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Tecnologias móveis na educação

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Adriane Aparecida da Silva Higuchi

Tecnologias móveis na educação

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ADRIANE APARECIDA DA SILVA HIGUCHI

Tecnologias móveis na educação

Dissertação apresentada à banca examinadora como exigência parcial da obtenção do título de MESTRE em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, sob orientação da professora Dra. Jane de Almeida.

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H683t Higuchi, Adriane Aparecida da Silva

Tecnologias móveis na educação. / Adriane Aparecida da Silva Higuchi – 2011.

90 f. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2011.

Bibliografia: f. 61-67.

1. Mobile learning. 2. Aprendizagem móvel. 3. Tecnologia móvel. 4.

Dispositivos móveis. 5. Aparelho celular. I. Título.

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ADRIANE APARECIDA DA SILVA HIGUCHI

Tecnologias móveis na educação

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Presbiteriana Mackenzie do Estado de São Paulo, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação, Arte e História da Cultura.

Aprovada em _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Jane de Almeida – Orientadora Universidade Presbiteriana Mackenzie

Profª Drª Maria de los Dolores Jimenez Peña Universidade Presbiteriana Mackenzie

Profª Drª Lucila Maria Pesce

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AGRADECIMENTOS

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RESUMO

O uso da tecnologia móvel tem provocado mudanças em vários segmentos da sociedade. Inseridos no cotidiano das pessoas, os dispositivos móveis digitais transformam a cada dia a maneira como as pessoas se comunicam, se relacionam, trabalham, consomem, se divertem e aprendem. Em busca de maior flexibilidade, comodidade e mobilidade, a sociedade se apropria cada vez mais da linguagem digital e imprime novas características às relações emissor-receptor, consumidor-empresa, trabalhador-empregador, imprensa-leitor e até a de cidadão-Estado. A chamada ―geração digital‖ nasce, cresce, aprende e vive conectada a um mundo digital repleto de informações circulantes e mutantes, disponibilizadas por meio de dispositivos digitais móveis, como aparelhos celulares, netbooks, tablets etc. Diferentemente de gerações passadas, a atual geração demonstra habilidades para navegar em movimento nas informações de inúmeros canais e veículos, tudo ao mesmo tempo. Nesse contexto, a educação também não está imune aos efeitos da tecnologia móvel. De que maneira ocorre a apropriação desta tecnologia nas escolas? Como a educação ―formal‖ percebe e lida com os aparelhos celulares dentro da sala de aula? Quais são os desafios? Este trabalho de pesquisa inicia uma reflexão interdisciplinar, que envolve tecnologia da informação e comunicação e educação, em busca de respostas para esses questionamentos. Com ênfase no aparelho celular, busca-se aqui saber se e como o ambiente escolar incorpora a tecnologia móvel no processo educacional. Este trabalho apresenta o estudo exploratório que foi realizado em uma escola pública da cidade de Mogi das Cruzes, localizada na Grande São Paulo, com alunos do 9º ano do curso Ensino Fundamental e 2º ano do curso Ensino Médio, que utilizam o aparelho celular como auxiliar em atividades pedagógicas desenvolvidas, de forma pontual e esporádica, pela educadora na área de conhecimento em História.

PALAVRAS-CHAVE

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ABSTRACT

The use of the mobile technology has caused several changes in all segments of society. Due to their being inserted in people‘s lives, the digital mobile devices cause changes in the way people communicate, interact, work, purchase, entertain and learn. In search for greater flexibility, convenience and mobility, society has increasingly taken control of the digital language and sets new characteristics on the sender-receiver, consumer-supplier, employee-employer, media-reader and even State – citizen relationships. The so-called digital generation is born, grows, learns and lives being connected to a digital world full of ―rotating and mutant‖ pieces of information, available through mobile digital devices, like cell phones, net books, tablets, etc. Unlike past generations, today‘s one shows skills to browse through various web channels, all at the same time and on the go. In this context, education is not immune to the effects of the mobile technology as well. How does the appropriation of this technology occur in schools? How does the traditional education system perceive and cope with cell phones inside the classroom? What are the challenges? This research starts up an interdisciplinary reflection, which involves information technology, communication and education, in search for answers to these questions. Keeping focus on the mobile device, we seek to learn whether and how the school environment incorporates the mobile technology in its educational process. This research presents the exploratory study accomplished in a public school in the city of Mogi das Cruzes, located in the metropolitan area of Sao Paulo, concerning students of the 9th year of the elementary school and 1st year of high school levels, using the mobile device as an aid in the pedagogical activities punctually and intermittently accomplished by the history teacher. The study shows and encourages thinking on how the mobile device is being incorporated as an apparatus to assist the pedagogical practice in the formal education environment.

KEYWORDS

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 08

1. EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E LINGUAGEM... 10

1.1. Educação... 10

1.1.1. Educação – conceituação... 10

1.1.2. Educação Formal, Não-Formal e Informal... 12

1.1.3. Tecnologia na educação – Novas competências e novas metodologias?... 14

1.2.Teorias de aprendizagem... 16

1.2.1. Algumas teorias de aprendizagem... 16

1.3.Tecnologia da comunicação... 20

1.3.1. Linguagem e meios de comunicação... 20

1.3.2. Comunicação e mudanças sociais... 22

1.3.3. Tecnologia da comunicação... 23

2. DISPOSITIVOS MÓVEIS... 26

2.1.Evolução dos dispositivos móveis... 26

2.2.Breve histórico de dois ―importantes‖ representantes da tecnologia móvel... 27

2.2.1. Aparelhos celulares... 27

2.2.2. Tablets... 31

3. MOBILE LEARNING – APRENDIZAGEM MÓVEL... 34

3.1. Introdução à aprendizagem móvel... 34

3.2. Aprendizagem móvel – Tecnologia ―transparente‖, ―ubíqua‖ e ―pós-massiva‖... 37

3.3. Mobile Learning – Variáveis envolvidas... 42

3.4. Pesquisas sobre Aprendizagem Móvel... 43

4. PESQUISA REALIZADA – ESTUDO EXPLORATÓRIO... 49

4.1.Material e Método... 49

4.2.Discussão... 54

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 59

BIBLIOGRAFIA... 61

ANEXOS... 68

Anexo I – Linha do Tempo – Algumas invenções que contribuíram com o desenvolvimento dos dispositivos móveis... 68

Anexo II – Mogi das Cruzes... 73

Anexo III – Escola... 74

Anexo IV - Registro de Entrevistas... 75

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INTRODUÇÃO

As transformações vividas pela sociedade a partir dos avanços tecnológicos, principalmente dos dispositivos móveis, têm provocado mudanças significativas no contexto social. Conforme avalia Don Tapscott (1999, p. 07), a geração nascida e criada no ambiente digital, está revolucionando a realidade a nossa volta e nos impõe uma nova cultura, reformulando o modo como a sociedade e os indivíduos interagem.

Com a disponibilidade de tecnologias móveis, como tablets, smartphones, netbooks, vivemos em um período de mudanças, tanto na forma como as pessoas se comunicam, como também na maneira como se relacionam, aprendem, trocam e acessam informação, se divertem, se locomovem, se apropriam dos espaços ―reais‖ e ―virtuais‖, participam e contribuem na construção da história.

O presente estudo se propõe a iniciar algumas reflexões sobre se e como os dispositivos móveis, principalmente o aparelho celular tem sido incorporado no contexto educacional, dentro da sala de aula para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. O aparelho celular foi escolhido por permitir acesso a diferentes mídias, ser acessível a uma parcela significativa da polulação, de acordo com as estatísticas1 há 3 celulares para cada 2 habitantes no Brasil, por permitir sua utilização mesmo em locais que não possuam redes convencionais de telecomunicações e por não necessitar de grandes investimentos para ser aplicado na educação. Além disto, este trabalho busca encontrar alternativas e situações que favoreçam a utilização da tecnologia móvel no ambiente educacional, com o intuito de aproveitar a tecnologia móvel disponível para motivar e contribuir na construção do conhecimento.

