rev bras reumatol.2015;55(1):79–82
REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
ww w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
Relato
de
caso
Síndrome
de
ativac¸ão
macrofágica
em
paciente
com
artrite
idiopática
juvenil
sistêmica
Anna
Carolina
Faria
Moreira
Gomes
Tavares
a,∗,
Gilda
Aparecida
Ferreira
b,
Luciano
Junqueira
Guimarães
c,
Raquel
Rosa
Guimarães
ae
Flávia
Patrícia
Sena
Teixeira
Santos
aaHospitaldasClínicas,UniversidadeFederaldeMinasGerais,BeloHorizonte,MG,Brasil
bDepartamentodoAparelhoLocomotor,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldeMinasGerais,BeloHorizonte,MG,Brasil
cServic¸odeReumatologia,HospitaldasClínicas,UniversidadeFederaldeMinasGerais,BeloHorizonte,MG,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem25deoutubrode2012 Aceitoem10defevereirode2014 On-lineem27deagostode2014
Palavras-chave:
Síndromehematofagocítica VírusEpstein-Barr
Artriteidiopáticajuvenilforma sistêmica
ProtocolodetratamentoHLH-04
r
e
s
u
m
o
Asíndromedeativac¸ãomacrofágica(SAM)éumadoenc¸araraepotencialmentefatal, nor-malmenteassociadaàsdoenc¸asreumáticascrônicas,emespecialaartriteidiopáticajuvenil. É incluídano grupodas formassecundárias desíndrome hemofagocítica, cujasoutras causaspodemserasdoenc¸aslinfoproliferativaseinfecc¸ões.Asmanifestac¸õesclínicase laboratoriaismaisimportantessãoafebrenãoremitente,esplenomegalia,hemorragias, disfunc¸ãohepática,citopenias,hipoalbuminemia,hipertrigliceridemiaehiperferritinemia. Otratamentodeveseriniciadorapidamente,eamaioriadoscasosrespondebemaos cor-ticosteroideseà ciclosporina(CSA).OvírusEpstein-Barr(EBV)édescritocomopossível gatilhoparamuitoscasosdeSAM,especialmentenaquelesemtratamentocom bloquea-doresdofatordenecrosetumoral(TNF).Noscasosrefratáriosaotratamentoconvencional, etoposide(VP16)deveseradministrado,emassociac¸ãocomcorticosteroideseCSA.Nosso objetivofoidescreverumcasorarodesíndromehematofagocíticaprovavelmente secun-dáriaàinfecc¸ãopelovírusEpstein-Barr(EBV),empacientecomartriteidiopáticajuvenil sistêmica, confirmadapelasmanifestac¸õesclínicaselaboratoriaistípicas,mielogramae sorologiapositivacontraoEBV,queatingiuremissãocompletaapósinclusãonoprotocolo detratamentoHLH-04.
©2014ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
Macrophage
activation
syndrome
in
a
patient
with
systemic
juvenile
idiopathic
arthritis
Keywords: Hemophagocytic lymphohistiocytosis
a
b
s
t
r
a
c
t
Machrophage activation syndrome (MAS) is a rare and potentially fatal disease, com-monly associatedwithchronicrheumaticdiseases, mainlyjuvenileidiopathic arthritis. Itisincludedinthegroupofsecondaryformsofhaemophagocyticsyndrome,andother
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:annafmgomes@hotmail.com(A.C.F.M.G.Tavares).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.02.007
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rev bras reumatol.2015;55(1):79–82Epstein-Barrvirus Systemic-onsetjuvenile idiopathicarthritis HLH-04Treatmentprotocol
causesare lymphoproliferativediseasesandinfections.Itsmostimportantclinicaland laboratorialmanifestationsarenon-remittingfever,splenomegaly,bleeding,impairment ofliverfunction,cytopenias,hypoalbuminemia,hypertriglyceridemia,hypofibrinogenemia andhyperferritinemia.Thetreatmentneedstobestartedquickly,andthemajorityofcases haveagoodresponsewithcorticosteroidsandcyclosporine.TheEpstein-Barrvirusis descri-bedasapossibletriggerformanycasesofMAS,especiallyinthesepatientsintreatmentwith tumornecrosisfactor(TNF)blockers.Intheserefractorycases,etoposide(VP16)shouldbe administered,associatedwithcorticosteroidsandcyclosporine.Ourobjectiveistodescribe ararecaseofMASprobablyduetoEBVinfectioninasubjectwithsystemic-onsetjuvenile idiopathicarthritis,whichachievedcompleteremissionofthediseaseaftertherapyguided by2004-HLHprotocol.
