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Caracterização química parcial das sementes de Lecythis pisonis camb. (Sapucaia).

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CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA PARCIAL DAS SEMENTES DE

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Lecythis pisonis

Camb. (SAPUCAIA).

Maria Isabel VALLILO1

, Mario TAVARES2

; Sabria Aued PIMENTEL2

; Elza Schware Gastaldo BADOLATO2

, Emiko Ikejiri INOMATA2

.

RESUMO

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

 — Estudou­se a composição química de amêndoas do fruto da sapucaia (

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Lecythis pisonis Camb),  provenientes da Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro (SP), do Instituto Florestal de São 

Paulo. As análises químicas foram realizadas segundo as "Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985).  Os resultados obtidos mostraram altos teores lipídicos (63,5 g/100g), protéicos (19,9 g/l00g), vitamina C  (17,1 mg/100g) e valor calórico de 684 Kcal/100g. A fração oleosa apresentou um perfil de ácido graxos  e índice de iodo (113,5), equivalente ao do óleo de milho comestível, destacando­se o ácido linoléico (48,6  % p/p) considerado como ácido graxo essencial e participante nos processos de inibição de germinação de  sementes. O perfil de ácidos graxos do óleo das amêndoas de sapucaia, os teores de lipídios e de proteína  foram semelhantes aos das amêndoas de castanhas­do­Pará (Bertholletia excelsa), espécie da mesma família  da sapucaia, cultivada na Amazônia. Para a determinação dos nutrientes, as amostras foram tratadas por  via úmida (H2SO4 e H2O2), através da radiação de microondas por sistema aberto de digestão e quantificadas 

por Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma de Argônio Induzido (ICP­AES). A espécie revelou  teores elevados para Na (49,8 mg/g); K (46,4 mg/g); B (64,5 mg/g); Mn (91,0 ųg/g); Fe (14,2 ųg/g) e Al  (4,91 ųg/g). Entretanto, o nível de Pb encontrado (0,96 ųg/g), está acima do limite máximo permitido pela  legislação brasileira (0,5 ųg/g), evidenciando uma possível toxicidade da amostra e contaminação antrópica  do local amostrado. 

Palavras-chave: composição química; ácidos graxos; metais pesados. 

Partial Chemical Characterization of Lecythis pisonis Camb. (Sapucaia).

ABSTRACT — The chemical composition of sapuacia (Lecythis pisonis Camb.) from the Santa Rita 

Experiment Station, São Paulo Forest Institute, Passa Quatro, São Paulo, Brazil, was studied. Proximate chemical analytical methodology followed the 'analytical methods of the Adolfo Lutz Institute, 1985;' samples were digested with  H2S O4 and H2O2­foracid in a microwave and minerals determined by ICP­AES. Fats represented 63.5% and proteins 19.9% fresh weight, explaining the high 

energy content of 684 kcal; 17.1 mg/100 g of vitamin C were also observed. The fatty acid profile 

and iodine value (113.5) were similar to those of corn (Zea mays) oil. Linoleic acid was predominant (48.6%); this is an essential fatty acid and has a role in loss of seed viability. Sapucaia's fatty  acid profile, oil and protein contents were similar to those of Brazil nut (Bertholletia excelsa), a 

cultivated species of the same family. The seeds contained high concentrations of Na (49.8 mg/g), 

K (46.5 mg/g), B (64.5 mg/g), Mn (19.0 ųg/g), Fe (14.2 ųg/g) and Al (4.91 ųg/g). The high concentration of Pb (0.96 ųg/g), above the legal Brazilian limit (0.5 ųg/g), suggests sample toxicity and  anthropogenic contamination of the plantation site. 

Key words: chemical composition, fatty acids, heavy metals. 

1

 Instituto Florestal, Divisão de Dasonomia, Seção de Madeiras e Produtos Florestais, Rua do  Horto,  9 3 1 , CEP 02377­000 ­ São Paulo, SP. 

2

 Instituto Adolfo Lutz, Divisão de Bromatologia e Química, Seção de Óleos, Gorduras e  Condimentos, Av. Dr. Arnaldo, 355, CEP 01246­902 ­ São Paulo, SP. 