Os objetivos do presente trabalho são traçar um panorama preliminar do que representa e envolve a aprendizagem móvel; relacionar pesquisas e experiências que utilizam ou já fizeram uso de dispositivos móveis para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem e, por fim, apresentar um exemplo em que o aparelho celular foi utilizado como auxiliar no processo educacional. Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa - exploratória.

Para alcançar esses objetivos, foi efetuado um levantamento na bibliografia existente, tanto na impressa como on-line, para abordar os diferentes tópicos e os principais conceitos que compõem a aprendizagem móvel. Também foi feito um levantamento sobre algumas experiências/pesquisas que estão sendo feitas com base na aprendizagem móvel, tanto no

1

Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações. Disponível em

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Brasil como em outros países. Além disto, foi realizado um estudo exploratório, em uma escola da rede pública do estado de São Paulo para compreender se e como o ambiente educacional brasileiro tem incorporado os dispositivos móveis.

Espera-se demonstrar com este estudo que a educação não pode ignorar o fato de que a tecnologia tem provocado mudanças também no processo tradicional de ensino-aprendizagem. Sem julgar se isto é bom ou ruim, a proposta é refletir sobre o tema e tentar compreender as implicações que estas mudanças trazem para o cotidiano escolar, tanto para professores como para os alunos.

Desta forma, o presente trabalho foi estruturado em 4 capítulos que buscam apresentar tanto os conceitos que envolvem a incorporação dos dispositivos móveis em sala de aula, como apresentar um estudo exploratório realizado em uma escola pública da cidade de Mogi das Cruzes, na grande São Paulo.

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1. EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E LINGUAGEM

1.1. Educação

1.1.1. Educação - Conceituação

―A criança é criança, um ser que nasceu para crescer, isto é, nasceu imaturo, para vir a criar-se a si mesmo pelo amadurecimento, ou seja, pela educação.

(KANT apud PRADO, 1991, p. 37).

O homem ao nascer, se comparado a outros animais, é o mais desprovido de dons. Desde o seu nascimento ele precisa do apoio/ajuda dos outros - é um ser educável. Como observa Lourenço de Almeida Prado, em seu livro: ―Educação: ajudar a pensar, sim: conscientizar, não‖, de 1991, em que aborda questões educacionais e propõe reflexões sobre a formação do homem como ser de cultura e não simplesmente como um ser ―robotizado‖, considera que educação é um processo interior, ou seja, o desdobramento de potencialidades e a aquisição de qualidades. Para Prado (1991, p. 71), a simples e automática repetição não é educação, pois segundo ele a ―verdadeira‖ educação deve ampliar a capacidade e a liberdade de agir livre e criativamente. ―Os animais são, no máximo, domesticáveis ou domináveis, já o homem é o único ser realmente educável.‖(Prado, 1991, p. 71).

Desde o nascimento, independente de nossa condição socioeconômica, estamos a todo momento vivenciando um processo educacional e, geralmente, agimos de acordo com as regras morais imposta pela sociedade. Isto abrange desde o modo como nos comportamos fisicamente (atitudes) até como conduzimos nossas relações pessoais com amigos, família, educadores etc. Como define Prado (1991), a educação é um processo universal e, por isso, varia de sociedade para sociedade, de um grupo social a outro. Desta forma, ressalta o autor, a educação segue as concepções que cada sociedade e cada grupo social tenha do mundo, de homem, de vida social e do próprio processo educativo. Enfim, a educação é um processo dinâmico, histórico, e por isso mesmo mutável.

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acontece no sentido pessoal, ou seja, na procura de cada um de tirar de dentro de si as suas virtualidades, ou no sentido de ajuda prestada pelos outros para que cada um consiga mais facilmente e com maior segurança chegar a esse resultado. No sentido real: educação é o processo vital, que com o apoio e convívio social vai desdobrando as suas energias germinais interiores, que traz ao nascer, e conduzindo-as à plenitude atuante. Por meio dela é possível tomar posse do patrimônio cultural acumulado pelas gerações precedentes e, ao mesmo tempo, inserir-se como membro vivo e participante na comunidade em que se vive.

Assim, Prado (1991) define educação como sendo a ajuda2 prestada pelo mais velho para que a criança e o adolescente possam mais fácil e seguramente chegar ao seu pleno desenvolvimento como pessoa livre e inserida na vida social. A educação, portanto, tem o papel de auxiliar/ajudar e deve considerar as influências espontâneas de um sobre o outro na convivência social, que passa pelas expressões da arte e dos meios de comunicação. Para o autor, o processo educativo deve buscar a ―verdade‖ e é uma condição necessária da vida do homem: ―só é homem pela educação.‖(Kant apud Prado, 1991, p. 34).

Desta forma, o direito à educação é um direito natural, um direito que decorre da exigência da natureza, pois o propósito da educação deve ser a conquista da liberdade interior, como observa Prado (1991, p. 70), toda criança nasce ―escrava‖ e se torna ―livre‖ pela educação. A educação, portanto, passa a ser um direito do cidadão. A legislação brasileira garante este direito por leis e portarias, como por exemplo, por meio da Constituição Brasileira e mais recentemente pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, mais conhecida como LDB/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

De acordo com a definição da LDB/96, artigo 1º, a educação é um processo formativo que se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e demais organizações e manifestações culturais. Esta lei estabelece, em seu artigo 2º, que a educação é um dever, tanto do Estado como da família, e tem como finalidade o pleno desenvolvimento do educando, preparando-o para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Além disto, a legislação assegura em seu artigo 3º, inciso X e XI, que o ensino deverá ser ministrado com base na valorização da experiência extra-escolar e na vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

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Pa a P ado 1 1, p. , a palav a ajuda deve se e te dida o se tido de oope ação, ou seja, a edu ação ão é a

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Em suma, a legislação brasileira prevê que as práticas de ensino devem considerar o contexto social e cultural do aluno. E entendemos que pelo menos para uma grande parcela de jovens, este ambiente sociocultural está imerso ao ―mundo digital‖ por meio de diferentes dispositivos eletrônicos como: computadores, celulares, videogames etc. Como aponta o pesquisador Don Tapscott (1999), em seu livro: ―Geração Digital – A crescente e Irreversível Ascensão da Geração Net‖, os jovens nascem na era da computação, dos aparelhos celulares, das telas sensíveis ao toque, dos vídeos games e não há como não considerar este contexto na formação sociocultural do aluno. Para Tapscott, a geração nascida e criada na tecnologia digital, está revolucionando os acontecimentos à nossa volta, está se desenvolvendo e nos impondo sua cultura, reformulando o modo como a sociedade e os indivíduos interagem. Mas como o autor alerta, é exigida uma boa administração por parte de empresários, educadores, pais e legisladores para orientar sua utilização.

―Acalmem-se todos. As crianças estão bem. Elas estão aprendendo, Elas precisam de melhores ferramentas, melhor acesso, mais serviços e mais liberdade para explorar, não o contrário. Em vez de hostilidade e desconfiança por parte dos adultos, precisamos de mudanças na maneira de pensar e no comportamento dos pais, educadores, legisladores e empresários.‖ (TAPSCOTT, 1999, p. 07, grifo nosso).

Assim, como observa Tapscott (1999), estamos diante de jovens que já nascem na era da tecnologia digital e mais do que nunca, precisam de orientação para que seus recursos sejam utilizados de forma segura, eficiente e com respeito à cidadania.

1.1.2. Educação Formal, Não-Formal e Informal

A educação geralmente é dividida em três categorias: a educação ―formal‖, ―não-formal‖ e ―informal‖. A educação ―formal‖ ocorre quando se desenvolve sistematicamente planos para se atingir um determinado objetivo, com conteúdos e meios previamente traçados. É o que geralmente acontece nas escolas.

