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Artigo
original
Lesão
muscular:
perspectivas
e
tendências
atuais
no
Brasil
夽
Diego
Costa
Astur
∗,
João
Vitor
Novaretti,
Renato
Kalil
Uehbe,
Gustavo
Gonc¸alves
Arliani,
Eduardo
Ramalho
Moraes,
Alberto
de
Castro
Pochini,
Benno
Ejnisman
e
Moises
Cohen
EscolaPaulistadeMedicina,UniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem3deoutubrode2013 Aceitoem31deoutubrode2013
On-lineem19dejulhode2014
Palavras-chave:
Lesãomuscular Perspectivas Tratamento Conduta Epidemiologia
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliarascondutas,osprocedimentoseasperspectivasdomédicodoesportee ortopedistadoBrasilnodiagnósticoenotratamentodelesõesmusculares.
Métodos:Questionáriocom20questõesrelacionadasaotemalesãomusculares.Foiaplicado emmédicosdoesporteeortopedistasduranteoIICongressoBrasileirodeArtroscopiae TraumatologiadoEsporte,em2013.
Resultados: Responderamcompletamenteoquestionário168médicosdoesportee ortope-distas.ForamentrevistadosmédicosdetodasasregiõesdoBrasil,commédiade11anosde experiêncianotratamentodalesãomuscular.Membrosinferioressãoacometidosem97% doscasos,principalmentequadríceps,adutoretrícepssural.Alesãoocorrenafase excên-tricapara62%dosentrevistados,39%fazemultrassom(USG)e37%ressonânciamagnética (RM)paradiagnósticodalesão.Medicac¸ão,repousoecrioterapianafaseaguda(87,5%)e medicac¸ão,repousoefisioterapiaduranteotratamentodalesão(56%)sãoasopc¸ões pre-valentes.Oscritériosderetornoaoesporteforambastantesubjetivosedísparesentreas opc¸õesapresentadaseamaioriadosentrevistadosjáusoualgumaterapiaadjuvanteàs tradicionais.
Conclusão:Onúmero de lesões musculares tratadas anualmente ésuperior a 30, inde-pendentemente de se no setor público ou privado. Ocorre principalmente na junc¸ão miotendínea,nosmembrosinferioresenafaseexcêntricadacontrac¸ãomuscular.OUSG éoexamemaisfeitoeaRMoconsideradoideal.Paraamaioriadosentrevistadoso trata-mentodeescolhaenvolverepouso,medicac¸ãoefisioterapia.Alémdisso,52%acreditamna eficiênciadoplasmaricoemplaquetas(PRP)e42%referemjátê-lousado.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonoCentro deTraumatologiadoEsporte,Departamentode Ortopediae Traumatologia,EscolaPaulista de Medicina,UniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),SãoPaulo,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:mcastur@yahoo.com(D.C.Astur).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.10.019
Muscle
injury:
current
perspectives
and
trends
in
Brazil
Keywords:
Muscleinjury Perspectives Treatment Management Epidemiology
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Toevaluatethemanagement,proceduresandperspectivesofsportsphysicians andorthopedistsinBrazilwithregardtodiagnosingandtreatingmuscleinjuries.
Methods: Aquestionnairecontaining20questionsrelatingtothetopicofmuscleinjury wasappliedtosportsphysiciansandorthopedistsduringtheSecondBrazilianCongressof ArthroscopyandSportsTraumatology,in2013.
Results: Completelyansweredquestionnaireswerereceivedfrom168sportsphysicians andorthopedists. Doctorsfromall regionsofBrazilwithameanof11yearsof experi-enceoftreatingmuscleinjurieswereinterviewed.Lowerlimbswereaffectedin97%ofthe cases,particularlythequadriceps,adductorandsuraltriceps.Theinjuryoccurredduring theeccentricphasein62%oftheinterviews;39%underwentultrasoundexaminationand 37%magneticresonanceimaging(MRI)fortheinjurytobediagnosed. Medication,rest andcryotherapyduringtheacutephase(87.5%)andmedication,restandphysiotherapy duringtreatmentoftheinjury(56%)weretheprevalentoptions.Thecriteriaforreturning tosportswereverysubjectiveanddisparateamongtheoptionspresented,andmostofthe intervieweeshadalreadyusedsometherapythatwasadjuvanttotraditionalmethods.
