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REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
de
Revisão
Capilaroscopia
periungueal:
relevância
para
a
prática
reumatológica
Eduardo
José
do
Rosário
e
Souza
a,be
Cristiane
Kayser
a,∗aDisciplinadeReumatologia,UniversidadeFederaldeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil bSantaCasadeBeloHorizonte,BeloHorizonte,MG,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem27deabrilde2014 Aceitoem14desetembrode2014 On-lineem22deoutubrode2014
Palavras-chave: Capilaroscopia
FenômenoRaynaud
Esclerosesistêmica
r
e
s
u
m
o
Acapilaroscopiaperiunguealéummétodosimples,debaixocusto,edeextremarelevância naavaliac¸ãodepacientescomfenômenodeRaynaudouportadoresdedoenc¸asdoespectro daesclerosesistêmica(ES).AlémdesuaimportânciaparaodiagnósticoprecocedaES, cons-tituiinstrumentoútilnaidentificac¸ãodepacientesesclerodérmicoscomriscoelevadopara odesenvolvimentodecomplicac¸õesvasculares,visceraisedeóbito.Ainclusãoda capila-roscopianosnovoscritériosparaclassificac¸ãodaESdoColégioAmericanodeReumatologia (ACR)edaLigaEuropeiaContraoReumatismo(Eular)dánovoimpulsoparaautilizac¸ãoe disseminac¸ãodométodo.Nopresenteartigo,pretendemosapresentarumarevisãodidática, nãosistemática,sobreotema,comênfasenosavanc¸osrecentementedescritos.
©2014ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
Nailfold
capillaroscopy:
relevance
to
the
practice
of
rheumatology
Keywords: Capillaroscopy
Raynaud’sphenomenon
Systemicsclerosis
a
b
s
t
r
a
c
t
Nailfoldcapillaroscopyisasimple,low-costmethod,thatisextremelyimportantinthe evaluationofpatientswithRaynaud’sphenomenonandofpatientswithsystemicsclerosis (SSc)spectrumdiseases.BesidesitsimportancefortheearlydiagnosisofSSc,nailfold capil-laroscopyisausefultooltoidentifysclerodermapatientswithhighriskfordevelopmentof vascularandvisceralcomplicationsanddeath.Theinclusionofcapillaroscopyinthenew classificationcriteriaforSScoftheAmericanCollegeofRheumatology(ACR)andEuropean LeagueAgainstRheumatism(Eular)givesanewimpetustotheuseanddisseminationof themethod.Inthispaper,wepresentadidactic,non-systematicreviewonthesubject,with emphasisonadvancesrecentlydescribed.
©2014ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:criskayser@terra.com.br(C.Kayser).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.09.003
Introduc¸ão
e
breve
histórico
Alterac¸õesvascularescaracterizadasporanormalidades
fun-cionaiseestruturais damicrocirculac¸ãodesempenhamum
papel central na patogênese da esclerose sistêmica (ES) e
podemestar também presentes nadermatomiosite(DM) e
nasdoenc¸asdoespectrodaES.1Acapilaroscopiaperiungueal
(CPU)éummétododeimagemnãoinvasivo,debaixocusto
ereprodutível,quepermiteaavaliac¸ãodasalterac¸ões estru-turaisdamicrocirculac¸ãoperiférica.Éusadoprincipalmente nadiferenciac¸ãodofenômenodeRaynaud(FRy)primárioe secundárioenodiagnósticodaES.2,3
Ahistóriadacapilaroscopiainicia-sehácercade400anos, quandoJ.C.Kolhausdescreveuapossibilidadedevisualizac¸ão dasalc¸ascapilaresdaregiãoperiunguealpormeiodeum sis-temademagnificac¸ãoópticarudimentar.3Noentanto,apenas
nasegundametadedoséculoXXaCPUcomec¸aaserusada
deformamaissistemáticanaavaliac¸ãodoFRy,em particu-largrac¸asaosestudosdeHildegardMaricqeEdwardCarwile
LeRoy, que descreveramem 1973 padrõescapilaroscópicos
específicosdaESedoenc¸ascorrelatas.4NoBrasil,ométodofoi introduzidoepadronizadonadécadade1980porLuísEduardo CoelhoAndrade.5NosúltimosanosaCPUvoltouareceber des-taquedevidoàsnovasevidênciasdaimportânciadométodo paraodiagnósticoprecocedaESedoseuvalorprognóstico.
