• Nenhum resultado encontrado

Nota de Aula 3

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Nota de Aula 3"

Copied!
43
0
0

Texto

(1)

Nota de Aula 3

Victor de Luna Alves Correia

1

Setembro 2019

1Monitor respons´avel pela cadeira de Macroeconomia 1 ministrada pelo

(2)

Abstract

Essa nota de aula ir´a tratar sobre decis˜oes intertemporais, mais especifica-mente do modelo intertemporal de dois per´ıodos de tempo. Ap´os constru´ıdo o modelo, iremos discutir sobre pol´ıtica fiscal e a equivalˆencia ricardiana associada a ela. Por ´ultimo, entender as falhas da equivalˆencia ricardiana quando afrouxamos algumas hip´oteses do modelo.

(3)

Contents

1 Modelo de uma economia fechada e dois per´ıodos de tempo 3

1.1 Consumidores . . . 4

1.1.1 Restri¸c˜ao Or¸cament´aria do Consumidor para seu per´ıodo de vida . . . 6

1.1.2 Preferˆencias . . . 9

1.1.3 Otimiza¸c˜ao . . . 10

1.1.4 Aumento de renda no per´ıodo corrente . . . 13

1.1.5 Aumento de renda no per´ıodo futuro . . . 16

1.1.6 Mudan¸cas tempor´arias e permanentes na renda . . . . 17

1.1.7 Aumento na taxa de Juros . . . 20

1.2 O governo . . . 25

1.2.1 Equil´ıbrio competitivo . . . 27

1.3 O Teorema da Equivalˆencia Ricardiana . . . 28

1.3.1 Graficamente . . . 30

(4)

1.3.3 Equivalˆencia Ricardiana e a D´ıvida P´ublica . . . 32

1.3.4 Falha da Equivalˆencia Ricardiana na Seguridade Social 33

1.3.5 Falha da Equivalˆencia Ricardiana com Imperfei¸c˜oes no Mercado de Cr´edito . . . 37

(5)

Chapter 1

Modelo de uma economia

fechada e dois per´ıodos de

tempo

Antes de iniciarmos a discuss˜ao te´orica do modelo, observemos algumas ob-serva¸c˜oes em rela¸c˜ao ao processo de escolha intertemporal

Para estudar as decis˜oes de consumo-poupan¸ca dos consumidores, e as escolhas intertemporais de pol´ıtica fiscal do governo, ser´a trabalhado um modelo que considera dois per´ıodos de tempo para a economia, que ´e considerado a estrutura mais simples para entender escolhas intertemporais e problemas dinˆamicos. Os per´ıodos de tempo para o modelo ser˜ao dividos em dois: tempo presente e tempo futuro.

Na escolha intertemporal, uma vari´avel chave ent˜ao, se torna a taxa de juros real, que no modelo ´e a taxa de juros sobre a qual os consumidores e o governo podem emprestar ou tomar emprestado. Esta taxa de juros corresponde ent˜ao ao pre¸co relativo do consumo futuro em termos de consumo presente.

Um princ´ıpio que rege as mudan¸cas no consumo devido a varia¸c˜oes de renda ´e o princ´ıpio de suaviza¸c˜ao do consumo, ou seja, os indiv´ıduos pref-erem alterar o consumo de forma n˜ao radical. Esse consumo bem distribu´ıdo

(6)

´

e diretamente relacionado com as propriedades da curva de indiferen¸ca.

O ´ultimo ponto antes de inciarmos nossa an´alise ´e que nosso modelo de dois per´ıodos de tempo, deixar´a de lado a produ¸c˜ao e o investimento.

A referˆencia para o material densenvolvido neste cap´ıtulo s˜ao os capitulos 9 e 10 do livro Macroeconomics, de Stephen D. Williamson. [1]

1.1

Consumidores

Ao modelar os consumidores do modelo, ao inv´es de denotarmos simples-mente um consumidor representativo, n˜ao h´a dificuldades em se adotar v´arios consumidores diferentes entre si.

Iremos definir o n´umero de consumidores no modelo como N, con-sidere que N ´e um n´umero grande. Ap´os essa defini¸c˜ao, n˜ao estaremos mais considerando a escolha entre consumo e lazer, por´em sua renda ´e dada de forma ex´ogena. Estamos realizando essa simplifica¸c˜ao para que o foco seja analisar a escolha entre consumo e poupan¸ca do consumidor.

Considere a renda presente como sendo y e a renda futura como sendo y’. Al´em da renda apresentada, o consumidor paga um imposto lump sum sobre a renda, denominado por t o imposto pago no per´ıodo presente e t’ o imposto pago no per´ıodo futuro. Por fim, se definirmos a poupan¸ca do consumidor no per´ıodo presente como s e seu consumo como c, podemos escrever a restri¸c˜ao or¸cament´aria do nosso consumidor no per´ıodo presente como:

c + s = y - t (1.1)

Outras premissas adotadas ´e que o consumidor n˜ao possui nenhum ativo no per´ıodo atual, os t´ıtulos s˜ao indiferenci´aveis entre si, ou seja, pagam a mesma taxa de juros e apresentam o mesmo risco de recebimento e que esses t´ıtulos s˜ao negociados diretamente no mercado de cr´edito.

(7)

Considerando a equa¸c˜ao (1.1), se o indiv´ıduo no per´ıodo presente tiver sua poupan¸ca positiva (ou s > 0), ent˜ao podemos dizer que o indiv´ıduo ´

e um ”emprestador” e est´a comprando t´ıtulos no mercado de cr´edito, caso o contr´ario, dizemos que o indiv´ıduo ´e um tomador de empr´estimo e est´a vendendo t´ıtulos no mercado de cr´edito.

Um t´ıtulo emitido no per´ıodo presente do modelo, ´e uma promessa de pagamento de 1+r unidades de consumo do bem no per´ıodo futuro, definindo assim a taxa de juros real do modelo como r. Logo, o pre¸co relativo do consumo futuro em rela¸c˜ao ao consumo presente pode ser definido como: 1/(1+r). Consideramos tamb´em que n˜ao h´a spread na compra e venda de t´ıtulos, ou seja, a taxa de juros que ´e usada para tomar o empr´estimo ´e a mesma para emprestar.

Dado que um indiv´ıduo seja tomador de empr´estimo ou empresta-dor, podemos definir seu consumo no per´ıodo futuro, como a renda dispon´ıvel no per´ıodo futuro (y’ - t’ ) mais o montante final de sua poupan¸ca, ou seja, principal mais juros ((1+r)*s). Como o per´ıodo futuro ´e o ´ultimo per´ıodo da vida do indiv´ıduo, ele escolher´a consumir todos os bens no per´ıodo futuro, como forma de atender ao pressuposto de racionalidade na modelagem. Com isso, podemos obter a seguinte equa¸c˜ao:

c’ = y’ - t’ + (1+r)s (1.2)

Se na equa¸c˜ao (1.2) consideramos o caso de poupan¸ca negativa, seu consumo ser´a a renda dispon´ıvel menos o pagamento do empr´estimo realizado no per´ıodo anterior acrescido de juros.

Dessa forma o consumidor escolhe o consumo presente, o consumo futuro e a poupan¸ca de forma a maximizar o seu bem estar durante todo seu ciclo de vida.

(8)

1.1.1

Restri¸

ao Or¸

cament´

aria do Consumidor para seu

per´ıodo de vida

Nessa se¸c˜ao utilizaremos as duas restri¸c˜oes or¸cament´arias para cada per´ıodo de tempo para formar a restri¸c˜ao para o per´ıodo de vida do consumidor.