Conclusion:Thenumberofmuscleinjuriestreatedperyearwasgreaterthan30,independent ofwhetherinthepublicorprivatesector.Theseinjuriesoccurredmainlyatthe muscle--tendonjunction,inthelowerlimbsandduringtheeccentricphaseofmusclecontraction. Ultrasoundwastheexaminationmostperformed,whileMRIwasconsideredideal.Formost oftheinterviewees,thepreferredtreatmentinvolvedrest,medicationandphysiotherapy. Inaddition,52%believedthatplatelet-richplasmawasanefficienttreatmentand42%said thattheyhadalreadyusedit.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Nasúltimasdécadasonúmerodepraticantesdeatividades esportivasaoredordomundotemaumentado progressiva-mente. Grandeparte desse aumento ocorre em func¸ão da ampladivulgac¸ãopelosmeiosdecomunicac¸ãodosbenefícios paraasaúderesultantesda práticadeexercíciosregulares, queproporcionammelhoriadaqualidadedevidaereduc¸ão doriscodeinúmerasdoenc¸as.1–3
No entanto, sabemos que benefícios da pratica espor-tiva são contrastados pelo aumento no número de lesões osteomusculares:4 quase10milhões delesõesrelacionadas
aoesporteocorremanualmentenosEstadosUnidos.5A
mai-orianãoédeextremagravidade,masédolorosaemuitasvezes incapacitante,poisafastaaspessoasdesuasatividadesfísicas eprofissionais.6
Aslesõesmuscularessãoasmaiscomunserepresentam de10%a55%detodasaslesõesesportivas.Consistem princi-palmentedecontusões,estiramentos,lacerac¸ões.7Aslesões
porestiramentogeralmenteafetammúsculos superficiaise biarticulares(retofemoral,flexoresdojoelhoegastrocnêmio) eocorremduranteafaseexcêntricadacontrac¸ão.8Ascausas
sãomultifatoriaiseháalgunsfatoresderisco,comoidade, lesãomuscularpregressadamesmaregião,etnia,sobrecarga, desequilíbriodeforc¸asealterac¸ãonacapacidadede alonga-mentodogrupamentomuscularemquestão.9
Porém,poucomudou nasúltimas décadasnaforma de se entender e tratar a lesão muscular. O objetivo deste
estudo é avaliar os conceitos, os métodos de diagnóstico e tratamento e as perspectivas de médicos especialistas por meio do preenchimento de questionário sobre a lesão muscular no Brasil. A partir desses resultados,será possí-veldelimitarastendênciasnacionaissobreumtemapouco estudado e orientar o seguimento de novas pesquisas na área.
Métodos
Estudo descritivo, com aplicac¸ão de questionário a uma amostra formadaprincipalmentepormédicos doesportee ortopedistas.Oquestionáriocompostopor20questões fecha-dasfoielaboradopelosautoresdemaneirasimpleseobjetiva eabordouos principaistópicos dotemalesõesmusculares (anexo1).
Oquestionáriofoiaplicadoaosmédicoshabituadosa tra-tarlesõesmuscularespresentesnoIICongressoBrasileirode ArtroscopiaeTraumatologiadoEsporte(Sbrate),ocorridoem Fortalezaem2013.
Forampreenchidos168questionáriossobaorientac¸ãode umdospesquisadoresparaesclarecimentodeeventuais dúvi-das.
Apartirdosdadosobtidosnosquestionáriospreenchidos, foi feita estatísticadescritiva das variáveis envolvidaspara caracterizac¸ãodaamostra.
Tabela1–Distribuic¸ãogeográficadosparticipantesdo estudo
Médicos
Norte 9(5%)
Nordeste 44(27%)
Centro-Oeste 18(10%)
Sudeste 79(47%)
Sul 18(10%)
Total 168
Resultados
Foram168questionáriospreenchidospormédicosde20 esta-dosde todasascincoregiõesdoBrasil(tabela1):118eram ortopedistas, 43 ortopedistas e médicos do esporte, cinco médicosdoesporteedoisdeoutrasespecialidades.
Otempomédiodeatuac¸ãodosprofissionaisentrevistados notratamentodelesãomuscularfoide11anos.Amaiorparte dosentrevistados atende alesões muscularesnos servic¸os públicoeprivadoeemnúmerosuperiora30porano(tabela 2).
Amaioriadaslesõescitadasocorrenosmembrosinferiores (97%),30%noquadríceps,28%nosadutoresdacoxae21%no trícepssural.Alesãoocorremaiscomumentenafase excên-tricadomovimentopara62% dosentrevistadosenamaior partedasvezesacometeajunc¸ãomiotendínea(53%)eocorpo muscular(45%)(tabela3).
