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Dinâmica temporal da comunidade de formigas em um ecossistema montanhoso : os efeitos das condições ambientais.

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Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais

Dissertação de Mestrado

Dinâmica temporal da comunidade de formigas em um ecossistema montanhoso: os efeitos das condições ambientais

Orientada: Eloá Gonçalves Calazans

Orientador: Prof. Dr. Danon Clemes Cardoso Coorientadora: Dra. Fernanda Vieira da Costa Coorientador: Prof. Dr. Maykon Passos Cristiano

Ouro Preto Março – 2019

(2)

Eloá Gonçalves Calazans

Dinâmica temporal da comunidade de formigas em um ecossistema montanhoso: os efeitos das condições ambientais

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Danon Clemes Cardoso

Coorientadora: Dra. Fernanda Vieira da Costa

Coorientador: Prof. Dr. Maykon Passos Cristiano

Ouro Preto Março – 2019

(3)

Catalogação: www.sisbin.ufop.br

C143d Calazans, Eloá Gonçalves.

Dinâmica temporal da comunidade de formigas em um ecossistema

montanhoso [manuscrito]: os efeitos das condições ambientais / Eloá Gonçalves Calazans. - 2019.

33f.: il.: color; grafs; tabs.

Orientador: Prof. Dr. Danon Clemes Cardoso.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente. Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais . Área de Concentração: Evolução e Funcionamento de Ecossistemas. 1. Campo rupestre. 2. Temperatura atmosférica. 3. Animais - Alimentos. 4. Animais - Comportamento. I. Cardoso, Danon Clemes. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Titulo.

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(5)

Agradecimentos

Inicio meus agradecimentos a DEUS, já que Ele colocou pessoas tão especiais a meu lado, sem as quais certamente não teria dado conta!

Ao Professor Danon Clemes Cardoso, pela orientação prestada e pela confiança depositada em mim para a realização desse projeto.

A Fernanda Costa, por ter aceitado a me coorientar e por toda disponibilidade e apoio na elaboração desse trabalho.

Aos colegas do laboratório de genética (LGEP) pela paciência, ajuda e pelas “siestas” de cada dia.

Aos colegas do “Biomas 2017-1”. Vou levar os momentos compartilhados e parceria para sempre.

Aos novos amigos que conquistei em Ouro Preto. Obrigada pelas conversas e pelas terapias de terça feira. Em especial, agradeço a Marcela Passos, por se fazer tão presente e por todo carinho. Obrigada por tornar essa jornada mais leve.

Ao Vitor Lopes, por ter aceitado dividir uma casa, dois cachorros e uma vida. Obrigada por fazer parte da minha família hoje e me permitir fazer parte da sua.

A Ellen Cristina, que mesmo distante, foi tão essencial nesses dois anos. Obrigada por todo amor e por toda sua força.

Aos meus pais, Antoniza e Ronaldo e aos meus irmãos Renato e Rafael, pelo apoio e por estar sempre presente nas horas boas e ruins, me confortando e ajudando no que fosse necessário. Meu infinito agradecimento.

Agradeço à Vanessa, por ser tão importante na minha vida. Obrigada pelo companheirismo, amizade, paciência, compreensão, apoio, alegria e amor. Sem nada disso, esses anos seriam mais difíceis.

Agradeço a CAPES, pela concessão da bolsa de estudos e ao Instituto Estadual de Floresta (IEF), pela liberação da licença para a coleta de dados.

Finalmente, a Universidade Federal de Ouro Preto, ao Programa de Pós Graduação de Biomas Tropicais e ao Rubens Modesto por toda ajuda prestada.

(6)

2

Sumário

1 2 Resumo ... 6 3 Abstract... 7 4 Introdução ... 8 5 Materiais e Métodos ... 10 6 Resultados ... 14 7 Discussão ... 21 8 Referências Bibliográficas ... 25 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

(7)

3

Lista de figuras

23 24

Figura 1 Esquema do desenho experimental de amostragem das formigas de solo do 25

campo rupestre. As linhas tracejadas correspondem aos transectos e os círculos brancos 26

correspondem aos pitfalls...14 27

Figura 2 Frequência relativa das espécies de formigas amostradas nos respectivos 28

períodos do dia. A intensidade das cores indicam os valores indicadores (Indval) das 29

espécies de formigas para cada período do dia. A cor branca indica que as espécies 30

apresentam nenhuma para os períodos de amostragem. A cor cinza claro indica baixa 31

indicação para os períodos de amostragem. A cor cinza escuro indica detecção para os 32

períodos de amostragem e a cor preta indica alta indicação para os períodos de 33

amostragem...17 34

Figura 3 Condições abióticas em relação aos 8 períodos de amostragem. A linha 35

horizontal na caixa mostra a mediana (± SEM) da temperatura do ar (A), temperatura do 36

solo (B) e umidade relativa do ar (C) para cada período (hora do dia). As letras agrupam 37

os períodos do dia com temperatura do ar, do solo e umidade que são estatisticamente 38

semelhantes...18 39

Figura 4 Relação entre as condições abióticas e a frequência das espécies de formigas 40

do campo rupestre. Os pontos representam os valores médios local em cada período de 41

amostragem. As curvas cinza são os intervalos de confiança das variáveis dependentes. 42