INTRODUÇÃO

F r u t o s e  s e m e n t e s  d e  a l g u m a s  espécies florestais brasileiras revelaram­ se, através  d e estudos, boas fontes de 

(2)

coletado na região de  C a m p o Grande,  capital  d o Estado  d e  M a t o Grosso  d o 

Sul  ( H i a n ezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA et ai, 1992).  E n t r e t a n t o , 

m u i t o s  o u t r o s frutos  d i s p o n í v e i s  n o  t e r r i t ó r i o  b r a s i l e i r o ,  n e c e s s i t a m ser  pesquisados quanto à sua composição  química, a fim  d e que  o s dados obtidos  possam contribuir para a elaboração de  tabelas de composição de alimentos e,  na prática, para enriquecer a dieta da  p o p u l a ç ã o , particularmente a de maior  c a r ê n c i a  n u t r i c i o n a l ,  b e m  c o m o ,  estabelecer procedimentos de estocagem  ou armazenamento, visando manter a sua  viabilidade ou o seu poder de germinação. 

D a d o s da literatura  m o s t r a m que  s e m e n t e s  c o m  a l t o s  t e o r e s  d e lipídios  apresentam  c o m o  t e m p o , perda da sua  viabilidade. Este fato é  c o m p r o v a d o  p o r  K a l o y e r a s etal. (1958),  c o m  s e m e n t e s  d e Pinus,  d e m o n s t r a n d o  q u e  e x i s t e  u m a  r e l a ç ã o entre o  d e s e n v o l v i m e n t o  da  r a n c i d e z  d o  ó l e o fixo e a  p e r d a do  p o d e r  d e  g e r m i n a ç ã o .  M i r o v  a p u d  K a l o y e r a s et al.  ( 1 9 5 8 ) , atribui esse  f a t o à  p r e s e n ç a  d e  á c i d o s  g r a x o s  i n s a t u r a d o s ,  p r i n c i p a l m e n t e  d o  á c i d o  linoléico,  q u e se  o x i d a  n o s  p r o c e s s o s  bioquímicos da respiração da semente,  p r o v o c a n d o  r a n c i d e z  d o  ó l e o ,  q u a n d o  a r m a z e n a d a s  e m  c o n d i ç õ e s  n o r m a i s  d e  t e m p e r a t u r a e  d e  l u z  n a t u r a l ,  r e s u l t a n d o a  p e r d a do seu  v i g o r  germinativo. Goldman etal. (1986/1987)  e Façanha & Varela (1986/1987), têm  chamado atenção para o fato que o poder  d e  g e r m i n a ç ã o  d a s  s e m e n t e s é  u m  f e n ô m e n o  t a m b é m  d e p e n d e n t e  d a  temperatura de armazenamento. 

C o m o fonte  d e  m a t é r i a ­ p r i m a  p a r a  i n d ú s t r i a  ó l e o q u í m i c a  s a b e ­ s e  q u e ,  a t u a l m e n t e ,  t e m  c r e s c i d o 

c o n s i d e r a v e l m e n t e  t a n t o a  p e s q u i s a  q u a n t o a  p r o d u ç ã o  d e frutos e  s e m e n ­ tes  d e oleaginosas, representando  7 0 %  d o total  d e  ó l e o s  o b t i d o s  d e  f o n t e s  n a t u r a i s  q u e ,  n a  s u a  m a i o r i a ,  s ã o  absorvidos pela indústria de  a l i m e n t o s  (Freire etal., 1996). 

N e s t e  c o n t e x t o ,  a p r e s e n t a ­ s e a  s e m e n t e  d e  s a p u c a i a , Lecythis pisonis C a m b ,  q u e é  p o p u l a r m e n t e  u t i l i z a d a  c o m o parte comestível do fruto no in­ t e r i o r  d o  B r a s i l ,  p r i n c i p a l m e n t e  n o s  E s t a d o s  d e  P e r n a m b u c o até São  P a u l o  e  n a  A m a z ô n i a ,  s u p o n d o ­ s e originária  d a  p a r t e  c e n t r a l leste  d e s t a  r e g i ã o  (Cavalcante, 1996; Mori & Prance, 1990).  N o  e n t a n t o ,  p o u c o  s e  s a b e  s o b r e a  composição química e o valor nutricional,  o que motivou o presente estudo. 