Para isso iremos come¸car isolando s na equa¸c˜ao (1.2), de modo a obter:

s = c

0− y0+ t0

1 + r (1.3)

E substituindo a equa¸c˜ao (1.3) na equa¸c˜ao (1.1), podemos obter:

c + c

0− y0+ t0

1 + r = y − t (1.4)

Reajustando a equa¸c˜ao:

c + c 0 1 + r = y + y0 1 + r − t − t0 1 + r (1.5)

Com a equa¸c˜ao (1.5) temos a restri¸c˜ao or¸cament´aria para a vida do consumidor, onde o lado esquerdo representa o valor presente do consumo de toda sua vida, e o lado direito represneta o valor presente de sua renda l´ıquida, com isso podemos determinar os valores ´otimos para c e c’ de forma a obter a maior utilidade poss´ıvel para o indiv´ıduo ao longo de sua vida. Ap´os determinado os n´ıveis ´otimos de consumo, podemos determinar qual a taxa de poupan¸ca correta para a resolu¸c˜ao do problema. Esse ´e o obje-tivo proposto quando foi exposta a decis˜ao do indiv´ıduo entre consumo e poupan¸ca considerando mais de um per´ıodo de tempo na modelagem.

(9)

Para sintetizar podemos definir as vari´aveis ex´ogenas do nosso mod-elo como: r, y, y’, t, t’. J´a as vari´aveis end´ogenas, ou aquelas vari´aveis que queremos explicar como: c, c’, s (Sendo s uma consequˆencia da escolha de c e c’ como j´a foi explicitado anteriormente). Um ponto interessante ´e que apesar de r ser ex´ogeno do ponto de vista do consumidor, ´e end´ogeno no mod-elo, j´a que ´e determinado pelas intera¸c˜oes dos diferentes agentes em busca ou ofertando t´ıtulos.

Conforme j´a descrito anteriormente, o lado direito da equa¸c˜ao (1.5) representa o valor presente da renda l´ıquida do indiv´ıduo durante sua vida, ou seja, se simplificarmos o lado direito, e o escrevemos como we, temos:

we = y + y

0

1 + r − t − t0

1 + r (1.6)

Por correspondˆencia temos que:

c + c

0

1 + r = we (1.7)

A partir da equa¸c˜ao (1.7) podemos obter um gr´afico da restri¸c˜ao or¸cament´aria da vida do consumidor como sendo uma rela¸c˜ao do consumo futuro em fun¸c˜ao do consumo presente, ou algebricamente:

c0 = −(1 + r)c + we(1 + r) (1.8)

(10)

Figure 1.1: Restri¸c˜ao or¸cament´aria do tempo de vida

Iremos agora interpretar os pontos do gr´afico. No ponto B, temos o par ordenado (0, we(1+r)), ou seja, temos o m´aximo que o indiv´ıduo poderia consumir no per´ıodo futuro caso n˜ao consumisse nada no per´ıodo presente. No ponto A temos uma interpreta¸c˜ao similar, mas considerando que o in-div´ıduo n˜ao consuma nada no per´ıodo futuro e consuma toda sua renda no per´ıodo presente. Por´em, conforme delimitamos as propriedades das curvas de indiferen¸ca dos indiv´ıduos, nunca teremos solu¸c˜oes de canto, ou seja, os indiv´ıduos ir˜ao preferir uma combina¸c˜ao de consumo presente e futuro, ao inv´es de concentrar toda a renda em um ´unico per´ıodo.

O ponto E da figura representa o ponto onde o indiv´ıduo ir´a con-sumir toda a renda presente no per´ıodo presente e toda a renda futura no per´ıodo futuro, ou ent˜ao podemos interpretar como o ponto em que a poupan¸ca do indiv´ıduo ´e zero. Entretanto, se considerarmos o segmento de

(11)

reta BE, e o indiv´ıduo se situar nesse segmento, significa que ele obt´em mais utilidade do consumo futuro do que do consumo presente, logo ele ir´a poupar no per´ıodo presente para consumir uma quantidade maior no per´ıodo futuro, j´a que ele deriva uma utilidade maior desse segundo per´ıodo (s ≥ 0), por´em caso o mesmo racioc´ınio se aplique para o consumo presente, o indiv´ıduo ir´a tomar emprestado, gastando mais no per´ıodo presente do que sua renda desse per´ıodo permite, derivando assim mais utilidade, significando que ter´a uma poupan¸ca negativa (s ≤ 0). O ponto faltante da figura ´e em rela¸c˜ao `

a sua inclina¸c˜ao, mas se analisarmos a equa¸c˜ao que gera o gr´afico, podemos identificar a inclina¸c˜ao como -(1+r).

1.1.2

Preferˆ

encias

Iremos determinar a escolha ´otima do consumo presente e futuro, que ser´a dada em fun¸c˜ao tanto da restri¸c˜ao or¸cament´aria do consumidor, quanto de suas preferˆencias.

Para iniciar a discuss˜ao, ´e preciso determinar anteriormente trˆes propriedades para a curva de indiferen¸ca.

1 - Mais ´e sempre prefer´ıvel a menos. Ou seja, estamos considerando uma segmenta¸c˜ao das preferˆencias do consumidor onde n˜ao h´a saciedade.

2 - O consumidor gosta de diversidade em sua cesta. Essa afirma¸c˜ao deriva do fato da curva de indiferen¸ca ser convexa, pois qualquer combina¸c˜ao linear entre duas cestas, levar´a um indiv´ıduo para um maior n´ıvel de utili-dade.

3 - Consumo presente e futuro s˜ao bens normais. Portanto, se h´a um aumento da renda l´ıquida do consumidor, o consumo de ambos os bens (consumo presente e futuro) cresce.

Para determinar as curvas de indiferen¸ca dos indiv´ıduos, ´e comum desenhar o mapa das curvas de indiferen¸ca, conforme a figura abaixo:

(12)

Figure 1.2: Curvas de indiferen¸ca

Como podemos ver no gr´afico, a inclina¸c˜ao da curva de indiferen¸ca ser´a a taxa marginal de substitui¸c˜ao entre consumo presente e consumo fu-turo, com o sinal negativo. Em termos matem´aticos, ´e a derivada da curva de indiferen¸ca em determinado ponto, como demonstrado no gr´afico no ponto A.

1.1.3

Otimiza¸

ao

Considerando os dois assuntos tratados anteriormente: curvas de indiferen¸ca e restri¸c˜ao or¸cament´aria, nessa se¸c˜ao iremos observar onde os dois conceitos se interceptam.

