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A população feminina no mercado de trabalho entre 1970- 2000: particularidades do grupo com nível universitário

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A população feminina no mercado de trabalho entre

1970-2000: particularidades do grupo com nível universitário

Moema de Castro GuedesJosé Eustáquio Diniz Alves

Palavras Chaves: Gênero; Educação feminina; Mulheres no mercado de trabalho; Mulheres

Resumo

Nas últimas três décadas do século XX, a intensa entrada do contingente populacional feminino no mercado de trabalho brasileiro é um dos fenômenos mais analisados, sob diversas perspectivas teóricas, na vasta literatura produzida recentemente sobre relações de gênero no Brasil. Deste modo, o mundo do trabalho consolidou-se por excelência no espaço social que refletiu as mudanças comportamentais e os novos papéis sociais de homens e mulheres que vem se delineando em nossa sociedade. No presente trabalho pretendemos analisar este processo de modo a buscar as singularidades do grupo de mulheres com nível universitário dentro do contingente mais amplo de trabalhadoras. Dentro desta perspectiva ressaltamos o papel fundamental da educação na entrada e no tipo de ocupação a ser exercida no mercado de trabalho. A análise dos diferenciais deste processo para homens e mulheres nos grupos de escolaridade também explora as diversas dinâmicas assistidas entre educação/ mercado de trabalho e relações de gênero em cada grupo. Para tanto, trabalhamos com dados dos últimos quatro Censos do IBGE (1970, 1980, 1991 e 2000) sobre participação no mercado de trabalho através dos recortes de escolaridade e sexo articulados a literatura produzida recentemente sobre o tema. Em relação a população com nível universitário analisamos a manutenção de padrões de diferenciais salariais entre homens e mulheres ao longo do período em questão através da variável salário/hora. Esta contextualização permitiu-nos olhar com mais clareza para nosso foco como um grupo que personificou os recentes avanços da chamada revolução feminista mas que, apesar de representar uma elite de mulheres, ainda apresenta uma inserção mais fragilizada que a dos homens na mesma situação educacional. De modo mais amplo, pretendemos mostrar a heterogeneidade do grupo social feminino e suas diferenciações internas.

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

Mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais (Demografia) da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Professor do Mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

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A população feminina no mercado de trabalho entre

1970-2000: particularidades do grupo com nível universitário

Moema de Castro GuedesJosé Eustáquio Diniz Alves

1. Introdução

A intensa entrada do contingente populacional feminino nas últimas três décadas do século XX no mercado de trabalho brasileiro é um fenômeno analisado, sob diversas perspectivas teóricas, na vasta literatura produzida recentemente sobre relações de gênero no Brasil. Deste modo, o mundo do trabalho consolidou-se por excelência no espaço social que refletiu as mudanças comportamentais e os novos papéis sociais de homens e mulheres que vem se delineando em nossa sociedade.

No presente artigo pretendemos analisar este processo de modo a buscar as singularidades do grupo de mulheres com nível universitário dentro do contingente mais amplo de trabalhadoras. Deste modo ressaltamos o papel fundamental da educação na entrada e no tipo de ocupação a ser exercida no mercado de trabalho. A análise dos diferenciais deste processo para homens e mulheres nos grupos de escolaridade também explora as diversas dinâmicas assistidas entre educação/ mercado de trabalho e relações de gênero em cada grupo. Esta contextualização inicial permite-nos olhar com mais clareza para nosso foco como um grupo que personificou os recentes avanços da chamada revolução feminista mas que, apesar de representar uma elite de mulheres, ainda apresenta uma inserção mais fragilizada que a dos homens na mesma situação educacional. De modo mais amplo, pretendemos mostrar a heterogeneidade do grupo social feminino e suas diferenciações internas.

2. A participação laboral de homens e mulheres na recente história brasileira

A inserção feminina no mercado de trabalho foi, e ainda é, profundamente marcada por diversos fatores culturais que ligam as mulheres ao espaço privado. A divisão sexual do trabalho constitui-se num conceito chave para a compreensão da dinâmica de inserção laboral feminina.

A análise que pretendemos desenvolver não articula equidade de gênero a idéia de papéis sociais idênticos a homens e mulheres. O que está em jogo em nossa perspectiva é a igual valoração social para campos de significado do que seja de feminino e masculino em cada sociedade.

Deste modo, optamos por analisar o mundo do trabalho como uma dentre várias esferas da vida social. Ou seja, buscamos analisar o processo sem atribuir-lhe valor intrínseco, na tentativa de relativizar a idéia de que toda e qualquer ocupação de espaços

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

Mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais (Demografia) da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Professor do Mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

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tradicionalmente masculinos é positiva – visão fortemente presente na matriz liberal da teoria feminista.

Particularmente para o foco do presente trabalho, as mulheres com nível universitário, a inserção laboral assume um significado de status e identidade social por representar a ocupação de postos de trabalho valorizados tanto do ponto de vista da remuneração quanto da satisfação pessoal daquele que o exerce. Ou seja, para este grupo a presença no mundo do trabalho possibilita uma legitimação do ser social que não pode ser generalizada para todo o grupo de trabalhadoras.

Partindo deste ponto de vista, destacaríamos a década de setenta como um momento histórico marco do início da expressiva entrada feminina no mercado de trabalho. Os anos dos chamados “milagre econômico” (1968-1973) e da “marcha forçada” (1974-1979) impulsionavam a economia brasileira e traziam a cena, através de diferentes tipos de inserção, a participação das mulheres como condição si ne qua non deste processo.

As décadas seguintes, apesar de não apresentarem a mesma pujança econômica deste período, também foram marcadas como o momento em que o processo de entrada feminina no mercado de trabalho ganha fôlego e se firma como uma tendência histórica de longo prazo. O gráfico a seguir, produzido a partir de dados dos últimos quatro Censos Demográficos do IBGE1 ilustra este processo e revela tendências distintas para os grupos de trabalhadores homens e mulheres.