Dando  c o n t i n u i d a d e ao  t r a b a l h o  j á  r e a l i z a d o  p o r Vallilo et al.  ( 1 9 9 0 ) ,  c o m  o u t r a  e s p é c i e  f l o r e s t a l , o  c u m b a r ú , o  p r e s e n t e  t r a b a l h o teve o  objetivo  d e  c a r a c t e r i z a r a  s e m e n t e de  s a p u c a i a  a t r a v é s  d a  d e t e r m i n a ç ã o da  c o m p o s i ç ã o  c e n t e s i m a l ,  d e  á c i d o s  g r a x o s e  d e  m i c r o e  m a c r o n u t r i e n t e s ,  v i s a n d o :  a ) a  p o s s í v e l  u t i l i z a ç ã o  d a  s a p u c a i a  c o m o fonte  a l t e r n a t i v a para  fins  a l i m e n t í c i o s ou  e n e r g é t i c o s e,  b )  o s processos  d e  a r m a z e n a m e n t o , a fim  d e  a t e n d e r  p r o g r a m a s  d e  p l a n t i o e 

r e f l o r e s t a m e n t o s . 

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

MATERIAL E MÉTODOS

Descrição da espécie

(3)

o Rio de Janeiro e São Paulo, bem como  a l g u n s  e x e m p l a r e s  t a m b é m  f o r a m  e n c o n t r a d o s  n a  A m a z ô n i a  ( M o r i &  P r a n c e , 1990;  C a v a l c a n t e , 1996). Seus  f r u t o s  n a  f o r m a  d e  c á p s u l a s ,  c o n h e c i d a  c o m o pixídio,  p o d e m atingir  até  5 0 cm de diâmetro e pesar até 2  K g .  ( F i g 1).  F l o r e s c e e frutifica  e n t r e o  i n v e r n o e  p r i m a v e r a  n o  h e m i s f é r i o  S u l .  A s  s e m e n t e s  c o n t e n d o  a s  a m ê n d o a s  s ã o  g r a n d e s e  s e  p r o p a g a m  a t r a v é s  d a  d i s p e r s ã o  z o o c ó r i c a ,  p r i n c i p a l m e n t e  p o r  m a c a c o s  ( M o r i & 

P r a n c e , 1990;  A g u i a rzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA et al, 1993).  O s 

f r u t o s  q u a n d o  m a d u r o s  s ã o  a b e r t o s  e s p o n t a n e a m e n t e ,  l i b e r a n d o  a s  s e m e n t e s .  A s  e x s i c a t a s  d e s s a  e s p é c i e  estão depositadas no Herbário D. Bento 

Pickel,  d o Instituto Florestal de São Paulo. 

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Procedência

O s  f r u t o s  d a  s a p u c a i a  f o r a m  colhidos da árvore em agosto de 1995,  por técnicos  d o Instituto Florestal,  n a  Estação Experimental de Santa Rita  d o  Passa Quatro  d o Instituto Florestal de  São  P a u l o , localizada  n o Município de  m e s m o  n o m e .  E m  s e g u i d a ,  f o r a m  t r a n s f e r i d o s à  S e ç ã o  d e  S i l v i c u l t u r a  deste instituto, para o beneficiamento,  t e s t e  d e  g e r m i n a ç ã o e  p o s t e r i o r  a r m a z e n a m e n t o  e m  c â m a r a  f r i a  (temperatura  d e ±  5S

C ) .  F o r a m benefi­ c i a d a s 6,5  K g  d e  s e m e n t e s . 

Tratamento das amostras

A s  a m ê n d o a s  f o r a m  r e t i r a d a s  m a n u a l m e n t e  d a s  s e m e n t e s (1  k g ) ,  c o m o  a u x í l i o  d e  m o r s a e  e s p á t u l a s e,  d i v i d i d a s  e m  s u b ­ a m o s t r a s  c o n t e n d o  2 0  u n i d a d e s  c a d a .  E m  s e g u i d a ,  f o r a m  t r i t u r a d a s e  h o m o g e n e i z a d a s  a t r a v é s 

d e  u m  m u l t i p r o c e s s a d o r  d o m é s t i c o  para análise nos laboratórios dos Institutos  Florestal e Adolfo Lutz de São Paulo. 

