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Ambiente familiar e individuação: qualidade da vinculação amorosa e desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica em jovens adultos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

AMBIENTE FAMILIAR E INDIVIDUAÇÃO: QUALIDADE DA VINCULAÇÃO AMOROSA E DESENVOLVIMENTO DE SINTOMATOLOGIA

PSICOPATOLÓGICA EM JOVENS ADULTOS

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Filipa Maria Martins Correia Pinto

Orientação: Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA

AMBIENTE FAMILIAR E INDIVIDUAÇÃO: QUALIDADE DA VINCULAÇÃO AMOROSA E DESENVOLVIMENTO DE SINTOMATOLOGIA

PSICOPATOLÓGICA EM JOVENS ADULTOS

Filipa Maria Martins Correia Pinto

Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, sob orientação da Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

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Agradecimentos

O presente trabalho representa mais uma jornada do percurso académico, mas que, tem um significado pessoal acrescido, pelo facto de se tratar de um objetivo há muito tempo delineado e que só agora foi possível concretizar. O culminar desta etapa foi marcado por pessoas únicas que merecem, particularmente, o meu sincero agradecimento.

À Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota, orientadora deste trabalho, expresso o meu profundo reconhecimento e gratidão pela orientação, disponibilidade, presença constante, empenho, conhecimentos transmitidos e incentivo.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro pela formação académica e oportunidade da realização do presente trabalho e aos professores pelos conhecimentos transmitidos.

Aos presidentes, direções e, também, professores das escolas da Universidade, pela disponibilidade para a recolha de dados, bem como a todos os participantes desta investigação.

À Dra. Helena, uma especial palavra de apreço pelo apoio, entusiasmo e motivação ao longo deste ano.

Às minhas colegas e amigas de curso, Lina Lopes, Tânia Ribeiro, Patrícia Lopes e Pauliana Magalhães pelas palavras de amizade e apoio incondicional ao longo do meu percurso académico.

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À Fátima Silva e Filipa Nunes pela amizade que nasceu ao longo deste ano, pelo companheirismo, apoio e compreensão, assim como pela partilha de opiniões e conhecimentos nos momentos de trabalho.

À Cristina e Susana, primas e amigas, pelas palavras, força e amizade que me transmitiram, em especial, nesta longa caminhada.

À Nina e ao Nelo, não só tios, mas também amigos que sempre me acompanharam nos momentos importantes, pela motivação e disponibilidade.

Ao meu irmão, Fernando, pela capacidade espontânea em brincar e sorrir que traziam, juntamente, muito carinho, força e motivação para continuar neste percurso.

Ressalto o meu agradecimento especial aquelas pessoas que são o meu suporte de vida, aos meus pais, pelo apoio e carinho e, também, pela oportunidade de concretizar a minha formação académica.

Ao Mário pela motivação, cumplicidade, compreensão, partilha, afeição e amparo ao longo destes nove anos e peculiarmente neste último.

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Índice

Introdução ... 1

ESTUDO EMPÍRICO 1 Ambiente familiar e qualidade da vinculação amorosa – papel mediador da individuação em jovens adultos... 5 Resumo ... 7 Abstract ... 7 Introdução ... 9 Objetivo geral ... 13 Objetivos específicos... 13 Método ... 13 Participantes ... 13 Instrumentos ... 14 Procedimentos ... 16

Estratégia de análise de dados ... 16

Resultados ... 17

Discussão ... 28

Referências ... 38

ESTUDO EMPÍRICO 2 Papel do ambiente familiar no desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica em jovens adultos ... 45

Resumo ... 47

Abstract ... 47

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viii Objetivo geral ... 51 Objetivos específicos... 52 Método ... 52 Participantes ... 52 Instrumentos ... 53 Procedimentos ... 54

Estratégia de análise de dados ... 55

Resultados ... 56

Discussão ... 61

Referências ... 68

CONCLUSÃO ... 73

REFERÊNCIAS ... 77

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS ... 79

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Introdução

À luz da perspetiva ecológica, o desenvolvimento humano pode ser compreendido face ao processo de interação entre o indivíduo e o seu meio envolvente (Bronfenbrenner, 1994). A relação entre a criança e as figuras significativas de afeto caraterizam o seu crescimento emocional, na medida em que, a qualidade da ligação entre o indivíduo e o seu cuidador possibilitam a formação de vínculos afetivos de segurança que, por sua vez, facultam representações positivas de si, com capacidades de exploração do seu self, do outro e do mundo (Bowlby, 1988).

A família é considerada como o lugar para a aquisição de dimensões internas e para a vivência de relações afetivas profundas (Alarcão, 2000). Apesar das modificações observadas ao longo dos anos, na sociedade em geral, a família continua a ser valorizada no contexto do desenvolvimento humano, exercendo um papel ativo (Pratta & Santos, 2007), na vida de um indivíduo e na forma como este vê e se comporta na sociedade (Dessen & Polónia, 2007). A importância da qualidade das relações no desenvolvimento afetivo das crianças e depois futuros adultos constitui um aspeto fundamental para o seu crescimento e ajustamento pessoais (Bowlby, 1988; Buhl, 2008).

É de ressaltar que as mudanças sociais, económicas e demográficas, do último século, implicaram maior investimento no percurso académico e novas experiências, denotando-se uma dependência financeira dos pais mais prolongada e um adiamento da saída da casa dos pais. A este fenómeno pode acrescer a prorrogação do processo de separação-individuação dos jovens (Arnett, 2006; Côté & Bynner, 2008). Neste sentido, as relações com as figuras significativas (eg., pais, par amoroso) assumem um papel importante no desenvolvimento pessoal, autonomia e maturidade emocional do jovem adulto (Buhl, 2008).

Neste seguimento, o ambiente familiar e o papel dos pais podem favorecer o crescimento do indivíduo, impulsionando-o para as relações de amizade e intimidade com

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responsabilidade e confiança (Mota & Rocha, 2012). A qualidade da ligação com as figuras primordiais parece ser relevante no desenvolvimento de relações seguras com o exterior, nomeadamente, na relação amorosa que, pela sua intensidade e permanência, pode constituir uma relação de vinculação. A família e os relacionamentos amorosos comportam ligações afetivas significativas que representam a qualidade e capacidade da segurança e confiança do jovem adulto (Matos, Barbosa, & Costa, 2001). Estes laços afetivos estabelecidos com as figuras significativas podem surgir como facilitadores para o processo de separação-individuação aos pais (Buhl, 2008). Segundo Lansu e Cillessen (2012), a forma como um indivíduo se apoia numa relação amorosa e a forma como a explora, podem contribuir para a qualidade do relacionamento, na medida em que, a presença de sentimentos de segurança tendem a fornecer mecanismos positivos para uma vida saudável (Collins & Feeney, 2000).

De acordo com a teoria de vinculação (Bowlby, 1982), um desenvolvimento baseado numa vinculação segura pautada por experiências precoces com amor e carinho, fornecem um alicerce para o equilíbrio emocional (Mikulinger & Shaver, 2007). As representações que o indivíduo aprende a fazer de si mesmo e dos outros parecem denotar de um fator preventivo para o surgimento de perturbações emocionais (Bowlby, 1982). Desta forma, crescer num ambiente familiar pautado de segurança, ligação, estabilidade e autonomia sugere um adequado funcionamento e ajustamento psicológico na jovem adultícia (Larkin, Frazer, & Wheat, 2011; McLewin & Muller, 2006). Galea (2010), salienta que um ambiente familiar de condutas negativas e a existência de psicopatologia de um dos pais pode desencadear e/ou manter sintomatologia depressiva.

Tendo em consideração esta temática, o presente trabalho compreende dois estudos empíricos complementares. Desta forma, o primeiro artigo intitula-se “Ambiente familiar e qualidade da vinculação amorosa – papel mediador da individuação em jovens adultos” e objetiva analisar o efeito do ambiente familiar na qualidade da vinculação amorosa em jovens

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adultos, assim como testar o papel mediador do processo de individuação na associação anterior. Por sua vez, o segundo artigo intitulado “Papel do ambiente familiar no desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica em jovens adultos” visa analisar o efeito do ambiente familiar no desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica dos jovens adultos, controlando variáveis como o sexo e a idade.

