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Os arranjos domiciliares dos idosos atendidos pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC)

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Os arranjos domiciliares dos idosos atendidos pelo Benefício de Prestação

Continuada (BPC)

Daniele Fernandes CarvalhoAida Cecília Graciela Verdugo Lazo

Palavras-chave: Arranjos domiciliares; Benefício de Prestação Continuada; Idoso; PNAD

Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindóia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012.

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2 Introdução

O Brasil é um país com a população em processo de envelhecimento. Em 2000, as pessoas com 60 anos ou mais representavam 9% da população, um contingente de 14,5 milhões de pessoas. No ano de 2010, o Censo Demográfico contabilizou 21,7 milhões de pessoas idosas, o que já representava 11% da população total. Projeções para as próximas décadas estimam que em 2020 os idosos sejam 28,3 milhões, 13,7% da população total, em 2040 atingirão 55,7 milhões, o equivalente a 27%, da população total.

O aumento deste segmento populacional torna-se uma questão central para o planejamento de políticas na área da saúde, da previdência social e de renda, além do seu impacto nos arranjos domiciliares. Na América Latina, políticas de garantia de renda têm impacto importante sobre a diminuição da pobreza. Cotlear e Tornarolli (2011) assinalam que na maioria dos países da América Latina, a incidência de pobreza dos idosos é menor do que na população total e, isso se deve em grande parte, à consolidação dos sistemas previdenciários desses países. Ao comparar idosos beneficiários e não-beneficiários do sistema de previdência, os autores observaram que a incidência de pobreza é menor entre os que recebem benefícios.

Além disso, os idosos viverão mais e com mais incapacidades aumentando a demanda de cuidado, e ter uma renda possibilita ao idoso buscar um arranjo domiciliar mais satisfatório para o seu bem-estar. Um arranjo domiciliar onde o idoso pode contribuir com renda e receber em troca o cuidado pode ser uma alternativa (Camarano, Kanso, Mello e Pasinato, 2004).

Nesse contexto, uma questão importante é a garantia de condições mínimas de renda para os idosos que não poderão se beneficiar da aposentadoria por não terem contribuído, ou por não estarem qualificados para a aposentadoria rural.

As políticas públicas de renda para idosos antes da Constituição de 1988 tinham como foco pessoas que trabalharam ou contribuíram de alguma forma para a Previdência Social. Uma das iniciativas de caráter assistencial para atender a pessoas com baixo histórico contributivo foi a Renda Mensal Vitalícia-RMV, instituída em 1974. Esse benefício exigia algum grau de contribuição, pois somente eram elegíveis pessoas que contribuíram pelo menos 12 meses ou que trabalharam por pelo menos cinco anos em atividades que não eram cobertas pela previdência social e que não recebiam nenhum outro benefício (Camarano e Pasinato, 2004). Nos anos 1970, também foi criada a Aposentadoria Rural, para idosos que comprovassem terem trabalhado em atividades rurais.

O conceito de seguridade social é criado com a Constituição de 1988 e as políticas públicas para idosos deixam de ter como clientela apenas pessoas ligadas ao mercado de trabalho, passando a ser estendidas a todos como direito. Nos anos 1990, foram regulamentadas as propostas estabelecidas pela Constituição. Em 1991, foram aprovados os Planos de Custeio e de Benefícios da Previdência Social, aumentando a cobertura dos idosos na área rural e definindo valores mínimos e máximos para os benefícios.

Em 1993 foi aprovada a Lei 8.742, Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), onde são regulamentados os princípios da assistência social definidos na Constituição de 1988. Na Loas ficam definidas as competências da União, Estados e Municípios na assistência social, cria-se o Conselho Nacional de Assistência Social, é regulamentado o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e é criado o Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Em 1994, foi estabelecida a Política Nacional do Idoso (PNI), através da Lei nº 8.842. Com o objetivo de assegurar os direitos sociais dos idosos, define como idoso pessoas com 60 anos ou mais.