Métodos

O teste de germinação seguiu as  " R e g r a s  p a r a  A n á l i s e  d e  S e m e n ­ tes"(Ministério da Agricultura, 1992)  indicando um teor  d e germinação para  essas amostras de  2 6 % . 

A  c o m p o s i ç ã o  c e n t e s i m a l  ( u m i d a d e ,  c i n z a s ,  e x t r a t o  e t é r e o e  p r o t e í n a ) , a  c o n v e r s ã o  d o s  á c i d o s  g r a x o s  e m  é s t e r e s  m e t í l i c o s e a  d e t e r m i n a ç ã o  d a s  v i t a m i n a s  B I ,  B 2 e  P P  f o r a m  r e a l i z a d a s  c o n f o r m e  o s  métodos descritos nas "Nonnas Analíticas  do Instituto Adolfo Lutz"( Instituto Adolfo  L u t z ,  1 9 8 5 ) ,  s e n d o os  c a r b o i d r a t o s 

c a l c u l a d o s  p o r  d i f e r e n ç a .  F o i  e m p r e g a d o o fator 6,25 para conversão  d e nitrogênio  e m proteína. 

A análise dos ésteres metílicos dos  ácidos graxos foi efetuada usando­se  u m  cromatógrafo a gás, marca  C G 500, com  d e t e c t o r  d e  i o n i z a ç ã o  d e  c h a m a ,  acoplado a um integrador  ( C G 300). Os  c o m p o n e n t e s  f o r a m  s e p a r a d o s  e m  c o l u n a  c a p i l a r  d e  s i l i c a  f u n d i d a  C a r b o w a x  2 0  M ,  d e  3 0  m e t r o s  c o m  d i â m e t r o  i n t e r n o  d e  0 , 2 5  m m e  espessura  d o filme de 0,25 mm. Foram  observados as seguintes temperaturas de  operação: injetor, 230°C; detector, 240°C;  c o l u n a ,  p r o g r a m a d a de 100 a 230°C  (10°C/min.). O gás de arraste empregado  foi o hidrogênio com fluxo de 0,8 mL/min.  Razão de divisão da amostra: 1:100. 

(4)

amêndoa

Fig. 1C

(5)

área de  c a d a pico. 

O  t e o r  d e  v i t a m i n a C  f o i  d e t e r m i n a d o  p o r  r e d u ç ã o  d e  í o n s 

cúpricos  s e g u n d o  C o n t r e r a s ­ G u z m a n zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

et al.  ( 1 9 8 4 ) ,  e n q u a n t o  q u e o  v a l o r 

calórico foi calculado  p e l o s fatores  d e  A t w a t e r ,  o u  s e j a ,  p r o t e í n a  ( 4 , 0 ) ;  c a r b o i d r a t o s  ( 4 , 0 ) e  e x t r a t o  e t é r e o  (9,0)  s e g u n d o  D e  A n g e l i s  ( 1 9 7 7 ) . 

O índice de iodo da fração oleosa  (extrato etéreo) foi calculado pelo método  daA.O.C.S.  C d lc­85 (AMERICAN OIL  CHEMISTS' SOCIETY, 1990). 

P a r a a  d e t e r m i n a ç ã o  d o s  m a c r o s  e  m i c r o n u t r i e n t e s ,  a s  a m o s t r a s foram  tratadas  p o r  v i a  ú m i d a ,  n o laboratório  d e  E s p e c t r o m e t r i a  d e  E m i s s ã o  A t ô m i c a ,  d o Instituto  d e  Q u í m i c a  d a  U S P ,  u t i l i z a n d o ­ s e a  r a d i a ç ã o  d e  m i c r o o n d a s  e m  s i s t e m a  a b e r t o  d e  digestão, segundo  m é t o d o indicado  n o  m a n u a l  d o  a p a r e l h o  ( M A N U A L  R A P I D  D I G E S T I O N  S Y S T E M  M X ­ 3 5 0  S P E X ,  1 9 9 1 ) ,  s o b  a s  s e g u i n t e s  c o n d i ç õ e s  d e  o p e r a ç ã o : 

Ia

 ETAPA:  n a amostra (0,5 g) foi  adicionada 10,0 ml de H2SOA cone. e 5,0  ml HJOJ a 30 % em volume. Aplicou­se a  potência de 60 W por 5 minutos. 

