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Qualificação e Trabalho: atributos de gênero e segmentação no Brasil

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Qualificação e Trabalho: atributos de gênero e segmentação no Brasil

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Anita Kon PUC SP

Palavras-chave: Trabalho, Gênero, Qualificação, Segmentação.

1. Considerações iniciais

Em economias de níveis diversos de desenvolvimento, observa-se na atualidade a redução de postos de trabalho, a urgência da criação de novos empregos e freqüentemente a necessidade de readaptação da mão-de-obra a ocupações e funções criadas, paralelamente à constante requalificação de suas habilidades enquanto trabalhador.

Particularmente no Brasil, ao crescimento da demanda por novos postos de trabalho resultante do aumento populacional, associou-se uma conjuntura recessiva na década de oitenta que resultou no crescimento da velocidade e intensidade da reestruturação organizacional nos anos noventa, o que acabou por eliminar postos de trabalho, particularmente no setor secundário da economia. Estas tendências acarretaram em um desequilíbrio acentuado entre as necessidades de absorção da força de trabalho e as possibilidade de oferta de empregos.

Com relação especificamente à situação da mulher no mercado de trabalho, recente pesquisa sobre a evolução da estrutura ocupacional feminina entre os anos de 1992 e 1995 mostrou a redução da participação das mulheres no emprego formal e o crescimento da importância relativa das demais formas de ocupações (Wajnman e Perpétuo, 1997). As pesquisas mostram que a informalização do mercado de trabalho brasileiro é um processo cujos determinantes vão muito além dos limites ditados pela oferta de trabalho, o que se manifesta de forma mais contundente para o gênero feminino. Foi possível constatar interrelações entre características pessoais e ocupacionais que apontaram as prováveis “candidatas” aos postos de trabalho informais.

*Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em

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A representatividade das diferentes categorias ocupacionais segundo o gênero, reflete os impactos das condições de diferenciação sócio-econômica e pesquisas anteriores (Kon, 1999) têm revelado a predominância da participação feminina apenas em categorias específicas, em atividades que exigem requisitos de habilidade ou outros, considerados como próprios a serem exercidas por aquele sexo.

Nesse sentido, o objetivo global deste trabalho foi contribuir com subsídios para a análise do perfil ocupacional do trabalhador brasileiro no que se refere à representatividade segundo o gênero, tendo em vista os novos requisitos demandados pelos atuais processos produtivos e organizacionais, dentro e fora das empresas, por um lado, e por outro lado pelas políticas econômicas conjunturais voltadas para a estabilização, que limitam as oportunidades de abertura de novos postos de trabalho formalizados, aumentando o volume de trabalho em atividades informais.

2. A segmentação nos postos de trabalho segundo o gênero: premissas teóricas

O conceito de segmentação por gênero, aqui relacionado à concentração de trabalhadores em determinados setores ou ocupações, não deve ser confundido com a conotação de discriminação, embora observe-se que parte dos efeitos desta segregação tem como causa a discriminação em relação às funções que devem ser desempenhadas pelos sexos, originada por valores sociais.

Tem sido observado em alguns setores, que o fenômeno de segmentação por gênero, tem raízes profundas na divisão de trabalho segundo o gênero, tanto historicamente nas sociedades mais antigas, quando nas modernas. Esta segregação ocorre entre firmas e também internamente às mesmas, mas também entre setores e ocupações. À medida que a mulher tem aumentado sua participação na força de trabalho, esta ampliação tem se verificado tanto em ocupações tradicionalmente femininas, como também nas tradicionalmente masculinas, seja em ocupações da produção direta de bens e serviços, nas administrativas ou nas gerenciais.

Jacobsen (1998) analisa padrões de segregação por sexo em uma série de sociedades de economias industrializadas ou pré-industriais, em vários períodos históricos. As sociedades industrializadas estudadas incluem países da Europa

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alguma variabilidade nos padrões etários e na extensão da participação feminina na força de trabalho no mercado, existe uma similaridade substancial entre as culturas no que se refere ao alto nível de segregação, no sentido de que as mesmas ocupações tendem a ser dominadas por homens ou por mulheres nestes diferentes países. Nos países menos desenvolvidos, no entanto, este padrão comum nem sempre é observado, e mais do que isso, é notável que variam quanto à operacionalização por um ou outro sexo, dependendo da cultura.

Nas economias industrializadas, as ocupações diretamente ligadas a trabalhos braçais, têm mostrado tradicionalmente uma maior representatividade de ocupações exercidas por homens, nas áreas de linha de produção, de carpintaria, eletricidade, transportes, coleta de lixo, construção, entre outras. São áreas em que as mulheres obtêm os menores ganhos, quando são participantes (Becker, 1993). As ocupações em que a participação das mulheres é mais intensa são as de escritório ou burocráticas e de outros serviços. Nestas, o processo de feminização tem aumentado de intensidade desde os anos 80 tanto nos países mais avançados quanto nos menos desenvolvidos, e os homens se dirigem menos a estes postos. Também caracteristicamente femininas são ocupações ligadas a trabalhos de serviço doméstico em domicílios ou em empresas (hotéis, restaurantes), onde os homens são caracteristicamente minoria e em grande parte imigrantes recentes (de outras regiões do país ou de outros países). Entre os profissionais liberais, a tendência ao crescimento do trabalho feminino é considerável, particularmente de jovens. No entanto, no que diz respeito aos gerentes e administradores, ou seja, a denominada “classe dirigente”, a participação feminina embora crescente, ainda não é significativa, especialmente em cargos de direção mais elevados.

