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Associação entre estado nutricional antropométrico e dificuldades relacionadas à alimentação em pessoas com deficiência visual

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ALINE BENGHI

ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL ANTOPOMÉTRICO E

DIFICULDADES RELACIONADAS À ALIMENTAÇÃO EM PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Natal/RN 2019

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ALINE BENGHI

ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL ANTOPOMÉTRICO E

DIFICULDADES RELACIONADAS À ALIMENTAÇÃO EM PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharelado em Nutrição.

Orientadora: Profa. Dra. Ursula Viana Bagni

Natal/RN 2019

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ALINE BENGHI

ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL E DIFICULDADES

RELACIONADAS À ALIMENTAÇÃO EM PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA VISUAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharelado em Nutrição.

Natal , ____ de _____________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profa. Dra. Ursula Viana Bagni

________________________________________ Ana Gabriella Costa Lemos da Silva

________________________________________ Natália Louise de Araújo Cabra

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RESUMO

Pessoas com deficiência visual estão mais predispostas ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis pela má alimentação, e devem merecer uma atenção especial pelas dificuldades que encontram diariamente para conseguir fazer uma alimentação saudável. Nesse contexto, o presente estudo investigou quais as dificuldades relacionadas a alimentação influenciam no estado nutricional antopométrico das pessoas com deficiência visual. Trata-se de uma investigação do tipo observacional, seccional, desenvolvida com pessoas com diferentes graus de deficiência visual que frequentavam instituições de apoio a pessoas com essa deficiência em Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Foram coletadas medidas antropométricas a fim de avaliar o índice de massa corporal, perímetro da cintura e percentual de gordura corporal para avaliar o estado nutricional antropométrico dos participantes. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o pacote estatístico SPSS versão 20.0, empregando-se o teste do Qui-Quadrado. Dentre os avaliados 58,8% tinha excesso de peso (44,3% com sobrepeso e 14,4% com obesidade) e 80,5% possuía excesso de gordura corporal. Verificou-se também que 44,9% possuía risco para complicações metabólicas associadas à obesidade central em virtude do elevado perímetro da cintura. Houve associação do índice de massa corporal, do perímetro da cintura e do percentual de gordura com as dificuldades relacionadas à alimentação. Neste estudo pessoas com deficiência visual com menor dificuldades na realização de atividades relacionadas a alimentação apresentaram uma maior alteração no seu estado nutricional antopométrico, revelando que é necessário mais estudos para investigar porque pessoas com mais facilidade em desenvolver tarefas estão apresentando maior sobrepeso e obesidade do que pessoas com deficiência visual com grande ou extrema dificuldade.

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ABSTRACT

People with visual impairment are more predisposed to the development of non-communicable chronic diseases due to poor diet, and should deserve special attention for the difficulties they encounter daily in order to eat healthy. In this context, the present study investigated which difficulties related to eating influence the antopometric nutritional status of people with visual impairment. Methodology: This is an observational, cross-sectional research, developed with different degrees of visual impairment attending institutions supporting people with this disability in Natal, Rio Grande do Norte, Brazil. Anthropometric measurements were collected to assess BMI, waist circumference and body fat percentage to assess the antopometric nutritional status of the participants. Statistical analyzes were performed using the SPSS version 20.0 statistical package, using the Chi-square test. Results: Among the evaluated subjects 58.8% were overweight (44.3% overweight and 14.4% obese) and 80.5% had excess body fat. It was also found that 44.9% had a risk for metabolic complications associated with central obesity due to the high waist circumference. Body mass index, waist circumference and fat percentage were associated with feeding difficulties In this study, visually impaired people with less difficulty in performing food-related activities showed a greater change in their antopometric nutritional status, revealing that further studies are needed to investigate why people who are easier to perform tasks are overweight and obese. Than visually impaired people with great or extreme difficulty.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 7 2. METODOLOGIA ... 9 3. RESULTADOS ... 11 4. DISCUSSÃO ... 15 REFERÊNCIAS ... 17

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1 INTRODUÇÃO

Define-se como deficiência visual o espectro que vai desde a visão subnormal até a cegueira. Os graus de deficiência visual dentro da categoria H54, segundo o CID 10 de classificação de nível de deficiência visual, que corresponde a cegueira e a visão subnormal. (BRASIL, 2008). A visão subnormal (ou baixa visão) é a alteração da capacidade funcional decorrente de fatores como rebaixamento significativo da acuidade visual, redução importante do campo visual e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades. (BRASIL, 2008). Já o cego, é o indivíduo com acuidade menor que 0,1 ou campo visual com menos de 20 graus (NUNES, LOMÔNACO, 2008).

