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Atividade bioinseticida e mecanismo de ação de vicilinas de sementes Erythrina velutina sobre moscas-das frutas Ceratitis capitata

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Academic year: 2017

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DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

LEONARDO LIMA PEPINO DE MACEDO

ATIVIDADE BIOINSETICIDA E MECANISMO DE AÇÃO DE

VICILINAS DE SEMENTES Erythrina velutina SOBRE

MOSCAS-DAS-FRUTAS

Ceratitis capitata

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ATIVIDADE BIOINSETICIDA E MECANISMO DE AÇÃO DE

VICILINAS DE SEMENTES Erythrina velutina SOBRE

MOSCAS-DAS-FRUTAS

Ceratitis capitata

Dissertação apresentada ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Bioquímica.

Orientador: Dr. Maurício Pereira de Sales

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LEONARDO LIMA PEPINO DE MACEDO

ATIVIDADE BIOINSETICIDA E MECANISMO DE AÇÃO DE VICILINAS DE SEMENTES Erythrina velutina SOBRE MOSCAS-DAS-FRUTAS Ceratitis capitata

Dissertação apresentada ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Bioquímica.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Dr. Maurício Pereira de Sales

Departamento de Bioquímica - UFRN Orientador

____________________________________________________ Dr. Aldo Malavasi Filho

Diretor Presidente, Biofábrica Moscamed Brasil – BA 1º Examinador

____________________________________________________ Dra. Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes

(5)

Dedico esta obra

A Deus, nosso senhor, por sua luz, pelo seu amor e pela grande oportunidade de convivência com os amigos.

À minha vovó Rita da Silva Macedo (In memoriam) pelo exemplo de luta, de resignação e de amor.

Aos meus pais Francisco Pepino de Macedo e Adelaide Maria Ferreira de Lima, que não mediram esforços para ajudar em minha formação, pelo amor, paciência e apóio incondicional. Dedico também a meus irmãos, Linardo e Cristina, principalmente pela

alegria de vivermos em família acima de tudo nos amando.

À Carol, um grande presente de Deus, pela paciência e dedicação ao nosso amor.

Ao meu orientador, professor Maurício, pela oportunidade de fazer parte da família LQFPB, pela paciência, pela confiança, pelos valiosos ensinamentos e incentivos,

(6)

AGRADECIMENTOS

“Nunca atribua a você o sucesso desta ou daquela tarefa, compreendendo que em todo trabalho há que considerar o espírito de equipe.”

André Luiz (Chico Xavier)

Às eternas amigas Gioconda, Kátia Anaya e Ticiana. Eu não merecia e por isso sou muito grato a Deus pela oportunidade de ter convivido e aprendido com vocês o

nobre sentimento de uma fraterna amizade.

A todos os professores do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em especial: Fernanda, Hugo, Edda, Luiz, Dilma, Suely, João

Felipe e Selma; o meu sincero agradecimento.

Ao Prof. Elizeu Antunes dos Santos pelas palavras amigas, orientações, sugestões e dicas importantíssimas para a execução deste trabalho.

A professora Luciana Duarte Martins da Matta por importantes sugestões durante a Qualificação.

Aos meus inestimáveis e inesquecíveis amigos Adeliana e Fabiano Teixeira pelos longo e prazeroso tempo de convivência e sinceridade.

Aos funcionários do Departamento de Bioquímica da UFRN: Eliene, Ana, Creuza. Em especial a: Itamar, Jonas, pela boa vontade e criatividade.

Aos amigos do mestrado, Duda, Robério, Edílson, Dani Bananinha, Daniele (Dani de Elizeu), Josane, Leila, Erica, Cybele, Nednaldo, Virginia, Leandro.

Aos imprescindíveis amigos do LQFP, Ludovico, Rodrigo, Ana Celly, Jannison, Ibson, ABCDeyse, Joelma, Hugo, Cleysyvan, André magão, Norberto e professor

(7)

A todos os funcionários e a grande família do Centro de Biociências, a dona Mariquinha, ao Galego, a Geomar por mesmo sem saber serem indispensáveis nas

horas difíceis.

Ao Departamento de Biologia Celular e Genética, por oferecerem as condições necessárias para o desenvolvimento da pesquisa.

Aos professores e funcionários do departamento de Biologia Celular e Genética, a Edvaldo, Marilda, Francisco, Núbia e Carmem. Professor Sebastião, João Maria,

Gleider, Marcos,Katia Scortecci, Lucymara, Cristiane. Muito obrigado.

À professora Adriana Uchôa pela imprescindível contribuição durante todo o trabalho, por importantes sugestões durante a qualificação e pelas palavras amigas

nas horas difíceis.

A Maria do Carmo, por sua importantíssima colaboração e paciência no Laboratório de Moscas-das-frutas, que sempre foi uma mãe para as Ceratitis, e sem a sua ajuda

eu não estaria aqui te escrevendo.

A todos os professores, funcinários e alunos do Laboratório de Petróleo da UFRN (LAPET), em especial às Professoras Rosângela Balaban e Marta Costa. À inesquecível e amiga Dona Telma e aos amigos Michele, Fabio, Keila, Vanessa,

Rusa, Suzan, Odemar, Mauricio. Muito obrigado pela ajuda e companhia.

À Marcel Dore da Dore refrigerantes, pela doação das garrafas “pet” importantes para os bioensaios.

Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), pela aquisição de sementes de Mulungu.

(8)

“Fracassos? Não sei do que falas, em cada experiência descubro um dos motivos pelo qual a lâmpada não

funciona. Agora sei mais de mil maneiras de como não fazer a lâmpada.”

(9)

RESUMO

A mosca-da-fruta Ceratitis capitata é considerada a praga mais destrutiva da fruticultura mundial, para o seu controle vários programas de erradicação baseados em agroquímicos foram criados para permitir o comércio mundial de frutas. Soluções para a diminuição do uso de inseticidas sintéticos na agricultura estão baseadas no desenvolvimento de novos compostos alvos-específicos com menos persistência no meio ambiente, em especial proteínas vegetais com efeitos inseticidas. Neste trabalho o principal objetivo foi avaliar o efeito deletério de uma vicilina purificada de sementes de E. velutina (EvV) para larvas de C. capitata e propor o mecanismo de ação da proteína. EvV foi purificada, caracterizada e o seu efeito deletério foi testado em sistemas de bioensaios. O mecanismo de ação de EvV foi determinado por técnicas de imunodetecção e localização por fluorescência em estruturas quitinosas, presentes no sistema digestório de C. capitata. EvV é uma glicoproteína com afinidade a quitina cuja massa molecular foi de 216,57 kDa, determinado por cromatografia de gel filtração em sistema de FPLC. Por SDS-PAGE, EvV dissociou-se em duas subunidades principais de 54,8 e 50,8 kDa, e quando foi submetida a eletroforese em condições nativas apresentou uma banda única de característica eletroforética ácida. Nos bioensaios a WD50 e a LD50para as larvas foram de 0,13%

(10)

ABSTRACT

The fruit fly Ceratitis capitata is considered the most destructive pest of the world fruitculture. Many pest management practices, mainly based on agrochemicals, have been developed to allow the world-wide commerce of fruit. Solutions to decrease the use of synthetic insecticides in agriculture are based on the development of new target-specific compounds which cause less damage to the environment, especially vegetal proteins with insecticidal effects. The aim of this work was to evaluate the deleterious effect of a purified vicilin of E. velutina (EvV) seeds to C. capitata larvae and adult insects and to investigate the mechanisms involved in these effects. EvV was purified, characterized and its deleterious effect was tested in bioassay systems. EvV mechanism of action was determined by immunodetection techniques and fluorescence localization in chitin structures that are present in C. capitata digestory system. EvV is a glycoprotein with affinity to chitin. Its molecular weight, of 216,57 kDa, was determined by gel filtration chromatography in FPLC system. Using SDS-PAGE, it was possible to observe EvV dissociation in two main subunits of 54,8 and 50,8 kDa. When it was submitted to eletrophoresis in native conditions, EvV presented only one band of acid characteristic. The WD50 and LD50

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo de vida de Moscas-das-Frutas (Salles, 2000) ...19

Figura 2 – Inseto adulto e larva de Ceratitis capitata...22

Figura 3 – Sementes de Mulungu (Erythrina velutina)...33

Figura 5 – Esquema da Metodologia empregada no trabalho ...55

Figura 6 – Perfil de eluição de EvV em cromatografia de afinidade em quitina...56

Figura 7 – (A) Perfil de eluição protéica de EvV em cromatografia Superose 6 10 300 GL. ...58

Figura 8 – (A) SDS-PAGE (15%) de EvV corado com Comassie ...59

Figura 9 – Curva de densidade para avaliação do efeito da competição das larvas deC. capitata pela dieta ...61

Figura 10 – Curva de instares larvais em relação ao comprimento corporal.. ...62

Figura 11 – (A) Efeito de EvV sobre a massa de larvas de C. capitata em diferentes concentrações...64

Figura 12 – Efeito EvV sobre a mortalidade de larvas de C. capitata em diferentes concentrações...65

Figura 15 (A) SDS-PAGE e (B) Imunobloting das proteínas extraídas de fezes de larvas de C. capitata. M- marcador; 1 – BSA; 2 – Larva + BSA; 3 – EvV; 4 – Larva + EvV. ...66

Figura 16 – Western blotting das proteínas extraídas de membranas peritróficas de larvas de C. capitata. 1 – EvV; 2 – Larva + BSA; 3 – Larva + EvV. ...68

(12)

LISTA DE TABELA

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BSA Albumina sérica bovina

DMSO Dimetilsulfóxido

EB Extrato Bruto de Erythrina velutina EvV Vicilina de E. velutina

F0-70 Fração protéica obtida do fracionamento com sulfato de amônia em 0-70% de saturação. Também denominada fração albuminíca F70-90 Fração protéica obtida do fracionamento com sulfato de amônia em

70-90% de saturação. Também denominada fração globulínica.