Já a educação ―não-formal‖, como observam Park, Fernandes e Carnicel, organizadores do livro ―Palavras-chave em educação não-formal‖, de 20073, constitui-se pela sua maior flexibilidade em relação à estrutura dos programas, da maneira como os conteúdos são abordados, da duração e do local, dos métodos utilizados, dos participantes envolvidos e de

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seu objetivo. Como ressaltam os autores, a educação ―não-formal‖ exerce um papel complementar e alternativo ao ―sistema formal-escolar‖.

Assim, as principais diferenças entre a educação ―formal‖ e ―não-formal‖, como observa Afonso (1989 apud PARK; FERNANDES, 2007, p. 12), podem ser pontuadas em termos de oposição, ou seja,

―por educação formal entende-se o tipo de educação organizada com uma determinada sequência (prévia) e proporcionada pelas escolas, enquanto que a designação ‗não-formal‘, embora obedeça a uma estrutura e a uma organização (mesmo que não seja essa a finalidade), diverge ainda da educação formal no que respeita a não-fixação de tempos e locais e a flexibilidade na adaptação dos conteúdos de aprendizagem a cada grupo concreto.‖

Além da educação ―formal‖ e ―não-formal‖, temos ainda a educação ―informal‖ que é aquela que conhecemos desde o nosso nascimento, em que são aprendidos nossos deveres sociais, a relação de respeito, a convivência, a higiene, o respeito mútuo etc. Como observa Trilla (1996

apud PARK, FERNANDES, 2007, p. 12), a ―educação informal é toda gama de aprendizagens que realizamos (tanto no papel de ensinantes como de aprendizes), e que acontece sem que haja um planejamento específico e, muitas vezes, sem que nos demos conta.‖. Faz parte desta aprendizagem a percepção gestual, moral, comportamental, proveniente da relação com a família, amigos, colegas de trabalho, etc. (PARK, FERNANDES, 2007, p. 12).

Para Prado (1991) a educação ―informal‖ acontece geralmente por meio da convivência social, da vida em comum, não existindo um processo sistemático, intencional que nos conduza a elas. Desta forma, Prado (1991) aponta que tanto a educação formal como a informal podem ocorrem simultaneamente. Ou seja, não há momentos em que só aprendemos formalmente e outros em que só aprendemos informalmente. As duas formas de educação coexistem dentro e fora da escola.

Logo, verifica-se, como apontam Marçal; Andrade; Rios (2005, p. 02), que a aprendizagem móvel, pode ocorrer tanto na educação formal, não-formal e na informal, pois ela permite ampliar os espaços de aprendizagem para além dos muros restritos da escola. Utilizando-se dos dispositivos móveis, é possível acessar e trocar informações a qualquer hora e em qualquer lugar e isto para os autores, amplia as oportunidades de aprendizagem.

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educação‖, de 1997, que a estrutura da educação formal no Brasil é bastante hierarquizada, ou seja, está dividida em dois grupos: educação básica, que abrange a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio e a educação superior. A LDB/96 define as finalidades e os objetivos de cada educação, como por exemplo, a educação infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança (físico, psicológico, intelectual e social) até seis anos de idade, complementando a ação da família e da comunidade. Já o ensino fundamental terá como objetivo a formação básica do cidadão, que envolve desde o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem; da compreensão do meio social, da tecnologia, das artes até o fortalecimento dos vínculos de família, laços de solidariedade e das relações sociais. O ensino médio, que compõe a etapa final da educação básica, a legislação define que ela terá como finalidade a consolidação/aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental para que o educando possa prosseguir com seus estudos e que busque a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico do aluno. Além disto, assegura que o aluno deve ter uma compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria e a prática. Destaca-se ainda que o currículo do ensino médio, conforme o artigo 35 da LDB/96, deverá também abranger a educação tecnológica e as transformações sociais e culturais. E por fim, a educação superior tem por finalidade estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo, formando alunos para atuarem em diferentes áreas de conhecimento.

Assim, como prevê a legislação, os conteúdos e as metodologias deverão ser organizados de forma que o aluno possa ter conhecimento tanto dos princípios científicos e tecnológicos da produção moderna, como das formas contemporâneas de linguagem. Portanto, entende-se aqui que os dispositivos móveis fazem parte das formas contemporâneas de comunicação e têm sido incorporados por diferentes setores da sociedade, em um processo contínuo de adaptação entre tecnologia e sociedade, e não poderá ficar fora das questões educacionais.

1.1.3. Tecnologia na educação – Novas competências e novas metodologias?

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Para Philippe Perrenoud (in: PERRENOUD et al, 2002, p. 56), professor e pesquisador na área de psicologia e educação da universidade de Genebra, a prática didático-pedagógica vai muito além do conteúdo, ou seja, o professor deve lembrar que o simples domínio dos saberes disciplinares não dispensa saberes pedagógicos. Portanto, a metodologia é indispensável para o ensino. Assim, diante das possibilidades do uso de dispositivos móveis na educação, percebe-se a necessidade de ―criar‖ ou ―adaptar‖ práticas de ensino a este ―novo‖ ambiente educacional, em que educação e tecnologia se relacionam e interconectam.

―Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação de redes, de procedimento e de estratégias de comunicação. (...) A alternativa seria, evidentemente, desenvolver o julgamento e a autonomia.‖ (PERRENOUD, 2000, p. 128).

Como aponta Monica Gather Thurler (in: PERRENOUD et al, 2002, p. 83), que também é professora e pesquisadora na área de psicologia e educação da universidade de Genebra, os avanços de novas metodologias ocorrem com maior fluidez quando os professores passam a refletir sobre suas atividades diárias e se tornam pesquisadores no interior de sua prática. Isto contribui, segundo a autora, para que as novas metodologias de ensino sejam efetivamente adotadas no processo educacional.

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Em outras palavras, Fullan (1999 apud THURLER in: PERRENOUD et al, 2002, p. 97), apresenta que o destino para a inovação educacional depende ―do que os professores pensam e fazem‖, pois são eles que colocam em prática, junto com os alunos, as novas idéias pedagógicas. Desta forma, conforme estes autores, as transformações dependem tanto dos objetivos, conteúdos e da técnica a ser adotada, como também na forma como os atores envolvidos neste processo (escola, professor, aluno) irão captar e engajar nas novas propostas pedagógicas.

Além disto, faz-se necessário que os dispositivos tecnológicos que podem proporcionar diferentes situações de aprendizagem, devem ter por objetivo garantir aos alunos a coerência e a continuidade do processo de aprendizagem. ―O ofício do professor redefine-se: mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender.‖ (PERRENOUD, 2000, p. 138). Como sugere Perrenoud (2002), o aluno deve ser incentivado a ―aprender-a-aprender‖, pois ―não adianta observar se não se sabe interpretar. Não adianta saber interpretar se não se sabe decidir. E não adianta decidir se é incapaz de concretizar suas decisões.‖ (PERRENOUD in: PERRENOUD et al, 2002, p. 56).

―A verdadeira incógnita é saber se os professores irão apossar-se das tecnologias como um auxílio ao ensino, para dar aulas cada vez mais bem ilustradas por apresentações multimídia, ou para mudar de paradigma e concentrar-se na criação, na gestão e na regulação de situações de aprendizagem.‖ (PERRENOUD, 2000, p. 139).

1.2. Teorias de aprendizagem

1.2.1. Algumas teorias de aprendizagem

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Assim, este capítulo busca elencar estas teorias de aprendizagem, na tentativa de tentar entender as práticas pedagógicas que mais são aplicadas dentro da sala de aula e em quais situações o dispositivo móvel seria mais eficientemente incorporado. Este capítulo não tem a pretensão de esgotar os significados de cada uma das teorias de aprendizagem, apenas tecer um panorama geral.