A pessoa com deficiência visual enfrenta diversas barreiras, quer sejam atitudinais, arquitetônicas ou comunicativas, que podem levar o indivíduo a limitações no seu dia a dia. Dentre elas, estão a dificuldade de comprar e preparar as refeições sem a ajuda de terceiros, tomar banho e vestir-se, realizar atividades de mobilidade como caminhadas e atividades físicas (PRIORE et al., 2004).

Dificuldades na realização das refeições podem fazer com que o indivíduo procure meios mais práticos para a alimentação, tais como o consumo dos alimentos ultraprocessados, que são convenientes, práticos e portáteis. Geralmente, esses alimentos são desenvolvidos para que possam ser consumidos em qualquer lugar e dispensar o uso de pratos e talheres (MONTEIRO; LOUZADA, 2015).

Desse modo, a tendência pela escolha desse grupo de alimentos pode ser ainda mais expressiva entre as pessoas com deficiência visual que buscam autonomia no momento das refeições. Alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e outros aditivos usados para alterar propriedades sensoriais) (LOUZADA et al., 2015). A composição nutricional desbalanceada inerente à natureza dos ingredientes dos alimentos ultraprocessados favorece o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade que também aumentam o risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como hipertensão, diabetes mellitus e hiperlipidemias. (LEITE-CAVALCANTI et al., 2009). E vários tipos

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de câncer, além de contribuir para aumentar o risco de distúrbios nutricionais (BRASIL, 2014).

Segundo Court (2014), pessoas com deficiência visual estão mais predispostas ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis pela má alimentação, e merecem uma atenção especial pelas dificuldades que encontram diariamente para conseguir fazer uma alimentação saudável. (CAMPOS, 2015). Portanto é importante investigar as necessidades desta população para desenvolver medidas que evitem este quadro.

A literatura ainda é escassa sobre o estado de saúde e nutrição dessa população. Estudo desenvolvido no Rio Grande do Norte avaliando o estado nutricional e composição corporal de pessoas com deficiência visual verificou uma prevalência de 44,3% de sobrepeso, 14,4% de obesidade, de 80,5% de excesso de gordura corporal, além de risco para resistência à insulina e desenvolvimento de síndrome metabólica. (SILVA, 2017). Em investigação com crianças com deficiência visual na Espanha, embora o padrão de consumo alimentar tenha sido semelhante ao de crianças sem deficiência visual, a prevalência de sobrepeso e obesidade foi maior do que em crianças sem deficiência visual. (MONTERO, 2005). Nos Estados Unidos e na Polônia prevalência de excesso de peso corporal e obesidade central entre alunos com deficiência visual americanos também foi maior do que em seus pares poloneses sem deficiência visual (MAGDALENA et al., 2016).

A dificuldade na compra dos alimentos, a impossibilidade de preparar refeições com utensílios cortantes ou mesmo o uso do fogo podem ser variáveis importantes no reflexo do estado nutricional das pessoas com deficiência visual. No Brasil, pouco ainda se sabe sobre essa relação. O aprofundamento no tema é importante para fornecer subsídios aos nutricionistas para o desenvolvimento de ações de alimentação mais assertivas em relação à melhora do estado nutricional e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida dessa população.

Nesse contexto o presente trabalho tem como objetivo avaliar a associação entre estado nutricional antropométrico e dificuldades relacionadas a diferentes aspectos da alimentação em pessoas com deficiência visual.

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2 METODOLOGIA

Este é estudo observacional, seccional, desenvolvido com pessoas do sexo masculino e feminino, com diferentes graus de deficiência visual, que frequentavam instituições de apoio a pessoas com essa deficiência em Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.