Em 2003, o Estatuto do Idoso reafirma a Política Nacional do Idoso e o dever da sociedade em garantir os seus direitos, reunindo as leis e as sanções criadas para o

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atendimento ao público idoso. Um exemplo são os Direitos Fundamentais que estão definidos no capítulo III, artigo 14, sobre condições econômicas para o sustento, e no capítulo VIII, artigo 34, sobre a assistência social e referem-se às condições de manutenção da população idosa:

“Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social.”,

“Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.”,

“Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.”

O benefício mensal para garantir a subsistência dos idosos com renda familiar per capita de ¼ de salário mínimo é o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Esse benefício foi definido pela Loas como não contributivo e garante um salário mínimo mensal às pessoas com deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios para prover o próprio sustento e nem tê-lo provido por sua família. Para efeitos de elegibilidade, a idade mínima de requerimento do benefício era de 70 anos, que posteriormente passou para 67 e hoje é de 65 anos como citado acima. Além da comprovação da idade, o idoso deve pertencer a uma família com renda mensal per capita inferior a ¼ de salário mínimo. Se no domicílio houver outro idoso recebendo o BPC, o seu benefício não deve ser considerado para efeitos de computação da renda per capita. Para os deficientes é necessário passar por uma perícia médica no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para comprovar a incapacidade de prover o próprio sustento. O requerimento e o pagamento do benefício são feitos através do INSS. A cada dois anos, o beneficiário deve passar por uma nova avaliação com o intuito de verificar se persistem os critérios de elegibilidade e a manutenção do benefício.

O Benefício de Prestação Continuada começou a funcionar efetivamente em 1996. Mesmo não tendo a mesma visibilidade que o Bolsa-família, o BPC atende a uma população que vive em extrema pobreza e o valor do benefício de um salário mínimo não pode ser alterado por questões políticas, apenas por emenda constitucional. Essa transferência de renda não só garante uma renda mínima, como também pode representar uma mudança nas relações deste idoso com as gerações mais novas, já que em muitos casos o BPC é a única renda formal dessas famílias.

Em um estudo de caso feito com beneficiários do BPC no Maranhão, Barbosa e Silva (2003) mostram que os beneficiários têm baixa escolaridade, vivem em famílias onde os membros estão no mercado de trabalho na informalidade, vieram do interior, ou seja, não estão aptos a receberem a aposentadoria rural e como não contribuíram para a previdência social, também não estão aptos para receber a aposentadoria contributiva.

Além disso, Penalva, Diniz e Medeiros (2010) também assinalam que muitos pesquisadores consideram que domicílios com renda per capita acima de ¼ SM também necessitariam do benefício. No entanto, eles apontam que apesar de haver muita discussão se o recorte de domicílios com renda per capita igual ou inferior a ¼ SM é o mais adequado, muitos domicílios com renda per capita acima de ¼ SM recebem o benefício, seja por ter conquistado via decisão judicial ou por erros de inclusão de beneficiários.

Os dados disponibilizados no Anuário Estatístico do Ministério da Previdência Social mostram que em 2002 havia 582.356 idosos beneficiários do BPC no Brasil; em 2004, com a mudança da regra de idade mínima para requerer o benefício, o número de idosos beneficiários passou para 928.369. Em 2010, o número de benefícios chegou a 1.627.899, o

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que corresponde a 11,6% da população com 65 anos ou mais de idade. Assim, o BPC apresenta-se como uma importante política de renda para os idosos sem renda.

O objetivo deste trabalho é estudar os arranjos domiciliares nos quais se inserem os idosos beneficiários do BPC, considerando variáveis demográficas e socioeconômicas desses idosos.

Fonte de dados

A fonte de dados inicial deste trabalho é o Censo Demográfico de 2010, no entanto, não há pergunta referente à existência ou não do benefício de prestação continuada (BPC) no domicílio. Além de não haver uma variável específica sobre o BPC, muitas vezes os beneficiários do programa declaram a renda recebida do BPC como aposentadoria e não como um valor recebido através de um programa de transferência de renda. Um dos motivos deve-se ao fato do valor do benefício ser igual a um salário mínimo.

