SAUDE E TRABALHO DE MULHERES PROFISS IONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PUBLICO DE SALVADOR,. BAH IA*
Estela Mria Leao de Aquino ** Maria Jenny Silva Araujo* * * Geice Maria d e Souza Menezes* * * * Lilian d e Fatima Babosa Marinho+
RESUMO: 0 trabalho de Enfermagem, desenvolvido essencialmente por mulheres, envolve numerosos fatores de risco para a saude. Apesar disso, no Brasil, os estudos sobre a saude desse grupo ocupacional praticamente inexistem. Este estudo transver sal pretendeu diagnosticar as condi:oes de saude e trabalho de enfermeiras e a uxiliares de enfermagem em un grande hospital publico. Foram realizadas entrevis tas e medidas de peso, altura e pressao aterial no proprio local de trabalho, em 497 trabalhadoras. Especialmente nas auxiliares, foram encontradas altas prevah�ncias de problemas agudos (45%), e cronicos como dores de coluna (71 %) , varizes (57,5%), h ipetensao aterial (24,9%) , transtomos menta is (36,7%), obesidade (1 6%), proble mas digestivos (34,5%) e respiratorios (31 %) . Ambos os grupos apresentam excessi vas jornadas de trablho proissional. Contudo, as auxiliares sao duplamente penaliza das pelo acumulo de trabalho domestico, 0 que contribui para suas piores condicOes
de saude.
ABSTRACT: Nusing work is developed mainly by women and includes many risk factors for several diseases. Nevetheless, in Brazil, the studies about health conditions of the occupational group are almost inexistent. This cross-sectional study was carried out in order to investigate the health and work conditions of R.N. and auxiliary nurses of a public hospital. The data collection included interviews and measures of weight, height and blood pressure, in 495 employed nurses and auxiliary nurses. Specially among the auxiliary nurses, the results revealed very high prevalences of acute (45%) and chronic conditions, such as backache (71 %) , varices (57,5%) , arterial hypertension (24,9%) , mental disorders (36,7%) , obesity (1 6%) , digestive (34,5%) and respiratory problems (31 %) . Both groups have too long a professional workday. However, the auxiliary nurses are overloaded by homework, that contribute to wosen their health conditions.
1. INTRODU;Ao
A atividade de enfermagem tem sido desenvolvi da, tradicionalmentc, por mulheres. Antes, executada
nos lares, como e ncargo domestico e, depois, nos hospitais medievais, em nome da caridade crista, a enfemlagem se estruturou como proissao, dento dos marcos do capital ismo, mantendo essa distin�ao
Trabalho apresenlado no 45° Congresso Brasileiro de Enfennagem -R ecife -I'E, 28 de novembro a � de dezembro de 1 993 •• Medica. Meslre em M edicina Social ( I M S/UERJ DOllloranda em Sailde P ilbl ica ( DM P/U FBA). Professora assislenlc (IMSIUERJ)
e pesqllisadora do Nilc1eo de Estlldos M lIlher e Saildc ( M U S U FBA).
••• Enfenneira, Mestre em S ailde Comllnitaria (UF BA). Professora Adj llnta da Eseol a de Enfennagem (UFBA). Coordenadora da Comissao de l'ubl iea9oes e DivllIga910 (ABEN-Nacional).
** .. Medica, mestranda em Sailde Comlln ihiria (UFBA). Pesqllisadora (MUS UFBA) + Enfenne ira, mestnmda em Sallde Comllnitaria (UFBA). Pcsqllisadora (MUSAlUFBA).