Estes estudos assumem relevância na medida em que, permitem uma abordagem segundo a perspetiva de crescimento pessoal e ambiente relacional no contexto familiar e amoroso, assim como, da sua importância no desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica nos jovens adultos. O presente trabalho destaca um conceito recente de “adultos emergentes” que tem vindo a ser recriado na sociedade atual, em Portugal particularmente, face à mudança socioeconómica e cultural a que se assiste. As mudanças na sociedade contemporânea justificam a relevância e a continuidade de investigações no âmbito do desenvolvimento humano e contexto relacional na fase da jovem adultícia.

É de ressaltar que o protocolo de trabalho utilizado para a elaboração dos estudos empíricos se encontra em anexo.

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ESTUDO EMPÍRICO 1

Ambiente familiar e qualidade da vinculação amorosa – papel mediador da individuação em jovens adultos

Family environment and quality of romantic attachment - mediating role of individuation in young adults

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Resumo

A vivência estabelecida no ambiente familiar constitui um fator relevante para o desenvolvimento do processo de individuação nos jovens adultos. A qualidade da vinculação amorosa traduz, à luz da perspetiva ecológica, a transição além do seio familiar, constituindo um marco no desenvolvimento afetivo dos jovens adultos. A presente investigação tem como objetivo analisar o papel do ambiente familiar na qualidade da vinculação amorosa, bem como testar o papel mediador do processo de individuação na associação anterior. A amostra é constituída por de 432 jovens adultos, com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos. Para a recolha de dados recorreu-se à Family Environment Scale, o Individuation Test for

Emerging Adults e o Questionário de Vinculação Amorosa. Os resultados apontam para uma

predição positiva do ambiente familiar face à qualidade da vinculação amorosa. Verifica-se o papel mediador do processo de individuação à mãe na associação entre o ambiente familiar e a qualidade da vinculação amorosa, no entanto, o mesmo não acontece através do processo de individuação ao pai. Os resultados serão analisados à luz da teoria da vinculação e da perspetiva ecológica de Bronfenbrenner, no sentido de discutir a importância de um ambiente familiar saudável no desenvolvimento adaptativo dos jovens adultos.

Palavras-Chave: Ambiente familiar, individuação e vinculação amorosa.

Abstract

The living established in the family environment is a relevant factor for the development of the process of individuation in young adults. The quality of romantic attachment translates, in the light of the ecological perspective, the transition beyond the family environment, constituting a goal in the emotional development of young adults. This research aims to analyze the role of the family environment on the quality of romantic attachment, as well as test the mediational role of the process of individuation in the previous association. The sample consists of 432 young adults, aged between 18 and 30 years. For data collection

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appealed to the Family Environment Scale, the Individuation Test for Emerging Adults and the Romantic Attachment Questionnaire. The results indicate a positive prediction of family environment from the quality of romantic attachment. There is the mediational role of individuation in relation to mother in the association between family environment and the quality of romantic attachment process, however, the same does not occur through the process of individuation in relation to father. Results will be analyzed in the light of attachment theory and the ecological perspective of Bronfenbrenner, to discuss the importance of a healthy family environment in adaptive development of young adults.

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Processo de individuação e jovem adultícia

Numa perspetiva mais recente, a designação de “adultos emergentes” vai ao encontro das mudanças sociais, económicas e demográficas que conceptualizam a sociedade contemporânea (Arnett, 2006). Segundo Arnett (2006; 2007), fatores como o maior investimento na vida profissional, mercado laboral, formação de família e o contacto com outras vivências sociais e culturais, parecem adiar o conceito de entrada na adultícia. A transição para a vida adulta torna-se mais extensa e instável pelas novas experiências e realização pessoal, o que destaca alterações no desenvolvimento pessoal e consequentemente um adiamento da totalidade do processo de autonomia e de separação-individuação dos jovens (Côté & Bynner, 2008). Arnett (2006), designa a idade adulta emergente como um período de transição em que o indivíduo detém e assume responsabilidades pelas suas decisões, revelando, desta forma, uma maior independência das figuras parentais e, portanto, é neste sentido que se diferencia da adolescência.

A individuação é um processo que denota a separação emocional da ligação aos pais sob forma de alcançar a autonomia e independência (Fleming, 2005). A qualidade das relações estabelecidas com as figuras parentais promove condições favoráveis ao desenvolvimento pautado de segurança e equilíbrio, no que diz respeito à autonomia e estruturação da identidade (Fleming, 2005). Surge associado à adolescência, o conceito de segunda individuação (Blos, 1967), no sentido de corresponder a uma fase onde o adolescente se começa a autonomizar e a separar dos pais, focalizando as suas relações objetais em direção ao grupo de pares e par amoroso. Todavia, o início da vida adulta não reflete uma conclusão no processo de individuação, pelo que, atualmente fica patente a dependência emocional, funcional e financeira dos pais (Arnett, 2006). Neste seguimento, a individuação na idade adulta emergente caminha para uma maior independência e autonomia, assim como, uma progressão e consolidação na construção da identidade, estendendo-se para

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uma relação de respeito e cooperação mútua com os pais (Buhl, 2008; Koepke & Denissen, 2012; Scabini, 2000). Assim, destaca-se a relevância da separação-individuação perante, não só a qualidade dos laços afetivos estabelecidos com as figuras parentais, mas também da relação amorosa. Nesta linha de pensamento, e de acordo com a perspetiva de Komidar, Zupančič, Sočan e Puklek Levpušček (2013),destacam-se domínios da individuação na idade adulta emergente como procura de suporte e apoio emocional dos pais, a ligação e confiança aos pais, a perceção dos pais como intrusivos preocupados e controladores das escolhas pessoais, o medo de não corresponder às expectativas dos pais e a autoconfiança para gerir as decisões e os problemas.

Importância do ambiente familiar na qualidade da vinculação amorosa e individuação nos jovens adultos

Considerando a perspetiva do crescimento pessoal aliada ao ambiente relacional, torna-se pertinente referenciar a ligação das vivências afetivas da infância nas experiências na vida adulta. De acordo com Bowlby (1982), a qualidade das relações com as figuras significativas constituem um papel preponderante no desenvolvimento emocional e afetivo da criança. Neste sentido, a vinculação (Ainsworth & Bowlby, 1991; Bowlby, 1988) é entendida por um conjunto de comportamentos apresentados pela criança que se caracteriza pela busca de proximidade e ligação afetiva com as figuras cuidadoras e, posteriormente, pela exploração segura e confiante do ambiente e das suas relações. Assim, o desenvolvimento, formação e regulação das representações internas, nos primeiros anos de vida de um individuo, podem demarcar a capacidade de se conhecer a si mesmo e de explorar o mundo e o outro, bem como a capacidade de adaptação face às adversidades da vida. Isto só é possível, uma vez que o indivíduo desenvolve modelos internos dinâmicos que lhe permitem perceber o ambiente externo, bem como as suas próprias ações (Bowlby, 1988), funcionando como esquemas na interpretação de si e do seu comportamento (Holmes, 1993). O desenvolvimento

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dos modelos internos dinâmicos não é estático na vida do indivíduo, facultando, ao longo do seu desenvolvimento, uma exploração, adaptação e reorganização do self e do seu ambiente circundante (Bowlby, 1988). Estes contextos relacionais darão suporte à organização de modelos de funcionamento psicológico e a estilos de regulação emocional, podendo apresentar implicações no desenvolvimento da personalidade (Ainsworth & Bowlby, 1991; Bowlby, 1988). Bretherton (1992), salienta que a ligação segura e disponível da figura significativa de afeto relaciona-se com o indivíduo seguro de si na exploração do meio em seu redor. A base segura parece ser facilitada quando o indivíduo percebe a figura de vinculação como disponível face às adversidades externas (Dykas, Woodhouse, Cassidy, & Waters, 2006; Kobak, 2002).Na sua conceção do desenvolvimento entre o indivíduo e o seu meio, Bronfenbrenner (1994; 1999), teoriza a influência e interação recíproca entre o ambiente circundante e o indivíduo. É no contexto familiar que o indivíduo adquire condições para se desenvolver e se relacionar através do suporte afetivo e emocional e, é no interior da família, que o indivíduo se constrói e transforma (Dessen & Polonia, 2007; Pratta & Santos, 2007).