Para tentar resolver o problema da falta de pergunta no Censo, uma possibilidade é criar uma proxy. No Censo 2010, no bloco sobre Trabalho e Rendimento, os rendimentos do BPC são contabilizados na variável 6.58 – Rendimento de outros programas sociais ou de transferências. Nesta variável contabilizam-se também os rendimentos de “doação ou mesada de não morador do domicílio”, “pensão alimentícia”, “seguro desemprego” e “bolsa de estudos”.

Assim, a variável “existência do benefício de prestação continuada” criada a partir dos dados do Censo 2010, estima como beneficiário do BPC a pessoa com 65 anos ou mais que declarou receber rendimento de outros programas sociais ou de transferências, no valor exato de um salário mínimo. O total estimado foi de 186 mil beneficiários do programa, através da

proxy utilizada para o Censo 2010.

Anterior ao Censo Demográfico de 2010, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD investigou as características de beneficiários de programas de transferência de renda nos anos de 2004 e 2006, através do Suplemento Transferências Sociais. Nesses suplementos, as perguntas aplicadas para identificar os beneficiários do programa são: “Algum morador idoso ou deficiente do domicílio recebeu dinheiro do programa social Benefício Assistencial de Prestação Continuada - BPC - LOAS no mês de referência?”, “Número de moradores idosos ou deficientes do domicílio que receberam dinheiro do programa social Benefício Assistencial de Prestação Continuada -BPC - LOAS no mês de referência” e “Algum outro morador do domicílio recebeu dinheiro do programa social Benefício Assistencial de Prestação Continuada - BPC - LOAS no mês de referência?”.

Assim, observa-se que para analisar os dados destes suplementos da PNAD não é necessária a criação de uma proxy, pois há perguntas específicas sobre o recebimento do benefício. Um dos problemas existentes nas duas pesquisas é a falta de mais variáveis sobre os beneficiários do programa como sexo e idade simples da pessoa que recebe o benefício, bem como não é possível separar os benefícios de idosos dos benefícios recebidos pelas pessoas com deficiência.

Os resultados nas PNADs foram 298,6 mil beneficiários em 2004, e em 2006, 590,5 mil beneficiários.

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5 A evolução da cobertura do BPC

Tão importante quanto saber o número de beneficiários que cada pesquisa consegue captar, é saber o quanto esses beneficiários representam do total de beneficiários dos registros administrativos do Ministério da Previdência Social, ou seja, conhecer sua cobertura dos beneficiários do BPC captados pelas pesquisas.

A distribuição dos beneficiários nas pesquisas do IBGE para o Brasil e Regiões é apresentada na tabela 1. Na tabela 2, observa-se o número de beneficiários existentes nos registros administrativos. Como a data de referência das PNADs e o Censo é, aproximadamente, o meio do ano e as informações dos registros administrativos referem-se ao mês de dezembro de cada ano, neste último caso foi estimada como informação referente ao meio do ano a média de dois anos consecutivos, conforme indicados na tabela 2. Por último, na tabela 3 tem-se a cobertura obtida a partir da razão entre beneficiários do BPC nas PNADs 2004 e 2006, pelo Censo 2010 divididos pelos registros administrativos estimados para os anos correspondentes a partir das informações disponíveis no Ministério da Previdência.

Tabela 1

Distribuição dos beneficiários nas PNADs 2004 e 2006 e Censo 2010 C e nso 2010 PNAD 2006 PNAD 2004

Brasil 186.186 590.563 298.656 Região Norte 13.982 78.723 13.187 Região Nordeste 52.172 254.059 171.018 Região Sudeste 81.167 147.292 53.831 Região Sul 21.166 41.801 22.586 Região Centro-Oeste 17.699 68.688 38.034 Fontes: IBGE - Censo 2010 e PNADs 2004 e 2006

Tabela 2

Número de beneficiários do BPC-Idoso nos Registros Administrativos – benefícios ativos

Mé dia (2009/2010) Mé dia (2005/2006) Mé dia (2003/2004)