Alémdisso, aCPU foirecentementeincorporadaaosnovos
critériosdeclassificac¸ãodaESdoACR/Eularde2013,oque confirmaasuaimportâncianodiagnóstico dadoenc¸a.6 No presenteartigo,pretendemosapresentarumarevisão didá-tica,não sistemática,sobre otema, com destaque para as indicac¸õesdaCPUeimplicac¸õesclínicasdosseusprincipais achadosnapráticadiáriadoreumatologista.
Indicac¸ões
da
capilaroscopia
na
reumatologia
Pacientes com FRy representam um desafio diagnóstico
comum na prática reumatológica, com amplo
diagnós-tico diferencial, e constituem a principal indicac¸ão para
a CPU. O FRy é uma resposta fisiológica exagerada da
microcirculac¸ãodas extremidades frente a fatores precipi-tantes,como exposic¸ão ao frio ouestresse emocional. Sua apresentac¸ão clássicacompreende três fases: (1) isquemia, quandoosdedosassumemcolorac¸ãobranca;(2)emseguida, comaestasesanguínea,asextremidadesassumemcolorac¸ão azul (cianose); (3) e finalmente surge a cor avermelhada,
queindica o estágio de reperfusãosanguínea. O FRy pode
ser primário ou secundário a uma série de condic¸ões e
doenc¸as.O FRy primário éumacondic¸ão benigna caracte-rizadaporalterac¸õesfuncionaisdosvasossanguíneose/ou suainervac¸ãoepordefinic¸ãonãoevoluiparalesãotecidual irreversível.CritériosdiagnósticosparaoFRyprimárioforam propostosem 1992por LeRoyet al. eincluíam a presenc¸a
de CPU normal.7 Mais recentemente novoscritérios foram
propostoseincluem:(1)presenc¸ade diagnósticoclínicode FRybifásico; (2)CPU normal;(3)exame físicosemachados sugestivosdecausasecundáriaparaoFRy(úlceras,gangrena, necrose,esclerodactilia,calcinoseouespessamentocutâneo);
(4) ausênciade históriade doenc¸areumáticaautoimune;e (5)FANnegativoouembaixostítulos.8
Nooutroextremo,empacientescom FRysecundárioàs
doenc¸as doespectro da ESascrises deFRy costumam ser
maisgravesepodemestarassociadasacomplicac¸õescomo ulcerac¸ões,cicatrizes,gangrenae/ouamputac¸ãodigital.
Diver-sas doenc¸as reumáticaspodem cursar com FRy, incluindo,
alémdaES,lúpuseritematososistêmico(LES), dermatomio-site/polimiosite(DM/PM),doenc¸amistadotecidoconjuntivo (DMTC),artritereumatoide,síndromedeSjögren,vasculitese síndromeantifosfolípide.Entretanto,énasdoenc¸asdo
espec-trodaesclerodermiaqueoFRyassumemaiorimportância.
Notadamente, o FRy costuma sera primeira manifestac¸ão
dadoenc¸a emcercade75%dospacientescomES,alémde
estarassociadoasignificativamorbidadeemaiordificuldade terapêutica.9-11
Nessecontexto,aCPUdesempenhaumpapel
fundamen-tal na distinc¸ão entre as formas primárias e secundárias doFRy epodetambém auxiliarnacaracterizac¸ãoclínicae evolutiva desseindivíduo,alémdereduzircustoscomuma
propedêutica desnecessária.12-14 Uma metanálise mostrou
que12,6%dospacientesinicialmenteidentificadoscomFRy primáriodesenvolvemumcausasecundária.10Outroestudo
recentemostrouqueaproximadamente20%desses
pacien-tes evoluem paraum diagnóstico definitivooususpeito de FRysecundárioem10anosdeacompanhamento.9Diferentes estudosforamuniformesematribuiraCPUumpapelcrucial noacompanhamentodatransic¸ãodoFRyprimárioparaoFRy secundário.15-18 AmetanálisedeSpencer-Greenet al. mos-trou umvalorpreditivopositivode47%paraapresenc¸ade alterac¸õesnaCPU,superioraovalorpreditivodapresenc¸ade autoanticorpos(30%).10Quandoapresenc¸adeautoanticorpos específicosdaESestáassociadaaachadosanormaisna capi-laroscopia,ovalorpreditivopositivoparaodesenvolvimento deESchegaa79,5%em15anos.18Asprincipaisindicac¸ões paraaCPUsãoresumidasnatabela1.
