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Crises oculógiras e síndrome parkinsoniana.

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Academic year: 2017

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CRISES OCULÓGIRAS E SÍNDROME P A R K I N S O N I A N A

JOSÉ GERALDO CAMARGO L I M A * ; PEDRO CAMILO A . P I M E N T E L * * ; ADEMIR BAPTISTA DA S I L V A * * * ; JOÃO A N T O N I O M . N O B R E G A * * *

Na síndrome parkinsoniana, ao lado de sua tríade característica —

hipertonía cérea, hipocinesia e tremor de repouso — sinais neurológicos

outros podem aparecer, sendo dos mais freqüentes as crises oculógiras. Após

a descrição inicial de Albreit (1695), referido por Onuaguluchi

1 6

, e o

tra-balho de Charcot e Gilíes de la Tourette (1888) citado por Adrogué

1

mos-trando a sua relação com a síndrome parkinsoniana, numerosos outros casos

foram registrados.

Essas crises se caracterizam por sacudidelas clónicas dos globos oculares

em determinada direção, seguindo-se um movimento tônico conjugado que

mantêm os olhos fixos na mesma posição durante um certo tempo. Para

explicar a sua patogênese várias teorias são aventadas, como a de H a l l

8

que as correlacionou a distúrbios do mecanismo do sono, a de Jelliffe

9

que

as atribuiu a mecanismos compulsivos obsessivos, a de M u s k e n s

1 5

que as

considerou como disfunção da comissura posterior e a de Sachsenweger

1 7

que as atribuiu a lesões irritativas vizinhas às vias da motricidade ocular

conjugada. O acometimento das vias vestibulares sugerida por Marinesco,

citado por Barranquer Bordas

2

, é a mais aceita

4

-

6

>

1 3

.

1 8

, sendo a etiología

encefalítica a mais freqüentemente assinalada.

Alguns aspectos dessas crises oculógiras serão analizados neste

tra-balho.

M A T E R I A L , M É T O D O E R E S U L T A D O S

O m a t e r i a l c o n s t a de 20 p a c i e n t e s c o m síndrome p a r k i n s o n i a n a e crises o c u l ó -g i r a s . E s s a cifra, no c ó m p u t o -g e r a l de p a c i e n t e s p a r k i n s o n i a n o s e s t u d a d o s ( I I I ) , m o s t r a u m a f r e q ü ê n c i a de 18%.

D o s 20 p a c i e n t e s 14 e r a m do s e x o m a s c u l i n o e 6 do f em i n i n o ; s u a s idades, q u a n d o do início d a s í n d r o m e p a r k i n s o n i a n a , v a r i a r a m e n t r e 10 e 40 a n o s ; e m a p e n a s u m p a c i e n t e a s crises o c u l ó g i r a s precederam, por 9 anos, à s í n d r o m e p a r k i n s o n i a n a que s u r g i u após os 12 a n o s de idade. A d i r e ç ã o d a s crises e s t á

(2)
(3)

R E S U L T A D O S

As crises oculógiras ocorreram com uma freqüência de 18% entre os

nossos pacientes com síndrome parkinsoniana. Onuaguluchi

1 6

as refere em

29%, H a l l

8

em 15% e McCowan e C o o k

1 3

em 17%. Não constatamos a

preferência para o sexo feminino

1 6

, como vem referido na literatura e houve

franco predomínio da direção vertical para cima (83%). Os sinais

vegeta-tivos e oculares outros citados como podendo acompanhar essas c r i s e s

1 6

fo-ram registrados em 60% de nossos pacientes, sendo mais freqüentes o déficit

de convergência e a diplopia. Em nenhum caso encontramos paralisias

con-jugadas do olhar como foi referido por Lhermite, Massari e Kyriaco

1 1

, nem

nistagmo como foi assinalado por Onuaguluchi

1 6

. Em apenas um paciente

as crises precederam os sinais da síndrome parkinsoniana; esse fato, como

assinala Ford

7

, é bastante raro.