Algumas teorias econômicas foram desenvolvidas desde os oitenta, para explicar porque a segregação por gênero, nas atividades de trabalho, se formou e persiste em sociedades mais desenvolvidas. Procuram explicar que em determinadas condições a segregação poderá levar a sociedade a uma maior eficiência alocativa, definida pela distribuição de homens e mulheres na força de trabalho de modo a maximizar a produção final de bens e serviços da sociedade e o resultado total na melhora do bem-estar da sociedade. Alguns determinantes mais relevantes podem ser resumidos como sendo: a) diferenças entre os gêneros com relação aos gostos pelas atividades de

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trabalho, que são influenciados por valores sociais e dessa forma apresentam diferenciações entre as sociedades em um período e em uma mesma sociedade com a evolução do tempo; b) diferenças entre gêneros nas capacidades para o trabalho, que conduzem exploração das vantagens comparativas através da divisão de trabalho do mercado. Se na realidade cada gênero tem realmente predisposição para executar melhor algum tipo de tarefa, então a sociedade conseguiria maior eficiência com a segregação. Deve ser ressaltado o fato de que estas capacidades se transformam com a possibilidade de qualificação da mão-de-obra; c) eficiência na separação dos gêneros de modo a reduzir os conflitos no trabalho, relacionados a tensões entre os sexos; d) necessidade de equilibrar o trabalho de mercado com o doméstico e outros afazeres familiares. Em algumas sociedades mais avançadas da atualidade, algumas atividades antes de mercado são estimuladas a serem desempenhadas no ambiente doméstico, como forma de redução de custos para a sociedade e maior eficiência (como por exemplo, cuidado dos velhos, de grupos de crianças, ou de doentes convalescentes); e) informação imperfeita acerca das capacidades relativas entre dos gêneros, da parte dos empregadores; f) exploração de parte das mulheres por homens ou por outro subsetor da sociedade.

As teorias baseadas em evidências empíricas revelam a tendência de que a segregação vem favorecendo o gênero masculino. As ocupações desempenhadas principalmente por mulheres têm recebido ganhos inferiores do que as em desempenhadas por homens, e apresentam maior rotatividade e piores condições de proteção trabalhista. Discutem se a segregação é basicamente um estado imutável ou se é possível mudanças nesta condição. Se existirem forças significativas que impelem a sociedade à segregação, existe grande probabilidade que as políticas designadas a diminuí-la serão adaptadas de forma a preservá-la, de modo que a segregação talvez ressurja em formas menos notáveis. A observação de algumas sociedades menos avançadas mostra que algumas políticas públicas colocadas em prática em uma série de países em outras áreas ocasionaram mudanças consideráveis com esta intervenção governamental, enquanto que as diferenças entre gêneros com relação a salários e absorção de trabalho têm sido mais resistentes à mudança. As pesquisas salientam que os índices de segregação entre os sexos têm diminuído desde 1960, porém a taxa de

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mudança tem sido muito menor do que os índices de segregação por raça, e o nível de segregação entre os sexos é consideravelmente superior.

Na atualidade, verificou-se que os padrões de segregação podem ser influenciados por uma série de políticas públicas voltados para o mercado de trabalho, destinadas seja a melhorar as condições de absorção da mulher, programas de treinamento ou políticas anti-discriminatórias. De acordo com seu objetivo primordial estas medidas podem ser classificadas como: a) voltadas para influenciar os salários, das quais as mais comumente adotadas visam elevar os salários em setores em que predomina a mão-de-obra feminina, para se compararem aos setores em que a masculina é predominante, comparando o valor de trabalhos que são comparáveis; b) as que tentam modificar o comportamento do empregador com relação à contratação e promoção; c) as voltadas mais a trabalhadores do que a empregadores e que visam o treinamento e outros programas educacionais; d) programas como subsídios para o cuidado das crianças, que afetam a decisão familiar de entrada ou não da mulher na força de trabalho; e) as que visam especificamente a integração entre os gêneros como o resultado desejado.

As políticas que influenciam os salários são principalmente adotadas em funções governamentais locais ou estaduais, porém não se verificaram constatações efetivas de que tiveram o efeito de diminuir a segregação emtodos os setores. Os defensores destas políticas argumentam que salários mais elevados em ocupações onde predominam mulheres, levam os homens a se dirigir a estes postos e portanto reduzir a concentração ou segregação nestes setores. Os oponentes consideram que a segregação aumentaria, pois salários mais elevados desencorajariam as mulheres de deixarem estes postos (Aaron e Lougy, 1986). Estas duas óticas são justificáveis, considerando o lado da oferta de trabalhadores, porém não consideram mudanças na demanda por trabalho. A elevação (diminuição) de salários em um determinado posto de trabalho torna o trabalho mais (menos) procurado tanto por homens quanto por mulheres, no entanto o efeito líquido sobre a segregação não é possível de previsão sem a consideração de outras forças que determinam a oferta de trabalho.

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3. A segmentação ocupacional do trabalho no Brasil segundo o gênero

3.1 Notas metodológicas

Para as análises empíricas que se seguem foram utilizadas informações das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios-PNAD, agregando-se os microdados em categorias ocupacionais específicas segundo um tipologia delineada para os objetivos específicos da pesquisa e de acordo com uma base teórica definida (Kon, 1995). Dessa forma as categorias ocupacionais das áreas da produção direta de bens e serviços (P) e da administração (A), segundo a qualificação, são definidas como: a) Qualificados 1 = com nível técnico de escolaridade (PQ1 e AQ1); b) Qualificados 2 = com nível Superior de escolaridade (PQ2 e AQ2); c) Semi-qualificados 1 = com menor nível de qualificação e sem atribuições de chefia (PSQ1 e ASQ1); d) Semi-qualificados 2 = com maior nível de qualificação e com atribuições de chefia (PSQ2 e ASQ2) ; d) não-qualificados = exercendo atividades que não exigem escolaridade ou conhecimentos técnicos específicos (PNQ e ANQ).

3.2 A segmentação dos assalariados

Partindo da observação da segmentação para o Brasil como um todo segundo o gênero, entre os assalariados das empresas, observa-se a partir da Tabela 1 e Gráfico 1, que no ano de 1997 cerca de 64% dos trabalhadores eram do gênero masculino, tanto em situações de vínculo empregatício legalizado ou não. Entre os administradores, gerentes e outros dirigentes, este percentual foi ligeiramente superior particularmente entre os sem carteira assinada, porém de modo não significativo.

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Tabela 1. Segmentação dos assalariados por condição de vínculo segundo gênero .