A amostra do estudo foi por conveniência, e foram incluídos todos os indivíduos com algum tipo de deficiência visual que tivessem interesse em participar mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – APÊNDICE 1). A coleta de dados ocorreu de agosto de 2016 a setembro de 2017 e a captação dos participantes ocorreu por meio de um convite aos indivíduos que estavam presentes nas instituições de apoio às pessoas com deficiência visual nos dias que houve a coleta ou através de convite inter-participantes.

Foram consideradas elegíveis para pesquisa pessoas de todas as idades com todos os graus de deficiência visual.

Foram incluídas no presente estudo somente as pessoas que deram anuência para a participação, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O termo foi lido pelo avaliador, de forma pausada, com a finalidade de compreensão total para todos os participantes, antes de assinarem ou colocarem a impressão digital.

Consideraram-se inelegíveis para a pesquisa gestantes e pessoas com deficiência física ou enfermidade que impedissem a avaliação antropométrica. Definiram-se como critérios de exclusão as pessoas que, durante as coletas de dados em campo, apresentassem enfermidades ou agravos à saúde que impedissem a coleta das informações (ex. internação hospitalar ocasional, doença infectocontagiosa, etc.) ou que não estivesse presente em todas as fases da coleta de dados, não havendo perda de continuidade neste estudo.

A coleta de dados foi feita por meio da entrevista em que foram abordados aspectos socioeconômicos, demográficos, de saúde e variáveis de consumo alimentar. Foram coletadas medidas antropométricas de peso, estatura, perímetro da cintura e do pescoço, dobras cutâneas tricipital, bicipital, subescapular e suprailíaca seguindo as técnicas propostas por Lohman et al (1992). A partir das medidas de peso e estatura calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC), que foi classificado de

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acordo com os pontos de corte definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 2000).

Calculou-se percentual de gordura, através do somatório das quatro dobras cutâneas, proposto por Durnin&Womersey (1974), classificado pela faixa etária e sexo proposto por Gallagher et al (2000) para adultos e idosos. Para adolescentes considerou-se como pontos de corte para excesso de gordura corporal valores de percentual de gordura ≥ 25% para meninos e ≥ 30% para meninas, os quais, segundo Willams et al (1992), foram capazes de identificar morbidade nesta faixa etária associada ao excesso de gordura corporal.

O perímetro da cintura, de adultos e idosos, foi classificado pelos pontos de corte definidos pela OMS (WHO, 2011), considerando como risco elevado de complicações metabólicas associadas à obesidade central valores > 94 cm para homens e > 80 cm para mulheres (WHO, 2011). Para adolescentes, considerou-se os valores do percentil 80, sendo > 80,1 cm para meninas e > 86,7 cm para meninos, ambos com 18 e 19 anos (TAYLOR et al, 2000).

Os procedimentos de coleta de dados ocorreram após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAAE: 55019416.8.0000.5568, Parecer 1.563.678).

As análises estatísticas foram realizadas utilizando o pacote estatístico SPSS versão 20.0, apresentando-se a distribuição absoluta e relativa das variáveis em forma tabular, e considerando o valor de p<0,05 para significância estatística, empregando o teste estatístico Qui-Quadrado.

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3 RESULTADOS

Participaram do estudo 98 indivíduos, sendo que 45,9% com cegueira total e 54,1% com baixa visão. A maioria era do sexo masculino (57,1%) e de idade adulta (84,7%), adolescentes e idosos representaram (6,1%) e (9,2%) da amostra, respectivamente. Predominaram os indivíduos que não possuíam cônjuge (69,4%), com ensino médio ou superior (57,7%), que eram chefe da sua família (40,8%) e que tinham renda per capita menor que um salário mínimo (78,1%).

Quanto ao estado nutricional, 58,8% da população apresentava algum grau de excesso de peso segundo IMC, e 80,5% apresentou percentual de gordura corporal acima do esperado. Em relação ao perímetro da cintura, 44,9% das pessoas avaliadas possuíam risco de complicações metabólicas associadas à obesidade central. A magreza esteve presente em 5,2% dos participantes.