A relação entre crises oculógiras e o quadro clínico da síndrome

parkin-soniana mostrou que a sua freqüência não foi estatisticamente diferente nos

casos de distribuição uni ou bilateral, não corroborando com a opinião de

Calne

3

para o qual esse sinal clínico deve aparecer nos casos mais

intensa-mente comprometidos. A idade de início da síndrome parkinsoniana (10 a

40 anos) já sugere a importância da etiologia encef ali tica em nosso material;

tivemos dados para catalogar como tendo tido "encefalite letárgica" 11

pa-cientes (65%) e, simplesmente como "encefalite", 5 (29%); em um caso

havia elementos ponderáveis para se correlacionar a síndrome parkinsoniana

a traumatismo craniano. Esse achado é de interesse porque, apesar da

maioria dos autores considerar esse sinal como patognonômico de "encefalite",

há trabalhos que correlacionam as crises oculógiras a outras etiologías. Stern,

citado por Adrogué

1

, refere a possibilidade de tais crises apareceram em

outros tipos de síndrome parkinsoniana; Foley e Denny-Brown, citados por

D. Williams

1 9

, as encontraram associadas a mioclônias em três pacientes

com "status spongiousus"; Kestenbaum

1 0

lembra a possibilidade de serem

elas seqüelas de meningite. Apesar de vários autores

5

.

1 2

.

1 4

terem assinalado

essas crises na vigência de terapêutica com fenotiazinas, Onuaguluchi

1 6

julga

que o que essas drogas desencadeiam são, na verdade, espasmos cervicais.

RESUMO

(4)

S U M M A R Y

Oculogiric crisis and Parkinson's syndrome

From 111 patients with parkinsonism there were found twenty presenting

oculogiric crisis corresponding to a 18% frequency. From these twenty patients

14 were male and 6 female, the starting age of the Parkinson's syndrome

varying from 10 to 40 years. Only one patient presented the oculogiric

crises as the initial sign. In 83% of the cases the vertical upward direction was

observed, the convergence impairment and the diplopia being the other more

frequent associated ocular signs. Statistically there was no difference of

incidence of the oculogiric crisis in the unilateral or bilateral parkinsonism.

Encephalitis was the most frequent etiology.

R E F E R Ê N C I A S

1 . A D R O G U É , E . — N e u r o l o g i a O c u l a r . E d . El A t e n e o , B u e n o s A i r e s , 1 9 4 2 . 2 . B A R R A Q U E R B O R D A S , L. — P a t o l o g i a G e n e r a l del T o n o M u s c u l a r . E d .

C i e n t i f i c o - M e d i c a , B a r c e l o n a , 1 9 5 7 .

3 . C A L N E , D . B . — P a r k i n s o n i s m : P h y s i o l o g y , P h a r m a c o l o g y a n d T r e a t m e n t . E d w a r d A r n o l d L t d . , L o n d o n , 1 9 7 0 .

4 . CROW, J . — N o t e o n c e r t a i n p h e n o m e n a of p o s t - e n c e p h a l i t i c p a r k i n s o n i s m . G l a s g . M e d . J . 3 0 : 2 9 , 1 9 4 9 .

5 . D A V I S , T. S. — D i s t o n i c r e a c t i o n t o p e r p h a z i n e . B r i t . M e d . J. 1:368, 1 9 5 9 . 6 . D U V E R G E R , C. & B A R R É , J . A. — T r o u b l e s d e s n o u v e m e n t s a s s o c i é s d e s

y e u x c h e z l e s t a b e t i q u e s e t les p a r k i n s o n i e n s . R e v . n e u r o l . ( P a r i s ) 3 7 : 4 3 9 , 1 9 2 1 .