Brasil (%)

TOTAL Com Carteira Sem Carteira

Categorias Ocupacionais H M H M H M ASSALARIADOS 63,9 36,7 63,3 36,7 63,3 36,7 Dirigentes 65,1 34,9 64,9 35,1 65,6 34,4 Produção 65,4 34,6 67,6 32,4 64,0 36,0 Qualificados 1 69,7 30,3 70,2 29,8 69,0 31,0 Qualificados 2 26,1 73,9 23,1 76,9 33,4 66,6 Semi-qualifi. 1 66,1 33,9 72,2 27,8 63,1 36,9 Semi-qualific. 2 96,9 3,1 98,2 1,8 95,5 4,5 Não-qualificados 73,0 27,0 74,1 25,9 72,2 27,8 Administração 53,4 46,6 53,5 46,5 53,1 46,9 Qualificados 1 79,9 20,1 80,7 19,3 74,8 25,2 Qualificados 2 74,9 25,1 74,7 25,3 75,3 24,7 Semi-qualif. 1 43,0 57,0 57,0 56,4 40,3 59,7 Semi-qualific. 2 10,9 89,1 11,0 89,0 10,7 89,3 Não-qualificados 61,5 38,5 61,8 38,2 60,5 39,5

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Grafico 1- Segmentação dos assalariados por condição de vínculo segundo gênero .

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNAD/1997. Elaboração da autora.

Nota: P = Produção; A = Administração; Q1=qualificados com nível superior; Q2 = Qualificados sem nível superior; SQ1=Semi-qualificados com menor qualificação; SQ2=Semi-qualificados com atribuições de chefia; NQ=Não-qualificados.

0 20 40 60 80 100 120

EMPRESAS Dirigentes Produção

PQ 1 PQ 2 PSQ 1 PSQ 2 PNQ

Administração

AQ 1 AQ 2 ASQ 1 ASQ 2 ANQ TOTAL Homens Mulheres 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

EMPRESAS Dirigentes Produção

PQ 1 PQ 2 PSQ 1 PSQ 2 PNQ

Administração

AQ 1 AQ 2 ASQ 1 ASQ 2 ANQ

Com Carteira Homens Mulheres 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

EMPRESAS Dirigentes Produção

PQ 1 PQ 2 PSQ 1 PSQ 2 PNQ

Administração

AQ 1 AQ 2 ASQ 1 ASQ 2 ANQ

Sem Carteira

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Na área da produção direta de bens e serviços, embora para o global de ocupados nestas atividades a representatividade seja a mesma dos dirigentes, esta participação apresenta variações consideráveis entre as categorias ocupacionais de níveis diversos de qualificação. Os qualificados de nível técnico de escolaridade são representado em quase 70% por homens para as duas situações de vínculo, ou seja, com e sem carteira assinada, enquanto que os qualificados de nível superior de escolaridade apresentam a maior participação feminina desta área, que corresponde a quase 73% no global da categoria, porém entre as que possuem vínculo legalizado a representatividade chega próximo a 77% (como veremos posteriormente, localizando-se nos setores de Ensino e Saúde prioritariamente), enquanto que as sem carteira participam com quase 67%.

Entre os semi-qualificados da produção, os graus de participação entre gêneros são ainda mais diferenciados, desde que os que possuem menor nível de qualificação concentram cerca de 66% no gênero masculino e mais intensamente entre os com vínculo legalizado (72%), enquanto que os trabalhadores que possuem maior qualificação e atribuições de chefia são representados em sua quase totalidade por homens e apenas 3% são mulheres, embora as que possuem carteira assinada representem menos de 2%. Também entre os não-qualificados desta área a participação masculina é muito significativa, quase atingindo ¾ dos trabalhadores desta categoria ocupacional.

Na área burocrática e de escritório, em média, a divisão do trabalho entre gêneros é mais igualitária, embora predomine também a participação masculina (pouco acima de 53%) para as situações de vínculo com e sem carteira, porem também com grandes diferenças entre as categorias ocupacionais. Os qualificados de nível técnico e nível Superior de escolaridade são representados entre 75% a 80% por homens, embora entre os de nível Superior, a representatividade feminina é ligeiramente superior em relação à outra categoria. As maiores diferenças encontram-se entre os semi-qualificados, pois para os dois níveis de qualificação a participação masculina é inferior, e entre os ocupados com maiores atribuições de chefia a representatividade feminina chega a quase 90%. Entre os não-qualificados os homens revelam uma concentração de pouco acima de 60%, com uma participação ligeiramente inferior entre os que não têm vínculo legalizado.

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Uma análise das mudanças na segmentação ocupacional entre gêneros é efetuado neste trabalho em um período a partir dos anos oitenta, no sentido de constatar-se as transformações nas duas décadas mais recentes. Verifica-se inicialmente que em 1983 pouco acima de 70% das ocupações eram exercidas por homens, porém a participação feminina de 29% se eleva gradativamente até atingir acima de 36% em 1997. Examinando-se a distribuição entre as categorias ocupacionais, no entanto, são encontradas diferenças consideráveis nesta composição, como visualizada na Tabela 2 e Gráfico 2. Observa-se inicialmente, que entre os dirigentes, a representatividade feminina se situa significativamente abaixo desta média, enquanto que na área da produção direta de bens e serviços como um todo, a participação de mulheres é inferior à da área administrativa das empresas, embora se constate o mesmo acréscimo gradativo na representatividade feminina nestas categorias entre os períodos examinados.

Por outro lado, entre os qualificados da Produção, tanto as ocupações de nível técnico de escolaridade, quanto de nível superior são exercidas em sua maioria pelo sexo feminino nos períodos de 1983 e 1989, embora, como vimos anteriormente, em 1997 os ocupados sem nível Superior do sexo masculino sejam mais representativos. Uma observação mais detalhada na divisão setorial, apresentada posteriormente, revela que particularmente os setores de Saúde e Ensino são responsáveis por esta maior absorção. Também entre os semi-qualificados com atribuições de chefia da área burocrática e de escritório, a representatividade feminina é consideravelmente superior em todos os períodos.