2a

 ETAPA: na solução obtida na  Ia 

etapa, adicionou­se mais 5,0 ml de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Kp2 a  3 0 % v/v, nas mesmas condições de tempo 

e potência anteriormente descritas;  3a

  E T A P A :  a d i c i o n o u ­ s e  m a i s  2,0  m l  H202  n o solubilizado obtido  n a  2a

  e t a p a ,  s u b m e t e n d o a  s o l u ç ã o à  a q u e c i m e n t o  n a  p o t ê n c i a de  9 0 W  p o r  5  m i n u t o s . 

A solução obtida  n a  3a

 etapa foi  transferida para balão volumétrico de 50,0  m L e, completado o volume  c o m água  desionizada. A solução apresentou­se 

límpida com coloração  a m a r e l o  c l a r a ,  com a qual quantificou­se  o s elementos 

inorgânicos. 

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Determinação dos elementos

químicos

O s  e l e m e n t o s  q u í m i c o s  ( M g ,  C a ,  N a ,  K ,  B ,  A s ,  F e ,  M n ,  P b ,  S e , Al e Sn)  foram  c a r a c t e r i z a d o s e quantificados  n a s  a m o s t r a s  s o l u b i l i z a d a s ,  p e l a  t é c n i c a  d a  E s p e c t r o m e t r i a  d e  E m i s s ã o  A t ô m i c a  a c o p l a d a  a o  P l a s m a  Indutivamente  ( I C P ­ A E S ) ,  o p e r a n d o a  potência de 1,2  K w , fluxo  d e argônio  refrigerante, auxiliar e  c a r r e g a d o r  d e  12  l / m i n , 1,2  L / m i n e 1,0  m l / m i n ,  r e s p e c t i v a m e n t e e, a  v e l o c i d a d e  d e  introdução da amostra de 1,5 ml/min.  A leitura  d o s  e l e m e n t o s foi feita  n a  altura  d e  o b s e r v a ç ã o  d e 12  m m  a c i m a  da  b o b i n a  d e  c o b r e  d o  I C P ­  A E S ,  n o s  seguintes  c o m p r i m e n t o s  d e  o n d a : (ks)

e m  n r a :

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

  ? iA s  = 1 8 8 , 9 7 9 ; Xc =  3 1 7 , 9 4 0 ; 

^ = 2 8 5 , 2 1 0 ; XF = 239,562; 1^=236,902; 

^ , = 2 5 7 , 6 1 5 ;  ^ = 2 8 3 , 3 0 7 ;  ^ = 2 4 9 , 7 6 6 ;  )^=196,020; A,S n=189,926;  ^ = 5 8 9 , 9 9 5 e  \ = 7 6 6 , 4 9 1 . 

Todas as análises foram  e f e t u a d a s  em duplicatas, à exceção da  c o m p o s i ç ã o  e m  á c i d o s  g r a x o s  ( c o m  c i n c o  r e p e t i ç õ e s ) e  d o s  m a c r o e  m i c r o n u ­ trientes  ( e m triplicatas). 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

(6)

s e m e n t e o caráter  d e oleaginosa.  P o r  outro lado, nas  a m ê n d o a s , os açúcares  totalizaram apenas 8,28 % da composição  total e as proteínas, 19,86  % , tornando­as  muito promissoras como fonte protéica.  Todos esses valores estão bem próximos  d a q u e l e s  a p r e s e n t a d o s  e m  t a b e l a  d e  composição de alimentos para a espécie 

Tabela 1. Composição química e valor calórico das 

amêndoas de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Lecythis pisonis Camb. (sapucaia).  Composição  Teores  Ret." 

g/1 OOg  g/1 OOg  Umidade  4,92 

Cinzas  3,91 

Extrato etéreo  63,03  62,60  Proteínas  19,86  22,20  Carboidratos*  8,28  10,20 

Vitaminas  mg/1 OOg  B1  0,31  B2  0,27  C  17,10  PP (niacina)  não encontrado  Valor calórico  Kcal/1 OOg 

684,00  683,00  * ­ obtidos por diferença 

** ­ Franco, G.(1992). 

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Lecythis lanceolata, L.(Franco, 1992). 