7 . F O R D , F . — D i s e a s e s of t h e N e r v o u s S y s t e m in I n f a n c y . C h i l h h o o d a n d A d o -l e s c e n c e . 5.ª E d i ç ã o . C h a r -l e s C. T h o m a s , S p r i n g f i e -l d ( I -l -l i n o i s ) , 1 9 6 6 . 8 . H A L L , A. J . — C h r o n i c e p i d e m i c e n c e p h a l i t i s w i t h s p e c i a l r e f e r e n c e t o o c u l a r

a t t a c k s . B r i t . M e d . J . 2 : 8 3 3 , 1 9 3 1 .

9 . J E L L I F F E , S. E . — P s y c h o l o g i c c o m p o n e n t s in p o s t - e n c e p h a l i t i c o c u l o g i r i c c r i s e s . A r c h . N e u r o l . P s y c h i a t . ( C h i c a g o ) 2 1 : 4 9 1 , 1 9 2 9 .

1 0 . K E S T E N B A U M , A. — C l i n i c a l M e t h o d s of N e u r o - O p h t h a l m o l o g i c E x a m i n a t i o n . G r u n e S t r a t t o n , N e w Y o r k , 1 9 4 6 .

1 1 . L H E R M I T E , J . ; D E M A S S A R I , J . & K Y R I A C O , N . — S y n d r o m e d e P a r i n a u d , c r i s e s o c u l o g y r e s , r i r e s p a s m o d i q u e , n a r c o l e p s i e e n a p p a r e n c e e s s e n t i e l l e d a n s l ' e n c e p h a l i t e p r o l o n g é e . R e v . n e u r o l . ( P a r i s ) T. 2 : 1 5 4 , 1 9 2 8 .

1 2 . M A R Z U O L I , V. C ; G R O S S A N O , M. C. & R U B I N O , R. — S i n d r o m e e x t r a p i r a m i ¬ d a l e c o n c r i s e o c u l o g i r i s u b e n t r a n t i d a t e r a p i a p r o c l o r p r o m a z i n i c a . M i n e r v a M e d . 3-4:87, 1925-1926.

1 3 . M c C O W A N , P . K . & COOK, L. C. — O c u l o g y r i c c r i s i s in c h r o n i c e p i d e m i c e n c e p h a l i t i s . B r a i n 5 1 : 2 8 5 , 1 9 2 8 .

1 4 . M O N T G O M E R Y , R. D . & S U T H E R L A N D , V. L . — A c u t e d y s t o n i c r e a c t i o n t o p h e r p h a n a z i n e . B r i t . M e d . J . 1:368, 1 9 5 9 .

1 5 . M U S K E N S , L J . J . — T h e p a t h o l o g y of p o s t - e n c e p h a l i t i c o c u l a r d i s t u r b a n c e s in t h e l i g h t of r e c e n t a n a t o m i c a l a n d p h y s i o l o g i c a l r e s e a r c h . J. N e u r o p . a. e x p e r . N e u r o l . 8:137, 1 9 2 7 .

1 6 . O N U A G U L U C H I , G. — P a r k i n s o n i s m . B u t t e r w o r t h s , L o n d o n , 1 9 6 4 .

1 7 . S A C H S E N W E G E R , R. — In V I N K E N , P . J . & B R U Y N , G. W. — H a n d b o o k of C l i n i c a l N e u r o l o g y , Vol. 2. N o r t h - H o l l a n d P u b l i s h i n g Co., A m s t e r d a m , 1 9 6 9 . 1 8 . S H A N Z E R , S. & B E N D E R , M. B . — O c u l o m o t o r r e s p o n s e s o n v e s t i b u l a r s t i m u l a

-t i o n o n m o n k e y s w i -t h l e s i o n s of -t h e b r a i n s -t e m . B r a i n 8 2 : 6 6 9 , 1959.

1 9 . W I L L I A M S , D . — M o n d e r n T r e n d s in N e u r o l o g y . B u t t e r w o r t h s , L o n d o n , 1967.

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