Dessa forma, as segmentações observadas nos anos de 1989 e 1997, não mostram alterações consideráveis em relação ao primeiro ano analisado, o que confirma as constatações de que as transformações estruturais na composição ocupacional foram lentas, na década de oitenta, embora se observe a continuação da tendência ao crescimento da participação das mulheres na quase totalidade das categorias de assalariados, com exceção das ocupações de qualificados de nível superior da Produção.

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Tabela 2. Mudanças na segmentação ocupacional dos Assalariados por gênero e segundo a condição de vínculo

BRASIL – 1983, 1989,1997 (%)

TOTAL Homens Mulheres

Categorias Ocupacionais H M C/C S/C C/C S/C ASSALARIADOS 1983 71,0 29,0 ... ... ... ... 1989 68,2 31,8 49,8 50,2 50,5 49,5 1997 63,9 36,1 46,3 53,7 46,9 53,1 Dirigentes 1983 84,5 16,5 ... ... ... ... 1989 78,6 21,4 78,3 21,6 66,2 33,8 1997 65,1 34,9 77,6 22,4 78,1 21,9 Produção 1983 72,2 27,8 41,3 58,7 35,4 64,6 1989 70,1 29,9 47,9 52,1 42,2 57,8 1997 65,4 34,6 39,3 60,7 35,5 64,6 Qualific. 1 1983 48,6 51,4 73,4 26,6 65,8 34,2 1989 44,3 55,7 70,5 29,5 67,1 32,9 1997 69,7 30,3 54,8 45,2 53,5 46,5 Qualific. 2 1983 29,1 73,7 70,7 29,3 43,4 56,6 1989 29,5 70,5 59 41 45,2 54,8 1997 26,1 73,9 63 37 73,9 26,1 Semi-qual. 1 1983 73,1 26,9 39,9 60,1 31,2 68,8 1989 72,8 27,2 44,2 55,8 38,1 61,9 1997 66,1 33,9 36,2 63,8 27,3 72,7 Semi-qual. 2 1983 95,9 4,1 61,5 38,5 85,3 14,7 1989 95,1 4,9 65 35 84,6 15,4 1997 96,9 3,1 53,9 46,1 31,3 68,7 Não-qualif. 1983 84,8 15,2 22,5 77,5 21,7 78,3 1989 76,5 23,5 49,1 50,9 36,4 63,6 1997 73,0 27,0 43,1 56,9 40,8 59,2 Administ. 1983 61,5 38,5 70,9 29,1 77,4 22,6 1989 57,3 42,7 73 27 73,6 26,4 1997 53,4 46,6 78,7 21,3 79,1 20,9 Qualific. 1 1983 78,7 21,3 87,6 12,4 87,3 12,7 1989 75,3 24,7 92,1 7,9 84,4 15,6 1997 79,9 20,1 87,7 12,3 83,5 16,5 Qualific. 2 1983 83,6 16,4 44,5 55,5 70,8 29,2 1989 73,9 26,1 48,3 51,7 70,5 29,5 1997 74,9 25,1 58,0 42,0 58,8 41,2 Semi-qual.1 1983 58,7 41,3 66,1 33,9 79,5 20,5 1989 54,1 45,9 68,9 31,1 79,3 20,7 1997 43,0 57,0 82,7 17,3 80,7 19,3 Semi-qual.2 1983 26,5 73,5 70 30 76,1 23,9 1989 29,2 70,8 69,7 30,3 76,4 23,6 1997 10,9 89,1 77,8 22,2 77,2 22,8 Não-qualific. 1983 68,7 31,3 77,6 22,4 72,5 27,5 1989 63,1 36,9 76,8 23,2 60,2 39,8 1997 61,5 38,5 76,6 23,4 75,6 24,4

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNADs 1983, 1989 e 1997 . Elaboração da autora Nota: C/C=Com Carteira; S/C = Sem carteira.

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A situação de trabalho com carteira assinada, no ano de 1983, é observada em pouco acima de 40% para os homens da área da Produção e 35% para as mulheres, porém nos períodos posteriores, observa-se uma elevação da participação dos ocupados de ambos os gêneros com vínculo legalizado em 1989 e um aumento considerável sem vínculo no ano de 1997. O aumento da representatividade dos ocupados sem carteira entre os homens para o último período analisado, se verifica entre quase todas as categorias ocupacionais, com exceção dos não-qualificados, tendo em vista que os trabalhadores desta categoria que não possuem vínculo legalizado, foram os primeiros a serem dispensados das empresas em períodos de diminuição do emprego, aumentando relativamente o peso dos que possuem contrato legalizado. Entre as mulheres, a diminuição da concentração de assalariados da produção sem vínculo em relação aos períodos anteriores, se verificou apenas nas categorias de qualificados de nível Superior e de não-qualificados, que se transferiram para ocupações por conta própria.

Verifica-se que na área burocrática a situação é consideravelmente mais privilegiada, para ambos os gêneros, pois a representatividade dos trabalhadores com carteira superava 70%, em quase todas os grupos da Administração, com exceção dos homens qualificados de nível superior, que apresentam uma participação pouco inferior a 45% em 1983 e nos períodos subsequentes a maior parte das categorias apresentou aumento na participação dos ocupados com vínculo legalizado, com exceção dos não-qualificados entre os homens e dos qualficados de ambos os níveis entre as mulheres. A melhora na condição de vínculo legalizado, no entanto, deve ser considerada em termos relativos, desde que a diminuição dos postos de trabalho assalariados se verificou particularmente entre os sem carteira, o que repercutiu nas participações relativas.

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Gráfico 2 - Mudanças na segmentação dos trabalhadores segundo qualificação e gênero

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNAD/1997. Elaboração da autora.

Nota: P = Produção; A = Administração; Q1=qualificados com nível superior; Q2 = Qualificados sem nível superior; SQ1=Semi-qualificados com menor qualificação; SQ2=Semi-qualificados com atribuições de chefia; NQ=Não-qualificados.