FITC Fluoresceína isotiocianato

HIL Homogenato Intestinal de larvas de C. capitata

IgG Imunoglobulina da classe G

kDa Quilodalton

LC50 Quantidade de vicilina capaz causar uma mortalidade de 50% LT50 Tempo necessário para a vicilina causar 50% de mortalidade da

população experimental

mA Miliampere

MP Membrana peritrófica

nm Nanômetro

p/p Relação peso/peso

SDS Dodecil sulfato de sódio

SDS-PAGE Eletroforese em Gel de poliacrilamida com SDS

TCA Ácido tricloroacético

Tris tris hidroximetil amino metano

UH Unidade de Hemaglutinação

v/v Relação volume/volume

WD50 Quantidade de vicilina necessária para reduzir a massa das larvas em 50%

WGA Lectina de germe de trigo específica para quitina

(14)

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ...16

1.1 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DE FRUTAS ...16

1.2 – MOSCAS-DAS-FRUTAS...18

1.2.1 – Ceratitis capitata...21

1.3 – CONTROLE DE PRAGAS...23

1.4 – SISTEMA DIGESTÓRIO DOS INSETOS...26

1.5 – MECANISMOS DE DEFESA DAS PLANTAS ...28

1.6 – VICILINAS ...30

2.0 – OBJETIVO ...34

3.0 – MATERIAL...35

3.1 – MATERIAL BIOLÓGICO ...35

3.1.1 – Moscas-das-Frutas - Ceratitis capitata...35

3.1.2 – Sementes de Mulungu...35

3.2 – REAGENTES ...36

3.3 – APARELHOS ...36

4.0 – MÉTODOS ...37

4.1 – CRIAÇÃO DA POPULAÇÃO DE C. CAPITATA...37

4.1.2 - Dieta artificial para C. capitata...38

4.2– PURIFICAÇÃO DE VICILINAS DAS SEMENTES...38

4.2.1 – Preparo da Farinha de Sementes de E. velutina...38

4.2.2 – Preparo do Extrato Bruto das Sementes ...38

4.2.3 – Fracionamento com Sulfato de Amônio...39

4.2.4 – Cromatografia de Afinidade em Matriz de Quitina...39

4.3 – CROMATOGRAFIA DE EXCLUSÃO MOLECULAR EM SUPEROSE 6-10-300 GL DE EVV ...39

4.4 – DOSAGEM DE PROTEÍNAS ...40

4.4 – DOSAGEM DE CARBOIDRATOS ...40

(15)

4.5.1 – Ensaio de Inibição das Atividades Proteolíticas no Homogenato Intestinal de

Larvas de C. capitata...41

4.5.1.1– Preparação do Homogenato Intestinal de C. capitata...41

4.5.1.2 – Preparo de Azocaseína 1,0%...42

4.5.1.3 – Ensaio de inibição da atividade azocaseinolítica...42

4.5.2 – Ensaio de Hemaglutinação...43

4.5.2.1 – Tratamento de Eritrócitos com Papaína ...43

4.5.2.2 – Ensaio de Hemaglutinação de EvV ...43

4.6 – PRODUÇÃO DE ANTICORPOS CONTRA VICILINA DE E. VELUTINA...44

4.6.1 – Obtenção de soro pré-imune...44

4.6.2 – Imunização ...44

4.6.3 – Isolamento de imunoglobulinas do tipo G (IgG) ...45

4.7 – ANÁLISE DE EVV ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA...45

4.7.1 – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida descontínuo e desnaturante ...45

4.7.2 – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida descontínuo e não desnaturante ...46

4.7.3 – Coloração com Coomassie Blue ...46

4.8 – IMUNODETECÇÃO DE PROTEÍNAS - “WESTERN BLOTTING”...46

4.9 – BIOENSAIO COM LARVAS DE C. capitata...49

4.9.1 – Curva de Densidade...49

4.9.2– Curva de instares larval...50

4.9.3 – Efeito de vicilinas sobre o Desenvolvimento de Larvas de C. capitata...50

4.11– ANÁLISE ESTATÍSTICA ...50

4.12 – DETERMINAÇÃO DOS MECANISMOS DE AÇÃO DE VICILINAS ...51

4.12.1 – Digestibilidade in vivo de vicilinas por larvas de C. capitata...51

4.12.2 – Detecção de quitina em Intestino médio de C.capitata...51

4.12.3 – Ensaio de ligação in vivo de EvV em membrana peritrófica de larvas de C. capitata...52

4.12.4 – Detecção de EvV-FITC retidas em estruturas quitinosas de larvas C. capitata...52

(16)

4.12.4.2 - Localização de EvV-FITC fluorescente no epitélio intestinal e em membrana peritrófica de larvas de C. capitata e ensaio de inibição de ligação com

N-acetil D-glicosamina ...53

4.12.4.3 - Ensaio de inibição da ligação de EvV–FITC a estruturas quitinosas com N-acetil D-glicosamina ...53

5.0 – RESULTADOS...56

5.1 – ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE VICILINA DE Erythrina velutina....56

5.1.1 – Cromatografia de Afinidade em Matriz de Quitina...56

5.1.2 – Análise da presença de proteínas de defesa ligantes a quitina co-eluídas da matriz de quitina ...57

5.1.3 – Cromatografia de Exclusão Molecular em Superose 6-10-300 GL em sistema de FPLC AKTA Purifier e Determinação da Massa Molecular de EvV...57

5.1.4 – Análise eletroforética de EvV em gel de poliacrilamida em condições desnaturante e não desnaturante...59

5.1.5 – Quantificação de carboidratos em EvV ...60

5.2 – BIOENSAIOS ...60

5.2.1- Bioensaios com larvas ...60

5.2.1.1 – Determinação das condições ótimas de bioensaios para larvas de C. capitata – Curva de densidade...60

5.2.1.2 – Determinação das condições ótimas de bioensaios para larvas de C. capitata – Curva de Instars/ comprimento corporal ...62

5.2.2 – Efeito de EvV sobre a massa de larvas de C. capitata...63

5.2.3 – Efeito de EvV sobre a mortalidade de larvas de C. capitata...63

5.3 – MECANISMO DE AÇÃO DE EVV ...66

5.3.1 – Digestibilidade in vivo de EvV ...66

5.3.2 – Mecanismo de ação de EvV baseado na ligação à quitina presente na membrana peritrófica de C. capitata...67

5.3.2.1. Teste de Von Wisseling para detecção de quitina em intestinos de C. capitata...67

(17)

5.3.2.3. – Localização fluorescente de EvV-FITC no epitélio intestinal e em

membrana peritrófica de larvas de C. capitata...69

xLocalização fluorescente de EvV-FITC em larvas ...69

6.0 – DISCUSSÃO ...72

7.0 – CONCLUSÃO ...80

(18)