Oexamemaisfeitopelosmédicosentrevistadosno auxí-liodiagnósticodalesãofoioultrassom(39%),masamaioria deles(84%)consideraaressonânciamagnéticacomoomelhor exameparadiagnóstico(tabela4).Pormeiodoexamede ima-gemépossível classificaralesãocomométododeescolha damaioriadosentrevistados(73%):aquelequeadivideem trêsgraus,deacordocomonúmerodefibraslesadas.Além desse,24%dosentrevistadospreferemclassificarapenascom adescric¸ãodaregiãoanatômicalesada;48%consideramlesão muscularcrônica aquela queseapresentahá maisde seis semanas,35%hápelomenostrêssemanase15%acimade trêsmeses.
Otratamentodeescolhanafaseagudadalesãoparaa mai-oriadosentrevistadoséacombinac¸ãoderepouso,crioterapia emedicac¸ão.Quantoàsopc¸õesmedicamentosas,amaioria (35%)prescreveapenasanti-inflamatório,seguidode analgé-sico(25%)eassociac¸ãodeanti-inflamatórioeanalgésico(12%). Otratamentoapósafaseaguda,paraamaioriados entrevis-tados(56%),écompostodemedicac¸ão,repousoefisioterapia.
Tabela2–Númerodelesõesmuscularestratadasnos sistemaspúblicoeprivadoduranteumano
Tratamentode lesõesmusculares/ ano Servic¸o público Servic¸o privado Públicoe privado
<10 4(27%) 9(13%) 11(15%) 10-20 5(33%) 13(19%) 10(13%) 20-30 2(13%) 10(15%) 25(33%) >30 4(27%) 35(52%) 29(39%)
Total 15 67 75
Tabela3–Principaiscaracterísticasdaslesões
musculares:localdeacometimentoetipodecontrac¸ão durantealesão
Membroacometido
Inferior 97%
Superior 3%
Grupamentomuscular
Quadríceps 30%
Adutoresdacoxa 28%
Trícepssural 21%
Isquiotibiais 16%
Bícepsbraquial 3%
Outros 2%
Tipodecontrac¸ão
Excêntrico 62%
Concêntrico 30%
Isométrico 3,50%
Nãosoube 4,50%
Regiãoacometida
Junc¸ãomiotendínea 53%
Corpomuscular 45%
Avulsãoóssea 2%
Tabela4–Comparac¸ãoentreoexamemaisfeitoeaquele consideradoidealparadiagnósticodalesãomuscular
Examefeito Exameideal
USG 65(39%) 23(14%)
RM 62(37%) 142(84%)
USG+RM 29(17%) 0
nãousa 12(7%) 3(2%)
USG,ultrassom;RM,ressonânciamagnética.
Nessecaso,amedicac¸ãomaisprescritaéoanalgésico(tabelas 5e6).
ParaaslesõesclassificadascomograuI,amédiade afas-tamentodasatividadesesportivaséde13dias,grauIIde28 diasegrauIIIde48dias.Osprincipaiscritériosusadospara retornoaoesporteforamacomparac¸ãoisoladadaforc¸a mus-culardomembrolesadocomocontralateraleacombinac¸ão da avaliac¸ãoda escala de dor, forc¸amuscular comparativa contralateralegraudeconfianc¸adoprópriopaciente(tabela7).
Tabela5–Principaismedicac¸õesusadasparao tratamentodalesãomuscularnomomentodalesão (aguda)eduranteoperíododetratamento(pós-lesão)
Tratamento Agudo Pós-lesão
AINH 59(35%) 39(23%)
AG 42(25%) 74(44%)
AINH+AG 20(12%) 7(4%)
AINH+AG+RM 20(12%) 6(3,5%)
AINH+RM 18(10,5%) 9(5,5%)
Analgésico+RM 5(3%) 9(5,5%)
RM 3(2%) 15(9%)
Outro 1(0,5%) 9(5,5%)
Tabela6–Opc¸õesterapêuticasparaotratamentoda lesãomuscularnomomentodalesãoeapósalesão
Tratamento Agudo Tratamento Pós-lesão
Medicac¸ão+ repouso+ crio
147(87,5%) Medicac¸ão+ repouso+ fisio
95(56%)
Medicac¸ão+ repouso
10(6%) Fisio+ repouso
28(17%)
Crio+ repouso
7(4%) Fisio 25(15%)
Medicac¸ão 0 Medicac¸ão+ repouso
15(9%)
Crio 0 Medicac¸ão 0
Outro 4(2,5%) Outro 5(3%)
Crio,crioterapia;Fisio,fisioterapia.