Na abordagem ―tradicional‖, o ensino em todas as suas formas, está centrado no professor, no programa e nas disciplinas. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas. O homem, nesta abordagem, é considerado como inserido em um mundo que irá conhecer através de informações que serão oferecidas a partir do que se decidiu serem as mais importantes e úteis para ele. Portanto, o homem é considerado como sendo uma espécie de tábua rasa, na qual são impressas, progressivamente, imagens e informações fornecidas pelo ambiente. Como observa Mizukami (1986), o aluno é um ―receptor passivo‖ e o sistema de ensino é baseado na ―educação bancária‖ (FREIRE, 1975c apud MIZUKAMI, 1986, p. 10), ou seja, se caracteriza por ―depositar‖ no aluno, informações, dados, fatos etc. Assim, o aluno nada mais é do que ―um ser passivo, um receptáculo de conhecimentos escolhidos e elaborados por outros para que ele deles se aproprie.‖(MIZUKAMI, 1986, p. 18).

Na abordagem ―comportamentalista‖, o conhecimento é o resultado direto da experiência e da descoberta. Porém, o que foi descoberto pelo indivíduo, já se encontrava presente na realidade exterior. O ensino é composto por padrões de comportamento que podem ser mudados através de treinamento, conforme os objetivos previamente fixados. Um dos grandes pesquisadores desta abordagem e que muito influenciou o Brasil, foi Burrhus Frederic Skinner (1904 – 1990). A educação, na visão comportamentalista, deverá transmitir informações, assim como comportamentos éticos, práticas sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente (cultural, social, etc.). Os comportamentos desejados dos alunos serão instalados e mantidos por condicionantes, tais como elogios, notas, prêmios, reconhecimentos do mestre e dos colegas, prestígio etc. Enfim, nesta abordagem considera-se que o meio pode ser controlado e manipulado e, consequentemente, o homem também.

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interação com o meio. O professor não ensina: apenas cria condições para que os alunos aprendam. ―Não existem, portanto, modelos prontos nem regras a seguir, mas um processo de vir-a-ser.‖ (MIZUKAMI, 1986, p. 38). Nesta abordagem, o homem é consciente da sua incompletude, tanto no que se refere ao mundo interior – self, quanto ao mundo exterior e também tem consciência que é um ser em transformação e responsável em transformar a realidade. Portanto, ―o mundo é algo produzido pelo homem diante de si mesmo‖ (Idem, p. 41). Além disso, nenhum indivíduo conhece realmente, pois se conhece apenas o que por ele é

percebido - o homem só conhece pela experiência. Assim, nesta abordagem, a educação é centrada no aluno (que é o principal responsável pela aprendizagem) e o professor tem um papel de facilitador da aprendizagem.

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Na abordagem ―sociocultural‖, considera-se a relação homem e mundo, embora a ênfase seja dada no sujeito como elaborador e criador do conhecimento. Um importante representante brasileiro desta abordagem foi Paulo Freire (1921-1997). O objetivo da ação educativa é promover o próprio indivíduo, ou seja, a educação deve levar em conta tanto a vocação do homem quanto às condições nas quais ele vive (contexto). O homem chegará a ser sujeito por meio da reflexão sobre seu ambiente, pois quanto mais o indivíduo reflete sobre a sua realidade, sobre sua situação, mais ele se torna progressivamente e gradualmente consciente para mudar sua realidade. Para reconhecer o objeto, o homem precisa passar do abstrato para o concreto, da parte para o todo, para depois voltar novamente às partes. Nesta abordagem, não há receitas ou modelos de respostas, mas busca encontrar tantas respostas quantos forem os desafios, sendo possível encontrar respostas/caminhos diferentes para resolver o mesmo tipo de problema. O conhecimento é elaborado e criado a partir do pensamento e da prática. O processo e o resultado devem superar a dicotomia sujeito-objeto. Toda ação educativa, nesta abordagem, deve necessariamente ser precedida de reflexão sobre o homem e como é o seu meio de vida. Assim, o homem se torna o sujeito da educação. Para Paulo Freire, a educação assume caráter amplo, não restrito à escola ou a um esquema de educação formal. A verdadeira educação consiste na educação problematizadora que ajudará a superar a relação opressor-oprimido. Esta educação, ao contrário da educação bancária, busca o desenvolvimento da consciência crítica e da liberdade do indivíduo. Portanto, o aluno deverá assumir desde o início do processo, um papel criativo e o professor deverá desenvolver atividades que promovam o diálogo, a cooperação, a união, a organização, a solução dos problemas. Nesta abordagem, ―ninguém educa ninguém, ninguém se educa; os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.‖(FREIRE, 1975c, p. 63 apud MIZUKAMI, 1986, p. 98).

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Em outras palavras, podemos supor que ao fazer uso da tecnologia móvel apenas para armazenar e acumular informações desconexas e sem significado para o aluno, estamos diante de uma ―abordagem tradicional‖ de aprendizagem. Agora se o uso do dispositivo for apenas para transmitir informações, buscando o treinamento do aluno (condicionamento cultural, social, comportamental etc.) para atingir um objetivo previamente traçado, sem haver a preocupação com a aprendizagem, isto já nos remete para uma ―abordagem comportamentalista‖. Por outro lado, ao criarmos situações que permitam ao aluno trazer para dentro do ambiente escolar o seu contexto sociocultural, fazendo conexões entre o que está sendo aprendido e o que já se sabe, buscando inclusive interligar a realidade do aluno ao conteúdo trabalho em sala de aula e ainda incentivando a troca/colaboração/cooperação entre os alunos, nos faz presumir que estamos trabalhando dentro de uma ―abordagem cognitivista‖. E é a partir desta abordagem que acredita-se que a tecnologia móvel pode contribuir, de forma eficiente e eficaz, para auxiliar o processo educacional.

Em outras palavras, é preciso criar mecanismos para que estes dispositivos sejam incorporados no ambiente escolar para desenvolver atividades que busquem a participação ativa, colaborativa e criativa do aluno. E esta incorporação seja baseada, no mínimo, em uma abordagem ―humanista‖, ―cognitivista‖ ou ―sociocultural‖.

1.3. Tecnologia da comunicação

1.3.1. Linguagem e meios de comunicação

―A educação num mundo de comunicação é, certamente, um desafio a todos, professores, alunos, pais, porque precisa buscar a formação do ser humano em mutação, preparando-o para viver plenamente esta sociedade que se modifica velozmente. Uma educação que não desconheça a realidade de cada um dos seus partícipes, que não desconheça a realidade maquínica do mundo contemporâneo. Que não espere receitas prontas (...).‖ (PRETTO, 1996, p. 131)

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ser entendido.Surge então a mensagem, que é a organização dos signos, ou seja, diz respeito ao modo de organização e de construção do código para que este tenha sentido no processo comunicacional. (CARAMELLA et al., 2009, p. 26).

Percebe-se que a educação precisa tanto da linguagem como dos meios de comunicação. Pode ser oral, escrita, audiovisual, mas ela precisa destes meios para se propagar. Isto acontece desde a época dos desenhos da caverna, passando pela escrita, pelo advento da imprensa, pelos meios de comunicação de massa e, atualmente, pelo advento da internet, a comunicação que Lemos (2007, p. 126) denomina como ―pós-massiva‖.

Para as organizadoras Elcie F. Salzano Masini e Maria de los Dolores J. Peña, do livro ―Aprendendo significativamente: uma construção colaborativa em ambientes de ensino presencial e virtual‖, de 2010, que registra as condições que propiciaram aos alunos e professores do curso de mestrado da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de registrar e compartilhar as reflexões sobre aprendizagem humana a partir de diferentes enfoques teóricos, ressaltam que ―nas diferentes épocas ou eras por onde o homem passou durante a sua evolução, as formas de aprender e o propósito da aprendizagem, sempre estiveram imbricados ao desenvolvimento da tecnologia.‖ (PEÑA in: MASINI; PEÑA, 2010, p. 38)

Lucila Pesce & Vera Barros de Oliveira (in: OLIVEIRA; VIGNERON (orgs), 2005, p. 30), também observam que desde a história grega a relação de educação e comunicação está entrelaçada e é indissolúvel, pois comunicar está para os gregos vinculado à ideia de educação, como mecanismo de transmissão de bens morais e éticos. (CAMPOS, 1996, p. 14

apud PESCE in: OLIVEIRA; VIGNERON (orgs), 2005, p. 30).