1 – INTRODUÇÃO

1.1 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DE FRUTAS

As frutas são alimentos essenciais para uma dieta balanceada e saudável

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002). Elas são consideradas junto com as

hortaliças as principais e mais baratas fontes de importantes micronutrientes como

vitaminas e minerais, e ricas em fibras, desempenhando papel importante na

prevenção de deficiências de micronutrientes e promovendo o funcionamento

saudável do intestino (NANDI & BHATTACHARJEE, 2005). A Organização Mundial

da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e

Alimentação (FAO) (2005) recomendam o consumo mínimo de 400 g de frutas e

verduras por dia para a prevenção de doenças crônicas como cardiopatias, câncer,

diabetes tipo 2 e obesidade (DE CHAVEZ & CHAVEZ, 1998; RIBOLI & NORAT,

2003; HUNG et al., 2004). Segundo o World Health Report (2002) estima-se que mais de 2,6 milhões de mortes a cada ano poderiam ser evitadas se o consumo de

frutas e hortaliças fosse aumentado. De acordo com a FAO o mercado mundial de

frutas frescas esteve em plena ascensão na ultima década (FAOSTAT-FAO

STATISTICS DIVISION, 2007). A produção mundial de frutas frescas cresceu cerca

de 2,5% ao ano, alcançando um volume de 520 milhões de toneladas em 2005

contra 415 milhões de toneladas em 1995 (FAOSTAT-FAO STATISTICS DIVISION,

2007). Este aumento está associado a uma maior conscientização da população

para os efeitos benéficos do consumo de frutas na saúde humana, e das melhorias

na logística de produção e comercialização das frutas e produtos relacionados

(19)

O Brasil é o terceiro produtor mundial de frutas, atrás de China e Índia

(NANDI & BHATTACHARJEE, 2005), com uma produção que supera os 39 milhões

de toneladas, sendo que destes aproximadamente 20 milhões de toneladas foram

destinados aos mercados de fruta fresca. Não obstante essa colocação, o Brasil

exporta pouco mais de 1% da sua produção de frutas in natura, ocupando o 20° lugar entre os países exportadores (SECEX, 2006). De 1998 a 2005 o país

aumentou suas exportações em mais de 200%, passando de US$ 120 milhões para

US$ 440 milhões de dólares obtidos na venda de frutas para o exterior (PEREIRA,

2006). Os principais destinos das frutas brasileiras são os países europeus, as

Américas do Norte e do Sul, o Oriente Médio, além de perspectivas de vendas para

o mercado asiático (IBRAF, 2005).

A fruticultura hoje é um dos principais segmentos da agricultura brasileira,

respondendo por 25% do valor da produção agrícola nacional (LACERDA et al., 2004). A base agrícola da cadeia produtiva das frutas abrange 2,9 milhões de

hectares, gera 6 milhões de empregos diretos, ou seja, 27% do total da mão-de-obra

agrícola ocupada no país (IBGE, 2005). O valor bruto da produção de frutas atingiu

em 2006 cerca de 13,5 bilhões de reais, 14,1% do valor da produção agrícola

brasileira (IBGE, 2005).

O comércio internacional de produtos alimentares é fortemente condicionado

por vários mecanismos de regulação fitossanitária (FAVERET FILHO et al., 1999). Preocupados com possíveis efeitos sobre consumidores e, especialmente, sobre

suas regiões produtoras, quase todos os países impõem restrições ao trânsito de

alimentos (FAVERET FILHO, et al., 1999; SILVA, 2000). No caso de produtos frescos, a preocupação é redobrada, pois um lote infectado pode anular esforços de

(20)

Note-se que os países com regras e instituições de controle de qualidade mais

rigorosas são justamente os grandes importadores: Estados Unidos, União Européia

e Japão, o que torna extremamente seletivo o acesso de novos exportadores aos

fluxos de comércio internacional de frutas (FAVERET FILHO, et al., 1999). No Brasil, as moscas-das-frutas ocupam uma posição de destaque entre as maiores pragas da

fruticultura (DUARTE & MALAVASI, 2000).

1.2 – MOSCAS-DAS-FRUTAS

As moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) são insetos pragas que atacam

uma grande variedade de espécies vegetais, podendo infestar flores, ramos,

sementes e frutos, no entanto os danos causados em frutos representam os maiores

prejuízos para a fruticultura (NISHIDA, 1980; DUARTE & MALAVASI, 2000; LIMA,

2001). Os tefritídeos possuem ciclo de vida relativamente curto, porém apresentam

metamorfose completa (holometabólicos). O desenvolvimento larval, em três

instares, dá-se no interior das frutas infestadas onde crescem alimentando-se da

polpa e abrindo galerias, de onde as larvas saem para empupar no solo. Após algum

tempo, que varia para cada espécie, emergem os adultos, que recomeçam o ciclo

(Figura 1) (MORGANTE, 1991; DUARTE & MALAVASI, 2000; SALLES, 2000a).

Os danos causados pelas moscas-das-frutas podem ser diretos, através da

oviposição nos frutos e da alimentação na fase larvais, ou indiretos, através da

invasão dos tecidos vegetais por microorganismos tornando os frutos impróprios

(21)

Figura 1 – Ciclo de vida de Moscas-das-Frutas (Salles, 2000)

A família Tephritidae apresenta ampla distribuição geográfica, com

predominância na região Neotropical, apresentando 4.352 espécies agrupadas em

481 gêneros (NORRBOM, 2004), dos quais somente cinco são de importância

econômica: Anastrepha, Ceratitis, Bactrocera, Rhagoletis e Toxotrypana (WHITE & ELSON-HARRIS). No gênero Toxotrypana, a única espécie de importância

econômica, T. curvicauda (mosca-da-papaia), não ocorre no Brasil. O gênero Bactrocera está representado por uma única espécie, B. carambolae (mosca-da-carambola), recentemente introduzida e restrita ao Oiapoque (AP) (ZUCCHI, 2000).

As quatro espécies de Rhagoletis registradas no Brasil têm pouca importância agrícola, pois são referidas como pragas esporádicas na região Sul (ZUCCHI, 2000).

(22)

O Gênero Ceratitis, de origem sub-Saariana, é um dos mais conhecidos em todo o mundo por causa da notoriedade de uma de suas espécies, a

mosca-do-mediterrâneo, C. capitata. Mais de 100 espécies de Ceratitis já foram descritas e estão limitadas ao continente africano, seis das quais são pragas, atacando uma

enorme variedade de plantas (CAREY, 1996). A única espécie do gênero no Brasil é

a C. capitata, que juntamente com sete espécies de AnastrephaA. fraterculus (Wied.), A. sororcula (Zucchi), A. zenildae (Zucchi), A. striata Schiner, A. pseudoparallela (Loew), A. grandis (Macquart) e A. obliqua (Macquart) —, representam as moscas-das-frutas mais importantes do ponto de vista econômico no

Brasil (ZUCCHI, 2000).

A grande variedade de hospedeiros infestados confirma as observações de

BATEMAN (1976), que considera as espécies tropicais de “moscas-das-frutas” como

tendo alta capacidade de colonização. Elas ocorrem em grande variedade de

hospedeiros em regiões ecológicas bastante diversas. As medidas do grau de

infestação mostraram que em hospedeiros nativos, a freqüência de Anastrepha ssp. é maior que a de C. capitata, invertendo-se em hospedeiros introduzidos (MALAVASI, 1977). Apesar desta preferência, já existe adaptação de C. capitata às frutas nativas e de Anastrepha ssp. aos hospedeiros introduzidos (MALAVASI & MORGANTE, 1980). A expansão de hospedeiros nas moscas-das-frutas pode ser

facilitada por um comportamento de oviposição de baixa discriminação e habilidade

das larvas para sobreviverem e se desenvolverem nos novos hospedeiros

(KRAINACKER et al., 1987; FLETCHER & PROKOPY, 1991).

Em muitas partes do mundo, as perdas causadas em regiões infestadas por

(23)

internacional de frutas frescas impõe normas que visam impedir a introdução de

espécies que ocorrem no país exportador para o país importador, por isso um dos

maiores obstáculos à produção e livre comercialização de frutas frescas entre o

Brasil e no resto do mundo é a presença de moscas-das-frutas nas áreas de

produção (DUARTE & MALAVASI, 2000). Tratamentos quarentenários são

requeridos pelos Estados Unidos para o controle de moscas-das-frutas que infestam

manga (Mangifera indica) e goiaba (Psidium guajava), no Brasil e Perú (SHARP & PICHOMARTINEZ, 1990; NASCIMENTO et al., 1992). A adequação a essas normas e exigências dos mercados, a busca pela segurança alimentar e quarentenária,

exigem rápidas mudanças nas técnicas de controle utilizadas na fruticultura

brasileira (CARVALHO, 2005).

1.2.1 – Ceratitis capitata

A mosca do mediterrâneo, Ceratitis capitata Wied.(1824) é a única espécie do gênero Ceratitis no Brasil (ZUCCHI, 1988) (figura 2). Essa espécie é considerada a mais cosmopolita e invasora dentre todos os tefritídeos. É a praga mais destrutiva da

fruticultura mundial, devido à natureza do dano causado, ao grande número de

gerações por ano e à sua grande adaptabilidade a vários tipos de hospedeiros,

sendo capaz de infestar mais de 350 espécies vegetais, inclusive aquelas de

importância econômica (WEEMS, 1981; METCALF, 1995). O provável centro de

origem dessa espécie é a África Equatorial, mas um processo global de invasão tem

ocorrido desde o século passado. No Brasil, onde sua presença foi registrada no

início do século XX (IHERING, 1901), ela é considerada uma das pragas de maior

importância quarentenária (MALAVASI & MORGANTE, 1980).