A compreensão e perceção de um ambiente familiar com a dimensão relacional pautada de compromisso, coesão e expressividade, entre os elementos da família, refletem sentimentos positivos e respostas de competência e adaptação às diferentes etapas do desenvolvimento pessoal (Moos, 1990). Todas as experiências familiares, sejam elas as presentes ou passadas, relacionam-se com a auto perceção do indivíduo na idade adulta (Parra, Oliva, & Reina, 2013) e, de acordo com diversos estudos, um ambiente familiar pautado por uma realidade abusiva e conflituosa compromete o desenvolvimento psicoafectivo (e.g., Galea, 2010; Larkin, Frazer, & Wheat, 2011; Saucier, Wilson, & Warka, 2007). Deste modo, importa realçar, que as condições subjacentes, nos primeiros anos de vida, à dinâmica familiar desempenham um papel fundamental na segurança emocional e

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física que permitem um desenvolvimento saudável, pautada por uma progressiva maturidade emocional (Galea, 2010) e uma perceção na idade adulta de pais próximos e compreensivos (Zupančič & Kavčič, 2014). A proximidade estabelecida com as figuras compreendidas no meio favorece a autoconfiança e independência ao longo das fases desenvolvimentais (Fowler, 1982).

Por conseguinte, Buhl (2008) destaca que as relações com as distintas figuras, como os pais e par amoroso, assumem importância no processo de separação-individuação, pela ligação, experiência, aceitação, valorização, independência e crescimento pessoal. Assim, depreende-se que, para além da importância da relação com as figuras parentais na autonomia e independência emocional, também as relações românticas contribuem para um nível adequado do processo de separação-individuação (Mattanah, Hancock, & Brand, 2004; Mota & Rocha, 2012; Saraiva & Matos, 2012). A relação amorosa pode refletir um papel importante ao nível do desenvolvimento psicoafectivo dos jovens adultos, pela necessidade de conhecer, explorar e investir em novas relações, contribuindo para a sua autonomização (Meeus, Iedema, Maassen, & Engels, 2005). Desta feita, e, independentemente, destas novas relações, a qualidade das relações com as figuras primárias de afeto pode contribuir para o crescimento pessoal, autoconfiança, valorização, exploração e independência no estabelecimento de novas relações (Assunção & Matos, 2010; Lansu & Cillessen, 2012; Ng & Smith, 2006; Matos, Barbosa, & Costa, 2001; Mikulincer & Shaver, 2007; Shaver & Mikulincer, 2002). Alguns estudos apontam que, a forma como as relações românticas se desenvolvem relaciona-se com o processo de identidade pessoal do jovem e com a componente relacional com os demais, como a família e os pares (e.g. Collins, Welsh, & Furman, 2009; Collins & Feeney, 2000; Creasey & Ladd, 2005). Hazan e Shaver (2002), evidenciam nos seus estudos empíricos que as relações amorosas manifestam segurança quando o par amoroso mantém uma postura de proximidade e intimidade.

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Objetivo geral

A presente investigação tem como principal objetivo analisar o efeito do ambiente familiar na qualidade da vinculação amorosa em jovens adultos, assim como testar o papel mediador do processo de individuação na associação anterior.

Objetivos específicos

Os objetivos específicos visam, numa primeira fase, analisar a associação entre as varáveis em estudo, designadamente, ambiente familiar, qualidade da vinculação amorosa e processo de individuação. Pretende-se, igualmente, analisar as diferenças significativas das variáveis, ambiente familiar, qualidade da vinculação amorosa e processo de individuação em função das variáveis sociodemográficas da amostra, nomeadamente o sexo, a idade e o estado civil. Por fim, pretende-se analisar em que medida o processo de individuação pode exercer um efeito mediador na associação entre ambiente familiar e qualidade da vinculação amorosa.

Método Participantes

No estudo participaram 432 jovens adultos com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos (M = 20.77; DP = 2.96), sendo 358 (82.9%) do sexo feminino e 74 (17.1%) do sexo masculino. Quanto ao estado civil da amostra, verifica-se que 406 (94.0%) são solteiros, 23 (5.3%) são casados ou vivem em união de facto e 3 (0.7%) são divorciados ou separados. No diz respeito às relações amorosas dos jovens adultos em estudo, 252 (58.3%) têm atualmente um relacionamento amoroso, com uma duração média de 2 anos e 9 meses (M = 2.9; DP = 2.36), 152 (35.2%) já tiveram uma relação amorosa, com uma duração média de 1 ano e 4 meses (M = 1.4; DP = .87), 22 (5.1%) nunca tiveram algum tipo de relacionamento e 6 (1.4%) mantêm um relacionamento amoroso mas sem compromisso.

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Instrumentos

O Questionário Sócio Demográfico foi desenvolvido com o sentido de aceder a algumas informações ou características importantes acerca dos jovens adultos, designadamente a idade, o sexo, o estado civil e a relação amorosa.

A Family Environment Scale (FES) (Moos & Moos, 1986) adaptada para a população portuguesa por Matos e Fontaine em 1992, visa medir as perceções pessoais nas dimensões do contexto psicossocial da família. Esta diz respeito à forma R e é constituída, originalmente, por 90 itens, distribuídos por 10 subescalas organizadas em três grandes dimensões: relação, crescimento pessoal e manutenção do sistema. Na presente investigação, foi usada apenas a dimensão da Relação composta por três componentes: coesão com 9 itens (e.g., “na minha família ajudamo-nos uns aos outros”), expressividade com 9 itens (e.g. “em casa podemos falar de tudo o que queremos”) e conflito com 9 itens (e.g., “na minha família zangamo-nos muitas vezes”), perfazendo um total de 27 itens. O tipo de resposta é do tipo

Likert, com valores a oscilar entre 1 (Discordo sempre) e 6 (Concordo sempre). No presente

estudo, a análise da consistência interna revelou valores de alfa de Cronbach para as sub dimensões: coesão α = .89; expressividade α = .65; conflito α = .71. A análise fatorial confirmatória demonstrou um ajustamento adequado, (χ2( 2 1 ) = 96.23, p = .001, Ratio =

4.58, C F I = .96, SR MR = .05, R MSEA = .09).

O Individuation Test for Emerging Adults (ITEA) (Komidar, Zupančič, Sočan, & Puklek Levpušček, 2013) cuja tradução e adaptação para a população portuguesa vai ser proposta pelas autoras da presente investigação. O teste é constituído por 36 itens distribuídos conforme as 5 dimensões avaliadas para o pai e a mãe separadamente: suporte de Si com 6 itens (e.g., “Quando eu estou com problemas nas minhas relações pessoais eu peço-lhe conselhos”); ligação com 6 itens (e.g., “Ele (a) respeita as minhas vontades”); intrusividade de 8 itens (e.g., “Eu acho que ele (a) quer saber demasiado sobre mim”); autoconfiança com

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8 itens (e.g., “Eu tomo decisões sobre a minha carreira, independentemente da opinião dele (a)”) e medo de desapontar os pais com 8 itens (e.g., “Quando eu faço algo de errado, preocupo-me com a reação dele (a)”). O tipo de resposta é feito numa escala do tipo Likert de 5 pontos, que oscila entre 1 e 5, em que 1 corresponde a “completamente falso” e 5 a “completamente verdadeiro”. No presente estudo a análise da consistência interna revelou valores de alfa de Cronbach para a mãe e pai, respetivamente: suporte de si α = .84 / .85; ligação α = .85 / .88; intrusividade α = .84 / .82; autoconfiança α = .82 / .83; medo de desapontar os pais α = .77 / .84. A análise fatorial confirmatória demonstrou um ajustamento adequado, respetivamente, para a mãe e pai, (χ2( 8 0 ) = 232.84, p = .001, Rati o = 2.91,

CF I = .95, SRMR = .06, RMSEA = .07; χ2( 8 0 ) = 241.36, p = .001, Ratio =

3.02, C F I = .95, SR MR = .06, R MSEA = .07).