As atividades relacionadas à alimentação que foram mais frequentes e apresentaram média/alta/extrema dificuldades em mais de 50% da população estudada foram comprar alimentos industrializados e prontos para o consumo; comprar alimentos frescos e perecíveis; fazer refeições fora de casa e identificar se os alimentos estão adequados para o consumo.

Houve associação do IMC com o consumo de alimentos e refeições sólidas, em que as pessoas que possuíam pouca ou nenhuma dificuldade nessa atividade apresentaram maior frequência de excesso de peso do que aqueles que relataram ter grande dificuldade com nessa atividade (64,5% vs. 38,1%; p=0,03).

O percentual de gordura esteve associado apenas à dificuldade de preparar alimentos para o consumo próprio, em que as pessoas que apresentavam baixa dificuldade em realizar essa atividade apresentaram maior frequência de percentual de gordura corporal elevado, quando comparadas àquelas que tinham maior dificuldade em executá-la (88,9% vs. 71,4%; p=0,04).

Tabela 1. Dados socioeconômicos dos participantes.

98 participantes (100%)

Grau de visão Cegueira total (45,9%) Baixa visão (54,1%)

Sexo Homens (57,1%) Mulheres (42,9%)

Faixa etária Adultos (84,7%) Idosos (9,2%) Adolesc. (6,1%)

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Escolaridade Ens. Méd/Sup (57,7%) < Ens.Méd/Sup (42,3%)

Renda Per Capita  Sál. Mín. (21,9%) < Sal. Mín. (78,1%)

Chefe de família Sim (40,8%) Não (59,2%)

Tabela 2. Associação entre o índice de massa corporal (IMC) e o grau de dificuldade para realizar

atividades relacionadas à própria alimentação em pessoas com deficiência visual. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil – 2017.

ATIVIDADE Eutrofia Excesso de

peso

n % n % p-valor

Comprar industrializados e prontos para consumo

Nenhuma/baixa dificuldade 15 41,7 21 58,3 0,95

Média/alta/extrema dificuldade 25 41,0 36 59,0

Comprar alimentos frescos e perecíveis

Nenhuma/baixa dificuldade 20 46,5 23 53,5 0,35

Média/alta/extrema dificuldade 20 37,0 34 63,0

Armazenar alimentos em casa

Nenhuma/baixa dificuldade 31 40,3 46 59,7 0,701

Média/alta/extrema dificuldade 9 45,0 11 55,0

Preparar alimentos para o consumo próprio

Nenhuma/baixa dificuldade 17 34,0 33 66,0 0,135

Média/alta/extrema dificuldade 23 48,9 24 51,1

Colocar os alimentos no próprio prato

Nenhuma/baixa dificuldade 31 41,3 44 58,7 0,914

Média/alta/extrema dificuldade 8 40,0 12 60,0

Comer alimentos e refeições sólidas

Nenhuma/baixa dificuldade 27 35,5 49 64,5 0,03

Média/alta/extrema dificuldade 13 61,9 8 38,1

Comer alimentos e refeições líquidas ou pastosos

Nenhuma/baixa dificuldade 39 41,1 56 58,9 0,799

Média/alta/extrema dificuldade 1 50,0 1 50,0

Comer usando garfo e faca

Nenhuma/baixa dificuldade 32 42,1 44 57,9 1,000

Média/alta/extrema dificuldade 8 42,1 11 57,9

Usar faca para descascar e cortar frutas, legumes e pão

Nenhuma/baixa dificuldade 32 42,7 43 57,3 0,597

Média/alta/extrema dificuldade 8 36,4 14 63,6

Encher copos e garrafas

Nenhuma/baixa dificuldade 34 42,5 46 57,5 0,584

Média/alta/extrema dificuldade 6 35,3 11 64,7

Fazer refeições fora de casa

Nenhuma/baixa dificuldade 18 40,9 26 59,1 0,929

Média/alta/extrema dificuldade 20 40,0 30 60,0

Identificar se os alimentos estão adequados para o consumo

Nenhuma/baixa dificuldade 10 45,5 12 54,5 0,648

Média/alta/extrema dificuldade 30 40,0 45 60,0

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por pessoas com deficiência visual para realizar atividades relacionadas à própria alimentação. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil - 2017

