Universidade Federal da Bahia - UFBA
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Esta obra foi digitalizada no
Centro de Digitalização (CEDIG) do
Programa de Pós-graduação em História da UFBA
Coordenação Geral: Marcelo Lima
Coordenação Técnica: Luis Borges
Março de 2017
F7:?-
‘rrr
i ■ r ■:.I ■■ f é ■־ •׳ -vV :-■-יו«' ^ : ? ' צ /. . *.a ■:-'^״ ?יד-ז:., :'A fc■•־' * A. * V ■ * I '־״ ׳■'■ ' ":' 4 . > ■ iit. t ' i : ־ •l . «■• <1י•.־ ר •,,•«■'u , ■ r ?ל L ^ t .. I; « כי^-• f L k* י f ר•, •*־■-* .• * ־.FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Director — 0 Lira. Sr. Dr. RAMIRO AFFONSO MONTEIRO Vice-Dir ec t o r...
lient«« cathedm tleo«
Os Illms. Srs. Drs, Matériasqueleccionam
José Alvos de Mello . • ... Physica medica.
José Olympio de Azevedo ... Chiinica inedica e mineralogia. Cons. Pedro Ribeiro de A r a n j o ... Botaiiica inodica e zoologia. Cons. Antonio de Cerqueira P i n t o ... Chlmica organica e biologica. Antonio Paciflco Pereira...Histologia theorica e pratica. Alexandre Alfonso do C a rv a lh o ... ׳ Anatomia doscriptíva.
Antonio I’acheco M o n d e s ...Anatomia e physiologia pathologicas.. Egas Carlos Muniz Sodré d’A rag ào ... Patliologia geral.
Manoel José de A r a u j o ...Physiologia tlniorica 0 experimental. Cons. Demotrio Cyriaco T o u r i n h o ... Patliologia medica.
. ...Pathologia cirúrgica.
José Eduardo F reire de Carvalho Filho . . . Materia medica e thcrapeatica, espe-cialmente a brazileira.
* i Anatomia topographica. Medicina• Cons. José Antonio do F reitas... J operatoria e experimental.
( Apparelhüs e poquona cirurgia.
B
ons. Barfio do Ita p o a n ...übstotricia.ons. Rozondo A. Poreira Guimarães . . . . Pliarmacologia 0 arte de formular. Manoel Joaquim Saraiva...Hygiene e liistoria da medicina. Virgílio Climaco D a m a z io ...Medicina legal e toxicologia. Ramiro Alfonso Monteiro...Clínica medica— 1. cadeira. Cons. José Luiz de Almeida C o u to ... 2— < י. »
Cons. José A. Paraizo de M oura... » cirúrgica — 1. » Manool Vi4corÍno P e r o i r a ... 2— « י. » Cíímerio Curdí»so do O liv e ira ... r obstetrica e gynecologica. Francisco dos Santos P e re ira ... » o.ditalmologicà. Augusto F. Maia B itten co u rt... » psycbiatrica.
Alexandre K. <le Castro C e rq u e ir a ... > <10 molest, cutaneas e syphíliticas.. ... > medtca e cirúrgica de criancas.
Adjiiiirlo«
Os Illms. Srs. Drs. Cadeiras
Pedro da Tiiiz Carrascosa...Physica medica.
Sebastião C ardoso... Chimica inodica e mineralogia. Amancio J. Cardoso d’A n d r a d e ... Botanica inedica e zoologia. ...Chimica organíca o bíulogica. Francisco de Assis S o u z a ...llistologioixtheorica o pratica. FoTt.iumto Augusto da Silva J u n io r ... Anatomia descriptiva.
(juilhermo Pereira R a b e llo ...Anatomia e physiologia pathologicas. Mànoel D a n t a s ...J'hysiologia theorica e experimental. ... Materia medica e therapeutica,
espe-cialmente a brazileira.
I Anatomia topogrsphica. Medicina João Ag^ipino da Costa Dorea... ] ojieratoria e experimental.
f Apparolhos e pequena cirurgia. João Gualberto de Souza Gouvêa... Pharmaeologia e arte do formular. Luiz Anselmo da F o n s e c a ...Hygiene e historia da Medicina. José Rodrigues da Costa Dorea Modicína legal e toxicologia. Fredorípo do Castro R e b e l lo ... Clinica módica— 1. cadoira. João TiÜomoat F o n t e s ... » * — 1. » Anisio Circundes de Carvalho... > » — 2. »
Francisco Brauliu P e r e i r a ... • * — 2. » Jose Pedro de tSouza Braga, antigo substituto . » cirúrgica — 1. > Domingos Alves de MeUo ... » > — 1. > Deocleciano Ramos... » » — 2. > Roberto Moreira da S i l v a ... » » — 2. » Carlos F reitas... » obstetrica 6 gynecologica. • ... » ophtalmologica. • ... » psychíatrica.
Carlos FoiToira Santos. . . . ... ’ de molest, cutaneas e syphiliticas
... t medica e ciruigica de crianças. Secretario — 0 Exm. Sr. Couselho׳rc Dr. CINCTNNATO PINTO DA SILVA
Sü״-Secretar10 — 0 nim. Sr. P r. THOMAZ D’AQUINO GASPAR A Faculdade não npprova nem reprova as opiniões emittidas nas theses n])rescntadas.
■-:■a
׳ , ־ ;
t|iá*£5ikei1¥-:: > *
י
i!
A MEU TREZADO PAE
0 Souhor
l U K c i s c o M
0B Â T
0H
o p e s£“i algum merito tiver esta humilde These, ainda que seja devido tão somente á uma recompensa da perseverança ao trabalho, a vós exclusivamente pertence ; peço-vos portanto que a acceiteis como modesta prova da gratidão de que sois merecedor, pela grande somma de sacrifícios, que commigo tendes dispensado á bem da realisação d’este desiderah17n. E se eu no futuro louros
colher, serão depostos á vossos pés e sobre o tumulo de vossa extremosa esposa — minha querida e idolatrada Mãi !
ד ־• י♦ • י .. • .!»״ > t י י♦ ■• Ï״» .-,״ é • W*’•
TEES SOBEE CAD A I'JIA DAS CADEIRAS DO CUESO IIEDICO
« Celui qui mit au jour sos pensées pour faire hriller ses talents, doit s’attendre à la sévérité- (le ses critiques; mais celui (!ui n’écrit que pour satisfaire à un devoir, dont il ne peut se dispenser, à une obligation que lui est imposée^ ' a sans doute dos grands droits à l’indulgence de ses lecteurs et de ses juges. »
•* :י - \ l i I . » : f •* ♦ ־
O P E R A Ç Ã O , C E S A R I A N A
DEFINIÇÃO E HISTORICO
A operação cesariana, que é ainda conhecida pelos
nomes de gastro-hysterotomia, secção cesaria, hyste-
rotomia abdominal, laparo-hysterotomia^ etc., consiste,
em abrir-se, por meio de uma incisão das paredes
abdominaes e uterinas, um caminho pelo qual possa o
feto ser extrahido do ventre materno.
Lançando um rápido olhar sobre o historico, que
até hoje tem sido feito acerca d’esta operação, vimos
que a origem da operação cesariana eleva-se ás mais
remotas epochas.
E assim que a mythologia, narrando o nascimento .
quer de Baccho, quer de Esculapio, nos mostra as
primeiras noções concernentes a essa operação.
O nascimento de Baccho é assim narrado : Jupiter,*
indo visitar Semeie, filha de Cadmus, a qual achava-se
gravida, não tendo reparado no raio que comsigo
OPERAÇAO CESARIANA
zia, deitou fogo á habitação d’aqiiella sua amante^
que foi victima das chaminas, e em seguida ordenou á
Mercúrio que d’ella extrahisse o fructo da concepção,
o qual tendo sido por elle (Jupiter) guardado em sua
côxa, d’ahi foi tirado très mezes depois, recebendo o
nome de Baccho.
A operação cesariana póde ser praticada quer na
mulher viva, quer depois de morta.
Até o século X V foi essa operação tão sómente
praticada em cadaveres de mulheres, recebendo a
denominação de cesariana, por ter sido, graças a sua
efficacia, que Julio Cesar veio ao mundo.
Alguns autores, porém, entendem que Cesar tenha
tomado esse nome da propria operação « cœso matris
utero ».
Litré diz que os Romanos davam o sobrenome de
^ Cesar á todos os individuos, que vinham ao mundo
por meio d’esse processo operatorio.
• . Setecentos annos antes da era Christã appareceu
a celebre lei, que prohibia que fossem sepultados os
cadaveres de mulheres prenhes, sem que primeiro•
sobre elles se praticasse a operação cesariana, lei esta
que foi promulgada por Numa Pompilio.