©2014ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Ahemofagocitoselinfo-histiocitária(HLH)éumadoenc¸arara efrequentementefatal.Aincidênciaanualé1:50.000nascidos vivos.Podeserdivididaemdoisgrupos:primáriase secundá-rias.
A síndrome de ativac¸ão macrofágica (SAM) é uma
complicac¸ãograve,que,entreasdoenc¸asreumáticas,acomete maiscomumentepacientecomartriteidiopáticajuvenil sistê-mica(AIJs).Écaracterizadaporfebre,hepatoesplenomegalia, citopenias,disfunc¸ãohepática,diátesehemorrágicae sinto-masneurológicos,revelando-seumasíndromeheterogênea, oquedificultasuadetecc¸ão.Apresenc¸ademacrófagos fago-citandocélulashematopoiéticasnofígado,nobac¸o,namedula ósseaounolinfonodoconfirmaodiagnóstico.1,2Oscritérios
formulados para diagnóstico de HLH (tabela 1)podem não serúteisparadefinirSAM.2Ograndedesafioédiferenciá-la
da exacerbac¸ão da doenc¸a de base.1,3,4 Encontrou-se
simi-laridadede40%entreasmanifestac¸õesclínicas deambas.5
Tabela1–Critériosdiagnósticosdehemofagocitose linfo-histiocitária(HLH)
A.DiagnósticomolecularcompatívelcomHLH:mutac¸ões patológicasdePRF1,UNC13D,Munc18-2,Rab27a,STX11, SH2D1A,ouBIRC4
OU
B.5dosoitocritériosabaixolistados: 1.Febre(temperaturamaiorque38,3◦C);
2.Esplenomegalia;
3.Citopenias(acometimentodepelomenosduaslinhagens) 3.1.Hemoglobina<9g/dLou<10g/dLemrecém-nascidos 3.2.Plaquetas<100.000mL
3.3.Neutrófilos<1.000mL;
4.Hipertrigliceridemia(>265mg/dL)ouhipofibrinogenemia (<150mg/dL);
5.Hemofagocitosenamedulaóssea,bac¸o,linfonodosoufígado –semevidênciademalignidade;
6.AtividadediminuídaouausentedecélulasNK; 7.Ferritinasérica>500ng/dL;
8.CD25solúvelaumentado(>2.400U/mL)
Fonte:HistiocyteSociety–TreatmentProtocolofTheSecond Inter-nationalHLHStudy2004.
Suapatogêneseconsistenahipercitocinemiaenainflamac¸ão exuberante,levandoàfagocitosemacrofágicadescontrolada, apresentac¸ãoantigênica eativac¸ãopersistentedelinfócitos T.6,7 AprevalênciaémaisestudadaempacientescomAIJs,
emqueseestimaserentre7%e13%.3
ASAMestáincluídanogrupodasformassecundáriasde HLH,cujascausassãodoenc¸aslinfoproliferativas,infecc¸ões (virais,bacterianas,parasitáriasefúngicas)edoenc¸as reumá-ticas.Mutac¸õesgenéticas,quecomprometemasecrec¸ãode perforinas,sãooprincipalgatilhodaformaprimária.
Nosso objetivofoi descrever umcaso de SAM provavel-mentesecundáriaàinfecc¸ãopelovírusEpstein-Barr(EBV)e mostrarcomootratamentoadequadofoifundamentalparao desfechofavorável.
Relato
de
caso
Paciente,noveanos,sexofeminino,comAIJsdesde2007,em tratamentocomprednisolona9mg/dia(0,3mg/kg/dia),
meto-trexato (MTX) 20mg/semana (0,6mg/kg/semana) e
etaner-cepte(ETN)25mg/semana(0,8mg/kg/semana),com doenc¸a parcialmentecontrolada.Iniciou,emdezembrode2011, qua-dro de febre, vômitos, dor abdominal, diarreia e icterícia,
evoluindo com disfunc¸ão hepática, hemorragia
cutâneo--mucosa, bicitopenia e hepatoesplenomegalia. À admissão
hospitalar apresentavaanemia (Hb 8,1g/dL), plaquetopenia (57×103/microL),alterac¸õesdetransaminases(aspartato ami-notransferase-TGO–518U/Lealaninoaminostransferase -TGP-121U/L),hipoalbuminemia(2,8g/dL),alterac¸ãode coagu-lograma(RNI1,29),reduc¸ãodosníveisséricosdofibrinogênio (94mg/dL),aumentodetriglicérides(353mg/dL)eferritina(> 1.000ng/mL).Assorologiasparahepatitesviraiseautoimunes foramnegativas.Foiadmitidajásemhemorragias, controla-dasapóstransfusõesdeplasmafrescocongelado.Realizado mielograma,queconfirmouaprincipalhipótesediagnóstica, SAM,pelademonstrac¸ãodefigurasdehemofagocitose(fig.1). Iniciada metilprednisolona 30mg/kg/dia, por três dias, seguidadeCSA2mg/kg/diaeprednisona(PDN)2mg/kg/dia.
MTX e ETN foram suspensos. Evoluiu sem melhora do
quadro clínico-laboratorial: bicitopenia (Hb 7,8g/dL e
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Figura1–FiguradeHemofagocitosenamedulaóssea. Crédito:Dr.PaulodoValRezende(SetordeHematologia PediátricadoHospitaldasClínicasdaUniversidadeFederal deMinasGerais).
hepatoesplenomegalia,apesardosaumentosdadosedeCSA, até6mg/kg/dia.
Após o tratamento inicial, evoluiu com sepse, piorando quadroclínico-laboratorial.Alémdoantimicrobiano,foi admi-nistrada imunoglobulinahumana endovenosa (IGIV) 2g/kg, semresposta.
Apósresultadosdasorologiaparacitomegalovírus(CMV)e EBV,estaúltimapositivaIgMeIgG, erealizac¸ão depunc¸ão
lombar,afastandoacometimentodo SistemaNervoso
Cen-tral(SNC),discutimosocasocomequipedeHematologiado nossoServic¸oeoptamosporiniciarprotocolodetratamento HLH-04:dexametasona,etoposide(VP16),alémdaCSA,oqual foimantidoporoitosemanas.Apósaquartasemanade pro-tocolo,houveneutropeniaafebrilfugaz(globaldeleucócitos 0,87×103/microL), erarefac¸ãoda densidade capilar, ambas complicac¸õesprevistasparaotratamento.
Adoenc¸aatingiuremissãoapós oitosemanas.Aúltima revisão laboratorial mostrou normalizac¸ão dos níveis de ferritina (270ng/mL), triglicérides (78mg/dL), hemoglobina (13,7g/dL), fibrinogênio (250mg/mL), TGO (23U/L) e TGP (34U/L).AtualmenteapacienteestáemtratamentocomPDN 5mg/diaeCSA6mg/kg/dia.
Discussão
e
conclusão
O objetivo da divulgac¸ão do caso é motivar
reumatolo-gistas a pensar no diagnóstico de SAM quando estiverem
diante de pacientes com febre, hepatoesplenomegalia,
disfunc¸ãohepáticaecitopenias,paraqueotratamentoseja
rapidamente instituído. Importante ressaltar que a grande
similaridade entre as manifestac¸ões da síndrome e da
reativac¸ão da doenc¸a de base pode ser fator de
confu-são. Não há critérios validados para diagnóstico de SAM.6
Ravelli et al.2 propuseram critérios para SAM complicando
AIJs,baseadosemconsensoentreexpertises. Selecionaram--se alterac¸ões clínicas e laboratoriais mais sensíveis para a diferenciac¸ãoda SAM ouagudizac¸ão da doenc¸ade base.
As alterac¸ões mais citadas foram plaquetopenia,
hiper-ferritinemia, elevac¸ão de enzimas hepáticas, leucopenia, hemofagocitose na medula óssea, febre persistente, queda davelocidadedehemossedimentac¸ão,hipofibrinogenemiae hipertrigliceridemia.2Nessecaso,destacavam-se
sangramen-tos, febre diária e não remitente, pancitopenia absoluta e reduc¸ãodosníveisséricosdefibrinogênio,oquenosfez pen-saremumdiagnósticoquenãoativac¸ãodaAIJs.
Consideramosquehouveumsomatóriodegatilhos. Imu-nossupressão com drogas sintética e biológica, atividade persistentedadoenc¸adebaseeinfecc¸ãopelovírusEBV con-tribuíram para uma doenc¸a grave e quase fatal. A terapia utilizadanotratamentodaAIJs,principalmenteMTX,5,6pode
tersidogatilho,bemcomooETN.Asdrogasbiológicastêm sidodescritascomotratamentopossívelparaSAM,mas tam-bémfatoresdesencadeantesdasíndrome.6
Atualmente,otratamentodasíndromedeativac¸ão
macro-fágica se baseia emcorticoides e CSA. A CSA semostrou
efetiva em pacientes com doenc¸a grave e não controlada
pelousoisoladodecorticoide,6,7 porissofoiintroduzidano
iníciodoquadro. Aimunoglobulina endovenosahumana é
umaalternativaterapêutica,6,8 também ineficaznestecaso.
Nemtodos ospacientesrespondem aotratamento
conven-cional e há alguns relatos de benefício com antagonistas deinterleucina-1,especialmenteanakinra,9indisponívelem
nossopaís. Pudemosobservarqueadoenc¸afoirefratáriaa toda terapia inicialinstituída, o quenos motivoua buscar outrascausas,levando-nosapensarnapossívelassociac¸ão cominfecc¸ãopeloEBV,consideradoumdosprincipais agen-tes etiológicose responsávelpelos casosmais graves.8,10,11
Por isso, optamos pelo tratamento guiado pelo protocolo
HLH-04. O VP16 é importante, principalmente, nos casos
refratários,6,8,11–13edeveseriniciadoprontamente,por
con-ferirprognósticomaisfavorávelnessassituac¸ões.11
O protocolode tratamento HLHfoi propostoem1994,e revisado em2004,para tratamentodas formas primáriase secundáriasainfecc¸õesemalignidades.Otratamento infecci-osoespecíficopareceterresultadoemcasosdeleishmaniose visceral, citomegaloviroseeinfecc¸õesbacterianas, masnão há benefíciodescritoemdoenc¸a associada àinfecc¸ão pelo EBV.9,10Otratamentosebaseavanaassociac¸ãode
dexameta-sonaeVP16,eminduc¸ãoporoitosemanas.ACSAerainiciada nafasedemanutenc¸ão.Apósrevisão,aCSApassouaser intro-duzidanafaseinicial,pormanterrespostamaissustentada apósinduc¸ão.Casoocorraremissão,otratamentodeveráser suspensoapósoitosemanas.1,3,12Senão,ospacientesdevem
serencaminhadosaotransplantedecélulas-tronco.6,12
Diante disso tudo, a importância deste relato é, além da ampladiscussão sobrepossíveis gatilhos, o tratamento
bem-sucedido com etoposide, que foi fundamental para a
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rev bras reumatol.2015;55(1):79–82questionamosseaterapiaimunobiológicatemimplicadono aumentodonúmerodecasos,umavezquetornanossos paci-entesmaisvulneráveisainfecc¸õesoportunistasdequalquer etiologiaetambéméconsideradofatorpredisponenteparaa doenc¸a.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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