Gráfico 1 - Taxa total de participação de homens e mulheres no mercado de trabalho brasileiro 71,8 72,40 72,3 69,6 18,5 26,6 34,8 44,1 0 20 40 60 80 100 1970 1980 1991 2000 (%) Homens Mulheres

Fonte: Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Enquanto a tendência de crescimento da taxa de participação2 feminina é constante e intensa, o grupo masculino apresenta uma taxa praticamente linear, com pequenas variações ao longo do período. A inexistência de crescimento neste grupo deve-se sobretudo ao fato de

1 Como aponta Jannuzzi (2003) a condição de atividade foi um conceito que passou por significativas mudanças tanto do ponto de vista conceitual quanto da forma de coleta (perguntas) e registro (categorias). A principal diferença metodológica entre os Censos para esta variável foi uma mudança introduzida no Censo 2000, que passa a considerar como referência apenas a última semana (23 a 29 de julho) ao invés do critério que contabilizava como População Economicamente Ativa pessoas que tivessem exercido alguma atividade remunerada ou trabalhado como membro não remunerado um número mínimo de horas ao longo do ano anterior ao Censo. Esses critérios mais restritivos, contudo, não impedem nossa análise histórica uma vez que nossa atenção centra-se nos diferenciais entre homens e mulheres, em parte diluídas por afetarem ambas as populações. 2 Calculada a partir da divisão da população economicamente ativa (empregados e desempregados) pela

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sua taxa já ser elevada, o que torna mais difícil um incremento de participação – caso contrário ao grupo de trabalhadoras. Por tratar-se de uma média que incorpora toda a população acima de 10 anos (inclusive jovens e idosos), a taxa por volta de 70% é considerada razoável, já que vários países apresentam taxas mais elevadas.

Essa importante transformação seria resultado não só da necessidade econômica e das oportunidades oferecidas pelo mercado em conjunturas específicas, mas também, em grande medida, das mudanças demográficas, culturais e sociais que estão ocorrendo no país e que afetaram as mulheres e as famílias brasileiras (Bruschini, 2000).

Cagatay (2002) aponta três modalidades explicativas encontradas por diversos autores para as recentes mudanças na composição por sexo da força de trabalho – fenômeno assistido em todo o mundo. A primeira hipótese afirma que as mulheres constituem uma reserva de mão-de-obra, cujo tamanho flutua junto com o ciclo dos negócios. A segunda hipótese parte da segregação ocupacional por gênero para afirmar que as mudanças na composição por sexo surgem quando muda a composição total da produção. Ou seja, a participação feminina no trabalho remunerado aumenta à medida que aumenta a parte dos setores aonde as mulheres se concentram (especialmente serviços). A terceira hipótese aponta que com o tempo as mulheres vão substituindo os homens nos trabalhos anteriormente pensados como tipicamente masculinos.

Estas hipóteses não são mutuamente excludentes. No caso brasileiro, a literatura aponta que a mudança na composição da força de trabalho estaria mais relacionada com a segunda e terceira hipóteses. O crescimento da participação feminina na força de trabalho no Brasil está ligado ao crescimento expressivo do setor de serviços – tradicional empregador mão-de-obra feminina. Esta tendência apresentou pequenas mudanças do meio da década para o final, quando a mão-de-obra masculina dispensada dos postos fechados no setor industrial em função do processo de reestruturação produtiva começa a ocupar postos no setor de serviços.

Diante da tendência linear de aumento da participação laboral das mulheres, alheia até mesmo às flutuações da atividade econômica, Lavinas (1999) aponta outra questão fundamental, além do crescimento do setor de serviços: o processo de flexibilização do mercado de trabalho e de precarização das relações de trabalho, com o aumento da ocupação por conta própria e da informalidade em geral. A autora destaca a crescente “empregabilidade feminina” como evidência de que as mulheres vêm se mostrando mais adequadas aos novos postos de trabalho que os homens.

Os atrativos femininos, para além de questões de demandas do mercado de trabalho por uma mão-de-obra mais vulnerável, estariam articulados a características e atributos advindos do velho padrão da divisão sexual do trabalho e agora teriam sido convertidos em vantagens profissionais, como a melhor desenvoltura nas funções de atendimento personalizado a distintos públicos (Lavinas 1999).

Por outro lado, se num primeiro momento, as mulheres obtiveram benefícios em função da flexibilização dos postos de trabalho, posteriormente, quando a economia brasileira entra num processo de estagnação e os empregos começam a ficar mais escassos as trabalhadoras são as primeiras a sofrer as conseqüências. Esta realidade aonde as mulheres são o contingente de trabalhadores que mais se adeqüa às mudanças de conjuntura econômica não é assistida apenas no Brasil. Como coloca Hirata (2002), a flexibilidade no volume do emprego e no tempo de trabalho é garantida essencialmente pelas mulheres nos modelos de trabalhos adotados atualmente ao nível internacional.

Apesar da intensa absorção da força de trabalho feminina por parte do mercado, a crescente demanda das mulheres por novos postos de trabalho vem sendo maior que a oferta de empregos. Lavinas (2000) trabalha dados que evidenciam os desdobramentos deste processo: na década de oitenta as curvas do desemprego masculino acompanhavam as do

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feminino e na década de noventa este último se descola e começa a aumentar mais rapidamente (6% para homens e 8,5% para mulheres segundo a PNAD de 1995). Além do crescimento mais acelerado da população economicamente ativa feminina, outro aspecto levantado pela autora para explicar o maior aumento do desemprego das mulheres em relação aos homens é a corrida do contingente masculino de trabalhadores dispensados das industrias após o processo de reestruturação produtiva para os postos abertos com o crescimento do setor de serviços (tradicional reduto feminino).

A questão da crescente entrada de homens em setores tipicamente femininos no Brasil levanta uma série de interrogantes. As chamadas “vantagens comparativas perversas”, que antigamente favoreciam as mulheres, como maior flexibilidade de resposta à oferta de postos de trabalho mais precários, parecem ter se reduzido. Se, por um lado, isso coloca a mão-de-obra masculina em situação semelhante à feminina, por outro, as mulheres não estão tendo nenhum ganho com isso, pelo contrário, têm assistido à perda de postos de trabalho para os homens.

Um fator fundamental que determina a participação no mercado de trabalho tanto para homens quanto para mulheres é a idade. Em ambos os casos, como ilustra o gráfico a seguir, assistimos a uma curva ascendente que tem seu ápice nos grupos etários de vinte a quarenta anos.

Este gráfico complementa as tendências apontadas no primeiro gráfico do capítulo uma vez que ressalta as mudanças históricas de cada grupo etário em relação à participação laboral ao longo do período em questão. Deste modo, podemos enxergar algumas políticas específicas que influenciaram diretamente a participação (ou não) de determinadas faixas etárias no mercado de trabalho e acabaram por influenciar as tendências gerais destacadas anteriormente.