Devido aos danos causados por moscas-das-frutas, bilhões de dólares são

(24)

esta praga. Cada vez mais inseticidas são utilizados, como forma de proteção

mesmo quando a população de moscas-das-frutas ainda não atingiu o nível de dano

econômico, implicando em gastos e danos ao meio ambiente (DENT, 2000).

(25)

1.3 – CONTROLE DE PRAGAS

O aumento da população mundial e a demanda crescente de alimentos têm

motivado o uso de grandes quantidades de pesticidas nas plantações (para prevenir

ou combater pragas), visando assegurar maior produtividade (CALDAS & DE

SOUZA, 2000). Segundo OERKE et al. (1994) o ataque de insetos pragas consomem cerca de 14% da produção agrícola mundial. Atualmente a proteção da

lavoura está baseada na utilização de agroquímicos, que em 2001 movimentou um

mercado mundial de aproximadamente 32 bilhões de dólares, segundo a agência de

proteção ambiental dos Estados Unidos (KIELY et al., 2004). Porém na ausência desse meio de combate às pragas, as perdas poderiam ser muito mais sérias

(HILDER & BOULTER, 1999). Segundo Krattiger (1997) os danos causados na

agricultura mundial sem o uso de pesticidas e outras estratégias de controle são

estimados em 70% da produção agrícola, totalizando cerca de 400 bilhões de

dólares por ano.

Os primeiros inseticidas realmente eficientes foram introduzidos no combate

de pragas na metade do século 20, antes, o controle de pragas era baseado na

utilização de compostos inorgânicos como enxofre, arsênio, cianetos e boratos

(CASIDA & QUISTAD, 1998), os quais apresentavam alta toxidade e baixa

especificidade, sendo tóxicos para vertebrados (LOPEZ et al., 2005). A introdução dos inseticidas organoclorados, organofosforados e carbamatos, todos químicos

neurotóxicos, significou uma grande revolução na agricultura (ISHAAYA, 2003).

Contudo, a utilização dos pesticidas constitui-se num dos mais importantes fatores

(26)

destes casos em paises em desenvolvimento (WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2003c). Alguns pesticidas dependendo da sua persistência e volatilidade, dispersam

globalmente (WILKENING, 2001; GODDUHN & DUFFY, 2003). Cada vez mais,

grandes quantidades de pesticida e seus metabólitos são detectados contaminando

águas superficiais e subterrâneas (KOLPIN et al., 2004; FAVA et al., 2005; WORRALL & BESIEN, 2005), solos (SIVANESAN et al., 2004; CRAVEN & HOY, 2005), a atmosfera (DUBUS et al., 2000; DUYZER, 2003). Estes pesticidas bioacumulam em cadeias alimentares (KIDD et al., 1995), provocam impactos sobre a saúde humana e de outras espécies longe de seu local de liberação até muitos

anos depois de liberados (WOLKERS et al., 2006; SAGIV et al., 2007).

Em muitos paises, como no Brasil, há ocorrências de casos concretos de

fracassos no controle de pragas através do uso exclusivo de pesticidas,

principalmente devido a problemas decorrentes da eliminação de inimigos naturais,

desenvolvimento ou aumento de resistência e ressurgência de pragas secundárias.

O potencial acúmulo de resíduos de pesticidas no agrossistema e nos produtos

vegetais causa uma crescente preocupação mundial. Além das exigências impostas

pela lei à não presença ou aceitação de resíduos tóxicos nos alimentos, a sociedade

está, a cada dia, exigindo por produtos que estejam seguramente livres de

agrotóxicos (SALLES, 2000b). Além dos aspectos ambientais negativos e afim de

superar a resistência de populações de insetos resistentes aos inseticidas

neurotóxicos convencionais a tendência nas pesquisas é a procura por pesticidas

com diferentes mecanismos de ação e com baixa toxicidade para a saúde humana e

para o meio ambiente (DHADIALLA et al., 1998; GRAPOV, 1999).

Em meados de 1960 pesquisadores começaram a questionar o modelo de

(27)

problemas ecologicamente e economicamente insustentáveis (GEIER, 1966;

KOGAN, 1998). Como conseqüência surgiu um novo conceito de controle de pragas

visando a minimização de todos esses problemas. Este novo conceito recebeu

inicialmente a denominação de Controle Integrado, evoluindo para o termo "Manejo

Integrado de Pragas" (MIP) para designar o controle de insetos com bases

ecológicas e envolvendo qualquer tipo de problema que limitasse a produção

agrícola decorrente da competição interespecífica (patógenos, insetos, nematóides,

plantas daninhas, etc) (KOGAN, 1998). A prática do MIP foi descrita por Geier (1966)

e baseia-se nos seguintes pontos: (1) como se deve modificar o sistema de vida de

uma praga para reduzir a sua população a níveis toleráveis, ou seja, inferior ao nível

de dano econômico; (2) aplicação do conhecimento biológico e da tecnologia

disponível para obter a modificação desejada (ecologia aplicada); e (3) uso de

táticas no controle de pragas adequado à tecnologia existente, compatível com os

aspectos qualitativos, econômicos e ambientais, ou seja de aceitação econômica e

social. O manejo integrado de moscas-das-frutas no Brasil utiliza basicamente a

técnica do monitoramento de adultos com armadilhas e o uso de iscas tóxicas ou

pulverização de inseticida em cobertura (NASCIMENTO & CARVALHO, 2000).

Havendo, portanto uma necessidade por novos métodos alternativos eficazes de

controle que mantenham a população das moscas em níveis seguros, e que possam

ser associadas aos programas de manejo de pragas dentro do agronegócio.

Um dos principais objetivos de investigações básicas associadas ao manejo

integrado de pragas é a perspectiva de entender e interferir nos processos vitais do

inseto (genéticos-bioquímicos-morfofisiológicos), de modo que tal interferência

possua escassa ou nenhuma influência sobre outros animais, e ao mesmo tempo,

(28)

(CRUZ et al., 2000). Dentro desta perspectiva o sistema digestório dos insetos é uma região importante de exposição deste com o meio ambiente, dessa forma,

estratégias que interferiram na bioquímica e fisiologia desta região, visando à

redução de absorção de nutrientes, seriam ferramentas potencialmente eficientes no

manejo de pragas (SHEWRY & LUCAS, 1997).

1.4 – SISTEMA DIGESTÓRIO DOS INSETOS

A habilidade dos insetos de se alimentar de praticamente todo tipo de matéria

orgânica é o maior fator para o seu sucesso, capacitando-os para os mais diversos

nichos ecológicos (WIGGLESWORTH, 1972). A grande variedade de alimentos que

podem ser ingeridos pelos insetos é refletido na diversidade de estruturas das peças

bucais bem como, na diversidade do trato digestório, com um alto grau de

especialização que varia com o tipo particular de dieta (WIGGLESWORTH, 1972).

Seu trato digestório é constituído por um tubo de células epiteliais que se estende da

boca até o ânus (WIGGLESWORTH, 1972; TERRA & FERREIRA, 1994). Está

dividido em três principais regiões baseado na origem embrionária e na sua função

fisiológica em estomodeu (intestinos anterior), mesêntero (intestino médio) e

proctodeu (intestino posterior), onde o principal local de absorção e digestão é o

intestino médio (WIGGLESWORTH, 1972; TERRA & FERREIRA, 1994; TERRA et al., 1996).

O trato digestório animal está exposto a uma variedade de agentes nocivos

de natureza química, física e biológica, necessitando de mecanismos para a sua

proteção. Nos vertebrados, o muco é uma secreção que recobre e protege o epitélio

intestinal, enquanto auxilia o processo de digestão. Nos insetos, entretanto, não se

observa uma camada mucosa propriamente dita recobrindo o trato digestório, em

(29)

semipermeável denominada membrana peritrófica ou matriz peritrófica ou gel

peritrófico (PETERS, 1992; LEHANE, 1997; TERRA, 2001). A membrana peritrófica

é uma estrutura mucosa (WANG & GRANADOS, 1997), que difere do muco dos

vertebrados pela incorporação de quitina, resultando em uma estrutura protéica

reforçada por fibrilas de quitina (PETERS, 1992). É constituída principalmente por

glicoproteínas e proteoglicanos (20-55%) e por quitina (3-40%) (KRAMER et al., 1995; LEHANE, 1997) em uma organização que fornece semi-permeabilidade e

elasticidade a estrutura (LEHANE, 1997). A quitina é um importante componente

estrutural da membrana peritrófica por além de fornecer rigidez, serve também como

sítio de ancoragem para proteínas como as peritrofinas (WANG & GRANADOS,

2001). A presença desta membrana define a formação de um espaço

endoperitrófico, o qual contém o alimento ingerido; e o espaço ectoperitrófico

correspondendo a região entre a membrana peritrófica e o epitélio intestinal.