Osentrevistadosforamaindaindagadossobreoutras pos-síveisterapiascitadas naliteraturaquepoderiam atuarno tratamento da lesão muscular:52%acreditam que o trata-mentocomPRPéeficiente,masapenas42%jáusaramessa modalidadeterapêutica,14%nãoacreditamemqualquerdas modalidadesapresentadase24%nuncausaramalguma des-sasmodalidadesterapêuticas(tabela8).
Discussão
A lesão muscular éa maiscomum lesão musculoesquelé-tica. Pode ocorrer em até 50% das queixas ortopédicas e na maioria das vezes o paciente é capaz de retornar às
Tabela7–ritériosusadosparaoretornoaoesportedo pacientetratadodelesãomuscular
Critériosderetornoaoesporte N.◦
FMcontralateral 24(14%)
Dor+FMcontralateral+confianc¸a 23(13,5%) Dor+FMcontralateral 22(13%)
Todasasopc¸ões 19(11%)
Dor 16(9,5%)
Outrasopc¸ões 14(8,5%)
Confianc¸a 13(7,5%)
Dor+confianc¸a 12(7%)
Examedeimagem 5(3%)
Dor+Examedeimagem 5(3%)
FMcontralateral+confianc¸a 5(3%) Dor+FMcontralateral+examedeimagem 3(2%) FM+examedeimagem+confianc¸a 2(1%)
FM+examedeimagem 1(0,5%)
Dor+examedeimagem+confianc¸a 1(0,5%) Dor+FM+circunferênciamembrolesado 1(0,5%) Dor+confianc¸a+circunferênciamembrolesado 1(0,5%) FM+examedeimagem+circunferênciado
membrolesado
1(0,5%)
Circunferênciadomembrolesado 0
FMcontralateralrefere-se à comparac¸ão daforc¸a muscular do ladolesadocomoladonãolesado;doréavaliadapormeiode escalavisualanalógica;confianc¸aéumaformasubjetiva;exame deimagemrelaciona-seaoacompanhamentodaevoluc¸ãodalesão; circunferênciadomembrolesadorefere-seàevoluc¸ãopormeioda hipotrofiacausadapelalesão.
Tabela8–Opiniãodosentrevistadosemrelac¸ãoà eficiênciadasnovasterapiasapresentadasnaliteratura paratratamentodelesõesmuscularesesejátiverama oportunidadedeusarasrespectivasopc¸õesterapêuticas
Terapias Eficiência Usadas
PRP 88(52%) 70(42%)
Ondasdechoque 45(27%) 45(27%)
Terapiagênica 11(6,5%) 0
Infiltrac¸ãolocal 7(4%) 36(21%)
Outras 20(12%) 18(11%)
Nãoopinaram 24(14%) 40(24%)
PRP,plasmaricoemplaquetas.
atividades no mesmo nível prévio à lesão sem déficit funcional.10,11 Mesmoassim,poucosesabearespeitodessa
lesão.Nãoexisteconsensosobreamelhorformadedefinira gravidade,otratamentomaisadequadoeareabilitac¸ãomais eficiente.
Opresenteestudoavaliouosprincipaistópicosque abor-damalesãomusculareindagouumapopulac¸ãodemédicos extremamenteespecializadoseacostumadosalidarcomessa patologia.
Foramperguntadosarespeito168médicosdoesportee/ou ortopedistasdetodasasregiõesdoBrasilcomuma experiên-ciamédiade11anosnotratamentodalesãomuscular.
Quando avaliado o número de lesões musculares tra-tadas em umano, percebe-se que, independentemente da subespecializac¸ãodomédicoortopedistaoudoesporte, prova-velmenteessaéalesãomaistratadanolocaldeatendimento da maioria dos entrevistados.Independentemente de se o atendimento ocorreu no sistema público ou no privado, o número ultrapassa,emmédia,30 lesõesporano. Agrande maioriareferequealesãomaiscomuménosmembros inferi-ores,oquecondizcomaspraticasesportivasmaispopulares donossomeio,comoofutebol eoatletismo.Oresultadoé um número maior de lesõesnos grupamentos musculares envolvidos,porexemplo,nomovimentodochute:quadríceps, adutordacoxaetrícepssural.
Aliteraturarelacionaalesão muscularcomacontrac¸ão excêntrica12–15 e62%dosentrevistadostambémconsideram
queamaioria daslesões ocorrenessafaseda contrac¸ão,o que deveservir deinformac¸ão para acorretapreparac¸ãoe prevenc¸ãodelesõesematletaspraticantesdeatividades físi-casdiversas.