ATIVIDADE

Adequado Elevado p-valor

n % n %

Comprar industrializados e prontos para consumo

Nenhuma/baixa dificuldade 17 45,6 20 54,1 0,156

Média/alta/extrema dificuldade 37 60,7 24 39,3

Comprar alimentos frescos e perecíveis

Nenhuma/baixa dificuldade 22 51,2 21 48,8 0,488

Média/alta/extrema dificuldade 32 58,2 23 41,8

Armazenar alimentos em casa

Nenhuma/baixa dificuldade 45 57,7 33 42,3 0,309

Média/alta/extrema dificuldade 9 45,0 11 55,0

Preparar alimentos para o consumo próprio

Nenhuma/baixa dificuldade 26 51,0 25 49,0 0,393

Média/alta/extrema dificuldade 28 59,6 19 40,4

Colocar os alimentos no próprio prato

Nenhuma/baixa dificuldade 44 57,9 32 42,1 0,302

Média/alta/extrema dificuldade 9 45,0 11 55,0

Comer alimentos e refeições sólidas

Nenhuma/baixa dificuldade 41 53,2 36 46,8 0,480

Média/alta/extrema dificuldade 13 61,9 8 38,1

Comer alimentos e refeições líquidas ou pastosos

Nenhuma/baixa dificuldade 54 56,2 42 43,8 0,113

Média/alta/extrema dificuldade 0 0,0 2 100,0

Comer usando garfo e faca

Nenhuma/baixa dificuldade 45 58,4 32 41,6 0,384

Média/alta/extrema dificuldade 9 47,4 10 52,6

Usar faca para descascar e cortar frutas, legumes e pão

Nenhuma/baixa dificuldade 46 60,5 30 39,5 0,450

Média/alta/extrema dificuldade 8 36,4 14 63,6

Encher copos e garrafas

Nenhuma/baixa dificuldade 48 59,3 33 40,7 0,071

Média/alta/extrema dificuldade 6 35,3 11 64,7

Fazer refeições fora de casa

Nenhuma/baixa dificuldade 24 54,5 20 45,5 0,972

Média/alta/extrema dificuldade 28 54,9 23 45,1

Identificar se os alimentos estão adequados para o consumo

Nenhuma/baixa dificuldade 13 59,1 9 40,9 0,972

Média/alta/extrema dificuldade 41 53,9 35 46,1

Tabela 4. Associação entre o percentual de gordura e o grau de dificuldade para realizar atividades

relacionadas à própria alimentação em pessoas com deficiência visual. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil - 2017 ATIVIDADE Adequado Elevado p-valor Nº % Nº %

Comprar industrializados e prontos para consumo

Nenhuma/baixa dificuldade 6 17, 28 82,4% 0,721

(14)