Qualificados 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1983 1989 1997 1983 1989 1997 1983 1989 1997 1983 1989 1997 PQ1 PQ2 AQ1 AQ2 Homens Mulheres Semi-qualificados 0 20 40 60 80 100 120 1983 1989 1997 1983 1989 1997 1983 1989 1997 1983 1989 1997 PSQ1 PSQ2 ASQ1 ASQ2 Homens Mulheres Não-qualificados e dirigentes 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1983 1989 1997 1983 1989 1997 1983 1989 1997 PNQ ANQ DIR Homens Mulheres

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As ocupações menos protegidas, portanto, em ambos os gêneros são as que apresentam menores requisitos de qualificação. Por outro lado, uma comparação entre os dois gêneros em cada categoria separadamente, revela que o masculino apresenta relativamente maior participação de ocupados com carteira na área da Produção (excetuando-se a categoria de semi-qualificados com atribuições de chefia), o inverso se verificando na área da administração, onde as mulheres encontram-se em situação mais privilegiada.

3.3 A Segmentação Ocupacional dos Trabalhadores Fora das Empresas

Os trabalhadores autônomos ou por conta própria, constituem uma parcela do mercado informal da economia, conforme definido pelos enfoques mais recentes sobre informalidade. As abordagens encontradas na literatura definem as causas da informalidade como: a) originadas a partir do excedente de mão-de-obra do setor formal; b) conseqüentes das falhas do sistema legal e político ou na regulamentação da economia por parte do Estado; c) resultantes do próprio processo de acumulação capitalista, como uma forma de organização da produção subordinada e intersticial.

Estas abordagens salientam a facilidade de entrada de trabalhadores nestes mercados não regulamentados e competitivos, e processos produtivos com tecnologia simples e baixas remunerações. No entanto, muitas vezes é possível encontrar-se trabalhadores por conta própria com remunerações consideráveis e próprias a maiores níveis de qualificação, com registros contábeis e pagando impostos como autônomos. Particularmente a última abordagem define o setor informal como um conjunto de formas de produzir bens e serviços organizado pelo produtor direto, de posse de seus instrumentos de trabalho, seja em trabalho individual, seja com ajuda do trabalho familiar ou de alguns ajudantes. Entre estas ocupações, encontram-se formas de organização da produção em que o produtor é possuidor dos instrumentos de trabalho, e portanto detentor de um capital, e outras formas em que o trabalhador vende seus serviços ou mercadorias diretamente ao consumidor (final ou intermediário), com práticas de trabalho individualistas.

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diminuição desta representatividade para 17% no final da década, quando verificou-se relativa retomada no aumento do produto gerado pela economia, porem em 1997 já representavam quase 21% .

TABELA 3

SEGMENTAÇÃO OCUPACIONAL DOS TRABALHADORES FORA DAS EMPRESAS

BRASIL – 1989, 1997 (%)

A/POG AG/A SD/POG SDG/SD Categorias Ocupacionais

PL PQ PSQ PNQ Total Homens 1989 19,5 74,5 0,5 4,9 1,2 1,1 91,3 6,4 100 1997 15,6 70,7 0,9 7,2 2,9 2,3 79,1 15,7 100 Mulheres 1989 12,4 25,5 18,3 95,1 2,2 1,4 92,4 4,0 100 1997 9,9 29,3 17,8 92,8 2,8 3,1 64,3 29,8 100

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNADs 1989 e 1997. Elaboração da autora.

Notas: A/POG= Autônomos/Popul. Ocupada do mesmo gênero; AG/A=Autônomos do gênero/Total Autônomos; SD/POG=Serviço Doméstico/Popul.Ocupada Total do mesmo gênero; SDG/SD=Serviço Doméstico do gênero/Total Serviço doméstico; PL= Profissionais Liberais; PQ=Qualificados da Produção; PSQ= Semi-qualificados da Produção; PNQ= Não-qualificados da Produção; AD=Ocupados na Administração.

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Gráfico 3 - Segmentação ocupacional dos trabalhadores por conta própria segundo gênero

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNADs 1989 e 1997. Elaboração da autora.

Notas: A/POG= Autônomos/Popul. Ocupada do mesmo gênero; AG/A=Autônomos do gênero/Total Autônomos;

SD/POG=Serviço Doméstico/Popul.Ocupada Total do mesmo gênero; SDG/SD=Serviço Doméstico do gênero/Total Serviço Domést. PL= Profissionais Liberais; PQ=Qualificados da Produção; PSQ= Semi-qualificados da Produção; PNQ= Não-qualific. da Produção; AD=Ocupados na Administração. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1989 1997 1989 1997 Homens Mulheres

A/POG AG/A SD/POG SDG/SD

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1 2 3 4 5 6 Homens Mulheres PL PQ PSQ PNQ

A distribuição dos ocupados fora das empresas segundo a natureza das ocupações (categorias ocupacionais), por área de atividade e qualificação, mostra uma representatividade insignificante de ocupações administrativas, e na área da Produção, acima de 90%, em média, são representadas por semi-qualificados, em ambos os gêneros em 1989, como visualizado na Tabela 3 e Gráfico 3. Para o ano de 1997 o decréscimo na participação nesta categoria foi considerável, verificando-se respectivamente para o Gênero o masculino e feminino, representatividades de pouco acima de 79% e de 64%; como contrapartida as ocupações de não-qualificados na área

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particularmente para as mulheres que atingiram quase 30%, porém para os homens esta elevação não foi menos expressiva, chegando a uma percentagem de 16%. Na categoria de autônomos, a representatividade de mulheres é inferior à masculina, em todas as regiões, não se encontrando relação com o nível de desenvolvimento econômico regional, como constatado em outra etapa da pesquisa.

Considerando-se o total de cada gênero separadamente, observa-se que entre os homens acima de 19% se dedicavam a ocupações autônomas em 1989, porem esta concentração cai para menos de 16% em 1997; no que se refere às mulheres de uma concentração de pouco acima de 12% se verificava nestas categorias em 1989 a representatividade cai para 10%.