Gráfico 2 - Taxa de participação laboral por sexo e grupos etários (Brasil)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 ou + grupos etários (%)

homens 1970 mulheres 1970 homens 1980 mulheres 1980 homens 1991

mulheres 1991 homens 2000 mulheres 2000

Fonte: Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

As curvas masculinas aparecem bastante próximas umas das outras – todas com ápices no grupo etário 30 a 39 anos com cerca de 95% de participação laboral e evoluções de um Censo para o outro que não variam ao longo dos grupos etários - o que indica tendências

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semelhantes nas últimas três décadas. As mudanças mais significativas seriam nos grupos etários mais novos e mais velhos.

Por um lado destacaríamos uma pequena diminuição da taxa de participação no mercado de trabalho dos indivíduos que compõe o grupo etário de 10 a 19 anos - o que pode indicar uma diminuição do trabalho infantil em nosso país3. Outro fator que pode ter influenciado esta queda é o investimento crescente que grande parte da população vem fazendo na educação – estratégia que tem feito com que muitos jovens permaneçam estudando ao invés de entrarem no mercado de trabalho.

Por outro ressaltamos a maior participação laboral dos homens com mais de 60 anos no Censo de 1970. Esta diferenciação está ligada à melhora do sistema previdenciário brasileiro nas décadas seguintes. A expansão das aposentadorias para um contingente populacional maior vem possibilitando, cada vez mais (tendência crescente nas curvas seguintes), que os indivíduos que trabalharam a vida toda possam usufruir deste direito retirando-se do mercado de trabalho no momento em que passam a compor os grupos etários mais velhos.

Os diferenciais gerais e as modificações de tendências de participação laboral nos últimos trinta anos são consideravelmente maiores no caso das mulheres. De modo mais amplo apontaríamos o crescimento das taxas de participação assistidos em todos os Censos para todos os grupos etários até 60 anos, inclusive a de 10 a 19 anos (população em idade escolar).

Apesar deste padrão geral, até mesmo os ápices das taxas divergem de uma década para outra. No Censo de 1970 assistimos a um pico de participação no grupo etário de 20 a 29 anos - ainda muito baixo (27%) – que indica uma tendência de retirada feminina do mercado de trabalho no período em que ocorre o casamento e o nascimento de filhos, isto se reflete na queda mais brusca que nos Censos seguintes da taxa de participação no grupo etário seguinte (30 a 39 anos). De modo geral, as taxas de participação feminina aumentaram em todos os grupos etários até os 60 anos.

A mudança deste padrão é assistida a partir da década de 80 (refletida no Censo de 1991), quando os grupos etários que compreendem as mulheres de 20 a 50 anos apresentam taxas de participação laboral relativamente iguais. Ou seja, além da verificação do intenso crescimento da inserção feminina (de 27% para 64% em seu ápice), podemos afirmar – se lermos os grupos como uma coorte sintética – que a participação das mulheres no mercado de trabalho também teria se tornado mais contínua, chegando a compreender toda a vida laboral (nos Censos mais recentes as quedas substanciais nas taxas de participação femininas vem sendo observadas nos grupos etários que representam a idade em que as trabalhadoras se aposentam).

Além da influência preponderante do fator idade, uma série de outras variáveis são determinantes para a participação laboral de qualquer grupo social. Para o presente estudo, que tem como foco o grupo de mulheres com nível universitário, optamos por trabalhar com a questão da educação em função da relação óbvia e direta que esta variável tem com o foco em questão.

3. O processo de inserção laboral por sexo e estratos de escolaridade

Como já foi apontado anteriormente, a relação entre educação e participação laboral é direta no contingente populacional feminino – quanto maior a escolaridade do grupo em questão, mais expressiva é a participação das mulheres no mercado de trabalho. Como ilustra

3 Outra possível causa desta tendência pode ser a dificuldade dos jovens em conseguirem o primeiro emprego e diante do quadro de crise desistirem de procurar (o que faz com que não sejam categorizados como PEA).

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o gráfico a seguir4, esta relação não é verificada na mesma intensidade no grupo de trabalhadores homens.

Gráfico 3 - Taxa de participação no mercado de trabalho por sexo e grupos de escolaridade (Brasil) 73,5 68,0 64,8 72,3 86,6 14,5 21,9 25,0 50,8 69,8 79,1 73,9 76,8 83,7 93,1 18,7 27,0 30,8 59,1 70,2 59,3 66,2 76,6 88,4 92,1 24,9 32,5 48,5 71,4 84,8 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

nenhum elementar 1º grau 2º grau superior

grupos de escolaridade concluída

(%)

homens 1970 mulheres 1970 homens 1980 mulheres 1980 homens 2000 mulheres 2000

Fonte: Censos Demográficos de 1970, 1980 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE

No contingente populacional masculino o gráfico revela uma mudança de padrão: enquanto nos Censos de 1970 e 1980 a educação não se relaciona diretamente com a participação laboral – grupos de escolaridade menores apresentam uma taxa superior aos grupos medianos – no Censo de 2000 esta articulação passa a ser mais clara, obedecendo a uma ordem ascendente (constante no caso das mulheres): quanto maior a escolaridade maior é a taxa de participação5.

Outro fator fundamental apresentado no gráfico, que possivelmente reflete uma mudança na dinâmica do mercado de trabalho brasileiro, é a substancial queda de participação do grupo populacional sem nenhum curso concluído de um Censo para outro. O intenso processo de escolarização pelo qual passou a população brasileira no período em questão – processo analisado no segundo capítulo – pode ser um dos fatores que geraram um crescimento da demanda por trabalhadores com melhores níveis educacionais.

Outra questão que também influenciou a demanda por uma mão-de-obra mais qualificada foi a reestruturação produtiva dos anos 90. Como aponta Neves (2000), neste novo contexto as empresas se reestruturam integrando-se numa rede produtiva, externalizando parte de suas atividades e com uma crescente complementaridade intersetorial, visando cooperação mais ágil e rápida. A organização tanto do processo de produção como do processo de trabalho, de forma enxuta e sistêmica, redimensiona as relações de trabalho e as exigências para os trabalhadores.

No caso das mulheres a relação entre participação laboral e educação é direta e semelhante em todos os Censos, não existindo mudança de padrão. O fenômeno que mais chama atenção é a crescente participação laboral feminina em todos os grupos de escolaridade

4 Optamos por não trabalhar com o Censo de 1991 em função de problemas de tabulação que apresentaram interferência nos resultados.

5 Nota-se que no Censo 2000 as taxas de participação laboral para homens e mulheres com nível universitário são muito próximas.

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de um Censo para outro. O grupo que assistiu ao menor crescimento foi o de mulheres com nível universitário justamente por já apresentar taxas muito elevadas desde os Censos de 1970 e 1980.