O Questionário de Vinculação Amorosa (QVA) (Matos, Barbosa, & Costa, 2001) é um questionário de autorrelato proposto segundo as bases teóricas e conceptuais de Bowlby e Ainsworth, e a avaliação da vinculação de Bartholomew. Recorreu-se à sua versão reduzida, distribuídos por 25 itens organizados em quatro dimensões: confiança com 6 itens (e.g., “O(a) meu namorado(a) respeita os meus sentimentos”); dependência de 6 itens (e.g., “Fico muito nervoso(a) se não consigo encontrar a(o) minha (meu) namorada(o) quando preciso dela (ele)”); evitamento com 6 itens (e.g., “O apoio dela (ele) não é importante para mim. Sei que sou capaz de resolver as coisas sozinho (a)”) e ambivalência com 7 itens (e.g., “Gostava de ser a pessoa mais importante para ela (ele) mas não estou certo(a) de que assim seja”). A resposta é feita numa escala do tipo Likert de 6 pontos, que varia de 1 “Discordo Totalmente” a 6 “Concordo Totalmente”. No presente estudo, a análise da consistência interna revelou valores de alfa de Cronbach para as dimensões: confiança α = .88; dependência α = .79; evitamento α = .81; ambivalência α = .83. A análise fatorial confirmatória evidenciou um

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ajustamento adequado, (χ2( 4 5 ) = 175.83, p = .001, Ratio = 3.82, C F I = .95, SRMR

= .06, RMSEA = .08).

Procedimentos

A presente investigação é de natureza transversal, com uma recolha da amostra realizada em apenas um momento. Posteriormente à autorização para a utilização dos instrumentos, procedeu-se à elaboração do protocolo. Realizou-se uma reflexão falada com 10 indivíduos com idades entre os 18 e os 30 anos, de forma a conferir o aspeto formal e semântico dos instrumentos, bem como o tempo necessário para o seu preenchimento. Foram, seguidamente, solicitadas as devidas autorizações junto das presidências das escolas, numa instituição do norte do país, para a recolha dos dados. Neste sentido, a recolha da amostra foi realizada no período de Outubro de 2013 e Dezembro de 2013 na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), assim como, de forma aleatória, na população em geral da região norte do país. Aquando da aplicação dos questionários de autorrelato decorridos em contexto de sala de aula, na presença do investigador principal, foram apresentados os objetivos gerais do estudo e respetivos esclarecimentos. Este estudo baseou-se nos propósitos éticos e deontológicos, em que foram contempladas questões como a confidencialidade, voluntariedade e anonimato dos dados.

Estratégia de análise de dados

A análise dos dados foi realizada no programa estatístico Statistical Package for the

Social Sciencies (SPSS) versão 20. Primeiramente, foi efetuada a limpeza da amostra, pela

retirada de sujeitos com mais de 10% de missings e retirados os outliers. Quanto à estatística descritiva, foi testada a normalidade da distribuição dos dados com o recurso às medidas de assimetria (skewness) e achatamento (kurtosis), sendo assumido a normalidade quando os valores absolutos destes coeficientes se encontram no intervalo -1 e 1 (Dancey & Reidy, 2006; Maroco, 2003). No seguimento, recorreu-se ao Teste de Kolmogorov-Smirnov para

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testar a normalidade da amostra e o Teste de Levene para testar a homogeneidade de variâncias (Maroco, 2003), bem como os gráficos de Histogramas, Q-Q Plots, Scatterplots e

Boxplots uma vez que os mesmos providenciam informação acerca da distribuição dos dados

(Pallant, 2001). De referir que a distribuição da média amostral é normal, na medida em que adicionalmente aos valores obtidos nas análises anteriores, quanto maior a amostra (superior a 30) maior a probabilidade de ser normal independentemente da sua distribuição (Maroco, 2003).

Foram realizadas as análises fatoriais confirmatórias dos instrumentos (com recurso ao programa EQS, versão 6.1) e posteriormente análises de correlação. Foram realizadas análises diferenciais multivariada (MANOVA) e, por último, desenvolveram-se análises com recurso a modelos de equações estruturais (programa EQS, versão 6.1), recorrendo ao teste de Sobel (Baron & Kenny, 1986; Bentler, 2006; Bollen, 1986). O teste de Sobel é um método que proporciona testar a significância de um efeito mediador. Isto é, na mediação a relação entre a variável independente e a variável dependente através do efeito de uma variável mediadora e o teste de Sobel permite determinar se a redução do efeito da variável independente após incluir a variável mediadora no modelo é significativa e, também, se o efeito da mediação é estatisticamente significativa (Baron & Kenny, 1986; Bentler, 2006).

Resultados

Associações entre ambiente familiar, qualidade da vinculação amorosa e processo de individuação

Foram analisadas as correlações entre o ambiente familiar, qualidade da vinculação

amorosa e processo de individuação verificando-se, a presença de correlações significativas

entre as variáveis em estudo. Os resultados das correlações, médias e desvios padrão encontram-se reportados na tabela 1. Tal como esperado, constata-se que um ambiente familiar denotado de coesão e expressividade apresentam correlações significativas positivas

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de magnitude baixa com a confiança na relação amorosa (r = .19 até r = .24). Os resultados apontam ainda para uma associação significativa de um ambiente familiar pautado de coesão e expressividade e o suporte de si, ligação e o medo de desapontar em relação a ambas as

figuras parentais, revelando valores positivos de magnitude baixa a elevada (r = .14 até r =

.62). Identificam-se correlações significativas positivas de magnitude baixa da perceção de um ambiente familiar conflituoso e o evitamento e ambivalência na relação amorosa, assim como, com a intrusividade e autoconfiança em relação à mãe e ao pai (r = .12 até r = .25). Denotam-se, igualmente, correlações significativas positivas de magnitude baixa entre a

confiança no relacionamento amoroso e suporte de si à mãe e ao pai, ligação à mãe e ao pai e medo de desapontar a mãe e o pai (r = .12 até r = .22). Os resultados aludem para

uma associação positiva e significativa de magnitude baixa da dependência ao par amoroso e o suporte de si à mãe e o medo de despontar a mãe e o pai (r = .14 até r = .16). Destacam-se ainda as correlações significativas positivas do evitamento e ambivalência na relação amorosa e a autoconfiança e intrusividade, em relação a ambas as figuras parentais, com uma magnitude no nível baixo a moderado (r = .18 até r = .32).

De ressaltar que a coesão e expressividade percecionadas no ambiente familiar apresentam correlações significativas negativas de magnitude baixa com o evitamento e

ambivalência no relacionamento amoroso (r = -.14 até r = -.26), tal como, com a autoconfiança à mãe e ao pai e, intrusividade à mãe e ao pai (r = -.12 até r = -.29).

Verifica-se que o conflito percecionado no ambiente familiar alude a uma associação negativa de magnitude baixa com a confiança no par romântico (r = -.13). Reconhecem-se, ainda, associações entre o conflito e o suporte de si à mãe e ao pai e a ligação à mãe e ao

pai, manifestando valores negativos de magnitude baixa a moderada (r = -.17 até r = -.45).

Os resultados apontam, ainda, para uma correlação negativa e significativa de magnitude baixa da confiança no parceiro amoroso e a intrusividade e autoconfiança, tanto à mãe,

(27)

19

como ao pai (r = -.16 até r = -.23). São percebidas correlações significativas negativas, de magnitude baixa, da dependência ao par amoroso e a autoconfiança à mãe e ao pai (r = -.13 até r = -.14). Evidencia-se, ainda, que as associações entre o evitamento na relação amorosa e o suporte de si ao pai e à mãe e, a ligação à mãe, apresentam valores negativos de magnitude baixa (r = -.17 até r = -.22). Por último, observam-se correlações significativas negativas de magnitude baixa entre a ambivalência ao par amoroso e a ligação à mãe e ao

pai e o suporte de si ao pai (r = -.12 até r = -.13).