Como a restri¸c˜ao or¸cament´aria ao longo da vida determina a renda m´axima que o indiv´ıduo pode gastar, podemos afirmar que sua escolha ser´a dada em cima da reta de restri¸c˜ao or¸cament´aria, conforme discutido

(13)

anterior-mente, o indiv´ıduo n˜ao deixar´a nenhum ativo no ´ultimo per´ıodo, consumindo-o pconsumindo-or cconsumindo-ompletconsumindo-o. Agconsumindo-ora que sabemconsumindo-os que a escconsumindo-olha ´otima se dar´a sobre a reta de restri¸c˜ao or¸cament´aria, e n˜ao nos poss´ıveis pontos dentro da ´area azul da figura (”Restri¸c˜ao or¸cament´aria do tempo de vida), s´o nos resta saber onde exatamente ser´a o ponto de escolha de consumo do indiv´ıduo, para isso iremos levar em conta suas preferˆencias, pois s˜ao elas que v˜ao determinar se para aquela restri¸c˜ao or¸cament´aria, qual bem o indiv´ıduo d´a mais valor, o consumo presente ou futuro. Se consideramos que o indiv´ıduo valoriza mais o consumo futuro, ent˜ao ele ir´a escolher um ponto que maximize sua utilidade de forma a poupar no tempo presente para consumir mais no per´ıodo futuro, conforme a figura:

Figure 1.3: Escolha ´otima para o indiv´ıduo poupador

Lembrando que o ponto E representa o ponto em que o indiv´ıduo ir´a consumir em cada per´ıodo a renda daquele determinado per´ıodo.Quando nosso consumidor escolhe um ponto A, que representa consumir menos no per´ıodo presente e mais no per´ıodo futuro, temos uma poupan¸ca positiva. Neste ponto A ainda temos que M RSc,c0 = 1 + r, ou seja, o que o indiv´ıduo

(14)

o pre¸co relativo entre esses dois bens, representando assim a escolha ´otima. O n´ıvel de poupan¸ca no ponto A seria determinado ent˜ao por s = y - t - c*

Para derivar a rela¸c˜ao descrita no par´agrafo acima da taxa marginal de substitui¸c˜ao e o pre¸co relativo entre os bens, tomemos o problema do consumidor nas seguintes equa¸c˜oes:

Max U(c,c’)

Sujeito `a restri¸c˜ao: c + 1+rc0 = y + 1+ry0 − t − t0 1+r

Montando o Lagrangeano: L = U(c,c’) + λ(y+1+ry0 −t− t0 1+r−c−

c0 1+r)

Condi¸c˜oes de primeira ordem:

δL δc : U 1(c, c 0) − λ = 0 δL δc0 : U 2(c, c 0) − λ 1+r = 0 δL δλ : y + y0 1+r − t − t0 1+r − c − c0 1+r = 0 Portanto, U 1(c,c0) U 2(c,c0) = M RSc, c 0 = 1 + r

Para o caso semelhante em que o consumidor ´e um tomador de empr´estimo, teremos a situa¸c˜ao do seguinte gr´afico:

(15)

Figure 1.4: Escolha ´otima para o indiv´ıduo tomador de empr´estimo

Agora que temos a forma de determinar a escolha ´otima do in-div´ıduo, iremos partir para o processo de an´alise comparativa, entendendo como as vari´aveis end´ogenas do modelo respondem `as mudan¸cas nas vari´aveis ex´ogenas, como renda presente, renda futura e taxa de juros.

1.1.4

Aumento de renda no per´ıodo corrente

Iremos focar em descobrir como um aumento de renda no per´ıodo corrente afeta as decis˜oes intertemporais do indiv´ıduo, ou mais especificamente: al-tera¸c˜ao no consumo presente, consumo futuro e poupan¸ca.

Para analisar esse efeito partiremos para a an´alise gr´afica. No gr´afico exposto abaixo, considere o ponto de escolha inicial do indiv´ıduo como o ponto A, como est´a `a esquerda do ponto E1, podemos dizer que

(16)

o indiv´ıduo ´e um poupador, lembre-se de que a an´alise ´e correspondente caso o indiv´ıduo seja um tomador de empr´estimo. Continuando a exposi¸c˜ao, se estamos considerando uma expans˜ao na renda corrente do indiv´ıduo, h´a um deslocamento para a direira na restri¸c˜ao or¸cament´aria desse indiv´ıduo, expandindo assim a capacidade de consumo para o indiv´ıduo. Considere a expans˜ao sendo representado pela equa¸c˜ao we2, o novo ponto de escolha ´

otima do indiv´ıduo ser´a no ponto B. Por que?

O primeiro ponto a ser analisado no gr´afico ´e a 3a suposi¸c˜ao tomada

no campo das preferˆencias em que o consumo presente e o consumo futuro s˜ao bens normais, logo, dado que houve um aumento de renda o consumo de ambos os bens (consumo presente e futuro) tem que aumentar. Um outro ponto a ser analisado ´e que o ponto E2 segue a mesma linha do consumo no ponto E1 em rela¸c˜ao ao eixo do consumo futuro, a justificativa ´e que como s´o houve um aumento na renda presente, o ponto de renda futura y’ - t’ ser´a o mesmo, pois n˜ao alteramos nenhuma dessas vari´aveis.

Figure 1.5: Efeito do aumento da renda presente

Passando para o argumento alg´ebrico, e supondo que a renda do per´ıodo presente aumentou de y1 para y2 teremos um aumento da renda do

(17)

indiv´ıduo durante toda a vida. De: we1 = y1 +1+ry0 − t − t0 1+r Para: we2 = y2 +1+ry0 − t − t0 1+r

Logo, a mudan¸ca ao longo da vida na riqueza ser´a:

∆we = we2 − we1 = y2 − y1

Observaremos alguns pontos quando incluimos a an´alise alg´ebrica. O primeiro ´e que o deslocamento da restri¸c˜ao or¸cament´aria se d´a justamente na medida de y2 - y1, j´a o segundo diz respeito `a inclina¸c˜ao, que permanece a mesma, j´a que n˜ao houve altera¸c˜ao na taxa de juros com essa movimenta¸c˜ao.

J´a a mudan¸ca na taxa de poupan¸ca do indiv´ıduo ser´a dada por:

∆s = ∆y − ∆t − ∆c

Como ∆t = 0 e ∆y(AD) > ∆c(AF ) > 0. Temos ent˜ao que um aumento na renda do per´ıodo presente ir´a gerar um aumento na poupan¸ca (∆s > 0). Isso gera um resultado muito importante em rela¸c˜ao `as nossas su-posi¸c˜oes: Se todos os consumidores agem amenizando o consumo em rela¸c˜ao `

a sua renda, ent˜ao o consumo agregado deve ser amenizado em rela¸c˜ao `a renda agregada.

Dessa forma concluimos a an´alise do efeito do aumento da renda no per´ıodo presente nas vari´aveis end´ogenas e consequentemente no equil´ıbrio do modelo.

(18)

1.1.5

Aumento de renda no per´ıodo futuro

De forma an´aloga a como fizemos na se¸c˜ao anterior, iremos analisar os efeitos da suaviza¸c˜ao do consumo de um indiv´ıduo caso haja um aumento em sua renda futura.

Se consideramos por exemplo um indiv´ıduo no per´ıodo presente sem uma gradua¸c˜ao, mas que no per´ıodo futuro ele ter´a terminado sua gradua¸c˜ao, ´

e esperado um aumento da renda futura. Por´em esse aumento da renda futura n˜ao ser´a utilizado apenas para o aumento do consumo futuro, como j´a discutimos, ambos os bens s˜ao normais, com isso nosso indiv´ıduo pode tomar um empr´estimo no per´ıodo presente e pag´a-lo no per´ıodo futuro com o aumento da renda que ele ter´a, de fato, essa ´e a ideia por tr´as do empr´estimo estudantil.

Toda a interpreta¸c˜ao gr´afica nessa se¸c˜ao ´e an´aloga a se¸c˜ao anterior, onde o indiv´ıduo come¸ca com um ponto de escolha inicial A e migra para a escolha B quando h´a o aumento da renda futura. Da mesma forma a restri¸c˜ao or¸cament´aria se desloca para a direita na mesma medida de y’2 - y’1, por´em essa medida ser´a feita em rela¸c˜ao ao eixo de consumo futuro, j´a que estamos tratando de uma mudan¸ca na renda futura. Por fim temos que ∆t = ∆y = 0 e como ∆c = (c2 − c1) > 0, temos que ∆s < 0, dessa forma teremos uma diminui¸c˜ao na poupan¸ca do indiv´ıduo, se ele ´e poupador ir´a poupar menos, e se ele ´e um tomador de empr´estimo ir´a requisitar um maior empr´estimo. As afirma¸c˜oes expostas podem ser verificadas no gr´afico a seguir:

(19)

Figure 1.6: Efeito do aumento da renda futura

A diferen¸ca para um aumento na renda futura em rela¸c˜ao ao au-mento da renda presente ´e que ela leva a uma suavi¸c˜ao do consumo olhando para tr´as, ou seja, no futuro ele ter´a o aumento da renda, mas ele j´a considera no per´ıodo anterior a suaviza¸c˜ao do seu consumo, j´a no aumento da renda corernte, o indiv´ıduo considera a suaviza¸c˜ao do consumo para frente.