No gráfico a seguir ressaltamos os diferenciais nas taxas de participação entre homens e mulheres por grupo de escolaridade em cada Censo, o que possibilita um olhar relacional para a evolução de cada grupo no período em questão.

Gráfico 4 - Diferencial nas taxas de participação no mercado de trabalho entre homens e mulheres em cada grupo de escolaridade (Brasil)

59,0 46,2 39,8 21,6 16,8 60,4 46,9 45,9 24,6 22,9 34,4 33,6 28,1 17,0 7,3 0 20 40 60 80 100

nenhum primário 1º grau 2º grau superior

1970 1980 2000

Fonte: Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

A análise do gráfico revela que apesar da crescente e constante entrada feminina no mercado de trabalho os diferenciais em relação à população masculina não esteve em constante queda no período em questão. Como demonstra o gráfico anterior, a intensa participação laboral de homens na década de 70 – refletida no Censo de 1980 – fez com que, apesar do crescimento da taxa feminina, o diferencial estivesse maior em todos os grupos que no Censo de 1970. Contraditoriamente, apesar de ter apresentado a maior queda nos diferenciais (diminuição de 25%), o grupo educacional sem nenhum curso concluído continua sendo o grupo que apresenta atualmente os maiores diferenciais (34%).

De modo geral, em todos os Censos trabalhados, a distância entre a participação de homens e mulheres diminuiu à medida que aumenta o nível educacional. Deste modo, nosso grupo foco – mulheres com nível universitário – além de ser constantemente o contingente populacional feminino que mais participa, é o que apresenta menores diferenciações em relação ao contingente masculino de mesmo nível educacional.

A tendência constante de queda nos diferenciais por sexo do contingente de nível universitário e o patamar a que chega esta diferença na taxa de participação laboral desta população no Censo de 2000 (7,3%) indicam uma possível paridade em curto prazo. Ou seja, provavelmente no próximo Censo a participação de homens e mulheres com nível universitário no mercado de trabalho não apresentará diferenciais. Esse novo quadro aponta para a educação mais elevada como um possível caminho para se reverter o hiato de gênero na participação no mercado de trabalho.

A comparação entre os grupos de escolaridade revela expressivas diferenciações internas no contingente populacional feminino. A questão educacional é apenas um dentre

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vários recortes possíveis que refletem uma realidade do mundo do trabalho que se consolida por sua natureza múltipla, onde qualquer generalização da categoria “mulheres” pode incorrer em uma simplificação.

Diversas razões podem influenciar a maior participação laboral feminina no grupo com nível universitário. A mais importante, também no grupo masculino, refere-se ao próprio significado do trabalho para um indivíduo com este nível educacional: uma inserção mais qualificada que possibilita uma ocupação gratificante tanto no sentido monetário quanto no sentido de conferir identidade social ao trabalhador que a exerce. Este diferencial faz com que a grande maioria das mulheres nesta situação opte por exercer uma atividade, mesmo que isto implique em sua ausência – em tempo parcial ou total – dos afazeres ligados ao espaço doméstico. Evidentemente a dedicação destas profissionais vem variando substancialmente ao longo das décadas. Como já foi apontado anteriormente, o próprio significado do nível superior na vida profissional destas mulheres mudou no período analisado.

No caso brasileiro, não existe uma relação direta entre a participação econômica da mulher e a igualdade de gênero. Em relação a outros países latino-americanos, se por um lado temos uma boa taxa de participação feminina no mundo do trabalho, por outro estamos muito mal colocados no ranking do IPG (Índice de Potenciação de Gênero, desenvolvido pelo PNUD para medir a desigualdade de gênero em esferas-chaves da participação econômica e política e instâncias decisórias).

Nesse sentido, o grupo de mulheres com nível universitário se consolida como um objeto que reflete algumas das questões centrais quando se pensa a igualdade de gênero, que não passa apenas pela inserção da mulher no mercado de trabalho, mas também e fundamentalmente pelas condições e setores aonde esta inserção vem se produzindo historicamente.

No próximo tópico, pretendemos começar a explorar algumas variáveis que refletem a diferenciação interna do grupo de mulheres e a grande distância entre o tipo de inserção deste contingente em relação ao de homens de mesmo nível educacional. Deste modo, buscamos ressaltar as continuidades e as rupturas do processo sob o ponto de vista das condições em que se produziu a participação destes grupos no mercado de trabalho nos últimos trinta anos no Brasil.

4. Os diferenciais salariais entre homens e mulheres segundo o nível educacional

Valenzuela (2000) ao analisar o processo de crescimento da participação feminina no mercado de trabalho, do ponto de vista mais amplo de toda a população em diversos países da América Latina, destaca além dos ganhos quantitativos que geram uma alteração na composição por sexo da força de trabalho, as significativas modificações no modelo tradicional de participação da mulher no caso brasileiro:

1) Com relação à situação familiar, as taxas mais altas de crescimento do emprego se concentram no grupo de mulheres casadas e com filhos, apesar da taxa de participação das mulheres sem filhos no mercado de trabalho ainda ser levemente superior.

2) O crescimento da taxa de participação da mulher no trabalho, no caso brasileiro, tem uma relação direta com a queda da taxa de fecundidade (atualmente em 2,8 filhos por mulher)6.

3) O recorte por faixas etárias revela que as mulheres, e em menor escala os homens, estão postergando sua entrada no mercado de trabalho, permanecendo mais tempo no sistema educacional. Um primeiro reflexo deste dado é que as mulheres mais

6 Na realidade existe uma interelação entre as variáveis, não sendo claros os papéis de causa e efeito : tanto a queda nas taxas de fecundidade podem ter gerado uma maior entrada feminina no mercado de trabalho quanto a maior presença laboral pode ter influenciado esta queda.

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jovens têm taxas mais altas de participação no mercado de trabalho e projetam-se em seus empregos com mais estabilidade que as gerações anteriores.

Estas mudanças no modelo de participação geraram novos padrões de inserção feminina que se refletem nas duas variáveis fundamentais com as quais trabalharemos no presente tópico: o número de horas trabalhadas e a remuneração pela tarefa desempenhada. A construção de uma série histórica não pôde ser desenvolvida em função das diferenciações na forma de captar estas informações nos últimos quatro Censos. Enquanto os dois primeiros mensuram a questão do tempo através de uma variável nominal (dividida em estratos numéricos), os dois últimos o fazem através de uma pergunta aberta, cuja resposta é o número de horas trabalhadas por semana.