Tabela 1

Associações entre variáveis, média e desvio-padrão (N=432)

Análises diferenciais em função das variáveis sociodemográficas

Foram realizadas análises de variância multivariada (MANOVAS), das variáveis do ambiente familiar, qualidade da vinculação amorosa e processo de individuação em função

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Individuação - Mãe 1.Suporte de si - 2.Ligação .73** - 3.Intrusividade -.03 -.15** - 4.Autoconfiança -.36** -.18** .20** - 5.Medo de desapontar os pais .54 ** .46** .16** -.21** - Individuação - Pai 6.Suporte de si .44** .33** -.06 -.29** .33** - 7.Ligação .35** .45** -.17** -.11** .23** .77** - 8.Intrusividade -.17** -.24** .75** .25** .09 .03 -.11** - 9.Autoconfiança -.24** -.11* .21** .86** -.10* -.41** -.27** .20** - 10.Medo de desapontar os pais .16 ** .13** .04 -.11* .64** .55** .50** .16** -.24** - Qualidade da vinculação amorosa 11.Confiança .17** .22** -.16** -.21** .13** .18** .14** -.21** -.23** .12* - 12.Dependência .14** .09 .06 -.14** .16** .06 -.01 .06 -.13** .14** .41** - 13.Evitamento -.22** -.19** .22** .31** -.08 -.17** -.10 .24** .32** -.05 -.62** -.44** - 14.Ambivalência -.08 -.13** .31** .18** .09 -.12* -.12** .31** .19** .12* -.65** -.16** .57** - Ambiente familiar 15.Coesão .37** .43** -.29** -.22** .14** .57** .62** -.21** -.28** .29** .24** .02 -.20** -.26** - 16.Expressividade .41** .44** -.18** -.15** .21** .48** .52** -.12* -.19** .26** .19** .12* -.17** -.14** .71** - 17.Conflito -.17** -.23** .25** .12* .04 -.39** -.45** .20** .17** -.11* -.13** -.01 .13** .19** -.62** -.45** - M 4.9 4.3 2.8 3.1 4.0 3.5 4.0 2.5 3.2 3.8 5.1 3.5 2.3 2.5 4.9 4.4 2.7 SD .80 .63 .89 .84 .69 .92 .83 .81 .85 .82 .88 1.1 .95 1.0 .82 .61 .73 * p < .05 ; ** p < .01

(28)

20

idade, sexo e estado civil. Para as comparações múltiplas entre os grupos, foram efetuados testes post-hoc, recorrendo ao teste de Scheffé.

No que concerne às dimensões em estudo face, à idade, torna-se pertinente referir que estas foram categorizadas em dois grupos, dos 18 aos 21 anos e dos 22 aos 30 anos. Os resultados aludem à existência de diferenças significativas face ao processo de individuação em relação à mãe F(5, 421) = 10.07, p = .001, η2 = .99, e em relação ao pai F(5, 410) = 4.04, p = .001, η2 = .95. Mais especificamente, são observadas diferenças significativas no

suporte de si à mãe F(1, 425) = 26.21, p = .001, η2 = .99, com níveis superiores no grupo dos

18 aos 21 anos M = 4.20, com IC 95% [4.12, 4.29] comparativamente ao grupo dos 22 aos 30

anos M = 3.77, com IC 95% [3.62, 3.91]; à ligação à mãe F(1, 425) = 16.28, p = .001, η2 = .98, com níveis superiores no grupo dos 18 aos 21 anos M = 4.41, com IC 95% [4.34, 4.48], quando comparados com o grupo dos 22 aos 30 anos M = 4.14, com IC 95% [4.02, 4.25]; à

autoconfiança à mãe F(1, 425) = 17.97, p = .001, η2 = .99, com níveis superiores no grupo dos 22 aos 30 anos M = 3.41, com IC 95% [3.26, 3.56], comparativamente ao grupo dos 18

aos 21 anos M = 3.03, com IC 95% [2.94, 3.12]; à autoconfiança ao pai F(1, 414) = 6.86, p

= .009, η2 = .74, com níveis superiores no grupo dos 22 aos 30 anos M = 3.40, com IC 95% [3.24, 3.55], comparativamente ao grupo dos 18 aos 21 anos M = 3.15, com IC 95% [3.03, 3.25]); ao medo de desapontar a mãe F(1, 425) = 31.98, p = .001, η2 = .99, com níveis superiores no grupo dos 18 aos 21 anos M = 4.05, com IC 95% [3.98, 4.13], comparativamente ao grupo dos 22 aos 30 anos M = 3.64, com IC 95% [3.52, 3.76]; ao medo

de desapontar o pai F(1, 414) = 11.06, p = .001, η2 = .91, com níveis superiores no grupo dos 18 aos 21 anos M = 3.89, com IC 95% [3.80, 3.98], comparativamente ao grupo dos 22

aos 30 anos M = 3.59, com IC 95% [3.44, 3.74] (tabela 2). De realçar a ausência de

(29)

21

qualidade da vinculação amorosa F(4, 427) = 1.39, p = .236, η2 = .43, no que respeita à idade dos jovens.

Tabela 2

Análise diferencial do processo de individuação em função da idade

ITEA Idade grupos M±DP IC 95% Direção das diferenças

significativas Suporte de si à mãe 1- 18-21 4.20±.71 [4.12, 4.29] 1 > 2 2- 22-30 3.77±.95 [3.62, 3.91] Ligação à mãe 1- 18-21 4.41±.54 [4.34, 4.80] 1 < 2 2- 22-30 4.14±.80 [4.02, 4.25] Autoconfiança à mãe 1- 18-21 3.03±.81 [2.94, 3.12] 1 < 2 2- 22-30 3.41±.85 [3.26, 3.56]

Medo de desapontar a mãe 1- 18-21 4.05±.62 [3.98, 3.57] 1 > 2 2- 22-30 3.64±.79 [3.52, 3.76]

Autoconfiança ao pai 1- 18-21 3.15±.84 [3.06, 3.25] 1 < 2 2- 22-30 3.40±.87 [3.24, 3.56]

Medo de desapontar o pai 1- 18-21 3.89±.82 [3.80, 3.98] 1 > 2 2- 22-30 2.59±.79 [3.44, 3.74]

No que concerne à variável sexo, observaram-se diferenças significativas face ao

ambiente familiar F(3, 428) = 4.04, p = .008, η2 = .84, em todas as dimensões: coesão F(1, 430) = 9.72, p = .002, η2 = .88, com níveis superiores no sexo feminino M = 4.97, com IC 95% [4.89, 5.06], comparativamente ao sexo masculino M = 4.65, com IC 95% [4.45 4.83],

expressividade F(1, 430) = 9.57, p = .002, η2 = .87, com níveis superiores, igualmente, no

sexo feminino M = 4.46, com IC 95% [4.39, 4.52], comparativamente ao sexo masculino M =

4.22, com IC 95% [4.08, 4.36] e conflito F(1, 430) = 7.05, p = .008, η2 = .75, com níveis superiores no sexo masculino M = 2.91, com IC 95% [2.74, 3.07], comparativamente ao sexo

feminino M = 2.66, com IC 95% [2.59, 2.74] (tabela 3).

Tabela 3

Análise diferencial do ambiente familiar em função do sexo

FES Sexo M±DP IC 95% Direção das diferenças significativas Coesão 1- Masculino 4.65±.90 [4.47, 4.83] 1 < 2 2- Feminino 4.97±.79 [4.89, 5.06] Expressividade 1- Masculino 4.22±.59 [4.08, 4.36] 1 < 2 2- Feminino 4.46±.61 [4.39, 4.52] Conflito 1- Masculino 2.91±.74 [2.74, 3.07] 1 > 2 2- Feminino 2.66±.72 [2.59, 2.74]

(30)

22

Constataram-se, ainda, diferenças significativas quanto à qualidade da vinculação

amorosa F(4, 427) = 8.80, p = .001, η2 = .99, nomeadamente na confiança F(1, 430) = 9.98,

p = .002, η2 = .88, com níveis superiores no sexo feminino M = 5.15, com IC 95% [5.06, 5.24], comparativamente ao sexo masculino M = 4.80, com IC 95% [4.60, 4.99] e, no

evitamento F(1, 430) = 15.39, p = .001, η2 = .32, com níveis superiores no sexo masculino M = 2.69, com IC 95% [2.47, 2.89], comparativamente ao sexo feminino M = 2.21, com IC 95% [2.12, 2.31] (tabela 4).