Ella teve por fim principal a conservação de
dãos para o estado, e em consequência d’isto é que,
segundo a opinião de Plinio, vieram ao mundo
Scipião, o Africano, Manlius, Julio Cesar, e alguns
outros homens notáveis.
Algum tempo depois, foi essa lei abraçada pela
Egreja Romana, não com o fim de conservar cidadãos
para o Estado, mas sim para augmentar o numero dos
christãos, pela administração do baptismo.
Pinard, em um trabalho, que publicou sobre este
assumpto, distinguiu os differentes e seguintes casos
de indicação da operação cesariana post-mortem :
I . ״
Ella é indicada e praticada tão somente no
oitavo e nono mez da prenhez, por isso que n’estas
epochas é que o féto pode gozar da vida extra-uterina,
o que não se dã com o féto de seis mezes.
2° Ella é abraçada pela Egreja, por isso que da sua
intervenção resulta um duplo fim, qual seja obter
os fetos vivos e administrar-lhes o baptismo. É p o r\
essa razão que para a Egreja os cadaveres de mulhereS|
cuja gravidez tem attingido ao 6.” mez, devem soffrer
a operação da hysterotomia.
Foi, porém, no século X V II, que ella foi aconse-
lhada quando Houvesse esperanças de ter-se um feto
viável.
OPERAÇÃO CESARIANA
Finalmente, Rizzoli ( i860 ) e Thévenot que coinba-
tem esta operação, por isso que entendem que a
extracção do feto pelas vias naturaes, ainda que força-
da, é preferivel.
OPERAÇÃO CESARIANA SOBRE A MULHER VIVA
É fóra de duvida, a grande importância que deve
dar-se á operação cesariana, quando praticada na
mulher viva.
A primeira noticia, que a este respeito foi dada ao
mundo scientifico, é devida a Gaspard Bauhin, que
observou, no anno de 1500, o primeiro caso d’essa ope-
ração, coroada de feliz exito.
Queremos fallar do caso *, que vem citado em todos
os compêndios clássicos, relativamente a este assum-
pto, que hodiernamente, graças ao tratamento liste-
riano, tem sido emprehendido e posto em pratica por
alguns eminentes cirurgiões, entre os quaes alguns
brazileiros.
A pratica scientifica da operação cesariana sobre a
mulher viva deve verdadeiramente datar de Rousset,
* Gaspard Bauhin refere que Jacques Nufer a praticou em sua propria mulher, tendo obtido feliz resultado,
visto que ignorando Nufer coinpletainente as graves
consequências que d'ahi podiam provir, e bem assim
sem o conhecimento das regras scientificas, não pode
por certo ter a honra de occupar o primeiro lugar no
diistorico d’essa operação.
EfFectivamente essa gloria cabe ao distincto cirar-
gião Rousset, que em 1581 publicou 0 primeiro tratado
que sobre tal asssumpto conheceu o mundo scienti-
fico, no qual apresentou alguns casos de operação
•cesariana, todos seguidos de feliz resultado.
Como era de esperar, a monographia de Rousset,
/apresentando resultados tão brilhantes, despertou a
curiosidade da parte dos cirurgiões de então, curio-
sidade esta que foi levada á um tal enthusiasmo que
chegaram a praticar essa operação, algumas vezes
sem indicação racional. O abuso foi tal que levou
Scipião Merunia á dizer que se praticava a hystero-
tomia com a mesma facilidade, com que se sangrava
na Italia.
A reacção, porém, não tardou a manifestar-se, e.
essa opinião foi combatida por alguns cirurgiões illus-
très, taes como Ambroise Paré, Peu, Viardel, Guille-
jneau e outros, que por não terem obtido felizes
OPERAÇÃO CESARIANA
resultados, nos casos em que a praticaram, contra ella
levantaram lucta acerrima.
E talvez tivesse ella desapparecido si Gaspard
Bauhin não lhe reivindicasse os créditos com brilhan-
tes e novos casos em seu favor, o que fêl-a novamente
entrar no campo das discussões.
Em 1749, Simon, perante a Academia Real de
Cirurgia, leu um notável trabalho no qual referiu
IO
casos de operação, seguidos de resultado favo־
ravel.
Terrivel, porém, foi a lucta que contra esta operação^
emprehenderam Sacombe e seus adeptos; mas apezar
de tudo isso ella se manteve inabalavel, conseguindo,
de um modo brilhante, ampliar os seus dominios.
Durante o século X V III continuou a discussão
entre os cirurgiões sobre o emprego da operação
cesariana; e no fim do mesmo {em 1768) apresentou-se
Sigault trazendo para o campo da discussão a symphy-
siotomia, operação esta que, disputando a supremacia
sobre aquella, encontrou decididos partidários.
•
Semelhante acontecimento scientifico foi bastante
para que os mais distinctos parteiras d’aquella epocha
• dividissem-se em dous grandes grupos : uns que,
acompanhando Sigault, proclamassem o seu processo־
OPERAÇÃO CESARIANA
operatorio superior a operação cesaria, e outros que
nejassein a sua supremacia ou preferencia, firmando
assim suas crenças e convicções praticas.
Comquanto os adeptos da symphysiotomia mostras-
sem-se decididos partidários d’essa operação, todavia
Gardien, que d’ella foi o mais enthusiasta, vio-a deca-
hir, e muito, do conceito pratico, a ponto do professor
Finard dizer: qiie a medalha mandada cunhar pela
Acadetnia Franceza não tinha 0 valor que aié então
se lhe dava.
Uepois d’essa phase por que passou a obstetrícia, em
que os dois processos operatorios acima apontados
foram discutidos e seriamente analysados, surgio um
outro — a cephalotripsia.
Com o apparecimento d’esse novo processo ope-
ratorio, surgem diversas opiniões acerca do seu valor,
ante a operação cesariana e a symphysiotomia.
Em consequência d’essa preferencia não podia con-
tinuar a divergência, que até então reinava, sem
que para a sciencia resultassem grandes e sérios pre-
juizos.
Era preciso, pois, discriminar-se o que de mais
positivo havia na arte obstetrica.
doutrinas que acima avançamos, surgiu uma eschola
chamada imparcial, que não desconhece as vantagens
que ha entre a operação cesariana e a cephalotripsia,
quando as indicações do caso as reclamam.
E tanto é verdade que actualmente essas operações
são aconselhadas, sendo sua esphera de acção a mais
limitada.
Aqui terminamos a parte histórica da gastro-hyste-
Totomia, passando no primeiro capitulo a occupirmo-
nos do estudo de suas indicações.
DAS INDI<;AÇÕES d a OPERAÇÃO CESARIANA
8 OPERAÇAO CESARIANA
Si Levret disse que a arte obstetrica era tão
nobre pelo seu alcance, quanto util pelo seu fim, pois
que só ella tem a prerogativa de salvar diversos
individuos n’uma só manobra ; também Gueniot affir-
ma que ella é a unica que lança o medico na mais
terrivel perplexidade, quando colloca-o na cruel
alternativa de sacrificar uma existência por outra, ou
de vel־a morrer.
Muitas vezes, em consequência de uma conforma-
ção viciada, vê-se a parturiente estorcer-se no leito da
OPERAÇÃO CESARIANA
dôr sem que a expulsão do feto possa ter logar pelas
vias naturaes. Então debalde intervem a arte com seus
recursos brandos ; sna acção é tão impotente como os
esforços da natureza, e os dous individuos estão con-
demnados á uma morte mais ou menos inevitável.
Dous grandes recursos podem apresentar-se ao
parteiro, e a sua escolha d'elles significa a preferencia
de uma vida á outra, isto é, a salvação da mãe
com sacrificio do filho ou a de um ente desconhecido,
a criança, sacrificando-se a mãe.
É, justamente, na escolha do meio a empregar, em
taes circumstancias, que mais divergem os auctores,
como deprehende-se das opiniões até hoje emitti-
das por alguns distinctes parteiros sobre as indica-
ções da operação cesariana.
Simon e Levret foram os que apresentaram as
primeiras indicações da operação cesariana, e graças a
seus esforços é que esta operação entrou no dominio
da cirurgia.
Segundo Ncegele e Grenser, taes indicações podem
ser divididas em absolutas e relativas.
Haverá indicação absoluta da operação cesariana,
toda vez que o estreitamento do canal pelvi-genital
for tão pronunciado, que o féto não possa ser
OPKEAÇÃO CESARIANA
10
lido, nem vivo, nem morto, do seio materno, pelas vias
naturaes.
Será, porém, relativa quando o estreitamento não
permitte a passagem do féto de termo e de dimensões
normaes, sem que o volume do mesmo seja previa-
mente reduzido.
Rousset comprehendia, entre as indicações da ope-
ração de que nos occupamos, o volume excessivo do
féto, as monstruosidades, as suas posições viciosas, os
estreitamentos das vias genitaes por tumores, callo-
sidades, vicios de conformação, etc.