Desta forma, existe uma relação direta entre educação e linguagem. Como destaca Prado (1991, P. 96), a ―linguagem é o mais misterioso e significativo produto do espírito humano e é ela que abre acesso ao pensamento‖. O autor observa que é pelo sinal (palavra é um sinal), que o homem recolhe as coisas, dentro de si, e estabelece o relacionamento entre elas. ―O direito de comunicar livremente conhecimentos assegura a cada cidadão o direito de dar, na hora e no lugar oportuno, notícias de suas descobertas.‖ (PRADO, 1991, p. 44)

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aprimorada, possuída com segurança e riqueza, o homem é um ser mutilado ou um ser primitivo que não atingiu a perfeição humana para a vida civilizada.

Portanto, a linguagem tem um papel importantíssimo na educação - estão entrelaçadas, intrínsecas. Linguagem e educação influenciam-se mutuamente e a tecnologia não está fora desta relação, pois cria novos meios e novas linguagens.

Segundo Pretto (1996), estamos em um mundo da comunicação e é preciso buscar a formação do ser humano em mutação, preparando-o para viver nesta sociedade em constante mudança. Como observa o autor, é necessária uma ―educação que não desconheça a realidade maquínica do mundo contemporâneo. Que não espere receitas prontas [...]‖.(PRETTO, 1996, p. 131)

1.3.2. Comunicação e mudanças sociais

É possível pontuar alguns momentos importantes da evolução da comunicação e da linguagem que mudaram a sociedade. Segundo Prado (1991), antes da escrita, não havia diferencialização entre alfabetizado e não-alfabetizado. Era uma época pré-civilizada. Todos eram iguais. O homem era pouco ―vivo‖ nas suas comunicações. Após o advento da escrita

(sem acesso ao livro), existiam bibliotecas graças ao trabalho paciente dos copistas. Poucos sabiam ler e poucos tinham acesso ao livro. O livro não circulava. A sociedade era muito mais auditiva – silenciosa para ouvir. O professor era a lente (que lia) e o aluno era o ouvinte. O analfabeto nesta época, não era necessariamente o inculto. A partir da imprensa, o livro se difunde. Houve quem falasse do fim da escola, pois o livro dispensava o professor. Mas alguns profetas perceberam que o livro era uma ajuda – ajuda ao professor, ajuda ao aluno. Assim, ocorre a difusão da escola. Era preciso saber ler. Posteriormente, surge a

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Após o advento da internet, André Lemos aponta em seu artigo ―Cibercultura e mobilidade‖, de 2007, apresentado no Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, que atualmente temos a comunicação ―pós-massiva‖. Para o autor a comunicação pós-massiva, é a das mídias digitais que disponibilizam acesso à internet e seus diversos softwares, como blogs, wikis, redes sociais, telefones celulares multifuncionais etc. Nestas mídias, a função pós-massiva funciona a partir de redes em que qualquer pessoa pode produzir informação, o que significa dizer que é liberado o pólo centralizador da emissão da informação. O fluxo da informação não é mais de ―um para muitos‖, mas sim de ―muitos para muitos‖. Diferentemente dos meios de comunicação de massa, os meios de função pós-massiva permitem que a informação seja personalizada e sua disseminação acaba não sendo controlada por um órgão ou mesmo pelo Estado.

1.3.3. Tecnologia da comunicação

―A ampliação das possibilidades de se contar diversas histórias começa a se viabilizar a partir da segunda metade deste século (século XX), com a explosão dos meios de comunicação.‖ (PRETTO, 1996, p. 37)

As tecnologias de comunicação ampliaram e acentuaram as capacidades humanas de falar, ouvir e ver. Estas experiências aprimoradas pelo surgimento e evolução dos artefatos técnicos propiciaram um ambiente favorável à criação de mecanismos diferentes para a comunicação – tanto real (frente a frente) como virtual (imaterial). (CASTELLS, 2006)

O acesso a estes meios de comunicação tornou mais fácil aproximar pessoas que, devido à distância geográfica, dificilmente poderiam se conhecer ou mesmo as que já se conhecem, manter um contato mais presente. Como observa Castells (2006, p. 51), o surgimento de novos sistemas eletrônicos de comunicação, aliado pelo alcance global e pela integração de todos os meios de comunicação e pela interatividade, está mudando e mudará para sempre nossa cultura.

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Desta forma, a interação social, antes realizada por meio de relações face a face, foi se transformando devido às inúmeras e diversificadas formas de mediação. A internet, como aponta Castells (2006 p. 431), é a ―espinha dorsal da comunicação global mediada por computadores: é a rede que liga a maior parte das redes.‖

Para o pesquisador Pierre Lévy, a internet é uma imensa rede

―loucamente complicada, que pensa de forma múltipla, cada nó da qual é por sua vez um entrelace indiscernível de partes heterogêneas, e assim por diante em uma descida fractal sem fim. Os atores desta rede não param de traduzir, de repetir, de cortar, de flexionar em todos os sentidos aquilo que recebem de outros. Pequenas chamas evanescentes de subjetividade unitária correm na rede como fogos fátuos no matagal das multiplicidades. Subjetividades transpessoais de grupos.‖ (LÉVY, 2000, p. 173)

Percebe-se portanto que o uso da internet tem provocado mudanças nas relações entre as pessoas e na forma como elas lidam com a informação. Estas mudanças vão desde a possibilidade de termos múltiplas histórias geradas e publicadas a partir do mesmo fato, passando pela mudança na relação do papel do leitor – de passivo para ativo (co-autor) e na individualização e personalização que estes dispositivos disponibilizam. De acordo com Lévy (2000), a internet permite a multiplicidade de pontos de vista e assim garante espaço para todas as culturas e todas as singularidades.

Porém Zygmunt Bauman (2001), alerta que a individualização traz para um número crescente de pessoas uma liberdade sem precedentes de experimentações, mas também traz junto, a tarefa sem precedentes de enfrentar as suas consequências. Percebe-se aqui que a educação tem um papel importante neste processo, pois os jovens precisam ser orientados de todas as implicações, tanto positivas como negativas, de sua aplicação.

Para Umberto Eco, em entrevista dada em mar/20104, o problema central da internet é que a navegação depende da capacidade de quem a consulta e diante da infinidade de informações disponíveis, o estudante deverá ser capaz de escolher entre o site ―correto‖ a ser pesquisado. Para Eco (2010), este é um grande problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. ―Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.5

4

Brasil, UBIRATAN. Entrevista Umberto Eco. Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos. Reproduzido do caderno ―Sabático‖ do Estado de S. Paulo, 13/03/2010. Disponível no site Observatório da Imprensa em 16/03/10, http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=581AZL001. Acessado em 22/03/2010)

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2. DISPOSITIVOS MÓVEIS

2.1. Evolução dos dispositivos móveis

A tecnologia dos dispositivos móveis surgiu por volta dos anos 90 e o recurso mais utilizado era das agendas eletrônicas e calculadoras. Com a evolução de processadores cada vez mais potentes e miniaturizados, ocorreu um acelerado desenvolvimento de dispositivos digitais móveis, como os atuais smartphones e os tablets.