T a n t o  o s  l i p í d i o s  q u a n t o  a s  proteínas, foram os  r e s p o n s á v e i s  p e l o 

Tabela 2. Composição de ácidos graxos do óleo das amêndoas de Lecythis pisonis Camb. (Sapucaia).  e l e v a d o  t e o r  c a l ó r i c o  d a  s e m e n t e  ( 6 8 4 K c a l / 1 0 0 g ) .  A s  p e q u e n a s  diferenças  e n c o n t r a d a s , a  m e n o s ,  n o s  teores de açúcares e proteínas,  q u a n d o  c o m p a r a d a s  c o m  a s  e n c o n t r a d a s  n a  literatura,  d e v e ­ s e  p r o v a v e l m e n t e  a o  t e o r  d e  m a t u r a ç ã o  d o s  f r u t o s  q u e  c o m p u s e r a m as  a m o s t r a s  a n a l i s a d a s  ou ao protocolo analítico utilizado na  d e t e r m i n a ç ã o  d o s  m e s m o s . 

A Tabela 2 mostra a composição em  ácidos graxos das amêndoas estudadas,  bem como a faixa de valores aplicada pelo  Codex Alimentarius para óleo de milho  comestível  ( C O D E X ALIMENTARIUS  COMMISSION, 1993). 

O ácido linoléico  ( C l 8 : 2 ) , ácido  graxo essencial, predominou  n o óleo da  semente da sapucaia (48,6%), vindo a  s e g u i r o  o l é i c o  ( C 1 8 : l ) . O  t e o r  d e  p r o t e í n a e  l i p í d i o s  d a  s e m e n t e  d a  s a p u c a i a e a  c o m p o s i ç ã o  d e  á c i d o s  g r a x o s  d o  ó l e o  d a  a m ê n d o a , foram  s e m e l h a n t e s aos  e n c o n t r a d o s  p a r a a  castanha­do­Pará (Bertholletia excelsa), espécie da  m e s m a família da sapucaia 

Ácido  graxos 

Amostras N°  Rei*  1  2  3  4  5  média 

C16:0  12,6  13,2  12,9  12,5  12,2  12,7  9,0 ­ 14,0  C16:1  0,3  0,2  0,3  0,2  0,3  0,3  <0,5  C18.0  4,8  5,4  5,0  5,2  4,8  5,1  0,5 ­ 4,0  C18:1  32,9  32,2  33,0  34,0  33,0  33,0  24,0­42,0  C18:2  49,1  48,2  48,6  47,7  49,3  48,6  34,0­62,0  C18:3  0,3  0,3  0,3  0,3  0,3  0,3  <2,0 

Total AGS  17,4  19,0  17,91  17,7  17,0  17,7 

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

­

Total AGI  82,6  81,0  82,1  82,3  83,0  82,1  ­ índice de iodo 

calculado  114,4  112,3  113,5  112,9  114,7  113,5  103­128  Cl6:0­ácido palmítico; Cl6:1­ácido palmitoléico; C18:0­ácido esteárico; C18:1­ácido oléico; 

C18:2­ácido linoléico; C18:3­ácido linolênico 

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

* - Codex Alimentarius (faixa de valores aplicada para o óleo de milho comestível). 

(7)

cultivada na Amazônia. (Franco, 1992; 

GuitierezzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA et, ai, 1997; Nery, 1969 ). 

A fração oleosa e o índice de iodo  calculado (113,5) revelaram um perfil de  ácidos graxos semelhantes,  t a m b é m , ao do  óleo  d e  m i l h o  c o m e s t í v e l  ( T a b .  2 ) ,  e x c e t u a n d o ­ s e o  c a s o  d o  á c i d o  esteárico  ( C l 8 : 0 ) ,  q u e foi superior ao  limite  m á x i m o  a p l i c a d o  p e l o Codex