de genero, onde a ate de cuar tomou-se monop6lio de elites masculinas, separada dos cuidados dietos aos pacientes, execidos por mulheres, de modo su boriado aos primeiros.(9)
Ao institucionaliar-se em meados do seculo X, outra caacterisica marcante da nova proissao foi a reproduQ30 de uma divis30 social do tabalho, pretensamente atraves de uma divisao tecnica, onde as aividades de ensino e de suervisao eam exerci das elas ladies nurses, povenientes de familias aris tocnticas, e as atividades de cuidado direto ao pacien te execuadas pelas nurses, de nivel socio-ecOnOmico iferior.(3) Essa divisao permanece, atualmente, pela separa930 as fun90es "mais i ntelectuais" - a cargo das enfermeiras - das atividades manais, realiadas pelas auxiliares.(l9)
A poissao de enfemlagem esteve sempre mar cada por conteudos fortemente ideol6gicos, onde as especicidades de genero sao natralizadas. atri buindo-se a predominancia feinina a uma aptidao "inaa" das mulheres para cuidar dos outros. a qual supostamente faltaia aos homens.(34) Por outro lado, encontra-se emleada pelo discurso eligioso, onde sao enfatizados 0 devotamento, 0 idealismo, 0 altmis mo e 0 desprendimento material.( 1 5)
Estudos nacionais(3, 1 5) apontam para a persisten cia de uma vi sao idealizada da proissao pelas enfer meiras, que se conta poe a dura ealidade de um trabalho mal remunerado, com excessiva carga de atividades. A analise das condiQoes de tabalho de enfermagem revestem-no de caacteristicas especii cas, pois alem de se relacionar com a doenQa e com a morte, e parte de um sistema que assegura a continui dade da produQao e detemlina a queba da continui dade no tabalho realizado individualmente, 0 que deine 0 trabalho or tumos. Estudos realiados em outras categorias proissionais evidenciam que as jor nadas otativas causam altera90es do sono, distubios nevosos e digestivos, alem de desorganizarem a vida familiar e social das trabalhadoras. No caso da enfer magem, a exosiQao a fatores de risco mecanicos e ambientais especiicos, e ainda agravada pelos recur sos materiais insuficientes e inadequados, que ocasio nam condiQoes inseguras no trabalho.(4.5)
Apesar disso, os estudos sobre condiQoes de sau de desse gruo ocupacional, ainda que razoavelmente freqientes em outros paises(6. 1 1 . 1 7. 2 1, 23. 24. 29. 30. 3 1 . 32), no Brasil, sao raros e inespecificos. Os existentes, em geral, refeem-se aos iscos otenciais de insalu bridade ou ao absenteismo por motivos de saude do pessoal que trabalha em hospitais.(25.26. 33,35)
Aenas a decada de 80, a efermagem brasileia come90u a discutir sua pntica como trabalho, acom panhando 0 processo de discussao da crise do setor saMe que evoluiu a partir da decada de 70.(3,4,5, 15,19)
E
sses pimeiros estudos ten em comum a efase em caracteiar a pntica de enfemgem como trabalho e conferir-le, dessa forma, visibilidade social. A constataQao da carencia de investigaQoes sobre as condiQoes de trabalho ten neecido destaque em congessos e f6mns da enfemagem, onde se aontou a urgencia na realiaQao de estudos que deem conta de suprir essa lacuna.E
povavel, portanto, que dessa aparente "invisi bilidade " do tabalho de enfermagem, decora 0 fato de que seus efeitos sobre a saude aenas comecem a ser investigados.o estudo sobre as condiQoes de saude desse gmpo poissional, deve levar em consideaQao a complexi dade das relaQocs entre saude e trabalho, que extrao lam a visao tadicional da saude ocupacional, rest ita ao trabalho industrial e a uma ViS30 limitada ao am biente de tmbalho .
D o onto d e vista estrito, os agravos a saude relacionados ao trabalho sao classiicados em dois gmpos: no primeiro, incluem-se aqueles que tradu zem mptra abmpa do equilibrio entre as condi90es e 0 ambiente de trabalho e a saude do trabalhador, como os acidentes do tmbalho e as intoxicaQoes agu das de origem pofissional. 0 segundo gmpo inclui agravos de canter cronico : a doen9a pofissional tipica, definida como aquela inerente ou eculiar a detcmlinado ramo de atividade e constante da rela9ao organizada c 10 Ministerio da Previdencia e Assisten cia Social, c l )
Um outro gmpo e constituido elas "doenQas relacionadas com 0 trabalho ", definida s pela Organi za930 Mundial de Saude como "agravos outros que, em adiQ30 a doen9as profissionais legalmente desco nhecidas, ocorem em trabalhadoes quando 0 a m biente ou as condi90es contribuem signiicativamente pra a ocorrencia de doenQas, porem em graus varia dos de magnitude ','.( I ) Neste gmpo, 0 Comite de Esecialistas da OMS inclui:
- disttirbios compotamentais e doenQas psicos somaticas;
- hipetensao aterial:
doen9a isquemica do cora930 :
doenQas espirat6rias cronicas nao especiicas (bronquite cronica, enisema, asma bronquica);
doen;as do aparelho locomotor (Iombalgias, ar talgia de o mbro e pesco;o, etc);
- cance;
atopia (dematites, inite, asma bronquica, etc).
Pode-se, ainda, mencionar grupos de problemas atibidos a organiza;ao do trabalho no modo de produ;ao capitalista, discutidos or auto res como DEJOURs(8) e LAURELL & NOREGA(1 4), como 0 envelhecimento pecoce, a sindome da fadiga patolo gica, os distbios do sono e da sexualidade, 0 estesse conico.
No presente estudo, de carater exploratorio, pe tendeu-se conhecer as condi;oes de trabalho e de saude de proissionais de enfe111agem, de modo a ermitir 0 levantamento de hi6teses para futuras anilises.