4. Segmentação setorial do trabalho segundo o gênero no Brasil

4.1 Segmentação nas empresas

As Tabelas e os Gráficos 4 e 5 apresentam a distribuição do trabalho entre os gêneros nas empresas nos vários setores de atividades, retratando separadamente as participações em cada categoria ocupacional para o ano de 1997. No setor Primário da economia, verifica-se que cerca de 60% dos ocupados nas empresas são do gênero masculino, porém entre os dirigentes esta representatividade se mostra acima de 95% e com mais intensidade entre os assalariados. Na área da produção direta de bens e serviços cerca de 59% dos trabalhadores são homens, porém entre as categorias ocupacionais, os qualificados de nível superior e os semi-qualificados com atribuições de chefia chegam a atingir respectivamente 93% e acima de 98% dos ocupados. Na área administrativa a concentração de homens chega a 80% porem participam com mais de 93% entre os não-qualificados e observa-se que entre os semi-qualificados com cargos de chefia, a representatividade feminina é total.

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Nas atividades secundárias a concentração masculina é ainda superior situando-se em média acima de 81%, porem entre as categorias ocupacionais esta representatividade na área da produção direta de bens e serviços é mais intensa. Apenas os semi-qualificados da área burocrática ou de escritório revelam um número mais expressivo de participação feminina, particularmente na categoria com atribuições de chefia, onde a participação feminina era quase que total. Deve ser salientado que na Indústria de

Tabela 4

Segmentação ocupacional por gênero da população ocupada nas empresas dos setores Primário e Secundário segundo as categorias ocupacionais

Brasil

Secundário Categorias Ocupacionais Brasil Primário

Subtotal Transf. Constr. Outras HOMENS Empresa 63,9 59,9 81,3 71,9 97,9 85,0 Dirigentes 73,5 95,4 78,2 75,6 89,8 85,7 Proprietários 79,0 94,8 79,2 75,6 93,0 80,5 Assalariados 65,1 97,3 76,4 75,6 73,1 87,0 Produção 65,4 58,0 83,7 73,4 98,9 88,9 Qualificados 1 69,7 44,0 83,9 79,1 93,6 89,0 Qualificados 2 26,1 93,0 80,0 76,5 86,6 81,6 Semi-Qualificados 1 66,1 57,9 83,1 71,7 99,0 93,0 Semi-Qualificados 2 96,9 98,5 97,8 96,8 99,2 100,0 Não-Qualificados 73,0 - 85,9 89,0 98,0 78,9 Administração 53,4 79,9 63,6 61,6 73,4 69,3 Qualificados 1 79,9 75,2 79,6 78,2 89,7 85,9 Qualificados 2 74,9 - 74,1 73,0 100,0 75,4 Semi-Qualificados 1 43,0 77,4 54,2 51,8 63,1 63,1 Semi-Qualificados 2 10,9 0,0 0,4 0,5 0,0 0,0 Não-Qualificados 61,5 93,2 75,7 73,1 90,4 74,8 MULHERES Empresa 36,1 40,1 18,7 28,1 2,1 15,0 Dirigentes 26,5 4,6 21,8 24,4 10,2 14,3 Proprietários 21,0 5,2 20,8 24,4 7,0 19,5 Assalariados 34,9 2,7 23,6 24,4 26,9 13,0 Produção 34,6 42,0 16,3 26,6 1,1 11,1 Qualificados 1 30,3 56,0 16,1 20,9 6,4 11,0 Qualificados 2 73,9 7,0 20,0 23,5 13,4 18,4 Semi-Qualificados 1 33,9 42,1 16,9 28,3 1,0 7,0 Semi-Qualificados 2 3,1 1,5 2,2 3,2 0,8 0,0 Não-Qualificados 27,0 - 14,1 11,0 2,0 21,1 Administração 46,6 20,1 36,4 38,4 26,6 30,7 Qualificados 1 20,1 24,8 20,4 21,8 10,3 14,1 Qualificados 2 25,1 - 25,9 27,0 0,0 24,6 Semi-Qualificados 1 57,0 22,6 45,8 48,2 36,9 36,9 Semi-Qualificados 2 89,1 100,0 99,6 99,5 100,0 100,0 Não-Qualificados 38,5 6,8 24,3 26,9 9,6 25,2

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Tabela 5

Segmentação ocupacional por gênero da população ocupada nas empresas do setor Terciário segundo as categorias ocupacionais

Brasil Categorias

Ocupacionais Total Comér Transpe Com. Atuv. Financ. Serv. Sociais Adm. Pública Serv. Auxil. Demais HOMENS Empresa 57,3 61,9 90,9 61,3 25,4 66,1 64,7 63,8 Dirigentes 66,7 70,5 85,0 71,3 36,9 53,8 78,5 70,2 Proprietários 73,6 73,5 89,1 72,6 44,7 63,2 81,8 82,7 Assalariados 57,9 63,8 79,5 67,2 34,7 53,7 70,5 67,3 Produção 58,5 63,7 94,8 57,8 23,4 77,3 75,4 73,6 Qualificados 1 69,6 66,8 85,4 79,8 60,2 81,0 65,7 76,4 Qualificados 2 23,3 54,8 91,3 47,0 19,6 38,0 71,9 76,3 Semi-Qualificados 1 58,8 58,7 85,5 58,3 22,9 79,4 73,9 57,0 Semi-Qualificados 2 96,7 99,8 98,2 98,4 88,0 99,1 96,4 77,9 Não-Qualificados 68,6 97,8 97,5 41,1 18,2 76,8 89,7 95,4 Administração 51,4 49,0 61,6 71,1 28,5 57,3 55,2 53,2 Qualificados 1 80,1 80,3 75,6 94,2 64,3 67,5 67,6 65,8 Qualificados 2 75,0 76,7 70,1 62,5 60,7 82,0 70,8 78,1 Semi-Qualificados 1 40,8 41,3 57,0 41,1 24,6 46,1 44,3 50,4 Semi-Qualificados 2 12,5 4,7 8,5 3,6 7,5 42,8 2,5 1,2 Não-Qualificados 59,1 77,8 73,3 72,3 33,9 59,8 78,3 68,9 MULHERES Empresa 42,7 38,1 9,1 38,7 74,6 33,9 35,3 36,2 Dirigentes 33,3 29,5 15,0 28,7 63,1 46,2 21,5 29,8 Proprietários 26,4 26,5 10,9 27,4 55,3 36,8 18,2 17,3 Assalariados 42,1 36,2 20,5 32,8 65,3 46,3 29,5 32,7 Produção 41,5 36,3 5,2 42,2 76,6 22,7 24,6 26,4 Qualificados 1 30,4 33,2 14,6 20,2 39,8 19,0 34,3 23,6 Qualificados 2 76,7 45,2 8,7 53,0 80,4 62,0 28,1 23,7 Semi-Qualificados 1 41,2 41,3 14,5 41,7 77,1 20,6 26,1 43,0 Semi-Qualificados 2 3,3 0,2 1,8 1,6 12,0 0,9 3,6 22,1 Não-Qualificados 31,4 2,2 2,5 58,9 81,8 23,2 10,3 4,6 Administração 48,6 51,0 38,4 28,9 71,5 42,7 44,8 46,8 Qualificados 1 19,9 19,7 24,4 5,8 35,7 32,5 32,4 34,2 Qualificados 2 25,0 23,3 29,9 37,5 39,3 18,0 29,2 21,9 Semi-Qualificados 1 59,2 58,7 43,0 58,9 75,4 53,9 55,7 49,6 Semi-Qualificados 2 87,5 95,3 91,5 96,4 92,5 57,2 97,5 98,8 Não-Qualificados 40,9 22,2 26,7 27,7 66,1 40,2 21,7 31,1 Fonte dos dados brutos: IBGE-PNAD/1997. Elaboração da autora