Brasil 1.586.422 1.126.340 795.300 Região Norte 151.171 100.965 69.800 Região Nordeste 505.625 357.032 253.290 Região Sudeste 615.719 437.100 311.067 Região Sul 155.814 112.367 79.603 Região Centro-Oeste 158.094 118.877 81.541

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6 Tabela 3

Razão entre beneficiários do BPC nas PNADs 2004 e 2006 e Censo 2010 divididos pelos registros administrativos

C e nso 2010 PNAD 2006 PNAD 2004

Brasil 11,7 52,4 37,6 Região Norte 9,2 78,0 18,9 Região Nordeste 10,3 71,2 67,5 Região Sudeste 13,2 33,7 17,3 Região Sul 13,6 37,2 28,4 Região Centro-Oeste 11,2 57,8 46,6 Fontes: IBGE - Censo 2010 e PNADs 2004 e 2006

Ministério da Previdência Social - AEPS/Infolog-2003, 2004, 2005, 2006, 2009 e 2010

As tabelas mostram que, em termos absolutos, as PNADs conseguem captar de forma mais abrangente os beneficiários do BPC do que o Censo 2010. E entre as PNADs, a melhor cobertura é a da PNAD de 2006, que captou mais de 50% dos beneficiários dos registros administrativos. Provavelmente, um dos motivos da cobertura da PNAD ser melhor é a existência do suplemento de transferência social. Neste suplemento, como já citado acima, existe a pergunta da existência de beneficiário no domicílio, já no Censo 2010, é necessário a criação da proxy.

A tabela 3 mostra que de 2004 para 2006 também houve uma melhora na captação dos beneficiários na PNAD. A partir de 2003, o Governo Federal efetuou algumas mudanças nos programas sociais. No caso do BPC, a mudança mais importante ocorreu em 2003 com a diminuição da idade mínima para requerer o benefício, passando de 67 anos para 65 anos. Com esta mudança, o número de beneficiários passou de 662.230 em 2003 para 928.362 em 2004. Assim, o aumento da cobertura pode estar refletindo o aumento dos beneficiários no programa e/ou um aumento do número de beneficiários que reconhecem fazer parte dele.

As tabelas também mostram que em 2004, a cobertura dos beneficiários na PNAD é maior na Região Nordeste, em 2006 a captação de beneficiários pela PNAD aumenta em todas as regiões, particularmente nas regiões Norte e Nordeste com mais de 70% de cobertura. Destaca-se a região Norte, onde em 2004 a PNAD captou 18,9% dos beneficiários e em 2006 o valor passou para 78%. Já no Censo 2010, a captação de beneficiários é bem baixa, ao redor de 10%, e não há grandes diferenças entre as regiões.

Também é importante conhecer a distribuição regional dos beneficiários captados nas pesquisas e compará-las com a distribuição dos registros administrativos. A tabela 4 mostra que em 2004 há uma superestimação dos beneficiários idosos no Nordeste e subestimação no Sudeste. Esse problema já havia sido verificado por Soares et al (2006) que mostraram que a PNAD de 2004 reproduz melhor a distribuição regional do BPC deficiência em comparação com a distribuição do BPC idoso captado na pesquisa.

Para o ano de 2006, o padrão dos registros administrativos continua o mesmo, no entanto, a superestimação no Nordeste e subestimação no Sudeste, observado na PNAD-2004 diminui na PNAD-2006. Já o Censo de 2010 reproduz melhor a distribuição do registro administrativo, sendo o Sudeste a região com maior número de beneficiários, seguido do Nordeste; e as diferenças entre os percentuais não são tão grandes como nas PNADs.