Esta metodologia permite a criação de uma terceira variável (remuneração/hora) que possibilita a análise comparativa mais precisa - tanto entre homens e mulheres, quanto entre estratos de escolaridade - uma vez que a média resulta do valor exato que cada indivíduo recebe por hora trabalhada.

Independentemente das diferenciações de um Censo para o outro buscamos articular a variável “horas trabalhadas por semana” com a variável “rendimento” para que os diferenciais salariais não fossem influenciados pela questão do tempo que o trabalhador exerce sua ocupação. Esta questão é fundamental no caso de um estudo que compara a inserção de homens e mulheres pois, tendo-se em vista que de modo geral o contingente masculino costuma trabalhar mais horas que o contingente feminino, analisar os rendimentos independentemente das horas trabalhadas significaria um “aumento artificial” de um diferencial que já é elevado mesmo quando a variável tempo é isolada.

A tabela a seguir refere-se ao Censo de 1970 e reflete uma situação muito semelhante entre os grupos de escolaridade: em todos os rendimentos7 entre grupos de trabalhadores8 que se encontram no mesmo grupo de horas trabalhadas semanalmente as mulheres ganham por volta de 40% do rendimento masculino – este percentual não varia substancialmente de um grupo para o outro. Ou seja, a escolarização neste primeiro período de inserção feminina no mercado de trabalho não é um recorte que apresenta significativas diferenciações de um grupo para o outro ao compararmos os contingentes populacionais masculino e feminino. De modo geral, podemos afirmar que em todos os estratos de escolaridade as mulheres que trabalham de 15 a 39 horas e 40 a 49 horas semanais são as que apresentam menores distâncias em relação aos homens de mesmo nível educacional. É importante destacar que este Censo traz uma limitação à análise: os rendimentos aparecem agregados, de modo que é impossível separar quais são os rendimentos advindos somente do trabalho9.

7 O IBGE contabiliza as horas e o rendimento somente de trabalhos remunerados exercidos nos 12 meses anteriores à data do Censo (01.09.1969 e 31.08.1970).

8 Os indivíduos que possuem ocupação agropecuária ou de extração vegetal não foram incluídos na tabela 9 O valor do salário mínimo na data de referência do Censo de 1970 era NCr$ 187,20.

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Tabela 1 – Renda média mensal por sexo, grupos de horas trabalhadas e estratos de escolaridade (Brasil - 1970)

Estratos de escolaridade

Grupos de horas trabalhadas por semana

Renda média mensal homens Renda média mensal mulheres proporção Menos de 15 horas 201,7 81,6 0,40 De 15 a 39 horas 212,2 92,2 0,43 De 40 a 49 horas 256,4 114,5 0,45 De 0 a 3 anos (nenhum curso concluído) De 50 horas e mais 288,2 103,1 0,36 Menos de 15 horas 325,6 139,6 0,43 De 15 a 39 horas 340,4 160,8 0,47 De 40 a 49 horas 364,9 180,9 0,50 De 4 a 7 anos (primário) De 50 horas e mais 418,3 154,4 0,37 Menos de 15 horas 590,6 257,7 0,44 De 15 a 39 horas 563,4 305,2 0,54 De 40 a 49 horas 611,4 333,1 0,54 De 8 a 10 anos (1º grau) De 50 horas e mais 713,7 303,2 0,42 Menos de 15 horas 783,1 309,5 0,40 De 15 a 39 horas 744,5 361,1 0,49 De 40 a 49 horas 958,9 451,4 0,47 De 11 a 14 anos (2º grau) De 50 horas e mais 1.135,5 457,2 0,40 Menos de 15 horas 1.605 573,2 0,36 De 15 a 39 horas 1.634,2 726,9 0,44 De 40 a 49 horas 2.131,3 973,4 0,46 De 15 a 17 anos (3º grau) De 50 horas e mais 2.545,5 1.091,9 0,43

Fonte: Censo Demográfico de 1970 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

No Censo de 1980 a forma de abordar a questão do tempo trabalhado e do rendimento de cada indivíduo tem duas modificações que dificultam uma análise comparativa: os rendimentos advindos do trabalho podem ser separados (aqui trabalhamos com o rendimento nominal de todos os trabalhos) e as classes semanais de horas trabalhadas apresentam uma estruturação diferente da do Censo de 1970.

Em relação aos resultados encontrados podemos afirmar que a proporção entre rendimentos10 femininos por masculinos aumenta, o que reflete uma pequena diminuição da desigualdade. De modo geral esta proporção passa a ser por volta de 45%.

10 Foram contabilizados apenas os trabalhos exercidos nos 12 meses anteriores a data do Censo (01.09.1979 a 31.08.1980)

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Tabela 2 – Renda média mensal por sexo, grupos de horas trabalhadas e estratos de escolaridade (Brasil - 1980)

Estratos de

Escolaridade Grupo de horas trabalhadas por semana Renda média mensal homens Renda média mensal mulheres Proporção

Menos de 15 horas 6.351,9 2.176,9 0,34 De 15 a 29 horas 4.825,7 2.183,7 0,45 De 30 a 39 horas 5.115 2.457,8 0,48 De 40 a 48 horas 6.119,5 3.666,9 0,60 De 0 a 3 anos (nenhum curso concluído) De 49 horas e mais 8.239,6 3.793,1 0,46 Menos de 15 horas 11.572,9 3.856,4 0,33 De 15 a 29 horas 8.762,3 3.535,1 0,40 De 30 a 39 horas 9.997,1 4.684,8 0,47 De 40 a 48 horas 10.717,7 5.573,4 0,52 De 4 a 7 anos (primário) De 49 horas e mais 13.792,5 5.526,6 0,40 Menos de 15 horas 17.925,7 7.105,9 0,40 De 15 a 29 horas 14.289,8 5.261 0,37 De 30 a 39 horas 14.223,6 7.768,9 0,55 De 40 a 48 horas 14.737,5 7.838 0,53 De 8 a 10 anos (1º grau) De 49 horas e mais 19.612 7.807,1 0,40 Menos de 15 horas 19.852,9 9.383,9 0,47 De 15 a 29 horas 18.501,3 8.896 0,48 De 30 a 39 horas 22.577 11.763,7 0,52 De 40 a 48 horas 26.624,6 13.265,9 0,50 De 11 a 14 anos (2º grau) De 49 horas e mais 34.421,4 14.184,7 0,41 Menos de 15 horas 38.683,5 13.998,7 0,36 De 15 a 29 horas 40.802 16.691,8 0,41 De 30 a 39 horas 52.994,8 23.304,6 0,44 De 40 a 48 horas 64.475,8 29.567 0,46 De 15 a 17 anos (3º grau) De 49 horas e mais 80.351,4 35.057,7 0,44

Fonte: Censo Demográfico de 1980 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

As menores diferenças continuam sendo nos grupos de trabalhadores que exercem sua ocupação mais horas por semana e assim como no Censo de 1970 não existe uma relação direta entre escolaridade e diferencial salarial11 entre homens e mulheres, apesar da proporção na população com nível universitário ser, na maioria dos grupos de horas trabalhadas, menor que nos outros estratos de escolaridade.

