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Conciliação entre a formação desportiva e a formação académica, no futebol, uma visão dos treinadores

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Conciliação entre a Formação Desportiva e a

Formação Académica, no Futebol, uma visão

dos Treinadores

- VERSÃO FINAL-

Manuel Francisco Batista Sequeira

Orientador: Professor Doutor Rui Manuel Coelho Resende

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Conciliação entre a Formação Desportiva e a

Formação Académica, no Futebol, uma visão dos

Treinadores

MANUEL FRANCISCO BATISTA SEQUEIRA

Orientador: Professor Doutor Rui Manuel Coelho Resende

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor Doutor Rui Manuel Coelho Resende.

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DEDICATÓRIA

À minha esposa Joana e à minha filha Maria Rita por me terem acompanhado em todo o percurso,

um objetivo pessoal…

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Agradecimentos

Apesar deste trabalho de Dissertação ser de caráter individual a sua realização só foi possível graças ao contributo de um conjunto alargado de pessoas que, direta ou indiretamente, ajudaram a ultrapassar as dificuldades surgidas, às quais gostaria de agradecer e enaltecer todo o seu apoio.

A primeira palavra de agradecimento é dirigida ao Professor Doutor Rui Resende pela orientação deste estudo. Agradeço toda a sua disponibilidade, dedicação, interesse e amizade ao longo deste percurso (não só no decorrer do Mestrado), sem a qual não teria sido possível a realização do mesmo.

À minha esposa, Joana, por estar sempre do meu lado e pelo amor, carinho, paciência, interesse e compreensão demonstrados.

Aos meus sogros que me acompanharam sempre que possível nas várias fases do meu trabalho, estando sempre disponíveis para proporcionar ajuda no que fosse necessário.

Aos meus amigos Jaime Margarido e José Romba por me terem facilitado contatos dos treinadores de futebol e sempre se terem mostrado preocupados com o êxito do trabalho.

Aos treinadores que possibilitaram a concretização deste trabalho, que por questões de sigilo mantenho em anonimato, que partilharam comigo as suas experiências e o seu conhecimento, ficando agora disponíveis para consulta.

A todos os meus amigos que de uma forma ou de outra contribuíram para que a concretização deste trabalho se tornasse uma realidade.

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INDICE GERAL DEDICATÓRIA ………...… x

AGRADECIMENTOS ……….… xi

INDICE GERAL ………...………... xii

INDICE DE FIGURAS ……… xiv

INDICE DE QUADROS………... xv

ABREVIATURAS………. xvi

INDICE GERAL ………...………... xii

RESUMO………... xvii

ABSTRACT………... xviii

Introdução ………. 1

Revisão da Literatura ……… 5

História do Futebol……….…….……….………... 7

História do Futebol de Formação……….………. 11

Número de Praticantes de Futebol em Portugal……….. 14

Os Treinadores Desportivos……….. 17

Formação dos Treinadores de Futebol……….……….. 19

Perfis/Competências dos Treinadores de Futebol…………...………. 19

A Certificação – Cédula de Treinador/a de Desporto (CDT)……….. 22

Os Cursos de Treinadores ……….………. 23

Componentes Gerais e Específicas de Formação………... 25

Estágio ………... 26

Equivalências (Formação Académica/Formação no Estrangeiro/Experiência Profissional)………... 27

Formação Continua………... 28

Conciliação entre a Formação Académica e a Formação Desportiva…………. 29

Alto Rendimento – Definição……… 32

Estatuto de Praticante Desportivo de Alto Rendimento……….……… 33

Medidas de Apoio à Prática Desportiva de Alta Competição………….………. 35

Metodologia……….. 38

Participantes ……….……….…... 40

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Procedimento de Recolha de Dados……….……..…………... 45

Procedimento de Análise dos Dados…….……….……… 46

Grelha de Codificação da Entrevista a Treinadores.……….………… 48

Domínio I – Conciliação entre os Treinos e a Formação Académica ………….. 48

Domínio II – Apoios ……….. 49

Domínio III – Condições para a Formação Desportiva dos Atletas……….. 50

Resultados ………... 51

Domínio I Conciliação entre Treino Desportivo e Formação Académica ….. 54

Atitudes dos treinadores perante os estudos dos jogadores (Cat.1)………….. 54

Conselhos aos jogadores sobre a continuidade no futebol ou estudos(Cat.2)…... 56

Perceção dos treinadores perante o papel da família(Cat.3)………. 57

As perceções dos treinadores acerca da importância dos estudos dos jogadores (Cat.4)……… 58

Dificuldades sentidas na conciliação desportiva e académica (Cat.5)……… 60

A forma mais adequada para resolver esta problemática (Cat. 6)…….…………. 61

“O que gostaria que fosse melhorado (Cat.7 )………. 63

Domínio II – Conceção do apoios ………..………... 64

As condições familiares (Cat. 8)………..………... 64

Opinião dos treinadores sobre a posição das instituições (Cat. 9)……..………… 65

Domínio III – Condições para a formação desportiva dos jogadores………. 70

Os treinos adequados às exigências da competição (Cat. 10)………..…………... 70

O número de treinos semanais que as equipas realizam (Cat. 11)………..………. 71

Duração dos treinos das equipas (Cat. 12)………... 72

O Horário dos treinos das equipas (Cat. 13)….……….…………... 72

Discussão ………..………... 74

Domínio I – Conciliação entre treino Desportivo e formação académica…... 76

Domínio II – Apoios…………..………..…… 79

Domínio III – Condições para a formação desportiva dos jogadores……..……… 83

Conclusão………..……….. 86

Referências……….………. 90

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Caracterização do Domínio I - Conciliação………...48 Figura 2 – Caracterização do Domínio II - Apoios………..………...49 Figura 3 – Caracterização do Domínio III - Condições ………..50

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Praticantes Federados de Futebol em Portugal (1996 – 2012) ……….15 Quadro 2 - Responsabilidades e Competências do Treinador……….19 Quadro 3 - Curso de Formação de Treinadores - carga horária ………..…..24 Quadro 4 - Idades, Caracterização das Habilitações e área do Curso e Cursos

Federativos da Modalidade…...………... 41

Quadro 5 - Anos de experiência como treinador no atual clube ou noutro, experiência

como atleta no clube atual ou em outro……….………….………..………42

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ABREVIATURAS

AFD – Atividade Física Desportiva AR – Alto Rendimento

FPF – Federação Portuguesa de Futebol IDP – Instituto de Desporto de Portugal LBD – Lei de Bases do Desporto CIF – Club Internacional de Foot – Ball

FIFA – Federação Internacional de Futebol Associação UEFA – União Europeia de Futebol Associação

IND – Instituto Nacional do Desporto

PNFT – Programa Nacional de Formação de Treinadores

IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude

CEDEFOP - Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional CTD - Cédula de Treinador/a de Desporto

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RESUMO

Este estudo pretende compreender e identificar as perceções e opiniões dos treinadores de futebol na conciliação entre a formação desportiva e a formação académica dos seus jogadores. Estas, quando exercidas em simultâneo, colocam dificuldades que consideramos pertinente investigar.

Procurou-se entender como se desenvolve a relação entre os clubes desportivos na formação de jovens atletas e as escolas onde estes estão inseridos. O presente estudo foi realizado com oito treinadores de futebol, todos do sexo masculino, que treinam os escalões de Juniores A e Juniores B, que disputam campeonatos nacionais.

A metodologia adotada para a pesquisa foi de natureza qualitativa. Através de entrevistas semiestruturadas, procedemos à recolha de dados, que foram posteriormente examinados através de uma análise de conteúdo, com recurso ao programa NVivo.