Equipamentos
Didaticamente,podemosenumerartrêspossibilidades para
visualizac¸ãodafileiraterminaldasalc¸ascapilares(fig.1): (1)Estereomicroscópio:comcapacidadedeaumentode10a 50vezes,permiteaCPUpanorâmica.Como estereomicroscó-pioépossívelumaavaliac¸ãoglobaldoleitoperiunguealcomo
Tabela1–Principaisindicac¸õesparaarealizac¸ão dacapilaroscopia
a) Avaliac¸ãodepacientescomfenômenodeRaynaud b) Acompanhamentodatransic¸ãodoFRyprimárioparaFRy
secundário
c) DiagnósticoprecocedaES
d) Diagnósticodiferencialdecondic¸õesrelacionadascoma ES,comoaESlocalizadaefasciiteeosinofílica,que habitualmenteapresentamumpadrãocapilaroscópico normal
e) Detecc¸ãodemicroangiopatiagraveeavaliac¸ãoprognóstica naES
Figura1–Aparelhosquepodemserusadospararealizac¸ãodacapilaroscopiaperiungueal:estereomicroscópio(A); dermatoscópio(B);videocapilaroscópio(C).
registrodeparâmetrosqualitativosequantitativos.5,19 Perma-nececomooprincipalmétodo,aindahojeusadoemcentros nacionaiseinternacionais,emfunc¸ãode suapraticidade e baixocusto;
(2)Oftalmoscópioedermatoscópio:fornecemimagenscom
ampliac¸ão menor e de qualidade inferior. Podem ser uma
opc¸ãoparaexamesàbeiradoleitooucomoformadetriagem nosconsultóriosmédicosquenãodispõemdeum estereomi-croscópiooudeumvideocapilaroscópio;20,21
(3) Videocapilaroscopia: consiste na combinac¸ão de um
microscópiocom lentedemaior aumentoaclopado auma
câmaradevídeodigital.Proporcionaumaumento significati-vamentemaiselevado(200a600vezes)emcomparac¸ãocom oestereomicroscópioe,comoauxíliodesoftwaresespecíficos, permitea mensurac¸ãoprecisadosparâmetros capilaroscó-picos(comprimento,larguraeadensidadecapilar).13,22 Uma dasdesvantagens éaperda davisãopanorâmicadas alc¸as capilares.Apenasumaáreada regiãoperiunguealpodeser
examinadaacadamomento.
Recentementeumestudodenossogrupoquecomparou
o videocapilaroscópio com o estereomicroscópico mostrou
desempenhodiagnósticoereprodutibilidadesemelhantesde ambososmétodos.22
Comoexecutaroexame
Independentemente dométodousado, inicialmenteo
indi-víduodeve permanecerem ambienteclimatizadopor 15 a
20 minutos, com temperatura emtorno de 20◦-22◦C.Para
melhorvisualizac¸ãodoscapilares,umagotadeóleode
imer-são é colocada sobre a cutícula dos dedos das mãos que
serãoavaliados.Aregiãoperiunguealdosdezdedosouoito dedos(excluindo-seopolegar)deveserexaminada.Naregião periungueal,afileiradistaldasalc¸ascapilaresprojeta-se den-trodaspapilasdérmicasepermiteavisualizac¸ãolongitudinal dosseustrês segmentos (aferente,detransic¸ão eeferente) dispostosemsentidoparaleloasuperfíciecutânea.23
Os seguintes parâmetros são rotineiramente avaliados:
númerode alc¸as/mm,número decapilaresdilatados (ecta-siadose/ou megacapilares),desvascularizac¸ão,presenc¸ade
micro-hemorragias, capilares enovelados, tortuosos ou
ramificados (capilares em arbusto). A presenc¸a de
desvascularizac¸ãoporseravaliadapelonúmerodealc¸as/mm
ou por um escore de desvascularizac¸ão, graduado de 0 a
3, no qual 0corresponde a ausência de desvascularizac¸ão e 3 a áreas extensas de desvascularizac¸ão. Os parâmetros
capilaroscópicostambémpodemsergraduadoscomoescore
proposto porCutoloet al.,no qualasanormalidades
capi-lares são graduadas de acordocom a suaintensidade: 0–