Os dispositivos móveis, são chamados por alguns autores como:

 TIMS – ―Tecnologias de Informação Móveis e Sem Fio‖ (SACCOL; REINHARD, 2004);

 TMSF - ―Tecnologias Móveis e Sem Fio‖ (SCHLEMMER et al., 2007);  ―Tecnologias Móveis‖ (SCANLON et al., 2005 e LEMOS, 2007)

Santaella (2007) e Pretto (1996) observam que a aproximação e a fusão de diversas empresas, como de comunicação, equipamentos, eletrônica, informática, telefone, satélites, entretenimento, entre outras, têm acelerado e ampliado o desenvolvimento das tecnologias móveis. Este movimento, de acordo com Pretto (1996), teve início aproximadamente em 1989, época em que houve a fusão de duas grandes empresas: uma de comunicação, a Time Inc. e outra de entretenimento, a Warner Communications. Para os autores, este movimento de fusão e aproximação das empresas, tem permitido que elas continuem atuantes em um mercado extremamente competitivo e em franca evolução.

―Mesmo com todas as disparidades regionais, o mundo das comunicações avança de forma singular neste final de milênio e o que diferencia este momento histórico dos outros [...] é que, em associações sem precedentes na história das corporações, fazem alianças as ―indústrias‖ eletrônicas, de equipamentos, cabos, telefones, computadores, a publicidade, as emissoras broadscating, os estúdios cinematográficos, produtores e artistas.‖

(PRETTO, 1996, p. 93-94)

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Telcomunicações6, para um grupo de 100 mil habitantes, 104,7 mil possuem aparelhos celulares7. Conforme a ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações, em 2009, o país já era considerado como o quinto no mercado mundial e a maioria dos usuários costuma utilizar o sistema pré-pago (82%).

2.2. Breve histórico de dois “importantes” representantes da tecnologia móvel

Percebe-se que atualmente há dois importantes representantes da tecnologia móvel, ou seja, os aparelhos celulares e os tablets. Estes dois dispositivos estão em constante evolução e estão sendo incorporados, como mostram as estatísticas, rapidamente pela sociedade. Desta forma, apresentamos abaixo, algumas de suas principais características.

2.2.1. Aparelhos celulares

O primeiro aparelho celular surgiu em 1973 e era chamado de Dynatac 8000X. Segundo Moura; Mantovani (2009), este celular pesava, aproximadamente, um quilo e tinha 25 (vinte e cinco) centímetros de comprimento, 7 (sete) centímetros de largura e 3 (três) de espessura. Porém, somente em 1982, a Comissão Federal de Comunicações (FCC) norte-americana, autorizou sua comercialização.

Os aparelhos celulares surgiram de forma muito semelhante ao da internet, ou seja, ambos foram criados com propósitos militares, o que evidencia a forte presença governamental. A origem do telefone celular deu-se em 1947, nos laboratórios Bell, onde foi desenvolvido um sistema que fazia o uso de várias antenas interligadas. Como apontam Moura; Mantovani (2009), cada antena em sua área seria uma ―célula‖, por isso, o nome telefone celular.

No Brasil, os celulares chegaram a partir de 1990 e a abertura do mercado de telefonia móvel para o capital privado incentivou grandes investimentos no setor. Como observam Moura; Mantovani (2009), isto permitiu um aumento significativo na produção de aparelhos e na oferta de novos serviços, numa ampla disputa pelos consumidores.

Com a evolução tecnológica e o advento dos telefones digitais, os aparelhos celulares passaram por constantes aperfeiçoamentos, alterando o seu design e ampliando suas

6 Teleco Inteligência em Telecomunicações. Relatório de 2010. Disponível em

http://www.teleco.com.br/estatis.asp. Acessado em 10/fevereiro/2011.

7 Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações. Disponível em

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funcionalidades. Atualmente o telefone celular conta com recursos não só de voz, mas também de dados, ou seja, tudo foi transformado em dado. Oferecem serviços de e-mail, mensagens de texto e até mesmo imagens e vídeo.

Com estas transformações, o aparelho celular agrega funções compatíveis com as de um computador de mesa, o que permite disponibilizar recursos que há pouco tempo eram apenas acessados em um computador desktop, fixo em um determinado lugar. Anderson & Blackwood (2004), em artigo publicado com o tema Mobile and PDA technologies and their future use in education, em que abordam a situação da tecnologia móvel na educação e traçam um mapa das direções futuras, definem os aparelhos celulares como sendo um dispositivo portátil que usa uma rede sem fio e é um híbrido de recursos. Lemos (2005, p. 06), aponta que o celular passa a ser um ―teletudo‖, ou seja, um equipamento que é ao mesmo tempo telefone, máquina fotográfica, televisão, correio eletrônico etc. e expressa a convergência das mídias.

Diante da variedade de recursos disponíveis, alguns estudos apontam que o aparelho celular é incorporado de forma diferente pelos países. A pesquisadora Adriana Araújo de Souza e Silva (2004, p. 321), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que desenvolveu um amplo trabalho de pesquisa sobre interfaces móveis e comunicação, com o título: ―Interfaces móveis de comunicação e subjetividade contemporânea‖, observa que o uso que cada sociedade faz de determinada tecnologia (interface) está estritamente ligada a fatores culturais e econômicos. Para a pesquisadora, a incorporação da tecnologia afeta e é afetada pela sociedade e transforma padrões sociais e de comunicação — é uma via de mão dupla.

Percebe-se ainda que cada sociedade define diferentes ―significados‖ para uma nova tecnologia e sua incorporação também é diferenciada. Assim, por estar diretamente ligada ao seu uso social e à aceitação cultural, atribui a ela nomes diferentes. Souza e Silva (2004, p. 201) observa que nos países onde o celular possui maior índice de penetração, o aparelho celular adquiriu nomes que não estão relacionados diretamente à tecnologia em si, mas principalmente à relação humana com este dispositivo. Para exemplificar como as tecnologias são absorvidas diferentemente pelos países, Souza e Silva (2004) apresenta como o aparelho celular é chamado no mundo. Na Finlândia, por exemplo, o aparelho celular é chamado de

kännykkä ou känny, o que se refere a uma extensão da mão. Na Alemanha, os aparelhos celulares são chamados de handy. Na Espanha, o chamam de le movil. Para os árabes, segundo a pesquisadora Sadie Plant (apud SOUZA & SILVA, 2004), o celular é chamado de

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a carregar). Na Tailândia, é um moto. No Japão, é keitai denwa, um telefone transportável ou simplesmente keitai ou apenas ke-tai. Na China, é sho ji, ou ―máquina de mão‖.

Além da forma diferente em que cada sociedade absorve as tecnologias, percebe-se que os recursos utilizados também diferem de acordo com o país. Diferentemente do Brasil, os recursos do celular que são mais utilizados nos outros países, segundo Souza e Silva (2004), são mensagens de texto, jogos, internet e serviços de posicionamento, em detrimento da fala. No Brasil, em 2004, o celular era um aparelho para ―falar‖, porém segundo a autora, já podemos observar algumas mudanças nesse perfil com a chegada das mensagens de texto (SMS), dos jogos e do acesso à internet. Souza e Silva (2004, p. 191) também observa que no Brasil ocorre um fenômeno peculiar: em vez de adquirirem funções diferenciadas, como plataforma de jogos e internet, os celulares cada vez mais substituem o telefone comum.

Outro dado importante em relação ao uso do aparelho celular, foi apontado por Lasen (2002, 2004 apud SACCOL; REINHARD, 2004, p. 189), pois apresenta que o aparelho celular tem provocado certas mudanças de comportamento nos seus consumidores, ou seja, têm gerado uma relação de afetividade, apego e personalização, principalmente, com os mais jovens. Para os autores, isto ocorre por causa da estreita relação entre a tecnologia e a comunicação humana e pelo fato desses dispositivos serem hoje, praticamente, uma extensão do próprio corpo. Esta relação de afetividade, apego e personalização pode ser observada pela forma com os jovens se preocupam em escolher o modelo e a cor do aparelho celular, o uso de diferentes toques de chamadas para identificar quem está ligando, no repertório de músicas; nas fotos utilizadas como protetores de tela; no uso de adesivos, capas protetoras, enfeites etc.