Entretanto, eleger como obj eto de estudo un grupo proissiona l, constituido quase exclusivamente or mulheres, implica na necessidade de contemplar as especiicidades do trabalho feminino, em especial, no que diz reseito a incorpora;ao do trabalho domes tico , j a que sua inse;ao profissional nao as libea das un;oes tradicioais de cuidado da casa e dos ilhos. Assim, aIem de caracteristicas gerais da popula;ao estudada e de aspectos elativos ao trabalho proissio nal, foram Ievantadas infon113;oes sobre 0 trabalho que exercem na esfea domestica, sej a quanto a ex tensao e a natureza das atividades. Os resultados aqui apresentados sao os primeios obtidos, j a que 0 traba Iho de campo da investiga;ao foi recentemente encer ado e 0 banco de dados e ncontra-se em fase de constitui;ao. Entetanto, por entender a relevancia do presente evento para os desdobramentos decorren tes do mais amplo uso dos resultados dessa pesquisa, foram priorizados alguns dados para apresenta;ao. de modo a pemutir um diagnostico preliminar da situa ;ao de tabalho e saude desse grupo.
2. METODOLOGIA
Foi desenvolvido urn estudo de caso em um dos maiores hospitais Pllblicos de Salvador-Ba * 0 estu do, de corte transversal, envolveu a entrev ista de todas as profissionais de enfennagem de i nidas como elegiveis, atraves de questiomirio de perguntas
fecha-das, alem de medidas de pressao arteial sanguinea (PAS), peso e altura. Foram consideradas elegiveis todas as proissionais de enfermagem do quadro per manente da institui;ao, lotadas no hospital escolhido, sendo excluidas as afastadas por motivos pessois, em licen;a-premio, a disposi;ao de outros orgaos ou deslocadas de fun;ao . Aquelas afastadas paa trata mento de saude, Jicen;a mateidade ou ferias foram consideradas elegiveis, sendo entrevistadas no retor no ou, excepcionalmente, no doUcilio.
A medida de PAS envolveu duas tomadas a mesma ocasiao (no inicio e ao inal da entrevista), sempre na posi;ao sentada, no bra;o direito a alura do coa;ao . Foram consideados casos de hipertensao arterial aquelas mulheres que apesentaram, ao exa me, PAS maior ou igual a 1 60/95 mmHg.
A leitura do peso foi feita com aiJio de balan;a de mola portatil, eletrica, com caJibagem automatica e ala precisao. A altua foi aferida por estadi6meto i ndefo111avel, com a mulher em e, ereta e com os pes descal;os. Foranl cIassificadas como casos de obesidade aquelas que apresentaa m indice de Massa Coporea (IMC = peso/aJtura2) igual ou maior que 3 0 . Considerou-se como sobreeso, aquelas cuj o IMC era inferior a 30 e igual ou maior que 2 5 . sendo normais os valores inferiores a essa faixa.
o questiomiio foi compos to dos seguintes blocos de variflVeis: caracteristicas socio-demogicas ; tra balho proissional e domestico ; saude. Na parte rela tiva a sallde, foram investigados problemas agudos ou agudiza;ao de problemas cr6nicos ocorridos nos ul timos quinze dias a nterioes ao momenta da entevis ta; problemas crolucos com e sem diagnostico clinico anterior (pressao alta e outros problemas cardio-vas culares; diabetes; problemas digestivos e renais ; aler gias: varizes e dor na coluna; problemas menais, tio ansiedade e depressao) . Para investigar os poblemas mentais, utilizou-se 0 Self Report Questionnaire -SRQ-20 - um instrumento auto-aplicado, de escala bimodal (silnao), j a testa do no Brasil e aplicado anteriormente por PIT A,(25) em popula;ao de traba lhadores de sallde em um hospital geral de Sao Paulo.
As entrevistas e medidas objetivas foram efetua das por pessoas do sexo feminino, para facilitar a i ntcra;ao com as entrevistadas. Foram realizadas 495 entrcvisuls em qualro meses de tabalho de campo,
Por razoes die;. principalm!ntc para evitar a estigmatiza"io da popula9io !studada. nat> seni identiieado 0 hospital onde se efetuou a investiga"io.
Grafico 1 - Distribuiyao por Idade de Enfermeiras e Auxiliares
7 0 60 50 .0 30 20 10 0 10 20 30 .0 50 60 70
Gratico 2 - Distribuiyao de Enfermeiras e Auxiliares Segundo Cor da Pele*
Pa rda c l a r a
4 4 , 3
E N F E.RM E I RAS
( N =9 4 )
B r a n ca 39,8
AU X I I A R E S
( N =3 9 7 )
Pa r d a c l B r a
38,3
N e g r a 2 0,.7
Pa r d a e s c u r a
1 2, 5 Pa r d a e s c u r a 3 4 , 6
• Auto -referida
Grafico 3 - Distribuiyao por Situayao Conjugal Segundo Grupo Ocupacional
.
7 0 ---,
60 · · · ·56;5· · ·
Casada
Soltelra Separadao
n'ermeiras
�Auxiliar]
• Inclul d • • qul tadaa • d i vorc ladaa
248' R. Bras. Enferl. Brasilia, v. 46, n. 3/4, 245-257, jul.ldez. 1 993
Vluva
Gratico 4 - Distribuiy80 por Chefe de Familia Segundo Grupo Ocupacional
% 3 5
31,7 30
25 22,
20
1 5 14,9 ... 12,8 14,9 .. .