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7 Tabela 4

Distribuição regional dos beneficiários do BPC-Idoso segundo os Registros Administrativos (RA), os dados das PNADs 2004 e 2006 e Censo 2010 (%)

RA Censo RA PNAD RA PNAD

Região Norte 9,5 7,5 9,0 13,3 8,8 4,4 Região Nordeste 31,9 28,0 31,7 43,0 31,8 57,3 Região Sudeste 38,8 43,6 38,8 24,9 39,1 18,0 Região Sul 9,8 11,4 10,0 7,1 10,0 7,6 Região Centro-Oeste 10,0 9,5 10,6 11,6 10,3 12,7 T otal 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fontes: IBGE - Censo 2010 e PNADs 2004 e 2006

Ministério da Previdência Social - AEPS/Infolog-2003, 2004, 2005, 2006, 2009 e 2010

2010 2006 2004

Assim, privilegiando o fator cobertura das pesquisas consideradas, no presente estudo optou-se por caracterizar os arranjos domiciliares dos idosos utilizando a PNAD 2006 em vez do Censo de 2010, como havia sido indicado anteriormente. Apesar do Censo de 2010 reproduzir melhor as distribuições regionais dos beneficiários, a melhor cobertura é encontrada na PNAD 2006 (52,4%), conforme mostrado na tabela 2. Também optou-se por trabalhar apenas ao nível das Grandes Regiões do país, considerando que o grupo de idosos beneficiários do BPC é um número muito pequeno, relativo à população total, e isto exige maior cuidado com o tamanho os erros amostrais.

Os arranjos domiciliares dos beneficiários do BPC

Nesta seção serão apresentados os arranjos domiciliares dos idosos com 65 anos ou mais que declaram receber o beneficio de prestação continuada no Suplemento de Transferências Sociais da PNAD 2006.

Com o envelhecimento populacional, os domicílios também envelhecem (Camarano, Kanso, Mello e Pasinato, 2004), e o resultado deste envelhecimento é o aumento da proporção das famílias com idosos e a convivência de várias gerações, podendo significar co-residência ou não. A preferência por um tipo determinado de arranjo domiciliar vai de depender dos custos e benefícios associados a este tipo de arranjo, e aos valores e normas culturais (BURR y MUTCHLER, 1992 apud SAAD, 2003).

Os custos da co-residência mais citados são, por exemplo, a diminuição do status social do idoso no domicílio, a perda de privacidade e a sobrecarga emocional. Por outro lado, os benefícios são a ajuda financeira que o idoso presta a família, ajuda com cuidados que a família presta ao idoso, principalmente para aqueles com dificuldades para a vida diária, entre outros. No entanto, os estudos tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento mostram, em geral, uma preferência por arranjos domiciliares onde o idoso vive sozinho ou com cônjuge (SAAD, 2003).

A tabela 5 mostra o número de moradores nos domicílios onde residem os beneficiários do BPC. No Brasil, a maioria dos beneficiários mora em domicílios com 3 a 4 pessoas, ou seja, observa-se uma predominância da co-residência nos arranjos dos idosos beneficiários. Entre as regiões, o padrão é quase o mesmo, com exceção das regiões Sul e Centro-Oeste; na região Sul observa-se um percentual maior de idosos beneficiários morando sozinho comparado com Brasil e as outras regiões. No Centro-Oeste percebe-se que o percentual de idosos morando com 5 ou mais pessoas é bem menor do que no Brasil e nas

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outras regiões. Também observa-se um alto percentual de idosos beneficiários em domicílios com 2 moradores, provavelmente o idoso e o seu cônjuge.

Tabela 5

Número de moradores nos domicílios com beneficiários do BPC Idoso - 2006(%)

Brasil e Regiões 1 morador 2 moradores 3 a 4 5 ou mais Total

Brasil 16,17 26,52 36,96 20,35 100,00 Região Norte 14,24 21,95 35,84 27,97 100,00 Região Nordeste 15,36 22,11 37,62 24,91 100,00 Região Sudeste 16,50 29,41 38,52 15,56 100,00 Região Sul 21,69 30,33 33,81 14,16 100,00 Região Centro-Oeste 16,97 38,84 34,23 9,96 100,00