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telefonia celular, os jovens consideram seu uso indispensável para suas vidas e se sentem isolados quando por algum motivo estão privados de utilizá-lo. Sem eles, perdem o acesso a redes sociais, sentem-se excluídos do convívio com amigos, parentes etc.

Ainda sobre as mudanças comportamentais provocadas pelo uso dos dispositivos móveis, dada a sensação de ―segurança‖ e ―afetividade‖ proporcionada pelo aparelho celular, poderíamos pensá-lo como um ―objeto transicional‖ da teoria de Donald Woods Winnicott (1990 apud SILVA; FRIDMAN, 2007, p. 64). Para explicar este conceito, este psicanalista inglês explica que: o bebê, nas primeiras semanas, pensa que ele é o próprio seio da mãe, pois quando mama a sua satisfação é total, é uterina, de plena satisfação e portanto, o seio seria a extensão do seu próprio corpo. Aos poucos, com o distanciamento da mãe, ele começa a perceber que o seio materno não está sempre à disposição e não faz parte dele. Então, o bebê faz inúmeras tentativas para preencher a angústia causada tanto pelo distanciamento da mãe como pela espera do seio, e ―inventa‖, ―cria‖ algum ―substituto‖ para diminuir o seu sofrimento, ou seja, se contenta com uma mamadeira, uma chupeta, um paninho ou até mesmo com o seu dedo. São estes objetos que Winnicott (1990 apud SILVA; FRIDMAN, 2007, p. 64) chama de ―objetos transicionais‖. Ou seja, são objetos que solucionam a angústia da separação e isto ocorre tanto na fase infantil como também por toda vida do indivíduo.

Assim, para Winnicott (1990 apud SILVA; FRIDMAN, 2007, p. 57), a ―criatividade‖ aliada à ―confiança‖ são condições mínimas para estabelecer um clima afetivo e social adequado também para o ensino e a aprendizagem. De acordo com ele, para o ser humano crescer saudável é preciso ―criar e produzir objetos transicionais‖(WINNICOTT, 1990 apud SILVA; FRIDMAN, 2007, p. 64). E é neste ambiente que pensamos se o celular não poderia ser considerado um ―objeto transicional‖ no processo educacional, pois colocaria o professor dentro de um grupo de relações do qual ele poderia se ausentar. Por meio do aparelho celular o aluno poderia conhecer tanto coisas antigas como também coisas que não fazem parte da sua vida cotidiana e mesmo assuntos contemporâneos.

Assim, a sensação de ―segurança‖ e a exploração da ―criatividade‖ que o celular disponibiliza poderiam ser indicativos para considerá-lo como um ―objeto transicional‖. Logo, por meio do celular o aluno poderia continuar aprendendo sem a presença constante do professor, o que seria benéfico para continuar aprendendo ao longo de sua vida. Ressalta-se que a função do professor neste processo também seria fundamental, pois como observa Winnicott (1990 apud

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espaço lúdico, seguro, apresentando informações onde o educando esteja pronto para recriá-las.

Porém, esta pesquisa não avança neste caminho, e sim no celular como um fator de motivação para auxiliar o ensino e a aprendizagem dentro do ambiente escolar.

2.2.2. Tablets

O primeiro tablet surgiu em 1968, porém somente a partir de 1980 ele começou a ser desenvolvido com a intenção de se tornar um computador-prancheta. Atualmente, os tablets

são portáteis, permitem conectividade, multimídia e as telas são sensíveis ao toque.

Acompanhando a linha do tempo8 do seu desenvolvimento, podemos perceber como eles estão cada vez mais agregando funcionalidades que antes eram possíveis apenas a computadores de mesa. O primeiro computador em formato de tablet, foi criado em 1968, por Alan Kay, e foi chamado de Dynabook. Para a época ele era um grande desafio, pois teria que ter o tamanho de um caderno, pesar no máximo 1,8 quilo, ter tela gráfica capaz de mostrar pelo menos 4 mil caracteres em ―qualidade de impressão‖ com contraste similar ao do papel impresso, além de disponibilizar memória suficiente para 500 páginas de texto ou para várias horas de vídeo. Tudo isso com custo não superior a $500 dólares.

Somente após 15 anos, em 1983, a Apple contratou a empresa Frog Design para dar vida ao conceito de um tablet computer. O protótipo, que logo foi engavetado, recebeu o apelido de

Bashful (dengoso). Era um tablet quadrado, com uma grande moldura preta ao redor. A máquina seria acoplada a uma base com teclado, drive de disquetes e alça para transporte, e uma caneta seria usada para a seleção de objetos na tela.

Passados quatro anos, em 1987, a Apple cria o tablet Knowledge Navitor - o navegador do conhecimento. Este tablet tinha reconhecimento de voz e com a interface multitoque não era exigido conhecimento técnico para ser utilizado. Dois anos mais tarde, em 1989, chega o primeiro tablet no mercado, o GridPad Pen, da empresa Grid Systems, empresa pioneira que também foi responsável pelo primeiro laptop. Este tablet pesava pouco mais de 2 quilos e trazia um chip 386 de 20 MHz e tela de 10 polegadas monocromática. Tinha tudo o que um bom computador daquela época deveria ter, como modem e unidade de disquete.

8

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A partir de 2001, as empresas começaram a investir mais no mercado de tablets. Neste período, a Microsoft lançou a ideia da Tablet PC, dispositivos portáteis equipados com telas sensíveis ao toque, preparada para ser utilizada com uma caneta apropriada. Em 2005, a Nokia lança o Nokia 770, que nada tem a ver com celulares, pelos quais a empresa é conhecida. É um tablet para acesso à internet equipado com uma tela de 4.1 polegadas. Foi desenvolvido para navegar na web, ler e-mails, tocar música, exibir imagens como um leitor digital, porém nunca foi comercializado em larga escala. Na verdade, foi uma espécie de laboratório para um investimento futuro. Gerou três descendentes e foi o primeiro a incorporar recursos de telefonia, o que o torna uma espécie de híbrido de smartphone com

tablet.

Em 2006, a Microsoft lançou o Origami, que tinha baixo poder de processamento, mas disponibilizava uma tela de 7 polegadas, geralmente sensível ao toque. Em 2007, surge o primeiro Mac ―tablet‖ produzido pela Apple, chamado de Modbook. Como sugere o nome, era uma ―modificação‖ dos notebooks da Apple. A empresa comprava os computadores, desmontava-os e remontava os componentes em um novo chassi, eliminando o teclado e adicionando uma tela sensível ao toque (com caneta). Era conhecido como ―prancheta eletrônica‖. E, por fim, em 2009 a Apple apresenta o iPad. Este tablet possui uma tela grande, com interface touch e teclado virtual.

Atualmente o mercado de tablets encontra-se em crescente expansão e várias empresas estão desenvolvendo e lançando produtos com diferentes funcionalidades. Isto tem permitido sua incorporação em diferentes setores da sociedade, como na educação, no mundo coorporativo, no setor de entretenimento, na imprensa, entre outros.

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3.

MOBILE LEARNING – APRENDIZAGEM MÓVEL

3.1. Introdução à aprendizagem móvel

Mobile Learning ou Aprendizagem Móvel teve sua origem no desenvolvimento da aprendizagem por meios eletrônicos (MENDES, 2006 apud SILVA, 2007) e se caracteriza por utilizar os dispositivos digitais móveis e sem fio, mais conhecidos como PDA – Assistentes Digitais Pessoais ou computadores de mão – handheld. O pesquisador Hugo Duarte Valentim, da Universidade Nova de Lisboa, em seu trabalho de pesquisa de mestrado de 2009, com o título: ―Para uma compreensão do mobile learning”, aponta que não há como se prever uma data específica para o início do mobile learning, porém é possível apontar um aumento significativo no uso da expressão a partir da virada do milênio (VALENTIM, 2009).

