• Nenhum resultado encontrado

Professor: a profissão do futuro

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Professor: a profissão do futuro"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)Revista de Educação Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010. PROFESSOR: A PROFISSÃO DO FUTURO. Sônia Regina Basili Amoroso Faculdade Anhanguera de Brasília. RESUMO. soninha.amoroso@uol.com.br. O presente artigo tem por objetivo analisar a importância da utilização de novas tecnologias como subsídio às aulas no Ensino Superior, avaliando em que medida os docentes estão conscientes da importância da utilização de computadores, a internet, ferramentas de ensino à distância, entre outras, para preparar as suas aulas de forma eficiente, buscando a atenção e participação do aluno do ensino superior. Tratase de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório que também se apoiou na coleta e análise de dados quantitativos para obter maior visibilidade e compreender melhor o fenômeno pesquisado. Assim sendo, concluiu-se que o uso de ferramentas tecnológicas deixou de ser um luxo e participa em larga escala na rotina diária dos docentes em sala de aula. Palavras-Chave: ensino superior; tecnologia; docência; formação continuada.. ABSTRACT This article aims to analyze the importance of using new technologies as an aid to teaching in higher education, assessing to extend to which teachers are aware of the importance of using computers, internet tools, distance learning, among others, to prepare their lessons efficiently, seeking the attention and participation of students in higher education. This is an exploratory qualitative research also relied on the collection and analysis of quantitative data to gain greater visibility and better understand the studied phenomenon. Therefore, it is concluded that the use of technological tools is no longer a luxury and participates extensively in the daily routine of teachers in the classroom. Keywords: higher education, technology, teaching, continuing education.. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@aesapar.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original Recebido em: 24/05/2010 Avaliado em: 16/09/2011 Publicação: 2 de março de 2012. 55.

(2) 56. Professor: a profissão do futuro. 1.. INTRODUÇÃO É inegável a crescente utilização da tecnologia por parte do mundo acadêmico. A implantação da tecnologia relaciona-se, de forma bastante acentuada, à inovação educativa, pois por meio das ferramentas tecnológicas tornou-se possível acessar novas teorias, conceitos, ideias, técnicas, aproximando docentes e discentes de uma incontável quantidade de informações que só seriam acessadas ou divulgadas por meio de mídias impressas e restritas às suas áreas. Além disso, observa-se que a linguagem veiculada na “Grande Rede”, aproxima também as pessoas, possibilitando uma troca imediata de ideias e uma constante interação. Por isso, pensar que é possível a um educador viver distante desta ferramenta e de suas possibilidades é algo, inequivocamente, fora de cogitação. Em se tratando do Ensino Superior, é inegável que ainda exista uma série de dificultadores, tais como o acesso do aluno à tecnologia, o despreparo para a utilização destas, seu uso inadequado, dentre outros problemas. Mas, mesmo assim, observa-se que há, por parte destes, uma constante busca pela superação dos obstáculos. Uma grande maioria dos alunos tem buscado acesso e utilização destas ferramentas tecnológicas. Para Oliveira Netto (2005) parece haver consenso de que a tecnologia da Informática e o computador podem ser ferramentas muito úteis ao educador em sala de aula ou em qualquer outro ambiente. Porém, afirma o autor que a decisão sobre o uso de novas tecnologias de (in)formação dependerão da visão que o educador tem sobre o que é ensinar, sobre o que é aprender, além da perspectiva de como ele pode auxiliar seus alunos a construírem o conhecimento. É necessário refletir que a inserção da tecnologia no ambiente escolar afeta, inicialmente, professores e alunos, mas também afetará, mesmo que de forma indireta, toda a comunidade educacional, ou seja, a equipe pedagógica e administrativa e, por isso, requer preparo. Em meio à modernização constante e à importância da Tecnologia da Informação, as instituições de ensino necessitam, também, modernizar-se e buscar abarcar, trazendo para si, tais ferramentas. É do conhecimento de todos que a novas tecnologias educacionais têm ampliado as oportunidades de aprendizagem, aproximando professor e aluno e reorganizando a vida acadêmica de forma a permitir a superação de obstáculos, possibilitando a inclusão de usuários de todas as idades e que têm dificuldade, facilitando o acesso à informação e a construção de novos e imprescindíveis conhecimentos.. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(3) Sônia Regina Basili Amoroso. 57. Essas devem ser as reais possibilidades da utilização de novas tecnologias: promover a apropriação de novos e significativos conhecimentos, com vistas a desenvolver competências e habilidades integradoras do indivíduo à vida em sociedade. Porém, isso requer que o professorado utilize-se de uma didática que privilegie a criação de estratégias de apresentação de conteúdos de diferentes formas, de maneira a se tornarem motivadores e significativos para o educando. A dinâmica do meio acadêmico está em constante desenvolvimento e, inserir nesta as novas tecnologias, visando adaptação de todos requer planejamento. Oliveira Netto (2005) sugere uma revisão profunda dos diferentes aspectos que interferem na formação inicial dos educadores, principalmente visando definir e estruturar conteúdos que serão essenciais à sua atuação. Disso, depreende-se que há necessidade que se criem novos hábitos, não somente dentre os educadores, como também dentre os educandos, voltados à cultura tecnológica. A inserção da tecnologia em nossa vida trará novas discussões e assuntos abordando temas diferentes dos usuais e isso requer atitudes diferentes. O professor precisa estar constantemente preparado para isso, vez que sabemos que não é usual, para nossos alunos, ler antecipadamente acerca dos assuntos propostos, buscando participar das aulas e dos debates surgidos. Esta interação com os temas novos é imprescindível ao bom andamento das aulas. Também é importante ressaltar que esta nova forma de ministrar aulas trará uma mudança ampla, abrangendo crenças, valores e comportamentos há muito arraigados em professores e alunos, exigindo uma mudança no comportamento de ambos. Para o autor acima citado, trata-se de criar uma nova cultura, própria ao grupo em questão, visto que esta nova prática trará a descoberta de falhas e problemas a serem corrigidos, assim como também oportunizará a descoberta de várias novas possibilidades. A abertura do acesso a uma quantidade muito grande de informações exigirá discernimento e organização dos envolvidos, pois obter informações é aparentemente fácil, mas decidir como utilizá-las de forma adequada, buscando construir novos conhecimentos não é tarefa das mais fáceis e é aí que o educador desempenha papel fundamental. Oliveira Netto (2005) alerta, ainda, para o fato de que a interatividade propiciada pela tecnologia faz com que o indivíduo passe de simples assimilador (passivo) de informações a construtor(ativo) do conhecimento, no melhor estilo vigotskiano, interagindo com o meio que o cerca, de maneira dialética, o que requer mudança de. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(4) 58. Professor: a profissão do futuro. postura tanto do aluno quanto do professor, que devem compreender que a aprendizagem não acontecerá mais de forma linear, mas em redes de relações e conexões. A aprendizagem transforma-se no novo foco nesta forma de atuar, pois tal foco já não está mais no ensino, tendo se deslocado. Ao professor, caberá mostrar onde estão as informações, demonstrar sua importância e discutir sua utilidade. Ao aluno competirá acessá-las, selecioná-las e discutir sua importância, transformando, continuamente, as novas informações em conhecimento. Espera-se que estes conhecimentos cresçam paulatinamente e sejam aplicados nas interações que os alunos fazem com seus pares, em seus empregos e na sua própria realidade. A expectativa é que haja uma mudança de comportamento, uma vez que certamente haverá modificações na forma com que percebem o mundo que os cerca, o que, concomitantemente, refletirá nas escolhas que farão. Sobre isso nos fala Oliveira Netto: [...] O uso de novas tecnologias de (in)formação na educação deve servir, portanto, à construção do processo de conceituação dos alunos, buscando a possibilidade da aprendizagem, o desenvolvimento de habilidades importantes para que eles participem da sociedade do conhecimento e da promoção de mudanças no processo educativo [...] (2005, p.29).. Ao longo dos anos houve uma inevitável transformação no espaço acadêmico, no qual não há mais lugar para o tecnicismo. A produção científica, cultural e tecnológica ocupa atualmente lugar de destaque no cenário do Ensino Superior e o antigo “repasse de conhecimentos prontos” deu lugar ao questionamento e à análise aprofundada de conteúdos. O aluno da atual “universidade” busca um professor que saiba transmitir seus conhecimentos, não