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Analise do Excesso de Infravermelho de Estrelas Evoluídas Observadas pelo Satelite Kepler

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Academic year: 2021

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(1)

Departamento de F´ısica Te´orica e Experimental Programa de P´os-Graduac¸˜ao em F´ısica

An´

alise do Excesso de Infravermelho de Estrelas

Evolu´ıdas Observadas pelo Sat´

elite Kepler

Jos´

e Edvaldo de Lima J´

unior

Natal-RN Dezembro/2015

(2)

An´

alise do Excesso de Infravermelho de Estrelas

Evolu´ıdas Observadas pelo Sat´

elite Kepler

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em F´ısica de Departamento de F´ısica Te´oria e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obten¸c˜ao do grau de mestre em F´ısica

Orientador: Prof. Dr. Bruno Leonardo Canto Martins Co-Orientador: Prof. Dr. Jos´e Renan de Medeiros

Natal-RN Dezembro/2015

(3)

Ao meu orientador Dr. Bruno L. C. Martins por acreditar em mim, a meu grande amigo Dgerson pela sua imprescid´ıvel ajuda, ao PPGF sob a coordena¸c˜ao do Dr. J.R. de Medeiros, a CAPES pelo apoio financeiro e finalmente a minha fam´ılia.

(4)

Carl Sagan

(5)

por

Jos´

e Edvaldo de Lima J´

unior

Resumo

Este trabalho tˆem como foco principal a an´alise do infravermelho das 1916 estrelas gi-gantes vermelhas do cat´alogo de Pinsonneault. Para realizar tal an´alise nos ultilizamos da avalia¸c˜ao do diagrama cor-cor como primeiro crit´erio de sele¸c˜ao para a procura de estrelas com excesso de infravermelho, das quais 47 estrelas foram selecionadas, depois analisamos as distribui¸c˜oes espectrais de energia ou SED onde 29 estrelas foram selecionadas e para confirma¸c˜ao do excesso de infravermelho, passamos pela inspe¸c˜ao visual, onde das 29 es-trelas apenas uma, a estrela KIC9728845, n˜ao apresentou contamina¸c˜ao por background de gal´axias ou por uma estrela pr´oxima. Na inspe¸c˜ao visual, e nas SEDS analisamos o excesso nas bandas W1, W2 e principalmente nas bandas W3 e W4 do sat´elite WISE. Por fim calculamos a tempertura dessa poeira em aproximadamente 200K.

Palavras-chaves: Kepler, Wise, 2MASS, Infravermelho, Poeira Interestelar.

(6)

by

Jos´

e Edvaldo de Lima J´

unior

Abstract

This work has focused primarily on the analysis of infrared of 1916 red giant stars Pinsonneault catalog. To perform this analysis we use the evaluation of the color-color diagram as a first selection criterion looking for stars with infrared excess, of which 47 were selected stars, then we analyze the spectral energy distributions or SED where 29 stars were selected and infrared excess of confirmation, We passed the visual inspection, where the 29 stars one, the KIC9728845 star, showed no contamination by background galaxies or a nearby star. On visual inspection, and the SEDS analyzed over the bands W1, W2 and W3 mainly by bands and bands W3 and W4 satellite WISE. Finally we calculate the tempertura this dust at about 200K.

Keywords: Kepler, Wise, 2MASS, Infrared, Warm Dust.

(7)

1.1 Espectro eletromagn´etico em diferentes comprimentos de onda. . . 2

1.2 Secador de cabelo observado no vis´ıvel e no infravermelho. . . 3

1.3 Galaxia em diferentes comprimentos de onda. . . 3

1.4 Nebulosa cabe¸ca de cavalo observada no vis´ıvel, IR pr´oximo e m´edio. . . . 4

1.5 Centro gal´atico observado no IR. . . 5

1.6 Cometa observado no IR m´edio pelo IRAS. . . 6

1.7 O planeta Terra observado no IR m´edio. . . 7

1.8 Poeira em torno de Cirrus observado no IR m´edio pelo IRAS. . . 7

1.9 Nossa gal´axia observada no IR distante pelo sat´elite COBE. . . 8

1.10 IRAS vista infravermelha da gal´axia de Andrˆomeda (M31). . . 9

1.11 Forma¸c˜ao de um Sistema Planet´ario. . . 11

1.12 Disco de detritos em Beta Pictoris. . . 12

1.13 Reabastecimento do disco de detritos em Beta Pictoris. . . 14

1.14 Planeta Fomalhaut b no disco de detritos em torno da estrela Fomalhaut. . 15

2.1 Campo de vis˜ao do Kepler. . . 24

2.2 Fotˆometro do Satelite Kepler. . . 25

2.3 Sat´elite Kepler. . . 25

2.4 Diagrama HR para os trˆes diferentes m´etodos. . . 28

2.5 Cat´alogos do Kepler, APOKASC e Pinsonneault. . . 29

(8)

3.1 Diagrama cor-cor para a amostra de Wu et al. (2013). . . 35

3.2 Histograma dos ´ındices de cor. . . 35

3.3 SED de uma estrela sem excesso IR. . . 36

3.4 Estrela com excesso em W4 pelo SED. . . 37

3.5 Estrela KIC10658326 com excesso em W4 pelo SED. . . 38

3.6 Imagem da Estrela KIC10658326 sem fonte pontual em W4. . . 39

4.1 Diagrama HR do cat´alogo de Pinsonneault.. . . 41

4.2 Estrelas candidatas a excesso em W4 pelo diagrama cor-cor. . . 42

4.3 Histograma para J − H ≤ 0, 51. . . 43

4.4 Histograma para 0, 51 < J − H ≤ 0, 545. . . 44

4.5 Histograma para 0, 545 < J − H ≤ 0, 578. . . 44

4.6 Histograma para J − H > 0, 578. . . 45

4.7 Diagrama cor-cor mostrando os dois m´etodos de sele¸c˜ao. . . 46

4.8 Histograma mostrando os dois m´etodos de sele¸c˜ao. . . 47

4.9 Diagrama HR para as 30 estrelas selecionadas. . . 48

4.10 SED da estrela KIC7019157. . . 49

4.11 Posi¸c˜ao das estrelas selecionadas na gal´axia. . . 49

4.12 Imagem da estrela KIC6185317 sem excesso em W4.. . . 52

4.13 Imagem da estrela KIC7265189 sem excesso em W4.. . . 53

4.14 Imagem da estrela KIC5517442 sem excesso em W4.. . . 54

4.15 Estrela com excesso em W4 pelo SED. . . 55

4.16 Imagem da estrela com excesso de W1 at´e W4 . . . 56

4.17 Raio versus K-22. . . 57

4.18 Metalicidade versus K-22. . . 58

4.19 Massa versus K-22. . . 59

4.20 Temperatura da poeira em torno da estrela KIC9728845. . . 60

C.1 Sequˆencia Principal. . . 72

C.2 Estrelas muito brilhantes. . . 73

(9)

1.1 Regi˜oes do Infravermelho. (Cr´edito: Nasa/IPAC) . . . 10

2.1 Tipos espectrais. Fonte: Hetem (2006) . . . 30

2.2 Amostra de parˆametros de 29 estrelas do cat´alogo Pinsonneault. . . 31

3.1 As bandas J, H e K do 2MASS e W1, W2, W3 e W4 do WISE. . . 33

3.2 Crit´erio de sele¸c˜ao dos ´ındices de cor. . . 34

4.1 Novo crit´erio de sele¸c˜ao do ´ındices de cor para o cat´alogo de Pinsonneault. 42 4.2 Novo crit´erio de sele¸c˜ao dos ´ındices de cor. . . 47

4.3 Estrelas com excesso de IR selecionadas com suas respectivas magnitudes W1, W2, W3 e W4 do WISE e as bandas J, H e K do 2MASS. . . 50

4.4 Parˆametros das 30 estrelas selecionadas. Fonte: (Vizier). . . 51

A.1 Acen¸c˜ao reta e declina¸c˜ao das estrelas selecionadas. . . 64

A.2 Estrelas do cat´alogo de Pinsonneault. . . 65

(10)

Agradecimentos i

Resumo iii

Lista de Figuras vii

Lista de Tabelas vii

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Astronomia do Infravermelho . . . 2

1.2 Infravermelho Pr´oximo . . . 4

1.3 Infravermelho M´edio . . . 6

1.4 Infravermelho Distante . . . 8

1.5 Nascimento de estrelas e planetas . . . 10

1.6 Disco de Detritos . . . 12

1.6.1 Planetas e o Reabastecimento do Disco de Detritos . . . 13

1.7 Planetas e o Excesso de IR . . . 17

1.8 Estrelas da Sequˆencia Principal e o Excesso de IR . . . 18

1.9 Estrelas Gigantes e o Excesso de IR . . . 19

1.10 Objetivo e Plano de Trabalho . . . 20

2 Base de Dados 22 2.1 Miss˜ao Espacial Kepler . . . 22

(11)

2.2 O Projeto 2MASS. . . 26

2.3 Miss˜ao WISE . . . 26

2.4 Amostra Estelar . . . 27

2.5 Parˆametros Estelares . . . 29

3 Metodologia 32 3.1 Diagramas Cor-Cor . . . 32

3.2 Avalia¸c˜ao das SEDS . . . 36

3.3 Inspe¸c˜ao Visual . . . 38

3.4 Temperatura da poeira . . . 39

4 Resultados e Discuss˜oes 40 4.1 Diagrama HR e Cor-Cor: Cat´alogo Pinsonneault . . . 40

4.2 SEDS . . . 48

4.3 Inspe¸c˜ao Visual . . . 52

4.4 Temperatura da Poeira . . . 59

5 Conclus˜oes e Perspectivas 61 A Apendice A 63 A.1 Descri¸c˜ao do parˆametros das estrelas . . . 63

A.2 Coordenadas das 30 estrelas selecionadas . . . 64

A.3 Caracter´ısticas das estrelas do cat´alogo de Pinsonneault . . . 65

B Apendice B 66 B.1 Imagens das bandas W1 a W4 das estrelas candidatas a excesso IR. . . 66

C Apendice C 71 C.1 Diagrama HR . . . 71

(12)

INTRODUC

¸ ˜

AO

A Astronomia foi chamada, com raz˜ao, a mais antiga das ciˆencias. Desde a aurora da civiliza¸c˜ao o homem luta para compreender os complexos movimentos dos corpos celestes e muitas civiliza¸c˜oes do passado basearam sua cultura na observa¸c˜ao celeste. Ao olhar para o c´eu, elas procuravam padr˜oes que os ajudassem a explicar o mundo a sua volta, como por exemplo, identificar os ciclos clim´aticos para escolher os momentos apropriados de suas planta¸c˜oes e colheitas, al´em de alimentar suas cren¸cas e mitologias. Mas foi a partir dos fil´osofos da natureza como Cop´ernico, Kepler, Galileu Galilei e Newton que os mist´erios dos c´eus come¸caram a ser descortinados.

A descoberta de que a luz era um onda eletromagn´etica, por James C. Maxwell, forneceu aos cientistas uma preciosa informa¸c˜ao que faltava aos antigos. A partir da´ı o Universo podia ser observado em termos de frequˆencia e comprimentos de onda. Essa descoberta deu aos cientistas, em particular aos astrˆonomos, ferramentas para estudar os mais diversos fenˆomenos na natureza, j´a que a luz traz a informa¸c˜ao da estrelas, que eles se utilizam para seus estudos. Hoje sabemos que a luz vis´ıvel ´e uma pequena parte do espectro eletromagn´etico, figura (1.1).

Na figura (1.1), na parte superior temos os comprimentos de onda em ordem crescente da esquerda para direita. Logo abaixo temos as frequˆencias crescendo da direita para esquerda. Ao centro temos as faixas ou bandas do espectro eletromagn´etico e abaixo temos a luz ou espectro vis´ıvel.

(13)

Figura 1.1: De cima para baixo temos: Comprimentos de onda, frequˆencia, as faixas ou bandas do espectro eletromagn´etico, da esquerda para direita - raios c´osmicos, raios γ , raio X, ultravioleta, vis´ıvel, infravermelho, microondas, ondas de r´adio. Abaixo temos a luz ou espectro vis´ıvel. Fonte: Feltre (2000).

No espectro eletromagn´etico, a parte infravermelha (IR)1, nos fornece uma importante janela para investigar muitos fenˆomenos na astronomia, e ´e dessa faixa que vamos falar na pr´oxima se¸c˜ao.

1.1

Astronomia do Infravermelho

Desde a segunda metade do s´eculo passado iniciou-se uma empolgante fase da Astro-nomia do Infravermelho, Rieke (2009). O lan¸camento de sat´elites como o Infrared As-tronomical Satellite (IRAS) Mclaughlin & De Leeuw (1982), Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) Wright(2009), do Kepler Christensen-Dalsgaard et al.(2008) e do pro-jeto Two Micron All Sky Survey (2MASS)Kirkpatrick(2003), forneceram aos astrˆonomos muitos dados sobre essa faixa do espectro eletromagn´etico.

A importˆancia de se observar em comprimentos de onda diferentes ´e que podemos observar estruturas e processos f´ısicos espec´ıficos de acordo com o interesse do estudo.

(14)

O infravermelho, por exemplo, pode revelar coisas escondidas na luz vis´ıvel. Na figura (1.2), `a esquerda, vemos um secador de cabelo ligado observado na luz vis´ıvel. `A direita o mesmo secador observado no infravermelho.

Figura 1.2: Esquerda: Luz vis´ıvel. Direita:Infravermelho. (Cr´edito:NASA/IPAC)

Na figura (1.3) temos a mesma gal´axia observada em diferentes comprimentos de onda. Da esquerda para direita temos as observa¸c˜oes que foram feitas na faixa do raio X, que podem ser causados pelo disco de acre¸c˜ao de um buraco negro; no UV, ultravioleta onde observamos estrela quentes e jovens em comprimentos de onda da ordem de 200 nm; no vis´ıvel em 500 nm, onde podemos observar estrelas como o nosso Sol; no infravermelho pr´oximo em 1.600 nm, onde encontramos estrelas frias e frequentemente velhas onde a poeira se torna transparente e, por fim, no infravermelho distante, `a 100.000 nm, onde temos a presen¸ca de poeira fria ou aquecida por estrelas quentes, Rebull(2013).

Figura 1.3: Gal´axia Cabe¸ca de Cavalo observada, da esquerda para direita em: Raio X, UV, Vis´ıvel, IR Pr´oximo, Far IR . (Cr´edito: NASA/IPAC)

(15)

A radia¸c˜ao infravermelha ´e emitida por qualquer objeto que tenha temperatura, isto ´e, que emita calor. Ent˜ao, todo objeto celeste emite energia no infravermelho. Essa emiss˜ao depende da temperatura do objeto observado. Para objetos mais frios temos comprimen-tos maiores e objecomprimen-tos mais quentes temos comprimencomprimen-tos de onda menores. Desse modo, alguns comprimentos de onda s˜ao mais adequados para o estudo de certos objetos celestes, do que outros. A medida que nos movemos, do infravermelho pr´oximo para o infraver-melho m´edio, alguns objetos se tornam vis´ıveis enquanto outros desaparecem, como na figura (1.4). A imagem da esquerda mostra estrelas vistas no vis´ıvel, no centro estrelas frias e velhas, e a direita a poeira interestelar Rebull (2013).

Figura 1.4: Nebulosa cabe¸ca de cavalo observada no vis´ıvel (Esquerda), IR pr´oximo pelo 2MASS (Centro) e m´edio pelo ISO (Direita). (Cr´edito:NASA/IPAC)

O espectro infravermelho est´a dividido em trˆes regi˜oes: pr´oximo, m´edio e distante, em temperaturas que variam entre 10,6K at´e 5.200K. Nessas bandas, podemos observar desde proto-estrelas at´e a qu´ımica estelar e interestelar. Vamos falar sobre o IR pr´oximo na se¸c˜ao seguinte.

1.2

Infravermelho Pr´

oximo

Observa¸c˜oes no Near Infrared ou infravermelho pr´oximo, de 0,7 µm `a 5 µm, foram feitas de observat´orios terrestres desde a d´ecada de 60 Rieke (2009). Elas s˜ao feitas da

(16)

mesma maneira que as observa¸c˜oes na luz vis´ıvel para comprimentos de onda inferiores a 1 µm, mas requerem detectores de infravermelho especiais para bandas al´em de 1 µm.

Quando observamos nessa regi˜ao do espectro eletromagn´etico, as estrelas azuis quentes, vistas no vis´ıvel, desaparecem e as estrelas frias se tornam vis´ıveis. As estrelas gigantes vermelhas e as an˜as vermelhas de baixa massa dominam o infravermelho pr´oximo. Nessa faixa, a poeira interestelar se torna transparente.

Podemos notar, a partir da figura (1.5), que o centro da nossa gal´axia fica escondido por uma espessa camada de poeira quando observada na luz vis´ıvel, figura (1.5(a)), e torna-se transparente quando observada no IR pr´oximo, figura (1.5(b)). Muitas das estrelas mais quentes na imagem vis´ıvel desvaneceram-se na imagem do IR pr´oximo. A imagem do IR pr´oximo mostra estrelas avermelhadas e mais frias, an˜as vermelhas, Kirkpatrick et al.

(1991) e principalmente gigantes vermelhas, que n˜ao aparecem no modo de exibi¸c˜ao de luz vis´ıvel. As estrelas gigantes vermelhas j´a esgotaram seu combust´ıvel nuclear e est˜ao produzindo metais pesados. Elas podem aumentar at´e 100 vezes seu tamanho original e tem temperaturas que variam 2000-3500K e irradiar mais intensamente na regi˜ao do IR pr´oximo Zeilik & Gregory (1998).

As outras estrelas na figura (1.5(b)) s˜ao an˜as vermelhas. Elas s˜ao muito menores do que o nosso Sol e mais frias com uma temperatura de cerca de 3000 K, o que significa que essas estrelas irradiam mais fortemente no IR pr´oximo.

(a) Vis´ıvel (b) IR Pr´oximo

Figura 1.5: Centro gal´atico observado no a) vis´ıvel e no b)IR pr´oximo. (Cr´edito:NASA/IPAC).

(17)

1.3

Infravermelho M´

edio

A faixa que se estende o IR m´edio vai de 5µm at´e 40 µm. Para evitar conta-mina¸c˜ao com a nossa atmosfera, observa¸c˜oes no IR m´edio e distante s´o podem ser feitas por sat´elites acima da nossa atmosfera, pois a atmosfera da Terra absorve e emite IR

Hemachandra et al. (2015). Essas observa¸c˜oes necessitam de detectores frios especiais contendo cristais, como germanium, cuja a resistˆencia el´etrica ´e muito sens´ıvel ao ca-lor, Low (1969). Nessa banda, as estrelas frias desaparecem e objetos ainda mais frios aparecem, tais como, planetas, cometas e aster´oides.

Os asteroides emitem a maior parte de sua energia no IR m´edio fazendo dessa banda a mais eficiente para localizar asteroides escuros. O IR m´edio pode ajudar a determinar a superf´ıcie, a composi¸c˜ao e o diˆametro dos asteroides. A poeira de cometas tamb´em tem forte emiss˜ao no IR m´edio, figura (1.6), Kelley et al. (2010).

Figura 1.6: Cometa observado no IR m´edio pelo IRAS. (Cr´edito:NASA/IPAC)

A poeira aquecida, warm dust, come¸ca a brihar no IR m´edio. Um exemplo disso ´e a poeira zodiacal que se situa no plano do nosso Sistema Solar. Essa poeira ´e composta de silicatos (como as rochas da Terra), de tamanhos que variam de microns at´e grandes rochas. Os silicatos emitem a maioria de sua radia¸c˜ao em 10 µm, Fujiyoshi et al. (2015). Mapear a distribui¸c˜ao da poeira pode nos fornecer pistas sobre a forma¸c˜ao do nosso Sistema Solar.

Planetas absorvem a radia¸c˜ao de suas estrelas e reemitem o calor no infravermelho, que ´e diferente da luz vis´ıvel refletida pelo planeta. Os planetas do nosso Sistema Solar

(18)

tˆem temperaturas entre 53K e 573K. Objetos nessa temperatura emitem a maior parte de sua luz no IR-m´edio, como por exemplo a Terra que irradia mais fortemente por volta do 10 µm figura (1.7), Low (1969).

Figura 1.7: O planeta Terra observado no IR m´edio. (Cr´edito:NASA/IPAC)

Poeira interestelar quente tamb´em come¸ca a brilhar quando entramos na regi˜ao do IR m´edio. A poeira em torno das estrelas brilha com mais intensidade no infravermelho m´edio. Algumas vezes essa poeira ´e t˜ao espessa que a observa¸c˜ao da estrela ´e obscurecida e a poeira em torno dela pode ser observada no IR como mostrado na figura (1.8),Onaka

(2000).

Figura 1.8: Poeira em torno de Cirrus observado no IR m´edio pelo IRAS (Cr´edito: NASA/IPAC)

(19)

Discos protoplanet´arios, discos de material que cercam estrelas rec´em-formadas, tamb´em brilham no IR m´edio. S˜ao nesses discos onde novos planetas possivelmente est˜ao sendo formados,Ridpath (2011).

1.4

Infravermelho Distante

No IR distante, de 40µm at´e 350µm, todas as estrelas desaparecem e vemos a mat´eria fria do Universo (abaixo de 140K). Enormes nuvens de g´as e poeira fria em nossa pr´opria Gal´axia, bem como em gal´axias pr´oximas, brilham no IR distante. Em algumas dessas nuvens, estrelas novas est˜ao apenas come¸cando a se formar. Observa¸c˜oes nessa banda po-dem detectar o calor de protoestrelas quando a nuvem come¸ca a se contrair,Abergel et al.

(1999).

O centro da nossa Gal´axia tamb´em brilha no IR distante por causa da grande con-centra¸c˜ao de estrelas envolvidas em densas nuvens de poeira, Green et al. (2015), como visto na figura (1.9), onde a regi˜ao central brilha com grande intensidade. Essas estrelas aquecem a poeira e ocorre um aumento da intensidade no infravermelho.

Figura 1.9: Nossa gal´axia observada no IR distante pelo sat´elite COBE em 60, 100 e 240 microns. (Cr´edito:Michael Hauser do Space Telescope Science Institute, COBE/DIRBE Science Team, e NASA).

(20)

central da Gal´axia M31. O n´ucleo dessa gal´axia irradia mais energia no IR distante do que todas as estrelas de nossa gal´axia combinadas. Esta energia, no IR distante, vem da poeira aquecida por estrelas no centro dessa gal´axia,Tabatabaei & Berkhuijsen (2010).

As regi˜oes centrais da maioria das gal´axias brilha muito intensamente no IR distante. V´arias Gal´axias possuem n´ucleos ativos escondidos em regi˜oes densas de poeira, Zeilik

(2002), como mostrado na figura (1.10).

Figura 1.10: Vista da gal´axia Andrˆomeda (M31). Notar o brilho da regi˜ao central. Fonte: http://www.ipac.caltech.edu/outreach/Edu/Regions/irregions.html

Em algumas partes das Gal´axias, a taxa de forma¸c˜ao estelar ´e muito alta. Nes-sas regi˜oes com grande concentra¸c˜ao de mat´eria, principalmente g´as e poeira, a mat´eria come¸ca a ser atra´ıda gravitacionalmente para um determinado ponto, e come¸cam a co-lapsar para forma¸c˜ao de novas estrelas. Nesse processo o material se aquece e come¸ca a emitir sua energia no IR distante Low (1969).

A tabela (1.4) resume as principais caracter´ısticas das regi˜oes do IR 2. 2Fonte: http://www.ipac.caltech.edu/outreach/Edu/Regions/irregions.html

(21)

Regi˜ao O que vemos Temperatura (K) λ (micron)

IR pr´oximo

Gigantes Vermelhas

Gigantes vermelhas frias 740 at´e 5.200 0,7 at´e 5 A poeira ´e transparente

IR M´edio

Planetas, Cometas e Asteroides

Poeira aquecida 140 at´e 740 5 at´e 40 Discos protoplanet´arios

IR Distante

Poeira fria

N´ucleo das Gal´axias 10,6 at´e 140 40 at´e 350 N´uvens Moleculares frias

Tabela 1.1: Regi˜oes do Infravermelho. (Cr´edito: Nasa/IPAC)

1.5

Nascimento de estrelas e planetas

Novas estrelas s˜ao criadas pelo colapso de vastas nuvens de g´as e poeira dentro das gal´axias. Estes frequentes colapsos podem ser provocados pelas gravidade devido a estrelas pr´oximas, as ondas de choque de uma explos˜ao de uma supernova ou a mera rota¸c˜ao lenta e regular de uma gal´axia espiral . Dependendo do tamanho da nuvem e de outros fatores, estrelas podem nascer em grandes aglomerados ou em grupos menores. `A medida que a nuvem se desintegra, ela se adensa e aquece. Qualquer movimento aleat´orio na nuvem inicial cresce at´e que ela se torna um disco achatado e girat´orio. Cada vez mais material ´e atra´ıdo pela gravidade da parte central da nuvem, chamada de protoestrela, que se aquece at´e que come¸ca a brilhar. Seu n´ucleo torna-se mais denso e mais quente, at´e atingir o ponto em que as rea¸c˜oes nucleares podem come¸car, tornando-se realmente uma estrela. O g´as e a poeira restante no disco protoplanet´ario d´a origem aos planetas, asteroides, cometas e demais objetos celestes, Ridpath(2011).

O processo de forma¸c˜ao dos sistemas planet´arios segue as seguintes etapas principais: 1. Forma-se um n´ucleo denso numa nuvem de g´as e poeira; 2. A nuvem colapsa gravi-tacionalmente agregando mais mat´eria; 3. Uma protoestrela se acende com um fluxo de

(22)

g´as bipolar aquecido, em um disco de poeira e g´as; 4. Forma-se um disco protoplanet´ario em torno da estrela central; 5. Os planetas se formam atrav´es de choques de materiais e come¸cam a atrair gravitacionalmente a mat´eria circundante, limpando sua ´orbita; Um novo sistema planet´ario se forma, (Figura 1.11).

Figura 1.11: Forma¸c˜ao de um Sistema Planet´ario. (Cr´edito:NASA/IPAC)

As estrelas jovens continuam cercadas por uma grande nuvem de g´as e poeira. Parte desta espirala e agrega-se na pr´opria estrela, mas com frequˆencia, outro tanto ´e ejetado. Muitas estrelas jovens desenvolvem um campo magn´etico que captura o material circuns-telar e o lan¸ca em jatos a partir dos polos. A press˜ao de radia¸c˜ao pode tamb´em dispersar elementos no espa¸co. Nesse per´ıodo a estrela pode passar por um per´ıodo de pulsa¸c˜ao e instabilidade, chamado de ’T Tauri’, antes de se estabelecer como uma estrela da sequˆencia principal, Ridpath (2011).

(23)

1.6

Disco de Detritos

O disco de detritos ´e uma nuvem achatada do material restante da forma¸c˜ao estelar. Por esse motivo ´e comum encontrar esse disco em estrelas jovens. O disco fornecer´a a mat´eria prima para forma¸c˜ao dos planetas, como visto na se¸c˜ao (1.11). Desse modo a poeira circunstelar ´e uma fonte de informa¸c˜ao sobre as origens dos planetas e das estrelas

Rodigas et al. (2014).

Para encontrar discos de detritos os astrˆonomos medem o excesso de IR proveniente de uma estrela da seguinte formaCruz-Saenz de Miera et al.(2014): a estrela emite radia¸c˜ao em todos os comprimentos de onda, inclusive no IR. Essa radia¸c˜ao aquece a poeira em sua volta que passa a emitir no IR tamb´em. A soma da radia¸c˜ao IR da estrela com a radia¸c˜ao IR da poeira, provoca um excesso de IR na medi¸c˜ao.

Desde a descoberta de um disco de poeira com excesso de IR em torno da estrela Vega

Aumann et al. (1984), o excesso de IR tem sido uma ferramenta ´util na busca de discos de detritos. Muitos trabalhos na procura por estrelas com excesso de IR focaram nos comprimentos de onda de 60µm ou 70µm. Esses trabalhos j´a identificaram 146 estrelas que mostraram excesso em 60µm por correla¸c˜ao cruzada com o cat´alogo Hipparcos, e em 33 estrelas foram encontrados discos de detritos Wu et al. (2013). Discos de poeira tamb´em foram observados no sistema Beta Pictoris, a aproximadamente cinquenta anos luz de distˆancia, como mostrado na figura (1.12), Lagrange & Boccaletti (2014).

(24)

Muitos outros trabalhos foram feitos em comprimentos de onda mais curtos, e.g. 24µm, especialmente, depois do lan¸camento do Telesc´opio Spitzer.

Desse modo, pela teoria da forma¸c˜ao dos sistemas planet´arios Fujiyoshi et al. (2015), ´

e natural encontrar discos de detritos em estrelas jovens e quentes, mas n˜ao em estrelas do tipo tardio, uma vez que, depois de cerca de 10 milh˜oes de anos do nascimento da estrela, a poeira e o g´as deve desaparecer, tendo sido capturados por sua estrela, usados na forma¸c˜ao de aster´oides, cometas e planetas ou ejetados pelo vento solar ou press˜ao de radia¸c˜ao. Contudo, estrelas com idade superior a 10 milh˜oes de anos tˆem apresentado um disco de poeira circunstelar, Costa (2015). Para se ter uma id´eia de como o vento solar interage com o g´as e a poeira, a miss˜ao MAVEN- Mars Atmosphere and Volatile Evolution da NASA, que estuda a evolu¸c˜ao e volatilidade da alta atmosfera de Marte, capturou a fuga de part´ıculas da sua atmosfera que estavam sendo arrancadas pelo ventou solar,

Chaffin et al. (2015). Os cientistas acreditam que marte j´a teve um clima parecido com o da Terra, mas o perda do seu campo magn´etico deixou a atmosfera exposta ao cont´ınuo bombardeio de part´ıculas provenientes do Sol. Essas part´ıculas uma vez ionizadas s˜ao levadas para os confins do Sistema Solar juntamente com o vento Solar. Com a perda da umidade atmosf´erica e de gases vitais, como CO2, o clima de Marte se transformou

drasticamente. De um planeta capaz de sustentar ´agua liquida para um planeta ´arido e in´ospito.

A pergunta que pretendemos responder com o nosso estudo ´e: Qual a origem desse disco de detritos em estrelas tardias?

1.6.1

Planetas e o Reabastecimento do Disco de Detritos

Uma poss´ıvel explica¸c˜ao para o reabastecimento do disco em estrelas tardias, ´e que planetas massivos, do tipo de J´upiter ou maiores, por exemplo, podem desviar a trajet´oria de aster´oides e cometas de modo que eles podem colidir uns com os outros quebrando esses corpos em peda¸cos menores at´e virarem poeira, Lagrange et al. (2000), figura (1.13). A poeira ent˜ao forma um disco ao redor da estrela que os astrˆonomos chamam de Disco de Detritos.

(25)

Figura 1.13: Concep¸c˜ao art´ıstica dos choques que reabastecem o disco de detritos em torno da estrela central. Do lado superior esquerdo ´e mostrado um planeta que perturba a trajet´oria dos cometas e aster´oides.(Cr´edito: W. Lyra & Kuchner)

De modo que a detec¸c˜ao de poeira em torno de estrelas do tipo tardia, ´e um indicativo de que pode existir planetas em sua ´orbita, pois do contr´ario n˜ao haveria um corpo para desviar as trajet´orias e n˜ao haveria colis˜oes e nem poeira, de forma que, encontrar um disco de detritos nos d´a uma pista para encontrar planetas, Gomes et al.(2005).

Kalas et al.(2014) usaram o telesc´opio espacial Hubble para obter imagens do disco de detritos da estrela Fomalhaut, 16 vezes mais brilhante e quatro bilh˜oes de anos mais jovem que o Sol. Observa¸c˜oes posteriores revelaram a existˆencia de um planeta batizado com o nome Fomalhaut b, que foi o primeiro planeta observado diretamente. Vemos na (Figura

1.14) um anel excˆentrico, desalinhado sugerindo que um grande planeta poderia estar orbitando a estrela central Fomalhaut. Em destaque no lado inferior direito o planeta Fomalhaut b, detectado nos anos de 2004 e 2006.

(26)

Figura 1.14: Imagem obtida pelo telesc´opio Hubble do planeta Fomalhaut b no disco de detritos em torno da estrela Fomalhaut. Em destaque a direita temos o planeta observado nos anos de 2004 e 2006. (Fonte: http://spacetelescope.org/images/html/heic0821a.html)

Estudar a intera¸c˜ao entre o disco de detritos e os planetas pode nos esclarecer sobre a estrutura do nosso Sistema Solar, j´a que a intera¸c˜ao entre o cintur˜ao de asteroides entre Marte e J´upiter e o cintur˜ao de Kuiper, influenciaram fortemente a atual estrutura do nosso Sistema Solar, al´em de permitir a investiga¸c˜ao sobre a forma¸c˜ao de outros sistemas planet´arios em outras partes do Universo Gomes et al. (2005).

Acredita-se que muitas das crateras na Terra e na lua sugiram de choques catacl´ısmicos com b´olidos celestes que foram atra´ıdos para o interior do Sistema Solar por uma intera¸c˜ao gravitacional com os planetas gigantes J´upiter e Saturno por volta de 4,0 bilh˜oes de anos atr´as. Esse per´ıodo ficou conhecido como Bombardeio Pesado TardioGomes et al.(2005). Essa intera¸c˜ao gravitacional for¸cou Saturno, Urano e Netuno para mais longe do Sol. A passagem de Netuno pelo cintur˜ao de Kuiper, perturbou a trajet´oria dos corpos e enviou grandes massas de gelo e rocha para o interior do Sistema Solar. Alguns desses corpos se chocaram com os planetas e luas, e, devido a esse choques, uma grande quantidade de poeira foi gerada Levison et al. (2008).

(27)

sua composi¸c˜ao, inclusive a ´agua proveniente dos cometas, segundo teorizam alguns ci-entistas Walsh et al. (2011). Mais recentemente analisando a composi¸c˜ao das amostras coletadas do cometa 67P Goesmann et al. (2015) detectaram 16 diferentes compostos orgˆanicos inclusive acetona eMorse et al.(2015) mediram diferentes taxas de ´agua, CO2,

e CO. Esses elementos s˜ao vitais para a vida e caso n˜ao houvesse essa intera¸c˜ao entre os planetas e o disco de detritos, e esse bombardeamento n˜ao houvesse ocorrido, a Terra seria um lugar bem diferente atualmente.

Em 2010 foram observados eventos semelhante no jovem sistema eta Corvi. Usando dados do telesc´opio espacial Spitzer, Marengo et al. (2014) descobriram que, um grande n´umero de corpos comet´arios, das regi˜oes exteriores deste sistema, colidiram com um corpo de tamanho planet´ario em sua regi˜ao interior, liberando ´agua e poeira de gelo cuja a massa total ´e de cerca de 0, 1% de toda ´agua nos oceanos da Terra.

Se a ´agua ´e um elemento fundamental para vida, isso nos leva a uma outra quest˜ao fundamental: Como eventos que levaram a vida na Terra podem estar acontecendo em outros sistemas?

Outra quest˜ao interessante ´e: qual ser´a o futuro no nosso planeta e do Sistema So-lar? Em um trabalho recente Vanderburg et al. (2015) estudou a estrela moribunda WD1145+017 observada pelo tel´esc´opio Kepler. Uma an˜a branca, na constela¸c˜ao de Virgo, a 570 anos luz de distˆancia. Eles detectaram a diminui¸c˜ao de regular da intensi-dade do seu brilho num intervalo de 4,5 horas, que indica que h´a v´arios peda¸cos de rochas de um planeta em destro¸cos orbitando muito pr´oximo da estrela. As imagens do Kepler corroboradas por observa¸c˜oes e medi¸c˜oes de outros telesc´opios, mostram um total de seis ou mais fragmentos rochosos e poeira.

Essa observa¸c˜oes s˜ao importantes pois assim como o WD1145+017, quando o hi-drogˆenio acabar o Sol come¸car´a a queimar elementos mais pesados como h´elio, carbono e oxigˆenio, e se expandir´a de forma a se desfazer de suas camadas externas e se tornar uma an˜a branca de tamanho semelhante ao n´ucleo de nosso planeta.

Ao fazer isso, consumir´a provavelmente a Terra, Vˆenus e Merc´urio. E, na eventual hip´otese de a Terra sobreviver a esta convuls˜ao, ela acabar´a destru´ıda em peda¸cos `a medida que a gravidade da an˜a branca a atrair em dire¸c˜ao a ela.

(28)

rela¸c˜ao com os planetas, estrelas da sequˆencia principal e estrelas evolu´ıdas.

1.7

Planetas e o Excesso de IR

Atualmente existem 1956 exoplanetas3 confirmados, principalmente por trˆansito

pla-net´ario e velocidade radial e aproximadamente 2300 outros esperando confirma¸c˜ao pela miss˜ao KeplerBatalha & Kepler Team (2012).

Werner et al. (2004) encontraram muitas estrelas pr´oximas rodeadas por discos de detritos a partir de observa¸c˜oes feitas com o Infrared Space Observatory (ISO) Salama

(2004), com o Infrared Astronomical Satelite (IRAS) Mclaughlin & De Leeuw (1982) e o Spitzer Space Telescope Patel & Spath (2004), possivelmente produzidos por colis˜oes entre aster´oides ou sublima¸c˜ao de cometas. Dos 350 discos de detritos encontrados com o Spitzer cerca de 70 componentes possuem poeira quente com Tpoeira> 200K (Chen et al.

(2005),Su et al. (2006), Trilling et al. (2008), Carpenter et al. (2009)).

Segundo Beichman et al. (2005) e Bryden et al. (2006), os primeiros exoplanetas com disco de detritos foram descobertos pelo Spitzer. Apesar do disco de detritos fornecer ind´ıcios da presen¸ca de planetas, a rela¸c˜ao entre planetas e disco de poeira ainda ´e in-certa. Estrelas do tipo espectral A com planetas tamb´em possuem discos de detritos brilhantes Kalas et al. (2014), Lagrange et al. (2009), sugerindo assim uma liga¸c˜ao en-tre os dois fenˆomenos. Beichman et al. (2005), afirmam preliminarmente que existe uma fraca correla¸c˜ao entre a frequˆencia e a magnitude de emiss˜ao de poeira com a presen¸ca de planetas conhecidos. De uma amostra de 146 estrelas contendo planetas, descobertos por velocidade radial, Bryden et al. (2009) encontraram 14 sistemas com excesso de IR em 24 e/ou 70µm e a estrela HD 69830 com excesso exclusivamente em 24µm, sugerindo a presen¸ca de poeira quente, an´aloga `a produzida por colis˜oes no cintur˜ao de aster´oides do nosso Sistema Solar.

Lawler & Gladman(2012) buscaram por discos de poeira circunstelar em estrelas can-didatas a hospedar exoplanetas com cintur˜oes de asteroides, muitos dos quais s˜ao super-Terras, numa amostra de 997 sistemas do tipo solar observados pelo sat´elite Kepler. Eles encontraram oito estrelas com excesso de IR m´edio com temperatura morna e quente

(29)

entre 100 e 500K e com distˆancias orbitais entre 0,1 at´e 10 UA 4. Para a estrela KOI 1099 foi estimada a tempertura de 500K para a poeira no interior da ´orbita do candidato a exoplaneta, j´a a estrela KOI 904 teve uma temperatura estimada para poeira muito maior, de aproximadamente 1200K a uma distˆancia de 0,02UA de sua estrela hospedeira. Outros trabalhos encontraram temperatura caracter´ısticas das zonas habit´aveis como no artigo de Morales et al. (2012), onde foi realizado um estudo em uma amostra de 350 sistemas planet´arios selecionados do Exoplanet Encicolp´edia Catalog5 com fotometria WISE. Nove das 350 estrelas apresentaram excesso no infravermelho m´edio em 12 e 22µm, sugerindo que este excesso ´e um indicativo de poeira com temperatura caracter´ıstica de zonas habit´aveis em torno dessas estrelas.

1.8

Estrelas da Sequˆ

encia Principal e o Excesso de

IR

Encontrar discos circunstelares ´e um fenˆomeno relativamente comum em estrelas da sequˆencia principalTrilling et al.(2008). Os discos frios com temperaturas da poeira me-nores que 120K s˜ao relativamente comuns, enquanto disco quentes em volta das estrelas da sequˆencia principal, com temperaturas maiores que 120 K, s˜ao muito incomuns. Um trabalho de Kennedy et al. (2012) mostra que 16% da estrelas FGK possuem discos de detritos, e suas SEDs6 apresentaram picos de emiss˜ao em torno de 70 a 100µm, carac-ter´ıstico de poeira fria da ordem de 50K.

Observa¸c˜oes realizadas com o Infrared Space Telescope (ISO) Salama(2004) de apro-ximadamente 150 estrelas da pr´e-sequˆencia e sequˆencia principal de tipos espectrais F e G feitas por Spangler et al. (2001), encontraram 33 estrelas com evidˆencias de excesso de IR.

Utilizando observa¸c˜oes do telesc´opio Spitzer, Bryden et al. (2006) encontraram sete estrelas do tipo espectral F,G e K com excesso em 70µm e uma estrela com excesso em

4Unidades Astronˆomicas: Distˆancia m´edia entre a Terra e o Sol de aproximadamente 150 milh˜oes de

Km.

5http://exoplanet.eu

(30)

24µm num total de 127 estrelas e Koerner et al.(2010) verificaram que 4, 6% das estrelas tinham excesso em 24µm e 4, 8% em 70µm em um universo de 634 estrelas do tipo solar.

Meyer et al.(2008) identificaram 30 estrelas com excesso de IR em 24µm em uma amostras de 309 estrelas do tipo solar com massas de 0,7 at´e 2,3 massas solares e idades entre 3 M anos e 13 G anos. Carpenter et al. (2009) utilizando dados do programa de forma¸c˜ao e evolu¸c˜ao de sistemas planet´arios do Spitzer, identificaram 46 fontes com excesso em 24µm e 21 com excesso em 70µm numa amostra de 314 estrelas com fotometria (IRAC7 e MIPS)

Patel & Spath(2004), do tipo solar com idades entre 3 M anos at´e 3 G anos com a Tpoeira

entre 60 a 180K. Os autores n˜ao encontraram rela¸c˜ao entre a temperatura da poeira e a idade estelar.

Ribas et al.(2012), analisando dados de 900 estrelas com planetas confirmados e can-didatos, observadas pelos sat´elites espaciais Kepler e WISE, identificaram 13 estrelas com excesso nas bandas 12 e 24µm. Eles afirmaram que sem observa¸c˜oes em comprimentos de onda mais longos n˜ao era poss´ıvel afirmar de maneira conclusiva a natureza desse excesso, apesar de sugerirem que o excesso seja devido `a presen¸ca de um disco de detritos. Eles estimaram o raio do disco de detritos como sendo da ordem dos semi-eixos maior dos planetas, sugerindo que os planetas podem ter perturbado a ´orbita dos planetesimais8 do disco.

Assim como no nosso Sistema Solar, esses resultados sugerem que muitos desses siste-mas podem formar planetas, j´a que possuem a mat´eria prima para tanto.

1.9

Estrelas Gigantes e o Excesso de IR

Os trabalhos da se¸c˜ao anterior mostram que o excesso de IR, caracter´ıstico do disco de detritos, ´e um fenˆomeno relativamente comum em estrelas da sequˆencia principal, mas est´a se tornando cada vez mais claro que alguns discos sobrevivem p´os-sequˆencia principal como sugere o trabalho de Zuckerman & Becklin (1987).

Num trabalho posteriorZuckerman et al.(1995) encontraram 300 candidatas a terem poeira circunstelar, numa amostra de 40.000 estrelas. Eles correlacionaram o Bright Star

7Do inglˆes Infrared Array Cˆamera ou Cˆamera Matricial Infravermelha

8Peda¸cos de gelo ou rocha da ordem de 0,1 at´e 100Km que s˜ao remanescentes da forma¸ao do Sistema

(31)

Catalog Hoffleit & Jaschek (1982) e o Michigam Spectral Catalog com o cat´alogo IRAS para determinar se alguma estrela de classe de luminosidade III possuem poeira circuns-telar emitindo radia¸c˜ao no IR distante. Segundo os autores, a poeira pode ser produzida por perda de massa, semelhante ao que ocorre em torno de gigantes R CrB e gigante K, durante sua r´apida fase de evolu¸c˜ao.

Estudos feitos para estrelas gigantes, do tipo espectral G e K, do cat´alogo Faint Source Catalog (IRAS) , mostraram que 14% apresentaram excesso em 60µmPlets et al. (1997). Eles analisaram uma amostra de estrelas de classe de luminosidade III e tamb´em encon-traram excesso IR em comprimentos de onda 25µm. Tais autores acreditam que a poeira esfriada durante a fase da sequˆencia principal seria reaquecida ap´os a evolu¸c˜ao para o ramo das gigantes.

Na tentativa de explicar os discos de detritos em torno de estrelas gigantes,Jordan et al.

(1987) propuseram que essa poeira ´e devido ao processo de evolu¸c˜ao do sistema da sequˆencia principal para o ramos das gigantes. Jura (1990) a partir de observa¸c˜oes do IRAS de cerca de 100 estrelas gigantes brilhantes, concluiu que os excesso para estrelas do tipo espectral G s˜ao muito mais raros que para estrelas do tipo A da sequˆencia prin-cipal. Estas observa¸c˜oes sugerem que o aumento da luminosidade das estrelas contribui drasticamente para evaporar os restos de corpos comet´arios no disco circunstelar.

1.10

Objetivo e Plano de Trabalho

O objetivo principal deste trabalho ´e estudar a poeira aquecida de estrelas evolu´ıdas observadas pelos sat´elites KEPLER e WISE que foram retiradas do Cat´alogo Pinsonne-ault. Selecionaremos as estrelas que apresentam excesso de infravermelho proveniente do disco de poeira, e calcularemos a temperatura da poeira. O plano de trabalho ´e descrito a seguir:

No cap´ıtulo 2, apresentamos as caracter´ısticas das estrelas contidas no Cat´alogo Pin-sonneault, junto com os parˆametros estelares utilizados para a sele¸c˜ao das estrelas.

No cap´ıtulo 3, mostramos os crit´erios de sele¸c˜ao das estrelas com excesso de infraver-melho, como o diagrama cor-cor, SEDs e a inspe¸c˜ao visual.

(32)

parˆametros estelares com rela¸c˜ao ao excesso de infravermelho.

(33)

BASE DE DADOS

Os dados deste trabalho foram obtidos de trˆes fontes: O sat´elite espacial Kepler

Christensen-Dalsgaard et al. (2008), o sat´elite espacial WISE Wright (2009) e da miss˜ao 2MASSKirkpatrick(2003). Nas se¸c˜oes seguintes apresentamos de cada uma dessas fontes.

2.1

Miss˜

ao Espacial Kepler

O Sat´elite Kepler, (Figura 2.3), lan¸cado pelo foguete Delta II no Cabo Canaveral, em 6 de mar¸co de 2009, manteve-se operante at´e maio de 2013, quando uma falha nos estabilizadores incapacitou o telesc´opio de apontar para os alvos estelares. Nesse per´ıodo ele coletou dados de 206.150 estrelas de nossa Gal´axia.

A miss˜ao principal do telesc´opio ´e detectar planetas do tamanho da Terra nas zonas habit´aveis, orbitando estrelas do tipo solar (F at´e an˜as K), para determinar as frequˆencias e identificar caracter´ısticas desses exoplanetas. As observa¸c˜oes foram divididas em quaters com dura¸c˜ao de aproximadamente 90 dias, Kasting et al. (1993).

O m´etodo de detec¸c˜ao, que requer uma alta precis˜ao fotom´etrica, ´e o trˆansito pla-net´ario, que detecta uma pequena diminui¸c˜ao do brilho da estrela enquanto o planeta passa na frente de sua estrela hospedeira. Um planeta como o nosso, por exemplo, reduz

(34)

o brilho da estrela que orbita em aproximadamente 84 ppm1 . A redu¸c˜ao do brilho pode durar de 3 a 12 horas e deve ser peri´odica, para caracterizar um exoplaneta terrestre, Pon

(2009). Para que o m´etodo funcione ´e necess´ario que a ´orbita do planeta esteja entre a estrela e a linha de visada do telesc´opio. Este m´etodo fornece o per´ıodo orbital e o tama-nho do planeta relativo a sua estrela, Koch et al. (2010). Uma vez detectada o tamanho da ´orbita, o per´ıodo e a massa podem ser calculados usando a terceira lei de Kepler do movimento planet´ario Rebull (2013). O tamanho do planeta pode ser estimado atrav´es de quanto o brilho da estrela diminui quando o planeta est´a no trˆansito.

A ´orbita escolhida para o Kepler foi a Earth-trailing heliocentric orbit (ETHO) que acompanha a ´orbita da Terra com um per´ıodo de 372,5 dias. Esta ´orbita otimiza a observa¸c˜ao de um ponto espec´ıfico no c´eu, j´a que telesc´opio n˜ao passa pela sombra da Terra, n˜ao sofre o arrasto da atmosfera, n˜ao sofre gradientes gravitacionais que poderiam desestabilizar a espa¸conave e o maior torque ´e provocado pelo vento solar.

O seu espelho prim´ario de 0,95 metro de diˆametro, monitora 100 mil estrelas com magnitudes de 9 `a 16, em um campo de vis˜ao de 105 graus quadrados cobrindo 16,1 graus de diˆametro no c´eu. O retˆangulo maior na figura (2.1), mostra os campo total, e os retˆangulos menores no centro mostra o campo efetivo que corresponde 57% do campo total e engloba partes das constela¸c˜oes de Lira e Cisne,Paz-Chinchon et al. (2015) .

O seu fotˆometro, (Figura 2.2), localizado no plano focal do telesc´opio, ´e composto por 42 Coupled Charge Device (CCD), dispositivos de carga acoplada com uma resolu¸c˜ao de 95 megapixels e 4 sensores de orienta¸c˜ao espacial. As dimens˜oes de cada detector ´e de 50x25 mm subdividido em 2 canais. Toda a matriz de pixels tinha uma exposi¸c˜ao de 6,02 s e um tempo de leitura de 0,52 s que eram guardados na mem´oria principal, Science Data Accumulator, ou acumulador de dados cient´ıficos, e depois s´o os pixels correspondentes aos alvos eram salvos na mem´oria do sat´elite, para serem transmitidos mensalmente para o laborat´orios da NASA e ser efetuada a fotometria de abertura com base em uma biblioteca de m´ascaras previamente definidas. Al´em dos arquivos gerados pelos pixels dos alvos estelares, mensalmente era salva um imagem de campo completo ou Full Field Image (FFI).

Seus dados foram tratados com a rotina Pre-Search Data Conditioning (PDC) que

(35)

Figura 2.1: Campo de vis˜ao do Kepler, conjunto de retˆangulos mostrados esquemati-camente no centro da figura s˜ao os CCDs que cobrem uma ´area de 115,6 graus qua-drados, e est˜ao orientados em dire¸c˜ao `a constela¸c˜ao de Cygnus ou Cisne. Cr´edito:

Fraquelli & Thompson (2014)

.

remove os efeitos t´ermicos e cinem´aticos causados pela espa¸conave Jenkins et al. (2010) e para garantir uma qualidade alta, cada pixel individual foi tratado para : (1) decor-relacionar os efeitos do movimento Jenkins et al. (2010); (2) remover os raios c´osmicos

Jenkins et al. (2010) ; (3) remover o efeitos de background local de cada estrela; (4) remover os ru´ıdos sistem´aticos devido as caracter´ısticas do instrumento. Al´em destes tratamentos citados, outros est˜ao descritos em Koch et al. (2010).

(36)

Figura 2.2: Fotˆometro composto de 42 CCD (quadrados) com dois canais (retˆangulos menores) e 4 sensores de orienta¸c˜ao. (Cr´edito:NASA/Kepler)

Figura 2.3: Sat´elite Kepler. Iniciando na parte superior e no sentido anti-hor´ario temos: Bloqueador da luz solar; painel solar; girosc´opio; espelho prim´ario; antena; dissipador de calor; fotˆometro. (Cr´edito:NASA/Kepler)

de seus dados ´e tremendamente ´util para a astrof´ısica estelar, visto que, ´areas como asterosismologia dependem de uma extensa e cont´ınua s´erie temporal com dados de alta

(37)

precis˜ao. Os dados do Sat´elite Kepler foram obtidos atrav´es de medidas ininterruptas de dura¸c˜ao e cadˆencia sem precedentes, que permite an´alises refinadas de caracter´ısticas dessas s´eries temporais Christensen-Dalsgaard et al.(2008).

2.2

O Projeto 2MASS

O projeto 2MASS2, Two Micron All Sky Survey, teve como objetivo mapear todo o

c´eu no infravermelho pr´oximo. Ele mapeou o c´eu em trˆes bandas do infravermelho, com o objetivo de identificar e caracterizar as fontes pontuais em cada faixa Huchra et al.

(2012).

O 2MASS usa dois telesc´opios de 1,3 m de diˆametro, um localizado no Mt. Wilson, AZ, e o outro no CTIO, Chile. Cada telesc´opio foi equipado com uma cˆamera de trˆes canais, cada canal composto por uma matriz de 256 x 256 como detectores de HgCdTe, capaz de observar o c´eu simultaneamente em trˆes bandas J= 1,24 µm, H= 1,63 µm e K= 2,16 µm. As opera¸c˜oes de levantamento foram conclu´ıdas em 15 de fevereiro de 2001,

Kirkpatrick (2003).

A Universidade de Massachusetts (UMass) foi respons´avel pela gest˜ao global do pro-jeto, e pelo desenvolvimento das cˆameras de infravermelho e os sistemas de computa¸c˜ao em ambas as instala¸c˜oesCutri et al. (2003).

2.3

Miss˜

ao WISE

Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) ´e um telesc´opio espacial da NASA recep-tor de ondas infravermelhas lan¸cado em 14 de dezembro de 2009, e posto em estado de hiberna¸c˜ao em 17 de fevereiro de 2011 quando sua transmiss˜ao foi ent˜ao desligadaWright

(2009).

A partir de dados da miss˜ao, foi descoberta a primeira an˜a Y que foi anunciada em 23 de agosto de 2011, assim como de outros dezenas de milhares de novos aster´oides

Beichman et al. (2014).

(38)

Ele mapeou todo o c´eu astronˆomico com fotografias de comprimentos de onda de W1=3,4 µm, W2=4,6 µm, W3=12 µm e W4=22 µm, por 10 meses utilizando uma lente de 40 cm de diˆametroWright (2009). Em outubro de 2010 seu refrigeramento de hidrogˆenio esgotou-se, e por mais 4 meses sua miss˜ao foi chamada de uma extens˜ao, com o nome de NEOWISE (Novo WISE) Mainzer et al. (2011), e foi assim conduzido a realizar uma pequena pesquisa sobre corpos menores pr´oximos da ´orbita da Terra (incluindo asteroides e cometas potencialmente perigosos) usando sua capacidade restante.

Todos os dados pertencentes ao c´eu cartografado foram lan¸cados em 14 de mar¸co de 2012, permitindo acesso a fotos, cat´alogos e dados gerais para o p´ublico. O primeiro asteroide troiano da Terra foi descoberto usando dados obtidos pelo WISE, sendo este fato anunciado em 27 de julho de 2011 Connors et al. (2011). Al´em disto, o terceiro sistema planet´ario mais pr´oximo da Terra foi descoberto pelo WISE, o sistema WISE 1049-5319. Em agosto de 2013, a NASA anunciou a reativa¸c˜ao do telesc´opio WISE para uma nova miss˜ao de trˆes anos de dura¸c˜ao, com a finalidade de procurar por aster´oides que podem potencialmente colidir com a Terra Mainzer et al. (2013).

2.4

Amostra Estelar

Nossa amostra de estrelas est´a baseada no cat´alogo de Pinsonneault,Pinsonneault et al.

(2014). Nele, existem dois tipos de parˆametros: espectrosc´opicos obtidos pelo APOGEE -Apache Point Observatory Galactic Evolution Experiment , Pinsonneault et al. (2014), e os dados astros´ısmicos como gravidade superficial log g, massa m, raio R, densidade m´edia que foram obtidos pelo KASC - Asteroseismology Science Consortium,Pinsonneault et al.

(2014). Da sele¸c˜ao de estrelas dessas duas fontes, Pinsonneault et al. (2014), apresenta-ram o primeiro cat´alogo APOKASC de propriedades espectrosc´opicas e asteros´ısmiscas de 1916 estrelas gigantes vermelhas observadas durante a miss˜ao espacial Kepler. Os dados asteros´ısmicos acrescentam precis˜ao e acur´acia aos dados obtidos apenas por espectrosco-pia, como por exemplo na medida da gravidade superficial g.

Segundo os autores, a combina¸c˜ao dos dados asteros´ısmicos e espectrosc´opicos adici-onou uma nova dimens˜ao ao estudo das popula¸c˜oes estelares. Na figura (2.4), mostra-se

(39)

o diagrama HR (Hertzsprung-Russell) 3, das mesmas estrelas, para os trˆes diferentes m´etodos: `a esquerda temos o diagrama HR utilizando apenas o sistema fotom´etrico; ao centro quando adicionado os dados espectroc´opicos; e a direita a adi¸c˜ao dos dados aste-ros´ısmicos para a gravidade superficial g.

Figura 2.4: As estrelas do cat´alogo no espa¸co log g versus log Tef f em trˆes

diferen-tes m´etodos. Esquerda: Usando o sistema puramente fotom´etrico para o KIC. Centro: Usando o sistema espectroc´opico. Direita: Os parˆametros com a adi¸c˜ao da gravidade superficial astros´ısmica. Fonte: Pinsonneault et al. (2014).

As incertezas nas principais propriedades do cat´alogo s˜ao da ordem de 80 K para tem-peratura efetiva Tef, 0,06 dex na metalicidade [M/H], 0,014 dex na gravidade superficial

log g, 12% na massa e 5% no raio. Os erros refletem a combina¸c˜ao dos erros sistem´aticos e aleat´orios. As medidas da gravidade superficial obtidas atrav´es da asterosismologia s˜ao substancialmente mais precisas que as obitidas espectroscopicamente e a escala dos erros temperatura efetiva situa-se entre 0 e 200 K.

Na figura (2.5) mostramos os diagramas HR para as amostras dos cat´alogos Kepler, APOKASC e Pinsonneault ,Pinsonneault et al.(2014) .

(40)

Figura 2.5: Esquerda: Cat´alogo do Kepler. Centro Cat´alogo APOKASC. Direita:Cat´alogo Pinsonneault. Fonte: Pinsonneault et al. (2014).

Outras caracter´ısticas das estrelas do cat´alogo s˜ao mostradas no Apˆendice (A.3).

2.5

Parˆ

ametros Estelares

Na classifica¸c˜ao das estrelas, luminosidade e temperatura superficial s˜ao parˆametros que tˆem um papel semelhante ao peso e altura de uma pessoa, para classificar seu tipo f´ısico. Sabemos que nos humanos, essas caracter´ısticas s˜ao bem correlacionadas, ou seja, normalmente espera-se que pessoas mais altas tenham maior peso que as pessoas de menor estatura. Assim, tamb´em os astrˆonomos procuram correlacionar os parˆametros estelares. No meio do s´eculo passado, quando ainda n˜ao se compreendia como os ´atomos produ-ziam linhas espectrais, as primeiras classifica¸c˜oes das estrelas foram baseadas nas intensi-dades das linhas do hidrogˆenio. Foi adotada a seq¨uˆencia A,B,C...P, para a nomenclatura das classes espectrais, onde estrelas tipo A tinham as mais fortes linhas de hidrogˆenio, cujas intensidades diminu´ıam at´e chegar no tipo P. Com o melhor entendimento dos sub-n´ıveis da estrutura atˆomica, que foi poss´ıvel por volta de 1920, um novo esquema foi adotado para a classifica¸c˜ao espectral, que estabelecia uma seq¨uˆencia mais significativa em fun¸c˜ao da temperatura da estrela. Assim, algumas letras foram suprimidas e a ordem alterada, resultando em O,B,A,F,G,K,M.

As estrelas de tipo mais pr´oximo de O, no in´ıcio da seq¨uˆencia s˜ao chamadas estrelas de primeiros tipos, do inglˆes early type, enquanto que os tipos mais pr´oximos de M, no final da seq¨uˆencia s˜ao chamados tipos tardios, late type. Cada tipo ´e subdividido em 10

(41)

grupos, de 0 (primeiros) a 9 (tardios), como por exemplo: ...F8, F9, G0, G1, G2...G9. Como a primeira seq¨uˆencia a ser adotada internacionalmente foi desenvolvida no Ob-servat´orio de Harvard em 1910, por Annie J. Cannon e seus colaboradores, essa seq¨uˆencia recebe o nome de Classifica¸c˜ao de Harvard. A tabela 2.1 resume as principais carac-ter´ısticas desses tipos Hetem (2006).

Tabela 2.1: Tipos espectrais. Fonte: Hetem (2006) Tipo Cor Tsup (K) Exemplos

O Azul 30.000

B Azulada 20.000 Rigel (B8)

A Branca 10.000 Vega (A0), Sirius (A1) F Amarelada 7.000 Canopus (F0)

G Amarela 6.000 Sol (G2), Alfa Cen (G2)

K Laranja 4.000 Arcturus (K2), Aldebaran (K5) M Vermelha 3.000 Betelgeuse (M2)

No nosso trabalho, os principais parˆametros estelares do Cat´alogo Pinsonneault fo-ram obtidos no Vizier4. Esses parˆametros s˜ao as magnitudes J,H,K, W1, W2, W3,W4;

ascen¸c˜ao reta e declina¸c˜ao; Temperatura efetiva; Gravidade superficial 5. Foi feita uma

correla¸c˜ao entre estrelas Kepler e as estrelas observadas pelo sat´elite WISE nas bandas W1,W2,W3 e W4 e nas bandas J,H e K do 2MASS.

4http://vizier.u-strasbg.fr/viz-bin/VizieR.

(42)

Na tabela (2.2) s˜ao mostrados os parˆametros6 de 29 estrelas do cat´alogo Pinsonneault. Tabela 2.2: Amostra de parˆametros de 29 estrelas do cat´alogo Pinsonneault.

KIC Teff e Teff [M/H] e M[/H] Massa eMass Raio eRaio log(g) elog(g)

K K Sun Sun M M R R cm/s2 cm/s2 KIC10907196 4740 87 -0,08 0,06 1,5 0,2 10,88 0,72 2,543 0,011 KIC10962775 4736 94 -0,29 0,06 1,21 0,12 10,94 0,45 2,444 0,012 KIC11177749 4644 83 0,06 0,05 1,08 0,11 10,54 0,46 2,427 0,01 KIC11231549 4541 86 -0,03 0,06 1,55 0,16 13,46 0,58 2,371 0,011 KIC11284798 4283 85 0,04 0,06 1,29 0,15 22,26 1,07 1,854 0,012 KIC11337883 4802 85 -0,03 0,06 1,53 0,13 5,92 0,22 3,076 0,011 KIC11178396 4824 111 -0,81 0,08 0,86 0,07 10,19 0,36 2,359 0,016 KIC11284760 4658 84 0,02 0,06 1,14 0,12 10,72 0,45 2,433 0,012 KIC11072470 4558 78 0,23 0,05 1,1 0,14 10,9 0,51 2,403 0,015 KIC11072334 4716 79 0,16 0,05 1,61 0,4 8,41 1,07 2,794 0,019 KIC11017831 4829 85 -0,03 0,06 1,02 0,14 3,94 0,25 3,257 0,012 KIC11232325 4588 78 0,2 0,05 1,36 0,13 8,89 0,36 2,672 0,012 KIC11339000 4713 85 -0,02 0,06 1,33 0,12 10,96 0,4 2,48 0,011 KIC11232225 4581 78 0,22 0,05 1,3 0,27 11,75 0,94 2,41 0,025 KIC11285650 4606 73 0,37 0,05 1,25 0,11 6,84 0,24 2,865 0,01 KIC11391750 4744 89 -0,16 0,06 1,26 0,13 7,12 0,31 2,833 0,011 KIC11018481 4399 91 -0,14 0,06 1,24 0,14 21,59 0,95 1,864 0,015 KIC11072852 4453 84 0,04 0,06 1,41 0,18 23,06 1,24 1,861 0,013 KIC11126673 4602 89 -0,11 0,06 1,22 0,2 8,84 0,54 2,63 0,023 KIC11179815 4715 87 -0,08 0,06 1,25 0,15 10,93 0,52 2,456 0,016 KIC11018710 4561 80 0,16 0,05 1,35 0,13 9,45 0,39 2,618 0,01 KIC11180468 4617 77 0,23 0,05 1,56 0,14 10,4 0,41 2,598 0,011 KIC11127105 4686 80 0,15 0,05 1,03 0,07 4,34 0,12 3,175 0,008 KIC11180378 4618 83 0,06 0,05 0,96 0,14 9,86 0,62 2,431 0,013 KIC11127586 4782 100 -0,47 0,07 1,22 0,13 7,33 0,34 2,795 0,014 KIC11340165 4725 93 -0,26 0,06 1,06 0,1 10,54 0,4 2,417 0,012 KIC11180994 4617 82 0,1 0,05 1,38 0,15 8,39 0,37 2,73 0,015 KIC11340377 4599 96 -0,35 0,07 0,91 0,08 12,12 0,38 2,233 0,014 KIC11287844 4729 89 -0,13 0,06 1,68 0,2 11,48 0,6 2,543 0,012

(43)

METODOLOGIA

Como descrevemos em nossa introdu¸c˜ao, a presen¸ca de excesso no IR em estrelas gi-gante pode ser proveniente da poeira ou de um disco de detritos em torno dessa estrela. Esse excesso pode ser encontrado em estrelas gigantes que ainda n˜ao evolu´ıram at´e o ramo assint´otico das gigantes, Costa (2015).

Para selecionar as estrelas com excesso no IR dentre as 1916 estrelas do Cat´alogo de Pinsonneault Pinsonneault et al.(2014), vamos utilizar de 3 crit´erios de sele¸c˜ao descritos em Wu et al. (2013). Segundo esses autores podemos selecionar as estrelas candidatas a excesso de IR atrav´es do: 1) diagrama Cor-Cor; 2) da avalia¸c˜ao das SEDs; 3) da inspe¸c˜ao visual, Wu et al. (2013). A seguir, descreveremos quais s˜ao esses crit´erios.

3.1

Diagramas Cor-Cor

O diagrama cor-cor serve para comparar magnitudes aparentes de estrelas em diferen-tes comprimentos de onda. Nesse diagrama, a cor definida por duas bandas de compri-mento de onda ´e dada no eixo horizontal, e ent˜ao a cor definida por outra diferen¸ca no brilho ser´a dada no eixo vertical como apresentado na figura (4.2).

Para termos uma medida do excesso de infravermelho vamos utilizar as magnitudes do infravermelho J, H e K do 2MASS Kirkpatrick (2003) e W1, W2, W3 e W4 do WISE

(44)

Wright (2009) para as estrelas de nossa amostra.

A tabela (3.1) resume as miss˜oes, as bandas com seus respectivos comprimentos de onda dessas regi˜oes do IR 1.

Miss˜ao Bandas Comprimento de onda λ (µm)

2MASS J 1,24 H 1,63 K 2,16 WISE W1 3,4 W2 4,6 W3 12 W4 22

Tabela 3.1: As bandas J, H e K do 2MASS e W1, W2, W3 e W4 do WISE.

A rela¸c˜ao entre o fluxo F e a magnitude aparente m de uma estrela ´e dada por:

m = −2.5 log F + const (3.1)

Em 22 µm, temos:

[22] = −2.5 log F22+ const (3.2)

Onde [22] ´e a magnitude aparente no comprimento de onda 22 µm e F22 ´e o fluxo

nesse mesmo comprimento de onda medida pelo sat´elite WISE. Devido ao sinal negativo na equa¸c˜ao (3.2), quanto maior for o fluxo emitido pela estrela, menor ser´a o valor da magnitude correspondente. Para uma estrela que n˜ao apresenta excesso no IR o fluxo F22

´

e considerado normal assim como sua magnitude [22] e, consequentemente, seu ´ındice de cor associado, K − [22]. No entanto, se uma estrela apresenta um fluxo infravermelho, em 12 ou 22 µm, superior ao esperado, a magnitude correspondente ter´a um valor inferior ao esperado, acarretando tamb´em um excesso no ´ındice de cor K − [22]. Desse modo,

(45)

podemos atrav´es da an´alise dos ´ındices de cor, ter uma no¸c˜ao sobre um poss´ıvel excesso no fluxo emitido por uma estrela Costa (2015).

Vamos utilizar os crit´erios estabelecidos por Wu et al. (2013). Das 7.624 estrelas da sua amostra, eles consideram como estrelas candidatas a exibirem excesso na emiss˜ao infravermelha em 22 µm, aquelas estrelas que obedecem os seguintes crit´erios, mostrados na tabela (3.2):

Tabela 3.2: Crit´erio de sele¸c˜ao do ´ındices de cor. Fonte: Wu et al. (2013) Intervalos J − H Desvio Padr˜ao σ Intervalo K − [22]

J − H ≤ 0, 1 0, 062 K − [22] > 0, 015 + 4σ = 0, 26 0, 1 < J − H ≤ 0, 3 0, 041 K − [22] > 0, 045 + 4σ = 0, 21 0, 3 < J − H ≤ 0, 5 0, 039 K − [22] > 0, 062 + 4σ = 0, 22 J − H > 0, 5 0, 034 K − [22] > 0, 086 + 4σ = 0, 22

Na Figura (3.1), em azul, s˜ao mostradas as estrelas da sequˆencia principal, em verme-lho as estrelas gigantes. As estrelas a direita da linha tracejada vermelha, s˜ao as estrelas candidatas as excesso no IR. Foram selecionadas 495 estrelas canditadas a excesso na amostra de Wu et al. (2013).

Os autores consideraram para cada valor de J-H a m´edia µ mais quatro vezes o desvio padr˜ao para selecionar as estrelas candidatas ao excesso IR. Os histogramas dos ´ındices de cor s˜ao mostrados na Figura (3.2).

(46)

Figura 3.1: Diagrama cor-cor para a amostra de Wu et al. (2013). Fonte: Wu et al.

(2013).

Figura 3.2: Histograma dos ´ındices de cor K-[22]. Figura superior esquerda (J −H ≤ 0, 1). Figura superior direita (0, 1 < J − H ≤ 0, 3). Figura inferior esquerda (0, 3 < J − H ≤ 0, 5). Figura inferior direita (J − H > 0, 5). Fonte: Wu et al. (2013).

(47)

3.2

Avalia¸

ao das SEDS

O segundo crit´erio de sele¸c˜ao, baseado no trabalho de Wu et al. (2013), ´e o avalia¸c˜ao da SED, Spectral Energy Distribution, (Distribui¸c˜ao Espectral de Energia). Nas SEDS iremos procurar por estrelas que podem apresentar excesso, principalmente, nas bandas W3 e W4, do IR quando comparamos sua SED com a do modelo te´orico de corpo negro

2.

Na figura (3.3) apresentamos a SED da estrela KIC10003497, que n˜ao apresenta ex-cesso no IR em nenhuma das bandas. Vemos que a SED da estrela (pontos verdes e vermelhos) se ajusta muito bem ao modelo de corpo negro (tracejada).

Figura 3.3: SED de uma Estrelas sem excesso IR. A curva de corpo negro (tracejada) para a temperatura de 5150K. Os trˆes pontos verdes s˜ao as bandas J, H e K do 2MASS e os quatro pontos em vermelho s˜ao as bandas W1, W2, W3 e W4 do WISE.

2Para realizar tal compara¸c˜ao, utilizamos a ferramenta VO Analyzer, ferramenta que compila modelos

te´oricos de espectros, calcula a fotometria sint´etica, executa a minimiza¸c˜ao χ2 e determina o melhor

(48)

Contudo para as estrelas que tˆem excesso IR, suas curvas sofrer˜ao um desvio da curva de corpo negro na banda que o excesso IR se apresenta. O excesso ser´a confirmado quando o fluxo observado num determinado comprimento de onda λ for maior que o fluxo gerado pelo modelo de corpo negro dentro das margens de erro. Na figura (3.4) vemos um excesso IR em W4. Os trˆes primeiros pontos verdes s˜ao as bandas J, H e K do 2MASS e os quatros ´

ultimos pontos vermelhos s˜ao as bandas W1, W2, W3 e W4 do WISE. Observamos que para a estrela KIC3973328, s´o identificamos excesso de infravermelho na banda W4.

10

4

10

5

λ

( )

10

-19

10

-18

10

-17

10

-16

10

-15

10

-14

10

-13

10

-12

F

λ

(

er

gc

m

− 2

s

− 1 − 1

)

KIC

3973328

2

MASS

WISE

Figura 3.4: Estrela KIC3973328 com a excesso na banda W4 (WISE) do infravermelho.

Apesar da avalia¸c˜ao da SED confirmar o excesso de IR, ainda n˜ao podemos dizer o mesmo quanto a origem desse excesso, visto que ele pode ser devido a uma contamina¸c˜ao ou efeitos de background. Para confirmar a origem desse excesso vamos para o terceiro crit´erio de sele¸c˜ao: a inspe¸c˜ao visual, descrito a seguir.

(49)

3.3

Inspe¸

ao Visual

Com o intuito de verificar se o excesso apresentado na emiss˜ao de IR para as estrelas de nossa amostra, tˆem alguma contamina¸c˜ao produzida por artefatos ou emiss˜ao de back-ground, devido a presen¸ca de Gal´axias ou ainda, uma estrela pr´oxima muito brilhante, fazemos uma inspe¸c˜ao visual nas imagens do WISE para as estrelas selecionadas pelo crit´erio anterior.

O ´ultimo crit´erio de sele¸c˜ao serve para definir a origem desse excesso do IR. Por exem-plo, a estrela KIC10658326 possui excesso em W4, como mostra sua SED na Figura (3.5)), mas n˜ao possui uma fonte pontual em W4, como mostra a figura (3.6), caracterizando uma contamina¸c˜ao por background.

10

4

10

5

λ

( )

10

-19

10

-18

10

-17

10

-16

10

-15

10

-14

10

-13

10

-12

F

λ

(

er

gc

m

− 2

s

− 1 − 1

)

KIC

10658326

2

MASS

WISE

Figura 3.5: SED da estrela KIC10658326 com a excesso na banda W4 (WISE) do infra-vermelho.

Na Figura (3.6), da esquerda para direita e de cima para baixo temos as bandas W1, W2, W3 e W4 do WISE para a estrela KIC10658326, com uma fonte pontual no centro de cada quadro, exceto em W4.

(50)

(a) Esquerda: Banda W1. Direita: Banda W2

(b) Esquerda: Banda W3. Direita: Banda W4

Figura 3.6: Imagem da estrela KIC10658326 com a excesso na banda W4 (WISE) segundo a sua SED, mas sem fonte pontual em W4. a) Bandas W1 e W2 b) W3 e W4. (Fonte: http://irsa.ipac.caltech.edu/applications/wise/)

3.4

Temperatura da poeira

Uma vez que a estrela foi selecionada pelos trˆes crit´erios de sele¸c˜ao, o excesso de infravermelho detectado, pode ser proveniente de um disco de poeira cincunstelar, cuja a origem pode estar associada `a colis˜oes de planetesimais no interior desse disco. A energia cin´etica desses choques ´e convertida em calor que eleva a temperatura do disco de detritos. Ent˜ao, para um c´alculo aproximado dessa temperatura da poeira, consideramos que a poeira, assim como a estrela, se comportam como um corpo negro. Depois, somamos as duas curvas: a do corpo negro e da curva da poeira, e o resultado dessa soma ir´a produzir um desvio da curva do corpo negro da estrela na banda, ou bandas, que apresentam um excesso no IR. A melhor temperatura ser´a aquela que produzir uma curva ”lisa”e que melhor se ajustar a todos os pontos das medidas obtidas. Para o nosso caso, as bandas J, H, K, W1, W2, W3 e W4 que, particularmente, ´e a banda na qual n´os estamos buscando identificar excesso no IR. No cap´ıtulo4vamos aplicar as t´ecnicas descritas para as estrelas da nossa amostra.

(51)

RESULTADOS E DISCUSS ˜

OES

Neste cap´ıtulo, apresentamos os principais resultados deste trabalho, baseados nos dados e parˆametros descritos no cap´ıtulo 2 e a aplica¸c˜ao da metodologia descrita no cap´ıtulo 3. Tais resultados, traduzem fundamentalmente o comportamento da radia¸c˜ao infravermelha para estrelas evolu´ıdas do cat´alogo de Pinsonneault et al. (2014) obtidas atrav´es de observa¸c˜oes do sat´elite Kepler, representadas pelo ´ındice de cor K −[22] obtidos a partir das magnitudes WISE e 2MASS. Aplicamos os crit´erios de sele¸c˜ao descritos em

Wu et al. (2013), e fizemos os ajustes para as estrelas de nossa amostra. Estudamos o comportamento do ´ındice de cor K-[22] em rela¸c˜ao ao raio, metalicidade e massa buscando uma correla¸c˜ao entre essas grandezas e o excesso de IR.

4.1

Diagrama HR e Cor-Cor: Cat´

alogo Pinsonneault

Apresentamos primeiramente o diagrama HR para as estrelas de nossa amostra. Na fi-gura (4.1), ´e mostrado o diagrama HR das estrelas do cat´alogoPinsonneault et al.(2014). Observamos estrelas com massas entre 0,6 M e 5,0 M , do tipo espectral G e K,

segre-gadas da seguinte forma: em azul as estrelas com ´ındices de cor K-[22]≤ -0,22; em preto as estrelas com -0,22 < K-[22] ≤ 0; em Vermelho 0 < K-[22] ≤ 0,22, e por ´ultimo, em verde K-[22]> 0,22. Essa segrega¸c˜ao est´a de acordo com os crit´erios deWu et al. (2013).

(52)

3.60

3.64

3.67

3.71

3.74

3.77

log

(

T

eff

)

(

K

)

1.16

1.74

2.32

2.90

3.48

4.06

lo

g

g

(

cm

s

2

)

1

.

0

M

¯

1

.

2

M

¯

1

.

6

M

¯

2

.

0

M

¯

2

.

5

M

¯

3

.

0

M

¯

3

.

5

M

¯ K−[22] −0.22 −0.22<K−[22] 0.0 0<K−[22] 0.22 K−[22]>0.22

Figura 4.1: Diagrama HR do cat´alogo de Pinsonneault. As estrelas est˜ao divididas por intervalo de K[22] conforme a legenda: em azul as estrelas com ´ındices de cor K[22]≤ -0,22; Em preto as estrelas com -0,22 < K-[22] ≤ 0; Em Vermelho 0 < K-[22] ≤ 0,22, e por ´

ultimo, em verde K-[22]> 0,22. Os tra¸cados evolutivos obtidos a partir de Girardi et al.

(2000) s˜ao mostrados para massas estelares que v˜ao de 1 at´e 3,5 massas solares.

Como crit´erio de sele¸c˜ao preliminar vamos utilizar os crit´erios deWu et al.(2013) dis-cutidos na se¸c˜ao (3.1.1). Na Figura (4.2) temos as estrelas candidatas a excesso da nossa amostra. As estrelas que estiverem a direita da linha tracejada, conforme discutido na se¸c˜ao3, s˜ao as candidatas a excesso.

Nessa sele¸c˜ao 596 de 1916 estrelas foram selecionadas, ou seja, 31, 10% das estrelas foram selecionadas. Vemos que esse crit´erio ´e razo´avel j´a que ele eliminou 68, 10% das estrelas. Contudo, na nossa amostra existem poucas estrelas com J − H < 0, 10, enquanto na amostra de Wu et al. (2013) existem muitas estrelas com J − H < 0, 10.

(53)

-1.2

0.0

1.2

2.4

3.6

4.8

6.0

K

[22]

0.4

0.6

0.7

0.8

0.9

J

H

Figura 4.2: Diagrama cor-cor: Estrelas a direita da linha pontilhada s˜ao as candidatas a excesso IR.

Para melhorar o crit´erio, vamos dividir nossa amostra em quatro intervalos de J − H para achar os novos intervalos de K − [22], de acordo com a Tabela (4.1). Nessa divis˜ao cada intervalo tˆem aproximadamente o mesmo n´umero de estrelas.

Tabela 4.1: Novo crit´erio de sele¸c˜ao do ´ındices de cor para o cat´alogo de Pinsonneault. Intervalos J − H

J − H ≤ 0, 51 0, 51 < J − H ≤ 0, 545 0, 545 < J − H ≤ 0, 578

J − H > 0, 578

Referências

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