Fontes: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD - 2006

Além de conhecer o tamanho do domicílio, é importante conhecer a condição do idoso dentro do domicílio, já que a co-residência pode vir a significar numa perda de status social do idoso. Essa perda de status é percebida quando o idoso deixa de ser chefe ou cônjuge e passa a ser outro parente. A tabela 6 mostra um percentual relativamente pequeno de outros parentes nos domicílios com idosos beneficiários (ao redor de 20%). Assim, na média nacional observa-se que nos domicílios com beneficiários do BPC Idosos, quase 60% dos idosos são consideradas pessoas de referência do domicílio, seguido de pouco mais de 20% na condição de cônjuge e em terceiro lugar, o idoso aparece como outro parente, onde provavelmente o idoso insere-se como mãe/pai ou sogra/sogro. É importante lembrar que a tabela 6 refere-se a todos os idosos moradores do domicílio, pois devido à forma como a pergunta está estabelecida no questionário, não é possível identificar qual é o idoso que está recebendo o benefício, quando se tem mais de um idoso no domicílio, Por último, cabe destacar que a condição do idoso não apresenta grandes variações quando considera-se sua condição dentro de cada uma das Grandes Regiões do país.

Tabela 6

Condição dos idosos nos domicílios com beneficiários do BPC Idoso - 2006(%) Brasil e Regiões

Pessoa de

referência Cônjuge Filho Outro parente Agregado Pensionista

Empregado doméstico Total Brasil 59,12 20,53 0,44 19,11 0,55 0,19 0,06 100,00 Região Norte 63,01 19,59 0,17 17,23 0,00 0,00 0,00 100,00 Região Nordeste 58,53 21,24 0,57 18,42 0,79 0,31 0,13 100,00 Região Sudeste 57,09 20,29 0,65 21,28 0,50 0,19 0,00 100,00 Região Sul 62,95 14,60 0,00 22,45 0,00 0,00 0,00 100,00 Região Centro-Oeste 59,82 22,97 0,00 16,51 0,70 0,00 0,00 100,00 Fontes: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD - 2006

Considerando que homens e mulheres costumam ocupam posições diferentes no domicílio, as tabelas 7 e 8 mostram a condição do idoso no domicílio por sexo. A tabela 7 aponta para uma grande predominância dos homens idosos como a pessoa de referência do domicílio (mais de 80%), e em segundo lugar, como outro parente, mas em uma proporção bem inferior à observada para a média nacional (menos de 15%). Já na tabela 8, o percentual de mulheres na condição de pessoa de referência não chega a 50%, seguida da condição de

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cônjuge (pouco mais de 30%), mas sua condição de outro parente é bem mais elevada do que a média nacional (quase 25%). Essa maior configuração das mulheres como outros parentes provavelmente aumenta com a idade, a medida que vão ficando viúvas e provavelmente vão morar com filhos. Novamente observa-se que a condição do idoso tanto quanto da idosa não apresenta grandes variações considerando-se sua distribuição entre as Grandes Regiões.

Tabela 7

Condição dos homens nos domicílios com beneficiários do BPC Idoso - 2006(%) Brasil e Regiões

Pessoa de

referência Cônjuge Filho Outro parente Agregado Pensionista

Empregado doméstico Total Brasil 81,39 4,81 0,42 12,41 0,85 0,13 0,00 100,00 Região Norte 82,73 3,58 0,00 13,69 0,00 0,00 0,00 100,00 Região Nordeste 80,97 6,40 0,44 11,07 0,82 0,30 0,00 100,00 Região Sudeste 79,53 3,42 0,92 14,91 1,21 0,00 0,00 100,00 Região Sul 81,97 4,68 0,00 13,35 0,00 0,00 0,00 100,00 Região Centro-Oeste 85,12 3,51 0,00 9,80 1,57 0,00 0,00 100,00 Fontes: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD - 2006

Tabela 8

Condição das mulheres nos domicílios com beneficiários do BPC Idoso - 2006(%) Brasil e Regiões

