esgotado) ,
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. ! ' -,o ,o • • "! • • 0
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INFlAÇ~O E POLrTICAS DE RENDAS - Fernando de Holanda Barbosa e Clovis deFaro - 1985. .
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"
75: HYPERSTABILlTY OF N/~SH EQUILlBRIA - Carlos Ivan Simonsen Leal - 1986
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-Çarlos Ivan Sirr.onsen Leal' - 1986 (esgotado)
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FILOSO~IA E ?OLfTICA ECONuMICA I: Variações sobre o Fenômeno, a Ciência cseus Cientistas - Antonio Maria da Silveira - 1986 .
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85. SIGNALLlNG ANO ARI3ITR/l.G!: - Vicente Hadrigal e Torilmy C. Tan - 19n6
86. ASSESSORIA ECONOr·U CA P/"RA A ESTRI\TtGI A DE GOV;::RNOS ESTj\DL'AI S: ELflBOW\Ç('f:S
SOUBE UH!\ ESTRUTUf{l\ I\r.ERTA - Antonio Hi.nia di) Silveira - 198C,'- (<.'Sr,ol;hln)
87. 'filE CON SI S'I'ENCY OF \'mr...Pl\RE ,JUDGI';r'1EN'rS H I'J'j] JI. HEP}{E~~ EN'J'[l.rl' 1 V l'~
88. INDEXAÇÃO E ATIVIDADE AGRICOLAs: CONSTRUÇÃO E JUSTIFICATIVA PARA A ADoçÃO DE
UM INDICE ESPECIFICO - Antonio Salazar P. Brandão e Clóvis de Faro - 1986
89. MACROECONOMIA COM RACIONAMENTO UM MODELO SIMPLIFICADO PARA ECON(!UA ABERTA
- Rubens Penha Cysne, Carlos Ivan Simonsen Leal e Sergio Ribeiro da Costa
Werlang - 1986
90. RATIONAL EXPECTATIONS, INCOME POLICIES AND GAME THEORY - Mario Henrique
Simonsen - 1986 - ESGOTADO
91. NOTAS SOBRE MODELOS DE GERAÇÕES SUPERPOSTAS 1: OS FuNDAMENTOS ECONÔMICOS
- Antonio Salazar P. Brandão - 1986 - ESGOTADO
92. TOPICOS DE CONVEXIDADE E APLICAÇÕES Ã TEORIA ECONÔMICA - Renato Frage11i
Cardoso - 1986
93. A TEORIA 00 PREÇO DA TERRA: UMA RESENHA
- Sergio Ribeiro da Costa W.er1ang - 1987
94. INFLAÇÃO, INDEXAÇÃO E ORÇAMENTO DO GOVERNO - Fernando de Holanda Barbosa
- 1987
95. UMA RESENHA DAS TEORIAS DE INFLAÇÃO
- Maria Silvia Bastos Marques - 1987
96. SOLUÇÕES ANALtTICAS PARA A TAXA INTERNA DE RETORNO
- Clovis de Faro - 1987
97. NEGOTIATION STRATEGIES IN INTERNATIONAL ORGANISATIONS:
A GAME - THEORETIC VIEWPOINT - Sergio Ribeiro da Costa Wer1ang - 1987
98. O INSUCESSO DO PIANO CRUZADO: A EVIDÊNCIA EMPIRlCA DA INFLAÇÃO 100%
INERCIAL PARA O BRASIL - Fernando de Holanda Barbosa e Pedro L. Valls
99. UH 1'Et-L\ REVISITADO: A RESPOSTA DA PRODUÇÃO AGRíCOLA AOS PRELOS NO nrJ\SIL
- Pernando de Holanda Barbosa e Fernando da Silva Santiago - 1987
100. JUROS, PREÇOS E DrVIDA PÚBLICA VOLUHE" I: ASPECTOS TEORICOS
-- Marco Antonio C. Martins e Clovis" de Faro -- 1987
101. JUROS, PREÇOS E DíVIDA PÚBLICA VOLID1E 11:" A ECONOHIA BRASILEIRA (1971/1985)
- Antonio Salazar P. Brandão, Clóvis de Faro e Harco Antonio C. Martins - 1987
102, MACROECONOHIA KALECKIANA - Rubens Penha Cysne - 1987
103. O PRÊHIO DO D(jLAR NO HEl{CADO PARALELO, O SUBFATURANENTO DE EXPORTAÇÕES E O
SUPERFATURAMENTO DE UlPORTAÇÕES - Fernando de Holanda Barbosa - Rubens Penha
Cysne e Marcos Costa Holanda - 1987
194. BRAZILIAN EXPERIENCE WITH EXTERNAL DEBT AND PROSPECTS FOR CROHTH
-Fernando de Holanda Barbosa and Hanucl Sa"nchcz de La Cal - 1987
105~ KEYNES NA SEDiÇÃO DA ESCOLHA POBLICA
- Antonio Maria da Silveira - 1987
106. O TEORENA DE FROBENIUS-PERRON - Carlos Ivan Simonsen Leal - 1987
107. POPUlAçÃO BRASILEIRA - "Jessê Nontcl10 '<"' 1987
108. MACROECONOMIA - CApITULO VI: "DEMANDA POR MOEDA E A CURVA LM" - Mario Henrique
Simonsen e Rubens Penha Cysne - 1987
109. MACROECONOM1A - CAPíTULO VII: "DEMAt-.Tl)A AGREGADA E A CURVA 1S" - Mario Henrique
Simonsen e Rubens Penha Cysne - 1987
111. THE BAYESIAN FOUNDATIONS OF SOLUTION CONCEPTS OF GAMES - Sergio Ribeiro da Costa Wer1ang e Tanmy Chin - Chiu Tan - 1987
112. PREÇOS LIQUIDOS (PREÇOS DE VALOR ADICIONADO) E SEUS DETERMINANTES; DE PRODUTOS SELECIONADOS, NO PERIoDO 1980/19 SEMESTRE/1986 - Raul Ekerman - 1987
113. EMPRtSTIMOS BANCÁRIOS E SALDo-MÉDIO: O CASO DE PRESTAÇÕES - Clovis de Faro - 1988
A 114. A DINÂMICA DA INFLAÇÃO - Mario Henrique Simonsen - 1988
115. UNCERTAINTY AVERSION AND THE OPTIMAL CHOISE OF PORTFOLIO - James Dow e Sergio Ribeiro da Costa Werg1ang - 1988
116. O CICLO ECONÔMICO - Mario Henrique Simonsen - 1988
117. FOREIGN CAPITAL AND ECONOMIC GROWTH - TRE BRAZILIAN CASE STUDY Mario Henrique Simonsen - 1988
118. COMMON KNOWLEDGE - Sergio Ribeiro da Costa Wer1ang - 1988
119 •. OS FUNDAMENTOS DA ANÁLISE MACROECONÔMICA - Prof .. Mario Henrique Simonsen e Prof." Rubens Penha Cysne ~ 1988
120. CApITULO XII - EXPECTATIVAS RACIONAIS - Mario Henrique Simonsen - 1988
121. A OFERTA AGREGADA E O MERCADO DE TRABALHO - Prof. Mario Henrique Simonsen e Prof. Rubens Penha Cysne - 1988
122. INtRCIA INFLACIONÁRIA E INFLAÇÃO INERCIAL - Mario Henrique Simonsen - 1988