sem alterac¸ões; 1 –<33% de alterac¸ões dos capilares; 2 – 33%-66%dealterac¸õesdoscapilares;3–>66%dealterac¸ões dos capilares.24 Porconvenc¸ão, umachado capilaroscópico anormaléconsideradosignificativo,casosejaobservadoem pelomenosdoisdedosdeumindivíduo.12,13,25
Padrões
capilaroscópicos
Padrãocapilaroscópiconormal
Emindivíduossaudáveis,oscapilaressãodetamanho,forma
e cor homogênea e dispostos transversalmente ao longo
da cutícula (fig. 2A). As alc¸as capilares podem apresentar variac¸ões morfológicas discretas,tais como alc¸astortuosas
ou enoveladas (com entrecruzamentos). O plexo venoso
subpapilarpodeservistoemextensãovariávelem aproxima-damente60%dapopulac¸ão,commaiorvisibilidadeesperada emcrianc¸asepessoascompelebranca.5,19Adensidade capi-larnormal,obtidapormeiodacontagemdonúmerodealc¸as emummilímetro,variadesetea12capilares,commédiade
nove capilares/mm;a maioriadospesquisadores considera
como parâmetro de normalidade em adultos o número ≥
novealc¸as/mm.22,25Podeserobservadotambémumpequeno número de dilatac¸ões capilares (ectasias), mas o encontro
de megacapilares ou áreas de desvascularizac¸ão deve ser
consideradoanormal,exceto,noúltimocaso,seassociadas
à microcicatrizes traumáticas na região periungueal. De
forma semelhante, pequenas áreas de micro-hemorragias
comdistribuic¸ãofocalpodemserobservadasemindivíduos
saudáveis, associadas à microtraumas cotidianos.
Opor-tuno considerar,durante aexecuc¸ão do exame, queexiste
umavariabilidade grandenoformato etamanho dasalc¸as
capilares entre indivíduos sadios e até mesmo entre os
dedosde umamesmapessoa. Nessescasos, deve-seevitar
Figura2–Imagensdecapilaroscopiacompadrãocapilaroscópiconormal(A)ecompadrãoSDnoqualseobservam presenc¸ademicro-hemorragias,capilaresectasiados,megacapilareseáreasavasculares(B).
o treinamento e aperfeic¸oamento são indispensáveis na
formac¸ãodocapilaroscopista.26
PadrãoSD(sclerodermapattern)
Descritopelaprimeira vezporMaricqetal., correspondea umconjuntodealterac¸õestípicasnaCPU,caracterizadaspela presenc¸adecapilaresdilatados(ectasiase/oumegacapilares), perdadealc¸ascapilares,comconsequentereduc¸ãodonúmero de capilares, micro-hemorragias e neoangiogênese (capila-resemarbusto)(fig.2B).4,27 OpadrãoSDestápresenteem
83%-98%doscasosdeES,emborasejaobservadotambémna
DMTC,naDMenassíndromesdesobreposic¸ão.13,28
Adicionalmente,Cutoloet al.classificaramasalterac¸ões capilaroscópicasassociadas aopadrãoSDemtrêsestágios: recente,ativoetardio.24Nopadrão“recente”predominamas micro-hemorragiaseectasias (incluindoos megacapilares), comumadistribuic¸ãorelativamentepreservadados capila-resesemdesvascularizac¸ãosignificativa.Essesachadossão cruciaisparaodiagnósticoprecocedaES.Nopadrão“ativo”
observa-se um aumento do número de capilares gigantes
(megacapilares)emicro-hemorragias,associadoaumaperda moderada de capilares e discreta distorc¸ão da arquitetura capilar.Opadrão“tardio”écaracterizadopelaperda acentu-adadecapilareseextensasáreasavasculares,neoangiogênese e desorganizac¸ão da arquitetura capilar. Neste estudo, as alterac¸õesdepadrãotardiocorrelacionaram-secomotempo deFRyedediagnósticodaES.
Microangiopatianãoespecífica
Alterac¸õesnão específicas caracterizadas pela presenc¸ade
capilares alongados ou enovelados, presenc¸a discreta de
capilaresectasiadosemaiorvisibilidadedoplexovenoso sub-papilar sãodescritas emumasérie de condic¸ões. Suareal relevânciadeveserinterpretadadentrodocontextoclínicode cadapaciente.