A Membrana peritrófica, em insetos pode ocorrer em duas formas, definidas

quanto ao seu sitio de síntese: Tipo I e Tipo II (WIGGLESWORTH, 1972; PETERS,

1992). A membrana peritrófica do tipo I, produzida por exemplo em muitos insetos

adultos hematófagos, é sintetizada por células epiteliais do intestino médio, sendo

produzida em resposta a ingestão de alimento, que por descamação da superfície

epitelial, dá origem a uma estrutura em forma de bolsa que recobre o alimento

(LEHANE, 1997). O Tipo II de membrana peritrófica é produzido a partir de um

pequeno órgão altamente especializado chamado de cárdia situado na região

anterior do intestino médio. Este tipo de Membrana peritrófica é constitutivamente

produzida como um contínuo tubo com estrutura altamente organizada. As mais bem

caracterizadas membranas peritróficas do tipo II são de larvas de dípteros

(30)

As principais funções atribuídas a esta membrana são a de proteção

mecânica contra injúria as células do intestino médio (WIGGLESWORTH, 1972),

uma barreira física contra microorganismos (PETERS, 1992), uma barreira seletiva

para enzimas digestivas e produtos de digestão (DAY & WATERHOUSE, 1953) e

atuação no mecanismo de reciclagem de enzimas digestivas, fenômeno conhecido

como circulação ecto-endoperitrófica (TERRA, 1988; TERRA & FERREIRA, 1994;

TERRA, 2001).

Diversos trabalhos demonstram que alteração na permeabilidade da

membrana peritrófica pode causar a morte de insetos por desnutrição (EISEMANN

et al., 1994; TELLAM & EISEMANN, 1998; WANG & GRANADOS, 2001). Esse efeito pode ser alcançado pela incorporação, na dieta destes insetos, de proteínas

que tenham afinidade por quitina, como lectinas, anticorpos e vicilinas (EISEMANN &

BINNINGTON, 1994; HARPER et al., 1998; HOPKINS & HARPER, 2001; MACEDO et al., 2007; MOURA et al., 2007).

1.5 – MECANISMOS DE DEFESA DAS PLANTAS

Em resposta a herbivoria excessiva dos insetos as plantas desenvolveram

diversas estratégias de proteção e ou resistência. A resistência é o termo usado para

descrever a capacidade das plantas em prevenir, restringir ou retardar a penetração

de um predador no tecido hospedeiro (KOGAN, 1986; HAMMOND-KOSACK &

JONES, 1996). Essa resistência é baseada nos vários mecanismos de defesa

desenvolvidos pelas plantas, durante a evolução (SCHULER et al., 1998). As defesas de plantas podem ser classificadas como físicas (espinhos, tricomas, e

tegumentos) ou químicas se há envolvimento de substâncias químicas nos

mecanismos pelos quais elas se protegem. As defesas químicas, por sua vez,

(31)

outro lado, as defesas também podem ser agrupadas em duas categorias: defesas

constitutivas, se sua ação faz-se dentro do programa de desenvolvimento normal da

planta nos diferentes tecidos vegetais; ou induzidas quando estão envolvidas

diretamente na resposta a infecção ou estímulos ambientais (CHESSIN & ZIPF,

1990). Essa resposta induzida pode resultar em efetivos mecanismos de resistência

a doenças quando ela é expressa pela planta, sistemicamente. Nesse caso, os

agentes envolvidos induzem uma resposta do hospedeiro, não apenas em torno das

partes atingidas, como também em partes da planta distante da área onde ocorreu à

injúria, sendo este processo denominado imunização sistêmica adquirida (DEAN &

KUC, 1986; GOTTSTEIN & KUC, 1989). As defesas induzidas são mais importantes

para as defesas de partes vegetativas das plantas, enquanto que as defesas

constitutivas são mais importantes para as defesas das sementes (XAVIER-FILHO,

1993; UCHÔA et al., 2002).

Diversas proteínas envolvidas no processo de defesa presentes em sementes

de leguminosas foram isoladas, purificadas e caracterizadas. Entre elas estão

enzimas como, quitinases (SANTOS et al., 2004) , E–1,3 glucanases, inibidores de enzimas hidrolíticas como, inibidores de amilases (SAWADA et al., 2006) e de proteinases (ARAUJO et al., 2005; GOMES et al., 2005b), e proteínas de reserva como as arcelinas (MINNEY et al., 1990), vicilinas (MOURA, et al., 2007), lectinas (MORAES et al., 1996).

Muitas destas proteínas de defesa podem ser divididas em dois principais

grupos segundo a forma pelas quais podem causar efeitos tóxicos no processo de

digestão dos insetos. No primeiro grupo, elas podem ser proteínas que inibem

(32)

OLIVEIRA et al., 2003; FRANCO et al., 2004; GOMES et al., 2005a; GOMES, et al., 2005b). Os efeitos tóxicos causados por estas proteínas são devido a privação de

nutrientes decorrido pela inibição seletiva de enzimas digestivas presentes no trato

intestinal dos insetos (JONGSMA & BOLTER, 1997; GATEHOUSE, et al., 1999). No segundo grupo estão as proteínas que se ligam a quitina, como lectinas (DUTTA et al., 2005; GUPTA et al., 2005; MACEDO, et al., 2007) e vicilinas (MACEDO et al., 1995; SALES et al., 1996; MOURA, et al., 2007) , e, portanto capazes de se ligarem à membrana peritrófica interferindo na assimilação de nutrientes, e levando o inseto

à morte (SALES, et al., 1996)..

Em estudos recentes de caracterização das enzimas proteolíticas em Ceratitis capitata foi verificado que estes insetos utilizam principalmente proteases alcalinas do tipo serínicas (SILVA et al., 2006; SAN ANDRES et al., 2007), esta detecção motivou a utilização de inibidores de proteinases serínicos obtidos de sementes,

como promissores candidatos a bioinseticidas, atuando na inibição especifica da

digestão das proteínas. A utilização destes inibidores em sistema de dieta artificial

afetou significantemente o desenvolvimento larval de C. capitata, porém, causou pouco efeito sobre a mortalidade das larvas (ARAUJO, et al., 2005; GOMES, et al., 2005b). Com relação ao efeito de proteínas que se ligam a estruturas presentes no

trato digestório de insetos, muitos estudos comprovaram sua ação inseticida em

dípteros (EISEMANN, et al., 1994; TELLAM & EISEMANN, 1998), contudo a potencial utilização destas proteínas no combate as moscas-das-frutas não foi

testada.

1.6 – VICILINAS

As vicilinas compreendem uma classe de proteína de reserva muito bem

(33)

proteínas triméricas de peso molecular entre 150 a 190 kDa, não formam pontes

dissulfeto devido a ausência de resíduos de cisteína (DERBYSHIRE et al., 1976; PEDALINO et al., 1992). As subunidades da vicilina de ervilha são sintetizadas inicialmente como um grupo de polipepitídeos de peso molecular entre 47 a 50 kDa,

porém a proteólise pós-traducional e glicosilação resulta em subunidades com pesos

moleculares entre 12,5 a 33 kDa (GATEHOUSE et al., 1984). Esta característica pode também ser resultado da adição incompleta ou degradação parcial da ligação

dos oligossacarídeos nas cadeias laterais dos peptídeos tornando difícil sua

digestão por insetos (CHEE et al., 1991; MACEDO, et al., 1995). As subunidades são codificadas, na sua maioria, por 2 a 3 tipos de genes, com 3 a 4 copias de cada

tipo por genoma haplóide (GOLDBERG et al., 1981; SUN et al., 1981; TIERNEY et al., 1987; BOWN et al., 1988; HARADA et al., 1989). Observa-se que os genes de vicilinas de Phaseolus vulgaris, Pisum sativum e Glycine max quando comparados apresentam alta homologia (DOYLE et al., 1986). Cada gene tem 6 éxons e 5 íntrons (DOYLE, et al., 1986; HIGGINS et al., 1988).

Em sementes de legumes, as vicilinas são proteínas multifuncionais,

funcionando como uma fonte de aminoácidos durante a germinação e ao mesmo

tempo sendo tóxica para bruquídeos (MACEDO et al., 1993; SHUTOV et al., 1995; SALES et al., 2000). Vicilinas de Vigna unguiculata mostraram forte associação com quitina, quitosana e quitina completamente acetilada (SALES, et al., 1996). Por esta razão, estas proteínas podem se ligar à parede celular de fungos, interferindo na

(34)

Portanto, vicilinas são proteínas bioativas importantes nos processos de

defesa de muitas espécies de plantas. Essas proteínas possuem atividades

bioinseticidas sobre diversas pragas associando-se a estruturas do epitélio e

membranas peritróficas presentes no intestino de vários insetos, podendo ser

usadas como aleloquímicos no controle de pragas importantes, seja como

constituinte tóxico de iscas ou nos programas de melhoramento de plantas

cultivadas por meio de técnicas de transgenia.