Tabela 4

Análise diferencial da qualidade da vinculação amorosa em função do sexo

QVA Sexo M±DP IC 95% Direção das diferenças significativas Confiança 1- Masculino 4.80±.94 [4.60, 4.99] 1 < 2

2- Feminino 5.15±.85 [5.06, 5.24]

Evitamento 1- Masculino 2.68±.99 [2.47, 2.89] 1 > 2 2- Feminino 2.21±.92 [2.12, 2.31]

Por último, verificaram-se diferenças significativas no que se refere ao processo de

individuação em relação à mãe F(5, 421) = 12.81, p = .001, η2 = .99 e, em relação ao pai

F(5, 410) = 8.56, p = .001, η2 = .99, nomeadamente no suporte de si à mãe F(1, 425) = 34.68, p = .99, η2 = .84, com níveis superiores no sexo feminino M = 4.19, com IC 95% [4.11, 4.27], comparativamente ao sexo masculino M = 3.60, com IC 95% [3.43, 3.78]; no suporte

de si ao pai F(1, 414) = 12.46, p = .001, η2 = .94, com níveis superiores no sexo feminino M = 3.60, com IC 95% [3.50, 3.70], comparativamente ao sexo masculino M = 3.18, com IC 95% [2.97, 3.40]; à ligação à mãe F(1, 425) = 12.76, p = .001, η2 = .95, com níveis superiores no sexo feminino M = 4.39, com IC 95% [4.33, 4.45], quando comparados ao sexo

masculino M = 4.10, com IC 95% [3.96, 4.24]; à ligação ao pai F(1, 414) = 7.08, p = .008, η2

= .76, com níveis superiores no sexo feminino M = 4.00, com IC 95% [3.91, 4.09], comparativamente ao sexo masculino M = 3.71, com IC 95% [3.52, 3.91]; à intrusividade à

(31)

23

com IC 95% [2.76, 3.16], quando comparados ao sexo feminino M = 2.71, com IC 95% [2.61, 2.80]; à autoconfiança à mãe F(1, 425) = 30.31, p = .001, η2 = .99, com níveis superiores no

sexo masculino M = 3.61, com IC 95% [3.42, 3.79], comparativamente ao sexo feminino M =

3.04, com IC 95% [2.95, 3.12]; à autoconfiança ao pai F(1, 414) = 19.82, p = .001, η2=.99, com níveis superiores no sexo masculino M = 3.62, com IC 95% [3.43, 3.81], comparativamente ao sexo feminino M = 3.14, com IC 95% [3.05, 3.22]; ao medo de

desapontar a mãe F(1, 425) = 29.49, p = .001, η2 = .99, com níveis superiores no sexo

feminino M = 4.02, com IC 95% [3.95, 4.09], comparativamente ao sexo masculino M = 3.56,

com IC 95% [3.40, 3.71], e medo de desapontar o pai F(1, 414) = 25.60, p = .001, η2 = .99, com níveis superiores no sexo feminino M = 3.90, com IC 95% [3.81, 3.98], comparativamente ao sexo masculino M = 3.37, com IC 95% [3.56, 3.98] (tabela 5).

Tabela 5

Análise diferencial do processo de individuação em função do sexo

ITEA Sexo M±DP IC 95% Direção das diferenças

significativas Suporte de si à mãe 1- Masculino 3.60±.81 [3.43, 3.78] 1 < 2

2- Feminino 4.19±.76 [4.11, 4.27]

Ligação à mãe 1- Masculino 4.10±.67 [3.96, 4.24] 1 < 2 2- Feminino 4.39±.61 [4.32, 4.45]

Intrusividade à mãe 1- Masculino 2.96±.88 [2.76, 3.16] 1 > 2 2- Feminino 2.71±.89 [2.61, 2.80]

Autoconfiança à mãe 1- Masculino 3.61±.72 [3.42, 3.79] 1 > 2 2- Feminino 3.04±.82 [2.95, 3.12]

Medo de desapontar a mãe 1- Masculino 3.56±.70 [3.40, 3.71] 1 < 2 2- Feminino 4.02±.66 [3.95, 4.09]

Suporte de si ao pai 1- Masculino 3.18±.92 [2.97, 3.40] 1 < 2 2- Feminino 3.60±.90 [3.50, 3.70]

Ligação ao pai 1- Masculino 3.71±.94 [3.52, 3.91] 1 < 2 2- Feminino 4.00±.80 [3.91, 4.09]

Autoconfiança ao pai 1- Masculino 3.62±.74 [3.43, 3.81] 1 > 2 2- Feminino 3.14±.85 [3.05, 3.22]

Medo de desapontar o pai 1- Masculino 3.37±.85 [3.19, 3.56] 1 < 2 2- Feminino 3.90±.79 [3.81, 3.98]

No que se refere ao estado civil, foram criados dois grupos (casados ou em união de facto; e solteiros, divorciados, separados ou outro). Existem diferenças significativas ao nível do ambiente familiar, em função do estado civil F(3, 428) = 3.43, p = .020, η2 = .76, designadamente na dimensão expressividade F(1, 430) = 6.21, p = .013, η2 = .701, em que

(32)

24

participantes casados ou em união de facto M = 4.72, com IC 95% [4.47, 4.97], apresentaram níveis superiores de expressividade no seu ambiente familiar, quando comparados com aqueles que estão solteiros, divorciados, separados ou outro M = 4.40, com IC 95% [4.34, 4.46] (tabela 6).

Tabela 6

Análise diferencial do ambiente familiar em função do estado civil

FES Estado civil M±DP IC 95% Direção das diferenças significativas Expressividade 1- Casados/União de facto 4.72±.54 [4.47, 4.97] 1 > 2

2- Solteiros/Divorciados/Separados/Outro 4.40±.61 [4.34, 4.46]

Verificaram-se, ainda, diferenças significativas no que concerne ao processo de

individuação em relação à mãe F(5, 421) = 4.12, p = .001, η2 = .96 e em relação ao pai

F(5, 410) = 3.91, p = .002, η2 = .94, face ao estado civil. Assinalaram-se diferenças significativas referentes às dimensões do suporte de si à mãe F(1, 425) = 4.32, p = .038, η2 = .55, com níveis superiores no grupo dos solteiros, divorciados, separados ou outro M = 4.11, com IC 95% [4.03, 4.18], comparativamente ao grupo casados ou em união de facto M = 3.74, com IC 95% [3.41, 3.08]; da autoconfiança à mãe F(1, 425) = 17.94, p = .001, η2 = .99, com níveis superiores no grupo casados ou em união de facto M = 3.85, com IC 95% [3.51, 4.20], comparativamente ao grupo dos solteiros, divorciados, separados ou outro M = 3.09, com IC 95% [3.01, 3.17]; da autoconfiança ao pai F(1, 414) = 12.98, p = .001, η2 = .95, com níveis superiores no grupo dos solteiros, divorciados, separados ou outro M = 3.82, com IC 95% [3.73, 3.90], comparativamente ao grupo casados ou em união de facto M = 3.69, com IC 95% [3.35, 4.04] (tabela 7). É de salientar, a ausência de diferenças significativas no que se refere à qualidade da vinculação amorosa em função do estado civil F(4, 427) = 1.87, p = .115, η2 = . 57.