As curvas foram ajustadas com parâmetros dos modelos 43

GLMM...20 44

45

Figura 5 Caracterização térmica da comunidade de formigas de solo amostradas em 46

distintos períodos do dia no campo rupestre. Os pontos indicam o ótimo térmico de 47

ocorrência de cada espécie, ou seja,a temperatura média em que cada espécie ocorreu. 48

As barras horizontais representam os desvios padrões ponderados das temperaturas em 49

que cada espécie ocorreu, ou seja, os mesmos correspondem à amplitude do nicho. 50

Espécies em vermelho do lado direito (linha vertical tracejada) são mais tolerantes ao 51

(8)

4 calor, enquanto que as espécies em azul do lado esquerdo (linha vertical tracejada) 52

preferem temperaturas mais baixas do que a média amostrada durante o estudo. O 53

número após a barra (n=) representa o número de temperaturas diferentes em que cada 54

espécie foi encontrada, ou seja, transectos monitorados em distintas 55

temperaturas...22 56

(9)

5

Lista de tabelas

58 59

Tabela 1–Correlação de Pearson (r) entre as variáveis abióticas estudadas...15 60

(10)

6

Resumo

62

As condições abióticas têm grande influência na estrutura das comunidades 63

biológicas, especialmente em organismos termofílicos, como as formigas. Neste estudo, 64

investigamos se a dinâmica temporal de uma comunidade de formigas de solo em um 65

ecossistema tropical montanhoso é regulada pela flutuação das condições abióticas. 66

Investigamos tambémse a alta oscilação da temperatura diária em campo rupestre prediz 67

a diversidade térmica das espécies de formigas.Descobrimos que a 68

temperaturainfluenciou positivamente a riqueza e a atividade de forrageamentodas 69

formigas, enquanto a umidade influenciou negativamente. A atividade de forrageamento 70

da comunidade de formigasacompanhou as flutuações da temperatura diária e 71

detectamos espécies de formigas espécies tolerantes ao calor e espécies intolerantes ao 72

calor. Além disso, as formigas exibiram nichos térmicos amplos com alta sobreposição 73

nas respostas térmicas, sugerindo uma alta resiliência da comunidadeestudada às 74

flutuações da temperatura.Por fim, identificar como as características das espécies estão 75

ligadas as condições abióticasé um passo necessário para avaliar os efeitos dasmudanças 76

climáticas na dinâmica e nos processos ecossistêmicos das comunidasbiológicas. 77

Palavras chaves: Campo rupestre, Temperatura, Nicho térmico, Atividade de 78 forrageamento. 79 80 81 82 83 84 85 86

(11)

7

Abstract

87

Abiotic conditions have great influence on the structure of biological 88

communities. In this study, we investigated whether the temporal dynamics of an ant 89

community in a tropical mountainous ecosystem is driven by the fluctuation of abiotic 90

conditions. We also investigated if the high daily temperature oscillation in campo 91

rupestrewouldlead to high diversity in ant speciesthermal responses.We found that

92

temperature positively influenced the richness and frequency of foraging activity, while 93

the humidity had the opposite effect. The foraging activity of ants species followed 94

daily temperature fluctuations and we found heat tolerant species and heat intolerant 95

species. Moreover, ants species exhibited broad and high overlapped thermal responses, 96

suggesting high community resilience to temperature fluctuations. Lastly, identifying 97

how species characteristics are linked to oscillations in abiotic conditions is a necessary 98

step to predict the effects of climate change on the dynamics and ecosystem processes 99

of biological communities. 100

101

Keywords: Campo rupestre, Temperature, Thermal niche, Foraging Activit 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113

(12)

8

Introdução

114

Identificar e compreender os processos ecológicos envolvidos na estruturação de 115

comunidades biológicas é ainda uns dos grandes desafios da ecologia contemporânea 116

(McGill et al., 2006; Laliberte et al., 2009;Wittman et al., 2010). Podemos nos referir à 117

estrutura da comunidade como diversidade de espécies, abundância de indivíduos e 118

distribuição destes em um determinado ambiente (McGill et al., 2006). Por muito 119

tempo, as condições abióticas foram relativamente negligenciadas em comparação com 120

os fatores bióticos, tais como competição interespecífica e herbivoria (Dunson e Travis, 121

1991; Olesen e Jordano, 2002). No entanto, evidências recentes citam a importância das 122

condições abióticas como filtros ambientais que influenciam a estrutura e a dinâmica da 123

biodiversidade em diferentes escalas espaciais e temporais (Lessard et al.,2009; Bishop 124

et al., 2014). Por exemplo, a influência de fatores abióticos nos padrões de atividade