Das entrevistas emergiram três domínios. O Domínio I está associado à conciliação entre os treinos e a formação académica, o Domínio II aos Apoios e o Domínio III às condições para a formação desportiva dos atletas.

Os resultados mostraram, que os clubes que têm protocolos celebrados com as escolas, os seus treinadores dizem ter mais e melhores condições, em relação a horários, para o treino logo aí têm melhores resultados desportivos. Constatou-se, ainda a preocupação dos treinadores com os estudos dos seus jogadores, fazendo uma conciliação da melhor maneira, garantindo um bom aproveitamento escolar, garantindo um futuro de sucesso, embora seja evidente a dificuldade em conciliar os estudos com o desporto, devido aos horários escolares, sendo os protocolos uma mais-valia para os alunos/atletas. As instituições envolvidas na vida dos jogadores, clube, escola e até família, concluiu-se que são de facto uma mais valia, para a carreira dos jogadores, tanto desportiva como académica.

Palavras-chave: formação desportiva; formação académica; flexibilização; conciliação;

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Abstract

This study aims to understand and identify the perceptions and opinions of football coaches, when merging sports and academic training for their players. These, ongoing concurrently, present difficulties that we consider significant to investigate.

We pursued to understand how does the relation between clubs, in teaching young athletes, and the schools they attend. This study accompanied eight football coaches, all male, training Junior A and Junior B teams, competing for national championships.

The methodology implemented for this research was qualitative. Through semi-structured interviews, data was collected, being later examined through content analysis, using the NVivo program.

From these interviews, three domains aroused. The first domain is associated with unification between sports and academic training, the second to the funding and the third to the training conditions for young athletes.

The results showed that in clubs, that have protocols with schools, coaches say they have a wider and better range of conditions, concerning schedules and timetables therefore ensuring better results. We were also able to observe, the coaches’ concern about their players’ studies, trying to conciliate as good as possible, guaranteeing good school achievements, ensuring a successful future, although the difficulty of reconciling the studies with the sport is evident, due to school schedules, being the protocols a benefit to the students/athletes. The institutions tangled in the lives of players, club, school and even family, were thought to be indeed an advantage to the players’ sporting and academic careers.

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A conciliação entre treino desportivo e formação académica é uma tarefa árdua pois ambas são exigentes. A idade em que o talento desportivo emerge (entre os 12 e os 18 anos na maior parte dos desportos) é aquele em que o empenho é determinante na procura da performance desportiva. Neste período a escola também se configura como muito exigente (Brettschneider, 1999). Como consequência os atletas talentosos confrontam-se cotidianamente com o stress que resulta das solicitações impostas por ambos os domínios (Jonker; Elferink-Gemser, & Visscher, 2009) pois, adicionalmente às rotinas próprias da vida de estudante (deslocação para a escola, frequentar as aulas, participar nos eventos sociais da escola) têm que fazer face às atividades relacionadas com o desporto (sessões de treino diárias e deslocações para as competições no fim de semana) (Watt & Moore, 2001).

Em Portugal o caso específico do futebol tem um domínio prevalecente sobre todas as outras modalidades desportivas, sobretudo no que diz respeito ao setor masculino. Acresce ainda que a sua mediatização retratando os proveitos alcançados pelos ídolos faz com que a aplicação desportiva dos jovens se consubstancie num sonho profissional mais que desportivo cuja conciliação com a formação académica é difícil. Esta realidade traduz-se desde cedo, no direcionar de todos os esforços para a busca do sonho da colocação numa equipa, o que representa a entrada num mercado de trabalho de sucesso.

Neste sentido, o problema que se levanta neste estudo configura a forma como os treinadores nos respetivos clubes se reveem nesta problemática e de que forma contribuem para a sua conciliação.

Desta forma propôs-se no presente trabalho a realização de um estudo centrado na forma como os treinadores de futebol do sexo masculino, vivenciam a conciliação entre as vidas desportiva e escolar dos seus atletas. Também a analisar as suas perceções sobre as condições em que os atletas exercem a sua atividade enquanto desportistas e estudantes, como gerem e organizam as atividades desportivas e escolares no dia-a-dia apurando o tipo de atribuições e fatores que pensam contribuir para o sucesso e insucesso escolar dos estudantes/atletas.

Aquando da formulação do problema, surgiram um conjunto de objetivos aos quais propôs-se responder ao longo deste estudo.

Assim, como objetivos específicos definimos:

1. Verificar, quais serão as principais dificuldades dos alunos/atletas na conciliação Desporto e na Formação Académica de acordo com os treinadores.

2. Indagar, se os treinadores têm conhecimento das diferentes medidas de apoio legal que os seus atletas têm ao seu dispor, e se estas são aplicadas.

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3. Averiguar o que os treinadores gostariam de ver melhorado, no que diz respeito às três entidades (Família / Escola / Clube) que gerem as vidas dos Estudantes/atletas. 4. Apurar como os treinadores configuram o sucesso desportivo com a formação

académica e vice-versa.

Pelo exposto, este trabalho justifica-se pela procura em proporcionar um maior conhecimento no conjunto da produção do grupo de pesquisa a que pertence, como é o caso de um aprofundamento no tema flexibilização escolar e aspetos referentes às peculiaridades do sistema de formação de atletas em clubes de futebol, bem como a legislação pertinente à situação laboral do atleta de menor idade. Estas situações interferem, ou podem interferir no processo de conciliação com a formação académica.

O presente trabalho está organizado em cinco capítulos. O primeiro diz respeito à justificação e à revisão bibliográfica para o enquadramento do estudo. Aqui aborda-se questões sobre conceitos de Atividade Física e o Desporto, a envolvência dos jovens no desporto e estudos em simultâneo, a conceção e todo o enquadramento normativo do Desporto de Alto Rendimento, as formas de conciliação, a análise de outros estudos nacionais e internacionais semelhantes sobre esta temática. O segundo capítulo é relativo à metodologia, onde se descrevem os participantes, os instrumentos utilizados, os procedimentos de recolha e análise de dados, como também a grelha de codificação das entrevistas. (Ver figura 1, 2 e 3). Relativamente ao terceiro capítulo, apresentam-se os resultados obtidos. No quarto capítulo, discutem-se os resultados ao longo dos três domínios que emergiram do estudo.

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História do Futebol

O Futebol, ao longo dos tempos, sofreu algumas evoluções, determinadas pelas capacidades e conhecimentos que orientaram o processamento do jogo.

O aparecimento do futebol deve-se à prática e evolução dos jogos com bola desde a pré - história. Distinguimos povos envolvidos por uma diversa prática de jogos, com a sua própria ordem de usos e costumes, exprimiram uma base de que propiciou a evolução para o Futebol, que hoje conhecemos (Costa, 2004).

Segundo o autor referido anteriormente, na China existem documentos com mais de trinta séculos, que atestam uma diversa forma de jogar à bola. No ano de 206 a.C. foi publicado um livro que regulamentava um jogo praticado 2.500 a.C. como forma de treino militar dos soldados (Enciclopédia Britânica, 1987).

Em 776 a.C., os gregos já conheciam um jogo de bola denominado “epyskiros” que integrava o programa de educação atlética da juventude helénica (Unzelte, 2002).

Também na Grécia, em 20 anos a.C., havia uma competição (SpesKiros ou Harpastum), disputada num campo delimitado por duas linhas de fundo. A bola era de couro, recheada com crinas de animais e, antes do juiz dar inicio ao jogo, a mesma deveria ser colocada ao centro.

Por outro lado os franceses mantinham uma forma mais clássica para a prática do jogo que se chamava “Soule ou Choule”, introduzido pelos Romanos e criando respeito e levado para os grandes jardins e que era praticado pela realeza. O jogo resumia-se fazer passar uma bola entre dois bastões fixados ao solo (Dias, 1980; Borsari, 1989).