somente ostentando-os ou posicionando-se como o sabedor de todas as coisas. Exemplo disso, é a queixa muito comum, feita pelos estudantes, de que muitos educadores possuem um cabedal enorme de conhecimentos, mas não sabem transmiti-los. Espera-se que o professor lance mão de inúmeros recursos, criando um ambiente de ensino agradável e desafiador, que possam ampliar as possibilidades no alcance de seus objetivos, o que nos leva a encontrá-los usando recursos como data-show, vídeos, internet, e-mail etc. Tudo visando à finalidade maior que é o ensino-aprendizagem. A educação passa por diversas e necessárias mudanças e a docência, como mola propulsora deste processo, está no centro da engrenagem. O professor recebe, por parte de todos, alunos, instituição e sociedade, uma grande cobrança e, para atender a estas expectativas, faz-se necessário que desenvolva competências e habilidades que, por sua vez, levem o aluno a espelhar-se e buscar desenvolver competências tais como: atitudes,. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(5) Sônia Regina Basili Amoroso. 59. valores e socialização, integrando-se a um mundo também em constantes mudanças. Segundo Bazzo (1998), não podemos mais olhar para a tecnologia como algo limitador e merecedora de temor. Como já faz parte de nossa vida cotidiana, ela necessita ser incorporada completamente, inclusive em nossas práticas educacionais. A partir dessa mudança de posição dos professores, observa-se que, quanto mais os alunos são incentivados nesta busca, mais exigentes serão e, consequentemente, mais trocas farão com seus professores, e vice versa. A diferença está na identificação e possível modificação do que querem e sonham para seu futuro. Certamente há os que apenas querem um diploma, mas, certamente, também há os que farão a diferença ao se inserirem no mercado de trabalho. Tudo isso nos remete a uma reflexão séria, que se focaliza na formação dos docentes. Se o mercado de trabalho selecionará os indivíduos que têm potencial para desenvolverem um trabalho de excelência, como o professor poderá contribuir na sua formação se estiver despreparado? Alunos que decoram e não compreendem o conteúdo, certamente não serão bons profissionais, pois esquecerão o que decoraram. Os estudantes precisam interagir com o conhecimento e consolidá-lo, sendo capazes de repassar, em um futuro não tão distante, aquilo que apreenderam. Assim, se analisarmos a docência como a profissão do futuro, com uma elevada importância, percebemos que esta precisa de preparo e de modificações. Apesar disso, mesmo os professores que atuam há muito tempo e que, portanto, têm um conhecimento vasto na área de docência, precisam conscientizar-se de que necessitam de formação contínua para oferecer a seus alunos conteúdos atualizados, além de utilizarem ferramentas que os instrumentalize a executar com eficiência o seu trabalho. É algo bastante interessante a diferença que se observa em meio aos docentes que, para se manterem ativos e não se sentirem ultrapassados, lançam mão de atualizações constantes. Neste sentido, a formação continuada desempenha papel fundamental. A necessidade de atualização é latente, mas, diante disso, que tipo formação pode auxiliá-los nesta contínua busca por novas competências e conhecimentos? Adaptarse ao novo e à modernidade não depende apenas de vencer resistências, mas de oferecer acesso a oportunidades reais de formação, em que haja uma utilização crítica e qualitativa da ferramenta tecnológica. Para isso, é necessário compreender conceitos e processos desta utilização, o que não se restringe a ter o conhecimento técnico das utilidades de máquinas e programas, tão pouco de saber acessar a internet.. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(6) 60. Professor: a profissão do futuro. Desta forma o preparo do docente e do próprio aluno está diretamente relacionado não apenas ao manuseio das tecnologias, mas na busca por diversificar possibilidades e alcançar objetivos que lhe propiciem a construção de conhecimento. A ideia principal, quando se fala em utilizar ferramentas tecnológicas, é a de que o professor desenvolva métodos de aprendizagem que nada mais são que atividades e procedimentos desenvolvidos por ele, visando incluir conhecimentos essenciais que serão trabalhados e discutidos em suas aulas, de forma mais interativa e pertinaz. Tudo supõe que tais procedimentos oportunizarão ao aluno uma maior aquisição de conhecimentos, uma vez que haverá maior fixação de conteúdos que lhe permitirão executar melhor sua profissão.. 