Capilaroscopia
nas
doenc¸as
reumáticas
autoimunes
Esclerosesistêmica
Conformesalientadoanteriormente,aproximadamente90%
dos pacientes com ES apresentam o padrão SD na CPU.
A microangiopatia típica da ES é encontrada em fases
precoces da doenc¸a, muitas vezes quando apenas o FRy
está presente.Acorrelac¸ãoentreosachados capilaroscópi-cos e a durac¸ão da doenc¸a é controversa. Alguns autores
descrevem presenc¸a mais acentuada de capilares
dilata-dos e micro-hemorragias nos primeiros anos da doenc¸a e
desorganizac¸ão edesvascularizac¸ãomaisintensa emfases maistardias.Noentanto,nãoéinfrequenteencontrar paci-entescommuitosanosdedoenc¸aepoucadesvascularizac¸ão
e também pacientes com pouco tempo de doenc¸a e grau
intensodedesvascularizac¸ãoedesorganizac¸ãodaarquitetura capilar.2
AES éumadoenc¸a crônica,associadaàelevada morbi-dade e mortalidade. Nesse sentido, tem-sereforc¸ado cada vez maisanecessidadedo diagnóstico precoceda doenc¸a, quando não háainda presenc¸a de fibrose de órgãos inter-nosedelesõesmuitasvezesirreversíveis.6,13,28Nessecenário aCPUadquiresuamaiorimportânciaprática.Valeressaltar queoscritériosdeclassificac¸ãodaESdoACRde1980, base-ados principalmente em manifestac¸ões clínicas da doenc¸a bemestabelecida,nãopermitiamoseureconhecimento pre-coce.Nessecontexto,LeRoyeMedsgerpropuseramem2001, critériosparaoreconhecimentoprecocedaES,queincluem
umacombinac¸ãodedadosclínicos(fenômenodeRaynaud),
de imagem (capilaroscopia periungueal com padrão SD) e
de laboratório(presenc¸adeautoanticorposespecíficospara ES).29
RecentementeoGrupodePesquisaemEsclerodermiado
Eularsugeriucritériospreliminaresparaodiagnósticomuito
precocedaEScomosmesmostrêsdomíniosecomo
acrés-cimodapresenc¸adededosemsalsichaepesquisadefator antinuclearpositivo.30
CorroborandoaimportânciadaCPUnodiagnósticodaES, forampropostosem2013peloACReEularosnovoscritérios paraclassificac¸ãodaES.6Segundoosnovoscritérios,o paci-enteéclassificadocomoportadordeESsetotalizarnoveou maispontosdentreoitoitenslistadosnatabela2,com sensi-bilidadede91%eespecificidadede92%emestudodecoorte, frenteasensibilidadede75%eespecificidadede72% aose usaremoscritériosdoACRde1980.
Lúpuseritematososistêmico
Tabela2–Critériosdeclassificac¸ãoparaESpropostos peloACReEular,20136
Item Subitem Valor
Espessamentocutâneodos dedosdasmãos,proximalàs articulac¸ões
metacarpofalângicas
9
Espessamentocutâneodos dedos(sócomputaromaior escore)
Distalàs articulac¸ões metacarpofalângicas
4
Edemademãos 2
Lesõesdepolpadigital(só computaromaiorescore)
Úlcerasdigitais 2
Microcicatrizes 3
FenômenodeRaynaud 3
Autoanticorposespecíficos paraES(anticentrômero, anti-RNApolimeraseIII, antitopoisomeraseI
[anti-Scl70])
3
Telangiectasias 2
Capilaroscopiaperiungueal alterada
2
Hipertensãoarterialpulmonar oudoenc¸aintersticial pulmonar
2
tortuososesinuosos,alc¸asbizarraseumplexosubpapilar pro-eminente,oquelevaalgunsautoresapostularempresenc¸ade umpadrãocapilaroscópiotípico.31Apresenc¸adealterac¸õesna
CPUémaisfrequenteempacientescomLESqueapresentam
FRy.32Noentanto,50%dospacientescomLESapresentamCPU normal.OpadrãoSDéumachadomenosfrequente,descrito em2%a9%dospacientesestudados.33,34 Nessespacientes parecehaverumacorrelac¸ãoentreapresenc¸adepadrãoSD epresenc¸adeFRy, vasculitedepolpasdigitaiseanticorpos anti-U1-RNP.34,35