Cerca de 1500, em Florença, iniciou-se a prática de outro joga da bola, denominado “Calcio”, disputado por dois grupos de vinte e sete elementos, com regras definidas. O campo resumia-se a uma praça; os jogadores eram distribuídos em formação tática guerreira, com elementos destacados para o ataque, outros alinhados para o meio campo e os demais para a defesa. A sua prática foi aberta a toda a comunidade, havendo inclusive no vaticano informação de que o “Cálcio” foi muito defendido pela Igreja (Costa, 2004).

A origem do jogo confunde-se com a origem da humanidade. Para Johan Huizinga (2007), o jogo existe antes da cultura e do aparecimento do Homem na Terra.

Um homem e uma bola é uma relação tão ancestral, tão natural e tão fatal, que podemos considera-la intrínseca à cultura humana (…). Pontapear algo que lhe surge no caminho é um dos gestos mais naturais do homem” (Magalhães, 2004).

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A criação do Futebol moderno é atribuída aos ingleses. Embora seja conhecida a introdução do “Harpastum” pelos romanos, também se sabe que no séc. XII, jovens britânicos o praticavam já. Era, por assim dizer, um jogo disputado entre cidades vizinhas “Hurling over Country”, do nascer ao pôr-do-sol, e em que uma bola deveria ser chutada ou empurrada até um ponto previamente determinado.

Nos finais de 1903 existia em Belém um grupo bem constituído e conhecido pelo Grupo dos Catataus. Tal designação deve-se ao facto de os seus fundadores terem sido os quatro irmãos Catataus, fazendo ainda parte do grupo, além dos citados irmãos: Pinto da Rocha, Henrique Teixeira, António Meireles, Eduardo e Álvaro Corga, Henrique Costa, Daniel Brito e Manoel Goularde, todos presididos pelo mais velho dos irmãos, sendo ele José Rosa Rodrigues.

No Outono do mesmo ano, alguns ex – alunos da Casa Pia fundaram a Associação do Bem e, em Novembro, foi aventada a hipótese da formação dum grupo de futebol dentro da referida Associação.

O Grupo dos Catataus, com maior ou menor dificuldade, lá continuava a dar os seus “pontapés” no areal de Belém. Perto daí treinavam também os rapazes do Grupo da Associação do Bem.

Num almoço realizado em fevereiro de 1904, no António das Caldeiradas, assentou-se na fusão dos dois grupos, que passou a denominar-se de Sport Lisboa, constituindo-se desde logo a primeira Direção, presidida por Januário Barreto.

Em março de 1904, o Sport Lisboa iniciou os seus treinos, realizando o primeiro jogo contra o Grupo Pinto Basto, saindo vencedor por 1-0. Em 1908, por fusão com um grupo de Benfica, deu origem ao atual e grandioso Sport Lisboa e Benfica.

No decurso do ano de 1905 surge o Campo Grande Futebol Clube, que foi o pilar principal da fundação do Sporting Clube de Portugal, em 1906.

A partir de finais de 1903, a Imprensa da Capital, como que acordando de uma longa letargia, começou, a medo, a dar notícias sobre o futebol.

O foot-ball chegou até a espalhar-se pela provincia e em Lisboa salientaram-se muitos grupos pela precisão do seu jogo, tais como; Grupo Nacional, talvez o mais antigo, o Grupo da Real Casa Pia, O Grupo União Académico, Grupo dos Onze, Grupo da Estrela e Grupo de Santos.

O 1º torneio Inter – Clubes, foi organizado em 1906, tendo a ideia o proprietário da Casa Sena, sendo ele Frederico Sena Cardoso, na sua juventude foi um excelente praticante de

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futebol, oferecendo como prémio o Bronze Viúva Alexandre Sena. Em duas eliminatórias apuraram-se os finalistas (Lisbon Cricket e Club Internacional de Foot – Ball), sendo disputada a 31 de março de 1906, com a vitória do Lisbon Cricket, por 3-1.

Depois do êxito da iniciativa de Sena Cardoso, no Tiro e Sport, quatro clubes – Carcavelos, Internacional (CIF). Lisbon Cricket e Sport Lisboa, resolveram em repetir o campeonato no ano seguinte. O novo organismo criado tomou a designação de Liga de Football Association, presidiu nessa altura o comandante Joaquim Costa (figura que muito deu ao desporto nacional, incrementando o futebol em diversos pontos do País. Jogando-se o primeiro campeonato com quatro equipas, tendo ganho o Carcavelos. Muito devido ao êxito da primeira iniciativa, no ano seguinte, época 1907/1908 disputou-se o 2º campeonato com seis equipas.

A primeira saída de um grupo português ao estrangeiro, o clube (CIF) em 5 de janeiro de 1907, o Club Internacional de Foot – Ball, deslocou-se ao Hipódromo da Castelhana, na Capital espanhola, para defrontar o Madrid Foot-Ball (atual Real Madrid), no 1º confronto Ibérico os portugueses ganharam por 2-0.

Finda a atividade da Liga de Football Associaciation, outra se lhe seguiu, a Liga Portuguesa de Football, fundada a 17 de setembro de 1908. O 3º campeonato de lisboa, foi ganho pelo Carcavelos, o 4º campeonato de lisboa de 1909/1910, foi marcado pela quebra do domínio dos ingleses de Carcavelos. Disputando-se em três categorias, esse campeonato, foi ganho, em todas elas, pelo Sport Lisboa e Benfica, que iniciou a sua afirmação como um dos maiores de Portugal.

Muito devido ao conflito mundial de 1914 a 1918, houve algumas dificuldades na realização dos campeonatos, porque muitos homens participaram nessa grande guerra e estavam fora, o organismo existente nessa altura limitou-se a organizar encontros anuais entre seleções de Lisboa e Porto, também nessa altura se oficializou a federação portuguesa na F.I.F.A, passando a membro efetivo em 20 de maio de 1923.

Por deliberação do Congresso realizado em 28 de maio de 1926, a União passou a denominar-se de Federação Portuguesa de Futebol, os estatutos só vigoraram a partir de 3 de dezembro de 1938, até essa data a F.P.F regeu-se pelos estatutos de 1914.

A realização do primeiro campeonato de Portugal, determinado no nº 6 do Art.3º, só viria, a acontecer na época de 1921/1922.

Finalmente, em 1922, oito anos após a fundação da União Portuguesa de Futebol, surgiu a primeira prova oficial a nível nacional, denominada de Campeonato de Portugal.

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Até à época de 1925/26, restringiu-se apenas a seis distritos, a partir da época seguinte, alargou-se a 28 clubes na fase decisiva, era organizado por eliminatórias. Também Açores e Madeira participavam com os campeões regionais, que só vinham participar na prova a partir dos quartos-de-final muito devido aos custos, de estadia e outros, até 1938 a prova continha estas características de campeonato.

A partir da época de 1938/39 surgiram a I e II ligas que passaram a denominar-se de campeonatos nacionais de I e II divisões, o campeão da II divisão subia automaticamente à I divisão.

A partir de 1946/47, os campeonatos nacionais entraram na regularidade e rigor nas subidas e descidas de divisões, segundo as classificações obtidas, por cada clube nas próprias provas, nos moldes idealizados noutros países.

Em 1947/48, surge o campeonato nacional da III divisão, os regionais e distritais, que em tempos deram acesso direto ao nacional da I divisão, acabaram por perder importância, o número de participantes em todos os campeonatos aumentou significativamente. O surgimento da Taça de Portugal passou a dar mais importância desses clubes na prova, em poderem participar nela.