2.. DESENVOLVIMENTO Ainda que haja consciência da importância da utilização das ferramentas tecnológicas como subsidio as aulas, parece haver alguns equívocos sobre a melhor utilização de tais ferramentas. Assim, é importante analisar que, durante a presente pesquisa, fez-se necessário inserir dois instrumentos de coleta de dados para garantir a obtenção de informações mais precisas sobre o assunto. Destaca-se que havia possibilidade de mais de uma resposta na maior parte das questões, o que ocasionará, é claro, uma soma de porcentagem superior aos 100% esperados. Foram respondentes do primeiro questionário professores oriundos de diferentes cursos, buscando obter informações acerca da utilização, por parte dos mesmos, das ferramentas tecnológicas como subsídios em suas aulas. Os dados da presente pesquisa foram coletados com docentes que ministram aula em uma Instituição Particular de Ensino localizada em Taguatinga, no Distrito Federal. Compõem o universo pesquisado, 19 participantes, sendo 9 professoras e 10 professores. O tempo de magistério dos entrevistados no Ensino Superior oscilou entre um (1) e dez (10) anos e os cursos de dos quais os professores são oriundos são: Pedagogia – 4 participantes, Sistema de Informação – 8 participantes, Comunicação Social – 1 participante, Redes – 1 participante e Administração – 5 participantes. Vide Figura 1.. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(7) Sônia Regina Basili Amoroso. 61. Figura 1. Professores respondentes do questionário 1.. O instrumento de coleta de dados era composto por três questões a serem respondidas, sendo todas inerentes à prática docente e o uso de tecnologia. Na primeira questão os professores foram questionados sobre as principais ferramentas tecnológicas utilizadas por eles em suas aulas. Como resposta, obteve-se com mais. citações. o. Data-show,. totalizando. 17. citações,. o. que. corresponde. a,. aproximadamente, 89,47% do total de respostas. Sendo seguido pelo vídeo, com 11 citações, que representa cerca 57,89% do total, pelo e-mail, que foi citado por 8 respondentes, o que indica 42,10%, pelo Fórum, que recebeu 7 citações, correspondendo a 36,84% das respostas, e pelo Blog, ferramenta menos citada, recebendo apenas uma citação, o que representa 5,26% do total de respostas obtidas, conforme disposto na Figura 2.. Figura 2. Ferramentas utilizadas em sala de aula.. Havia a possibilidade de serem citadas outras ferramentas pelos docentes e, dentre elas, destacam o Moodle, com 5 citações, que corresponde a 26,31% e o. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(8) 62. Professor: a profissão do futuro. retroprojetor com duas citações, correspondente a 10,52%. O laboratório de Informática apareceu apenas nas respostas de um professor. Na segunda questão, buscava-se conhecer qual das ferramentas tecnológicas citadas apresentavam maior rendimento com os alunos. Percebeu-se que, nesta questão, as opiniões são bastante uniformes. Cerca de 30% dos respondentes disseram que o Datashow é a ferramenta de maior aproveitamento por parte dos alunos, seguido, de perto, pelo Fórum, com 26% do total de respostas. A estes, seguiram-se o Moodle, com 19% e o Blog, com 5% das respostas. 10% dos respondentes disseram que todas as ferramentas alcançam êxito quando utilizadas com os estudantes e 5%, ou seja, um respondente, afirmou que a rentabilidade da tecnologia utilizada depende da própria aula a ser ministrada, conforme disposto na Figura 3.. Figura 3. Ferramentas que apresentam maior rendimento dos alunos.. Na questão 3, a pergunta apresentava duas respostas: se havia ou não, por parte do professor, a necessidade de ampliar ou aprofundar seus conhecimentos sobre as ferramentas tecnológicas, buscando melhorar sua utilização e aperfeiçoar suas aulas. Percebeu-se, de maneira bastante interessante, que a maioria, ou seja, 16 dentre os 19 participantes, 85% dos respondentes, têm vontade e sentem necessidade de ampliar seus conhecimentos, e somente 3 professores dizem se sentir satisfeitos e plenamente prontos para a utilização destas ferramentas. Vide Figura 4.. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(9) Sônia Regina Basili Amoroso. 