As modificações metodológicas introduzidas no Censo de 1991 – perguntas abertas tanto para o rendimento quanto para o número de horas semanalmente trabalhadas- foram de grande importância no sentido de possibilitar a visualização do rendimento/hora de cada trabalhador e, deste modo, construir uma média para todos os estratos de escolaridade que reflete de modo mais apurado a relação entre tempo e salário.

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Para efeito de comparação com os dados coletados no Censo de 2000 (mesma metodologia) dividimos o salário/hora pelo valor do salário-mínimo na data de referência de cada um dos Censos. Deste modo pudemos comparar não apenas as diferenciações entre grupo de homens e de mulheres mas também a evolução que se operou internamente em cada um destes contingentes populacionais12. A seguir a tabela referente ao Censo de 1991.

Tabela 3 – Variável Salário Mínimo / Hora por sexo (Brasil –1991)

Estratos de escolaridade Homens Mulheres Proporção

0 a 3 anos (nenhum curso) 0,009 0,007 0,74

4 a 7 anos (primário) 0,015 0,009 0,62

8 a 10 anos (1º grau) 0,021 0,013 0,62

11 a 14 anos (2º grau) 0,037 0,023 0,61

15 a 17 anos (3º grau) 0,091 0,051 0,56

Fonte: Censo Demográfico de 1991 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Uma primeira questão apontada pela tabela é o diferencial salarial crescente conforme aumenta o estrato de escolaridade do grupo em questão. Ou seja, as mulheres com nível universitário são as que apresentam menores salários em relação aos homens de mesmo nível educacional. Esta relação direta entre escolarização e diferencial salarial ocorre por duas razões: por um lado os trabalhadores de estratos educacionais mais baixos são uniformemente mal remunerados (rendimentos próximos da subsistência) e por outro, contrariamente, a variabilidade de rendimentos no topo das carreiras é muito grande, o que gera uma diferenciação maior entre trabalhadores de mesmo nível educacional.

O diferencial crescente de salários entre homens e mulheres conforme aumenta o nível educacional em questão reflete o que alguns teóricos chamam de “teto de vidro”. A idéia de uma barreira sólida mas transparente ilustra a expansão feminina no mercado de trabalho: um crescimento que é barrado por fatores de ordem cultural, muito presente e arraigado na vida social mas de complexa interpretação analítica. A pergunta que se coloca seria o determinante desta paralisação da vida profissional em determinado patamar.

A lentidão com a qual vem se modificando estes padrões culturais que resultam na concentração dos postos de poder (aqui representado pelo rendimento) em mãos masculinas reflete-se no Censo de 2000: como mostra a tabela a seguir, os diferenciais salariais entre homens e mulheres têm uma pequena diminuição em todos os estratos de escolaridade. Um aspecto relevante a ser destacado é que o grupo com nível universitário é o que apresenta menor variação.

Tabela 4 – Variável Salário Mínimo / Hora por sexo (Brasil - 2000)

Estratos de escolaridade

Homens Mulheres Propo

ção 0 a 3 anos (nenhum curso) 0,012 0,009 0,82 4 a 7 anos (primário) 0,017 0,012 0,68 8 a 10 anos (1º grau) 0,023 0,015 0,67 11 a 14 anos (2º grau) 0,041 0,027 0,65 15 a 17 anos (3º grau) 0,121 0,072 0,59

Fonte: Censo Demográfico 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

12 Esta comparação foi possível porque dividimos o rendimento médio por hora de trabalho pelo valor do salário mínimo referência para cada um dos Censos.

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Do ponto de vista mais geral, todos os grupos de trabalhadores independentemente do sexo e da escolaridade, tem uma melhora nos rendimentos articulados ao valor do salário mínimo. O maior crescimento foi no grupo de homens com nível superior – o contingente privilegiado que sempre recebeu os maiores salários. Este dado reflete um distanciamento do trabalhador que está no topo da pirâmide em relação ao que está na base.

Outro aspecto relevante que as tabelas ressaltam, também ligado à questão da desigualdade, é o diferencial salarial interno a cada grupo de trabalhadores homens e mulheres. Enquanto em 1991 o salário/hora médio de um trabalhador do estrato mais baixo de escolaridade (nenhum curso concluído) representava 9,9% do salário/hora médio do trabalhador do estrato mais alto de escolaridade, esta mesma relação cai para 9,5% em 2000 – ou seja, aumenta a desigualdade. Esta mesma relação no caso das trabalhadoras permaneceu igual neste período:13%.

5. Os diferenciais salariais por sexo em algumas carreiras

O grupo de trabalhadoras com curso universitário relativiza a idéia de que a manutenção feminina em “guetos ocupacionais” seria o principal fator que explicaria os altos diferenciais salariais por sexo uma vez que, como foi mostrado no primeiro capítulo, o leque de ocupações deste segmento vem se ampliando enquanto os diferenciais salariais em relação aos homens de mesmo nível educacional não apresentam uma modificação expressiva.

O olhar mais específico para a presença de homens e mulheres em cada carreira, no entanto, pode revelar alguns aspectos da relação entre concentração feminina e diferenciais salariais por sexo. Ou seja, se a mudança de quadro mostrada no primeiro capítulo significou uma situação mais equânime ao menos entre profissionais do mesmo campo de atuação.

Nesta perspectiva selecionamos sete cursos de graduação e analisamos a proporção entre os salários dos formados homens e mulheres por grupos de horas semanalmente trabalhadas (Censo de 1970) e salário/hora (Censo 2000) em cada uma destas carreiras. Nosso objetivo foi enxergar a relação entre concentração feminina e diferencial salarial por sexo.