1 1,7 1 0
5
M a r i d o A m b o s O u t ro s M o r a s i
A p rop r i a P a i S e m c h e fe
HH E n fe r m e i r as
onde foram adotados procedimentos paa um rigoro so contole de qualidade . Obteve-se um alto grau de colabora;ao, principalmente considerando-se que as entrevistas foram realizadas em ambiente de trabalho. sendo a participa;ao de 95% do total de elegiveis, em ambos os gmpos proissionais.
o processamento de dados foi feito em micro computador PC-AT, sendo esses primeios resltados obtidos pelo uso do pacote Epi-Info (CDCUSA).
3. RESULTADOS
3.1 Caracteristicas socio-demograficas
A popula;ao estudada e comosta de 1 9% de enfem1eiras e 81 % au"iliares de enfermagem, as quais i nclue m antigas atendentes quase todas reclas sificadas apos treinamento na propria institui:ao .
As meias de iade foam, esecivamente, de 35, 1 e 38,3 aos, sedo que 55,3% s enfenneas e 4 1 ,4% s aL�aes tem enre 30 e 39 anos (Gico 1 ).
Em rela:ao a cor da pele (auto-referida). consla ta-se que mais da metade das auxiliares foam classi icadas como sendo de cor parda escua e negra. com na parcela muito restrita (6.3%) de brancas (GrMi co 2). De modo oosto. uma propor:ao expressiva de enfermeiras rerere ser de cor banca (39.8%) ou parda clara (44,3'Yo). com uma popor:ao mini ma de negras
I Au x i l i a res
(3 ,4%).
C H E F E D E
FAMILIA
Ente a s enfem1eiras, un alto ercentual (39,4%) e constituido de mulheres solteiras, quase equivalente ao de casadas* (44,6%) . Das demais, 1 2,8% sao se paradas, desquitadas ou divociadas e 3 ,2%, viuvas. Entre as auxiliares (Grlleo 3 ), apenas 22,7% sao solteiras. Das que possuem companheiro (56,5%), as casadas corresponderam a 3 8,5% do total de mulhe res, enquanto 1 8% tem uniao consensual. As popor :oes de casamentos desfeitos ( 1 6,3%) e de viuvas
(4,5%) foam um pouco superioes as das enfermei ras . Tambem em ela:ao a experiencia de mateida de foam grandes as dfeen;as: tem ilhos 55,3% das enfem1eiras e 73 ,9% das auxiliaes. (Grllco 3 )
E
i nteessante que 30,8% das auxiliares sao che fes de familia conta apeas 1 6.0% das enfermeias (Gruico 4). Em contrapartida, as enfemeias expres sam rela:oes de coabia:ao mais igliiias com propor:oes mais altas de ausencia de chefe ( 1 1 , 7%), ou de casais onde ambos sao chefes ( 1 4,00) (Gi co 4).3.2. Trabalho
As trabalhadoas d e enfermagem estudadas tem dois padroes claos e distintos quanto a qualiica;ao profissional. As a:i liares de enfe1agem, que
Grafico 5 - Dura;ao Semanal do Trabalho Domestico e Profissional de Enfemeiras
Horas
0-9
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60+
! I :
TRAB,PRO�
� 9: : : ' .f��
• 31,2
TRAB.OOM .
% 50 40 30 20 1 0 o 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0
Grlfico 6 -Dura;ao Semanal do Trabalho Domestico e Proissional de Auxiliares de Enfermagem
Horas
0-9
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-I
I
I
TRAB.PROF m,9
40 30 2 0
24,8 LL''''",,''
"��
1 0 o 1 0
. . .
TRABjOOM;
2 0 30 40 5 0
Grlfico
7
- Distribui;ao por Tumo de Trabalho Segundo Grupo OcupacionalI
4033,S
31,1 30
20
1 0
o E-EfI __
J.:l7,1
'±",,-;_ :LManha (M) Tarde (T)
250 R. Bras. Enferll. Brasi l i a. v . 46. 11. 3;4. 245-257. jul.ldez. 1 993
- -
---Grafico 8 - Atividades Fisicas Segundo Tipo em Enfermeiras e Auxiliares
a.r Trab.ot. Trab.do.
I
W -- A Modardo D _0I
E N F E R M E I RAS
me�anm a tabalhar cedo, gealmente como atenden tes, apresentam uma trajet6ria de pogressiva qualii ca�ao, como e possivel visualiar-se no Quado 1 . Vma pacela minoiaria (7,5%) permanece ainda como atendente, tendo a grande maioria (87,7%) ni vel maximo de qulifica�ao de auxiliar de enfemla gem. Vma pequena proor�ao (4,8%) ten curso tec nico de enfermagem, emboa permane�am enquada das como auxiliares.
Quadro 1 - Cursos de Enfermagem e Nivel
Maximo de Qualiicayao de Auxiliares
NiVEL MAxIMO 1 OUTROS CU RSOS %
Atendente de Enfermagem ..