Transformação, a representatividade feminina é ligeiramente superior às demais indústrias e na Construção Civil é muito baixa, a maior expressão se encontrando na categoria de dirigentes assalariados (quase 27%) e entre os semi-qualificados da administração.

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Gráfico 4 - Segmentação setorial dos trabalhadores nas empresas segundo o gênero

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNAD/1997. Elaboração da autora.

Gráfico 5 - Segmentação setorial dos trabalhadores nas empresas em cada gênero

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNAD/1997. Elaboração da autora.

0 50 100 150 200 250 300 350

Empresas Dirigentes Produção Administração

Empresas Dirigentes Produção Administração Homens Mulheres

Brasil Primário Secundário Terciário

4 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Empresas Dirigentes Produção Administração

Empresas Dirigentes Produção Administração

Homens Mulheres

Brasil Primário Secundário Terciário

No setor Terciário como um todo, a distribuição entre gêneros é menos desigual, embora a na maior parte dos setores e categorias ocupacionais a concentração masculina ainda prevaleça. O setor em que se verifica maior participação feminina é o de Serviços Sociais, que compreende atividades de Ensino, Saúde e outras atividades sem fins lucrativos, em que apresenta cerca de ¾ dos ocupados correspondem ao sexo feminino, numa gama de representatividades nas categorias ocupacionais que define três grupos específicos: de 12% para as semi-qualificadas com chefia da área da produção, entre 36% a 40% para as qualificadas de nível técnico de escolaridade da produção e para as

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qualificadas da administração, e finalmente entre 55% e 93% para as demais categorias. Nos demais setores das atividades terciárias, a menor participação feminina se mostra na área de Transportes e Comunicações (9,1%), enquanto que para os demais setores se situa entre cerca de 34% e 38%.

Examinando-se especificamente as categorias ocupacionais, a concentração de mulheres se verifica entre as qualificadas de nível superior da produção (embora com diferenças significativas entre os setores) e semi-qualificadas com chefia da administração (com maior homogeneidade), pois com exceção do setor de Administração pública (acima de 57%), nos demais setores terciários a representatividade esta sempre acima de 90%. Por outro lado, na categoria de semi-qualificads com chefia da produção, a participação feminina é muito pouco significativa, apenas mais representativa nos Demais Serviços (pouco acima de 22%) que englobam ocupações voltadas às famílias de serviços domésticos e pessoais.

4.2 Segmentação setorial do trabalho fora das empresas

Distribuição do trabalho de trabalhadores por Conta Própria e no Serviço Doméstico remunerado conforme retratada nas Tabelas 6 e 7, revela inicialmente que estes últimos trabalhadores, alocados não especificamente em setores, porem em unidades familiares (na pesquisa cadastradas no setor de Demais Serviços), são representados em quase 93% por mulheres. Entre os trabalhadores autônomos, a distribuição setorial mostra que nas atividades primárias, acima de 90% dos trabalhadores são homens, alocados em atividades de semi-qualificados da produção (quase 91%) e de não qualificados (a totalidade), ou seja, as trabalhadoras por Conta Própria do setor Primário alocam-se apenas em atividades de semi-qualificadas e numa representatividade inferior a 10%.

Entre os gêneros do Terciário observa-se maior heterogeneidade. Em cada gênero as concentrações de autônomos localizam-se em ocupações diferenciadas, de acordo com a necessidade de disponibilidade de capital fixo associada, ou particularmente com relação ao nível de qualificação requerido. Assim, no Comércio, como um todo, mais da metade de trabalhadores autônomos são não-qualificados e cerca de 46% exercem ocupações que exigem algum nível de qualificação, ou seja, semi-qualificados.

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Tabela 6

Segmentação ocupacional dos trabalhadores fora das empresas nos setores Primário e Secundário

Brasil

Secundário Categorias Ocupacionais Primário

Total Transfor. Construção Outras

HOMENS Serviço Doméstico - - - - - Conta Próprias 90,5 33,7 32,8 100,0 100,0 Profissionais Liberais - 17,8 17,8 - - Administradores - - - Qualificados (1) - 35,1 34,2 100,0 100,0 Semi-Qualificados 90,7 - - - - Não-Qualificados 100 11,3 11,3 - - MULHERES Serviço Doméstico - - - - - Conta Próprias 9,5 66,3 67,2 0,0 0,0 Profissionais Liberais - 82,2 82,2 - - Administradores - - - Qualificados (1) - 64,9 65,8 0,0 0,0 Semi-Qualificados 9,3 - - - - Não-Qualificados - 88,7 88,7 - -

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNAD/1997. Elaboração da autora.