(33)

25 Tabela 7

Análise diferencial do processo de individuação em função do estado civil

ITEA Estado civil M±DP IC 95% Direção das diferenças

significativas Suporte de si à mãe 1- Casados/União de facto 3.74±.91 [3.41, 4.08] 1 < 2

2- Solteiros/Divorciados/Separados/Outro 4.11±.79 [4.03, 4.18]

Autoconfiança à mãe 1- Casados/União de facto 3.85±.63 [3.51, 4.20] 1 > 2 2- Solteiros/Divorciados/Separados/Outro 3.09±.83 [3.01, 3.17]

Autoconfiança ao pai 2- Solteiros/Divorciados/Separados/Outro 1- Casados/União de facto 3.85±.61 3.18±.85 [3.50, 4.20] [3.10, 3.27] 1 > 2

Efeito do ambiente familiar na qualidade da vinculação amorosa: papel mediador do processo de individuação

A análise de modelos de equações estruturais permitiu observar um efeito inicial do

ambiente familiar na qualidade da vinculação amorosa, assinalando um valor significativo

(β = .28). A análise do papel mediador do processo de individuação em relação à mãe, foi realizada, tendo em conta, de acordo com o teste de Sobel, todas as relações exequíveis entre as variáveis, ou seja, as dimensões que definem o ambiente familiar (coesão, expressividade e conflito) como preditoras, quer do processo de individuação em relação à mãe (suporte de si à mãe, ligação à mãe e medo de desapontar a mãe), quer da qualidade da vinculação amorosa (confiança, dependência, evitamento e ambivalência). Desta forma, verificou-se que o

processo de individuação à mãe foi igualmente preditor da qualidade da vinculação amorosa, em simultâneo, com a equação anterior. Neste sentido, averiguou-se que o ambiente familiar prediz positivamente o processo de individuação em relação à mãe (β =

.47), tal como, se verifica um efeito positivo do processo de individuação em relação à mãe na qualidade da vinculação amorosa (β = .23). Continuamente, no passo final do teste de Sobel, quando se introduziu a variável mediadora do processo de individuação em relação à

mãe, observou-se que o efeito direto do ambiente familiar sobre a qualidade da vinculação amorosa (β = .28) diminuiu (β = .21), denotando-se assim uma mediação parcial através do processo de individuação à mãe (teste de Sobel z = 3.77, SE = .05, p < .001, β = .06) (tabela

(34)

26

qualidade da vinculação amorosa. É de notar que os índices de ajustamento apresentaram-se adequados (χ2

(30)= 112.33, p = .001, Ratio = 3.74, CFI = .95, SRMR = .06, RMSEA = .08)

(Baron & Kenny, 1986; Bentler, 2006; Bollen, 1986) (figura 1). Tabela 8

Passos do teste de Sobel para o modelo de mediação em relação à mãe

Figura 1. Modelo representativo do efeito mediador da individuação à mãe na associação

entre o ambiente familiar e a vinculação amorosa.

No que concerne à testagem do papel mediador do processo de individuação em

relação ao pai, a análise de equações estruturais permitiu observar um efeito inicial do ambiente familiar na qualidade da vinculação amorosa, assinalando um valor significativo

Passos do teste de Sobel B SE β p

1º Passo: Ambiente Familiar – Qualidade da Vinculação Amorosa .49 .09 .28 p < .001

2º Passo: Ambiente Familiar – Processo de Individuação à mãe .74 .09 .47 p < .001

3º Passo: Processo de Individuação à mãe– Qualidade da Vinculação Amorosa

.24 .06 .23 p < .001

4º Passo: Ambiente familiar – Qualidade da Vinculação Amorosa – Processo de Individuação à mãe – Efeito de Mediação

.10 .05 .06 p < .001 z= 3.77, SE = .05, p < .001, β = .06 0 .92* Confiança Dependência Evitamento Vinculação amorosa Ambivalência .82 .53* -.76* -.77* Efeito da mediação .06* χ2 (30) = 112.33, p = .001; CFI = .95; SRMR = .06; RMSEA = .08 z= 3.77, SE = .05, p < .001, β = .06 Efeito direto

(mantém a significância testada)

.06* Ambiente familiar Coesão Expressividade Conflito .13* .21* .49* Individuação à mãe

Suporte de si Ligação Medo de desapontar

.48* .92* .80 .95* .74 -.64*

(35)

27

(β = .25). A análise do papel mediador do processo de individuação em relação ao pai dispondo todas as relações possíveis entre as variáveis, isto é, as dimensões que definem o ambiente familiar (coesão, expressividade e conflito), como preditoras, quer do processo de individuação em relação ao pai (suporte de si ao pai, ligação ao pai, autoconfiança ao pai e medo de desapontar os pais), quer da qualidade da vinculação amorosa (confiança, dependência e evitamento) Neste sentido, constatou-se que o ambiente familiar prediz positivamente o processo de individuação em relação ao pai (β = .69), verificando-se ainda um efeito positivo do processo de individuação em relação ao pai na qualidade da

vinculação amorosa (β = .22). Continuamente, no passo final do teste de Sobel, quando se

introduziu a variável mediadora do processo de individuação em relação ao pai no modelo geral observou-se que o efeito direto do ambiente familiar sobre a qualidade da vinculação

amorosa (β = .25) diminuiu ligeiramente (β = .24), todavia não se verificou a mediação

através do processo de individuação em relação ao pai, na medida em que deixou de haver significância da predição da individuação em relação ao pai, na qualidade da vinculação amorosa. A par disto, verificou-se que a análise da decomposição de efeitos não revelou valores significativos para os efeitos indiretos do ambiente familiar na qualidade da

vinculação amorosa, pelo que a individuação em relação ao pai não exerce um papel

significativo nesta associação. Assim, denota-se que a ligação do ambiente familiar para o

processo de individuação em relação ao pai não perdeu a significância (β = .24), todavia,

não se constatou significância na predição da ligação do processo de individuação ao pai para a vinculação amorosa (β = .05) (Teste de Sobel z = 3.49, SE = .05, p < .001, β =.03 – não significativo) (tabela 9). É de referir que os índices de ajustamento apresentaram-se adequados (χ2

(32)= 133.3, p = .001, Ratio = 4.17, CFI = .94, SRMR = .06, RMSEA = .09)

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28 Tabela 9

Passos do teste de Sobel para o modelo de mediação em relação ao pai

Figura 2. Modelo representativo do efeito mediador da individuação ao pai na associação

entre o ambiente familiar e a vinculação amorosa.

Discussão

O presente estudo pretendeu analisar o efeito do ambiente familiar na qualidade da vinculação amorosa em jovens adultos. Os resultados mostraram que a coesão e expressividade experienciadas no ambiente familiar se associam positivamente com a confiança no par amoroso e o suporte de si, ligação e o medo de desapontar em relação a

Passos do teste de Sobel B SE β p

1º Passo – Ambiente Familiar – Qualidade da Vinculação Amorosa .22 .05 .25 p < .001

2º Passo – Ambiente Familiar – Processo de Individuação ao pai .43 .04 .69 p < .001

3º Passo – Processo de Individuação ao pai– Qualidade da Vinculação Amorosa .31 .08 .22 p < .001

4º Step – Ambiente familiar – Qualidade da Vinculação Amorosa – Processo de Individuação ao pai – Efeito de Mediação

.03 .05 .03 p > .001 z= 3.49, SE = .05, p < .001, β = .03 (não significativo) Coesão Expressividade Conflito .95 .75* -.64* Ambiente familiar χ2 (32) = 133.3, p = .001; CFI = .94; SRMR = .06; RMSEA = .09 z= 3.49, SE = .05, p < .001, β = .03 (não significativo)

Efeito da mediação .03 – Não significativo

Efeito direto (mantém a significância testada)

.03 .05

.69*

Suporte de si Ligação Medo de desapontar

.58 -.40* .86* Individuação ao pai Autoconfiança .90* Confiança Dependência Evitamento .52* Vinculação amorosa .78 -.79* .25*

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ambas as figuras parentais e, negativamente, com o evitamento e ambivalência no relacionamento amoroso e autoconfiança à mãe e ao pai e intrusividade à mãe e ao pai. Por sua vez, a perceção de um ambiente familiar conflituoso associa-se positivamente com evitamento e ambivalência na relação amorosa, assim como, com a intrusividade e autoconfiança em relação à mãe e ao pai e, negativamente, com a confiança no par romântico e suporte de si à mãe e ao pai e a ligação à mãe e ao pai.