A liga portuguesa de futebol atual, surgiu no período de 1983/84, resultante da necessidade sentida por muitos dirigentes em se agruparem numa associação patronal suscetível de conciliar as suas aspirações. Em 1988, sob a liderança de Valentim Loureiro, a Liga foi institucionalizada. Todavia, o legislado na Lei de Bases, em que, intrinsecamente, estava previsto que a liga fosse integrada no seio da Federação Portuguesa de Futebol e, assim permanecendo até aos dias de hoje.

Alguns nomes de treinadores que fizeram grandes conquistas nacionais e internacionais nos seus clubes: José Maria Pedroto (FCPorto), Artur Jorge (FCPorto e Boavista), Otto Glória “Brasileiro” (SLBenfica) e Belenenses, José Szabo ”Húngaro” (Sporting e FCPorto), Janos Biri, “Húngaro” (SLBenfica), Béla Guttmann Húngaro”, (SLBenfica), Jimmy Hagan “Inglês” (SLBenfica e Boavista), John Mortimore “Inglês (SLBenfica), Sven-Göran Eriksson “Sueco” (SLBenfica), António Oliveira, (FCPorto), Bobby Robson “Inglês” (FCPorto), José Mourinho (FCPorto), Jesualdo Ferreira (FCPorto e seleções) e André Vilas Boas (FCPorto).

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História do Futebol de Formação

Quando nos debruçamos no significado da palavra e do conceito “Formação”, percebemos que os mesmos são de difícil delimitação, apesar dos vários tipos de reflexões a que estão sujeitos.

De acordo com Moita (2008), “a palavra formação não tem apenas um sentido, podendo ser aplicada em vários contextos e momentos da existência do ser humano”. O mesmo autor afirma ainda que “tanto se pode encontrar a palavra formação associada aos conhecimentos recebidos durante o percurso escolar, como à transmissão de valores acerca de determinado assunto”.

No que diz respeito à formação desportiva dos mais jovens e aos seus propósitos, podemos começar por destacar duas grandes vertentes: uma mais especializada (unilateral) e outra de carácter mais global (multilateral) (Barbanti e Guedes cit. por Moita, 2008). Segundo estes autores “a formação mais especializada transforma o treino dos jovens numa prática repetitiva das habilidades específicas da modalidade em questão, descurando o desenvolvimento mais amplo das suas capacidades que seriam necessárias para posteriores rendimentos. Por outro lado, numa formação global o treino é mais diversificado, tentando ir ao encontro do estádio de desenvolvimento da criança e fazendo com que sejam desenvolvidas, para além de habilidades específicas de um determinado desporto, habilidades consideradas fundamentais para a coordenação geral”.

Seguindo a mesma linha de pensamento, Constantino (2002) refere que o trabalho desenvolvido na formação desportiva não é unicamente uma atividade centrada no processo de aprendizagem das capacidades técnicas de uma modalidade, mas também no aperfeiçoamento das capacidades físico-desportivas que possibilitem ao jovem, na idade adulta, atingir a melhor performance no domínio dessas técnicas.

Na opinião de Lima (1988), toda a formação desportiva dos nossos jovens, tem de ter um propósito contrário à formação de desportivo dos adultos. Tem de ser baseada numa formação globalizante dos mesmos, em que englobe exercícios simples e lúdicos, atrativos, para ir de encontro ao objetivo principal, que é promover o desenvolvimento individual do ser humano.

Para Bayer (1987), e ainda em relação aos propósitos da formação desportiva, é de estrema importância que o treinador crie os mais variados meios aos atletas para que estes ganhem motivação, em que ao mesmo tempo assimilem e aumentem as suas qualidades. No

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entanto, reconhece-se que este processo formativo de qualidade é também gradualmente seletivo, onde apenas os melhores conseguirão alcançar o sucesso e a ribalta desportiva. Neste sentido, e tal como afirma Mesquita (1997), num patamar inicial da formação desportiva, a grande preocupação passa por, no processo inicial de formação, oferecer aos jovens uma prática desportiva regular, que posteriormente possa ocorrer uma seleção daqueles com bastantes capacidades de modo a que possam prosseguir a sua carreira como desportistas de alto rendimento.

Acerca desta temática, Pereira (1996) defende que a formação é o pilar do alto rendimento, sendo os treinos o ponto principal de todo esse processo, do ensino-aprendizagem, simbolizado na relação treinador/atleta e onde a passagem de saberes e experiências é constante. Verificando-se impreterivelmente que se conheça, de forma profunda, o processo de formação desportiva, em que se respeitem os diferentes níveis de prática, cada atleta claramente possui uma característica distinta (Mesquita, 1997).

Torna-se necessário alterar a formação dos jogadores para que seja um processo mais adequado às diversas fases do jovem atletas (Leal e Quinta, 2001).

Desta forma, fica então claro que o processo formativo do jovem jogador, corresponde a um aspeto importantíssimo na sua preparação desportiva, no que diz respeito aos objetivos a atingir para cada uma das fases do seu processo formativo e desportivo (Mesquita, 1997).

Pode-se concluir que a formação desportiva deve facultar um desenvolvimento globalizante do jovem praticante, tendo simultaneamente a preocupação de lhes fornecerem todas as condições, tanto, técnicas, como táticas em que o objetivo central é atingir o alto rendimento.

O futebol juvenil nacional evoluiu muito, começou apenas com a categoria de Juniores a par dos campeonatos nacionais da I e II divisões, na época de 1938/39, a taça nacional de juvenis, em 1962/63, a taça nacional de iniciados, em 1974/75, a taça nacional de infantis, em 1987/88, atualmente encontram-se organizadas em “subs”, por escalões etários.

Os clubes chamados grandes mantêm a hegemonia dos títulos ganhos, pontualmente, um dos clubes ditos “pequenos” intrometem-se na conquista do título.

O futebol juvenil a nível nacional passa um pouco despercebido à população em geral, ao contrário não se pode dizer nos campeonatos internacionais, onde as nossas seleções se têm cotado entre as melhores.

Depois de participações pouco visíveis nas décadas de 70 e 80, surge no panorama desportivo português o professor Carlos Queiroz, que assumiu o futebol juvenil, onde

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revolucionou, mentalidades e mesmo as estruturas existentes. Desse trabalho realizado surgiram logo frutos, grandes jogadores que vieram futuramente a atuar em grandes clubes europeus e a fazerem grandes conquistas nas provas mais importantes realizadas pela F.I.F.A, nos seus respetivos clubes.

O treinador Carlos Queiroz, logrou conquistar o ceptro mundial, na categoria, em duas edições consecutivas da prova: Riyadh de 1989 e Lisboa 1991. Na sequência destas conquistas os jovens futebolistas portugueses valorizaram-se e despontaram no futebol nacional e internacional. Outras conquistas europeias, alcançadas pelos jovens portugueses, muito devido à filosofia de trabalho, aliada a grandes valores, onde as nossas seleções passaram a ser sempre grandes candidatas, nas provas onde participassem.

Temos por isso títulos europeus e mundiais, nos sub-16, 3 campeonatos europeus e um 2º lugar, nos sub-18, 1 campeonato da europa e três 2º lugar, sub-19, 1 campeonato do mundo e nos sub-20, 1 campeonato do mundo.

Destes êxitos que embalaram os jovens portugueses para serem contratados por grandes clubes europeus, surgem nomes como: Figo, Rui Costa, Jorge Costa, João Pinto, Vítor Baia, Fernando Couto, Paulo Sousa, Pauleta, Cristiano Ronaldo, Nani e outros.

O Futebol desperta paixões, suscita críticas, inspira artistas, podendo mesmo dizer-se que o melhor dele está nos muitos mundos que contém e naquilo que este poderá dar ao mundo (Garganta, 2004).

Segundo Maciel (2008), trata-se de um epifenómeno, visto que não sendo fundamental para a existência humana, funciona como um complemento que lhe é fundamental.