1.1.6

Mudan¸

cas tempor´

arias e permanentes na renda

Neste t´opico iremos considerar o seguinte ponto: A mudan¸ca na renda do indiv´ıduo ser´a dada de forma permanente ou tempor´aria?

A priori j´a iremos considerar a afirmativa de que, se um indiv´ıduo receber um “prˆemio de loteria” que aumentar´a sua renda presente de forma tempor´aria, ou seja, n˜ao ser´a um aumento cont´ınuo, esperamos que o in-div´ıduo ir´a poupar a maior parte desse aumento de renda tempor´ario para

(20)

ser gasta no per´ıodo futuro, mas se consideramos que o indiv´ıduo receber´a essa mesma renda da loteria de forma permanente, a cada per´ıodo de rece-bimento, ent˜ao podemos esperar que o volume poupado ser´a menor do que aquele descrito no primeiro caso.

Essa diferen¸ca entre os efeitos de mudan¸cas tempor´arias ou perma-nentes de renda foi articulada por Milton Friedman em 1957 no seu livro A Theory of the Consumption Function, e ficou conhecida como a hip´otese de renda permanente, esse nome foi dado pelo fato de que segundo essa teoria, o determinante prim´ario do consumo presente de um indiv´ıduo ´e sua renda permanente. O mecanismo ´e que um aumento tempor´ario leva a um pequeno aumento da riqueza durante toda a vida do indiv´ıduo, e como nossa restri¸c˜ao or¸cament´aria se refere a todo o per´ıodo de vida do consumidor, ent˜ao teremos uma pequena mudan¸ca no consumo.

No nosso modelo s´o temos dois per´ıodos de tempo, dessa forma, teremos que um aumento de renda tempor´ario quando tivermos um aumento apenas no per´ıodo presente, e um aumento de renda permanente ser´a um aumento tanto no per´ıodo presente quanto no per´ıodo futuro do indiv´ıduo.

Para melhor entendermos o efeito sobre o modelo, vamos novamente consider´a-lo via o aspecto gr´afico (Figura 1.7). Considere a reta AB como sendo a restri¸c˜ao or¸cament´aria inicial do consumidor, onde o ponto H repre-senta sua escolha inicial. Supondo agora um aumento na renda tempor´aria do indiv´ıduo, estamos considerando que s´o ir´a haver aumento de renda no per´ıodo presente, dado por y2 - y1. Com esse aumento da renda, h´a o deslo-camento da restri¸c˜ao or¸cament´aria do consumidor passando para a reta DE, esse deslocamento ´e representado pela distˆancia HL, e J ser´a o novo ponto de escolha do indiv´ıduo.

Supondo agora que o aumento da renda ´e permanente, a renda deve aumentar nos dois per´ıodos de tempo, mas como j´a temos um aumento na renda do per´ıodo presente, basta representar o aumento da renda futura logo ap´os o aumento da renda presente. Por´em estamos considerando que o aumento da renda futura ´e igual ao aumento da renda presente, ou seja y’2 -y’1 = y2 - y1. Devido a este movimento, temos uma nova movimenta¸c˜ao da restri¸c˜ao or¸cament´aria, sendo agora representada pela reta FG, por´em, agora que estamos considerando o per´ıodo futuro, o deslocamento ser´a medido em

(21)

termos de consumo futuro, ou no eixo vertical, de forma que a distˆancia do deslocamento da curva (y’2 - y’1 ) ´e igual `a distˆancia LM.

O racioc´ınio desenvolvido nos par´agrafos anteriores deve ser acom-panhado da observa¸c˜ao da seguinte figura:

Figure 1.7: Aumento Tempor´ario x Permanente na Renda

Concluindo, se a renda aumenta de forma permanente, podemos observar um efeito maior no consumo presente. Por´em, se a renda aumentar apenas temporariamente no per´ıodo presente, teremos os resultados j´a apre-sentados anteriormente, onde iremos observar um aumento de poupan¸ca e o consumo n˜ao ir´a aumentar tanto quanto o aumento da renda.

Iremos considerar futuramente o conceito de efeitos tempor´arios e permanentes quando tivermos analisando o papel do governo no nosso mod-elo, ou seja, quando h´a uma diminui¸c˜ao dos impostos por exemplo, sabemos que o consumidor ir´a reagir de maneira diferente se esse corte tiver um perfil

(22)

tempor´ario ou permanente. Mas iremos discutir melhor quando incorporar-mos o governo no modelo.

1.1.7

Aumento na taxa de Juros

Nesta se¸c˜ao iremos examinar como os consumidores respondem `a mudan¸cas na taxa de juros que mudam a inclina¸c˜ao da restri¸c˜ao or¸cament´aria.

O canal chave pelo qual a taxa de juros afeta o n´ıvel real da econo-mia ´e atrav´es do consumo agregado. Como 1+r1 ´e o pre¸co relativo do con-sumo futuro em termos de concon-sumo presente, uma mudan¸ca na taxa de juros muda efetivamente o pre¸co relativo intertemporal entre os consumos dos dois per´ıodos de tempo. A mudan¸ca na taxa de juros tamb´em ter´a efeitos substi-tui¸c˜ao e renda da sua influˆencia sobre o consumo presente e futuro.

Considere um aumento na taxa de juros. Conforme observamos no gr´afico (Figura 1.8), isso faz com que a inclina¸c˜ao da restri¸c˜ao or¸camet´aria se torne mais ´ıngrime, j´a que a inclina¸c˜ao da restri¸c˜ao ´e dada por −(1 + r). Consideramos tamb´em que o consumidor tem receita positiva, ou seja, y0− t0 > 0.

De acordo com a figura abaixo, quando a taxa de juros aumenta, temos um pivoteamento em torno do ponto E, ou seja, independentemente da taxa de juros, o indiv´ıduo deve poder consumir exatamente o que ganha em determinado per´ıodo, logo a inclina¸c˜ao abranger´a um maior valor no eixo de consumo futuro com o aumento da taxa de juros, j´a que se tornou mais caro o consumo presente em rela¸c˜ao ao consumo futuro. Esta afirma¸c˜ao se d´a pelo fato de que como a taxa de juros est´a maior, significa que o indiv´ıduo pode auferir maiores ganhos se poupar uma parte maior da sua renda, pois no per´ıodo futuro, o retorno sobre sua poupan¸ca (1 + r) ser´a maior. Uma outra interpreta¸c˜ao que pode ser dada ´e que dado um empr´estimo tomado no per´ıodo presente, o indiv´ıduo ter´a que abrir m˜ao de mais unidades de consumo futuro para pagar o empr´estimo no per´ıodo futuro.

(23)

Figure 1.8: Aumento na Taxa de Juros

Para analisar como essa mudan¸ca na inclina¸c˜ao afeta o comporta-mento do consumidor teremos que considerar o caso em que o indiv´ıduo ´e poupador e o caso em que o indiv´ıduo ´e um tomador de empr´estimo, pois como veremos, para cada caso, a dire¸c˜ao do efeito renda da mudan¸ca da taxa de juros ´e diferente para cada situa¸c˜ao.