Comprar alimentos frescos e perecíveis

Nenhuma/baixa dificuldade 7 17,1% 34 82,9% 0,584

Média/alta/extrema dificuldade 10 21,7% 36 78,3%

Armazenar alimentos em casa

Nenhuma/baixa dificuldade 11 15,9% 58 84,1% 0,097

Média/alta/extrema dificuldade 6 33,3% 12 66,7%

Preparar alimentos para o consumo próprio

Nenhuma/baixa dificuldade 5 11,1% 40 88,9% 0,040

Média/alta/extrema dificuldade 12 28,6% 30 71,4%

Colocar os alimentos no próprio prato

Nenhuma/baixa dificuldade 12 17,6% 56 82,4% 0,278

Média/alta/extrema dificuldade 5 29,4% 12 70,6%

Comer alimentos e refeições sólidas

Nenhuma/baixa dificuldade 12 17,6% 56 82,4% 0,400

Média/alta/extrema dificuldade 5 26,3% 14 73,7%

Comer alimentos e refeições líquidas ou pastosos

Nenhuma/baixa dificuldade 17 19,8% 69 80,2% 0,620

Média/alta/extrema dificuldade 0 0,0% 1 100,0%

Comer usando garfo e faca

Nenhuma/baixa dificuldade 12 17,4% 57 82,6% 0,212

Média/alta/extrema dificuldade 5 31,2% 11 68,8%

Usar faca para descascar e cortar frutas, legumes e pão

Nenhuma/baixa dificuldade 13 19,1% 55 80,9% 0,851

Média/alta/extrema dificuldade 4 21,1% 15 78,9%

Encher copos e garrafas

Nenhuma/baixa dificuldade 14 19,4% 58 80,6% 0,961

Média/alta/extrema dificuldade 3 20,0% 12 80,0%

Fazer refeições fora de casa

Nenhuma/baixa dificuldade 9 22,0% 32 78,0% 0,508

Média/alta/extrema dificuldade 7 16,3% 36 83,7%

Identificar se os alimentos estão adequados para o consumo

Nenhuma/baixa dificuldade 3 15,0% 17 85,0% 0,560

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4 DISCUSSÃO

No presente estudo, quando analisamos os resultados encontrados houve uma associação entre as pessoas com deficiência visual com menor dificuldade em consumir alimentos e refeições sólidas e preparar alimentos para o consumo próprio apresentaram uma maior prevalência na alteração no estado nutricional antropométrico.

As demais atividades relacionadas à alimentação como comprar alimentos em geral; armazená-los; coloca-los no próprio prato; comer refeições líquidas ou pastosas; usar garfo e faca; usar faca para descascar e cortar; encher copos e garrafas; fazer refeições fora de casa e identificar se os alimentos estão adequados para o consumo não apresentaram associação com o estado nutricional antropométrico das pessoas entrevistadas.

Foram encontrados poucos estudos na literatura que justificassem essa associação. Um estudo realizado na Universidade do Rio Grande do Norte em pessoas com deficiência visual constatou que a maior parte dos participantes tinha noção da influência do consumo alimentar, adequado ou não, sobre o peso e possivelmente os entrevistados que possuem cegueira total deram maior importância ao que consomem, o que influência em sua imagem e satisfação corporal e que talvez esse maior “controle” com o que consomem possa ser uma ferramenta imprescindível para esses indivíduos, visto que suas noções de imagem corporal são mais subjetivas daqueles que possuem baixa visão (CÂMARA, 2017).

As dificuldades encontradas por esta população, podem gerar maus hábitos alimentares, como a exclusão de certos grupos alimentares ou o consumo de produtos industrializados, visando à praticidade (JONES; BARTLETT; COOKE, 2019) Portanto, supomos também que pessoas com deficiência visual que não dependem de terceiros para auxiliar nas atividades relacionadas à alimentação, possuam hábitos alimentares menos saudáveis. Estudo feito na Holanda em idosos com e sem deficiência visual mostrou que a falta de autonomia das pessoas com deficiência visual favorece sintomas de depressão e ansiedade que podem influenciar no estado nutricional desses indivíduos (KEMPEN et al, 2012). Pode-se supor também que as pessoas com deficiência visual que possuem dependência de terceiros para se alimentar possam se sentir desestimulados no ato de comer, tendo um comportamento mais apático em

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relação a alimentação, desta forma, dificilmente apresentando sobrepeso e obesidade.

Neste estudo, conclui-se que pessoas com deficiência visual com menor dificuldades em consumir alimentos e refeições sólidas e preparar alimentos para o consumo próprio apresentaram uma maior alteração no seu estado nutricional antropométricos, revelando que são necessários mais estudos para investigar porque pessoas com mais facilidade em desenvolver tarefas estão apresentando maior sobrepeso e obesidade do que pessoas com deficiência visual com grande ou extrema dificuldade. Entretanto, constatar que essas duas dificuldades possuem influência sobre o estado nutricional das pessoas com deficiência visual abre uma janela no conhecimento acadêmico sobre esta população. Recai sobre os profissionais nutricionistas reconhecer estas individualidades das pessoas com deficiência visual para o preparo e orientação de dietas. O presente estudo é um ponto inicial para a investigação das dificuldades relacionas a alimentação que esta população enfrenta que afetam seu estado nutricional e consequentemente sua longevidade e qualidade de vida.

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