Para tanto, optamos por selecionar um grupo de cursos que refletisse algumas tendências apontadas a partir da comparação do contingente de formados por sexo entre os Censos de 1970 e 2000: Letras e Serviço Social - intensificação da concentração feminina em carreiras desvalorizadas socialmente; Arquitetura e Odontologia - aumento da presença feminina que chega a representar maioria em carreiras de médio prestígio social; Medicina e Direito - crescimento expressivo da participação feminina sem contudo chegar à metade do contingente de formados em cursos de alto prestígio social; Engenharia – manutenção da baixa presença feminina (pequeno aumento no período) em carreiras tradicionalmente masculinas.

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Tabela 5 – Rendimento médio (em NCr$) por sexo, segundo o curso de graduação concluído e as classes de horas semanais trabalhadas (Brasil – 1970)

Sexo Cursos de

Graduação

Classes de horas

Semanais trabalhadas Homens Mulheres Proporção

Menos de 15 horas 1347 676 0,50 15 a 39 horas 1253 824 0,66 40 a 49 horas 1755 1007 0,57 Letras 50 horas ou mais 1848 951 0,51 Menos de 15 horas 1124 744 0,66 15 a 39 horas 1381 751 0,54 40 a 49 horas 1517 959 0,63 Serviço Social 50 horas ou mais 1612 1046 0,65 Menos de 15 horas 2351 905 0,38 15 a 39 horas 1922 1078 0,56 40 a 49 horas 2464 1369 0,56 Arquitetura 50 horas ou mais 2828 1694 0,60 Menos de 15 horas 1457 657 0,45 15 a 39 horas 1422 883 0,62 40 a 49 horas 1745 1063 0,61 Odontologia 50 horas ou mais 2010 1265 0,63 Menos de 15 horas 2380 729 0,31 15 a 39 horas 2009 890 0,44 40 a 49 horas 2274 1164 0,51 Direito 50 horas ou mais 2642 1303 0,49 Menos de 15 horas 2349 1395 0,59 15 a 39 horas 2370 1286 0,54 40 a 49 horas 2672 1548 0,58 Medicina 50 horas ou mais 3110 1897 0,61 Menos de 15 horas 2763 431 0,16 15 a 39 horas 2556 1481 0,58 40 a 49 horas 2822 1984 0,70 Engenharia 50 horas ou mais 3284 1518 0,46

Fonte: Censo Demográfico de 1970 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Os dados apresentados na tabela não revelam claras tendências tanto em relação à particularidade de cada carreira – maior ou menor diferencial salarial por sexo em função da concentração feminina – quanto aos estratos de horas semanais trabalhadas. A grande variação da proporção salarial dentro de uma mesma carreira e a falta de relação entre concentração feminina no contingente de formados e os diferencias salariais por sexo revela a dificuldade de analisar dados pouco desagregados13.

A maior especificidade dos dados alcançada no Censo 2000 possibilita um olhar mais claro para estas questões. A análise da proporção da variável salário/hora de homens e mulheres em cada carreira apresenta algumas relações com a concentração feminina.

13 Tanto em relação ao número de horas trabalhadas na semana (medida por estratos gerais) quanto o rendimento total (não somente do trabalho) conferem a estes dados pouca precisão e comparabilidade com o Censo 2000, problema também encontrado no tópico anterior.

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Tabela 6 – Rendimento médio (em R$) por hora trabalhada segundo o curso de graduação concluído e sexo (Brasil – 2000)

Sexo Letras Serviço Social Arquitetura Odontologia Direito Medicina Engenharia Homens 10,4 12,5 17,4 18,9 21,7 26,0 21,2

Mulheres 8,6 9,1 13,1 15,0 15,3 18,8 13,2

Proporção 0,83 0,73 0,75 0,79 0,71 0,72 0,62

Fonte: Censo Demográfico de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

De modo geral poderíamos afirmar que a tabela revela uma clara relação entre concentração feminina e baixos salários (aspecto recorrente na literatura sobre mercado de trabalho). De fato, as carreiras que já apresentavam maioria de mulheres e que acentuam esta tendência são as piores remuneradas. Do mesmo modo as que apresentam menor participação feminina no contingente de formados são as mais bem pagas.

Por outro lado, em relação aos diferenciais salariais, a maior participação de mulheres no contingente de profissionais de determinado campo assegura menores disparidades. A tabela mostra uma articulação evidente entre concentração feminina e diferenciais salariais: este diminui quando aquele aumenta14. Um reflexo desta tendência é o curso de Engenharia que, apesar do alto salário médio, apresenta os maiores diferenciais salariais e a menor presença feminina.

Contudo, os diferenciais salariais expostos na tabela são influenciados em grande medida pelo peso das coortes mais antigas de trabalhadores - majoritariamente masculina e em fim de carreira, quando os salários são mais altos. Ou seja, os trabalhadores homens que já estão no mercado de trabalho há muito tempo acabam elevando a média salarial masculina em todas as carreiras e acentuando o diferencial salarial por sexo, em particular, naquelas em que houve uma mudança de composição no período que tomamos como base (1970-2000).

No intuito de isolar os possíveis efeitos da variável idade sobre os salários médios por hora de homens e mulheres no Censo 2000 construímos uma tabela por grupos etários, onde os diferenciais salariais correspondem a profissionais que se encontram na mesma etapa da carreira profissional.

Em relação à particularidade de cada curso universitário destacaríamos que os diferenciais entre gerações15 do mesmo sexo é muito maior no caso dos homens. Neste grupo as carreiras de Direito, Medicina e Engenharia se destacam como os maiores diferenciais salariais internos (grande distância entre um profissional no topo da carreira e um iniciante). Entre a população feminina a variabilidade das médias salariais por hora é menor em todas as carreiras.

14 A exceção é o contingente de formados no curso de Serviço Social que, apesar da grande maioria de mulheres, apresenta uma proporção inferior à alguns dos cursos em que a presença feminina é minoritária.

15 No caso dos homens os diferencias são notadamente em função da evolução do grupo nas carreiras. O mesmo paralelo não pode ser traçado para as mulheres porque as mudanças entre gerações foram muito intensas tanto do ponto de vista quantitativo (presença em cada curso universitário) quanto qualitativo e a realidade atual das coortes mais antigas não pode ser enxergada como futuro da atual geração.