125

diários e sazonais de espécies termicamente restritas, como formigas são bem 126

documentados (Calosi et al.,2007; Hoffmann et al.,2013; Diamond et al., 2016). De 127

fato, a temperatura (Cerda et al., 1998, Lessard et al., 2009;Arnan et al., 2015), 128

umidade (Kaspari eWeser.,2000; Nondillo et al.,2014) e precipitação (Kaspari, 1993) 129

estão entre os principais preditores da atividade de forrageio e da diversidade da fauna 130

de formigas. 131

Considerando se a estreita relação de dependência das espécies de formigas com 132

a temperatura ambiental, as formigas podem apresentam tolerâncias térmicas específicas 133

a oscilações na temperatura (Boulay et al., 2017; Spicer et al., 2017). Essa 134

especificidade térmica pode refletir em estratégias de forrageamento (Cros, 1997; Cerdá 135

& Retana; 1998). Por exemplo, para evitar temperaturas estressantes às suas condições 136

fisiológicas, a atividade de forrageio das formigas pode serestringir a determinados 137

períodos do ano ou em determinadas horas do dia que são termicamente viáveis 138

(Narendra et al., 2010; Jayatilaka et al.,2011; Fitzpatrick et al., 2014). 139

A resposta térmica das espécies de formigas em relação à flutuação climática é 140

bem documentada (Cerdá & Retana; 1998; Lessard et al., 2009; Kaspari et al., 2015). 141

No entanto, evidências sobre as espécies em regiões tropicais é uma questão ainda 142

pouco debatida (mas veja, Fagundes et al., 2015; Costa et al., 2018 para exemplos de 143

formigas que forrageiam na vegetação).Além disso, a maioria dos estudos faz previsões 144

(13)

9 por meio da modelagem de dados e estudos que utilizam dados empíricos ainda são 145

escassos. 146

Ambientes montanhosos podem ser ótimos “laboratórios naturais” para testar 147

como a temperatura influencia a estrutura e a dinâmica das comunidades biológicas 148

(Sanders et al., 2007; Sundqvist et al., 2013). As condições climáticas em ambientes 149

montanhosos flutuam amplamente em um espaço geográfico relativamente pequeno 150

(Körner, 2007), o que nos permite fazer extrapolações para grandes escalas espaciais 151

e/ou temporais (Bishop et al., 2014).O campo rupestre é um ambiente tropical 152

montanhoso que é caracterizado pela alta riqueza e alto grau de endemismo vegetal 153

(Fernandes et al.,2016), além da elevada diversidade de formigas (Costa et al., 2015). O 154

campo rupestre é considerado um ambiente estressante por apresentar alta incidência de 155

luz UV, altas variações de temperatura diurna, ventos fortes e baixa umidade relativa 156

(Giulietti et al., 1997; Fernandes et al., 2016; Silveira et al., 2016). É um ecossistema 157

que sofre com grandes pressões antrópicas, além de ser negligenciado em políticas 158

públicas relacionadas à conservação (Parr et al., 2014). Além disso, modelos climáticos 159

estimam que até o final do século, os ambientes rochosos percam até 95% da sua área 160

total (Fernandes et al.,2016). 161

Portanto, no presente estudo investigamos como a dinâmica temporal de uma 162

comunidade de formigas é afetada pela oscilação diária das condições abióticas de um 163

ambiente tropical montanhoso. Primeiro, testamos se as flutuações diárias da 164

temperatura do ar, da temperatura da superfície do solo e da umidade relativa do ar 165

afetam a riqueza e a atividade de forrageio das espécies de formigas epígeas, uma vez 166

que nos ecossistemas tropicais o aumento da temperatura e umidade está 167

frequentemente associado ao aumento da atividade de insetos (Wolda, 1988). Segundo, 168

testamos se em campo rupestre a alta oscilação da temperatura ao longo do dia prediz a 169

variabilidade térmica das espécies de formigas epígeas, uma vez que ambientes com 170

amplitudes térmicas elevadas disponibilizam nichos térmicos para espécies com 171

distintas preferências térmicas (Arnan et al., 2015; Kaspari et al.,2015; Bishop et al., 172

2017). 173

(14)

10

Materiais e Métodos

174

Área de estudo 175

Realizamos o estudo em áreas de campo rupestre no Parque Estadual Serra do 176

Ouro Branco localizado no extremo sul da Serra do Espinhaço (20º31’S, 43º41’W), nos 177

municípios de Ouro Branco e Ouro Preto em Minas Gerais, Sudeste do Brasil. A região 178

possui clima mesotérmico do tipo Cwb de acordo com a classificação de Köppen, com 179

verões suaves e invernos secos. A temperatura média anual da região é de 20,7ºC e a 180

precipitação média anual é de 1.188,2 mm, sendo julho a setembro os meses mais secos 181

e novembro a fevereiro, os meses mais chuvosos (Estação Meteorológica da Gerdau-182