Pessoa de

referência Cônjuge Filho Outro parente Agregado Pensionista

Empregado doméstico Total Brasil 42,37 32,37 0,46 24,15 0,33 0,23 0,10 100,00 Região Norte 44,26 34,82 0,33 20,59 0,00 0,00 0,00 100,00 Região Nordeste 42,03 32,16 0,67 23,83 0,76 0,32 0,23 100,00 Região Sudeste 41,49 32,02 0,46 25,70 0,00 0,33 0,00 100,00 Região Sul 49,24 21,76 0,00 29,00 0,00 0,00 0,00 100,00 Região Centro-Oeste 39,76 38,40 0,00 21,84 0,00 0,00 0,00 100,00 Fontes: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD - 2006

Segundo Saad (2003), a condição das idosas no domicílio e seu estado civil estão associados a estrutura de idade dos idosos (SAAD, 2003); como as mulheres vivem mais que os homens, deixam a condição de cônjuge para a condição de pessoa de referência do domicílio ou para a condição de outro parente. A tabela 9 e a tabela 10 apresentam a condição no domicílio dos idosos por sexo e grupos de idades.

Tabela 9

Condição dos homens nos domicílios com beneficiários do BPC Idoso por grupos de idade- 2006(%)

65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80 + anos

Pessoa de referência 82,64 86,02 76,37 76,73 Cônjuge 4,84 5,51 4,96 3,38 Filho 1,29 0,00 0,00 0,00 Outro parente 10,85 6,17 17,88 19,89 Agregado 0,00 2,29 0,79 0,00 Pensionista 0,39 0,00 0,00 0,00 Empregado doméstico 0,00 0,00 0,00 0,00 Total 100,00 100,00 100,00 100,00

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10 Tabela 10

Condição das mulheres nos domicílios com beneficiários do BPC Idoso por grupos de idade- 2006(%)

65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80 + anos

Pessoa de referência 41,09 41,53 47,78 41,23 Cônjuge 43,39 35,25 30,68 13,31 Filho 0,92 0,00 0,87 0,00 Outro parente 14,04 22,00 20,67 44,83 Agregado 0,00 1,06 0,00 0,20 Pensionista 0,27 0,16 0,00 0,43 Empregado doméstico 0,30 0,00 0,00 0,00 Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Fontes: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD - 2006

Tanto para os homens como para as mulheres, a medida que a idade aumenta, aumenta o percentual na condição de outro parente; no entanto esses percentuais são maiores para as mulheres, chegando a 45% na faixa de 80 anos e mais. Nessa mesma faixa etária os homens somente aparecem como outro parente em 20% dos casos. Essa diferença é devida ao aumento das fragilidades ao chegar aos 80 anos e mais, e nesta faixa os idosos do sexo masculino costumam contar com suas cônjuges, em geral mais jovens do que eles, para cuida-los, enquanto as mulheres mais idosas, muita vezes viúvas, procuram arranjos familiares onde podem receber cuidado, se inserindo nesses domicílios como outros parentes. Infelizmente, a PNAD-2006 não conta com a variável estado civil, não permitindo analisar a condição no domicílio do idoso pelo estado civil, conforme sugere Saad (2003).

Como apontado em um estudo de caso realizado por Barbosa e Silva (2003), tanto os homens, como as mulheres idosos em domicílio com beneficiário de BPC-Idoso apresentam baixa escolaridade, com mais de 75% deles com até 3 anos de estudo e quase 20% com 4 a 7 anos. Estes resultados comprovam se tratar de um grupo com menos chances de ter conseguido emprego estável e qualificado na idade produtiva o que poderia ter-lhes permitido o acesso ao emprego formal ou permitido contribuir para um sistema previdenciário, com direito a uma aposentadoria na fase idosa. Quanto às Grandes Regiões, o padrão não apresenta grandes diferenças com relação à média nacional, mas entre os homens o maior percentual de idosos com até 3 anos de estudo encontra-se no Nordeste e para as mulheres na região Norte. Também observou-se que em todas as regiões, tanto para os homens como para as mulheres, o percentual de idosos com mais de 11 anos de estudo não supera os 3%, salvo no Sudeste no caso das mulheres, que chega a 3,6%; mas a situação dos homens é ainda mais precária, pois esses percentuais são menores do que 2%, salvo na região Sudeste onde 2,7% pertencem a essa categoria.