No nosso laboratório são realizados estudos de bioprospecção por proteínas

tóxicas em sementes ditas selvagens presentes nos biomas de mata atlântica e

caatinga. Dentre essas sementes destacam-se as de mulungu (Erythrina velutina) que é uma leguminosa de grande porte endêmica de regiões semi-áridas do

nordeste do Brasil (RIBEIRO et al., 2006) (figura 3). Resultados recentes do nosso grupo mostraram que vicilinas extraídas das sementes desta leguminosa foi tóxica

para os bruquídeos Callosobruchus maculatus e Zabrotes sufasciatus. Neste estudo, vicilina de sementes de E. velutina foi purificada, caracterizada e utilizadas em sistema de bioensaio com o intuito de se propor um modelo de controle biorracional

(35)
(36)

2.0 – OBJETIVO

Objetivo geral:

Investigar o potencial bioinseticida de vicilinas de Erythrina velutina (Mulungu) sobreC. capitata .

Objetivos específicos:

1. Isolar, purificar e caracterizar vicilinas de sementes da leguminosa

Erythrina velutina (Mulungu).

2. Avaliar o efeito de vicilinas de leguminosas sobre a massa e mortalidade de

larvas de C. capitata, determinando o LD50 e WD50.

(37)

3.0 – MATERIAL

3.1 – MATERIAL BIOLÓGICO

3.1.1 – Moscas-das-Frutas - Ceratitis capitata

Neste trabalho, o material biológico constituído do inseto adulto e de larvas

de C. capitata, foi obtido a partir de frutos de castanholas (Terminalia catappa L.) infestadas recolhidas no campus da UFRN (5°50'18.47"S; 35°12'3.99"O), na

cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte.

3.1.2 – Sementes de Mulungu

(38)

3.2 – REAGENTES

x Azocaseína, BSA, Dimetilsulfóxido, anti-IgG de coelho conjugada à

peroxidase, Fluoresceína 5-isotiocianato isômero I (SIGMA Chemical Co., St.

Louis, MO, EUA).

x Membrana de Nitrocelulose - Amersham Hybond™-C Extra (GE

Healthcare Bio-Sciences Corp.)

x Coomassie brilliant blue G – 250 - Bio Rad

x Os demais reagentes foram de grau analítico e adquiridos

comercialmente.

3.3 – APARELHOS

x Agitador Magnético Mod. 257 FANEM

x Banho Maria TCE – 056 TECNAL

x BOD - TECNAL

x Centrífuga Eppendorf – Netheler Hlnz GmbH 22331 Hamburg

x Centrífuga Refrigerada Sigma Laborzentrifugen 2K15

x Espectrofotômetro Femto 700 Plus

x Medidor de pH Analyser 300

x Microscópio de fluorescência Nikon Eclipse E200

(39)

4.0 – MÉTODOS

4.1 – CRIAÇÃO DA POPULAÇÃO DE C. capitata

Os frutos de castanholas (Terminalia catappa L.) infestadas por Ceratitis capitata foram colhidos no campus da UFRN e deixados em bandejas plásticas (49 x 28 x 7 cm) com vermiculita até a empupação. As pupas foram peneiradas e

colocadas em recipientes plásticos fechados e arejados. Os insetos adultos, após

emergirem, foram classificados e os que pertenciam ao gênero Ceratitis foram separados e colocados em gaiolas. Esses insetos foram mantidos à base de dieta

composta por: 150 g de açúcar mascavo, 100 g de açúcar refinado, 36 g de lêvedo

de cerveja, 3 g de sustagen®, 60 mL mel de abelha e 180 mL de hidrolisado de

proteína de milho. Uma esponja embebida com água ficou permanentemente a

disposição dos insetos.

Após um período de aproximadamente 10 dias de idade, os insetos adultos

atingiram o estágio de maturação sexual. As fêmeas começaram a ovipositar na

malha do filó - que cobre uma das faces da gaiola, estimuladas pela incidência de

luz nesta face. Os ovos foram então recolhidos em uma calha coletora contendo

salina, o que dessa forma evitou-se o ressecamento dos ovos. No período da

manhã, as calhas foram limpas e a suspensão, contendo os ovos, filtrada em filó.

Por fim os ovos foram espalhados na superfície da dieta artificial para larvas de

Ceratitis capitata. Após um período de 48 horas as larvas emergiram dos ovos e após mais 120 horas as larvas atingiram o terceiro instar. Como comportamento

característico dessa espécie, as larvas começaram a saltar e conseguiram sair do

recipiente que contém a dieta, caindo em vermiculita onde empuparam. Esse

(40)

acima foram realizadas a 28 °C com a umidade relativa em torno de 75%. Os

adultos foram mantidos em fotoperíodo 12:12 (Luz:Escuro).

4.1.2 - Dieta artificial para C. capitata

O preparo de 500 g de dieta artificial (Walder, 2002) foi realizado

adicionando-se gérmen de trigo (15 g), farinha de trigo (32,5 g), açúcar cristal (60 g), extrato de

levedura (49,5 g), benzoato de sódio (1,5 g), HCl (4,5 g), H2O (285 g) e bagaço de

cana-de-açúcar (52 g). O material foi misturado até a formação de uma pasta

homogênea.

4.2– PURIFICAÇÃO DE VICILINAS DAS SEMENTES

4.2.1 – Preparo da Farinha de Sementes de E. velutina

Sementes secas Erythrina velutina depois de retirados seus tegumentos, foram trituradas em multiprocessador, passadas no moinho elétrico e peneiradas

para obtenção de uma farinha de granulação fina.

4.2.2 – Preparo do Extrato Bruto das Sementes

O extrato bruto da farinha das sementes foi obtido a partir da

homogeneização em tampão Tetraborato de sódio 50 mM pH 7,5 na proporção de

1:10 (m/v) sob agitação constante por 2 horas à temperatura ambiente. A suspensão

foi centrifugada a 12000 x g por 30 minutos a 4 ºC. O precipitado foi descartado e o

(41)

4.2.3 – Fracionamento com Sulfato de Amônio

O extrato bruto foi fracionado com sulfato de amônio em duas etapas de

concentração: 0-70% e 70-90%. Após cada etapa de fracionamento, a solução

permaneceu a 4 ºC por aproximadamente 16 horas e, posteriormente centrifugada a

12.000 x g durante 30 minutos, a 4 ºC. Os precipitados resultantes de cada

fracionamento foram ressuspensos em tetraborato de sódio 50 mM pH 7,5

submetidos à diálise durante 18 horas a 4 °C contra o mesmo tampão. Após diálise

as frações foram denominadas F0-70 (fração albumínica) e F70-90 (fração

globulínica), de acordo com a faixa de saturação de sulfato de amônio em que

precipitaram.

4.2.4 – Cromatografia de Afinidade em Matriz de Quitina

A fração F70-90 das sementes foi submetida a uma cromatografia de

afinidade em matriz de quitina, previamente equilibrada com tampão tetraborato de

sódio 50 mM pH 7,5. Frações de 3,0 mL foram coletadas e a absorbância

acompanhada a 280 nm. Após a eluição das proteínas não adsorvidas com tampão

de equilíbrio, as proteínas retidas foram eluídas com tampão Glicina 100 mM, pH

2,0. Os eluatos correspondentes ao pico retido foram dialisadas contra água

destiladas, liofilizadas e denominadas EvV.

4.3 – CROMATOGRAFIA DE EXCLUSÃO MOLECULAR EM SUPEROSE 6-10-300

GL DE EvV

Para confirmação da purificação e determinação da massa molecular de EvV,

um mililitro de solução da proteína (0,83 mg/mL) foi submetida à cromatografia de

(42)

previamente equilibrada em tampão tetraborato de sódio 50 mM pH 7,5. Esta coluna

foi previamente calibrada com os seguintes padrões de proteínas: tireoglobulina

(669 kDa), ȕ-amilase (200 kDa), álcool desidrogenase (150 kDa) e anidrase

carbônica (29 KDa). Frações de 0,5 ml foram coletadas sob um fluxo de 0,5 ml/min e

absorbância medida a 280 nm. As massas moleculares aparentes das vicilinas

foram estimadas a partir da interpolação logarítmica entre massas moleculares dos

diferentes marcadores protéicos utilizados e os seus respectivos volumes de eluição.