Açominas, localizada a 15km da área de estudo). 183

Ecossistema 184

O campo rupestre é um ecossistema tropical megadiverso e que ocorre em 185

altitudes acima de 900 metros até 2000 metros de altitude (Alves et al., 2014).É 186

caracterizado por um mosaico de vegetação montanhosa (Silveira et al.,2016), composta 187

principalmente por gramíneas e pequenos arbustos associados a afloramentos rochosos 188

em solos quartzíticos, areníticos e pobres em nutrientes (Silveira et al.,2016). O campo 189

rupestre é um ecossistema propenso ao fogo e as espécies de formigas podem nidificar 190

especialmente em cavidades naturais das rochas expostas e em plantas adaptadas ao 191

fogo (Fagundes et al., 2015; Costa et al., 2018) 192

Desenho amostral 193

Selecionamos três áreas de campos rupestres (20.50226 S e 043.65427 W; 194

20.49218 S e 043.66272 W; e 20.49437 S e 043.67877 W) que são semelhantes entre si 195

em relação à estrutura da vegetação, condições climáticas e altitude (de 1250 a 1350m 196

de altitude). As áreas possuem distância mínima de 1,500 Km entre si e distância 197

máxima de 5 km. Amostramos cada área três vezes durante o período que corresponde à 198

estação chuvosa na região (fevereiro a abril de 2018). 199

Realizamos a amostragem da fauna de formigas epígeas utilizando pitfalls. Os 200

pitfalls consistiram de um recipiente de plástico com cerca de 77 mm de diâmetro por 201

(15)

11 119 mm de profundidade, enterrado até a borda superior, parcialmente preenchidos com 202

uma solução mortífera de sal, água e detergente.Em cada área de amostragem 203

demarcamos um grid de 90 m de comprimento e 100 metros de largura que foi dividido 204

em três transectos de 100 m cada, distantes entre si por 50 m. Em cada transecto 205

instalamos 10 pitfalls que estavam distantes 10 metros entre si, totalizando 30 pitfalls 206

em cada área de amostragem (Fig.1). Os pitfalls permaneceram em campo por 24 horas 207

consecutivas. As formigas coletadas foram classificadas e identificadas até o menor 208

nível taxonômico possível, por meio de chaves taxonômicas e artigos de revisão de 209

gêneros (Baccaro et al., 2015).A identificação das espécies foi confirmada pelo 210

Professor Rodrigo Feitosa da Universidade Federal do Paraná. Os espécimes foram 211

depositados no Laboratório de Genética Evolutiva e de Populações da Universidade 212

Federal de Ouro Preto, Brasil. 213

A riqueza e a atividade de forrageamento das espécies de formigas (acumulado 214

da riqueza e frequência de formigas em cada transecto) foram relacionadas com três 215

variáveis abióticas consideradas boas preditoras da atividade e diversidade de formigas 216

(Kaspari e Weser, 2000; Kaspari et al., 2015): temperatura do ar (°C), temperatura do 217

solo (°C), e umidade relativa do ar (%). Em cada dia de amostragem, registramos a 218

temperatura do ar e a umidade relativa do ar com o auxílio de um datalogger 219

(datalogger de temperatura e umidade mod. DT-171) posicionado a 5 metros do solo, 220

enquanto a temperatura do solo foi registrada com o auxílio de um termômetro químico 221

(Incoterm 5005) enterrado a uma profundidade de 5 cm no solo.Todas as variáveis 222

abióticas foram registradas continuamente durante 24 horas consecutivas. No entanto, 223

após análises preliminares dos dados abióticos coletados nas áreas de estudo, 224

observamos que as variáveis abióticas se alteram significativamente em intervalos de 225

três em três horas. Portanto, em cada dia de amostragem, as variáveis abióticas foram 226

registradas oito vezes ao longo de 24 horas, em intervalos de três horas cada. Para 227

avaliar a influência das variáveis abióticas na riqueza e na atividade de forrageamento 228

das espécies de formigas, optamos por monitorar cada transecto oito vezes para a 229

amostragem das espécies de formigas, uma vez que as variáveis abióticas são 230

significativas em intervalos a cada três horas. Assim, os pitfalls eram censurados, 231

(16)

recolhidos, armazenados, etiquetados e substituídos por novos. 232

de pitfalls e registros das condições abióticas ocorreram das 0 233

06hrs do dia seguinte (i.e., 09:00 234

Todas as permissões para coleta de dados biológicos foram autorizadas pelo IEF 235

Instituto Federal de Floresta do Brasil (autorização de número 079 236 59834-1). 237 238 239 240 241 242 243 244

Figura 1 Esquema do desenho experimental de amostragem da 245

campo rupestre. As linhas tracejadas correspondem aos transectos e os círculos brancos 246

correspondem aos pitfalls. 247

Análises estatísticas 248

Para testarmos se no período chuvoso, 249

riqueza e atividade de forrageio das espécies de formigas 250

generalizados de efeitos mistos (GLMMs, função 251

normal e glmmer para dados não 252

efeito aleatório variando no 253

temperatura do ar, temperatura do solo 254

fixos.Uma vez que as variáveis abióticas estudadas são correlacionadas (ver tabela 1), 255

mas todas são consideradas boas p 256

construímos um modelo para cada 257

recolhidos, armazenados, etiquetados e substituídos por novos. Os intervalos de trocas de pitfalls e registros das condições abióticas ocorreram das 09hrs da manhã até as 06hrs do dia seguinte (i.e., 09:00, 12:00, 15:00,18:00,21:00, 00:00, 03:00, e 06:00