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Tabela 7 – Rendimento médio (em R$) por hora trabalhada segundo o curso de graduação concluído, sexo e grupos etários (Brasil – 2000)

Curso de Graduação Concluído Sexo

Grupos

etários Letras Serviço Social

Arqui- tetura

Odonto-

logia Direito Medicina Engenharia

Homens 20 a 29 6,4 5,5 9,3 11,7 11,9 12,5 11,8 30 a 39 8,7 8,2 13,4 17,8 18 21,8 17 40 a 49 10,8 15,2 20,6 21,2 21,5 27,8 22,5 50 a 59 13,9 15,2 23,2 21,4 26,3 32,1 28,5 60 e mais 17 25,8 27,9 25,6 32,7 35,1 34 Mulheres 20 a 29 5,9 5,9 7,9 10,4 10,1 11,5 9,4 30 a 39 7,9 8,5 13,2 16,3 15,5 17,8 12,9 40 a 49 9,5 10,1 16,5 17,9 16,9 22,4 15,9 50 a 59 10,7 10,7 18,9 18,9 20,3 24,8 17,4 60 e mais 14,5 12,2 27 20 24 27,8 21 Proporção 20 a 29 0,92 1,07 0,85 0,89 0,85 0,92 0,80 30 a 39 0,91 1,04 0,99 0,92 0,86 0,82 0,76 40 a 49 0,88 0,66 0,80 0,84 0,79 0,81 0,71 50 a 59 0,77 0,70 0,81 0,88 0,77 0,77 0,61 60 e mais 0,85 0,47 0,97 0,78 0,73 0,79 0,62

Fonte: Censo Demográfico de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

A principal questão expressa na tabela é a diminuição dos diferenciais salariais nas coortes mais jovens. Em todas as carreiras os grupos etários de 20 a 29 anos e 30 a 39 anos são os que apresentam maior proporção do salário feminino sobre o masculino. Esta tendência pode ser lida sob duas perspectivas distintas: por um lado pode estar refletindo importantes avanços que vem sendo alcançados pelas novas gerações de trabalhadoras ou, por outro, indicar um menor diferencial salarial entre o contingente feminino e masculino em função de ambos estarem em início de carreira, quando todos os salários são padronizadamente mais baixos.

A primeira leitura parece-nos mais plausível uma vez que os avanços femininos tanto na participação no contingente de formados quanto nas carreiras de grande prestígio social sugere que o padrão de desigualdade salarial nos grupos etários mais velhos não deva se manter nos próximos Censos Demográficos. Para que esta tendência se consolide, no entanto, substantivas mudanças das relações de gênero no espaço doméstico devem acompanhar estes avanços assistidos no mercado de trabalho.

6. Conclusão

O intenso crescimento da participação feminina no mercado de trabalho brasileiro nas últimas décadas do século XX , em especial das mulheres de 20 a 49 anos (gráfico 2) - momento em que freqüentemente se casam e tem filhos – mostra que, cada vez mais, a antiga dicotomia público versus privado vem se reconfigurando no campo das práticas sociais, com reflexos nos novos arranjos de família, nas taxas de fecundidade, nos comportamentos de gênero, etc.

A constante relação no caso das mulheres, existente em todos os Censos, entre presença no mundo do trabalho e educação revela o quanto o processo de escolarização desta população foi concomitante à queda nos diferenciais de participação laboral por sexo. Isso indica que se o

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processo de expansão do ensino brasileiro continuar caminhando no sentido da universalização do acesso, especialmente no 2º grau, a tendência é que o hiato de participação laboral por sexo na população total diminua cada vez mais, já que as taxas de participação de homens e mulheres com níveis mais elevados de educação são bastante próximas.

A análise da proporção dos salários femininos em relação aos masculinos, apesar de todos os problemas de comparabilidade entre Censos, indica um processo de melhora no período, indo por volta de 40% em 1970 a 70% em 2000. O recorte educacional revela uma pequena melhora nesta proporção em todos os estratos ao longo das décadas, permanecendo nos últimos Censos (1991 e 2000) a tendência de crescimento das desigualdades salariais por sexo nos grupos mais escolarizados.

O olhar específico para cada carreira constata a clara tendência observável empiricamente de relação direta entre concentração feminina e baixos salários. Contudo, verifica-se também que a pequena presença feminina em algumas carreiras coincide com altos diferenciais salariais por sexo, ou seja, as poucas mulheres que exercem profissões mais “masculinizadas” recebem menos que seus colegas homens. Esta constatação relativiza em parte a idéia de que o alto diferencial salarial por sexo no grupo de trabalhadores com nível universitário é gerado apenas pela segmentação ocupacional uma vez que as desigualdades se mantêm dentro das carreiras. A tendência encontrada no último Censo de crescimento dos diferenciais salariais dentro das carreiras conforme aumenta o grupo etário provavelmente era ainda maior no Censo de 1970, quando o contingente de senhoras com nível universitário em fim de carreira era ínfimo. Além deste aspecto, o fato do lugar da mulher neste momento histórico ainda estar muito articulado ao espaço doméstico fazia com que as poucas trabalhadoras que optassem por carreiras “tipicamente masculinas” enfrentassem o preconceito e não pudessem desempenhar suas atividades com a mesma desenvoltura que seus colegas de profissão homens. Os dados do Censo 2000 mostram que os diferenciais de salário entre os sexos são menores para as coortes mais jovens, mas não permitem afirmar, de forma generalizada, que esta redução observada no grupo 20-29 anos não vá se alargar ao longo do tempo de inserção no mercado de trabalho. Esta questão merece estudos mais aprofundados em pelo menos dois aspectos: a) pode acontecer que muitas mulheres de curso superior, premidas pelo peso da dupla jornada de trabalho e pela maior dedicação aos afazeres domésticos (especialmente a criação dos filhos) se abstenham de disputar com os homens posições de maior responsabilidade e cargos de chefia que são melhores remuneradas; b) pode acontecer de muitas mulheres optarem por investir em careiras mais estáveis, mesmo que pior remuneradas, num trade-off entre segurança e rentabilidade.

As intensas mudanças históricas assistidas nos trinta anos em questão assim como as rupturas que representaram tanto a intensa entrada do contingente feminino nas universidades quanto a abertura do leque de carreiras nas quais as mulheres se profissionalizam não permite uma análise que enxergue a realidade atual das coortes mais velhas – grande desigualdade salarial - como o futuro das mais jovens. As chaves de leitura que se colocam diante dos dados expostos são diversas e necessariamente passam também por uma análise das mudanças mais amplas no campo das relações de gênero. Somente a análise de outras variáveis, em particular as relativas à família e ao espaço doméstico poderão indicar se novos modelos de feminino estão emergindo no atual contexto histórico. Contudo, os dados apresentados sugerem a necessidade de se reforçar as políticas públicas universalistas que garantem igualdade legal no acesso à escola e

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na retirada de barreiras à entrada da mulher no mercado de trabalho como forma de se obter maior justiça social e maior equidade de gênero na sociedade.

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Referências

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