Primeiro, considere o caso do poupador (s > 0). Assim como j´a explicamos anteriormente, considerando que houve um aumento na taxa de juros de r1 para r2, a mudan¸ca na restri¸c˜ao or¸cament´aria da vida do con-sumidor passar´a de we1 para we2, pivoteando ao retor do ponto E. Considere que o indiv´ıduo escolhe o ponto A como dota¸c˜ao inicial de consumo, e ap´os a mudan¸ca na taxa de juros, escolha o ponto B. Para encontrar o efeito sub-stitui¸c˜ao e o efeito renda da mudan¸ca da taxa de juros, basta deslocar para a esquerda a nova a restri¸c˜ao or¸cament´aria, mantendo sua inclina¸c˜ao, at´e o ponto em que a nova curva de restri¸c˜ao or¸cament´aria tangencie a primeira curva de indiferen¸ca I1, isso ocorrer´a no ponto D. Logo, o movimento do

(24)

ponto A para o ponto D ´e o efeito substitui¸c˜ao puro, esse efeito substitui¸c˜ao representa um aumento do consumo futuro e um decr´escimo do consumo pre-sente, j´a que com o aumento da taxa de juros, o consumo futuro se tornou mais barato em rela¸c˜ao ao consumo presente. O movimento de D para B, ´e o efeito renda. Como nosso consumidor ´e poupador, significa que ele recebe uma remunera¸c˜ao de sua poupan¸ca de (1+r), como r aumentou, ent˜ao ele est´a mais rico. Dado que o consumidor aumentou sua renda e consideramos os dois bens como sendo normais, tanto o consumo futuro ir´a aumentar como o consumo presente, a partir do ponto D. Portanto, o consumo futuro ir´a au-mentar com certeza, j´a que o efeito renda e o efeito substitui¸c˜ao determinam uma mesma dire¸c˜ao para o consumo futuro. Por´em, para o consumo pre-sente, pode aumentar ou diminuir, j´a que o efeito substitui¸c˜ao age na dire¸c˜ao de diminuir o consumo presente e o consumo futuro o aumenta. Se o efeito renda for maior, ent˜ao o consumo presente ir´a aumentar. Para os efeitos discutidos considere a seguite figura:

(25)

Os efeitos na poupan¸ca estar˜ao inversamente correlacionados com o efeito no consumo presente, ou seja, se o consumo presente diminuir, significa que o efeito substitui¸c˜ao ´e maior que o efeito renda, e nesse caso a poupan¸ca ir´a aumentar j´a que o consumo presente diminuiu e vice-versa.

Agora iremos determinar os efeitos sobre o indiv´ıduo que ´e um tomador de empr´estimo (s < 0). Da mesma forma que na an´alise ante-rior, cosidere a taxa de juros subindo de r1 para r2, a restri¸c˜ao or¸cament´aria passando de we1 para we2 e a escolha inicial no ponto A indo para o ponto final B. De maneira similar, podemos isolar os efeitos substitui¸c˜ao e renda deslocando a nova curva de restri¸c˜ao or¸cament´aria para a direita de forma paralela, at´e que essa nova reta deslocada tangencie a cura de indiferen¸ca anterior I1. O efeito substitui¸c˜ao novamente ser´a a distˆancia de A para D, e o efeito renda a distˆancia de D para B. Assim como para o indiv´ıduo emprestador, o efeito substitui¸c˜ao ir´a agir de forma a aumentar o consumo futuro e reduzir o consumo presente, j´a que novamente o consumo futuro se tornou relativamente mais barato que o consumo presente. Entretanto, o efeito renda ´e negativo tanto para o consumo futuro quanto para o con-sumo presente, como o indiv´ıduo toma emprestado e a taxa de juros subiu, significa que ele ter´a que pagar um juros maior no per´ıodo futuro sobre seu empr´estimo, com isso, temos uma queda da riqueza do indiv´ıduo fazendo com que haja a diminui¸c˜ao do consumo futuro e presente. A vari´avel que ser´a dependente do efeito substitui¸c˜ao ou renda ser´a o consumo futuro, e a poupan¸ca dever´a aumentar j´a que n˜ao h´a mudan¸ca na renda presente e ir´a preponderar uma diminui¸c˜ao do consumo presente. Acompanhe o racioc´ınio com a figura abaixo:

(26)

Figure 1.10: Aumento na Taxa de Juros para o poupador

Para sumarizar ambos os casos, temos o mesmo efeito substitui¸c˜ao intertemporal para ambos os consumidores, a saber, poupadores e tomadores de empr´estimo, em que um aumento na taxa de juros causa um barateamento do consumo futuro em rela¸c˜ao ao consumo presente, e o efeito renda ´e oposto em ambos os casos. Dada a afirma¸c˜ao acima, como a Macroeconomia est´a interessada em analisar o consumo agregado, deve ser levado em considera¸c˜ao que na economia existem diversos indiv´ıduos, tanto poupadores como con-sumidores, e queremos determinar como o consumo de ambas as classes de indiv´ıduos ir´a se alterar. ´E normal se considerar que o efeito substitui¸c˜ao seja maior que o efeito renda, j´a que este efeito altera em uma mesma dire¸c˜ao

(27)

o consumo dos indiv´ıduos (poupadores e tomadores), e o efeito renda altera em dire¸c˜oes opostas.

Sumarizando os efeitos acima:

Poupador

Consumo presente - Depende dos efeitos substitui¸c˜ao e renda

Consumo futuro - Aumenta

Poupan¸ca - Depende do consumo presente

Tomador de Empr´estimo

Consumo presente - Diminui

Consumo futuro - Depende dos efeitos substitui¸c˜ao e renda

Poupan¸ca - Aumenta

1.2

O governo

Agora que demonstramos como os consumidores se comportam, para com-pletar a descri¸c˜ao do nosso modelo, precisamos explicar o que o governo faz. Explicitamente, iremos explorar os efeitos no equil´ıbrio de uma determinada pol´ıtica fiscal.

Considere que o governo deseja comprar G unidades de consumo no per´ıodo presente e G’ unidade de consumo no per´ıodo futuro. O n´ıvel determinado dessa compra ser´a dada de maneira ex´ogena. A arrecada¸c˜ao do governo no per´ıodo presente ser´a dada por T. Considerando nosso modelo com N consumidores que pagam uma quantia t de sua renda para o governo, temos que T = N t. Similarmente para o per´ıodo futuro temos que T0 = N t0. A forma que o governo pode tomar recursos emprestados no per´ıodo presente ´

e emitindo t´ıtulos. Lembre-se, os t´ıtulos s˜ao indistingu´ıveis entre si (privados e p´ublicos), e todos pagam uma mesma taxa r. Sendo B a quantidade de

(28)

t´ıtulos emitida pelo governo no per´ıodo presente, a restri¸c˜ao or¸cament´aria do governo no per´ıodo presente ´e dada por:

G = T + B (1.9)

Esta equa¸c˜ao nos diz que os gastos do governo s˜ao financiados atrav´es de emiss˜ao de t´ıtulos e arrecada¸c˜ao de impostos.

Similarmente, teremos a restri¸c˜ao or¸cament´aria para o per´ıodo fu-turo:

G0+ (1 + r)B = T0 (1.10)

Dessa forma o gasto no per´ıodo futuro ´e definido como os impostos arrecadados no per´ıodo futuro, menos(mais) o pagamento(recebimento) da d´ıvida(do montante) dos t´ıtulos ofertados. Dependo apenas se o governo vai emprestar ou tomar emprestado no per´ıodo corrente.