Todas as permissões para coleta de dados biológicos foram autorizadas pelo IEF Instituto Federal de Floresta do Brasil (autorização de número 079-2017, SISBIO

Esquema do desenho experimental de amostragem das formigas de solo do campo rupestre. As linhas tracejadas correspondem aos transectos e os círculos brancos

no período chuvoso, as condições abióticas influenciam a forrageio das espécies de formigas, utilizamos modelos lineares generalizados de efeitos mistos (GLMMs, função lmer para dados com distribuição para dados não-normais). Nesses modelos, incluímos o transecto como

intercepto (1| transecto) e as três variáveis

temperatura do ar, temperatura do solo e umidade relativa do ar, como efeitos Uma vez que as variáveis abióticas estudadas são correlacionadas (ver tabela 1), mas todas são consideradas boas preditoras da riqueza e atividade de formigas, construímos um modelo para cada variáve labiótica. As variáveis respostas de cada 12 Os intervalos de trocas hrs da manhã até as

06:00hrs). Todas as permissões para coleta de dados biológicos foram autorizadas pelo IEF

2017, SISBIO

s formigas de solo do campo rupestre. As linhas tracejadas correspondem aos transectos e os círculos brancos

as condições abióticas influenciam a modelos lineares para dados com distribuição o transecto como e as três variáveis abióticas, como efeitos Uma vez que as variáveis abióticas estudadas são correlacionadas (ver tabela 1), reditoras da riqueza e atividade de formigas, labiótica. As variáveis respostas de cada

(17)

modelo foram riqueza e frequência de formigas em cada transecto. Assim, os dados 258

correspondem à amostragem de 259

de cada transecto (n=9), monitorado em oito períodos do dia, totalizando 216 registros. 260

Tabela 1. Correlação de Pearson (r) entre as variáveis abióticas estudadas 261

262

263

Para testarmos se as oscilações da temperatura 264

na variabilidade das respostas térmicas das formigas, construímos 265

térmico para a comunidade de formigas estudada (ver 266

et al., 2018 para outros exemplos

267

do ar ponderada pela ocorrência de cada espéc 268

espécie é registrada em uma temperatura 269

registrada durante cada intervalo 270

ponderada da ocorrência para cada 271

amplitude de nicho térmico de uma espécie, calculamos o desvio padrão ponderado pela 272

ocorrência da temperatura média. Para testar se a atividade 273

estudadas responde à temperatura 274

observada), foi realizado um modelo nulo 275

cada espécie em temperaturas aleatórias 276

observado e o ótimo estimado 277

forrageamento de uma espécie desvia significativamente da condição de amostragem 278

em campo. Realizamos 1000 randomizações para calcular com que frequência o nicho 279

térmico esperado é maior ou menor do que a temperatura obser 280

(α = 5%) (ver também Costa et al., 281

modelo foram riqueza e frequência de formigas em cada transecto. Assim, os dados correspondem à amostragem de cada área três vezes no período chuvoso, a amostragem cada transecto (n=9), monitorado em oito períodos do dia, totalizando 216 registros.

Correlação de Pearson (r) entre as variáveis abióticas estudadas.

Para testarmos se as oscilações da temperatura no período chuvoso influenciam na variabilidade das respostas térmicas das formigas, construímos um modelo de nic

a comunidade de formigas estudada (ver Kühsel e Blüthgen, 2015

2018 para outros exemplos). O modelo se baseou nas condições de temperatura ponderada pela ocorrência de cada espécie. A ocorrência é calculada quando uma espécie é registrada em uma temperatura diária distinta. Utilizamos a temperatura

cada intervalo de três horas e definimos a temperatura média para cada espécie de formiga como seu ótimo térmico. amplitude de nicho térmico de uma espécie, calculamos o desvio padrão ponderado pela ocorrência da temperatura média. Para testar se a atividade de forrageio das espécies responde à temperatura do ar em que foram amostradas (temperatura , foi realizado um modelo nulo estimando um nicho térmico esperado para em temperaturas aleatórias. A comparação entre o ótimo térmico

estimado obtido a partir de randomizações indica se a atividade de uma espécie desvia significativamente da condição de amostragem . Realizamos 1000 randomizações para calcular com que frequência o nicho perado é maior ou menor do que a temperatura observada para cada espécie

et al., 2018).