O Futebol é o desporto mais popular do planeta, envolvendo direta e indiretamente bilhões de pessoas, quer na sua prática, quer na qualidade de adeptos e profissionais pelos serviços prestados (Murad, 2007 cit. Maciel 2008).

Na tentativa de se compreender quais as razões para tal popularidade, o mesmo autor salienta, o fato de ser considerada pelos especialistas como modalidade espontânea, imprevisível, simples, barata e democrática para os seus praticantes. Assim se percebe, como nos refere Bento (1995), o porquê da expansão, configurando-se como um processo de civilização, como elemento de cultura, como local de encontro, de convivialidade, da sociedade e do bem-estar dos homens.

De acordo com Toledo (1996 cit. Costa 2005), o Futebol é de longe considerada uma das modalidades, ou senão a mais divulgada nos manifestos desportivos das sociedades modernas, tendo um grande impacto nos costumes culturais desportivos nos nossos dias.

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A importância social e cultural do Futebol é tão profunda nas sociedades atuam que o conceito de Marcel Mauss, conhecido como fenómeno social total (Karsenti, 1994), pode ser evocado, na medida em que mobiliza a totalidade das instituições e da sociedade que as compõem

Número de Praticantes de Futebol em Portugal

A rápida expansão do futebol na Europa tornou imperativo a criação de uma entidade reguladora e supervisora que não a Associação Futebol de Inglaterra, criada em 26 de Outubro de 1863. E então que surge, em 1904, a Federation Internationale de Football Association (FIFA) e 50 anos depois, em 15 Junho de 1954 em Basileia, a UEFA. Desde então, a UEFA passou a ser o organismo dinamizador, tanto dentro como fora dos relvados, do futebol europeu. Prova disso foi a criação de inúmeras competições internacionais de enorme sucesso como: em Abril de 1955, a prova de clubes na qual competem as equipas campeãs nacionais - Taca dos Clubes Campeões Europeus (Champions League desde a época 1992/93) - e a Taça das Cidades com Feira (atual UEFA Europa League).

A UEFA também desempenhou, no início da década de 80, um papel fulcral no desenvolvimento do futebol para as camadas jovens através da criação dos Campeonatos da Europa de Sub-18 e de Sub-16. Tendo, no inicio de 2001/02, sido alterados para competições de Sub-17 e Sub-19, por normas impostas pela FIFA.

A década de 90 do século passado foi caracterizada por um conjunto de factos que contribuíram para o desenvolvimento do futebol profissional na Europa. Na esfera financeira, o futebol europeu começou a ser considerado como uma indústria com projeção mundial, beneficiando do crescimento significativo das receitas oriundas da publicidade, direitos televisivos, bilheteira, prémios de competições, merchandising, entre outros.

O futebol continua a liderar no número de atletas federados em Portugal. O "desporto rei" é a modalidade mais praticada, com um total de 152.365 praticantes, segundo o livro Estatísticas do Desporto 1996-2012, do Instituto do Desporto de Portugal.

Em comparação com 1996, o número de jogadores federados de futebol aumentou muito, já que nessa altura havia 95.746 futebolistas. Agora ronda os 150 mil e representam cerca de 30 por cento do total de atletas nacionais.

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Quadro 1 - Praticantes Federados de Futebol em Portugal (1996 – 2012)

Anos Futebol 1996 95746 1997 97252 1998 106051 1999 110822 2000 113895 2001 115283 2002 120003 2003 128471 2004 133511 2005 131835 2006 133360 2007 136387 2008 141958 2009 144106 2010 148106 2011 151572 2012 152365

Fonte: IPDJ (Instituto Português do Desporto e da Juventude)

Entre o quase meio milhão de praticantes desportivos federados existentes em Portugal no ano de 2009, quase um terço (144.106) são futebolistas, entre o futebol profissional e não profissional, distribuídos pelos vários escalões etários, o que representa três vezes mais do que os existentes na segunda modalidade mais praticada, o basquetebol (40.250 atletas federados). O futebol é o desporto que se tem destacado na última década, não só em número de praticantes, como também em termos organizativos, como provou o Euro 2004.

Nos últimos dez anos, o futebol tem crescido sempre em número de praticantes, com um aumento de mais de 30 mil federados em relação a 2000. O futebol português é mais competitivo face às maiores potências mundiais e há cada vez mais presença de jogadores portugueses fora dos campeonatos nacionais. Em seleções, há uma presença constante nas grandes competições, com classificações de relevo - meias-finais do Euro 2000 e Mundial 2006, final do Euro 2004.

A emigração não é um fenómeno novo no futebol e jogar no estrangeiro sempre foi um objetivo de muitos jogadores portugueses, por razões desportivas e financeiras. Mas a tendência de emigrar está a acentuar-se no futebol em Portugal. Nesta temporada, já há quase

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tantos jogadores portugueses a alinhar nos outros campeonatos europeus (171) como na Liga portuguesa (180).

Portugal continua a ocupar o quinto lugar no ranking dos mais exportadores, apenas atrás do Brasil (515), França (269), Sérvia (205) e Argentina (188) – todos, à exceção da Sérvia, países bem mais populosos.

Uma análise mais detalhada ao destino dos portugueses mostra, por outro lado, que as razões financeiras serão as que mais pesam na hora de decidir pela emigração. É que o maior contingente joga em Chipre (62), que está longe de ser um campeonato de topo. Segue-se a Liga espanhola (24) e os campeonatos romenos (22) e búlgaro (13), outros dois de segunda linha. Fonte: IPDJ (Instituto Português do Desporto e da Juventude)

A emigração das principais figuras do futebol português – e cada vez mais, também, de jogadores de equipas médias – deixa, por outro lado, mais espaço para os estrangeiros na Liga portuguesa, que continua a ser a terceira com maior percentagem de futebolistas oriundos de outros países (53.8%), apenas atrás de Chipre (74.2%) e Inglaterra (55.1%).

Um dado relativamente novo é que a média de idades dos estrangeiros que alinham em Portugal (25.5 anos) é inferior à dos jogadores locais (26.4). Estes números comprovam a aposta cada vez mais frequente, em jovens jogadores sul-americanos. Outra curiosidade é o facto de a percentagem de estrangeiros que jogam pelas suas seleções (27.6%) ser superior à dos portugueses (15%). Fonte: IPDJ (Instituto Português do Desporto e da Juventude)

A preferência dos clubes portugueses por jogadores de outros continentes está ainda bem espelhada num outro ranking que consta do Estudo Demográfico de 2013. Na lista dos dez clubes com mais futebolistas não europeus, constam seis emblemas nacionais, com o Benfica à cabeça (15 jogadores), seguido pelo Inter de Milão (15), FC Porto e Gil Vicente (ambos com 14).

O estudo sobre transições da carreira desportiva vem abordando variados aspetos do "abandono" de atletas profissionais e os aspetos positivos e negativos deste acontecimento (Lavalee, 2006). As causas mais comuns do abandono desportivo identificado por este estudo são a idade, lesões, escolha própria e o processo seletivo.

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Os Treinadores Desportivos

A função que os treinadores desempenham durante a sua atividade, são elementos fundamentais no desporto e na sociedade. “São agentes desportivos com uma tarefa bem definida, contudo muito diferenciado, que compreende diversas áreas inerentes às componentes do jogo. Fazem o planeamento, gestão, seleção, liderança, formação, tirando o maior proveito de um grupo de seres humanos no desporto” (Rocha, 2006).