63. Figura 4. Aprimoramento dos conhecimentos.. Essa esmagadora maioria contribui para a discussão acerca da preparação recebida, pelos docentes, com relação ao uso das Tecnologias da Informação. Como dito anteriormente, em uma sociedade na qual os indivíduos encontram-se imersos na Tecnologia da Informação, há necessidade de que o professor prepare-se para utilizá-la em seu benefício, aumentando suas possibilidades pedagógicas e, trazendo para si o aluno. Vale ressaltar que a pesquisa permitiu a percepção de que, pelo menos nesta Instituição de Ensino Superior, há uma utilização maciça de ferramentas pertencentes às Tecnologias da Informação e da Comunicação, o que se apresenta como ponto positivo e busca pela modernização, ainda que em estágio inicial, da prática docente. Isso está em acordo com Kenski (2007) para quem as tecnologias permeiam quase tudo que fazemos cotidianamente, o que não poderia deixar de ocorrer em sala de aula, pois há uma enorme possibilidade de usá-la como potencializadora do processo ensino e aprendizagem, atendendo à demanda da atual sociedade de aprendizes. O segundo instrumento foi um questionário aplicado a estudantes do ensino superior desta mesma instituição, visando conhecer qual o grau de assertividade que as ferramentas tecnológicas têm para estes estudantes, ou seja, se estas são realmente consideradas importantes para a aprendizagem. Dentre as ferramentas tecnológicas citadas estavam o data-show, a internet, vídeos, e-mail, fóruns e blogs. Antes de realizar a pesquisa, já havia sido constatado, em conversas com alguns alunos, que não havia muito proveito nas aulas ministradas com apoio do Data-show. Estes, invariavelmente, diziam que dormiam, e que a aula se tornava monótona e. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(10) 64. Professor: a profissão do futuro. enfadonha, pois, diante do cansaço e com as luzes apagadas, a duração de sua atenção sobre o assunto era mínima. Apesar dessas discussões extra-oficiais mantidas com os alunos antes da aplicação do questionário, a grande maioria dos respondentes cita o Data-show como recurso muito utilizado, porém aparece como o 2º mais interessante, e justificam que esta ferramenta facilita o acompanhamento do texto/conteúdo, permitindo que visualizem o que é mais significativo dele, fixando melhor esta aprendizagem. Nesta pesquisa 140 alunos o destacam como o mais utilizado pelos professores e 42 alunos como mais interessantes, o que representa 28,4% do total de alunos respondentes, conforme disposto na Figura 5.. Figura 5. Ferramentas utilizadas em sala de aula, segundo os alunos.. Em segundo lugar entre as respostas dos estudantes figura como o mais utilizado, os vídeos, que, por sua parte, aparece em primeiro lugar como o mais interessante na opinião dos alunos. Isto significa que 122 alunos, 83% dos respondentes dizem que ele é muito utilizado e 64 alunos, que representa 43,2% dos respondentes o consideram em primeiro lugar como recurso mais interessante. O que se justifica, segundo eles, por se considerarem mais atentos a esta ferramenta, pois têm a possibilidade de visualizar e ouvir o assunto, identificando pontos principais e percebendo peculiaridades. Isso certamente se deve ao fato de que as pessoas são mais hábeis para aprender usando a audição e a visão, concomitantemente. A pedagogia atual procura orientar os professores sobre a necessidade de tornar a. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(11) Sônia Regina Basili Amoroso. 65. aprendizagem significativa e o vídeo propicia uma ligação do conteúdo ao cotidiano, demonstrando sua aplicabilidade e isso se torna propício ao aprendizado. O educando dos dias de hoje vive em uma sociedade que preza pela especialização nas áreas de conhecimento escolhidas pelo indivíduo, como nos mostra o poeta peruano Mario Vargas Llosa, em artigo publicado na Revista Piauí de outubro de 2009: Vivemos uma época de especialização do conhecimento, causado pelo prodigioso desenvolvimento da ciência e da técnica, e da sua fragmentação em inumeráveis afluentes e compartimentos estanques. A especialização permite aprofundar a exploração e a experimentação, e é o motor do progresso; mas determina também, como consequência negativa, a eliminação daqueles denominadores comuns da cultura graças aos quais os homens e as mulheres podem coexistir, comunicar-se e se sentir de algum modo solidários. (LLOSA, 2009).. Essa preocupação, que habita o consciente do alunado, e é confirmada por Llosa, faz com que o estudante busque receber informações que sejam aplicáveis ao seu cotidiano, pois o mercado de trabalho, que o espera logo em frente, exigirá um savoir faire (Saber fazer), mais amplo e, como dito anteriormente, especializado. O aluno permanece, como afirmavam Piaget (1978) e Lopes de Oliveira(2005), necessitando colocar em prática aquilo que aprendeu em sala, mas antes, precisa ver a aplicação de outrem para sentir-se motivado a aplicar tal conhecimento. A citação do e-mail é um tanto quanto interessante, pois demonstra que há uma boa receptividade por parte do educador, sendo citado por 118 alunos como um dos mais utilizados pelos professores, o que representa 80% das respostas. Mas aparece, na opinião dos respondentes, como uma ferramenta que gera pouco interesse, sendo interessante para, apenas, 18 alunos, o que representa 12,1% do universo de respostas, pois nestes contatos há apenas o envio de conteúdos e textos que são de interesse do aluno e é possível ao aluno ter atendimento do docente sobre suas dúvidas e necessidades, quando o professor se prontifica a fazê-lo. A partir disso, é possível perceber que, como o e-mail não permite uma maior interatividade com o conteúdo de maneira específica, o estudante não se sente motivado a utilizá-lo como ferramenta de estudo, mas como um meio de dirimir questões relacionadas ao assunto apresentado em sala. Apesar de tal desinteresse, o e-mail pode aparecer como uma ferramenta que estreitará o contato entre professor-aluno, ampliandoo para fora das barreiras físicas da instituição. O blog é um dos recursos citados por 64 alunos como um dos mais utilizados pelos professores, o que representa 44%, porém, a receptividade não é tão acentuada, sendo citado por 6 alunos como interessante, o que representa apenas 4% de aceitação. Os. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(12) 66. Professor: a profissão do futuro. que se referem a ele demonstram tê-lo usado em situações específicas que não lhes pareceu muito proeminentes. Apesar de apresentar um menor número de utilização, é citado por 38 alunos como sendo uma ferramenta utilizada pelos professores, o que representa 26%, o fórum aparece como ferramenta interessante para 18 alunos, representando que 12,1% assim o consideram, o triplo dos que se interessam pelo blog, conforme figuras 6 e 7. Os respondentes justificam que, com utilização de tal ferramenta, o fórum, tiveram a oportunidade de pesquisar os assuntos propostos e a possibilidade de se manifestar sobre estes. Segundo eles, isso os obriga a pensar e a ter argumentos para participar de debates, acatando ou repudiando a opinião dos colegas. Esta participação requer atitude proativa e faz com que haja um grau de responsabilidade e disciplina no estudo.. Figura 6. Ferramentas tecnológicas mais interessantes na visão do aluno.. Figura 7. Ferramentas tecnológicas menos interessantes na visão do aluno.. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(13) Sônia Regina Basili Amoroso. 67. Quanto ao site ou página do professor, que é citado como um item que não aparece na pesquisa, ainda que tenha aparecido com menor citação, ou seja, 8 alunos, o que representa 5,5% do total de respondentes, é possível observar que o mesmo facilita a busca do aluno, antecipando textos e atividades que serão desenvolvidas. Aparentemente isso viabiliza que os que precisarem estar ausentes se mantenham informados e com possibilidade de acompanhamento. Apesar dessas colocações pertinentes, a imobilidade do conteúdo, limitado aos textos e atividades, não gerará no estudante o desequilíbrio necessário, segundo Piaget (1978), para que se aumentem os estádios cognitivos do estudante. Os sites ou páginas pessoais dos professores podem ser vistos, então, com a mesma funcionalidade do e-mail, ou seja, a do estreitamento de relação entre as partes envolvidas. Além das ferramentas tecnológicas citadas pelo alunado, aparece também retroprojetor, que figura como um recurso pouco utilizado que tem perdido prestígio no meio acadêmico, principalmente por ser uma ferramenta estática, substituível facilmente pelo data-show. O retro, como é carinhosamente chamado no meio acadêmico, para ser potencializado, precisaria do incremento do som, facilidade encontrada, diretamente, no uso do computador. As conclusões da pesquisa dentre os estudantes, vem ao encontro do que deve ser uma das preocupações que precisa acompanhar os docentes em sua necessidade de modernização, que é a não simples mutabilidade dos conteúdos e formas de ver a educação para a tecnologia e para a modernidade, ou seja, não adianta simplesmente que os professores adaptem suas aulas ao contexto modernizador. Percebe-se a necessidade de adaptação em um sentido mais amplo, que busque o deslocamento do educador pela tecnologia da informação como se esta fizesse parte, como o é na realidade, do conteúdo a ser administrado. Além disso, salienta Masetto (2001) que algumas visões acerca da modernização do ensino são preocupações que precisam ser levadas em consideração quando o assunto é a modernização da educação. A primeira delas, que chama atenção, é a visão que muitos educadores e educandos têm de que a tecnologia, por si só, é capaz de resolver completamente os problemas educacionais existentes, em todas as esferas, sejam estas metodológicas, sejam pedagógicas. Vale ressaltar que a tecnologia, por si só, não é um meio confiável de aprendizagem e precisa ser intermediada por um professor, que apresentará seu caráter de facilitador como visto anteriormente. Outro fator que deve ser considerado é o fato de ainda vivermos em um país que traz arraigadas, divisões sociais nada equitativas, o que possibilita um acesso limitado,. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(14) 68. Professor: a profissão do futuro. por parte de todos os envolvidos, às tecnologias, bem como uma preparação também limitada no uso de tais ferramentas. Como dito anteriormente, e comprovado pelas respostas há necessidade de uma formação continuada e focada em aspectos modernizadores. Para Barreto (2004) o professor precisa perceber que, para utilizar a Tecnologia da Informação, é necessário, antes, desconstruir tal informação e aplicá-la ao contexto pedagógico, não somente no sentido diversificador da aula, mas também como informação possível de ser aplicada ao cotidiano do estudante quando este vier a assumir o papel de profissional de sua área de informação.. 3.. CONCLUSÕES O desafio da Educação moderna encontra-se, exatamente, em como transformar-se para adaptar-se ao cotidiano e às modificações trazidas pela pós-modernidade e, consequentemente, pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação. Em um mundo em constante mudança, vemos a necessidade de adaptarmos o modo de ensino para as gerações já nascidas em meio à Tecnologia da Informação, da qual dispõe de maneira natural e quase instintiva. O professor, em todo este processo de utilização das ferramentas tecnológicas de informação e consequente modernização, não pode passar despercebido, exatamente por ocupar uma posição de destaque na relação entre aprendizagem e aluno. Ele, neste processo, é o que Vygotsky (2003) chamou de mediador, como o é em todo o processo de ensino-aprendizagem, independente do nível. Além disso, Vygotsky (1989) ainda analisa o papel de formador social de sujeitos que o professor tem, sendo, antes de docente, um ativista político, que deve usar a sala de aula para disseminar o poder e dar, a seus estudantes, formação social e política. O professor, em meio a esse contexto e função, precisa estar apto a desconstruir a informação e aproveitar-se do que a Tecnologia da Informação oferece para, então, permitir que seu aluno construa, dialeticamente, a sociedade, enquanto é construído por ela. Este desconstruir a informação passa por mostrá-la de forma crítica, analítica, sem que seja tomada imediatamente como verdade somente por participar de um corpus disponível no contexto tecnológico. Nesta ótica, as ferramentas analisadas permitem uma maior interação com o estudante e permitem, portanto, um ambiente mais propício ao processo educativo em todos os seus sentidos, sejam eles de formação cognitiva, sejam na formação cidadã do indivíduo, algo que, são indissociáveis.. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(15) Sônia Regina Basili Amoroso. 4.. 69. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização de ferramentas tecnológicas deixou de ser um luxo, tornando-se uma realidade no dia-a-dia do docente. A quantidade de ferramentas existentes no mercado lança um verdadeiro desafio a cada um de nós, em como acompanhar e utilizar esses recursos buscando cativar e perpetuar a presença e participação do aluno durante o curso no ensino superior. O trabalho, ora apresentado, precisa ser evoluído, buscando ampliar o horizonte de pesquisa, avaliando outras instituições de ensino superior e aprofundar as respostas, verificando a qualificação e o tempo do docente na área. A escolha do trabalho baseou-se no desafio enfrentado no dia-a-dia do professor para acompanhar a grande variedade de novidades tecnológicas que têm se apresentado à disposição do mesmo.. REFERÊNCIAS BARRETO, Raquel Goulart. Tecnologia e educação: trabalho e formação docente. Educ. Soc. [online], v.25, n.89, p. 1181-1201, 2004. BAZZO, W.A. Ciência, Tecnologia e Sociedade: e o contexto da educação tecnológica. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1998. KENSKI, V.M. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Editora Papirus, 2007. LLOSA, Mario Vargas. Em defesa do romance. Revista Piauí, outubro de 2009. LOPES DE OLIVEIRA, M.C.S. O conhecimento como descentração: a perspectiva de Jean Piaget sobre a construção do conhecimento. In: PULINO, L.H.Z.; BARBATO, S. B. (orgs.). Aprendizagem e a formação do professor. São Paulo: Moderna; Brasília, DF: Universidade de Brasília, 2005. MASETTO, Marcos T. Atividades pedagógicas no cotidiano da sala de aula universitária: reflexões e sugestões práticas. In: CASTANHO, Sérgio; CASTANHO, Maria Eugênia (org.). Campinas - SP: Papirus, 2001. OLIVEIRA NETTO, Alvim Antonio de. Novas tecnologias & universidade. Da didática tradicionalista à inteligência artificial: desafios e armadilhas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. PIAGET, J. Fazer compreender. São Paulo: Edições Melhoramentos e Editora da Universidade de São Paulo, 1978. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. ______. A psicologia e o professor. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003. p.295-306. Sônia Regina Basili Amoroso Graduação em Pedagogia com Licenciatura Plena, com ênfase em Administração, Supervisão e Habilitação para Docência nas Séries Iniciais para o Ensino Fundamental pelo Instituto de Ensino Superior de Mococa (1987), pós-graduação em. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(16) 70. Professor: a profissão do futuro. Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade Anhanguera de Brasília (2010) e mestrado em Educação pela Universidade Católica de Brasília (2008). Atua na Educação Básica desde 1985 e no Ensino Superior desde 2009. Atualmente é professora universitária e supervisora do Estágio Supervisionado do curso de Pedagogia da Faculdade Anhanguera de Brasília. Atualmente cursando graduação em Psicologia e especialização em Metodologia e Gestão em EAD.. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(17) Sônia Regina Basili Amoroso. 71. APÊNDICES APÊNDICE 1 Prezado(a) Professor(a), O presente questionário é um instrumento de coleta de dados de uma pesquisa que busca conhecer quais são as ferramentas tecnológicas utilizadas pelo senhor em suas aulas e obter maiores informações sobre a opinião que tem a cerca da importância desta utilização. Dados gerais sobre o respondente: Curso em que trabalha: ________________________ Tempo de magistério no Ensino Superior: ________ anos. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Quais são as ferramentas tecnológicas utilizadas por você durante suas aulas: ( ) data-show; ( ) e-mail ( ) vídeos ( ) blog ( ) fórum ( ) outros. Quais? ____________________________________ 2 - Na sua opinião, qual destas ferramentas apresenta melhor rendimento da turma, ou seja, qual delas é maior facilitadora da construção de novos conhecimentos e, conseqüente, aprendizagem? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________. 3 – Você acredita que ainda precisa aprender a usar, ou adequar a utilização, destas ferramentas para melhorar suas aulas e obter melhores resultados? Por quê? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(18) 72. Professor: a profissão do futuro. APÊNDICE 2 Prezado(a) estudante, O presente questionário é um instrumento de coleta de dados de uma pesquisa que busca conhecer quais são as ferramentas tecnológicas utilizadas pelos seus professores e que são consideradas por você como imprescindíveis à sua aprendizagem. Dados gerais sobre o respondente: Curso: ________________________ Semestre: ________. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Quais são as ferramentas tecnológicas utilizadas por seus professores durante as aulas: ( ) data-show ( ) vídeos ( ) blog ( ) e-mail ( ) fórum ( ) outros. Quais? ____________________________________ 2 – Qual destas ferramentas você considera mais interessante como facilitadora de sua aprendizagem? Por quê? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 3 – Qual destas ferramentas você não considera interessante para a sua aprendizagem? Por quê? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________. Revista de Educação š Vol. 13, Nº. 16, Ano 2010 š p. 55-72.

(19)

Referências

Documentos relacionados

• Agora, vamos estender o Teorema da Capacidade do Canal de Shannon para o caso de um canal com ru´ıdo n˜ao branco, ou colorido. • Mais espec´ıficamente, dado um modelo de

É importantíssimo que seja contratada empresa especializada em Medicina do Trabalho para atualização do laudo, já que a RFB receberá os arquivos do eSocial e

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

Seja o operador linear tal que. Considere o operador identidade tal que. Pela definição de multiplicação por escalar em transformações lineares,. Pela definição de adição

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Algumas tabelas que criamos apresentam uma alta variabilidade, seja pela imprecisão de informação ou por uma rotatividade dessa. Estudando o lucro de uma empresa,

Há alunos que freqüentarão o AEE mais vezes na semana e outros, menos. Não existe um roteiro, um guia, uma fórmula de atendimento previamente indicada e, assim sendo, cada aluno terá