13 modelo foram riqueza e frequência de formigas em cada transecto. Assim, os dados es no período chuvoso, a amostragem cada transecto (n=9), monitorado em oito períodos do dia, totalizando 216 registros.

influenciam um modelo de nicho 2015 e Costa ndições de temperatura ocorrência é calculada quando uma temperatura do ar a temperatura média espécie de formiga como seu ótimo térmico. Para a amplitude de nicho térmico de uma espécie, calculamos o desvio padrão ponderado pela das espécies do ar em que foram amostradas (temperatura um nicho térmico esperado para . A comparação entre o ótimo térmico se a atividade de de uma espécie desvia significativamente da condição de amostragem . Realizamos 1000 randomizações para calcular com que frequência o nicho vada para cada espécie

(18)

14 Por fim, utilizamos o método do Valor do Indicador de espécies (IndVal) 282

(Dufrêne & Legendre 1997). Este método combina medições do grau de especificidade 283

de uma espécie ao período do dia de amostragem e a sua fidelidade dentro desse 284

período. Uma matriz de presença-ausência de formigas em cada período de amostragem 285

foi utilizada para identificar as espécies indicadoras de cada período do dia. Os valores 286

do indicador variaram de 0 (sem indicação) a 1 (indicação perfeita). Espécies com alta 287

especificidade dentro de um período terão um alto valor indicador. Espécies com IndVal 288

acima de 70% foram consideradas como espécies indicadoras para o período do dia. 289

Espécies com o IndVal intermediário, entre 45% e 70%, foram consideradas espécies 290

detectoras para o período do dia. As espécies detectoras podem se deslocar mais 291

rapidamente para outros períodos do dia caso haja alguma alteração nas condições 292

abióticas (McGeoch et al., 2002). 293

Todas as análises estatísticas foram realizadas no programa estatísticoR-294

Development-Core-Team, 2018. 295

Resultados

296

Amostramos 39 espécies de formigas distribuídas em 24 gêneros e sete 297

subfamílias. A subfamília mais comum foi Myrmicinae, com 51% das espécies 298

registradas, seguida de Formicinae (23%), Dorylineae e Ponerinae (6,9%), 299

Dolichoderinae e Ectatomminae (4,6%), e Pseudomyrmicinae (2,3%). O gênero mais 300

rico foi Camponotus (6 espécies), seguido por Pheidole (4). Os gêneros Eciton, 301

Pseudomyrmex e Pogonomyrmex foram os menos representativos, com apenas uma

302

espécie cada. 303

Observamos que duas espécies de formigas (4,6%) apresentaram IndVal maior 304

que 70%.Camponotus sp1 e Camponotus pr. scipio (Fig.2). Cinco espécies (11,6%) 305

apresentaram IndVal igual ou maior que 45% (Fig.2). Ectatomma permagnum, 306

Mycocepurus goeldii, Camponotus pr. personatus, Dorymyrmex sp1 e Pheidole

307

radoskowskii (Fig.2). 32 espécies (83,7%) apresentaram nenhuma ou baixa indicação

308

para os períodos do dia de amostragem (IndVal< 45%) (Fig.2). 309

(19)

310

Figura 2 Frequência relativa das espécies de formigas amostradas nos respectivos 311

períodos do dia. A intensidade das cores indicam os valores indicadores (Indval) das 312

espécies de formigas para cada período do dia. 313

apresentam nenhuma para os períodos de amostragem. 314

indicação para os períodos de amostragem. A 315

Frequência relativa das espécies de formigas amostradas nos respectivos períodos do dia. A intensidade das cores indicam os valores indicadores (Indval) das espécies de formigas para cada período do dia. A cor branca indica que as espécies

para os períodos de amostragem. A cor cinza claro indica para os períodos de amostragem. A cor cinza escuro indica detecção

15 Frequência relativa das espécies de formigas amostradas nos respectivos períodos do dia. A intensidade das cores indicam os valores indicadores (Indval) das que as espécies indica baixa detecção para os

(20)

períodos de amostragem e a 316 amostragem. 317 A temperatura do ar ( 318 43,13, d.f.=7, P <0,001) e a umidade relativa do ar ( 319

apresentaram variação significativa ao longo do dia (24 horas contínuas) (fig 320

amplitude diária da temperatura do ar foi de 30 321

amplitude diária da temperatura do solo foi de 18°C ( 322

A amplitude da umidade foi de 76,9% (M 323 324 325 326 327 328 329 330 331 332 333 334 335 336 337 338 339 340

e a cor preta indica alta indicação para os períodos de

A temperatura do ar (F= 35,06, d.f.=7, P <0,001), temperatura do solo ( ) e a umidade relativa do ar (F= 34,11, d.f.=7, P <0,001 apresentaram variação significativa ao longo do dia (24 horas contínuas) (fig amplitude diária da temperatura do ar foi de 30°C (Mínima 15°C e Máxima de 45°C). A amplitude diária da temperatura do solo foi de 18°C (Mínima 11°C e Máxima de 29°C). A amplitude da umidade foi de 76,9% (Mínima de 21,5% e máxima de 98,4%

16 eríodos de

), temperatura do solo (F= F= 34,11, d.f.=7, P <0,001) apresentaram variação significativa ao longo do dia (24 horas contínuas) (fig.3). A °C e Máxima de 45°C). A °C e Máxima de 29°C). ínima de 21,5% e máxima de 98,4%) (fig.3).