(1) Nível técnico de escolaridade

Tabela 7

Segmentação ocupacional dos trabalhadores fora das empresas no setor Terciário Brasil Categorias Ocupacionais Comércio Transp. e Comum. Repar. e Manut Serv. Sociais Adm. Pública Serv. Auxil. Demais HOMENS ServiçoDoméstico - - - 7,2 Conta Próprias 59,1 100,0* 48,8 51,5 100,0* 66,3 85,5 Profis. Liberais - - 5,7 6,7 100,0* - - Proprietários 75,9 100,0* 75,9 - - 76,5 100,0* Qualificados (1) 100 100,0* 86,7 76,0 100,0* 34,1 - Semi-Qualificados 63,2 - 43,5 33,5 - 78,1 - Não-Qualificados 55,2 - 100,0 87,6 - 94,3 75,8 MULHERES ServiçoDoméstico - - - - - 92,8 Conta Próprias 40,9 0,0* 51,2 48,5 0,0* 33,7 14,5 Profis. Liberais - - 94,3 93,3 0,0* - - Proprietários 24,1 0,0* 24,1 - - 23,5 0,0* Qualificados (1) - 0,0* 13,3 24,0 0,0* 65,9 - Semi-Qualificados 36,8 - 56,5 66,5 - 21,9 - Não-Qualificados 44,7 - 0,0 12,4 - 5,7 24,2

Fonte dos dados brutos: IBGE-PNAD/1997. Elaboração da autora.

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O gênero de Transportes e Comunicações agrega a maior representatividade de ocupações autônomas denominadas Proprietários (84% dos ocupados do gênero)  particularmente em ocupações de motoristas-proprietários de taxi e de outros veículos de carga  o mesmo se dando para os serviços auxiliares às empresas (58%). Já para os autônomos nas atividades de Manutenção e Reparação, quase 86% se concentra entre ocupações de semi-qualificados, enquanto que nos Serviços Sociais (Saúde, Educação e atividades sem fins lucrativos) e na Administração Pública, a concentração se localiza nas ocupações de qualificados de nível técnico.

A divisão do trabalho entre sexos revela no Terciário mostra que no comércio pouco acima de 59% são homens e as ocupações de qualificados de nível técnico de escolaridade se concentram totalmente entre homens. Nos Transportes e Comunicações e na Administração Pública, a ocorrência de autônomos é quase que totalmente de homens. Nos demais setores, a distribuição entre os gêneros é em média mais igualitárias, porém com diversidades significativas entre as categorias ocupacionais.

A observação da distribuição nas categorias revela que as mulheres se concentram grandemente entre as Profissionais Liberais do setor de Reparação e Manutenção e de Serviços sociais, porém não são encontradas nos demais. Enquanto proprietárias, representam em torno de 24% no primeiro setor acima mencionado, no Comércio e nos Serviços Auxiliares às empresas apenas. As semi-qualificadas mostram relevante concentração (entre 56% e 67% respectivamente) nas ocupações de Manutenção e Reparação e nos Serviços Sociais, e participação não desprezível no Comércio e nos Demais Serviços pessoais e domésticos. Por outro lado, as trabalhadores qualificadas de nível técnico de escolaridade alocam-se preferencialmente nos Serviços auxiliares às empresas (quase 67%) e em menor grau nos setores de Reparação e Manutenção e nos Serviços Sociais. As ocupações de não-qualificadas se concentram significativamente no Comércio (quase 45%) e nos serviços pessoais e domésticos a participação feminina é de quase ¼ dos ocupados por conta Própria.

Considerações finais

Observa-se inicialmente que a representatividade masculina entre as categorias ocupacionais é significativamente superior em sua maioria, excetuando-se nas ocupação

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de qualificados de nível superior da área da produção direta de bens e serviços e entre os semi-qualificados da área administrativa, particularmente entre os ocupados com atribuições de chefia.

De uma forma global, as segmentações observadas nos anos de 1989 e 1997, não mostram alterações consideráveis em relação ao primeiro ano analisado, o que confirma as constatações de que as transformações estruturais na composição ocupacional foram lentas, na década de oitenta, embora se observe a continuação da tendência ao crescimento da participação das mulheres na quase totalidade das categorias de assalariados, com exceção das ocupações de qualificados de nível superior da Produção.

Políticas destinadas a influenciar o padrão de contratação e promoção dos empregadores podem atuar através de restrições legais, que determinam uma taxa obrigatória mínima de contratação de determinado gênero (geralmente feminino), que atuam assim como as metas voltadas para discriminação de raça ou outras minorias. Em alguns setores, poderia verificar-se a ocorrência de vagas em postos, quando não fosse possível competir por um número insatisfatório de pessoas qualificadas ou que se oferecem para exercê-los. Os resultados portanto, dependem da oferta relativa de trabalhadores de cada gênero para aqueles postos específicos. As políticas de treinamento e educacionais visam proporcionar à força de trabalho alvo (na maior parte das vezes do gênero feminino) as condições de assumir os tipos de colocações oferecidas, o que não significa necessariamente a garantia de obtenção de trabalho, tendo em vista outros requisitos demandados pelos empregadores para contratação e promoção. Um caminho adicional de política seria a concessão de subsídios ou isenções a empregadores que apresentem esforços comprovados para a integração da mulher e equalização de salários.

Algumas políticas que influenciam a decisão feminina sobre a intensidade de participação na força de trabalho e que portanto afetam a segregação, referem-se à disponibilidade de condições de cuidados às crianças, seja através de creches no local de trabalho ou de disponibilidade destes serviços baratos e de boa qualidade fora da empresa; as licenças-maternidade e a flexibilidade na jornada de trabalho também são políticas influentes, embora as mudanças no grau de segregação têm se mostrado não significativas, com estas medidas, desde que a tendência das mulheres é de se dirigirem

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principalmente aos postos de trabalho predominantemente femininos, o que aumentaria a segregação.

Bibliografia

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Referências

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