Alimentarius.  D a d o s  d a  l i t e r a t u r a 

( K a l o y e r a s , 1958),  m o s t r a m o  p a p e l  i m p o r t a n t e  d o  á c i d o  l i n o l é i c o  n a  perda da viabilidade das sementes,  u m a  vez  q u e a alta insaturação favorece a  oxidação lipídica. Acreditava­se que  n o  caso da sapucaia, a casca dura e escura  que envolve as  a m ê n d o a s , amenizaria  esse processo.  N o entanto, o teste de  germinação realizado no laboratório de  sementes  d o Instituto Florestal de São  P a u l o  n ã o  c o n f i r m o u  e s t a  h i p ó t e s e ,  r e v e l a n d o  u m a  p e r c e n t a g e m  d e  germinação de  2 6 % , considerada baixa,  e  e v i d e n c i a n d o o  p o u c o  p o d e r  d e  g e r m i n a ç ã o e a  p o u c a influência da  d u r e z a da casca  n e s s e  p r o c e s s o .  E s t e  fato sinaliza que novos estudos deverão  s e r  c o n d u z i d o s  p a r a  u m  m e l h o r  esclarecimento desse comportamento. 

D o  p o n t o  d e vista vitamínico, a  vitamina C (17,10 mg/1 OOg) apresentou  índice  e l e v a d o  q u a n d o  c o m p a r a d o  a o  da  c a s t a n h a  d o pará  ( 1 0 , 3  m g / 1 OOg),  c i t a d o por  F r a n c o  ( 1 9 9 2 ) .  Q u a n t o à  v i t a m i n a  B I ,  o s valores  e n c o n t r a d o s  p a r a a  s a p u c a i a foram inferiores  a o s  referidos para a castanha­do Pará (0,31  e 1,09  m g / l OOg,  r e s p e c t i v a m e n t e ) ,  e n q u a n t o  p a r a a  V i t a m i n a  B 2 foram  superiores, ou seja : 0,25 e 0,12  m g /  lOOg, respectivamente (Franco, 1992). 

Complementarmente, determinou­

se os minerais presentes nas  a m ê n d o a s  ( T a b .  3 ) ,  d e s t a c a n d o ­ s e  e n t r e  o s  macronutrientes, os elevados teores de  N a , K e B (faixa de 45,0 a 65,0 mg/g) e  para  o s micronutrientes,  o s  e l e m e n t o s  F e (14,2 ug/g) e  M n  ( 9 1 , 0  u g / g ) .  D o  ponto de vista fisiológico, a deficiência dos  alimentos Na e K e dos catalisadores Fe e  M n ,  n o s  p r o c e s s o s  b i o q u í m i c o s  ( D e  Angelis, 1977), comprometem as funções  metabólicas nos organismos vivos. 

Tabela 3. Composição dos elementos inorgânicos  presentes nas amêndoas de sapucaia. 

Elementos  Teores*  (mg/g)  Mg  1,55±0,11  Ca  1,11±0,15  Na  49,8±0,33  K  46,4±0,21  B  64,5±0,25  (/<g/g)  As  0,28±0,16  Fe  14,2±0,21  Mn  91,0±0,36  Pb  0,96±0,25  Se  0,28±0,12  Ai  4,91±0,13  Sn  0,13±0,06  * ­ média de três repetições e respectivos  desvios ­ padrões 

(8)

pode estar distribuído no meio ambiente,  em diversas formas como por exemplo: Pb  metálico, sais e íons de Pb e compostos  organometálicos.  N o entanto, ele não é  facilmente extraído do solo pela planta e,  sua ocorrência é freqüentemente devido à  poluição do ar, contaminando a superfície  das plantas. O  P b não apresenta  u m a  função essencial ao metabolismo animal,  mas tem efeitos adversos, incluindo  u m a  neurotoxicidade à níveis de exposição do  ar de poucos microgramas (ug) e, na faixa  d e 15 ­ 100 ug  q u a n d o presente  n o s  alimentos. 

E m b o r a este fato  c o m p r o m e t a o  aproveitamento dessas sementes  c o m o  fonte alimentar, esta  i n f o r m a ç ã o  n ã o  invalida o seu  v a l o r nutricional, visto  q u e  p o d e se  t r a t a  d e  u m  p r o b l e m a  localizado de poluição química, podendo  não acontecer em outras regiões do Brasil,  aonde essa espécie ocorre. 

Com relação à presença do Al, não  há relatos de  u m a função essencial deste  mineral nos organismos vivos.  N o entanto,  sabe­se que os compostos de Al são pouco  absorvidos pelas plantas através do solo,  mas esta absorção pode ser aumentada  através  d o aumento da acidez do solo  causada pela chuva ácida. Além disso,  e x i s t e  u m a  r e l a ç ã o  a i n d a  n ã o  b e m  estabelecida, entre o Al e a doença de 

Alzheimer no homem. 