Uma das principais características que diferencia o mobile learning do electronic learning é sua emergente portabilidade. Segundo Valentim (2009), não é a tecnologia por si só que confere originalidade, o dado ―novo‖ que as tecnologias móveis oferecem é que elas surgem integradas, convergentes e disponíveis no bolso da maioria dos cidadãos.

Alguns pesquisadores, como Eliane Schlemmer, que desenvolve pesquisas na área de convivência digital virtual e na aprendizagem com mobilidade, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em artigo publicado em 2007: ―M-learning ou aprendizagem com mobilidade: casos no contexto brasileiro‖, ressalta que o uso de rede sem fio proporciona um importante diferencial entre a ―aprendizagem móvel‖ e a ―educação a distância ‗‖fixa’, pois o usuário pode acessar as informações fora de espaços privados (casa, trabalho, escola, lan house etc.), e isto amplia o acesso e a troca de informações em diferentes lugares e a qualquer tempo.

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autora, o software e o hardware não importam mais, o que realmente importa é ter à disposição a informação no momento e na hora desejada.

―Se usarmos um computador pessoal, notebook, palm, celular ou uma geladeira inteligente, o importante é ter a informação ao alcance das mãos, ou seja, onde você precisa, na hora em que precisa.‖ (FERRARI, 2007, p. 08).

Desta forma, os dispositivos móveis se caracterizam pela sua ―portabilidade‖ (layout pequeno e leve) e ―mobilidade‖ (sem fio). Porém vale lembrar, que estas características de mobilidade e portabilidade não são exclusivas desta tecnologia, pois outras mídias, como os jornais, revistas e rádio também permitem o acesso à informação em movimento. Valentim (2009) ressalta que Aristóteles já cultivava o hábito de caminhar com seus alunos, experimentado a primeira forma de ―mobilidade‖ aplicada ao ensino. Porém, o que realmente diferencia a tecnologia móvel é sua possibilidade de interação, ou seja, permite o acesso a diferentes formas de informação, como textos, vídeos, imagens, gráficos, etc., além de permitir a emissão, circulação e troca em pleno movimento do usuário.

Desta forma, diante deste ―novo‖ ambiente tecnológico, a questão que se levanta é se estes dispositivos móveis serão capazes de alterar e favorecer o ambiente formal de aprendizagem, proporcionando atividades que estimulem o acesso e a troca da informação, a colaboração, a criatividade, enfim, a participação ativa do aluno na construção do seu próprio conhecimento.

Para Schlemmer et al. (2007) isto é possível, pois os dispositivos móveis propiciam não apenas a mobilidade física, mais também a mobilidade temporal e contextual. De acordo com a pesquisadora, a informação pode ser atualizada dentro do contexto, do espaço e do tempo em que for acessada. Assim, tanto a pessoa que acessa como a informação que é acessada, estão em pleno movimento e isto facilita a troca de informação, além de possibilitar a interação entre alunos, professores e contexto social.

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uma nova invenção da forma de aprender, mas somente de uma evolução das formas anteriores.

Assim, a aprendizagem móvel está relacionada à situações de aprendizagem flexível, que pode envolver tanto o ensino presencial como o ensino a distância. Nesta modalidade, a aprendizagem é centrada no aluno e deve proporcionar a ele uma posição ativa e co-responsável de sua aprendizagem, colaborativa e construtiva (VALENTIM, 2009). Esta possibilidade de aprendizagem colaborativa também é reforçada por Graziola Junior (2009), participante do Grupo de Pesquisa Educação Digital da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, em seu artigo: ―Aprendizagem com mobilidade na perspectiva diagógica: reflexões e possibilidades para práticas pedagógicas‖, por permitir que o aluno acesse, troque, faça mixagens, recortes, trabalhe de forma colaborativa em um ambiente que estimula a interação e o diálogo para a construção do conhecimento.

A aprendizagem móvel também é apontada como sendo uma forma de proporcionar aprendizagem por toda vida, por colaborar com a aprendizagem informal, focada nas necessidades do indivíduo e colaborativa (Reinhard et.al., 2005). Para os autores, a tecnologia móvel permite ampliar os espaços formais da escola e possibilita sua utilização nos chamados tempos mortos, gastos em filas, sala de espera e transporte (CHRISTOPHER VON KOSCHEMBAHR, 2005 apud REINHARD et.al., 2005). Estes momentos podem ser ideais para acessar materiais didáticos, interagir, trocar informações no momento em que a dúvida surgir. Desta forma, os espaços de aprendizagem não ficam mais restritos a uma sala de aula ou a um determinado momento formal de educação (REINHARD et.al., 2005).

Para Valentim (2009), esta oportunidade de se ampliar os espaços de aprendizagem é uma forma de proporcionar a aprendizagem individualizada e progressiva, podendo ocorrer sem predeterminação de local ou hora, e respeitando-se a idiossincrasia de cada sujeito. O acesso a informação, portanto, pode ocorrer em contextos variáveis ao longo do dia e permite que o indivíduo participe de vários grupos, com flexibilidade na gestão do tempo. Além disto, o ensino não ficará mais centralizado e unificado na ―voz do mestre‖ ou nos livros, é possível a exploração de conteúdos em múltiplos formatos e diferentes linguagens, respeitando-se as diferenças de níveis de aprendizagem (VALENTIM, 2009).

Para alguns autores como Horace Dedeiu, criador do site Asymco9 e apontado como um dos melhores analistas de mídas móveis pela revista Fortune10, estamos em um momento

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importante, o chamado de era pós-PC11. Após o advento da invenção do alfabeto e posteriormente o da imprensa, que desencadearam mudanças significativas em todos os segmentos da sociedade, hoje temos as mudanças provocadas/proporcionadas pelas tecnologias móveis. Para Dedeiu, diferentemente da era pós-mainframe12 marcada pela criação do computador pessoal, a era pós-PC pode ser considerada como uma nova revolução, pois permite que a comunicação se realize em contextos inéditos, e se torne cada vez mais individualizada, alterando a relação de consumo e de comunicação. Para Dedeiu, os dispositivos móveis serão vistos mais como uma ―companhia‖ do que apenas como um ―instrumento‖, pois as pessoas tem migrado para esta tecnologia em busca de mais interação social e entretenimento. Porém o autor observa que a era pós-PC não significa o fim do computador pessoal, apenas que ele será redirecionado para atividades mais específicas, como ocorreu com os mainframes.

Enfim, mobile Learning, mLearning ou aprendizagem móvel como costuma ser chamado, refere-se a processos de ensino-aprendizagem que se utilizam das tecnologias móveis como recurso tecnológico (MENDES 2006 apud SILVA 2007) e sua aplicação pode envolver tanto usuários que estão física e geograficamente distantes entre si, como também usuários que estão dentro do mesmo espaço físico formal de educação, como salas de aula, salas de treinamento ou locais de trabalho (MARÇAL; ANDRADE; RIOS, 2005). Assim, considerando os pontos positivos, esta pesquisa pretende refletir sobre se e como o aparelho celular vêm sendo incorporado no processo educacional.

3.2. Aprendizagem móvel – Tecnologia “transparente”, “ubíqua” e “pós-massiva”

Os dispositivos móveis aliados à TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação) abrem um leque de possibilidades para sua utilização. Surgem diferentes aplicações, tanto no mundo coorporativo como no acadêmico, em que a tecnologia móvel é utilizada para criar ambientes e situações de aprendizagem. Abre-se assim, um novo cenário em que a relação de tempo e espaço; emissor e receptor; virtual e real; público e privado; se modificam.

10 Bruno FERRARI. É como brinquedo de criança. Os tablets prometem uma computação tão fácil e divertida que você pode acabar aposentando o notebook. Revista Época. A nova infância do computador. 25/04/2011. Edição 675. Editora Globo. p. 56-67

11 PC - Personal Computer - computador pessoal, que se destina ao uso pessoal ou por um pequeno grupo de pessoas.

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