Recentemente,recomendac¸õesparaoscreeningedetecc¸ão dehipertensãoarterialpulmonarempacientescomdoenc¸as
reumáticas autoimunes sugeriram que pacientes com LES
com características de doenc¸as do espectro da ES, como
presenc¸a de CPU com padrão SD, devam também fazer
screening anual para o diagnóstico de hipertensão arterial
pulmonar, o que indica um papel importante da CPU na
identificac¸ãodessesubtipodepacientes.36
Dermatomiositeepolimiosite
Aprevalência doFRy na DM/PMvaria de 10% a60%, mas
a presenc¸a de complicac¸ões como necrose digital é mais
rara.37OpadrãoSDéobservadoemtornode20%a60%dos pacientescomDM/PM,comachadosmaisfrequentese
inten-sos naDM que naPM; correlaciona-se com a presenc¸ade
FRyecomprometimentointersticialpulmonar.38Apresenc¸a
decapilaresemarbustoémaisfrequente naDM, massua
presenc¸anãoéespecífica,podemtambémserencontradosem
menorfrequênciaempacientescomES.EmestudoscomDM
juvenil,opadrãoSDémaisfrequenteeapresentaassociac¸ão positivacom gravidadeeatividade clínicaelaboratorialda doenc¸a.39-41
Doenc¸amistadotecidoconjuntivo
O FRyconstituiumadas manifestac¸õesiniciais dadoenc¸a, ocorreemtornode85%dospacientescomDMTCefazparte tambémdosprincipaiscritériosdeclassificac¸ão.42 Opadrão SDéobservadoem50%-65%doscasos.Correlac¸ãoentreos
achadoscapilaroscópicoseenvolvimentopulmonarnaDMTC
tambémsãodescritos.43
Doenc¸aindiferenciadadotecidoconjuntivo
Otermodoenc¸aindiferenciadadotecidoconjuntivo(DITC)é usadoquando,navigênciademanifestac¸õesclínicas sugesti-vasdedoenc¸asistêmicaautoimune,umaescassezdedados
clínicos e/ou laboratoriais não permite caracterizar uma
entidadeclínicaespecífica.Oseguimentodessegrupode paci-entesapontaparaumaevoluc¸ãoclínicaparaES,LES,artrite
reumatoideousíndromedeSjögrenem30%doscasos.Nagy
etal.encontramumaprevalênciade13,8%depadrãoSDem 65pacientescomDITCesugeriramqueaCPUsejafeitaem todososcasosdeDITCcomvistasàidentificac¸ãodos pacien-tescommaiorriscoparaevoluc¸ãoparaESoudoenc¸asdoseu espectro.33
SíndromedeSjögrenprimária
OsachadoscapilaroscópicosnasíndromedeSjögren(SS)
dife-rem em func¸ão da presenc¸a ou não do FRy, presente em
13%-30%dospacientes.44,45NaSSprimáriasemFRy,aCPUé normalemmaisdametadedospacientes.Osdemais apresen-tam achados capilaroscópicos nãoespecíficos, incluindo-se presenc¸adecapilarestortuosos,irregulareseumplexo subpa-pilarmaisevidente.Quandohápresenc¸adeFRy,amaioriados
pacientes também apresenta achados capilaroscópicosnão
específicos.OpadrãoSDfoidescritoemdoisde16 pacien-tes(12,5%)comSSemumestudo.46Nosubgrupodepacientes comSSeanticentrômeropositivo,ospesquisadores
encontra-ramumaprevalênciade80%dopadrãoSD,oqueindicaum
potencialparasobreposic¸ãosubclínicacomES.46
Artritereumatoide
Empacientescomartritereumatoide(AR)nãohádescric¸ãodo padrãoSD.2Algunsestudosmostrampresenc¸adealterac¸ões
com relevância incerta em uma proporc¸ão dos pacientes,
comopresenc¸adecapilaresalongados.2
Síndromeantifosfolípide
Presenc¸ademicro-hemorragiassimetricamentedistribuídas édescritaempacientescomsíndromeantifosfolípide(SAF)e empacientescomLEScompresenc¸adeanticorpos anticardio-lipinaIgGeIgM,oquesugeredanodiretodoendotéliovascular desencadeadopelosprópriosanticorpos.47,48
Capilaroscopiacomomarcadordegravidadedaesclerose
sistêmica
Apesar de algunsresultados controversos,a capilaroscopia