Assim como modelamos a restri¸c˜ao or¸cament´aria para a vida do indiv´ıduo, faremos para o governo, mesclando a restri¸c˜ao or¸cament´aria do per´ıodo presente (Equa¸c˜ao 1.9) com a restri¸c˜ao or¸cament´aria do per´ıodo fu-turo (Equa¸c˜ao 1.10) em um ´unico per´ıodo. Chamaremos ent˜ao essa nova re-stri¸c˜ao or¸cament´aria para os dois per´ıodos do governo como valor-presente da restri¸c˜ao or¸cament´aria do governo.

Resolvendo a equa¸c˜ao (1.10) para B, temos:

B = T

0− G0

1 + r (1.11)

(29)

G + G

0

1 + r = T + T0

1 + r (1.12)

A equa¸c˜ao (1.12) ser´a ent˜ao o valor-presente da restri¸c˜ao or¸cament´aria do governo. Uma interpreta¸c˜ao para essa restri¸c˜ao or¸cament´aria ´e que o gov-erno eventualmente ter´a que pagar seus gastos taxando os cidad˜aos, seja no per´ıodo presente, seja no per´ıodo futuro.

1.2.1

Equil´ıbrio competitivo

Tendo definido o comportamento dos consumidores e do governo, nos resta coloca-los juntos e definir o equil´ıbrio competitivo. Sabemos que se trata de um mercado com N consumidores, e o governo ir´a interagir com esses indiv´ıduos atrav´es do mercado de cr´edito. Na pr´atica, todos os agentes est˜ao comercializando consumo presente em troca de consumo futuro.

Para come¸car a entender o mecanismo, ´e necess´ario antes lembrar que o pre¸co relativo pelo qual o consumo futuro ´e trocado por consumo presente ´e dado por: 1+r1 , que ´e determinado pela taxa real de juros r.

Para que haja o equil´ıbrio competitivo em nosso modelo, ´e necess´ario que trˆes condi¸c˜oes sejam atendidas:

1. Dada a taxa real de juros r, os consumidores ir˜ao escolher nos dois per´ıodos o consumo ´otimo e a taxa de poupan¸ca ´otima.

2. As contas do governo est˜ao em equil´ıbrio, ou seja, a restri¸c˜ao or¸cament´aria do governo ´e respeitada.

3. O mercado de cr´edito est´a em equil´ıbrio (Sp = Sg = B). A

poupan¸ca privada ´e igual a quantidade que o governo precisa tomar em-prestado e vice-versa.

Determinaremos o equil´ıbrio competitivo. Dada a restri¸c˜ao or¸cament´aria do consumidor no per´ıodo corrente, temos que o n´ıvel de poupan¸ca privada pode ser escrita como: Sp = Y − C − T . Por parte do Governo temos que:

(30)

B = G−T . Como Sp = B, iremos igualar as duas equa¸c˜oes que apresentamos

e teremos ent˜ao:

Y − C − T = G − T (1.13)

Rearranjando...

Y = C + G (1.14)

Como as condi¸c˜oes de otimalidade foram atendidas anteriormente, temos que a equa¸c˜ao (1.14) explicitar´a uma condi¸c˜ao ´otima para o modelo.

1.3

O Teorema da Equivalˆ

encia Ricardiana

Nesta se¸c˜ao iremos discorrer sobre o teorema da equivalˆencia ricardiana. O que motiva essa discuss˜ao s˜ao basicamente duas perguntas: 1. H´a a possi-bilidade do governo apresentar d´eficits or¸cament´arios no per´ıodo presente e compens´a-los com um aumento dos impostos no futuro? 2. Faz diferen¸ca em que per´ıodo o governo est´a aumentando a cobran¸ca de impostos?

Antes de apresentar o modelo, ´e imporante entender que a equivalˆencia ricardiana se refere `a neutralidade do tempo do imposto cobrado, ou seja, n˜ao importa em que per´ıodo o governo cobre (ou fa¸ca alera¸c˜oes em) seus impos-tos, seja no per´ıodo presente ou futuro, isso n˜ao ir´a impactar o equil´ıbrio, pois se houver uma diminui¸c˜ao, por exemplo, no imposto pago no per´ıodo pre-sente, ela ter´a de ser exatamente compensada em termos de valor-presente, para garantir que haja o equil´ıbrio nos gastos do governo.

Para entender poss´ıveis respostas a essas perguntas iremos enten-der como o comportamento do governo interfere no nosso modelo. Como j´a

(31)

explicitado na descri¸c˜ao do governo temos que T = N t e T0 = N t0. Substi-tuindo ent˜ao essas express˜oes na restri¸c˜ao or¸cament´aria do Governo, temos que: G + G 0 1 + r = N t + N t0 1 + r (1.15)

Rearranjando a equa¸c˜ao:

t + t 0 1 + r = 1 N[G + G0 1 + r] (1.16)

O que a equa¸c˜ao significa ´e que o valor presente dos impostos para um ´unico consumidor, no lado esquerdo da equa¸c˜ao, ´e a taxa de participa¸c˜ao do consumidor do valor presente dos gastos do governo.

Por´em sabemos que o lado esquerdo da equa¸c˜ao (1.16) est´a presente na restri¸c˜ao or¸cament´aria do consumidor. Faremos ent˜ao uma substitui¸c˜ao do lado esquerdo pelo lado direito na restri¸c˜ao or¸cament´aria do consumidor, de forma a obter: c + c 0 1 + r = y + y0 1 + r − 1 N[G + G0 1 + r] (1.17)

Analisando esta equa¸c˜ao, podemos deduzir que n˜ao importa o per´ıodo de um aumento ou diminui¸c˜ao dos impostos, pois se houver um afrouxamento dos impostos no per´ıodo presente, haver´a um aumento no per´ıodo futuro de forma a ser respeitada a restri¸c˜ao or¸cament´aria do governo. Dessa forma, a riqueza ao longo da vida do consumidor permanecer´a inalterada, e como sua riqueza permanece inalterada, ent˜ao inalterado tamb´em ser´a seu consumo

(32)

presente ou futuro, dado que houve uma mudan¸ca no per´ıodo de cobran¸ca do governo. Portanto, como n˜ao houve altera¸c˜ao nas escolhas dos indiv´ıduos, ent˜ao tamb´em n˜ao haver´a altera¸c˜ao na taxa de juros real. Dessa forma demonstramos que a equivalˆencia ricardiana se manifesta nesse modelo.

Entretanto, apesar de n˜ao haver altera¸c˜oes no consumo, bem-estar, ou na taxa de juros do mercado de cr´edito, h´a efeitos nas poupan¸cas p´ublicas e privadas. Considere a poupan¸ca privada (Sp = Y − T − C) e a poupan¸ca p´ublica (Sg = T − G). Se considerarmos por exemplo uma diminui¸c˜ao dos

impostos cobrados no presente, ou seja, ∆t < 0, ent˜ao o governo dever´a au-mentar a oferta de d´ıvidas para compensar a diminui¸c˜ao dos impostos, mas ter´a que aumentar os impostos no futuro para pagar a d´ıvida emitida no per´ıodo presente. Antecipando esse problema, os consumidores aumentam suas poupan¸cas na mesma medida do corte dos impostos, j´a que eles ser˜ao co-brados no per´ıodo futuro. No mercado de cr´edito, h´a o aumento da poupan¸ca dos consumidores que ´e exatamente igual `a nova quantidade de t´ıtulos ofer-tada pelo governo para cobrir o corte de arrecada¸c˜ao no per´ıodo presente, ent˜ao, n˜ao sobra espa¸co para ter efeito nas poupan¸cas dos indv´ıduos entre eles, dessa forma, a taxa de juros tamb´em n˜ao se altera, pois na mesma me-dida que houve uma maior oferta de t´ıtulos, houve uma maior demanda por eles na mesma medida, mantendo dessa forma a taxa de juros de equil´ıbrio.