4.4 – DOSAGEM DE PROTEÍNAS

As concentrações protéicas foram determinadas pelo método colorimétrico de

Bradford (1976), no qual albumina sérica bovina é utilizada como padrão. Para o

ensaio, 50 ȝL de amostra protéica foram completados com 2500 ȝL com Reagente

de Bradford. A reação foi deixada em temperatura ambiente por 10 minutos, agitada

em vortex. As leituras das amostras foram verificadas à absorbância a 595 nm. A

concentração protéica das amostras foi calculada a partir da equação da curva

previamente construída.

4.4 – DOSAGEM DE CARBOIDRATOS

A quantificação de açucares totais foi determinada pelo método do fenol/ácido

sulfúrico como previamente descrito por Dubois et al. (1956) empregando-se como padrão D-glicose. EvV foi dissolvida em tampão tetraborato de sódio, 50 mM pH 7,5

na concentração de 10 mg/mL. Para o ensaio 40 ȝL desta solução foram

completados para 1000 ȝL com água destilada e acrescida de 25 ȝl fenol 80%, 2,5

ml de ácido sulfúrico. A reação foi deixada em temperatura ambiente por 10 minutos,

agitada em vortex, e deixada em banho-maria a 37 ºC por mais 30 minutos. As

(43)

carboidratos das amostras foi calculada a partir da equação da curva previamente

construída.

4.5 – DETECÇÃO DE OUTRAS PROTEÍNAS DE DEFESA LIGANTES Á QUITINA

NA FRAÇÃO ELUÍDA DA MATRIZ QUITINOSA

Para detectar a presença de outras proteínas de defesa ligantes à matriz de

quitina de amostras de vicilinas purificadas foram feitos ensaios inibitórios contra

enzimas do tipo serínicas, de homogenatos intestinais de larvas de C. capitata. Também foram realizados ensaios de hemaglutinação para detectar a presença de

lectinas.

4.5.1 – Ensaio de Inibição das Atividades Proteolíticas no Homogenato Intestinal de Larvas de C. capitata

4.5.1.1– Preparação do Homogenato Intestinal de C. capitata

Larvas de terceiro instar de C. capitata foram mergulhados em solução de NaCl 150 mM e mantidos no gelo até a dissecação. Esta foi realizada a frio com

auxílio de uma lupa esterioscópica. Após a exposição do trato intestinal, o intestino

foi seccionado e transferido para tubo de microcentrífuga contendo 200 ȝL do

tampão tetraborato de sódio 50 mM, pH 7,5 (TBS) e mantido em gelo até a retirada

de 100 intestinos por tubo. Estes permaneceram estocados a -20ºC até sua

utilização nos ensaios.

Os intestinos obtidos como acima descrito foram homogeneizados em Potter

durante 5 minutos em banho de gelo, após a homogeneização, foram adicionados

800ȝL de tampão Tetraborato de sódio 50 mM pH 7,5. A suspensão foi centrifugada

(44)

denominado homogenato intestinal de larvas (HIL). Os homogenatos foram

utilizados imediatamente nos ensaios.

4.5.1.2 – Preparo de Azocaseína 1,0%

Um grama de azocaseína foi pesado e dissolvido em 100 mL de tampão

Tetraborato de sódio 50 mM pH 7,5. A suspensão foi aquecida e deixada em

ebulição por 5 minutos. Após o resfriamento, o pH da solução foi reajustado e o

volume completado para 100 mL com água destilada. Essa solução foi armazenada

a -20 °C até sua utilização.

4.5.1.3 – Ensaio de inibição da atividade azocaseinolítica

A inibição da atividade azocaseinolítica de homogenatos intestinais de larvas

deC. capitata foi determinada pré-incubando-se por 15 minutos a 37 °C alíquotas de 50 ȝL das soluções (4 mg/ mL) de vicilinas com 50 ȝL de homogenatos. Após o

tempo de pré-incubação foram adicionados 400 ȝL de tampão tetraborato de sódio

50 mM pH 7,5 e 500 ȝL de azocaseina 1,0% a 37°C por 60 minutos. A reação foi

parada com a adição de 300 ȝL de TCA 20%. Os tubos foram deixados em repouso

por 15 minutos e centrifugados por mais 15 minutos a 13000 x g. alíquotas de 400

ȝL do sobrenadante foram alcalinizadas com o mesmo volume de NaOH 2N. O

efeito das vicilinas sobre a atividade proteolítica a pH 7,5 foi determinada pela

medida da absorbância dos peptídeos diazotizados produzidos a 440 nm. O ensaio

controle foi realizado na ausência de vicilinas nas mesmas condições acima

(45)

4.5.2 – Ensaio de Hemaglutinação

4.5.2.1 – Tratamento de Eritrócitos com Papaína

Uma solução estoque de papaína a 1% em solução salina foi preparada e

mantida a 4 °C por 24 horas com agitação ocasional. A solução foi estocada em

alíquotas de 3 mL de papaína a –20 °C. Quando necessário, foi diluído na proporção

1:10 (v/v) com tampão SORENGEN (3 partes de NaH2PO4 0,067 M e 1 parte de

KH2POH, 0.067 M).

A solução de papaína foi adicionada ao sangue, previamente lavado, na

proporção de 1:1 (v/v). A mistura foi incubada por 30 minutos a 37°C, com agitação

ocasional. Em seguida foi centrifugado a 2.500 x g, por 5 minutos e seu precipitado

foi lavado 6 vezes com solução salina gelada. O hematócrito foi realizado e as

hemáceas foram diluídas a 4% em solução salina.

4.5.2.2 – Ensaio de Hemaglutinação de EvV

Os ensaios de atividade hemaglutinante foram realizados em placas de ELISA

com fundo em “V” por meio de diluição seriada (1/2, 1/4, 1/8, etc...). Em cada poço

foram adicionados 25 PL de NaCl 0,15 M, 25 PL da amostra e 25 PL da suspensão

de eritrócitos humanos a 4%. A placa foi deixada em descanso à temperatura

ambiente; após 30 minutos a aglutinação foi observada, e o título expresso em

unidades de hemaglutinação (UH), que foi definido como inverso da maior diluição

da amostra que tenha apresentado nítida aglutinação (MOREIRA & PERRONE,

1977).

(46)

4.6 – PRODUÇÃO DE ANTICORPOS CONTRA VICILINA DE E. velutina

4.6.1 – Obtenção de soro pré-imune

Os Coelhos de três meses de idade foram imobilizados e sangrados através

de corte na extremidade da orelha feito com bisturi cirúrgico, para obtenção do soro

pré-imune. Após a coleta de 5 mL de sangue este material foi deixado em repouso

por 16 horas a 5 °C . O soro foi separado do coágulo formado, centrifugado para

clarificar e reservado a -20 °C.

4.6.2 – Imunização

Após a obtenção do soro pré-imune, amostras de EvV foram preparadas a

uma concentração de 1 mg/mL em solução salina, NaCl 150 mM. Este material foi

emulsificado em adjuvante completo de Freund (ACF) na proporção 1:1 (solução de

EvV: adjuvante). Após 30 dias, novas aplicações de antígenos emulsificados em

adjuvante incompleto de Freund (AIF) foram realizadas regularmente. O protocolo

utilizado para imunização do coelho com obtenção de anticorpos policlonais foi

seguindo o método descrito por Thorpe (1994):

1° dia – imunização subcutânea do antígeno + ACF (0,5 mL)

30° dia – imunização subcutânea do antígeno + AIF (0,5 mL)

60° dia – imunização subcutânea do antígeno + AIF (0,5 mL) + 1° sangria

90° dia – imunização subcutânea do antígeno + AIF (0,5 mL) + 2° sangria

120° dia – imunização subcutânea do antígeno + AIF (0,5 mL) + 3° sangria

A obtenção e estocagem do soro após imunização seguiram o mesmo

procedimento do soro pré-imune. Reforços foram aplicados semanalmente e

(47)

4.6.3 – Isolamento de imunoglobulinas do tipo G (IgG)

As amostras de antissoros obtidas foram passadas em uma coluna de

proteína A-Sepharose previamente equilibrada com tampão NaH2PO40,02M pH 8,0,

150 mM NaCl. O material não adsorvido foi eluído com tampão de equilíbrio. A

eluição de IgGs adsorvidas na coluna foi realizada com tampão Na2HPO4 50mM,

Acido cítrico 25mM, pH 3,0. As IgG isoladas foram neutralizadas com NaOH 0,1M,

dialisadas contra água e liofilizadas. Soluções estoques de IgG foram preparadas

em PBS pH 7,5, BSA 2% na concentração de 10 mg/mL. Os anticorpos assim

obtidos foram utilizados para o imunoblot. O título do anticorpo foi estabelecido pela

técnica de “dot-blot”.