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

CONCLUSÕES

A s amêndoas dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Lecythis pisonis

C a m b .  ( s a p u c a i a )  a p r e s e n t a r a m altos  t e o r e s  l i p í d i c o s e  p r o t é i c o s , o  q u e  poderia constituir­se  e m uma boa fonte  calórica para a dieta alimentar de  u m a  população com baixo teor nutricional; 

O s teores lipídicos, proteícos da 

s e m e n t e de sapucaia e a  c o m p o s i ç ã o  d o s  á c i d o s  g r a x o s  d o  ó l e o  d a s  a m ê n d o a s  f o r a m  s e m e l h a n t e s  a o s  r e f e r i d o s  p a r a a  c a s t a n h a ­ d o ­ P a r á 

(Bertholletia excelsa).

A fração  o l e o s a  d a s  a m ê n d o a s 

r e v e l o u  u m perfil  d e  á c i d o s  g r a x o s  s e m e l h a n t e ,  t a m b é m , ao  d o  ó l e o  d e  milho comestível,  c o m  p r e d o m i n â n c i a  p a r a o  á c i d o  l i n o l é i c o ,  á c i d o  g r a x o  essencial para a  a l i m e n t a ç ã o ; 

O  e l e v a d o  t e o r  l i p í d i c o e a  i n s a t u r a ç ã o  d o  ó l e o  d a  a m ê n d o a da  sapucaia, favorece a possível utilização  na indústria de óleos comestíveis; 

O alto grau  d e  i n s a t u r a ç ã o  d o s  ácidos graxos  p o d e conferir ao óleo da  s a p u c a i a ,  u m a alta  s u s c e t i b i l i d a d e a  p r o c e s s o s  o x i d a t i v o s ; 

As amêndoas da espécie estudada  a p r e s e n t a r a m  a i n d a ,  u m alto  t e o r  d e  vitamina C, quando comparadas com as  da castanha­do­Pará e, 

O s elevados teores de  P b eviden­ c i a m  u m a  p o s s í v e l  t o x i c i d a d e  d a  a m o s t r a  p a r a fins  a l i m e n t í c i o s e  u m a  p r o v á v e l  c o n t a m i n a ç ã o  a n t r ó p i c a  d o  local  a m o s t r a d o ,  s u g e r i n d o  a i n d a  q u e  n o v o s  e s t u d o s  d e v e m ser  r e a l i z a d o s  c o m  a m o s t r a s  p r o v e n i e n t e s  d e  o u t r a s  r e g i õ e s  d o Brasil. 

A G R A D E C I M E N T O S 

Agradecemos a valiosa colabora­ ção dos Srs: 

Norberto Camilo Campos, bolsista  do Instituto Adolfo Lutz,  n a Seção de  Óleos, Gorduras e Condimentos; 

Everaldo de Cerqueira, técnico de  laboratório da Seção de Química Biológica  do Instituto.Adolfo Lutz;^ 

(9)

Seção de Fotomicrografia do Instituto 

Adolfo Lutz; 

Benedito Lopes da Silva, técnico de 

Apoio à Pesquisa Cientifica e Tecnológica 

da Seção de Silvicultura do Instituto 

Florestal de São Paulo; 

À Seção de Silvicultura do Instituto 

Florestal de São Paulo, pela doação dos 

frutos para estudo; 

Ao Dr Rui Feifer, Pesquisador 

Cientifico do Instituto Florestal, pela 

correção e sugestões na elaboração do 

texto, e 

Ao Sr.  S i l v e s t r e  S i l v a  p e l a 

a u t o r i z a ç ã o da  r e p r o d u ç ã o de 

fotografias de sua propriedade. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

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115­125. 

Aceito  p a r a publicação em 18.03.98 

Imagem

Tabela 2. Composição de ácidos graxos do óleo das amêndoas de Lecythis pisonis Camb. (Sapucaia).  e l e v a d o  t e o r  c a l ó r i c o  d a  s e m e n t e  ( 6 8 4 K c a l / 1 0 0 g ) .  A s  p e q u e n a s diferenças  e n c o n t r a d a s , a  m e n

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