Simon e Levret reduziram, porém, essas indicações
aos estreitamentos da bacia e á certos casos de turno-
res volumosos do orifício uterino, que não podem ser
extrahidos, sem perigo, ainda maior do que o da secção
cesarea.
Hoje essas indicações tendem a limitar-se cada
•vez mais aos estreitamentos da bacia.
A prenhez extra-uterina pode, em certos casos,,
tornar-se uma indicação absoluta da hysterotomia.
Quanto á indicação absoluta da secção cesarea,
estão accordes todos os parteiros, mas o mesmo não
se dá acerca das indicações relativas. Assim Scanzoni
pratica essa operação nos casos em que 0 estrei
11
OPEEAÇÃO CESAEIANAtamento da bacia é de 68 millimetros^ podendo attin
gir a 8 centímetros, estando o feto vivo.
Hubert aconselha-a nos casos em que o estreita-
mento da bacia é de 7 centímetros, estando a criança
viva, porque diz elle : ninguém tem o direito de
sacrificar um innocente para evitar um perigo, nem
mesino o da secção cesarea.
Baudelocque, além dos casos de estreitamento da
bacia, admitte a indicação d’essa operação em certas
anomalias das partes molles. Elle fixa o gráo de estrei-
tamento em 67 millimetros.
Dubois aceita esse mesmo limite, para o caso
em que o feto esteja vivo, o trabalho do parto come-
çado e as membranas intactas ou recentemente rom-
pidas. No entretanto, porém, nos casos em que o
estreitamento da bacia é de 54 millimetros, elle só
a pratica quando o feto estiver morto.
Depaul, cuja opinião é favoravel á operação, diz;.
« Quand le diamètre antéro-posterieur du détroit
abdominal a au plus 4 centimètres, ou se trouve
au dessous de cette mesure, aucune tergiversation ne
me parait possible. Le seul moyen de délivrer la
femme réside dans l’opération césarienne. Mais si
le bassin, un peu moins rétréci, mesure entre quatre
OPERAÇÃO CESARIANA
12
et six centimètres, jé crois qu'avant de prendre
un parti, il faut se poser la question suivante : L ’enfant
est il mort ou vivant?— Dans la primière supposition
je me résoudrai difficilement à pratiquer l’operation
césarienne, et malgré les difficultés et les dangers réels
de l’embryotomie, c’est à elle que je donnerai la préfe-
rence. Dans la seconde, soutenu par la presque cer-
titude d’extraire un enfant vivant et viable, je me
croirai autorisé à soumettre la femme á l’opération
césarienne. »
Cazeaux e Tarnier hesitam entre a operação cesa-
riana e a cephalotripsia, quando o estreitamento fôr
de 5 centimetros para menos ; não praticando a
gastro-bysterotomia nos estreitamentos acima d’esse
limite.
Jacquemier, não indagando da morte ou vida do
feto, pratica a referida operação, quando o estreita-
mento é inferior á 54 millimetros.
Gueniot, Joulin, Hyernaux admittem como limite
4 centimetros.
O illustrado Pajot , que occupa lugar saliente
no numero dos ardentes partidários da cephalotri-
psia, só indica a secção cesaria, quando o estreita-
mento fôr de 27 millimetros; dando, nos estreita
13
OPERAÇÃO CESARIANA
mentos superiores á esse limite, preferencia á
cephalotripsia pelo seu inethodo especial, chamado
cephalotripsia repetida sem tracções, com o qual tem
elle obtido resultados brilhantes.
F
E tal a exclusão que faz Pajot da operação cesa-
riana, que aconselha a provocação do aborto, toda vez
que, em uma prenhez de poucos mezes, conhecer-sé
um vicio de conformação tal que impossibilite o parto
de dar-se normalmente, porque diz elle: aconselhar o
aborto é recommendar um feticidio, mas premeditar
a operação cesarea é preparar um assassinato scienti-
fico e algumas vezes um feticidio.
Em vista dos perigos da cephalotripsia nos estrei-
tamentos inferiores a 4 centimetres. Charpentier e
muitos outros parteiros escolhem este limite como
sendo o que deve se tomar para indicação absoluta
da secção cesarea.
Todavia differentes parteiros ainda não estão de
accorde, quanto á escolha d’uma ou outra das ope-
rações.
Ora, si a grande maioria d’elles sacrifica o féto com
a esperança de augmentar as probabilidades maternas,
outros ao contrario não se consideram com esse
direito e preferem praticar a operação cesariana
GPEEAÇÃO CESARIANA
14
m e s m o n o s c a s o s d e e s t r e i t a m e n t o i n f e r i o r a 7 c e n ti ^ m e t r o s . Á v ista, p ois, d a g r a n d e d i v e r g ê n c i a q u e r e i n a e m r e l a ç t l o á s o p i n i õ e s d o s m a i s d i s t i n c t o s e i l l u s t r e s p a r t e i r o s , p a r e c i a q u e d e v e r i a m o s h e s i t a r s o b r e a p r e f e r e n c i a d e q u a l q u e r d o s p r o c e s s o s o p e r a t o r i o s n o s c a s o s d e d i s t o c ia . M a s d e n o s s a p a r t e d i r e m o s q u e a l g u m a s d ’e s sa s i n d i c a ç õ e s n ã o s e r ã o p o r n ó s a c e ita s , c o m o m a i s a d i a n t e m o s t r a r e m o s . A s s i m n ã o a d m i t t i m o s a i n d i c a ç ã o d e S c a n z o n i, q u e c h e g a a a c o n s e l h a r a s e c ç ã o c e s a r e a e m b a c i a s d e 8 c e n t i m e t r o s , q u a n d o o f é t o é v i v o ; e b e m assim a d e H u b e r t ; p o r q u a n t o c o m o j u l g a r m o - n o s c o m d i r e i t o d e p r a t i c a r u m a o p e r a ç ã o , q u e p r o v a v e l m e n t e c u s t a r á a v i d a d a p o b r e m u l h e r , s ó p a r a n ã o s a c r i f i c a r m o s a c r i a n ç a H a v e r á t e r m o d e c o m p a r a ç ã o e n t r e a v i d a d ’e s sa m u l h e r , q u e p r o v a v e l m e n t e s e r á c e r c a d a d e aíFeições, c o m a d ’esse e n t e d e s c o n h e c i d o ? V i v e r á essa c r i a n ç a o t e m p o n e c e s s á r i o p a r a f a z e r e s q u e c e r as l a g r i m a s d e r r a m a d a s s o b r e s e u b e r ç o ? S e b e m q u e p e la s r a z õ e s e x p o s t a s n ã o a d m i t t a m o s a o p e r a ç ã o c e s a r ia n a , c o m o s l i m i t e s q u e l h e d ã o S c a n-Ift OPEBAÇÃO CESAKIANA zoni, H u b e r t , B a u d e l o c q u e e o u t r o s , t o d a v i a n ã o p o d e m o s a c e i t a l - a n o c i r c u l o l i m i t a d o q u e lh e t r a ç o u o p r o f e s s o r P a j o t . J u l g a m o s , p o r é m , q u e a e m b r y o t o m i a d e v a s e r p r a t i c a d a , t o d a v e z q u e a i n t r o d u c ç ã o d o c e p h a - l o t r i b o se ja p o s s iv e l , i s t o é, a t é n o s e s t r e i t a m e n t o s d e 5 c e n t i m e t r o s . A b a i x o d ’e s t e l i m i t e a a p p l i c a ç ã o d o i n s t r u m e n t o e a e x t r a c ç ã o d o f é t o a p r e s e n t a m diffi- c u l d a d e s t a e s q u e a u t o r i s a m a p r a t i c a r - s e a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a . P e d i r e m o s , pois, l i c e n ç a á n o s s o s illust1־a d o s m e s t r e s , p a r a , e m v i s t a d a s c o n s i d e r a ç õ e s e x p o s ta s , só a d m i t t i r a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a e m s u a i n d i c a ç ã o ab so lu ta ^ a d o p t a n d o c o m o l i m i t e d a m e s m a os e s t r e i t a m e n t o s d e m e n o s d e 5 c e n t i m e t r o s . D e i x a r e m o s a q u i d e t r a t a r d a o p e r a ç ã o c e s a r e a
post
mortem, p o r q u a n t o n e n h u m p a r t e i r o h a q u e p o s s a
c o n t e s t a l - a o u d e i x a r d e a c e i ta l - a . DAS CONTEA-INDICAÇÕES S e n d o a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a d e a b s o l u t a n e c e s s i d a d e e o p a r t e i r o n ã o se r e s o l v e n d o a p r a t i c a l - a s e m t e r c o n h e c i m e n t o e x a c t o d a a n g u s t i a d a b a c ia , d o v o l u m e ל ־OPEBAÇÃO CESAEIANA
16
f e t a l , d e s u a v i a b i l i d a d e , e tc ., su a s c o n t r a - i n d i c a ç õ e s sã o , p o r isso m e s m o , m u i t o l im it a d a s . E l i a s e m a n a m d o e s t a d o q u e r d o f é to , q u e r d a m u l h e r . E a ssim q u e se o f é t o e s t i v e r m o r t o , e s sa o p e r a ç ã o só d e v e s e r p r a t i c a d a q u a n d o f o r a b s o l u t a m e n t e i m - p o s s i v e l e x t r a h i r ־se a c r i a n ç a p o r o u t r o q u a l q u e r m e i o . י Si, p o r é m , a p e z a r d o f é t o v iv e r , a m u l h e r a c h a r - s e e s g o t a d a , q u e r p o r m o l é s t i a s a n t e r i o r e s ao t r a b a l h o d o p a r t o , q u e r p e l a e x t e n s ã o d ’e s te , o u a i n d a p o r t e n t a - t i v a s d e p a r t o a rtificia l, p o r m a n o b r a s m a n u a e s o u i n s t r u m e n t a e s , n ã o d e v e o p a r t e i r o e m t a e s c i r c u m s - t a n c i a s r e s o l v e r - s e a p r a t i c a l - a , p o r q u e se o fizer, e m v e z d e p e r p e t r a r u m f e t i c i d io , i r á c o m m e t t e r u m a ssas- s in a t o . U m a d a s c i r c u m s t a n c i a s q u e n i u i t o d e v e influir, n o e s p i r i t o d o p a r t e i r o , a n t e s d e r e s o l v e r - s e a p r a t i c a r a h y s t e r o t o m i a , é i n c o n t e s t a v e l m e n t e o m e i o e m q u e se a c h a a p a r t u r i e n t e . E s t á p r o v a d o p o r e s t a t i s t i c a s i n s u s p e i t a s q u e o r e s u l t a d o d a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a p r a t i c a d a n o s l o g a r e s d e c a m p o é m u i t o m a i s f a v o r a v e l q u e q u a n d o n a s g r a n d e s e p o p u l o s a s c id a d e s .PRECAUÇÕES, TEMPO DE OPERAR
E CONDIÇÕES NECESSÁRIAS Á PRATICA DA OPERAÇÃO CESARIANA T e n d o t r a t a d o n o c a p i t u l o p r e c e d e n t e d a s i n d ic a - ç õ e s d a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a , p a s s a r e m o s a g o r a a n o s o c c u p a r d a s p r e c a u ç õ e s , q u e d e v e t o m a r o c i r u r g i ã o n a p r a t i c a d ’e s ta o p e r a ç ã o , d o t e m p o e m q u e d e v e se o p e r a r , e f i n a l m e n t e d a s c o n d i ç õ e s n e c e s s á r i a s á p r a t i c a d a m e s m a o p e r a ç ã o . T o d a v e z q u e e m u m a m u l h e r se r e c o n h e c e r a n e c e s - s i d a d e d a o p e r a ç ã o c e s a r ia n a , d e v e o p a r t e i r o , a l g u m t e m p o a n t e s d o t r a b a l h o d o p a r t o , p r o c u r a r , p o r m e i o d e u m r e g i m e n a p r o p r i a d o , p r e p a r a r o o r g a n i s m o d ’essa m u l h e r , afim d e m e l h o r s u p p o r t a r a o p e r a ç ã o ; p o r iss o q u e , u m a d a s c a u s a s q u e m a is in flu e m p a r a u m m á o r e s u l t a d o n ’e s t a o p e r a ç ã o , é o d e p a u p e r a m e n t o o r g a - n i c o e m q u e , as m ais d a s v ezes, se e n c o n t r a m as m u l h e - r e s , q u e t ê m d e s e r o p e r a d a s . M a s, n e m s e m p r e p o d e r ã o p a r t e i r o i n t e r v i r a t e m p o d e p o d e r l a n ç a r m ã o d o s m e i o s q u e p a r a t a l fim L . L .
I
OPEHAÇAO CESAEIANA
18
d i s p õ e , p o r isso q u e g e r a l m e n t e , só é c h a m a d o d e p o i s d e c o m e ç a d o o t r a b a l h o d o p a r t o , p o d e n d o n ’essas c o n d i ç õ e s t ã o s o m e n t e d i s p o r d o s r e c u r s o s d e o c c a - sião. R e c o n h e c i d a q u e s e ja a n e c e s s i d a d e d a o p e r a ç ã o c e s a r ia n a , d e v e o p a r t e i r o e s c l a r e c e r á p a r t u r i e n t e e á f a m i li a s o b r e as v a n t a g e n s , q u e p o d e m r e s u l t a r d e s e m e l h a n t e o p e r a ç ã o , p o n d e r a n d o - l h e s a o m e s m o t e m p o as r a z õ e s q u e o l e v a r a m a t o m a r t a l d e l i b e - r a ç ã o . D e v e t o r n a r p a t e n t e ás p e s so a s , q u e p e l a p a r t u - r i e n t e se i n t e r e s s a r e m , os p e r i g o s q u e a a m e a ç a m e p r o c u r a r , o q u a n t o e s t i v e r a s e u a l c a n c e , t r a n q u i l i s a l - a e a n in ia l- a . O b t i d o o c o n s e n t i m e n t o d a p a r t u r i e n t e e d a fam ilia, a l g u m a s q u e s t õ e s se a p r e s e n t a m a o e s p i r i t o d o o p e r a - d o r , a n t e s d e e n c e t a r o t r a b a l h o , c o m o s e ja m : Q u a l o m o m e n t o m a i s f a v o r a v e l p a r a p r a t i c a r - s e a o p e r a ç ã o ? A d u r a ç ã o p r e v i a d o t r a b a l h o t e r á in f l u e n c i a s o b r e o r e s u l t a d o final d a o p e r a ç ã o ? C o n c o r d a m t o d o s os p a r t e i r o s q u e a o c c a s i ã o m a is f a v o r a v e l á p r a t i c a d a s e c ç ã o c e s a r i a é a q u e p r e c e d e1 9 OPERAÇAO CESARIANA á r u p t u r a d a s m e m b r a n a s o u a q u e s e g u e - a i m m e d i a t a - m e n t e . A s e g u i n t e e s t a t i s t i c a d e K a y s e r c o n f i r m a e s s a n o s s a a s s e r ç ã o e m r e l a ç ã o ás m ã e s :
Antes ou 6 horas depois da
ru-ptura das membranas ... 39 casos 20 curas 19 mortes De 7 á 24 horas depois... 3 5 » 14 » 21 »
Mais de 24 horas depois... 38 » 13 » 25 »
D i v e r s a s r a z õ e s se a p r e s e n t a m p a r a e x p l i c a r essa d iíF e re n ç a n o r e s u l t a d o d a o p e r a ç ã o , p r o v e n i e n t e d o m o m e n t o e m q u e e ll a é p r a t i c a d a . E n t r e o u t r a s , t e m o s : 1. ״ O f f e r e c e r a d i l a t a ç ã o d o o rific io u t e r i n o u m m e i o fac il d e e s c o a m e n t o d o s l o c h i o s ; 2. ״ F i n a l m e n t e p o d e r - s e c o n t a r c o m as c o n t r a c ç õ e s a c t i v a s d o u t e r o , p a r a p a r a r a h e m o r r h a g i a . Q u a n t o ás c ri a n ç a s , n ’e s se s m e s m o s p e r i o d o s , o r e s u l t a d o fo i o s e g u i n t e :
N o prim eiro... 37 casos 34 vivas 3 mortas No segundo... 32 » 25 » 7 » N o terceiro... 3 7 18 « 19 י »
D ’o n d e c o n c l u i m o s q u e , t a n t o p a r a as c r i a n ç a s c o m o p a r a as p a r t u r i e n t e s , o r e s u l t a d o s e r á t a n t o
OPERAÇÃO CESARIANA
20
m e n o s f a v o r a v e l , q u a n t o m a i s t e m p o d e c o r r e r e n t r e a r u p t u r a d a s m e m b r a n a s e a p r a t i c a d a o p e r a ç ã o . C o m o p r o v a d e q u e a d u r a ç ã o p r é v i a d o t r a b a l h o e x e r c e a l g u m a i n f l u e n c i a s o b r e o r e s u l t a d o d a o p e r a - ç ã o , K a y s e r n o s a p r e s e n t a 164 c a s o s d e o b s e r v a ç ã o , e m q u e a d u r a ç ã o d o t r a b a l h o foi a p r e c i a d a , d a n d o o s e g u i n t e r e s u l t a d o :De 24 horas de duração 20 viveram 40 morreram De 24 horas á 7 2 ... 34 » 41 » Mais de 72 h o ras... 8 » 27 > E m r e l a ç ã o as c r i a n ç a s t a m b é m n ã o l h e s é f a v o r a - v e l a d e m o r a d o t r a b a l h o ; a ssim 11’e s se s m e s m o s c a s o s o r e s u l t a d o foi o s e g u i n t e : De 24 h o ra s ... 24 vivas 16 mortas De 24 á 72 h o ra s ... 48 » 24 » Mais de 7 2 ... 1 1 » 1 7 » E m r e s u m o , s e m p r e q u e f o r p o ssiv e l, d e v e o c i r u r - g i ã o o p e r a r a n t e s o u l o g o d e p o i s d a r u p t u r a d a s m e m - b r a n a s . D e l i b e r a d a q u e s e ja a n e c e s s i d a d e d a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a , o b t i d o o c o n s e n t i m e n t o d a m u l h e r e d a f a m ilia , o c i r u r g i ã o o c c u p a r - s e - h a d o q u a r t o , d a m e z a d e o p e r a r , d o i n s t r u m e n t a l e d e t u d o q u e f o r n e c e s - s a r i o p a r a ta l fim .
21
OPEEAÇAO CESAEIAEA Cuidados— O q u a r t o e s c o l h i d o p a r a p r a t i c a r - s e a o p e r a ç ã o d e v e s e r i s o l a d o , e s p a ç o s o , b e m a r e j a d o e e m b o a s c o n d i ç õ e s h y g i e n i c a s ; s u a t e m p e r a t u r a d e v e s e r m a n t i d a e n t r e 18 e 2 0 g r á o s , o a r d e v e e s t a r s a tu - r a d o d e v a p o r e s d e a g u a p h e n i c a d a . O s o b j e c t e s d e u s o c o m m u m d e v e r ã o a c h a r - s e p e r f e i t a m e n t e lim p o s . A m e s a , s o b r e a q u a l s e r á d e i t a d a a o p e ra n d a ^ d e v e s e r e s t r e i t a , c o l l o c a d a n o c e n t r o d o q u a r t o , afim d e q u e se p o s s a l i v r e m e n t e c i r c u l a l - a d u r a n t e a o p e r a ç ã o .È
p r e f e r i v e l q u e se ja alta, p a r a n ã o f a t i g a r a o o p e r a d o r e a s e u s a j u d a n t e s . Instrumental— P a r a p r a t i c a r essa o p e r a ç ã o , p r e - c i s a o c i r u r g i ã o d e d o u s b i s t u r is , s e n d o un: c o n v e x o e o u t r o r e c t o e a b o t o a d o , d e p i n ç a s d e f o r c i - p r e s s u r a , d e a g u l h a s , t e s o u r a s r e c t a s e c u r v a s , t e n t a - c a n u l a s , fios i n e t a l l i c o s , d e s e d a e d e c a t g u t , f a c h a s a g g l u t i n a t i v a s , g a s e p h e n i c a d a , c o m p i e s s a s , a lg o d ã o p h e n i c a d o , t u b o s d e d r e n a g e m , e s p o n j a s finas, t o a l h a s , s p ra y , s o l u ç ã o p h e n i c a d a , e tc ., e t c . O s i n s t r u m e n t o s d e v e m s e r p e r f e i t a m e n t e l i m p o s e d e s i n f e c t a d o s , as e s p o n j a s n o v a s e c o n s e r v a d a s p o r a l g u m t e m p o e m u m a s o l u ç ã o p h e n i c a d a ; f i n a l m e n t eOPEHAÇlO CESABIANA
22
1
t u d o q u e é n e c e s s á r i o p a r a e s t a o p e r a ç S o d e v e s e r p r e v i a i n e n t e d e s i n f e c t a d o . D e u m c e r t o n u m e r o d e a j u d a n t e s p r e c i s a 0 c i r u r - g iã o p a r a p r a t i c a r a o p e r a ç ã o c e s a r ia n a , s e n d o in d is- p e n s a v e i s , u m p a r a e n c a r r e g a r - s e d a c h l o r o f o r m i s a ç ã o u m p a r a fix a r o u t e r o n a l i n h a m é d i a , m a n t e n d o - o e i n r e l a ç ã o d i r e c t a c o m a p a r e d e a b d o m i n a l ; u m p a r a f o r n e c e r os i n s t r u m e n t o s a o c i r u r g i ã o e p a r a n ã o d e i x a r c a h i r l i q u i d a s n a c a v i d a d e p e r i t o n e a l ; um. o u t r o p a r a e n c a r r e g a r - s e d a p u l v e r i s a ç ã o p h e n ic a d a ,. e f i n a l m e n t e u m a p e s s o a q u e s ir v a p a r a r e c e b e r a c r i a n ç a e p r o p o r c i o n a r - l h e o s p r i m e i r o s c u i d a d o s . A n t e s d e d a r c o m e ç o á o p e r a ç ã o , d e v e o p a r t e i r a e s v a s i a r a b e x i g a e o r e c t o d a o p e r a n d a . O c i r u r g i ã o e s e u s a j u d a n t e s d e v e m a n t e s d a o p e r a - ç ã o l a v a r c o m p l e t a m e n t e as m ã o s , e m u m a f r a c a s o l u ç ã o p h e n i c a d a , n a p r o p o r ç ã o d e 2 V2 70• S u a s v e s t e s d e v e m i g u a l m e n t e s e r s u b m e t t i d a s á p u l v e - r i s a ç õ e s p h e n i c a d a s . D e p o i s d e t u d o d i s p o r , c o l l o c a d o s os a j u d a n t e s e m s e u s r e s p e c t i v o s l o g a r e s e d e p o i s d e a n e s t h e s i a d a a o p e r a n d a , d e v e o c i r u r g i ã o c o m e ç a r a o p e r a ç ã o , p a r a . c u j o d e s e m p e n h o d i v e r s o s m e t h o d o s se a p r e s e n t a m , , e d o s q u a e s p a s s a r e m o s a t r a t a r n o s e g u i n t e c a p it u lo ^DOS D IV E R S O S METHODOS
EMPREGADOS NA PRATICA DA OPERAÇÃO CESARIANA
C o m o d e i x a m o s d i t o n o p r e c e d e n t e c a p i t u l o , d i v e r s o s t e m s id o o s m e t h o d o s p r o p o s t o s e e m p r e - g a d o s p a r a p r a t i c a r - s e a s e c ç ã o c e s a r i a , a l g u n s d o s q u a e s e s t ã o h o j e c o m p l e t a m e n t e a b a n d o n a d o s . A p r e s e n t a r e m o s , e n t r e t a n t o , os q u e c o n h e c e m o s , l i m i t a n d o - n o s á d i z e r p o u c a s p a l a v r a s s o b r e os q u e e s t ã o f ó r a d o d o m i n i o d a p r a t i c a . C o m e ç a r e m o s p o r d e s c r e v e r r e s u m i d a m e n t e o
methodo de Levret^ p o r s e r o m a i s a n t i g o . E s t e m e -
t h o d o , q u e fo i p r o p o s t o p o r G u y d e C h a u l i a c , p a r a a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a post-mortem^ a p p l i c a n d o - o d e p o i s R o u s s e t n a m u l h e r v iv a , t r a z o n o m e d e L e v r e t p o r t e r sid o a p e r f e i ç o a d o p o r e s te u l t i m o c i r u r g i ã o . C o n s i s t e e l l e e m p r a t i c a r - s e u m a i n c i s ã o l o n g i t u - d i n a l p a r a f ó r a d o m u s c u l o g r a n d e r e c t o , p a r a l l e l a - m e n t e á elle, e a i g u a l d i s t a n c i a d ’e ll e e d e u m a l i n h aL
ו
OPERAÇÃO CESARIANA24
t i r a d a d a t e r c e i r a falsa c o s t e l l a á e s p i n h a i li a c a a n t e r o - s u p e r i o r . E s t a i n c i s ã o p o d e s e r f e i t a á d i r e i t a o u á e s q u e r d a d o r e f e r i d o m u s c u l o , c o n f o r m e o f u n d o d o u t e r o a c h a r - s e i n c l i n a d o p a r a u m o u p a r a o u t r o la d o . E s t e m e t h o d o o p e r a t o r i o é u m d o s q u e e s t ã o h o j e c o m p l e t a m e n t e a b a n d o n a d o s . D ’e n t r e as r a z õ e s q u e c o n c o r r e r a m p a r a q u e e l l e t i v e s s e t a l s o r t e , o c c u p a m i m p o r t a n t e l o g a r a s se- g u i n t e s : A h e m o r r h a g i a , q u e p o d e p r o v i r d ’e s sa in c isã o , p r a - t i c a d a e m u m a e s p e s s a m a s s a d e m u s c u l o s , r i c a e m v a s o s d e n ã o p e q u e n o c a l i b r e , e n t r e os q u a e s a c h a - s e a a r t é r i a e p i g a s t r i c a , q u e m u i t o f a c i l m e n t e p ó d e s e r l e s a d a . O m e s m o i n c o n v e n i e n t e p ó d e d e t e r m i n a r a s e c ç ã o d o u t e r o , p o r s e r p r a t i c a d a s o b r e a p a r t e m a is m u s e u - l o s a d ’e s t e o r g ã o ; a l é m d e q u e a s e c ç ã o d a s fib ra s d o s m u s c u l o s t r a n s v e r s o e o b l i q u o d o a b d o m e n , d i ff ic u l ta r ia a u n i ã o d a s b o r d a s d a fe r id a , e m r a z ã o d a t e n d e n c i a a o a f a s t a m e n t o .Methodode L.׳\uv erjat— N ’e s t e m e t h o d o a in c i-
2 5 OPEBAÇÃO CESARIANA t r a n s v e r s a l , i n c i s ã o e s t a q u e , p a r t i n d o d a b o r d a e x t e r n a d o m u s c u l o r e c t o , v a i t e r m i n a r ao n i v e l d a e s p i n h a i li a c a a n t e r o - s u p e r i o r . P r o p u n h a - s e L a u v e r j a t , c o m e s t a in c is ã o , p o u p a r a a r t é r i a e p i g a s t r i c a , f a v o r e c e r a a p p r o x i m a ç ã o d o s l á b i o s d a f e r i d a e d e i x a r e n t r e a i n c i s ã o e o c o l l o u t e - r i n o u m e s p a ç o , e m q u e os l o c h i o s p o d e s s e r a a c c u - m u l a r - s e , a n t e s d e s u a sa h id a , p e l a v a g in a . C o u b e ao m e t h o d o d e L a u v e r j a t a m e s m a s o r t e d o p r e c e d e n t e ; p o r isso q u e , a l e m d a h e m o r r h a g i a d e v i d a á i n c i s ã o d a p a r e d e a b d o m i n a l , t e m o i n c o n v e n i e n t e d e s e c c i o n a r o u t e r o e m u m a z o n a m u i t o v a s c u l a - r is a d a . U m a o u t r a d e s v a n t a g e m q u e c o n t r a si a p r e s e n t a e s s e m e t h o d o , é q u e s e c c i o n a n d o - s e o u t e r o e m s u a p o r ç ã o s u p e r i o r , d e p o i s d a r e t r a c ç ã o d ’esse o r g ã o , d e i x a r á d e h a v e r r e l a ç ã o e n t r e a f e r i d a e x t e r n a ( a b d o - m i n a i ) e a i n t e r n a ( u t e r i n a ) , c i r c u m s t a n c i a e s t a q u e , d e a l g u m m o d o , p ó d e c o m p l i c a r o r e s u l t a d o d a o p e - r a ç ã o , e m r a z ã o d a p o s s i b i l i d a d e d e d e r r a m a r e m - s e o s l o c h i o s , a ssim c o m o l i q u i d o s s a n g u i n o l e n t o s e p u r u - l e n t o s , n a c a v i d a d e a b d o m i n a l . Methodo de St e in— P r o p õ e S t e i n q u e a i n c i s ã o s e j a o b l i q u a e q u e , c o m e ç a n d o u m p o u c o a b a i x o d a s L . L . 4
l
OPERAÇÃO CESARIANA
26
falsas c o s t e l l a s , v á l e r a i i n a r u m p o u c o a c i m a d o r a m o h o r i s o n t a l d o p u b i s d o l a d o o p p o s t o . M a s e s t e m e t h o d o , a p r e s e n t a n d o t o d o s os i n c o n v e - n i e n t e s d o s p r e c e d e n t e s , foi b a n i d o d a p r a t i c a . T e n d o p a s s a d o u m a r a p i d a v i s t a s o b r e e s s e s t r è s m e t h o d o s , q u e e s t ã o f ó r a d o d o m i n i o d a p r a t i c a , p a s s a - r e m o s a e s t u d a r , u m p o u c o m a i s d e t i d a m e n t e , os o u t r o s p r o c e s s o s q u e a c t u a l m e n t e s ã o e m p r e g a d o s . Gastro-elytrotomia—T a l é a d e s i g n a ç ã o d e u m p r o c e s s o e s p e c i a l , d e s t i n a d o a s u b s t i t u i r a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a p r o p r i a m e n t e d ita , e q u e t e m p o r f i m a e x t r a c - ç ã o a rt i fi c i a l d o f e t o s e m l e s a r o p e r i t o n e o e o u t e r o . E s t e m e t h o d o , si é q u e a s s i m se l h e p o d e c h a m a r , e q u e é a i n d a c o n h e c i d o p e l o n o m e d e l a p a r o - e l y t r o t o - m i a e d e m e t h o d o A m e r i c a n o , foi p r o p o s t o , p e l a p r i- m e i r a vez, p o r J o e r g e R i t g e n , e m 1820. E m r a z ã o , p o r é m , d a d e f i c i ê n c i a d a c i r u r g i a a b d o m i - n a l e m t a l e p o c h a , n ã o c o n s e g u i u a g a s t r o - e l y t r o t o m i a f i r m a r - s e c o m o u m v e r d a d e i r o p r o c e s s o o p e r a t o r i o , d e i x a n d o m e s m o d e f i g u r a r e m a l g u m a s o b r a s o b s t e - t r i c a s , e n t ã o p u b l i c a d a s , f i c a n d o p o i s n o e s q u e c i m e n t o p o r m u i t o t e m p o . P o r é m e m 1870 e l l a foi d e n o v o p o s t a e m p r a t i c a27
OPERAÇÃO CES^VEIANA p o r u m d i s t i n c t o c i r u r g i ã o A m e r i c a n o , G a i l l a r d T h o - m a s, o q u a l, e m 1878, l e u u m a m e m ó r i a s o b r e ta l a s s u m p t o , p e r a n t e a A c a d e m i a d e M e d i c i n a d e N e w - Y o r k .A t é 1878 foi essa o p e r a ç ã o p r a t i c a d a seis v e z es, n o s E s t a d o s - U n i d o s , s a l v a n d o - s e 4 m u l h e r e s e f a l l e c e n d o 2 q u e j á se a c h a v a m m o r i b u n d a s . D a s seis c ri a n ç a s , c i n c o f o r a m salvas. E s t e f a v o r a v e l r e s u l t a d o d e v e f a z e r c o m q u e a g a s t r o - e l y t r o t o m i a m e r e ç a m a is a t t e n ç ã o d o s c i r u r - g i õ e s m o d e r n o s . O p r o c e s s o o p e r a t o r i o d ’e s t e m e t h o d o c o n s i s t e e m p r a t i c a r - s e u m a i n c i s ã o s e m i - l u n a r q u e , p a r t i n d o d a e s p i n h a i lia c a a n t e r o - s u p e r i o r , v á t e r m i n a r n a s y m p h i s e p u b i a n a , i n c i s ã o e s t a q u e c o m p r e h e n d a t o d a a e s p e s s u r a d a p a r e d e a b d o m i n a l . P o r e s s a a b e r t u r a i n t r o d u z o c i r u r g i ã o a m ã o n a c a v i d a d e a b d o m i n a l e p r o c u r a a f a s t a r o p e r i t o n e a a t é a t t i n g i r o
cul-de-sac d a v a g i n a c o m o u t e r o .
C h e g a n d o ahi, p r a t i c a r á o o p e r a d o r u m a i n c i s ã o n a p a r t e s u p e r i o r d a v a g in a , i n c i s ã o q u e d e v e t e r a e x t e n - s ã o s u ff i c i e n te p a r a d e i x a r p a s s a r o f e to . G a i l l a r d T h o m a s a c o n s e l h a q u e , p a r a m a i s faci- l i d a d e d a i n c i s ã o d a v a g i n a , i n t r o d u z a - s e n ’e s t a u m aו
OPERAÇÃO CESARIANA 2 8 s o n d a m e t a l l i c a , d e m a n e i r a q u e e ll a se t o r n e s a l i e n t e n a f e r i d a . I n c i s a d a a v a g in a , s e r á o c o ll o l e v a d o p a r a u m a d a s fossas ilia c a s e o f u n d o d o u t e r o s e r á t a m b é m l e v a d o , p o r u m a u x il ia r , p a r a o l a d o o p p o s t o , d e p o i s d o q u e o p r a t i c o i n t r o d u z a m ã o n a c a v i d a d e u t e - r i n a e p r o c u r a e x t r a h i r o f e to , p r a t i c a n d o a v e r s ã o . T a l é a d e s c r i p ç ã o q u e n o s d á G a i l l a r d T h o m a s d ’e s s e m e t h o d o q u e , s e g u n d o elle, e s t á d e s t i n a d o a o c c u p a r i m p o r t a n t e l u g a r n a p r a t i c a o b s t e t r i c a . P a r a e lle e s se m e t h o d o é m a i s f a v o r a v e l e m s e u r e s u l t a d o , d o q u e a g a s t r o - h y s t e r o t o m i a classica_, q u e d u r a n t e 2 5 0 a n n o s , só d e u n o s E s t a d o s - U n i d o s u m c a s o f a v o r a v e l ; a o p a s s o q u e p e l a g a s t r o - e l y t r o t o m i a foi o b t i d o d e n t r o d o e s p a ç o d e 8 a n n o s m a i o r n u m e r o d e c a so s. R e a l m e n t e , i m p o r t a n t e s são as v a n t a g e n s q u e o f fe - r e c e e s se m e t h o d o . É a ssim q u e , c o m e s t e m o d o d e p r o c e d e r , n ã o se i n c i s a n d o o p e r i t o n e o , i m p e d e - s e o d e r r a m a m e n t o d e l i q u i d e s , e m s u a c a v i d a d e , o q u e i n c o n t e s t a v e l m e n t e m u i t o d e v e c o n c o r r e r p a r a o r e s u l t a d o feliz d a o p e r a ç ã o , p o r q u e , c o m o s a b e m o s , u m a d a s c a u s a s d o s d e s a s t r e s d a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a c la s s ic a , sã o as p é r i t o n i t e s , d e v i d a s g e r a l m e n t e á2f) OPERAÇÃO CESARIANA q u e d a d o s l o c h i o s , d e p u s e d e s a n g u e n o p e r i t o n e o , e in r a z ã o d a i n c i s ã o u t e r i n a . S o b o p o n t o d e v i s t a t h e o r i c o a g a s t r o - e l y t r o t o m i a a p r e s e n t a - s e c o m o u m a o p e r a ç ã o d e m u i t o m e r e c i - m e n t o . E n t r e t a n t o R i t g e n , B a u d e l o c q i i e e P h y s i c k n ã o p u d e r a m t e r m i m r as g a s t r o - e l y t r o t o m i a s c o m e - ç a d a s , t e n d o d e l a n ç a r m ã o d a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a c la s s ic a . É assim q u e n ã o p o d e m o s a b r a ç a r f r a n c a m e n t e e s s e m e t h o d o o p e r a t o r i o , si b e m q u e , c o m o d i ss e m o s, o j u l g u e m o s d e m e r e c i m e n t o , s o b o p o n t o d e v ista t h e o r i c o ; e s p e r a n d o , p o is, p a r a n o s d e c i d i r m o s p r ó o u c o n t r a , q u e n o v a s o b s e r v a ç õ e s v e n h a m c o n f i r m a r o u n ã o as e s p e r a n ç a s d e G a i l l a r d T h o m a s ״
Methodo de Deleurye— Incisão recta sobre a
linha alva abdominal— ^^Este m e t h o d o , q u e é a i n d a
c o n h e c i d o p o r m e t h o d o d e M a u r i c e a u e p o r o p e r a - ç ã o c e s a r i a n a c la s s ic a , é d e t o d o s a q u e l l e s p r o p o s t o s p a r a p r a t i c a r - s e a o p e r a ç ã o c e s a r i a n a , o q u e m a i s t e m m e r e c i d o o a p o i o d o s c i r u r g i õ e s . C o n s i s t e e lle , e m r e s u m o , e m p r a t i c a r - s e , s o b r ea
l i n h a m é d i a d o a b d o m e n , u m a i n c i s ã o q u e , c o m e ç a n d oOPERAÇÃO CESARIANA
30
u m p o u c o a b a i x o d o u m b i g o , v á t e r m i n a r q u a t r o c e n - t i m e t r o s a c i m a d o p u b i s . A n t e s d e s u a d e s c r i p ç ã o , a p r e s e n t a r e m o s a s p r i n c i - p a e s r a z õ e s p o r q u e o m e t h o d o , d e q u e n o s o c c u p a - m o s , o b t e v e a p r e f e r e n c i a d o s c i r u r g i õ e s . D ’e n t r e o u t r a s d e s t a c a m - s e as s e g u i n t e s c o n s i d e - r a ç õ e s : A in cisã o , o c c u p a n d o a z o n a q u e l h e d e t e r m i n a e s t e m e t h o d o , n ã o i n t e r e s s a m u s c u l o s n e i n v a s o s i m p o r - t a n t e s , d e s a p p a r e c e n d o p o r isso o p e r i g o d e g r a n d e s h c m o r r h a g i a s , assim c o m o a h y p o t h è s e d o a fa s ta - m e n t o d o s l a b i o s d a f e r i d a , e m r a z ã o d a c o n t r a c ç ã o m u s c u l a r ; o q u e c o m o v i m o s e r a u m a d a s d e s v a n t a - g e n s d o m e t h o d o d e L a u v e r j a t . A i n c i s ã o d o u t e r o , s e n d o p r a t i c a d a e m s u a p o r ç ã o a n t e r i o r , t a m b é m o f f e r e c e v a n t a g e m , p o r s e r e s t a z o n a m e n o s m u s c u l o s a e v a s c u l a r , d i m i n u i n d o assim a h e m o r r h a g i a u t e r i n a . A l é m d e q u e , a e x t e n s ã o d a f e r i d a u t e r i n a t o r n a r - s e - h a r e d u z i d a , d e p o i s d a r e t r a c ç ã o d o u t e r o , a ssim c o m o p e r m a n e c e r á e m r e l a ç ã o d i r e c t a c o m a f e r i d a a b d o m i n a l , f a c i l i t a n d o c o n s e g u i n t e m e n t e a s a b i d a d o s l i q u i d o s p a r a o e x t e r i o r .3 1 OPERAÇÃO CESARIAXA P a s s a n d o á d e s c r i p ç ã o d ’e s t e m e t h o d o , d i v i d i r e m o s p a r a m a i o r f a c i l i d a d e s u a e x e c u ç ã o e m q u a t r o t e m p o s : 1. ״ T e m p o . A b e r t u r a d a c a v i d a d e a b d o m i n a l . 2. ״ T e m p o . I n c i s ã o d a p a r e d e u t e r i n a . 3. ״ T e m p o . E x t r a c ç ã o d o f é t o e d e s e u s a n n e x a s .
4° T e m p o . R e u n i ã o e c u r a t i v o d a f e r i d a .
I . ״
Tempo — Abertura da cavidade abdominal—
P o s t a s e m e x e c u ç ã o t o d a s as i n d i c a ç õ e s n e c e s s á r i a s á p r a t i c a d ’e s ta o p e r a ç ã o , d a s q u a e s j á n o s o c c u p â m e s e m c a p i t u l o p r e c e d e n t e , c o m e ç a r á o c i r u r g i ã o a o p e - r a ç ã o d a s e g u i n t e m a n e i r a : C o l l o c a d o a o l a d o d i r e i t o d a m u l h e r , q u e se a c h a e m d e c u b i t o d o r s a l , e d e p o i s d e c h l o r o f o r m i s a d a esta^ o o p e r a d o r , t e n d o v e r i f ic a d o • a f a l t a d e i n t e r p o s i ç ã o i n t e s t i n a l c o m o u t e r o , e b e m a s sim e s t a n d o e s te fix a d o n a l i n h a m é d i a p o r u m d o s a j u d a n t e s , p r a t i c a u m a i n c i s ã o q u e , c o m e ç a n d o a d o u s c e n t í m e t r o s , p o u c o m a i s o u m e n o s , a b a i x o d o u m b i g o , t e r m i n e q u a t r o c e n t í m e t r o s a c i m a d o p u b i s . S i a p e q u e n a e s t a t u r a d a o p e r a n d a n ã o p e r m i t t i r q u e e s s a in c is ã o , c o m os l i m i t e s i n d i c a d o s , t e n h a e x t e n s ã o s u ff ic ie n te p a r a d a r p a s s a g e m ao f é to , f o r ç o s o é a u g m e n t a l - a , d e v e n d o - s e n ’e s sa c i r c u m s t a n c i a c o n - t i n u a l - a p a r a c i m a e p a r a a e s q u e r d a d o u m b i g o .
OPEHAÇÃO CESAEIANA 3 2 E s t a p r i m e i r a i n c i s ã o d e v e i n t e r e s s a r a p e n a s a p e l l e e o t e c i d o c e l l u l a r s u b - c u t a n e o , i n c i s a n d o - s e e m s e g u i d a os p l a n o s a p o n e v r o t i c o s a t é o p e r i t o n e o , O o p e r a d o r c o m u m a p i n ç a l e v a n t a e s t a m e m b r a n a e faz u m p e q u e n o o rifíc io , p e l o q u a l e lle i n t r o d u z u m a s o n d a d e s u lc o , q u e s e r v i r á d e c o n d u c t o r a o b i s t u r i , p a r a i n c i s a r o p e r i t o n e o a t é o s l i m i t e s d a f e r i d a e x t e - r i o r . E m v e z d e i n c i s a r s o b r e a s o n d a , p o d e - s e faz e l-0 a i n d a s o b r e u m o u d o u s d e d o s d a m ã o e s q u e r d a , i n t r o d u z i d o s n o orifíc io . D u r a n t e a i n c i s ã o d a p a r e d e a b d o m i n a l a l g u n s v a s o s sã o l e s a d o s , d e v e n d o - s e l i g a l - o s o u a p p l i c a r - l h e s p i n ç a s d e f o r c i - p r e s s u r a , t e n d o - s e o c u i d a d o d e a n t e s d e a b r i r o p e r i t o n e o , l i m p a r t o d o o s a n g u e d e r r a m a d o d u r a n t e a i n c i s ã o a b d o m i n a l .
2.° Tempo — Incisão da parede uterina — E o g o
q u e a p a r e d e a b d o m i n a l e o p e r i t o n e o e s t ã o i n c i s a d o s , o u t e r o faz s a l i ê n c i a e n t r e o s l á b i o s d a f e r i d a , e e m - q u a n t o u m a j u d a n t e a p p l i c a e x a c t a m e n t e as b o r d a s d a f e r i d a a b d o m i n a l s o b r e o u t e r o , o o p e r a d o r in c is a -o c a m a d a p o r c a m a d a , d e c i m a p a r a b a ix o . S i 0 o r g ã o t e m s o íf r id o u m a r o t a ç ã o n o t á v e l , é p r e - c is o t e n t a r e n d i r e i t a l - o a n t e s d e c o m e ç a r a in c is ã o .33
OPERAÇAO CESARIANA p o i s se m e s ta p r e c a u ç ã o a l i n h a d e s e c ç a o t o r n a r - s e - h i a o b l i q u a o u m e s m o t r a n s v e r s a l , d e p o i s d a r e t r a c ç ã o . D e l o r e e L u t a u d d i z e m t e r o b s e r v a d o u m c a s o s e m e l h a n t e , n o q u a l a h e m o r r h a g i a loi c a u s a d a m o r t e . E s e m p r e p r e f e r i v e l q u e a i n c i s ã o o c c u p e a p a r t e c e n t r a l d o u t e r o , p o r q u a n t o a h i a c i c a t r l s a ç ã o é m a is facil e a p a r t e m e n o s v a s c u l a r i s a d a . D e s d e q u e o u t e r o e s tá a b e r t o , o D r . W i n c k e l r e c o m m e n d a q u e u m a u x i l i a r c o l l o q u e os d e d o s n o s d o u s â n g u l o s d a i n c i s ã o e os p o n h a e m c o n t a c t o c o m a a b e r t u r a a b d o m i n a l , o q u e t e m p o r fim e v i t a r n ã o s ó o e s c o a m e n t o d e s a n g u e e d e l i q u i d o a m n i o t i c o n a c a v i d a d e p e r i t o n e a l , c o m o t a m b é m a h e r n i a d a s v is c e - r a s a b d o m i n a e s . A n t e s d e i n c i s a r o u t e r o , d e v e - s e p r o c u r a r , p e l a a p a l p a ç ã o , r e c o n h e c e r o p o n t o o c c u p a d o p e l a p i a - c e n t a , e si e s t a e s t i v e r i m p l a n t a d a n a r e g i ã o a n t e r i o r d o u t e r o , é p r e f e r i v e l p r a t i c a r - s e a i n c is ã o s o b r e u m d o s la d o s. O c c a s i õ e s , p o r é m , h a e m q u e n ã o é p o s s iv e l d e t e r - m i n a r o p o n t o q u e e l l a o c c u p a , e e m r a z ã o d ’isso s e r e l l a le s a d a , q u a n d o se faz a i n c i s ã o u t e r i n a ; n ’e s sa c ir-c u m s t a n ir-c i a a ir-c o n s e l h a m q u e se a u g m e n t e r a p i d a m e n t eL. L. 5
OPERAÇÃO CESARIANA
34
i
a i n c i s ã o e, d e s c o l l a n d o a m a s s a p l a c e n t a r i a , p r o m o v a - se, o m a is b r e v e p o s s iv e l, a e x t r a c ç ã o d o féto .
3."
Tempo — Extracção do féto e seus annexos —
A b e r t o o u t e r o , a p r e s e n t a m - s e as m e m b r a n a s , q u e f a r ã o m a i o r o u m e n o r s a l i ê n c i a e n t r e os l á b i o s d a f e r i d a u t e r i n a , c o n f o r m e e s t i v e r e m i n t a c t a s o u r o m - p i d a s . A i n c i s ã o d 'e ll a s d e v e s e r p r a t i c a d a d o m e s m o m o d o q u e a d o p e r i t o n e o , t e n d o e x t e n s ã o i g u a l á d a s e c ç ã o u t e r i n a . A l g u n s p a r t e i r o s a c o n s e l h a m q u e , n o c a so d a s m e m - b r a n a s a c h a r e m - s e i n t a c t a s , s e ja m p e r f u r a d a s p e l a v a g in a , afim d e , e s c o a n d o - s e g r a n d e p a r t e d o l i q u i d o a m n i o t i c o , e v i t a r - s e q u e e s t e se d e r r a m e n o p e r i t o n e o . Q u a n t o a n ó s, j u l g a m o s q u e t a l m o d o d e p r o c e d e r s e j a v a n t a j o s o . A b e r t o , pois, o u t e r o e x t r a h e o p a r t e i r o o f e t o p e l a p a r t e q u e p r i m e i r o se a p r e s e n t a r , c a b e ç a o u pés, f a z e n d o - o , p o r é m , c o m t o d o c u i d a d o p a r a n ã o i r r i t a r a s b o r d a s d a f e r i d a u t e r i n a ; lig a -se e m s e g u i d a o c o r - d ã o e s e c c i o n a - s e - 0 p e l o m e t h o d o o r d i n á r i o , e e n t r e g a - se a c r i a n ç a á p e s s o a q u e l h e d e v e p r e s t a r os p r i m e i r o s c u i d a d o s . N a e x t r a c ç ã o d a c r i a n ç a é p r e f e r i v e l , s e m p r e q u e
3 5 OPEHAÇÃO CESAEIANA f o r p o ssív e l, a p p r e h e n d e l - a p e l a c a b e ç a , p o r isso q u e , p e l a r e t r a c ç ã o , o u t e r o , á m e d i d a q u e se e svasia, v a i d i m i n u i n d o d e c a p a c i d a d e , p o d e n d o c h e g a r a t é o p o n t o d e d i ff ic u l ta r a s a b i d a d a c a b e ç a , se a e x tr a c ç f ío é f e i t a p e l o s p é s ; o q u e , p o r é m , n ã o se d á n o c a s o c o n t r a r i o e m q u e , s e n d o a c a b e ç a e x t r a h i d a e m p ri- m e i r o l o g a r , o r e s t o d o c o r p o s a h i r á f a c i l m e n t e . Si, p o r t e r - s e a p p r e h e n d i d o o f e t o p e lo s pés, a c a b e - ç a t i v e r d iff ic u ld a d e e m sa h ir, d e v e - s e t e n t a r t i r a l - a , i n t r o d u z i n d o - s e as m ã o s n a c a v i d a d e u t e r i n a ; e si a i n d a assim n ã o se c o n s e g u i r e x t r a h i l - a , é n e c e s s á r i o , s e m p e r d a d e t e m p o , a u g m e n t a r a in c is ã o , afim d e n ã o c o m p r o m e t t e r a v i d a d a c r i a n ç a . É c o n v e n i e n t e l e m b r a r q u e , d u r a n t e t o d o e s t e m a n e j o , o s a j u d a n t e s d e v e m t e r o m a i o r c u i d a d o , p a r a i m p e d i r a c a b i d a d e s a n g u e o u m e s m o d e l i q u i d o a m n i o t i c o n o p e r i t o n e o , assim c o m o p r e v e n i r q u e os i n t e s t i n o s f a ç a m b e r n i a . E x t r a b i d o o fe to , o c c u p a - s e o p a r t e i r o d a e x t r a c ç ã o d o d e l i v r a m e n t o . G e r a l m e n t e a p l a c e n t a se d e s c o l l a e s p o n t a n e a m e n t e , e m r a z ã o d a r e t r a c ç ã o u t e r i n a , b a s t a n d o n ’e s se c a so a p p r e b e n d e l - a e e x t r a b i l - a c o m as m e m b r a n a s , t o r - c e n d o - a s afim d e a p r e s e n t a r e m p e q u e n o v o l u m e .