4.7 – ANÁLISE DE EvV ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA

4.7.1 – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida descontínuo e

desnaturante

A eletroforese das amostras foi feita segundo o método desenvolvido por

Laemmli (1970). Foram utilizadas placas de vidro de dimensões 10 x 14 cm,

espaçadores de 1,0 mm e solução estoque de acrilamida/bisacrilamida (30%/ 0,8%,

w/w) dissolvidas em água destilada em volume para 100 mL. Esta solução foi filtrada

em papel de filtro Whatman n°1 e estocada em frascos escuros a 5 0C. O gel de

separação foi preparado numa concentração de 15% contendo: 1,2 mL de água

destilada, 1,3 mL de tampão Tris-HCl 1,5 M, pH 8,8, 50 Pl de SDS 10%, 2,5 mL de

solução estoque de acrilamida/bisacrilamida, 25 Pl de persulfato de amônio e 2,5 Pl

de TEMED. O gel de concentração foi preparado com 1,5 mL de água destilada,

(48)

solução estoque de acrilamida/bisacrilamida, 12,5 Pl de persulfato de amônio e 2,5 Pl

TEMED. Às frações protéicas contendo 15 Pg de proteínas, foi adicionada tampão

de amostra constituído de Tris-HCl 62,5 mM, pH 6,8, SDS 2%, glicerol 10% v/v, e

0,01% de azul de bromofenol. O tampão de corrida continha trizma base 25 mM,

glicina 192 mM e SDS 10%. A eletroforese foi realizada sob corrente constante de

20 mA por aproximadamente 2 horas e após o marcador de corrida (azul de

bromofenol) atingir o final do gel, a eletroforese foi parada.

4.7.2 – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida descontínuo e não

desnaturante

A metodologia estabelecida por Laemmli (1970) foi modificada para a análise

de EvV. O protocolo do item 4.7.1 foi repetido, sem a adição de SDS. A eletroforese

foi realizada sob corrente constante de 20 mA por aproximadamente 2 horas e após

o marcador de corrida (azul de bromofenol) atingir o final do gel, o tempo de corrida

foi estendido por mais 3 horas.

4.7.3 – Coloração com Coomassie Blue

Após a eletroforese o gel foi corado segundo procedimento descrito por

Weber e Osborne (1969). A solução corante foi preparada usando-se Comassie Blue

R-250 a 1%, metanol 40%, ácido acético 10% em água destilada. O descoloração foi

feito com uma solução contendo ácido acético 10% e etanol 30%.

4.8 – IMUNODETECÇÃO DE PROTEÍNAS - “WESTERN BLOTTING”

O método de “western blotting” ou “imunoblotting” representa uma

(49)

objetivo de visualizar a especificidade de interação antígeno/anticorpo por meio de

uma imunoreação (TOWBIN et al., 1979).

Após a eletroforese em gel de poliacrilamida com SDS, os géis foram

retirados das placas e equilibrados em tampão de transferência (Tris 25 mM, glicina

192 mM pH 8,0, metanol 20%). Membranas de nitrocelulose e papéis de filtros

Whatman 3MM foram cortados no tamanho dos géis. As membranas foram também

equilibradas com tampão de transferência por 5 minutos. Em uma bandeja de vidro

foi montado um “sanduiche” que tinha a seguinte ordem de empilhamento: primeiro

foi colocado o suporte plástico do aparelho de transferência, seguido de uma

esponja, três folhas de papel de filtro, o gel de eletroforese, a membrana de

nitrocelulose e por último mais três folhas de papel de filtro, esponja e outro suporte

de plástico (Figura 2). Entre o gel e a membrana teve-se o cuidado de retirar bolhas

de ar que poderiam interferir na transferência das proteínas. O “sanduiche” foi

comprimido pelos suportes plásticos que se conectavam, colocado em uma cuba de

eletrotransferência (célula comercial Transblot) e imerso em tampão de

transferência. A eletrotransferência foi feita por 90 minutos com uma corrente

constante de 200 mA a 4 °C. Após transferência o “sanduiche” foi desfeito e a

membrana, retirada cuidadosamente, foi corada com Vermelho de Ponceau 2%,

(50)

Figura 6 – Esquema de montagem do “sanduíche” para eletrotransferência de proteínas de gel de poliacrilamida para membrana de nitrocelulose.

A imunodetecção das proteínas seguiu o procedimento descrito por Towbin et al., 1979:

1. Bloqueio dos sítios não específicos na membrana com tampão bloqueador

(tampão fosfato 0,1 M, NaCI 0,15 M Tween 20 0,05%, leite desnatado 2%, pH 7,4).

A membrana ficou nesta solução por 1 hora;

2. Lavagem da membrana com tampão fosfato 0,1 M, NaCI 0,15 M, pH 7,4

por 6 vezes, cada lavagem com duração de 10 minutos;

3. Reação com o anticorpo primário. Os anticorpos anti-EvV produzidos em

coelho foram utilizados na titulação 1:2000. Todos os anticorpos foram diluídos em

bloqueador, e as membranas imersas nestas soluções por 1 hora;

4. Repetição do ítem 2;

5. Reação com o anticorpo secundário. HRP-anti-lgG de coelho foi diluída em

tampão bloqueador (1:5000) e a membrana imersa nesta solução por 1 hora;

6. Repetição do ítem 2;

Suporte plástico Esponja

Papel Whatman Gel

Nitrocelulose Papel Whatman

Esponja

(51)

7. Visualização da reação imunológica. As bandas protéicas imunoreativas

para EvV foram reveladas por uma reação com o cromógeno diaminobenzidina

(DAB). As membranas foram imersas em uma solução contendo 5 mg de DAB

dissolvidos em 4,9 mL de água destilada, 0,3 mL de imidazol 0,1M, 0,1 mL de

tampão Tris-HCl 2M pH 7,5 e 5 PL de H2O2 a 30% (4°C). As membranas ficaram

imersas nesta solução por 10 minutos ou até aparecerem bandas coradas em

marrom.

8. Provas em branco com soro pré-imune foram incluídas.

4.9 – BIOENSAIO COM LARVAS DE C. capitata

4.9.1 – Curva de Densidade

Para determinação do número mínimo de larvas que poderiam ser usadas no

bioensaio sem, entretanto, afetar o resultado em decorrência da competição, uma

curva de densidade foi primeiramente construída.

O Bioensaio foi realizado em tubo de ensaio para hemólise, onde para cada

tubo foi adicionada dieta para larvas de C. capitata. Cinco densidades foram testadas (20, 40, 60, 80 e 100 larvas por grama de dieta). Para isto, larvas recém

eclodidas foram cuidadosamente transferidas para as dietas dos tubos, e após 96

horas o bioensaio foi paralisado, colocando os tubos em banho de gelo, as larvas

foram retiradas da dieta, lavadas, contadas, enxugadas em papel toalha e por fim

pesadas.

Os experimentos foram feitos em quadruplicatas e os tubos ordenados de

forma aleatória, ordenação esta obedecida na hora da contagem e pesagem das

(52)

4.9.2– Curva de instares larval

Para a determinação e caracterização dos instares larvais de C. capitata, quinze larvas foram coletadas durante cada um dos seis dias do desenvolvimento

larval. Estas larvas foram acondicionadas em microtubos de centrifuga com solução

fixadora (Solução de Pampel: 44% etanol; 4% formaldeído; 6% Ácido acético),

fervidas por um minuto e deixadas em descanso por no mínimo 24 horas. Após esse

período as larvas foram fotografadas e suas imagens analisadas no programa Image

Tool ver. 3.0. Os comprimentos larvais obtidos foram plotados em um gráfico para a

determinação dos instares. Neste tipo de análise cada instar larval é caracterizado

pela formação de agrupamentos de pontos.

4.9.3 – Efeito de vicilinas sobre o Desenvolvimento de Larvas de C. capitata

Para avaliar o efeito das vicilinas purificadas sobre o desenvolvimento de C. capitata, quantidades crescentes de EvV foram adicionadas à dieta das larvas. Foram utilizadas as seguintes concentrações: 0; 0,0125; 0,025; 0,05; 0,1; 0,15; 0,2;

0,25; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0% (p/p). Neste bioensaio 15 larvas recém eclodidas foram

colocadas cuidadosamente em 500 mg de dieta e após 96 horas, as larvas foram

retiradas da dieta, lavadas em NaCl 0,15 M, contadas, enxugadas em papel toalha e

por fim pesadas. Os experimentos foram feitos em quadruplicatas e os tubos

ordenados de forma aleatória, ordenação esta obedecida na hora da contagem e

pesagem das larvas.

4.11– ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para analisar os dados obtidos nos bioensaios foi aplicado uma análise de

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