Pode-se compreender o papel que os treinadores desempenham na orientação das equipas e de jovens atletas tornando-se muito importante, interferindo não só nas ações e competências físicas, técnicas e motoras, englobando também um efeito sobre o psicológico dos atletas, seja através da transmissão de um conjunto de princípios e valores acerca do desporto, como também pela forma como os apoiam a lidar cada vez mais assertivamente com as cada vez maiores exigências da competição” Gomes e Cruz, (2004)

Visto que os jovens iniciam a sua prática desportiva em idades bastante diversificadas tem o treinador de ser um conhecedor dos mais variados aspetos psicopedagógicos, psicossociais e psicofisiológicos, em que se necessário ter que atuar de uma forma correta e efetiva às necessidades de cada um dos jovens que treina (Costa, 2006).

Visto que os treinadores são a figura principal no processo formativo no desporto que as crianças e jovens praticam, são eles identificados como tendo um papel preponderante na vida de cada atleta, pelo conjunto de atributos, saberes e experiências que ostentam, podem ser apontados como treinadores de excelência ou conhecedores. “Treinar jovens não é a mesma coisa que treinar adultos. Para treinar jovens é importante ter motivação, e ser capaz de estabelecer uma boa relação com os jovens, e conhecer os métodos e os meios mais adequados para o seu desenvolvimento” (Pacheco, 2001).

Conceptualizar e definir o papel do treinador, apesar de aos olhos do espetador comum parecer um processo simples, torna-se realmente complexo, dada a elevada responsabilidade e abrangência das suas funções envolvendo-o, e à sua função, numa generalidade e multiplicidade de opiniões e discussões. Talvez por isso Brito (2005, p. 72) os considere “umas pessoas especiais”.

Segundo Rosado e Mesquita (2008) espera-se do treinador, uma pessoa com um bom grau cultural que faça com que os atletas o vejam como líder carregado de sabedoria, tanto a

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nível técnico, como pedagógico, inovador e competente, que cada vez é mais exigido, para ter uma boa formação, é necessário ter um bom formador.

Araújo (1994) alude que ser treinador profissional, exige um entendimento multidisciplinar, tornando-se, importantes e indispensáveis os conhecimentos inerentes à tática, à técnica e à preparação na modalidade desportiva em que se distinga. Necessita portanto dominar a nível da pedagogia e metodologia de ensino. Demonstra a necessidade expressa de ser um motivador para que aqueles que treinam. Implicando tomar decisões, precisas com base em sinais e mantendo a organização e em diferentes domínios, tais como a organização do treino, a liderança, o estilo e formas de comunicação (com os jogadores, dirigentes, árbitros, jornalistas), as opções estratégicas e táticas resultantes de observações e análise de jogos, da gestão das pressões englobadas na competição, do controlo da capacidade de concentração e emoções, entre outras. Refere também que o treinador tem a obrigação de estar permanentemente atualizado no que diz a conhecimentos, participando em programas/ações de formação, pesquisando e fazendo um auto - estudo, com o propósito de difundir a formação dos atletas e obedecer a um papel de agente impulsionador de evolução da sua modalidade desportiva. Ainda falando deste tema, Sweetenham (2002) confirmou que com os progressos ocorridos no sistema de formação de treinadores, aquilo que se considerava “ciência pesada” é hoje visto como prática quotidiana do treino.

Rosado (2000) aponta em que a competência não deve ser compreendida como um talento, o treinador deverá assim dominar um conjunto de comportamentos particulares. O autor refere ainda, que as aptidões envolvem os conteúdos (conhecimentos, aptidões e atitudes) como também um nível de especificidade que pode ser variável.

Os autores, Antonelli e Salvini (citados por Serpa, 1996) referem que a ação do treinador deve concordar que a realização de quatro papéis fundamentais no contexto desportivo: “Técnico”, obedecendo o seu desempenho da sua experiência, competência e capacidades adquiridas, como também competências criativas; “Pedagogo”, pois tem preponderância na formação da personalidade dos jovens com quem interage; “Gestor”, no que diz respeito aos aspetos técnicos e sociais; “Líder”, devendo ser aceite, naturalmente, pelos atletas.

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Formação dos Treinadores de Futebol

A atividade de Treinador/a de Desporto cada vez se tem tornado mais exigente e complexa, de que advém a consequente necessidade de melhoria na qualidade da sua formação, enquanto fator influente para a atividade. Todas as instituições que tutelaram o desporto em Portugal tentam seguir esta tendência com a produção de vários documentos legais para a formação dos treinadores. No ano de 1999 a Formação dos Recursos Humanos do Desporto, insere-se no âmbito da Formação Profissional. Este novo contexto levou, em 2008, à publicação do Decreto-Lei n.º 248-A/2008, de 31 de dezembro, que veio esclarecer o regime de acesso e do exercício da atividade de treinador/a de desporto, surgindo de seguida o Despacho n.º 5061/2010, de 22 de março estabelecendo as normas para a aquisição e emissão da Cédula de Treinador/a de Desporto. Com esta nova formalização da legislação possibilitou o aparecimento do Programa Nacional de Formação de Treinadores (PNFT), de que a formação contém uma divisão de responsabilidades entre as Federações com estatuto de Utilidade Pública Desportiva e o Governo. Esta divisão de responsabilidades adquiriu uma maior extensão na consecução das atividades que integram a metodologia escolhida para a execução do PNFT.

Perfis /Competências dos Treinadores de Futebol

Seguindo outras propostas realizadas no âmbito europeu, o Programa Nacional de Formação de Treinadores considera a existência de 4 Graus de Formação com responsabilidades e competências próprias, inerentes à tipologia da população em que os treinadores intervêm.

Quadro 2 - Responsabilidades e competências do treinador. Fonte: IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude)

Grau Papel do Treinador

I Condução direta das atividades técnicas elementares associadas às fases iniciais da atividade ou carreira dos/as praticantes ou a níveis elementares de participação competitiva, sob coordenação de treinadores/as de desporto de grau superior.

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Coadjuvação na condução do treino e orientação competitiva de praticantes nas etapas subsequentes de formação desportiva.

II Condução do treino e orientação competitiva de praticantes nas etapas subsequentes de formação desportiva.

Coordenação e supervisão de uma equipa de treinadores/as de grau I ou II, sendo responsável pela implementação de planos e ordenamentos estratégicos definidos por profissionais de grau superior. Conceção, planeamento, condução e avaliação do processo de treino e de participação competitiva. Coadjuvação de titulares de grau superior, no planeamento, condução e avaliação do treino e participação competitiva.

III Planeamento do exercício e avaliação do desempenho de um coletivo de treinadores detentores de

grau igual ou inferior, coordenando, supervisionando, integrando e harmonizando as diferentes tarefas associadas ao treino e à participação competitiva.

IV Coordenação, direção, planeamento e avaliação, com funções mais destacadas no domínio da

inovação e empreendorismo, direção de equipas técnicas pluridisciplinares, direções técnicas regionais e nacionais, coordenação técnica de seleções regionais e nacionais e coordenação de ações tutoriais.

Os Graus de Treinador/a considerados promovem um desenvolvimento progressivo e cumulativo de competências, o qual é caracterizado pela estrutura dos respetivos Perfis Profissionais estabelecidos (vide hiperligações para a observação de cada um dos Perfis em detalhe).

 Perfil Profissional do/a Treinador/a de Desporto de Grau I

 Perfil Profissional do/a Treinador/a de Desporto de Grau II

 Perfil Profissional do/a Treinador/a de Desporto de Grau III

 Perfil Profissional do/a Treinador/a de Desporto de Grau IV

Estes perfis, enquanto conteúdo base de referência do PNFT, condicionam as diferentes tarefas inerentes à construção do Programa, já que é em função das respetivas competências e das suas áreas de desempenho (nos diferentes graus de qualificação) e tendo ainda por referência a especificidade de cada modalidade/disciplina/via/estilo desportivo, que as diferentes opções vão ser tomadas. Um perfil profissional corresponde a uma descrição das atividades, competências, atitudes e comportamentos necessários para o exercício das profissões ou ocupações profissionais. Ao seja, poder-se-á afirmar, que para cada função, tem que haver um perfil de competências.

Para o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP), o Perfil Profissional é entendido como: “ a descrição do conjunto dos elementos

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que contribuem para identificar um domínio funcional no processo de trabalho e as figuras profissionais correspondentes; resumindo, o conjunto das atividades e das tarefas profissionais, assim como as competências para as desenvolver.” (in Proposta apresentada pela Rede Europeia dos Institutos de Ciências do Desporto datado de 10 de Novembro de 1994). São muitas as perceções do que é ser treinador e quais deverão ser as suas competências. Para Weineck (1986), o treinador deve conceber, planificar, executar e avaliar os procedimentos de treino, coordenar uma equipa de intervenientes, desenvolver estratégias e organizar a descobertas de talentos, formular as necessidades a colocar em matéria de pesquisa, cooperar na formação dos quadros, concebendo os programas e produzindo documentos didáticos, conceber, organizar e promover a atividade desportiva, e seguir a evolução dos conhecimentos. Para Lima (1993), o treinador deve ser conhecedor de tudo o que diz respeito à modalidade em que é considerado especialista, devendo saber atuar de acordo com os conhecimentos que possui. O que se espera do treinador, afirma, é que tome as decisões apropriadas às situações, e que estas sejam claras, objetivas e atempadas. O mesmo autor, afirma que o treinador tem de saber o que ensina, isto é, conhecer e dominar suficientemente os aspetos fundamentais da sua modalidade; saber ensinar, ou seja, saber transmitir os conhecimentos da modalidade e ser capaz de motivar e estimular os atletas para que estes os adquiram e os apliquem com entusiasmo, interesse e eficácia; saber aplicar as técnicas e os processos adequados no ensino/aprendizagem e no treino, iniciando os jovens na prática da modalidade e preparando as equipas para os compromissos competitivos e saber intervir na educação desportiva dos atletas, isto é, desenvolver as suas qualidades de modo a contribuir para a formação do carácter e da personalidade de cada um.

Simão e Rosado (1998), num estudo que visava a análise das representações dos treinadores em relação à sua própria formação, concluíram que, tendo em consideração a representação dos treinadores em relação ao grau de importância ou concordância atribuído às várias competências tidas como desejáveis, assim como aos modelos organizativos da formação, as representações dos treinadores são bastante convergentes. Essa convergência é menor quando se considera diferentes níveis de habilitações literárias e diferentes tipos de ocupações profissionais. Estas divergências são particularmente acentuadas em relação aos modelos de formação e às competências relacionadas com a metodologia do treino e qualidade de informação. Em relação às competências tidas como desejáveis, os referidos autores, atribuem grande importância à necessidade dos treinadores dominarem conhecimentos relacionados com a metodologia do treino, a psicopedagogia, a qualidade de

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informação, o conhecimento do corpo humano, assim como conhecimentos sobre a estrutura desportiva e os fenómenos sócio desportivos.

A Certificação – Cédula de Treinador/a de Desporto (CTD)

O Desporto e regido por leis e regras que constituem uma politica própria do desporto tendo o Estado de tomar decisões a respeito das motivações que orientam a sua politica desportiva, e qual a direção a tomar (Steffano, 2000).

Assim, no dia 31 de Dezembro de 2008 foi publicado no Diário da Republica um Diploma que estabelece o regime de acesso e exercício da atividade de treinador de desporto. (Decreto-Lei nº 248-A/2008, de 31 de Dezembro in D.R. nº 252, 3.o Suplemento, Serie I de 2008-12-31). Aqui e definido o enquadramento técnico e principalmente são estabelecidas as habilitações profissionais exigidas. Trata-se de uma matéria obviamente relevante para a saúde do sistema desportivo e que, por seu lado, não se limita ao universo do desporto federado.

Esta iniciativa legislativa, assenta no reconhecimento de que a existência de treinadores devidamente qualificados e uma medida imprescindível, não só para garantir um desenvolvimento qualitativo e quantitativo das diferentes atividades físicas e desportivas, como também para que a prática desportiva, cumpra as regras que garantam a ética desportiva e o desenvolvimento do espirito desportivo, bem como a defesa da saúde e da segurança dos praticantes envolvidos.

Estabelece-se como condição de acesso ao exercício a atividade de treinador de desporto a obtenção de cédula de treinador de desporto. A cédula pode ser obtida através de habilitação académica de nível superior ou qualificação, na área do desporto, no âmbito do sistema nacional de qualificações, experiencia profissional ou através do reconhecimento de títulos adquiridos noutros países. A emissão e renovação da cédula competem ao Instituto do Desporto de Portugal, I. P, nos termos do nº2 do artigo 6º.

Desta forma, e qualificado como ilegal o exercício da atividade de treinador de desporto por quem não seja titular da cédula de treinador de desporto, prevendo-se o correspondente quadro sancionatório.

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No âmbito do PNFT, o exercício da atividade de Treinador/a de Desporto é certificado mediante a obtenção de uma Cédula (Cédula de Treinador/a de Desporto – CTD), a qual pode ser obtida pelas seguintes vias:

Cursos de Formação de Treinadores/as - realização de cursos de Treinadores/as

organizados segundo as premissas legais e regulamentares do PNFT;

Formação Académica – Habilitação académica de nível superior (artigo 10º do

Despacho n.º 5061/2010, de 22 de março).

Reconhecimento da Experiência Profissional.

Reconhecimento de Títulos adquiridos noutros países1.

Os Cursos de Treinadores

Atualmente para se obter a qualificação de treinador, há a obrigatoriedade de frequentar cursos de treinador convenientemente certificados e com as exigências enquadradas no desporto que se pratica atualmente.

Em 1974, é criado um sector de formação, no âmbito da estrutura da, então, Direção- Geral dos Desportos, com o objetivo de apoiar as Federações na organização de cursos e ações de formação para os vários agentes desportivos.

Ao nível da Comunidade Europeia, com o objetivo de promover a harmonização das formações e a cooperação na investigação, assim como as suas adaptações aos imperativos económicos, sociais e jurídicos que implicam a existência e o desenvolvimento da Comunidade Europeia, desenvolveram-se trabalhos centrados na elaboração de um modelo europeu de estrutura de formação.

A Rede Europeia dos Institutos de Ciências do Desporto (REICD) elaborou uma proposta que apresenta uma estrutura europeia para a formação dos treinadores, nesta proposta encontramos, integrada no mesmo sistema, formação universitária e não universitária acessíveis a profissionais altamente qualificados e a colaboradores voluntários.

Os cursos de treinadores definidos no âmbito do PNFT contemplam três componentes distintas:

1. Componente geral comum aos diferentes cursos,

2. Componente específica relativa a cada uma das modalidades/vias/disciplinas/estilos consideradas pelas Federações respetivas

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3. Componente de formação em exercício, designada de Estágio.

Assim, considerando estas componentes, foi definida para cada curso de formação de Treinadores/as, uma carga horária própria de acordo com o Grau respetivo.

Quadro 3 - Curso de formação de Treinadores - carga horária

COMPONENTES Grau I Grau II Grau III Grau IV

Geral 42h 62h 92h 135h

Especifica (modalidade

40h (mínimo) 60h (mínimo) 90h (mínimo) 135h (mínimo)

Estágio 600h (uma época desportiva) 800h (uma época desportiva) 1100h (uma época desportiva) 1500h (uma época desportiva) Total 682h 1102h 1282h 1770h

Fonte: IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude)

A determinação da Componente Geral, bem como do Regulamento do Estágio, são da responsabilidade do IPDJ, I.P., enquanto a definição da Componente Específica é definida pelas federações responsáveis pelas modalidades em questão. De acordo com a organização proposta, e assumindo como referência os Perfis Profissionais determinados, são então elaborados os Referenciais estruturantes da Formação Geral e Específica, completados pelos respetivos Conteúdos a desenvolver em cada Grau e Componentes constituintes.