Atendente 4,8
Atendente + outros cursos 2,7
Auxiliar de Enfermagem 87 7
Atendente + auxiliar 50,4
Atendente + auxiliar + outros 5,5
Auxiliar 27,0
Auxiliar + outros 4,8
Tecnico de Enfermagem Auxiliar + tecnico
Auxiliar + tecnico + outros Tecnico
Atendente + Auxiliar + Tecnico
l
1 ,7 0,3 1 ,0 1 ,8
As enfemeias, em sua maio ria, en aeas 0 cuso de gadua�ao, e aenas uma ente as noventa e qatro entevistadas ia 6s-gadua�ao senso estrito, com cuso de mesado. Das delas esavam, esectivamen
e, fazendo cso de medicina e ciencias biol6gicas.
L .. , Trbpot. Treb.doll.
I
W -- A Mdarda D ....I
AU X I L IARES
Ambos o s grupos ocupacionais cracterizam-se por uma carga de trabalho poissional bastante ex press iva (Gricos 5 e 6). Isso se expressa tanto em rela�ao a existencia de mais de uma atividade egular remuneada (59,6% das enfermeins e 5 3 ,0% das aLxiliares), quanto na carga hoiria semanal (com medias de 46,6 hoas para as efermeins e 45,7 hons para as auxiliares).
Contudo, as diferen�as sao marcantes quanto ao
regime de tumo e 0 tipo de atividade que desenvol
ven em sua segundajoada, demonsrando a rela�ao
entre 0 tipo de inser�ao econ6mica e a qualiica�ao
profissional. Assim, as enfermeins sao mais nume
osas em tumos de seis hons (7 1 , 2%), sendo sua
maior presel9a no hospital estudado pela maha
(45,7%) . A op�ao pelo esquema de plantao se da
quase exclusivamente pelo tumo notumo (26,6%).
Em sua ql1ase toalidade (92,9%), as enfermeiras ten
como outra atividade um emprego hospitalar ou a
aea de saude, provavelmente em uma segundajoa
da diana de seis hons, o tumo a arde. (Grllco 7)
As alies esao eis em plntes de doe hos, sejm dimos (33 ,5%) ou otmos (3 1 , 1 %). Alem desse empego, muias ossuem aividades vias, pte as qis infonais, como a costa e 0 artesaato, o ensino pticular, a vena de confe�6es, bjuteias e podutos de elea, aividades de nicue e celeieia. Tambem em rela:ao ao esfor:o isico no tnbalho profissional, acentuam-se as dJeen�as. Enqunto
7 1 ,3 % das enfenneias submetem-se a esfor:o isico modeado (caminham muito, mas oo caegam eso), a quase totalidade as alLxiliaes ten esfor:o isico
eado (46,4%), ou modeado (49,6%) (Gico 8).
Grafico 9 - Sobrecarga Domestica* Segundo Tipo de Atividade e Gru po Ocupacional
Crianca L i m pe7.a C0. i n h a r Lavar
1 -· - -- -- -··- --- --. - --- . . . - -. - - -,
I ::J Enfe r m e l ras :'�_'l A u x i l l ares
I
, I
• Fa z I n tel ramente au fica com a malor p a r te
Passar
TlPO
Gratico 1 0 - Prevah�ncia de Sobrepeso e Obesidade em Enfermeiras e Auxiliares
N o r m a l 7 9 %
E N F E R M E I R A S
( N =94 )
O b e s i d a d e 5 % Sobr ep eso
1 6 %
N o r m a l
4 3
A U X I L I A R E S
( N = 4 00)
O b e s i d a d e
1 6 %
S o b r e p e s o 4 2 %
Gratico 1 1 - Preva lencia d e Hipetensao Arterial e m Enfermeiras e Auxiliares
E N F E R M E I R AS
( N =9 4 )
N o r m a l
86, 0%
H i p e r te n s ao
1 4 , 0%
252 ? Hm.'. I,'/mll. Brasilia_ \' . t). n . \ '4. 245-2 57. jul/do . . I (J')\
,\ U X I L 1 A R E S
( N =400)
N o r m a l
7 5 ,
1 %
__ -�Grlfico 1 2 - Problemas de Saude nos Ultimos 1 5 Dias Segundo Grupo Ocupacional
N ao 4 4 , thl
,-.
E N F E R M E I R AS
( N =94 )
S i m
55 3;}
N ao 55,0%
AU X I L I AR E S
( N =4 00)
S i m
4 5,0%
Grafico 1 3 - Problemas Mentais Menores* Segundo Grupo Ocupacional
N a o
79, 8%
E N F E R M E I R AS
( N =9 4 )
Si m
�2
0 2%
Nao
63, 3%
AU X i L i AR E S
( N = 4 00)
111�
S i m
;;
36, 7%
*tipo ansiedade e depressao
Quando anlisado 0 trabalho domestico, as dis i�5es sao ainda mais expessivas (Gico 5 e 6). As efermeiras ten, em media, 1 3 ,9 hoas semanais de atividades de cuidado da casa e dos ilhos, enquanto as auxiliares ten, praticamente, 0 dobro, com 24,2 oras. Tambem 0 esfo9o desenvolvido nesse tio de atividade e paa as enfermeiras leve (42,6%) ou mo derado (47,9%), enquanto paa as auxiliaes e, em sua maioria, moderado (5 1,6%) ou pes ado (30,9%) (Gi ico 8).