Emborainúmerasclassificac¸õesjátenhamsidodescritas para melhorentenderostiposdelesão muscular, acredita-mosqueaindanãoexisteconsensosobreamelhorformade diferenciá-las.16Adificuldadedehomogeneizarumaamostra
maistempoosparticipantesdoestudooptaramporafastaro atletadesuasatividades.Quandoadiscussãotratadotempo necessárioparadefinirumalesãocomoagudaoucrônica,a disparidadedeopiniõestambémébastanteevidente.Pouco sedescreveunaliteraturacomembasamentocientíficosobre adefinic¸ãodeumalesãocrônica.16Noestudo,48%acreditam
quesãoaquelasqueocorremhámaisdeseissemanas,35% commaisdetrêssemanase15%commaisdetrêsmeses.
Emrelac¸ão aométodo diagnóstico, houve concordância comaliteraturasobrearessonânciamagnéticaseroexame ideal,17emboraamaioriauseoultrassom.Essedadopodeser
explicadopeladiferenc¸adecustoentreosexames, embora essapossanãosermaisumaregraemoutrospaíses,nosquais ocustodaRMnãoétãoelevadoquantoemnossopaís.
Otratamentodalesãomuscularésemdúvidaoitemmais controverso. Embora o mesmotratamento seja empregado hámaisde40 anos,algumasterapias têmsido descritase comec¸amaserfeitasemnossomeio,mesmoqueem algu-massituac¸õescompoucoembasamentodaliteratura.Nafase aguda, a grande maioria dos entrevistados usa medicac¸ão principalmente analgésica e anti-inflamatória, associada a repousoecrioterapia.
Otratamentosubsequente,quenamaioriadasvezesé gui-adopelotipodelesão,écompostodefisioterapia,repousoe medicac¸ãopara56%dosentrevistados.Essaéatríade con-vencionaldotratamentodalesãomuscularhámuitosanos. Nesseintervalo,muitosefalousobreterapiasadjuvantesque poderiamaceleraracicatrizac¸ãomusculareproporcionarum retornomaisprecoceaoesporte.Indagamosdosparticipantes seconsideravameficientesostratamentoscomPRP,ondasde choque,infiltrac¸ãolocaleterapiagênica.Amaioriaacredita queotratamentocomPRPsejaeficiente,seguidoporondas dechoque,terapiagênicaeinfiltrac¸ão.Masquandoindagados seaplicamessasterapias,umnúmeromenorde participan-tesrespondeuquesim.Nessecaso,42%jáusaramPRP,27%
ondasdechoquee21%infiltrac¸ão.Nãohouvemenc¸ãoa tera-piagênica.
Pararetornaràpráticaesportiva,oprincipalcritériousado pelosparticipantesfoiacomparac¸ãodaforc¸amuscularcomo lado contralateraleaassociac¸ãoresultadoda escalavisual analógica da dor, forc¸a muscular contralateral econfianc¸a do paciente. O grandedesafio para o tratamento da lesão muscularprovavelmenteestárelacionadoaomomentoexato emqueopacientelesadopossaretornaràssuasatividades esportivasemaltodesempenho.Hojesãomuitososcritérios usados paramensurar essacapacidade deretorno,masna maioria dasvezesaindaésubjetivaecom poucaevidência científica.
Embora esteseja umestudopuramente descritivo, com baixoníveldeevidência,setornabastanteimportantepara analisaraformacomoespecialistaslidamcomumalesãotão comumeaomesmotempotãopoucoestudadanoquetange aosprincipaisaspectosdessapatologia.
Conclusão
Onúmerodelesõesmuscularestratadasanualmenteé supe-rior a 30, independentemente de se no setor público ou privado.Ocorreprincipalmentenajunc¸ãomiotendínea,nos membrosinferioresenafaseexcêntricadacontrac¸ão muscu-lar.OUSGéoexamemaisempregadoeaRMoconsiderado ideal.Otratamentodeescolhaenvolverepouso,medicac¸ãoe fisioterapiaparaamaioriadosentrevistados.Alémdisso,52% dosmédicosacreditamnaeficiênciadoPRPe42%referemjá terusado.
Conflitos
de
interesse
Anexo
1.
Questionário
aplicado
durante
congresso
para
indagar
dos
profissionais
da
área
suas
condutas
relacionadas
à
lesão
r
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ê
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c
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