Deste modo, os Referenciais de Formação, os Conteúdos de Formação relacionados e as Normas de Realização do Estágio são a base organizativa de todos cursos a levar a cabo no âmbito do PNFT. Os trabalhos relativos à estruturação, organização e harmonização das formações de treinadores serão, segundo a REICD, realizados em duas fases: na primeira, será preocupação fundamental a definição de uma estrutura europeia da formação para os treinadores, através da definição de diferentes níveis de formação baseados nas diretivas e escala europeia de cinco níveis de formação profissional, da determinação de exigências europeias relativas às condições de acesso à formação, à duração mínima e à validação / título de qualificação, assim como da definição do Perfil Profissional do treinador dos diferentes níveis de formação, descrevendo as funções e as áreas de atividade relativamente às funções exigíveis ao treinador habilitado com cada nível; numa segunda fase, os trabalhos a realizar perspetivarão a harmonização da formação dos treinadores. Para tal, procurar-se-á definir os

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campos de competência e dos conhecimentos associados às funções e áreas de atividade do treinador, assim como propor grandes linhas de conteúdos e de módulos europeus, em função do perfil profissional de treinador de cada nível de formação.

Componentes Gerais e Especificas de Formação

A atividade do treinador devera ser desempenhada com eficiência e performance. Para que tal aconteça será necessário ostentar um conjunto efetivo de conhecimentos especializados (Gilbert, Côté, Mallett, 2006). De facto o estudo do conhecimento (pensamento) e do comportamento (ação) do treinador são indispensáveis para melhor compreendermos a sua atividade, de forma a promover, futuramente, a eficiência da sua atuação (Douge & Hastie, 1993; Jones, Hanton, & Connaughton, 2002).

Dentro desta temática, Rosado (2000) define um conjunto de conhecimentos, referentes a atividade do treinador: Conhecimento científico - pedagógicas; conhecimentos pessoais; conhecimentos de gestão e administração e conhecimentos de produção e divulgação de saberes profissionais. No primeiro grupo de conhecimentos o autor insere as seguintes dimensões: cientifica; técnico - metodológica, relacional e deontológica. Onde se incluem ainda os conhecimentos sobre: motricidade humana e atividade física e desporto; a modalidade; o Homem; a elevação dos fatores da condição física, a técnica e a tática; questões pedagógicas gerais; aspetos didático - metodológicas e específicas da modalidade; a ordem relacional e deontológica.

O segundo grupo de conhecimentos inclui, as competências de, formação geral, e de desenvolvimento pessoal e social. O terceiro inscreve conhecimentos: de gestão das organizações desportivas; de animação desportiva; de conceção, implementação e avaliação de projetos de desenvolvimento desportivo. Por ultimo, o quarto grupo de conhecimentos referidos pelo autor, referem-se as funções de participação na formação de treinadores, de investigação e criatividade.

De acordo com as competências Gerais do/a Treinador/a definidas e perspetivadas no âmbito do modelo do PNFT, são construídos os Referencias e os Conteúdos de Formação relativos à Componente Geral. Estes Referenciais e Conteúdos de Formação estão organizados por Unidades de Formação previamente determinadas no estabelecimento dos diferentes Perfis e que fazem referência ao conhecimento fundamentado e multifacetado

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desenvolvido no âmbito das Ciências do Desporto. No cumprimento da metodologia assumida, o IPDJ, I.P. promoveu as diretrizes normativas para a elaboração dos documentos respetivos, tendo a construção destes sido atribuída a um grupo de especialistas com larga experiência nos âmbitos considerados.

Os Referenciais e Conteúdos da Formação Específica são elaborados de forma articulada e consentânea com os documentos respeitantes à Componente Geral da Formação pretendendo, desta maneira, conseguir uma integração plena entre a generalidade das Ciências do Desporto e a especificidade de cada modalidade/disciplina/via/estilo.

Esta tarefa foi concedida às diferentes Federações com Utilidade Pública Desportiva, as quais terão de respeitar um conjunto de normas definidas pelo IPDJ, I.P na sua realização.

Estagio

A formação contínua dos treinadores podem percorrer diversos e diversificados caminhos, visando o desenvolvimento das competências, qualquer que seja o seu grau de estruturação e a sua duração, deverá ter subjacente um modelo de treinador, uma perspetiva e uma conceção de formação.

Se procedermos a uma adaptação da formação de professores para a área da formação contínua de treinadores, esta poderá incluir: estágio, oficinas de formação, projetos, círculos de estudos, seminários e cursos modelares, por exemplo.

Estas modalidades surgem agrupadas em torno de dois modelos gerais de formação: um modelo de formação centrada nos conteúdos (“Curso”, “Módulos de Formação” e “Seminário”) e um modelo de formação centrada nos contextos, que se subdivide em formação centrada na mudança de clube/divisão (Círculos de Estudos e Projetos) e no exercício profissional (Oficina e Estágio).

O Estágio tem como característica dominante a intervenção supervisionada dos formandos no espaço profissional, ou seja, têm características de intervenção sobre as práticas específicas da atividade profissional, alternando momentos de aplicação/experimentação e de reflexão/melhoramento das práticas. São modalidades principalmente vocacionadas para as práticas profissionais.

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A realização do Estágio ocorrerá apenas após a obtenção prévia de aproveitamento nas componentes geral e específica do Curso de Treinadores respetivo, seguindo as premissas e condições definidas nos Regulamentos de Estágios de cada uma das Modalidades/Disciplinas/estilos tendo por base a Matriz de Regulamento de Estágios produzida pelo IPDJ.

Equivalências (Formação Académica/ Formação no Estrangeiro / Experiência Profissional)

A expansão das Ciências do Desporto estabeleceu, uma clara necessidade de providenciar uma sistematização de conhecimentos e competências do treinador observando-se uma crescente preocupação na área do desporto (Reobservando-sende, Mesquita, & Fernandez, 2007).

Wilcox e Trudel (1998) referem que a técnica e a tática são de vital importância no treino, de modo a promover a evolução dos atletas. Protac, Jones, e Armour (2002) acrescentam que as técnicas de aconselhamento e de liderança, bem como uma formação em Ciências do Desporto, são de grande importância nesta área do conhecimento.

Os conhecimentos basilares para a obtenção das competências profissionais dos treinadores, nomeadamente, os conhecimentos das ciências do desporto, os conhecimentos específicos da modalidade e os conhecimentos de pedagogia. Que por sua vez resultam na operacionalização de todo o trabalho do treinador, resultante na preparação e competição, na organização e no treino.

O PNFT permite obter a CTD através de equivalência à formação académica superior na área das Ciências do Desporto, à formação no estrangeiro e à experiência profissional anteriormente adquirida.

Em breve, o IPDJ, I.P., estabelecerá os requisitos de equivalência à CTD, concedendo prioridade à especificação de cada via de acordo com a ordem apresentada. Desta forma, o primeiro regime de equivalência a ser determinado faz referência à formação académica superior na área das Ciências do Desporto, considerando para tal o disposto no artigo 10º do Despacho n.º 5061/2010, de 22 de março, o qual estabelece o Regime Específico de acesso à CTD por esta via. A obtenção destas equivalências é o resultado da homologação da oferta formativa das instituições de Ensino Superior junto do IPDJ, I.P. Esta homologação assenta

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Figura 2 - Domínio II – Apoios
Figura 3 - Domínio III – Condições para a formação desportiva dos jogadores . Condições de acordo com a competição

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