(21)

17 Figura 3 Condições abióticas em relação aos 8 períodos de amostragem. A linha 341

horizontal na caixa mostra a mediana (± SEM) da temperatura do ar (A), temperatura do 342

solo (B) e umidade relativa do ar (C) para cada período (hora do dia). As letras agrupam 343

os períodos do dia com temperatura do ar, do solo e umidade que são estatisticamente 344

semelhantes. 345

A riqueza e a atividade de forrageamento das espécies de formigas foram 346

afetadas pelas variáveis abióticas estudadas. Observamos que o aumento da temperatura 347

do ar influenciou positivamente a riqueza (F= 75,11, d.f.=1,P <0,001) e a frequência 348

(F= 20,178, d.f.=1, P<0,001) das espécies (Fig.4 ), assim como temperatura do solo 349

influenciou positivamente a riqueza (F=66,091,d.f.=1,P <0.001) e a frequência (F= 350

18,077, d.f.=1,P <0,001) das espécies de formigas. Em contrapartida, a umidade 351

relativa do ar afetou negativamente a riqueza (F=85,8, d.f.=1, P <0,001) e a frequência 352

(F=24,273, d.f.=1, P <0,001) das formigas (Fig.4). 353 354 355 356 357 358 359 360 361 362 363 364 365 366 367

(22)

368

Figura 4 Relação entre as condições abióticas e a 369

do campo rupestre. Os pontos representam os valores médios local em cada período de 370

amostragem. As curvas cinza são os intervalos de confiança das variáveis dependentes. 371

As curvas foram ajustadas com parâmetros dos modelos GLMM. 372

ção entre as condições abióticas e a frequência das espécies de formigas do campo rupestre. Os pontos representam os valores médios local em cada período de amostragem. As curvas cinza são os intervalos de confiança das variáveis dependentes.

am ajustadas com parâmetros dos modelos GLMM.

18 das espécies de formigas do campo rupestre. Os pontos representam os valores médios local em cada período de amostragem. As curvas cinza são os intervalos de confiança das variáveis dependentes.

(23)

19 O ótimo térmico da comunidade de formigas amostrada variou de 18°C 373

(Wasmmania luzti) a 45°C (Pheidole sp3), com uma média de temperatura e desvio 374

padrão de 22.40 ± 7.14°C (Fig.5), indicados pelas linhas tracejadas vertical e 375

horizontais, respectivamente. A maioria das espécies de formigas (74,4%) apresentou 376

respostas térmicas que se inserem dentro do nicho térmico médio da comunidade 377

(Fig.5), linhas tracejadas, indicando que as espécies de formigas apresentaram nichos 378

térmicos amplos e com alta sobreposição. Cinco espécies de formigas (11,6%) 379

apresentaram ótimo térmico em condições de temperaturas mais baixas do que a média 380

da comunidade (lado esquerdo da linha tracejada vertical, Fig.5) e seis espécies 381

(13,90%) demonstraram ser preferencialmente ativas em condições de temperaturas 382

mais altas, i.e., acima da média exibida pela comunidade (lado direito da linha tracejada, 383 Fig.5). 384 385 386 387 388 389 390 391 392 393 394 395 396 397 398 399

(24)

400

Figura 5 Caracterização térmica da comunidade de formigas 401

distintos períodos do dia no campo rupestre. Os pontos indicam o ótimo térmico de 402

ocorrência de cada espécie, ou seja, 403

As barras horizontais representam os 404

que cada espécie ocorreu, ou seja, 405

Caracterização térmica da comunidade de formigas de solo amostradas em distintos períodos do dia no campo rupestre. Os pontos indicam o ótimo térmico de ou seja,a temperatura média em que cada espécie ocorreu As barras horizontais representam os desvios padrões ponderados das temperatu

ou seja, os mesmos correspondem à amplitude do nicho. 20 ostradas em distintos períodos do dia no campo rupestre. Os pontos indicam o ótimo térmico de cada espécie ocorreu. das temperaturas em à amplitude do nicho.

(25)

21 Espécies em vermelho do lado direito (linha vertical tracejada) são mais tolerantes ao 406

calor, enquanto que as espécies em azul do lado esquerdo (linha vertical tracejada) 407

preferem temperaturas mais baixas do que a média amostrada durante o estudo. O 408

número após a barra (n=) representa o número de temperaturas diferentes em que cada 409

espécie foi encontrada, ou seja, transectos monitorados em distintas temperaturas. 410

Discussão

411

Demonstramos a influência das condições abióticas na dinâmica temporal 412

diária de uma comunidade de formigas presente em um ecossistema tropical aberto e 413

montanhoso. Em ambientes montanhosos, os fatores abióticos são comumente citados 414

como principais preditores da diversidade e atividade de forrageio das espécies (Hoch e 415