Desta forma, constatou-se que a perceção positiva do jovem adulto acerca do ambiente familiar facilita a presença de sentimentos de confiança no par romântico, o que propiciam uma maior qualidade na vinculação amorosa. De acordo com Buhl (2008), o tipo de envolvimento amoroso está associado ao modo como o indivíduo perceciona o seu ambiente. Já a existência de um contexto familiar com um maior grau de conflito poderá acarretar comportamentos inseguros nas relações românticas. A segurança apreendida pelo sujeito do contexto que o rodeia relaciona-se com a qualidade da vinculação precoce às figuras significativas, quer sejam os pais ou o par amoroso (Bowlby, 1988; Shaver & Mikulincer, 2002). A existência de apoio e afetividade no ambiente circundante do jovem adulto, bem como, uma posição segura e libertadora dos pais proporcionam condições favoráveis para o seu processo de individuação e autonomia. De acordo com o estudo de Scabini (2000), com foco nas relações pais-filhos na transição para a idade adulta, numa amostra de 259 famílias, em que os filhos tinham entre os 17 e os 25 anos idades, destaca-se um aumento de apoio e ligação aos pais, tal como maior grau de autonomia nos jovens adultos.

Na perceção do ambiente em que prevalece a coesão e expressividade constatou-se alguma defensividade e preocupação quanto ao medo de não corresponder às expectativas dos pais, o que pode ocasionar níveis baixos de autoconfiança para as decisões. A transição para a idade adulta reitera a existência de algum nível de autonomia (Arnett, 2006), contudo,

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à dependência das figuras parentais acresce a um sentimento de corresponder às posições dos pais, acabando por estar presente o medo de desapontar as figuras parentais. Verifica-se que a perceção de um ambiente conflituoso é promovido pela perceção das figuras parentais como intrusivas e controladoras das preferências pessoais, podendo assumir significância na autoconfiança. No estudo de Parra, Oliva e Reina (2013), com 513 participantes entre os 12 e os 19 anos de idades, em que o objetivo incidia nas relações dos adolescentes e jovens adultos com a família, constataram que na jovem adultícia tende a diminuir a condição conflituosa no ambiente familiar e aumento da proximidade e coesão. Para Buhl (2008), os conflitos provenientes da dinâmica relacional não têm necessariamente uma carga negativa, pelo que, o desentendimento e diferença promovem maiores índices de individuação, sempre que os conflitos sejam resolvidos de forma positiva.

No presente estudo verificou-se que o suporte de si à mãe e ao pai e a ligação à mãe e ao pai se associam positivamente com a confiança ao par romântico e negativamente com o evitamento e ambivalência na relação amorosa. Constatou-se, ainda, que a intrusividade à mãe e ao pai associa-se de forma positiva com o evitamento e ambivalência e de forma negativa com a confiança na relação amorosa. Nesta medida, a confiança na relação amorosa sugere estar estreitamente ligada com a qualidade do vínculo estabelecido com as figuras parentais. Segundo Bowlby (1982), o percurso vivencial pautado por uma vinculação segura, disponível e próxima entre pais e filhos disponibiliza recursos positivos, confiança, valorização de si para as relações futuras. Shaver e Mikulincer (2002), aludem ao facto de indivíduos seguros estarem mais capazes de desenvolverem confiança em si e nas relações com os outros, bem como, na capacidade em lidar com as situações adversas. O desenvolvimento da identidade associa-se à confiança e segurança transmitida pelas relações primordiais de afeto e face aos desafios dos jovens adultos, estes laços são de relevância para a exploração de novas relações. Nesta fase, a importância das relações seguras que se vão

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expandindo na vida dos jovens e o processo de individuação é mais ou menos facilitado neste contexto, pelo que os novos focos de investimento passam a dirigir-se para o par romântico. Collins e Feeney (2000), suportam esta ideia no seu estudo numa amostra com uma média de idades nos 19 anos, pelo que a qualidade da relação está associada a um relacionamento de proximidade e responsabilidade baseada nos comportamentos positivos destes. Todavia, não seria esperado a associação positiva da autoconfiança à mãe e ao pai com o evitamento e ambivalência, tal como a associação negativa com a confiança na relação amorosa. Apesar disto, Mikulincer e Shaver (2007), preconizam que os jovens adultos podem ver na relação amorosa uma procura de proximidade e, perante os resultados obtidos, sugere-se que os jovens poderão sentir-se menos seguros na relação com os pais, na transição para a vida adulta, pela organização de novas tarefas e ao mesmo tempo pelo desenvolvimento da sua própria autonomia numa nova relação.

O suporte de si à mãe associa-se positivamente com a dependência na relação, bem como o medo de desapontar os pais, também, revelou uma associação positiva com a dependência na relação amorosa. Assim, estes resultados parecem apontar para que o medo de não corresponder às expetativas e preferências dos pais e a escassa procura de suporte e apoio na relação com a figura materna podem levar à busca excessiva de apoio, ligação e valorização no parceiro amoroso, que pode suscitar uma maior dependência da relação. O elo afetivo sentido nas relações mantidas com as figuras parentais são relevantes para as interações mantidas na jovem adultícia (Bowlby, 1988), de forma a possibilitar experiências emocionais favoráveis à sua autonomia e maturidade emocional (Koepen & Denissen, 2012). No presente estudo verificaram-se, ainda, diferenças significativas do processo de individuação à mãe e ao pai face à idade. Constatou-se que os jovens adultos, dos 18 aos 21 anos, apresentam maiores níveis de suporte de si à mãe, ligação à mãe e medo de desapontar a mãe e o pai, comparativamente com os jovens de idades compreendidas entre os 22 e os 30

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anos. Note-se que é nesta idade, entre os 18 e os 21 anos, que os jovens adultos estão mais dependentes da figura significativa, pelas tomadas de decisões relativamente às suas preferências e opções, desenvolvendo sentimentos de apreensão em não corresponder às expetativas das figuras parentais. Segundo Zupančič e Kavčič (2014), os jovens adultos tendem em estar ligados emocionalmente mais à figura materna e, por isso, um receio de não corresponder às expetativas da figura materna. Para estes autores, a independência dos adultos emergentes ocorre e consolida-se com o avançar da idade. Os jovens adultos com idades entre os 22 e os 30 anos apresentaram maiores níveis de autoconfiança em relação à mãe e ao pai, comparativamente com os jovens entre os 18 e os 21 anos, o que pode aclarar que sejam os mais velhos aqueles que se manifestam mais e seguros e estáveis para aumentar o sistema de crescimento e autonomia pessoais. Para autores como Koepke e Denissen (2012), Meeus, Iedema, Maassen e Engels (2005) e Scabini (2000), a consolidação dos compromissos e escolhas associam-se ao aumento da idade e maturidade atingida, o que consente a diminuição dos cuidados parentais e aumento da autonomia e individualidade. Neste seguimento, não foram reportadas diferenças significativas do ambiente familiar e qualidade da vinculação amorosa face à idade. Estes resultados não encontraram suporte na literatura, visto que segundo Parra et al. (2013), para os jovens adultos, a perceção do ambiente familiar tende a evidenciar-se mais coesa em comparação com a fase da adolescência. Matos e Costa (2006), realçam que as relações amorosas têm uma maior conotação no final da adolescência. Desta forma, pode sugerir-se a presença de jovens investidos na relação amorosa transversalmente à idade.

Quando considerado o ambiente familiar face ao sexo, os resultados mostraram que são as raparigas que percecionam o ambiente familiar pautado de coesão e expressividade, comparativamente aos rapazes. Por outro lado, o sexo masculino revela níveis superiores de conflito quando comparados ao sexo feminino. Estes resultados vão ao encontro do estudo de

Imagem

Figura  1.  Modelo  representativo  do  efeito  mediador  da  individuação  à  mãe  na  associação  entre o ambiente familiar e a vinculação amorosa
Figura  2.  Modelo  representativo  do  efeito  mediador  da  individuação  ao  pai  na  associação  entre o ambiente familiar e a vinculação amorosa

Referências

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