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11 Tabela 11

Anos de estudo dos homens idosos moradores em domicílios com beneficiários do BPC Idoso - 2006(%)

Tabela 12

Anos de estudo das mulheres idosas moradoras em domicílios com beneficiários do BPC Idoso - 2006(%)

Considerações finais

Buscou-se no presente trabalho conhecer algumas características dos idosos em arranjos domiciliares que contam com pelo menos um idoso beneficiário do BPC Idoso. Frente ao envelhecimento populacional e uma demanda cada vez maior de políticas públicas direcionadas para os idosos, conhecer o público atualmente atendido, contribui para a qualidade das mesmas.

Por outro lado, foi necessário analisar a qualidade dos dados sobre beneficiários captados no Censo 2010, PNAD 2004 e PNAD 2006. As PNAD possuem variáveis mais diretas para captar os beneficiários em seus suplementos de transferência social, enquanto no Censo 2010 é necessário usar uma proxy para contabilizar esses beneficiários. O resultado desta análise mostrou que as PNADs apresentam uma melhor cobertura, principalmente a PNAD de 2006, o que levou à decisão de estudar os arranjos domiciliares com idosos beneficiários do BPC-Idoso através dela.

Quanto aos arranjos domiciliares, os domicílios com beneficiários se caracterizam por ter na sua maioria de 3 a 4 moradores, seguidos dos domicílios com 2 moradores. Os homens idosos são, em sua maioria, a pessoa de referência desses domicílios, enquanto essa posição esta restrita a menos da metade das idosas, seguida da condição de cônjuge e outro parente. A

Brasil e Regiões

Sem instrução

até 3 anos 4 a 7 anos 8 a 10 anos

11 a 14 anos 15 anos ou mais Total Brasil 76,39 19,63 2,06 1,62 0,31 100,00 Região Norte 75,98 18,79 3,43 1,80 0,00 100,00 Região Nordeste 81,96 14,75 1,59 1,11 0,59 100,00 Região Sudeste 70,31 26,43 0,61 2,66 0,00 100,00 Região Sul 76,36 21,33 2,31 0,00 0,00 100,00 Região Centro-Oeste 69,91 22,48 5,23 1,92 0,46 100,00

Fontes: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD - 2006

Brasil e Regiões

Sem instrução

até 3 anos 4 a 7 anos 8 a 10 anos

11 a 14 anos 15 anos ou mais Total Brasil 77,43 17,58 2,81 2,10 0,09 100,00 Região Norte 81,64 13,04 3,05 2,27 0,00 100,00 Região Nordeste 79,67 15,59 2,84 1,69 0,20 100,00 Região Sudeste 72,25 22,64 1,54 3,58 0,00 100,00 Região Sul 77,32 19,77 2,91 0,00 0,00 100,00 Região Centro-Oeste 77,63 15,63 5,56 1,17 0,00 100,00

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medida que a idade da mulher idosa aumenta, vai diminuindo sua condição de cônjuge e, em compensação, aumenta sua condição de outro parente, indicando que a medida que elas vão necessitando de mais de ajuda, com suas fragilidades, procuram arranjos domiciliares com maior possibilidade de cuidados. Os homens, que apesar de viver menos que as mulheres contam, em geral, com as cônjuges para cuida-los, tendo menos necessidade de procurar outros arranjos que poderiam ajudar no seu cuidado.

Também foi possível observar que os idosos em domicílios com beneficiários do BPC apresentam baixa escolaridade o que dificulta a inserção no mercado de trabalho formal ou em atividades mais qualificadas que permitam a contribuição previdenciária na fase ativa. No Brasil 96,02% dos homens idosos e 95% das mulheres em domicílios com pelo menos um beneficiário do BPC-Idoso tinham menos de 8 anos de estudo.

Por último, cabe destacar que este trabalho está em andamento e espera-se que os resultados alcançados até o momento possam contribuir para ampliar o conhecimento sobre os arranjos domiciliares dos idosos atendidos pelo BPC-Idoso.

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13 Bibliografia

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Referências

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