Korner,2012; Kaspari, et al.,2015; García-Robledo et al.,2016). Em nosso estudo, a 416

temperatura e umidade atuaram de forma oposta moldando a dinâmica de 417

forrageamento das espécies de formigas estudadas (Kuate et al., 2008). O aumento da 418

temperatura do ar e da temperatura do solo tiveram efeitos positivos na riqueza e 419

atividade de forrageamento das espécies de formigas enquanto a umidade do ar teve 420

efeito negativo. Nossos resultados também indicam que apesar da flutuação diária das 421

condições abióticas em campo rupestre, a comunidade de formigas exibiu nichos 422

térmicos amplos e com alta sobreposição, o que evidencia uma alta tolerância térmica 423

dessas espécies às flutuações climáticas. 424

Nos trópicos, a temperatura varia pouco sazonalmente, mas ao longo do dia, a 425

temperatura local parece flutuar amplamente (Ghalambor et al., 2006; Esch et al., 2017; 426

Costa et al., 2018). De fato, observamos que no período chuvoso a temperatura do ar 427

máxima diurna e a temperatura do ar mínima noturna em campo rupestre diferem em 428

quase 30°C ao longo de um dia. Essa flutuação diária da temperatura influenciou os 429

padrões de riqueza e de atividade de forrageamento das espécies de formigas estudadas. 430

As formigas limitaram a atividade de forrageamento principalmente no 431

período diurno, que coincide com os horários de maior temperatura do dia e diminuíram 432

sua atividade no período crepuscular e ao longo do período noturno. No entanto, apesar 433

dos índices de riqueza e atividade de forrageamento serem maiores ao longo do período 434

diurno, detectamos algumas espécies com preferências por determinados períodos do 435

(26)

22 dia na qual forrageavam mais ativamente. Atta sexdens, por exemplo, demonstrou 436

preferência pelo período noturno e Ectatomma permagnum demonstrou preferência pelo 437

início da manhã e o meio dia. Em contrapartida, Camponotus sp1 e Pheidole 438

radoskowskii estavam presentes em todos os períodos do dia, explorando quase toda

439

faixa térmica disponível no ambiente. 440

Espécies de formigas que vivem em ambientes que exibem amplitudes 441

térmicas altas devem apresentar nichos térmicos estreitos, pois a heterogeneidade da 442

temperatura pode disponibilizar ambientes térmicos distintos que suprem as 443

necessidades de espécies adaptadas a condições térmicas específicas (Arnan et al., 444

2015). No entanto, nossos resultados indicam que no período chuvoso, a alta flutuação 445

diária da temperatura em campo rupestre não está restringindo a ocorrência das espécies 446

de formigas em determinadas faixas de temperatura, mas impulsionando a atividade de 447

forrageamento. Como resultado, a comunidade de formigas estudada apresentou nichos 448

térmicos amplos e com alta sobreposição. Essa sobreposição dos nichos térmicos pode 449

estar associada à sazonalidade e disponibilidade de recursos alimentares. Em campos 450

rupestres a disponibilidade de plantas com nectários extraflorais, umas das principais 451

fontes de recurso para formigas (Costa et al., 2016), assim como o recrutamento de 452

formigas nessas plantas, é maior na estação chuvosa (Costa et al., 2018). Assim, as 453

espécies de formigas parecem utilizar toda gama de temperatura disponível ao longo do 454

dia para forragear (Bernstein, 1979). 455

Alternativamente, a oscilação das condições climáticas em regiões 456

montanhosas pode impor grandes diferenças na fisiologia dos organismos (Sheriff et al., 457

2012; Sunday et al., 2014; García-Robledo et al., 2018). As espécies podem diferir no 458

limite térmico ou na gama de temperaturas a que estão aptas a sobreviver ou 459

desempenhar suas funções, como por exemplo, desenvolvimento, forrageio e 460

reprodução (Cros et al., 1997; Baudier et al., 2015; Prather et al., 2018).Em um 461

ambiente com condições mais quentes, a tolerância térmica das espécies pode 462

determinar a susceptibilidade das espécies ao aquecimento climático (Diamond et al., 463

2012; Nelson et al., 2018).A comunidade de formigas estudadas, como citado 464

anteriormente, exibiram nichos térmicos amplos e com alta sobreposição, sugerindo 465

(27)

23 uma capacidade maior da comunidade em tolerar mudanças de longo prazo no clima 466

(Arnan et al.,2015; Kühsel e Blüthgen, 2015; Costa et al., 2018). 467

Nosso estudo mostrou através de dados empíricos como as condições abióticas 468

em ambientes montanhosos e tropicais influenciam a dinâmica temporal das espécies de 469

formigas. Em resumo, as flutuações diárias da temperatura e da umidade em campo 470

rupestre alteraram os padrões de riqueza e a dinâmica de atividade de forrageio das 471

espécies de formigas epígeas. O aumento da temperatura e a sua influencia no aumento 472

dos níveis de atividade de forrageamento podem ter implicações importantes para a 473

persistência das espécies frente ao mundo em aquecimento. De fato, sugerimos que a 474

comunidade de formigas estudadas poderá sofrer menos impactos frente às possíveis 475

mudanças climáticas. Por fim, a realização de estudos preditivos e experimentais sobre a 476

ecologia térmica das espécies são ainda necessários para os ambientes tropicais. Assim, 477

avaliaríamos prováveis perdas a partir da intensificação das alterações climáticas. 478

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Referências

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