Para concluir este cap´ıtulo, podemos afirmar que um corte nos im-postos n˜ao ´e um almo¸co gr´atis.

1.3.1

Graficamente

Podemos mostrar os efeitos da equivalˆencia ricardiana graficamente, con-siderando que h´a um corte de impostos no per´ıodo corrente.

Dado que houve um corte de imposto no per´ıodo corrente, ent˜ao o consumidor ter´a uma maior renda dispon´ıvel no per´ıodo corrente, e uma menor renda dispon´ıvel no per´ıodo futuro, j´a que ele vai diminuir no per´ıodo presente o que deveria pagar ao governo, mas ir´a compensar esse pagamento no per´ıodo futuro. Esse movimento n˜ao ir´a alterar a escolha do indiv´ıduo sobre o consumo, apenas ir´a deslocar seu Endowment Point, deslocando-o de E1 para E2.

(33)

Figure 1.11: Equivalˆencia Ricardiana com um Corte de Impostos para um Poupador

1.3.2

Equivalˆ

encia Ricardiana e o Mercado de Cr´

edito

Mostraremos nessa se¸c˜ao um gr´afico que mostra o funcionamento do mercado de cr´edito sob a equivalˆencia ricardiana.

Na figura abaixo, considere S1p(r) a oferta privada de cr´edito. Esta-mos considerando tal curva como sendo positivamente inclinada, se consid-erarmos a hip´otese de que o efeito substitui¸c˜ao ´e maior que o efeito renda devido a mudan¸cas na taxa de juros. A demanda por cr´edito do governo ´

e dada por B1, que ´e a oferta de t´ıtulos emitidos no per´ıodo. A taxa de equil´ıbrio no mercado ´e dada por r1.

Agora se o governo decide reduzir os impostos no per´ıodo corrente, j´a vimos que isso ir´a representar um aumento de t´ıtulos no mercado de cr´edito, saindo do ponto B1 para B2. Por´em, como j´a foi detalhado na se¸c˜ao anterior, tamb´em haver´a um aumento da poupan¸ca dos consumidores, deslocando a curva para S2p(r), mantendo dessa forma a mesma taxa de juros

(34)

de equil´ıbrio.

Figure 1.12: Equivalˆencia Ricardiana e o Equil´ıbrio no Mercado de Cr´edito

1.3.3

Equivalˆ

encia Ricardiana e a D´ıvida P´

ublica

O teorema da equivalˆencia ricardiana, implica a l´ogica de que o d´ebito (d´ıvida) do governo, representa a responsabilidade de impostos futura dos indiv´ıduos como na¸c˜ao.

Na pr´atica, todavia, muitos problemas relacionados `a pol´ıtica fiscal se d˜ao em volta de como o ˆonus da d´ıvida ´e dividido entre os indiv´ıduos da popula¸c˜ao atual, e futuras gera¸c˜oes. Para analisar esse ponto, precisaremos entender o papel desempenhado por quatro premissas fundamentais na nossa an´alise da equivalˆencia ricardiana.

1. Quando os impostos variam, eles mudam na mesma medida para todos os consumidores no presente e no futuro (Caso contr´ario, existe

(35)

espa¸co para pol´ıticas redistributivas do Governo, que por sua vez mudariam o equ´ılibrio competitivo).

2. Toda d´ıvida do governo ser´a paga durante o ciclo de vida dos consumidores que estavam vivos quando houve mudan¸ca na pol´ıtica fiscal.

3. Os impostos s˜ao lump-sum (No mundo real, a maioria dos impos-tos causam alguma distor¸c˜ao afetando negativamente o bem estar econˆomico, pois normalmente essa distor¸c˜ao est´a relacionada com mudan¸ca nos pre¸cos relativos dos bens).

4. Mercado de cr´edito perfeito - Consumidores podem tomar em-prestado ou emprestar o quanto eles quiserem (Na pr´atica consumidores po-dem se deparar com limites em rela¸c˜ao `a quantidade de cr´edito que eles podem emprestar ou tomar emprestado).

Com essas quatro premissas podemos dar sustento `a nossa an´alise, mas a medida que cada uma ´e quebrada, os resultados discutidos at´e agora n˜ao ser˜ao v´alidos.

1.3.4

Falha da Equivalˆ

encia Ricardiana na Seguridade

Social

Considerar a seguridade social ´e o mesmo que considerar imperfei¸c˜oes no mercado de cr´edito. Como a seguridade social ´e um mecanismo para aju-dar os indiv´ıduos a suavizar seu consumo ao longo da vida, deve ter alguma imperfei¸c˜ao no mercado de forma a impedir os indiv´ıduos a suavizarem de forma ´otima seu consumo. Antes de come¸car nossa an´alise estaremos consid-erano a seguridade social do tipo pay-as-you-go. Essa modalidade representa transferˆencias diretas dos indiv´ıduos jovens para os aposentados.

Para verificar as implica¸c˜oes desse sistema, iremos considerar o mod-elo discutido neste cap´ıtulo, e entender como esse programa de seguridade pode impactar a distribui¸c˜ao de renda ao longo do tempo e entre os in-div´ıduos. Por´em iremos alterar o modelo de forma a acomodar redistribui¸c˜ao de renda intergeracional pelo governo.

(36)

Suponha inicialmente que a seguridade social n˜ao tem efeitos sobre a taxa de juros real. Cada consumidor continuar´a vivendo por dois per´ıodos, sendo os jovens no primeiro e os idosos no segundo. Por´em em cada per´ıodo, haver´a a existˆencia tanto de jovens, como de idosos. Seja N o n´umero de consumidores idosos e N’ o n´umero de consumidores jovens, e a taxa de crescimento da populan¸c˜ao como n, temos que:

N0 = (1 + n)N (1.18)

Por simplicidade, considere que o gasto do governo ´e zero em todos os per´ıodos. Antes de uma data T determinada, n˜ao existia pagamento de seguridade social, mas a partir dessa data, passou a existir. A partir dessa data, o governo est´a garantindo que quando os consumidores estiverem idosos, ir˜ao receber uma quantida de b bens de consumo. Dessa forma, o imposto pago pelo consumidor idoso ap´os o per´ıodo T, e para os per´ıodos subsequentes ´e t0 = −b. Considerando ent˜ao que todo o valor pago pela popula¸c˜ao jovem em imposto (N0t) ´e recebido pela popula¸c˜ao idosa (N b), temos:

N0t = N b (1.19)

A partir da equa¸c˜ao (1.18) temos que NN0 = (1 + n) e a partir da equa¸c˜ao (1.19) temos que NN0 = bt, igualando ambas as equa¸c˜oes e resolvendo para t, chegaremos no seguinte resultado:

t = b

1 + n (1.20)

(37)

Os indiv´ıduos idosos no per´ıodo T, n˜ao tiveram que contribuir para a seguridade social, mas ir˜ao receber o benef´ıcio dos mais jovens, dessa forma, n˜ao houve pagamento de imposto quando este consumidor idoso era jovem, de forma a n˜ao alterar sua renda presente, mas ter aumentado sua renda futura, devido ao benef´ıcio recebido da seguidade social. A afirmativa pode ser contemplada atrav´es do seguinte gr´afico:

Figure 1.13: Benef´ıcio da seguridade para os indiv´ıduos idosos no per´ıodo T

Com o recebimento do benef´ıcio social, a renda dispon´ıvel do con-sumidor passa de y’ para y’+b. Claramente no per´ıodo inicial, o concon-sumidor estar´a em melhor posi¸c˜ao, pois n˜ao teve que se desfazer de sua renda para receber o benef´ıcio. Mas o que acontece nos per´ıodos subsequentes?