Se alisadas as atividades desenvolvidas no ta balho domestico, ica evidente que, ainda que 0 cui dado das cria�as seja uma incumbencia das mulhe es de ambos os grupos, as liferen;as quanto as demais sao bastante marcantes (Gfico 9). As auxi lires, pelo fato de teem uma atividade profissionl com grande carga hoiria semanal, oo sao oupadas em absoluto das tarefas de casa. Quando nao estao no hospital, grande parte delas realiza inteiranlente, ou a maior parte, das atividades de limpeza (48,5%), cozi
a (64, 1 %), alem de lavar e passar (4 1 ,2% e 36,5%). As enfermeiras contam com outras formas de aoio, especialmente as empregadas domesticas, que as
li-beram em sua maioia dessas tarefas. (Grico 9).
3.3 Saide
As marcantes diferen;as observadas vao se rele tir no padrao de adoecimento de ambos os grupos, com pioes condi;6es de saude para as auxiliares de enfermagem.
Esse grupo apesentou altissimas prevalencias de obesidade ( 1 6%) e sobrepeso (42%), se comparadas aqueJas identiicadas entre as efermeiras (resecti
vmente, 5% e 16%) (Grico 10).
Em anlbos os grupos, mas especialmente entre as axiliares, a pevalencia de hipertensao teial foi muito alta (Grico 1 1), pincipalmente considean do-se as medias de idade.
A morbidade aguda referida (Gico 1 2) foi, tambem, muito elevada com prevalecia de proble mas de saude nos ultimos quinze lias de 55,3% entre as enfemeiras e de 45,0% entre as auxiliaes.
A referencia de problemas de saude cr6nicos foi, em ambos os grupos, especialmente freqiente qunto
t ocorecia de dor na coluna, varizes, pessao alta, poblemas digestivos e alergicos, respirat6rios e de pele (Quadro 2). Ainda que, a maior parte desses teha ocorido de modo tao freqiente ente enfenei as e axilires, ressalte-se a dor na coluna, as varizes e a pressao alta que foram ais prevalentes nos rela tos s auxiliares de enfenagem.
Quadro 2 -Prevah�ncia de Problemas Cronicos de Saude Referidos por Enfermeiras e Auxiliares
PROBLEMA PREVALENCIA (%)
Enfermeiras Auxiliares
Pressao Alta 38,3 48,9
Infarto do cora9aO' 1 ,0
Insuici�ncia cardfaca' 1 ,3
Angina' 2,1 1 ,8
Derrame cerebral' 0,8
Outras doen9as do cora9aO' 5,3 5,0
Diabetes 1 ,1 1 ,0
Jlcera digetiva' 1 ,1 4,3
Doen9a renal' 5,3 2,8
Varizes 45,7 57,5
Alergia de pele 20,2 25,5
Dor na coluna 50,0 71 ,0
Rinite, sinusite,
bronquite ou asma 36,2 31 ,0 Problemas digetivos 36,2 34,5
, Com diagn6stico medico
Mais ainda, os problemas mentais tio ansiedade e depressao, foam quase duas vezes mais freqiientes nas auxilires (Gico 1 3 ) .
4. DISCUSSAO
A carga horaria contratal da popula�ao estudada e de rinta horas semanais. Contudo, as cargas hora rias medias de trabalho poissional, de un modo geal, esultntes da existencia de mais de uma ativi dade emunerada, sao supeiores iclusive ao limite de quarenta e qualro horas estabelecido na Constitui-9ao brasilei� para os tabaladores en geal.
Por outro lado, a anlise dajoaa semanal nao pode deixar de considerar as horas dispendidas en aividades domesticas, 0 que eleva a media laboal paa 60,5 horas nas enfeneiras e para 70,6 hoas nas auxiliares de'enfenagem.
Acescente-se, que para uma expessiva propor-9ao das auxiliaes de enfemmgem, tanto a atividade proissional quanto a domestica sao consideradas pe sadas (46,4% e 30,9%, espectivanlente), 0 que ode contribuir para 0 aparecimento de fadiga cr6nica, desgaste isico, alem de patologias especiicas.
o limite maximo da jomada de trabalho das
tabalhadoras de enfeagem de 30 horas seanais e
reivindica9aO constante da categoria, e aualmente esta proposto en projetos de lei, tramiando no Con gesso Nacional. Embora esa lnita9ao signiique inegavelmente na conquista, e necessario que se atente paa 0 fato de que, nuna proissao mal emu nerada e exercida pedominantemente por mulheres, podea signiicar apenas a ossibilidade de conciliar ais facilmente os varios empregos e 0 trabalho domestico, caso ao seja acompanhada de outras conquistas como gnhos salaiais reais, existencia de equipamentos coletivos e maior participa9ao dos ho mens nas atividades domesticas.
Obseva-se ainda, que emboa a popula;ao esu dada perten;a a un mesmo grupo proissional, suas rela90es com 0 trabalho sao peneadas or questoes de cia sse e de genero.
Nao existe dferen;a signicativa entre enfenei ras e auxiliaes quanto t carga horaria de trabalho semanal media e t ocorrencia de mais de uma aivi dade remunerada. Todavia, em alguns asectos a
difere19as expressivas ente enfemleiras e aLxiliares.
A distribui;ao nos diferentes tumos relete as caracteristicas da organiza;ao do trabalho en enfer agem, pelas quais, por exemplo, as enfeneiras realiam atividades predominantemente administra tivas, que sao concentradas no tumo da manha.
Unm outra difere19a diz reseito a ocorrencia de ativiades isicas consideradas pesadas, sejam do mesticas ou poissionis, que e signiicativnente maior paa as auxiliaes de enfenagem. Isto relete nao s6 a divisao de trabalho existente (trabalho inte-. lectual X tabalho manual), como a grande Iimita9ao das auxiliares de efermagem de aquisi9ao de equi pnentos domesticos, ben como de contar con os sevi90s de empegada domestica.
Em rela9ao a sobecarga domestica, esta nao s6 e maior para as auxiliaes de enfenagem, como foi dito anteriormente, como e mais unifonemente dis tribuida ente as diferentes atividades (cui dar de cian9as, Iimpea, cozinha, lavar e passar). Diferen temente, as enfeneiras ten a sobecarga concentraa no cuidado de criaIWaS, que ocorre em propor9ao similar as auxiliaes, revelando que esta atividade e fortemente associada a condi9aO de mulher, mesmo em difeentes classes sociais.
Qanto (\ saude, 0 grupo ocupacional estudado caracteria-se por altas pevalencias de problemas de saude agudos e cr6nicos.
Os valores obsevados na mobidade referida
odeiam ser explicados, tao so mente, por uma per ce�ao mais acentuada dos sintomas e uma maior proensao a valoiza-Ios, decorrente da propria inser �o proissional. Sedo comosto exclusivamente de mulhees, descritas como mais propensas que os ho mens a perceber e relatar seus prob lemas de saUde(22), o grupo estudado, alem disso, enconta-se exosto a
inteso processo de medicalia�ao. Todavia, os altos
valores igualmente obtidos s mensura�es objeti vas de pres sao arterial sanguinea, eso e altua, sujei as a igoroso contole de qualidade, atestam a gravi ade as condi�oes de saUde do grupo estudado, efor�ndo as hip6teses de associa�ao real da ocor encia de den�as ao trabalho que este exerce. Isso se acenua ao considerar-se 0 efeito de sele:ao de popu la�oes trabalhadoras - tambem chamado de " efeito do tabalhador sadio" - elo qual pessoas sadias tende riam a ser mais aptas a obter e a manter uma inser�ao
proissioal. Some�se a is so tambem, 0 fato de que, sendo proissionais de saude, seria esperado que aPe sentassem melhoes condi�oes de prevenir, diagnos
ticar e tratar seus problemas, tendo como resuItado n padiio mais sadio do que a popula�ao em geal.
A prevalencia de hipetensao arterial e alta tanto em enfemeias quanto em auiliares. Mas ente essas Ultimas ode ser considerada alarmante, principal mente se levado em conta que essas mulheres encon tram-se em idade reprodutiva, com media emria ela
tivamente baixa.
Os resultados sao, entretanto, cosistentes com obseva�oes anteiores de que existiria uma associa �ao inversa entre a ocorrencia da doen�a e a situa�ao' socio-economica(7, 36). A exemplo do obseVado en tre as auxiliares e as enfermeiras; estudo realiado em
Volta Redonda( l2), com popula�ao industrial mascu
lia, identiicou maior pevalencia de hipetensao aterial enre os trabalhadores nio especialiados, com meores salarios.
A obesidade -fator de risco para aquela doen�a bastante bem estabelecido - revelou-se tambem muito
freqiente entre as auxiliares, sedo consistente com a maior prevalencia de hiertesao nesse grupo.
E
interessante ressaltar que essas mostram-se tao seden taias quanto as enfermeiras. Todavia, sendo suas atividades isicas no tabalho - tanto proissional como domestico - mais pesadas que as das ultimas, provavelmente as difere�as no padrao de obesidadee sobepeso devam ser explicadas or dietas inapro
priadas das primeias. Aqui, cabe notar que 0 trabalho
or tuos principalmente 0 notumo, mais feqiente
entre as auxiliares, ten sido descrito como associ ado
a distUbios alimentares, que contibuiiam aa a ocorrencia de problemas digestivos e nutricioais.
Outra liha de estudos ten prcuado investigar o estesse ocupacional e sua ela�ao com doen�as como a hipetensao aterial e os trnstomos mentais. Aida que ao haja consenso quanto aos mecanismos que determinam a eleva�ao da pressao aterial, a rela�ao entre 0 estresse ocupacional e a hipertensao aterial enconta-se ben docnentada a literatua.
No Basil, IBEIRO e colaboadoresC2>, em es tudo ealizado o municipio de Sao Paulo, encontra
m difeen�as signiicativas ente grupos ocupacio nais, com as pevalecias mais altas entre tabalado res de empresas joalisticas e publicitrias (2 1,0%),
de setores de transporte publicos ( 18,9%), de setoes bancios e secuiiios ( 18,6%) e de industrias me talfugicas ( 1 7,3%). As dfere�as foram atribuidas a fatoes ligados 1 organiza�ao do tablo, ao ritmo, 1
dua�ao do tabalho e ao estresse ineente a algumas
dessas ocupa�oes. De fato, estudo eseciico em gru
po de muleres tbalhadoas de diversos setoes da economia, encontrou associa�ao positiva entre eleva
�ao de pressao aterial e 0 numeo diaio e semaal
de oras trahalhadas(28).
No presente estudo, essas analises preliminaes atestam joadas de trabalho extremamente longas, com difere�as signiicativas ente auxiliaes e enfer meias, principalmente no trabalho domestico.
As pessoes decorrentes do tabalho nao se res tringem, potanto, ao ambito pro6ssional, mas esul tam do proprio esfor�o de concilia�ao entre as ativi dades remuneradas e as domesticas relizadas de modo gratuito paa toda a failia.
Essas condi�Oes de vida e de trabalho certamente vao amb6m se reletir na ocorecia de trnstomos
mentais tio ansiedade e depressao, que foi especial
mente freqiente entre as auxiliares de enfeagem. Estudos realiados em diversas categorias prois
sioais, utiliando diferentes metodologias, ten evi denciado a associa�ao ente a ocorencia de distlbios psiquicos e aspectos como jomadas prolongadas, in tensidade do ritmo de tabalho, insuiciencia de pau sas, conteudo de arefas de pouco signicado( IO). Un estudo realizado com mulheres, a Regiao Metropo
Iitana de Salvador, mostrou, entre outos fatores, a extensao da jomada de trabalho e 0 numero de ativi dades simultaneas ao trabalho, como associados a prevlencia de distlbios mentais.(2)
A prevalencia de transtoos mentais, identiica da pelo SRQ-20 em dferentes paises e em popula�oes
diversas, ten variado com 0 tipo de opula;ao estu dada, sendo os mais bixos valores encontrados em gruos eseciais de trabalhadoes e os mais altos em usmiios de sevi;os de saude. Os esudos de base populacional geralmente apresentam valoes inter medianos aos dois grupos.(16)
No presente estudo, as enfermeirs apresentaam uma prevalencia semelhante as econtradas em ou tros upos de tabaladores, inclusive de hospitais, que se situam em tomo de 20%(25). As auxiliaes, todavia, apesentaram valor ben mais elevado, apro ximado-se dos identiicados entre usunos de sevi ;os de saude, os quais costituem gupos seleciona dos, pois geralmente a demanda or aten;ao e moti vada pela erce;ao de poblemas(16).
As joadas extensas de trabalho, envolvendo grande esfor;o fisico, no ambito proissional (para ambos os guos) e domestico (pa as auxiliares) provavelmente vlo se reletir nas altas prevalencias de dor na coluna, ak:m de intensa fadiga cronica.
As fec;oes do apaelho locomotor em trabalha dores ten sido descritas em diversos estudos,
repre-sentando, em 1 983, a terce ira causa de aosentadoria por invalidez, o Brasil.( l8) Entre essas fec;oes, a ampla maioria constiui-se de poblemas de coluna. Vma de suas manifesa;oes mais comuns, a dor lom bar, costuma ter causa ineseciica, estado associaa a poblemas ergonoicos ou traumaticos.(l3) Apare ce com frequencia mais elevada em tabalhadores
que, como 0 upo estudado, execem atividades pe
sadas, de ritmo intensivo e em condi;oes antiergo nomicas, estando ben documentada a imporincia do esfor;o de lexlo, principal mente pela posi;lo incor reta de erguimento de pesos. (20)
Os pesentes esultados aontam paa a necessi dade do aproundamento a analise, no sentido de testar as hip6teses aqui indicadas. De qualquer forma, essas primeiras interpreta;oes sugerem a conjuga;ao de difeentes fatores, intrinsecamente relacionados a condi;lo feminina das proissionais estudadas, que estaiam deteminando pessimas condi;oes de saude. As quest5es de geneo se aticulam as de classe, coniguando uma situa;ao paticulalente gave para as auxiliaes de enfermagem.
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