da doenc¸a, do envolvimento visceral e do prognóstico de pacientescomES.Em1976,Maricqetal.jáhaviam encon-trado correlac¸ão entre as alterac¸ões morfológicas da CPU eo número de órgãos envolvidos pela doenc¸a.49 Ao longo dosanosamaioriadosestudosencontroucorrelac¸ãocomo
graudemicroangiopatiaavaliadapelaCPUeacometimento
vascularperiférico,envolvimentocutâneoepulmonar.2,16,50 Recentemente,umestudocomduascoortesdepacientes bel-gaseitalianosencontrouassociac¸ãoentremaiorgravidade dospadrõescapilaroscópicoseriscodeenvolvimentoclínico grave.Novesistemase/ouórgãos(vascularperiférico,geral, cutâneo,articular,muscular,trato gastrointestinal,pulmão, corac¸ãoerenal)foramavaliadosdeacordocomaescalade gravidadedeMedsger.Houveumaassociac¸ãoentreriscode lesãovisceralgraveeospadrõesprecoce,ativoetardio.Orisco foimaiornospacientescomopadrãotardio.51
As úlceras digitais constituem complicac¸ão vascular
comumnospacientescom ES.Diferentesestudos
demons-traramuma associac¸ãoentre o escorede perda capilar ou
alterac¸ões mais graves na CPU e risco aumentado para o
desenvolvimentodeúlcerasdigitais.52,53 Umestudorecente
propôs um índice capilaroscópico (CSURI) para predizer o
surgimentodenovasúlcerasempacientescomES.53Em con-junto,essesresultados sugeremousorotineiroda CPUem pacientescomEScomvistasàidentificac¸ãodepopulac¸ãocom riscoaumentadodedesenvolvimentodessacomplicac¸ão.
Em relac¸ão ao envolvimento pulmonar, um estudo
encontrou densidade capilar significativamente menor em
pacientes com hipertensão arterial pulmonar associada a
ESemcomparac¸ãocompacientes semhipertensão arterial
pulmonar.54Emoutroestudo,Bredemeieretal.encontraram correlac¸ãoentreescoresmaiselevadosdeáreasavascularese opacidadesemvidrofoscoem91pacientescomES.55
Finalmente,umestudodenossogrupodemonstrouuma
associac¸ãoentreoriscodeóbitoeescoresmaiselevadosde desvascularizac¸ão(>1,5)naCPUemumgrupode125 pacien-tescomES.56
Conclusões
Acapilaroscopiaéummétodoextremamenteútileconfiável paraodiagnósticodiferencialentreFRyprimárioe secundá-rio.Adicionalmente,ousodaCPUpodeagregarinformac¸ões arespeitoda gravidadeda doenc¸a egrau devisceralizac¸ão
empacientescomES.Atualmentedoismétodossãoosmais
usadospararealizac¸ãodaCPU:acapilaroscopiaperiungueal
panorâmica,medianteousodeumestereomicroscópio,ea
videocapilaroscopia,queusamagnificac¸õesmaioresesistema
informatizado de aquisic¸ão de imagens.3 Ambos
apresen-tam vantagens e desvantagens; entretanto, se equiparam
na identificac¸ão das anormalidades clássicas, o que per-miteoreconhecimentodetrêspadrões:opadrãonormal,a microangiopatianãoespecíficaeopadrãoSD.23 Ainclusão das anormalidades capilaroscópicasnos novos critérios do ACR/Eularparaclassificac¸ãodaESdánovoimpulsoparaouso eadisseminac¸ãodacapilaroscopiaemnossomeio.Oensino eaformac¸ãodereumatologistashabilitadosparaafeiturada capilaroscopiafoiumaquestãonegligenciadaduranteanose prevaleceuoautodidatismo.OEularpromovecursosregulares
emcapilaroscopia.NoBrasil,oprimeirocursode capilaros-copiaemdoenc¸asreumáticasautoimunesfoiministradoem 2011,pelaDisciplinadeReumatologiadaUniversidade Fede-raldeSãoPaulo.Adifusão,otreinamentoeoaperfeic¸oamento
dométododevempermanecernaagendadaespecialidade.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
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