Para esses consumidores, quando consideramos a seguridade social, sua renda dispon´ıvel no per´ıodo corrente ser´a y - t, e no per´ıodo futuro igual a y’ + b, seu Endowment Point ir´a mudar de E1 para E2. Como consideramos no in´ıcio dessa subse¸c˜ao de que a taxa de juros permaneceria constante, ent˜ao a reta DF ter´a a mesma inclina¸c˜ao da reta AB. Para o caso demonstrado na figura abaixo, temos de forma impl´ıcita que n > r, alterando dessa forma a

(38)

restri¸c˜ao or¸cament´aria para fora. Se n < r, ent˜ao a restri¸c˜ao or¸cament´aria iria diminuir, e o consumidor estaria em uma pior posi¸c˜ao.

Figure 1.14: Benef´ıcio da seguridade para os indiv´ıduos nascidos no per´ıodo T em diante

Formalmente teremos que:

we = y − b 1 + n + y0+ b 1 + r = y + y0 1 + r + b(n − r) (1 + r)(1 + n) (1.21)

Podemos ent˜ao determinar que o indiv´ıduo estar´a melhor se n > r e pior se n < r. Para isso basta observarmos o lado direito da equa¸c˜ao acima, explicitamente o termo que multiplica b.

No in´ıcio desta se¸c˜ao, afirmamos que deveria haver alguma falha de mercado para que o governo pudesse intervir para melhorar a situa¸c˜ao

(39)

de todos. Essa falha ´e a impossibilidade de indiv´ıduos do per´ıodo presente negociar com indiv´ıduos que ainda n˜ao nasceram. Com o governo h´a a in-stitucionaliza¸c˜ao da seguridade social, garantindo de forma compuls´oria que os indiv´ıduos que ainda n˜ao nasceram ter˜ao que pagar a aposentadoria dos mais velhos, mantendo dessa forma o equil´ıbrio do benef´ıcio.

1.3.5

Falha da Equivalˆ

encia Ricardiana com

Imper-fei¸

oes no Mercado de Cr´

edito

Nesta se¸c˜ao iremos simplesmente demonstrar como a equivalˆencia ricardiana pode falhar quando simplesmente a taxa pela qual um indiv´ıduo empresta seja diferente daquela a qual um outro indiv´ıduo toma emprestado.

Novamente iremos utilizar o modelo de dois per´ıodos de tempo de-senvolvido neste cap´ıtulo.

Considere um consumidor que empresta `a taxa de juros r1, e que toma emprestado `a taxa de juros r2, onde r2 > r1. Para o momento presente a restri¸c˜ao or¸cament´aria do indiv´ıduo permanecer´a inalterada conforme a conhecemos: c + s = y − t. Por´em, a restri¸c˜ao or¸cament´aria do per´ıodo futuro ser´a:

c0 = y0− t0+ s(1 + r1) (1.22) Caso o consumidor seja um emprestador (s > 0)

E ser´a:

c0 = y0− t0+ s(1 + r2) (1.23) Caso o consumidor seja um tomador de empr´estimo (s < 0).

(40)

Da mesma forma que derivamos a restri¸c˜ao or¸cament´aria para toda a vida do consumidor, teremos:

c + c 0 1 + r1 = y + y 0 1 + r1 − t − t 0 1 + r1 = we1 (1.24)

Caso o consumidor seja um emprestador, e dessa forma estar´a su-jeito `a taxa de juros r1.

E caso seja um tomador de empr´estimo, estar´a sujeito `a taxa r2, e ter´a a seguinte restri¸c˜ao:

c + c 0 1 + r2 = y + y 0 1 + r2 − t − t 0 1 + r2 = we2 (1.25)

Iremos ent˜ao agora desenhar um gr´afico da restri¸c˜ao or¸cament´aria do consumidor. Onde a reta AB representa a equa¸c˜ao (1.24) e a reta DF representa a equa¸c˜ao (1.25). A restri¸c˜ao or¸cament´aria ser´a a ´area pintada de azul, ou AEF, onde E ´e o ponto em que c = y − t e c0 = y0− t0, ou seja, o

endowment point. Portanto, no ponto E haver´a uma quina, pois significa que se o consumidor for um tomador de empr´estimo e sua decis˜ao de consumo se localiza a direita do ponto E, ele estar´a sujeito `a taxa de juros r2. Por´em, se o consumidor for um emprestador e estiver ao lado esquerdo do ponto E, estar´a sujeito `a taxa r1. Dessa forma, ´e poss´ıvel incorporar duas taxas de juros no nosso modelo, uma para quem empresta, e outra para quem toma emprestado.

(41)

Figure 1.15: Consumidor enfretando diferentes taxas de juros

Considere agora que tenhamos um corte no imposto no per´ıodo corrente para o indiv´ıduo em considera¸c˜ao. Considere tamb´em que a taxa de juros n˜ao se altera. Dado que o indiv´ıduo escolha uma dota¸c˜ao inicial do consumo em E1, a mudan¸ca no imposto levar´a o indiv´ıduo para uma

nova escolha em E2, pois nesse novo ponto ´e a melhor escolha pelo fato

de maximizar o bem-estar do indiv´ıduo. Dado esse resultado, temos uma inconsistˆencia com a equivalˆencia ricardiana, que assumia que n˜ao haveria mudan¸ca na escolha ´otima do indiv´ıduo, supondo que houvesse uma mudan¸ca na pol´ıtica fiscal do governo.

A raz˜ao para isso acontecer ´e que o governo, de forma indireta, est´a oferecendo um empr´estimo com uma menor taxa de juros, atrav´es do esquema de corte de impostos. Podemos observar isso da forma que, se o indiv´ıduo pudesse pegar emprestado `a taxa r1, ele iria escolher a cesta de

consumo G, mas como ele n˜ao pode, ele ir´a para o maior ponto poss´ıvel da sua escolha, que ser´a o ponto E2, e este ponto E2 s´o ´e poss´ıvel devido ao

(42)

Figure 1.16: Consumidor enfretando diferentes taxas de juros

Encerramos assim nesta se¸c˜ao, o modelo da economia fechada in-tertemporal com dois per´ıodos de tempo. An´alises futuras ir˜ao incluir outros fatores, tais como, investimento, e a retomada da decis˜ao entre consumo e lazer.

(43)

Bibliography

[1] Stephen D. Williamson. Macroeconomics, Fifth Edition. The Pearson Series in Economics. Pearson, 2014. isbn: 9780132991339.

Referências

Documentos relacionados

Foi apresentada, pelo Ademar, a documentação encaminhada pelo APL ao INMETRO, o qual argumentar sobre a PORTARIA Nº 398, DE 31 DE JULHO DE 2012 E SEU REGULAMENTO TÉCNICO

Neste trabalho avaliamos as respostas de duas espécies de aranhas errantes do gênero Ctenus às pistas químicas de presas e predadores e ao tipo de solo (arenoso ou

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

esta espécie foi encontrada em borda de mata ciliar, savana graminosa, savana parque e área de transição mata ciliar e savana.. Observações: Esta espécie ocorre

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação