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O papel da animação no desenvolvimento do turismo paranormal

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

O PAPEL DA ANIMAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO

DO TURISMO PARANORMAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO: ESPECIALIZAÇÃO EM ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL

FÁBIO MIGUEL VARGAS DOS SANTOS

Orientadora: Professora Doutora Maria José Cunha

(2)

I

Dissertação submetida à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Polo de Chaves, elaborada sob a orientação da Professora Doutora Maria José Cunha.

(3)

II À minha mãe Judite e à minha avó Laurinda. Para sempre Alegres.

(4)

III

Agradecimentos

Esta dissertação representa o culminar de dois anos de trabalho na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Polo de Chaves. Ao longo deste tempo, várias foram as pessoas que me ajudaram e sempre me incentivaram para que este trabalho fosse concluído.

A essas pessoas gostaria de deixar umas palavras de reconhecimento e gratidão. Em primeiro lugar, expressar o meu profundo agradecimento a todos os professores que tive durante todo o meu percurso escolar, porque sem eles não estaria aqui hoje a escrever estas saudosas e gratas palavras.

À Doutora Maria José Cunha pelas sugestões para a melhoria do trabalho.

Aos meus pais, Judite e Manuel, que nunca pouparam esforços para que eu pudesse estudar. Em especial à minha mãe que sempre me deu muita atenção, quer nos momentos alegres, quer nos mais tristes por que passei nestes dois anos, guiando e ajudando-me a ter força e dedicação para que conseguisse realizar os meus objetivos.

(5)

IV À minha sobrinha Miriam, por todo o carinho.

Ao Marcos pela sua permanente paciência e prezável ajuda e também por me ter cedido um pouco da sua determinação e me ter ensinado a não desistir quando a primeira dificuldade aparece.

À Josefa, Liliana e Carla pelo auxílio prestado, não na componente científica, mas pessoal.

À Jaqueline, Lucimara e à Natália pelo seu carinho e conversas divertidas e pelo precioso apoio que me deram nesta fase final.

À Mafalda, Sandrine, Juliana e Marina, minhas grandes amigas e companheiras de vida académica, pelas dicas valiosas que contribuíram para que esta dissertação fosse concluída.

Ao maestro da Banda Musical de Carrazedo de Montenegro, Maurício, pelas dispensas que me cedeu.

Ao Doutor Agostinho Diniz Gomes e ao Doutor Marcelino Lopes pela ajuda e disponibilidade.

Às termas de Pedras Salgadas e à Junta de Freguesia de Vidago pela prestabilidade e pela hospitalidade.

A todos os entrevistados que se mostraram tão recetivos e sinceros.

A todos aqueles que contribuíram de forma direta e indireta na conclusão deste trabalho.

(6)

V

Resumo

Nos Estados Unidos da América (Amityville, Queen Mary, etc…), e em outros locais espalhados pelo globo (Argentina, México, Espanha, Itália, França, Inglaterra, Escócia, etc…), podemos encontrar locais históricos tidos como “assombrados” (casas, navios, castelos, hotéis, etc…) que são usados como forma de promoção da região, enquanto outros são construídos como forma de assustar os seus visitantes/hóspedes, como é o caso do Haunted Hotel em San Diego na Califórnia.

Em Portugal, na zona de Trás-os-Montes, é também possível encontrar algumas dessas supostas casas assombradas. Casas muitas das quais de grandes dimensões que pelo facto de terem sido rotuladas de assombradas estão a degradar-se, já que são poucos os que têm a coragem de as habitar ou dar-lhes outra finalidade.

Foi portanto o termo-nos deparado com esta situação que criou em nós a vontade de levar por diante esta investigação que agora apresentamos e nos permitiu resultados que confirmam que o recurso a atividades de Animação pode ser um fator de promoção e atração às localidades em que se inserem estas ditas casas “assombradas”, de pessoas que se interessam por estes fenómenos ou são movidas por simples curiosidade e desta forma melhorar a vida das populações locais.

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VI

Abstract

In the United States of America (Amityville, Queen Mary, etc...), and elsewhere around the globe (Argentina, Mexico, Spain, Italy, France, England, Scotland, etc...), we can find historical sites deemed "haunted" (houses, ships, castles, hotels, etc...) that are used as means of promoting the region, while others are built as a way to scare their visitors / guests, such as the Haunted Hotel in San Diego.

In Portugal, in the area of Trás-os-Montes is also possible to find some of these so-called haunted houses. Many of these housesare large and as they have been labeled as haunted are being degraded, because there are few people who have the courage to live in them or to give them another purpose.

As soon as we encountered this situation, it has created in us the desire to pursue this research and allowed us to now present results which confirm that the use of animation activities can be a factor in promotion and attraction to the locations in which these so called “haunted” houses by people who are interested in these phenomena, or are driven by simple curiosity and thereby improve the lifestyle of local people.

(8)

VII

“… where ignorance is bliss, 'Tis folly to be wise.”

(9)

VIII

ÍndiceGeral

Agradecimentos III

Resumo V

Abstract VI

Índice Geral VIII

Índice de Figuras XI

Índice de Gráficos XIII

Siglas XIV

I. Introdução

1

II.I. Caraterização do estado de arte

O que se entende por Casas Assombradas

4

4

Turismo 6

Conceitos e definições 6

(10)

IX Idade Antiga 9 Idade Média 10 Idade Moderna 10 Idade Contemporânea 11 Paranormal 13 Conceito Perceção Extrassensorial Psicocinese

OuijaBoards (Quadros Ouija – Quadros de bruxas)

13 13 14 16 Turismo Paranormal 18 Animação Sociocultural 20 Os perfis de Animador

O papel do Animador Sociocultural

Animação Turística 23 24 25

III. Metodologia

28

Questão Inicial 29 Hipóteses 30 Objetivos 31 Caracterização da amostra 32 O Inquérito 32 Elaboração do questionário 33

Diário de bordo (notas de campo) 34

Procedimento da recolha e tratamento dos dados recolhidos 34

IV. Os Projetos

36

Projeto de Turismo Paranormal 36

Projeto de Animação Turística Paranormal 37

Os locais 38

Pedras Salgadas 39

Casino das Termas de Pedras Salgadas 39

Vila Real 40

(11)

X

Vidago 42

Hotel Salus/Hotel do Golf 43

Hotel Avenida 44

V. Abordagem e Processo de Investigação

46

Caracterização dos participantes no estudo 46

Conhecimento do Turismo Paranormal 48

Disponibilidade para participação nos projetos apresentados 50

Conclusão

54

Síntese da dissertação 54

Discussão dos resultados e principais contributos 54 Desenvolvimento subsequente e propostas de trabalho futuro 55

Considerações finais 55

Bibliografia 57

Webgrafia 64

Anexos 70

Anexo 1 – Casino das Termas de Pedras Salgadas 70

Anexo 2 – Palácio de Mateus 73

Anexo 3 – Hotel Salus 75

Anexo 4 – Hotel Avenida 77

(12)

XI

Índice de Figuras

Figura 1 - Materialização 15

Figura 2 - Entrada principal do casino de Pedras Salgadas 40

Figura 3 - Vista frontal do Palácio de Mateus 41

Figura 4 - Vista frontal do Hotel Salus 44

Figura 5 - Vista frontal do Hotel Avenida 44

Figura 6 - Pormenor da entrada 70

Figura 7 - Vista do lado esquerdo 71

Figura 8 – Vista traseira 71

Figura 9 – Vista do lado direito 72

Figura 10 – Vista frontal do Palácio 73

Figura 11 – Lago e vegetação circundante 73

Figura 12 – Entrada da Igreja do Palácio 74

Figura 13 – Pormenor lado direito 75

Figura 14 – Escadaria principal 75

Figura 15 – Corredor esquerdo rés do chão 76

(13)

XII

Figura 17 – Vista traseira 77

Figura 18 - Salão de refeições 77

(14)

XIII

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Percentagem de inquiridos por localidade participantes no

estudo 47

Gráfico 2 - Percentagem de idades dos inquiridos 47

Gráfico 3 - Número de inquiridos por idade e localidade de residência 48

Gráfico 4 - Já ouviu falar de Turismo Paranormal? 48

Gráfico 5 - Já praticou este tipo de turismo? 49

Gráfico 6 - Por que motivo? 49

Gráfico 7 - Consideraria visitar um local que possuísse uma casa, ou qualquer outra infraestrutura assombrada em Portugal (Turismo Paranormal)?

50

Gráfico 8 - Análise do gráfico 7 por localidades. 50

Gráfico 9 - Análise do gráfico 7 por idades. 51

Gráfico 10 - Consideraria participar num projeto de Animação Turística

Paranormal como o apresentado? 51

Gráfico 11 - Análise do gráfico 10 por localidades. 52

(15)

XIV

Siglas

OMT – Organização Mundial de Turismo

(16)

1

I. Introdução

Há fenómenos naturais e ilusões óticas. Uma porta que chia, abre ou fecha sozinha, o soalho que range, as cortinas gastas pelos anos que flutuam, um sussurro gutural ao ouvido ou a luz do luar que banha a escuridão de uma casa abandonada são motivos para que muitos se afastem. Quanto mais antigo for o local, mansão ou casa senhorial mais memórias de noites, homicídios, suicídios e traições guarda. Por vezes podem não passar de projeções da mente das pessoas (imagens criadas na cabeça de cada um e projetadas devido à ansiedade). Mas esses vultos, sons, encontros imediatos que podem ou não ter algum fundamento real levam a que muitas destas casas se degradem e permaneçam abandonadas.

O que aqui nos motiva não é encontrar justificação para estes fenómenos. O que nos afeta de facto é verificarmos este abandono de imóveis que poderiam muito bem ser aproveitados com finalidades turísticas. Foi com este propósito que cresceu em nós a vontade de através desta investigação que pretendemos levar a cabo, conhecer mais sobre este assunto, atrair às localidades pessoas que gostam do paranormal, quer se trate de investigadores ou simples turistas à procura de novas aventuras, dar-lhes a conhecer as localidades, história e cultura das populações que nelas habitam e contribuir de certa forma para a sua melhoria de vida e preservação do património imobiliário.

(17)

2 Tendo em vista os objetivos que nos propomos algumas questões se nos colocam: “ Estarão as populações abertas a este desafio?” ou “Como utilizar a animação com o propósito de animar estas casas e lugares supostamente assombrados?”

O termo turismo possui um vasto leque de definições (consultar subtítulo

Turismo) que nos ajudam a definir esta atividade. De uma forma mais clara e

abrangente descrevemo-lo como a atividade ou atividades decorrentes das deslocações

e permanência dos visitantes (Cunha, 2001: p. 29). Pode também dizer-se que o turismo

como sendo uma atividade necessita de deslocamento, de recursos financeiros, de tempo disponível e de motivação.

Paranormal é um termo empregue para descrever as proposições de uma grande variedade de fenómenos supostamente anómalos ou estranhos ao conhecimento científico.

Diz-se que um evento ou perceção são paranormais quando envolvem forças ou agentes que estão além de explicações científicas, mas assim mesmo são misteriosamente vivenciados por aqueles que alegam possuir poderes psíquicos, como a perceçãoextrassensorial ou a psicocinese.

Paralelamente aplica-se a palavra aos fenómenos pouco habituais, sejam físicos ou psíquicos.

Sendo assim, a definição de Turismo Paranormal poderia ser a atividade de deslocação e permanência dos visitantes e turistas a/em locais que são alegadamente vítimas de eventos paranormais.

A esta definição, com esta dissertação, pretende-se adicionar também a temática da Animação Sociocultural. E de que forma é possível fazê-lo? Vejamos:

Se a Animação Sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como

finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em

(18)

3

que estão integrados (UNESCO, 1977) e se, sobre a Animação Turística, Portas

escreveu que O desenvolvimento do Turismo não se trata apenas de servir os já

residentes na região, mas também de ajudar a fixar quadros mais qualificados, agentes de serviços privados ou pessoal para o próprio município e outras entidades públicas

(1988: p. 2), na nossa opinião é possível criar um projeto homogéneo, porque é exatamente isso que se pretende com o Paranormal – levar as comunidades a participar num projeto de desenvolvimento local assumindo-se como sujeitos críticos e atores das suas próprias mudanças sociais, políticas, culturais e económicas (Lopes, 2008). A associação do Paranormal, um tema tabu, com o Turismo que está muito em voga e a recente Animação Sociocultural/Turística, apesar de parecer um pouco controversa, tem, a nosso ver a possibilidade de resultar numa relação de entreajuda na promoção e desenvolvimento locais.

O trabalho que agora apresentamos está estruturado em seis capítulos:

No capítulo I é feita uma breve introdução ao tema em que está focado o trabalho e são referidos os objetivos desta dissertação, bem como a sua estruturação.

No capítulo II é caracterizado o estado da arte nestas áreas.

O capítulo III é apresentada a metodologia usada.

No capítulo IV serão apresentados projetos para uma possível resolução do problema apresentado previamente. Serão também propostos os locais propícios para o seu desenvolvimento.

Finalmente, no capítulo V, é apresentada a abordagem e o processo de investigação usados, e é feita a caracterização dos participantes no estudo.

(19)

4

II.I. Caracterização do estado da arte

Nesta secção, é definido o que são Casas Assombradas, o que é o Turismo, o Paranormal e a Animação Sociocultural e são abordadas as suas principais caraterísticas.

II.I.I. O que se entende por Casas Assombradas

A mitologia greco-romana está cheia de fatos sobrenaturais. Fatosestes presentes também na Idade Média. Fenómenos de feitiçaria eram comuns da época, as civilizações primitivas viviam temerosas com o sobrenatural. O homem moderno tem ouvido falar de castelos e casas assombradas, de facas e mesas que se movem e transmitem mensagens, de pessoas simples que falam línguas que nunca aprenderam, de objetos que parecem surgir do nada. O mistério existente nesses fenómenos sempre esteve entre nós, mas só há algum tempo despertámos a nossa curiosidade para a descoberta do seu significado.

Há certos lugares assombrados onde os espíritos inquietos de noite vagueiam. Manifestam-se como vozes misteriosas e perfumes estranhos, movem-se sobre as coisas, saem das sombras como aparições. Às vezes atacam. (WAGNER, about.com)1

(20)

5 Estes são os lugares, através de anos de experiências e reputação enervante, que são considerados os lugares mais assombrados do mundo.

As lendas de casas assombradas têm uma história longa na literatura, quer no género de terror quer mais recentemente na ficção paranormal. Segundo a Wikipédia casa assombrada ou casa mal-assombrada é o nome que se dá a uma casa onde supostamente

acontecem eventos insólitos sem que se encontre uma causa física para os mesmos. Estes eventos que podem ir de ruídos a movimentações de objetos e até alegadas aparições de vultos denominados de assombrações ou fantasmas tornam impossível,

segundo alguns a vivência nessas casas, porque habitadas por entidades sobrenaturais. À

luz da doutrina espírita estes fenómenos são produzidos por espíritos desencarnados, que se valem do ectoplasma produzido por um ou mais moradores que sem o saber possuem mediunidade extensiva, para conseguirem esses efeitos.2

Os objetivos com que o fazem podem ser variados e passam pelo desejo de se comunicarem; de se julgarem ainda donos da moradia não sabendo que já nãopertencem ao mundo dos vivos; de provocarem medo ou outros. A presença destas entidades é geralmente associada a assassinatos, suicídios ou mortes trágicas que no local aconteceram. O certo é que estas manifestações físicas ocorrem com mais frequência em lugares ermos em casas de grandes dimensões cuja estrutura tanto pode ser a de uma mansão obscura de há dois séculos atrás, como um antigo castelo feudal, ou uma casa de subúrbio embora de construção recente. A justificação para que isto aconteça é que na cidade os fluidos que compõem o ectoplasma, tónico vital dos espíritos, se dissolvem rapidamente.3

Mas vamos ao que interessa “Quem nunca ouviu falar de casas ou outros lugares ditos “mal-assombrados”? Muitas pessoas certamente podem dizer que já moraram numa dessas casas ou foram vizinhos de algo do género.

1. WAGNER, Stephen. The World's Most Haunted Places. Em:

http://paranormal.about.com/od/hauntedplaces/ig/World-s-Most-Haunted-Place/. Acedido a 9 Dezembro de 2011

2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_assombrada, Acedido a 9 Dezembro de 2011

3. http://www.bvespirita.com/Casas%20Assombradas%20(autoria%20desconhecida).pdf Acedido a 9 de Dezembro de 2011

(21)

6 Evidentemente que boa parte das histórias relatadas carecem de testemunhas confiáveis, outras porém apesar de estarem documentadas com vídeo, áudio e fotos continuam sem explicação racional.

Nesta procura da verdade, há os que acreditam e respeitam, os que não acreditam mas respeitam e os que não acreditam mas gozam. Há no entanto pessoas predispostas para investigar estas situações e se por vezes estas investigações inicialmente são movidas por brincadeira, com o tempo dão lugar a processos insólitos de pura investigação.

II.I.II. Turismo

Embora não haja uma definição única do que seja Turismo, as Recomendações da Organização Mundial de Turismo/Nações Unidas sobre Estatísticas de Turismo (1983), definem-no como Fenómeno que ocorre quando um ou mais indivíduos se

transladam a um ou mais locais diferentes de sua residência habitual por um período maior que 24h horas e menos que 180 dias, sem participar dos mercados de trabalho e capital dos locais visitados. (Oliveira, 2000 p.31)

Turista é um visitante que se desloca voluntariamente por período de tempo igual ou superior a vinte e quatro horas para um local diferente da sua residência e do seu trabalho sem, este ter por motivação, a obtenção de lucro. (OMT, 1983)

II.I.II.I.Conceitos e definições4

Em 1942, os professores da Universidade de Berna, Hunziker e Krapf, definiam o turismo como: A soma dos fenômenos e de relações que surgem das viagens e das

estâncias dos não residentes, desde que não estejam ligados a uma residência permanente nem a uma atividade remunerada.

4. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO.(2001). Introdução ao turismo. Trad. Dolores Martins Rodriguez Córner. São Paulo: Roca.

(22)

7 Obviamente esta definição lançada em plena guerra mundial e como antecipação do que seria o turismo de massa é pouco ampla e pouco esclarecedora, pois introduz muitos conceitos indeterminados que deveriam ser previamente definidos. Assim, a palavra “fenómenos” refere-se a quê? Pode-se considerar um fenómeno turístico o extravio de uma mala num aeroporto? Por outro lado, a dita definição permite considerar como turista quem tivesse de fazer um deslocamento para uma visita com fins terapêuticos, por exemplo.

Posteriormente, definiu-se o turismo como: Os deslocamentos curtos e

temporais das pessoas para destinos fora do lugar de residência e de trabalho e as atividades empreendidas durante a estada nesses destinos (Burkart e Medlik, 1981: p.

33).

Nessa definição, conceitos como “deslocamentos fora do lugar de residência e de trabalho” introduzem positivamente a conotação de viagem e férias/lazer, em contraposição à “residência” e ao “trabalho”, mas, ao mesmo tempo, deixa de fora conceitos modernos de turismo como são as viagens por motivo de negócios, com ou sem complementos de lazer ou as férias em segundas residências. É também criticável o termo vago “deslocamento curto”.

Mathienson e Wall (1982: p. 34), por sua vez, utilizaram uma definição muito semelhante à anterior, ainda que com algumas modificações: Turismo é o movimento

provisório das pessoas, por períodos inferiores a um ano, para destinos fora do lugar de residência e de trabalho, as atividades empreendidas durante a estada e as facilidade que são criadas para satisfazer as necessidades dos turistas.

Como se pode observar, destaca o caráter temporário da atividade turística ao introduzir o termo “período inferior a um ano”. Também introduzem duas importantes inovações: de um lado a perspetiva da oferta quando mencionam as “facilidades criadas”; de outro, introduzem na definição o fundamento de toda atividade turística: a satisfação das necessidades dos turistas/clientes.

Por fim, deve-se destacar a definição que foi adotada pela OMT (1994), que une todos os pontos positivos das expostas anteriormente e, por sua vez, formaliza os

(23)

8 aspetos da atividade turística: O turismo compreende as atividades que realizam as

pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras.

Trata-se de uma definição ampla e flexível que concretiza as características mais importantes do turismo. São elas:

• Introdução dos possíveis elementos motivadores de viagem: lazer, negócios ou outros.

• Nota temporária do período por um ano, período realmente amplo, máximo se comparado com o tempo normal de duração dos vistos de viagem para turismo dados pelos governos – três meses – ou com a periodicidade prevista por algumas legislações para delimitar o que se considera habitual – seis meses.

• Delimitação da atividade desenvolvida antes e durante o período de estada. • Localização da atividade turística como a atividade realizada “fora de seu entorno habitual”.

No que diz respeito a essa última característica e num intento de precisar o que se entende por entorno habitual, a OMT (1995) esclarece: O entorno habitual de uma

pessoa consiste numa certa área que circunda a sua residência mais todos aqueles lugares que visita frequentemente.

De todas as definições expostas, cabe destacar a importância dos seguintes elementos que são comuns a todas elas, não obstante as particularidades próprias das mesmas:

• Existe um movimento físico dos turistas que, por definição, são os que se deslocam fora de seu lugar de residência.

(24)

9 • O turismo compreende tanto a viagem até o destino como as atividades realizadas durante a estada.

• Qualquer que seja o motivo da viagem, o turismo inclui os serviços e produtos criados para satisfazer as necessidades dos turistas.

II.I.II.II.Evolução Histórica

Pensa-se existir duas linhas de pensamentos, nos quais a História doTurismo se divide. A primeira seria que é o ócio, descanso, cultura, saúde, negócios ou relações familiares. Deslocamentos, estes, que se distinguem pela sua finalidade dos outros tipos de viagens motivados por guerras, movimentos migratórios, conquista, comércio, etc. Não obstante, o turismo tem antecedentes históricos claros. Depois, se concretizaria com o então movimento da Revolução Industrial.

A segunda linha de pensamento baseia-se em que o Turismo realmente se iniciou com a Revolução Industrial, mais concretamente com Thomas Cook e a sua viagem de comboio em 1841, visto que os deslocamentos tinham como intuito o lazer. (Ignarra, 2003)

II.I.II.III. Idade Antiga

Na História da Grécia Antiga, dava-se grande importância ao tempo livre, os quais eram dedicados à cultura, diversão, religião e desporto. Os deslocamentos mais destacados eram os que se realizavam com a finalidade de assistir às olimpíadas (que ocorriam a cada 4 anos na cidade de Olímpia). Para lá deslocavam-se milhares de pessoas, misturando religião e desporto. Também existiam peregrinações religiosas, como as que se dirigiam aos Oráculo de Delfos e ao de Dódona.

Durante o Império Romano os romanos frequentavam águas. Eram assíduos de grandes espetáculos, em teatros, e realizavam deslocamentos habituais para a costa.

Estas viagens de prazer ocorreram possivelmente devido a três fatores fundamentais: a Pax Romana(período de paz), o desenvolvimento de importantes vias

(25)

10 de tráfego e a prosperidade económica que possibilitou a alguns cidadãos meios financeiros e tempo livre.5

II.I.II.IV. Idade Média

Durante a Idade Média ocorreu num primeiro momento um retrocesso devido ao maior número de conflitos e à recessão económica, entretanto surge nesta época um novo tipo de viagem, as peregrinações religiosas. Embora já tenha existido na época antiga e clássica, entretanto o tanto o Cristianismo como o Islão (religião islâmica) estenderam-se a um maior número de peregrinos e deslocamentos ainda maiores. São famosas as expedições desde Veneza à Terra Santa e as peregrinações pelo Caminho de Santiago, foram contínuas as peregrinações de toda a Europa, criando assim mapas e todo o tipo de serviço para os viajantes. 6

No desenvolvimento/criação do Turismo Islâmico, pode ser referida a Hajj (peregrinação para Meca), ou seja, um dos cinco Pilares do Islamismo que obriga todos os crentes a fazer esta peregrinação pelo menos uma vez na sua vida.6

II.I.II.V. Idade Moderna

As peregrinações continuam durante a Idade Moderna. Em Roma morrem 1.500 peregrinos por causa da peste.

É neste momento que aparecem os primeiros alojamentos com o nome de hotel (palavra francesa que designava os palácios urbanos). Como as viagens das grandes personalidades acompanhadas do seu séquito, comitivas cada vez mais numerosas, sendo impossível alojá-los a todos num palácio, ocorre a criação de novas edificações hoteleiras.

5. http://pt.wikipedia.org/wiki/Turismo, acedido em 22 Fevereiro de 2011.

6. http://falandodeturismo-brasilrs.blogspot.pt/2010/09/evolucao-historica-do-turismo.html. Acedido em 22 Fevereiro de 2011.

(26)

11 Esta é também a época das grandes expedições marítimas de espanhóis, britânicos e portugueses que despertam a curiosidade e o interesse por grandes viagens.

Ao final do século XVI surge o costume de mandar os jovens aristocratas ingleses para fazerem um Grand Tour no final dos seus estudos, com a finalidade de complementar a sua formação e adquirir certas experiências. Sendo uma viagem de larga duração (entre 3 e 5 anos) que se fazia por distintos países europeus, é desta atividade que nascem as palavras: turismo, turista, etc…7

Dá-se, também, um ressurgimento das antigas termas, que haviam decaído durante a Idade Média. Não tendo somente como motivação a indicação medicinal, sendo também por diversão e o entretenimento em estâncias termais como, por exemplo, em Bath, na Inglaterra. Também nesta mesma época data o descobrimento do valor medicinal da argila com os banhos de barro como remédio terapêutico e das praias frias onde as pessoas iam tomar os banhos por prescrição médica.7

II.I.II.VI. Idade Contemporânea

Com a Revolução Industrial consolida-se a burguesia que volta a dispor de recursos económicos e tempo livre para viajar. A invenção da máquina a vapor promove uma revolução nos transportes, que possibilita substituir a tração animal pela locomotiva a vapor tendo as linhas férreas que percorrem com rapidez grandes distâncias cobrido grande parte do território europeu e norte-americano. Também o uso do vapor nas navegações reduz o tempo dos deslocamentos.

Inglaterra torna-se a primeira a oferecer serviços de travessias transoceânicas e dominam o mercado marítimo na segunda metade do século XIX, o que favorecerá as correntes migratórias europeias para a América. Sendo este o grande momento dos transportes marítimos e das companhias navais.

Começa a surgir na Europa o turismo de montanha ou saúde: constroem-se famosos sanatórios e clínicas privadas europeias, muitos deles ainda existem como pequenos hotéis guardando ainda um certo charme e muitas histórias negras que podem

7. MACEDO, Luiz Almeida, http://turismocriativo.blogspot.com/2010/01/historia-do-turismo-parte-iv.html, acedido em 22 Fevereiro de 2011.

(27)

12 ser aproveitadas. É também esta uma época de praias frias (Costa azul, Canal da Mancha,…).

Entre 1950 e 1973 começa-se a falar de “boom” turístico. O turismo internacional cresce a um ritmo superior ao de toda a sua história. Este desenvolvimento é consequência da nova ordem internacional, a estabilidade social e o desenvolvimento da cultura do ócio no mundo ocidental. É nesta época que se começa a legislar sobre o sector.

A recuperação económica, especialmente da Alemanha e do Japão deu surgimento a uma classe média estável que começa a interessar-se por viagens.

Entretanto com a recuperação elevando o nível de vida de sectores mais importantes da população dos países ocidentais. Assim, surge a chamada sociedade do bem-estar que uma vez com as suas necessidades básicas atendidas passa a buscar o atendimento de novas necessidades, aparecendo neste momento a formação educacional e o interesse por viajar e conhecer outras culturas.

Outros incentivos foram a nova legislação trabalhista que permitia adotar uma semana de 5 dias de trabalho e uma redução da carga horária de 40 horas semanais, disponibilizando, assim, mais tempo de ócio; a produção de carros em série e a construção de mais estradas; a massificação das cidades que leva ao desejo de evasão, vindo a ser substituído depois pelo desejo de recreação.

Depois de baixos (a crise energética de 1970 e posterior inflação) e altos (Tratado de Maastricht em 1992 que permitia o livre tráfego de pessoas e mercadorias e a cidadania europeia e em 1995 a entrada em vigor do Acordo de Schengen em que foram eliminados os controles fronteiriços nos países da União Europeia) e baixos (crise energética e posterior inflação) o Turismo é um dos sectores com maior desenvolvimento nos dias.8

(28)

13

II.I.III. Paranormal

9

O que se sabe a respeito do homem é extremamente pouco se comparado com o que se sabe sobre o mundo que nos cerca. No que se refere à mente, central elétrica da qual depende todo o resto do corpo, muito pouco se tem descoberto. Há muitos séculos que o homem tenta desvendar os mistérios que existem entre os seus semelhantes, muitas são as lacunas a serem preenchidas para que enfim se tenha absoluto domínio da máquina humana.

II.I.III.I. Conceito

Normalidade – Considera-se fenómeno normal todo acontecimento cujo mecanismo causal eficiente se enquadra no conjunto das leis que admitimos governarem os processos da natureza. (Faria, 1985)

Paranormalidade – É o objeto de estudo da parapsicologia. Designamos por este termo todo o acontecimento "inusitado", "além do normal", ou seja, fora do conjunto dos fatos normais. Paranormal não deve ser confundido com "sobrenatural", pois a ciência rejeita a possibilidade deste último e aceita a realidade do primeiro. (Faria, 1985)

II.I.III.I.I. Perceção Extrassensorial

A perceção extrassensorial (ESP: Extra Sensory Perception), é uma designação introduzida pelo parapsicólogo americano Joseph BanksRhine (1983). Consiste no meio de informação e de conhecimento não fundado nos cinco sentidos. É a perceção extrassensorial de pessoas, objetos ou acontecimentos sem ser através dos conhecidos recetores sensoriais.

O alvo da perceção extrassensorial é todo o sistema físico, para o qual os agentes PSI (sistema, pessoa ou animal, que tenta modificar, de forma paranormal, as regras de um outro sistema, pessoa ou animal) tentam dirigir as suas capacidades paranormais e que os parapsicólogos procuram entender e medir nos seus experimentosdeste tipode

9. MABILE, Rafaela [et al.] http://www.adorofisica.com.br/trabalhos/ciencia_e_ps/parapsicologia1.html, acedido em 25 Fevereiro de 2011.

(29)

14 perceção.10

II.I.III.I.II. Psicocinese

A psicocinese inclui diversos fenómenos, como a faculdade de se movimentar objetos com a força da mente, casos de casas mal-assombradas (poltergeist) teleportação, materialização e desmaterialização.

A psicocinese ou psicocinesia (“movimento pela mente”), é um termo adotado mais recentemente em substituição a telecinese (“movimento a distância”) para explicar a ação da mente sobre objetos físicos.

Jesus de Nazaré foi, segundo os relatos contidos na Bíblia, um dos mais notáveis paranormais psicocinéticos de que se tem notícia. Entre seus feitos constam a conversão da água em vinho, a multiplicação dos pães e a caminhada sobre as águas do lago da Galiléia. Outro exemplo famoso de psicocinese no passado está nas notáveis levitações de São José de Cupertino, um dos motivos pelos quais o padre italiano foi canonizado em 1767. 11

A psicocinese atraiu o interesse dos pesquisadores já no século passado. Eles consideravam que o fenômeno se explicaria por um fluido que emanava do agente psicocinético para o objeto em questão, realizando assim uma transferência energética. A fim de se comprovar esta hipótese, foram construídos vários aparelhos sofisticados, em sua grande maioria consistindo de uma peça móvel pendurada por um fio finíssimo ou apoiada sobre uma ponta que servia de mancal, tudo isso fechado dentro de uma campânula de vidro. Tais equipamentos não levaram a conclusões definivas, mas experiências conduzidas sob outros critérios por William Crookes, J. K. F. Zöllner e outros renomados estudiosos forneceram indícios seguros da existência da psicocinese.11

10. parapsicologia. In Infopédia [Em linha].http://www.infopedia.pt/$parapsicologia. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Acedido a 17 de Dezembro de 2012

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15

Materialização

Nestas fotos, feitas durante uma sessão espírita nos Estados Unidos, a médium emana

ectoplasma que é usado por um espírito

chamado SilverBelle, segundo a apresentadora do fenómeno. Não foi constatado embuste, mas também não há como provar se SilverBelle não seria uma criação mental da paranormal.

A época em que esses pesquisadores atuaram coincidiu com o surto de espiritualismo pela Europa e Estados Unidos, com suas sessões de materialização, mesas girantes e outros eventos espetaculares. Muitos dos pretensos médiuns eram na verdade charlatães, e talvez por isso o tema tenha sido posto à margem pelos estudiosos que vieram a seguir.

Contra um desses paranormais, porém, nada se descobriu de errado: o inglês Dunglas Home. Entre as suas fantásticas habilidades figuravam a levitação (inclusive dele próprio), o movimento de objetos a distância e certas materializações, como a de uma curiosa mão seccionada do resto de seu (desconhecido) corpo, que cumprimentou as pessoas presentes naquela sessão.11

Descobrir e desenvolver os poderes psicocinéticos é, mais do que nunca, uma

tarefa que escapa ao domínio da racionalidade e da lógica. Pelo que se pôde entender dos que manifestam esta faculdade, qualquer pessoa pode praticá-la, desde que se ponha relaxada e manifeste o desejo de que o evento ocorra, mas evitando simultaneamente e participação da vontade (um elemento lógico). Em resumo, a pessoa deve querer que o fenómeno aconteça, mas sem ligar muito para isso.

Essa inconsciência parcial observada na psicocinese pode explicar parte do que ocorre nos casos de poltergeist. Neste tipo de fenómeno incluem-se batidas (rap), movimento de objetos, arranhões, fogo espontâneo e outras interferências sobre a matéria. sabe-se que o poltergeist está sempre relacionado à existência de uma criança ou adolescente desequilibrado emocionalmente.11

11. GONÇALVES, Ana Lucia Melo, Fenômenos Psíquicos. http://maat-order.org/fenomenos/cap1.htm. Acedido a 17 de Dezembro de 2012

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16

I.I.III.I.III. Ouija Boards (Quadros Ouija – Quadros de bruxas)

Os quadros de Ouija são um dos modos mais amplamente utilizados para a comunicação ‘não treinada’ com os espíritos. O nome é composto pela justaposição das palavras Francesas e Alemãs oui e ja, significando ambas

‘sim’. Consiste num quadro plano com as letras do alfabeto, alguns números, sinais de pontuação e as palavras ‘sim’ e ‘não’ escritas no quadro. Os grupos que o utilizam, colocam os seus dedos levemente num ponteiro que, então, rapidamente e sem conhecimento consciente dos membros presentes, se move

de forma a encontrar as letras das palavras que formam as mensagens. A venda dos quadros de Ouija nos Estados Unidos atingiu o seu ponto mais alto durante a I Guerra Mundial e os anos trinta, quarenta e sessenta assistiram a uma loucura nacional dos Ouijas durante a qual ‘Os Misteriosos Oráculos Falantes’ eram, frequentemente, usados por estudantes (Hunt, 1985).

É normalmente, o primeiro método usado por amadores para investigarem o pós-vida. É científico na medida em que pessoas utilizando a mesma fórmula obtêm resultados idênticos – obtêm mensagens ‘inteligentes’. Pessoas que utilizaram as mesmas fórmulas objetivas, em várias partes do Mundo, obtiveram os mesmos resultados – respostas inteligentes. Inteligentes no sentido de que respostas dadas a questões específicas o foram da mesma maneira como seriam dadas por pessoas na Terra. A qualidade das respostas depende, naturalmente de quem e daquilo a que se responde.

Os psíquicos e médiuns experimentados acreditam na realidade do contacto com espíritos e que as respostas ao quadro Ouija são feitas por humanos e não-humanos de diferentes níveis de aperfeiçoamento mas, mais frequentemente pelas entidades mais inferiores que operam mais próximos do nosso ‘comprimento de ondas’. Se o contacto é feito com uma entidade mais desenvolvida, a resposta será, normalmente, sofisticada. Se o contacto for feito com entidades rudes e de astral muito baixo, então a informação é a mesma que se teria de alguém na Terra que seja também rude, vulgar, estúpido, arrogante e que blasfema com o propósito de chocar os que estão à sua volta.

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17 Logo de início, a opinião dos materialistas oficiais era a de que as mensagens simplesmente vinham da ação da mente subconsciente ou inconsciente dos ‘jogadores’ – uma forma de ‘automatismo’. Durante anos, os quadros de Ouija eram vendidos em lojas de brinquedos e de jogos, nos Estados Unidos, e as pessoas usavam-nos como ‘divertimento’ ou para obter benefícios pessoais, como obter números vencedores em jogos, etc.

Mas, nenhum cético foi capaz de explicar como é que grupos de pessoas decentes se sujeitavam a receber terríveis blasfémias, pragas e toda a espécie de ameaças terríveis através do quadro de Ouija duma forma que certamente não receberiam por outros processos que, supostamente, projetavam o inconsciente.

Stoker Hunt, que investigou os efeitos da utilização dos quadros de Ouija, resumiu o padrão comum que se desenvolve entre os utilizadores dos quadros de Ouija e a ‘força’ com a qual eles se comunicam:

O invasor concentra-se nos pontos fracos do carácter da sua vítima… Se uma pessoa é vã, ele apela para a vaidade. ‘Preciso da tua ajuda’, dirá o sedutor, ‘e só tu me podes ajudar.’… A entidade é maliciosa e não hesita em mentir, em dar falsa identidade (faz-se normalmente passar por um ente querido falecido) e em adular. É melhor para o invasor, claro, que a vítima esteja sozinha, isolada, cansada e doente

(Hunt, 1985: p. 86).

Assim, a entidade encorajará as suas vítimas a abandonar os seus melhores amigos e a confiar apenas nas comunicações através do Ouija para obter conselhos, informações e companhia. Recomendará proezas perigosas, e aventuras extravagantes e, ao mesmo tempo, desencorajará atividades salutares e cuidados médicos adequados. A vítima sentirá um desejo incontrolado de utilizar o quadro ou escrever automaticamente a todas as horas do dia e da noite:

Se houver necessidade, o invasor aterrorizará a sua vítima, materializando-se em formas horripilantes, induzindo visões grotescas, incitando atividades poltergeist, fazendo com que objetos apareçam do nada, dando notícias trágicas ou falsas, levantando objetos, até mesmo levitando a vítima. Tudo isto e mais ainda poderá ser

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18

feito – não como um fim em si mesmo, mas como um meio de conseguir completa posse da vítima (Hunt, 1985: p. 87).

Os médiuns em todo o Mundo relatam, consistentemente, que os que morreram e vivem em desespero nas regiões de baixas vibrações, próximas da Terra – algumas vezes chamadas de regiões de baixo astral – têm inveja dos que vivem na Terra; sabem que enquanto se está na Terra pode-se aumentar a vibração e que é muito difícil fazer isso nas baixas esferas do mundo espiritual. O desespero é impelido para os extremos, simplesmente porque não podem experimentar as coisas a que estavam habituados quando vivos – excitação, bebidas, álcool, fumo, sexo. Se esses rufias que respondem às questões do quadro de Ouija tivessem a capacidade para amar, ou de ter um pensamento de amor, ou tivessem outro atributo espiritual positivo, não estariam na posição em que se encontram. Se, pelo menos, tivessem a capacidade de pedir ajuda para os aliviar da sua miséria, temos informação do Pós-vida, que lhes seria dispensada essa ajuda.

Seja qual for a explicação que o leitor queira aceitar – a hipótese do espírito ou a teoria da mente inconsciente dos jogadores – existem muitos casos de doenças psíquicas que aconteceram, como resultado direto de utilização do quadro, o qual deverá ser tomado muito a sério. Um quadro de Ouija pode ser altamente perigoso, especialmente para quem seja sugestionável, tenha qualquer tipo de disfunção física ou emocional ou que tenha estado a tomar drogas suscetíveis de alterar a mente. A recomendação dos entendidos é que, em nenhuma circunstância, deverão ser utilizados por crianças ou por seja quem for que não possua um forte sentido de identificação própria (Covina, 1979).

II.I.IV. Turismo Paranormal

O termo “turismo” possui um vasto leque de definições. De uma forma mais clara e abrangente Cunha (1997: p. 29) descreve-o como a atividade ou atividades

decorrentes das deslocações e permanência dos visitantes. Esta deslocação implica por

sua vez recursos financeiros, tempo disponível e motivação. Já o termo “paranormal” é um termo empregue pelo Dicionário da Língua Portuguesa para descrever as

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19 proposições de uma grande variedade de fenómenos supostamente anómalos ou estranhos ao conhecimento científico. Assim diz-se que um evento ou perceção são

paranormais quando envolvem forças ou agentes que estão além de explicações científicas, mas assim mesmo são misteriosamente vivenciados por aqueles que alegam possuir poderes psíquicos, como a perceção extrassensorial ou a psicocinese. (…) Paralelamente aplica-se a palavra aos fenómenos pouco habituais, sejam físicos ou psíquicos.12

Considerando como fenómeno normal todo o acontecimento cujo mecanismo causal eficiente se enquadra no conjunto das leis que admitimos governarem os processos da natureza e paranormal o acontecimento "inusitado", "além do normal", ou seja, fora do conjunto dos fatos normais, podemos definir o Turismo Paranormal como a atividade de deslocação e permanência dos visitantes e turistas a/em locais que são alegadamente centros de eventos paranormais. Não devemos contudo confundir paranormal com "sobrenatural", pois a Ciência rejeita a possibilidade deste último e aceita a realidade do primeiro.13

Esta forma de turismo particular que se carateriza pela visita a lugares onde se acredita habitam fantasmas ou acontecem coisas estranhas tem-se desenvolvido com rapidez nas últimas décadas em todo o Mundo.

Nos dias de hoje, fazer turismo não é apenas tostar-se ao sol na praia ou fotografar catedrais renascentistas. Entre as alternativas mais extravagantes destaca-se a de se ir à caça de fantasmas, detetar ovnis ou apanhar em flagrante os seres do além nas suas andanças noturnas.14

Praticamente todos os países do mundo possuem lugares onde se podem desenvolver estas atividades, porém só alguns os exploram comercialmente, edificando todo um negócio à volta do paranormal.

12. Fenômeno Sobrenatural. http://sobrenatural.ueuo.com/. Acedido a 11 de Dezembro de 2012

13.BORGES, Valter. Fundamentos para uma teoria geral da Paranormalidade.

http://www.valterdarosaborges.pro.br/fundamentosparaumateoria. Acedido a 14 de Dezembro de 2012

CHAGAS, Aécio. A Ciência confirma o

Espiritismo?.http://bvespirita.com/A%20Ci%C3%AAncia%20Confirma%20o%20Espiritismo!%20(A%C3%A9cio% 20Pereira%20Chagas).pdf. Acedido a 14 de Dezembro de 2012

14.MUÑOZ, Manuel, Turismo paranormal. Agárrame a ese fantasma. http://www.hotelsearch.com/blog_es/turismo-paranormal-agarrame-ese-fantasma/. Acedido a 15 de Dezembro de 2012

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Assim certas regiões da Europa antiga, são bastante visitadas por aqueles que gostam do paranormal, quer se trate de investigadores ou simples turistas à procura de novas aventuras. Na América Latina em países como o México e a Argentina este tipo de turismo está bastante desenvolvido enquanto que na Espanha, a região da Galiza é uma das mais procuradas.15

O importante é tudo fazer para abrirmos as nossas próprias fronteiras e deixar que outros venham observar, admirar e ajudar a engrandecer aquilo que é nosso, com os seus conhecimentos e coragem e espírito de aventura de forma a criarem sinergias que conduzam à mudança e desafiem a capacidade de se interagir com o mundo.

II.I.V. Animação Sociocultural

16

A Animação Sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integrados (UNESCO, 1982).

A Animação Sociocultural, também designada Animação Comunitária, emerge historicamente a partir da conjugação de vários fatores: o aumento do tempo livre e a preocupação com o preenchimento criativo do lazer e do ócio; a necessidade de educação e de formação permanente ao longo da vida, numa sociedade crescentemente baseada no domínio do conhecimento e da inovação técnica; o aumento do fosso cultural entre as classes sociais como consequência das diferentes condições de acesso aos bens culturais; o surgimento das indústrias culturais, através de um processo de fabrico, reprodução, difusão e venda em grande escala de bens e serviços.

15. Turismo paranormal. http://www.viaje.info/2009/11/04/turismo-paranormal/. Acedido a 23 de Outubro 2011 16. BAPTISTA, António Manuel Rodrigues Ricardo. Animação e Animadores Socioculturais: imprecisões,

ambiguidades, incertezas tensões e controvérsias de uma ocupação profissional.http://www.aps.pt/vii_congresso/papers/finais/PAP1085_ed.pdf. Acedido a 28 de Novembro de 2012

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21 A Animação Social não é, assim, uma ciência autónoma mas antes uma "tecnologia social", uma estratégia de educação não formal dotada de um conjunto de fundamentos teóricos e de métodos e técnicas importados das Ciências Sociais (como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, a Economia e outras) aplicados a objetivos práticos da realidade social.

Segundo Ezequiel Ander-Egg (1991: p. 12), a Animação Sociocultural é uma

forma de ação sociopedagógica que [...] se caracteriza basicamente pela busca e intencionalidade de gerar processos de participação das pessoas. O papel do animador

sociocultural consiste, pois, em desenvolver estratégias de mobilização (ou animação) dos atores sociais para uma participação autónoma, voluntária, criativa e corresponsável - recusando, portanto, todas as formas de manipulação, paternalismo ou autoritarismo -, desempenhando uma função de mediação entre os atores (saberes, necessidades e expectativas) e entre estes e o meio (recursos e instituições), tendo como finalidade o desenvolvimento sociocultural da comunidade.

Assim sendo é nossa intenção lançar mão dela para desenvolver em uníssono com as comunidades, que devem assumir-se como sujeitos críticos e atores das suas próprias mudanças sociais, políticas, culturais e económicas (Lopes, 2008), projetos de animação(Consultar capítulo Projetos) capazes de atrair a essas localidades pessoas interessadas numa forma original de conhecer a história dessas localidades, as suas lendas e fenómenos sobrenaturais, explorando os seus lugares mais recônditos ao cair da noite.16

No período de 1974 a 1980 assiste-se à institucionalização da Animação Sociocultural em Portugal. Esta é centralizadaem instituições criadas expressamente para o efeito, assumindo o Estado a gestão e o controlo dasatividades e a formação dos animadores. Dentro deste período, Lopes (2008) distingue duas fasesna Animação Sociocultural: a “fase revolucionária”, que decorre entre 1974 e 1976 e a“faseconstitucionalista”, entre 1977 e 1980. Na primeira fase, assiste-se a uma intensa atividade de animação,coordenada pela Comissão Interministerial para a Animação Sociocultural (CIASC), instituição que levoupor diante as “campanhas de dinamização cultural e de alfabetização” nas diferentes regiões do país. Nasegunda fase, a ação da Animação Sociocultural é determinada por instituições que assumiram acentralidade da

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22 mesma, constituindo o Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis (FAOJ) e o InstitutoNacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores (INATEL) exemplos dessacentralidade.16

Entre 1981 e 1990, a conceção de Animação, que anteriormente passava por dar expressão a uma ideia decultura una e homogénea, evoluiu para o reconhecimento de uma cultura com dimensão plural ediversificada, pois(…) com a emigração, o turismo,

o regresso dos retornados, a abertura democrática, a diversidade de investimentos, a criação de grupos e empresas privadas, os partidos políticos e as associações, a televisão, a integração europeia… com 9 de 23 tudo isto, de repente há mesquitas, as sinagogas têm nova vida, nascem seitas, surgem novos cultos, aparecem igrejas protestantes; há sindicatos diversificados e plurais, opiniões diferentes, novos credos e crenças…Isto é, está em construção uma sociedade finalmente plural…. (Barreto, 1998 cit. inLopes, 2006: p. 276)

Neste período, a Animação passa gradualmente da esfera do poder central para a esfera do poder local. Também, nesta década, Lopes (2008) identifica duas fases da Animação Sociocultural: a “fase patrimonialista”, que decorre entre 1981 e 1985, em que o Estado se mantém ainda como o grande impulsionador da atividade, através da Secretaria de Estado da Cultura, do FAOJ e da Junta Central das Casas do Povo, caracterizando-se esta fase por uma intervenção centrada na preservação e recuperação dopatrimónio cultural; a “fase da deslocação da Animação Sociocultural do poder central para o poder local”,que decorre entre 1986 e 1990, em que o poder local passa a assumir um crescente interesse e um papel relevante na Animação Sociocultural, encarando-a como uma maneira de mobilizar vontades e recursos e, nessa medida, privilegiando o desenvolvimento de ações no sentido de serem os próprios indivíduos a construir a sua cultura.16

De 1991 a 1995, assiste-se ao crescimento do fenómeno da imigração, não só dos países africanos de língua oficial portuguesa, mas também do Brasil, dos países da Europa do leste, da China e da Índia. Nestas circunstâncias, a intervenção da Animação Sociocultural passa a dar expressão à dimensão multicultural(LOPES, 2008). Dimensão que se prende com formas de aprendizagem/convívio relacionadas com a alteridade

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23 cultural e social e que, segundo Bauman (2006), tanto medo gera nas cidades em que vivemos.16

A partir de meados dos anos 90, em resultado das transformações ocorridas num mundo cada vez mais globalizado, é posta à prova a capacidade da Animação Sociocultural para enfrentar os novos e complexos desafios. E pese embora, no dizer de Ander-Egg (2008), a insuficiente valorização atribuída à Animação Sociocultural em termos de políticas públicas, não deixou de se alargar a intervenção dos Animadores Socioculturais e de se ampliarem os seus perfis profissionais, passando estes a atuar em campos que tradicionalmente não eram os seus (Ferreira, 2008).

II.I.V.I. Os perfis de Animador

E, a este propósito, Dinis (2007) situa a Animação Sociocultural num terreno “flexível” e por natureza “criativo” e, socorrendo-se de um discurso metafórico, procura diferenciá-la de outras áreas de atividade ao identificar e caracterizar cinco perfis de Animadores:

1) o “vidente”, cuja amplitude vai desde o visionário, mágico e sonhador, passando pelo militante, vanguardista e estratega, até ao revolucionário, um modelo em que as soluções são determinadas aprioristicamente;

2) o “terapeuta”, cuja espectro cobre o analista, o parteiro, o médico, o reformador e o psicólogo, um modelo de pendor reformista;

3) o “guia”, cobrindo o intérprete, o bandeirante, o empreendedor e também o dinamizador cultural e o artífice de memórias coletivas;

4) o “técnico”,compreendendo o prestador de serviços, o agente de programação e o organizador profissional, um modelo que assenta num paradigma funcional de eficiência e eficácia;

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24 5) o “mediador”, cujo modelo focaliza o papel de procurador, intermediário e treinador, centralizando toda a ação nas pessoas nos grupos e nas comunidades.

Por sua vez, Azevedo (2009), sublinhando a flexibilidade apontada por Dinis, acrescenta o perfil do “animador empreendedor”, como sendo aquele que “desenvolve a atividade em diferentes cenários e posições organizacionais”.

Já Correia (2008), ao traçar o “perfil do Animador Investigador”, realça um conjunto de requisitos pessoais e profissionais que remetem para vários “mundos”, nomeadamente para o “mundo cívico”, o “mundo inspirado” e o “mundo de projetos” (Boltanski & Thévenot, 1991; Bolthanski & Chiapello, 1999, Boltanski, 2001). Requisitos que vão desde a flexibilidade, a humildade, a coragem, a solidariedade, a paciência, a persistência e a tolerância, passando pela mediação, a negociação, a criatividade, o dinamismo e a inovação, até à capacidade de adaptação e flexibilidade para participar em projetos diferenciados em termos de exigências profissionais.

A atuação em novos campos de intervenção parece traduzir, pois, a capacidade de adaptação e flexibilidade dos Animadores Socioculturais perante experiências de trabalho que apresentam – muitas delas – um carácter transitório e uma grande diversidade em termos das competências exigidas. O que parece corresponder à indicação dada por Lopes (2008) quando, em matéria de empregabilidade, escreve que

entre os anos 60 e 90 existiu emprego em Animação. No século XXI vai existir muito trabalho em Animação, mas não o modelo de emprego do século XX, isto requer preparar os Animadores para um novo conceito de empregabilidade assente no trabalho em rede e não no trabalho por conta de outrem, na criação de empresas que respondam ao pulsar do novo tempo e que os contratos programa com lares, hospitais, jardins-de-infância, autarquias, organizações governamentais, dêem respostas aos diferentes âmbitos de Animação existentes e ainda os que hão-de vir, porque o movimento da vida vai sempre gerar novas necessidades e consequentemente novos âmbitos.

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II.I.V.II. O papel do Animador Sociocultural

O papel do Animador Sociocultural consiste em divulgar e difundir a cultura predominante, não deixando que ela seja esquecida, por forma a estabelecer a importância da sua preservação, criando uma sociedade melhor e mais inteligente. Mas com o objetivo de atingir a chamada “democratização cultural”; Animar, vitalizar e dinamizar as energias e potencialidades existentes nas pessoas, grupos e coletividades; Estimular o desenvolvimento pessoal e social, a partir da reflexão sobre o comportamento e as convicções e valores próprios dos outros, que permitam uma melhor relação consigo próprio e com o grupo de trabalho; E, por fim, promover o desenvolvimento das competências necessárias ao exercício profissional, a partir da resolução de problemas e da realização de projetos.

II.I. V. Animação Turística

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A Animação turística tem vindo a ocupar uma importância crescente no contexto da catividade do turismo. Isso deve-se à utilização, cada vez mais frequente, de um conjunto de técnicas orientadas para potenciar e promover um turismo que estimula as pessoas a participarem, crítica e informadamente, na descoberta dos locais, sítios e monumentos que visitam. A Animação turística tem como objetivos centrais como: levar as pessoas a relacionarem-se com o meio que visitam (pessoas, património natural, paisagem, crenças e tradições, património arquitetónico, associações existentes, artesanato, gastronomia, festas populares, etc.); substituir o ver pelo envolver, procurando uma integração ativa social e cultural; criar processos dinâmicos e criativos, fruto de diferentes interações, em que articulem valências culturais, sociais e educativas; transformar o tempo livre em ócios criativos e rejeitar o tempo morto e a ociosidade depressiva; estabelecer a comunicação entre a população nativa de um espaço visitado com a população visitante, através de eventos e experiências que passem por convivências, assentes em partilhas de saberes, partilhas culturais, partilhas inter e multiculturais, etc.17

17. LOPES, Marcelino. A Animação Turística. http://pt.netlog.com/marcelinoslopes/blog/blogid=1497369. Acedido a 28 de Novembro de 2012

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26 Num conceito alargado de Animação, pretende-se que esta projete, junto do turismo, a sua capacidade técnica e metodológica de gerar processos participativos e criativos, de otimizar recursos humanos e outros, de promover a interação social, de potenciar o desenvolvimento social e pessoal, sempre com a preocupação central de levar a pessoa a um autodesenvolvimento que decorra das aprendizagens ativas. 17

O turismo, que é praticado atualmente, em Portugal, tem como destino geográfico dominante o saturado litoral. Importa, pois, encontrar, pela via da Animação turística, formas inovadoras de turismo, que travem a desertificação das zonas do interior, uma vez que elas podem oferecer propostas de fruição diferenciadas e relacionadas como a fauna, flora, termas, cursos de rios, paisagens, montanha, arquitetura, gastronomia, crenças, tradições, jogos, etc. 17

Esta perspetiva de turismo é defendida por Nuno Portas ao referir:

O desenvolvimento do Turismo não é já um exclusivo das regiões com praias ou das cidades com monumentos de nomeada, exatamente porque se tendem a valorizar outras motivações - desde os festivais e feiras mais variadas, às competições desportivas, às iniciativas culturais, à gastronomia, ao artesanato... - e outros ambientes, históricos e paisagísticos, que podem não ter castelos, catedrais ou mar. (...) E não se trata apenas de servir os já residentes na região, mas também de ajudar a fixar quadros mais qualificados, agentes de serviços privados ou pessoal para o próprio município e outras entidades públicas.(Portas, Nuno. 1988: p. 2)

A importância da Animação, no contexto do turismo, é ainda destacada por este autor, quando enaltece o seu papel como forma de utilizar zonas (regionais) e sítios (locais) afastados dos grandes centros urbanos ou das áreas litorais de maior procura turística.

Ligando a animação dos tempos livres ao fomento de formas mais imaginativas de turismo (a animação dos tempos livres dos outros visitantes), chamamos a atenção para os efeitos benéficos mútuos destes dois campos da ação municipal (e regional). O turismo sem animação local, não passa de «alugar areia e sol»; enquanto por outro

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lado, a animação local pode ser decisivamente sustentada pelo próprio fomento do turismo. (...) A ótica da animação urbana (ou rural) é relativamente recente e apanhou desatenta a maioria dos municípios, presa a antigas formas de encarar, quer a cultura, quer o turismo: a cultura como somatório de atos pontuais, mais ou menos solenes, da divulgação das artes ou do artesanato – a desobriga do inevitável pelouro cultural – e o turismo como atração de hotéis e edição de desdobráveis. Ora a animação é outra coisa e mexe com vários pelouros e serviços municipais: trata-se de conseguir uma continuidade e densidade de acontecimentos mobilizadores, provocados ou espontâneos, que faça com que uma cidade ou uma região dê a escolher entre diversas oportunidades ou iniciativas e dê que falar, noutras cidades, do que vai acontecer.

(Portas, Nuno. 1988: p. 3)

A ideia de Animação turística tem, assim, por pressuposto a necessidade de se criar motivação e implicar o turista numa participação cultural e social que não descure o relacionamento com o meio e com as populações visitadas. A Animação turística rejeita, liminarmente, o turismo de praia, que isola as pessoas do espaço envolvente, não promovendo a interação e o relacionamento ativo.

O aspeto fundamental da Animação turística é a interação com as pessoas e com o meio onde se está, gerador de um potencial desenvolvimento económico, social, cultural, ambiental. Isso mesmo nos lembra Cunha:

Pelas suas características o turismo é um fenómeno que estabelece relações não só com todas as atividades humanas como também com o ambiente físico. Por um lado, os seres humanos nas suas viagens influenciam, com maior ou menor intensidade, todas as atividades e todas as relações humanas: económicas, sociais, políticas, sanitárias, culturais, ambientais, e, por outro, dão origem a atividades produtivas que estabelecem estritas interdependências diretas ou indiretas com as existentes.(Cunha. 2001: p. 117)

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28

III. Metodologia

A metodologia entendida por Demo (1989), como o conhecimento crítico dos caminhos do processo científico é uma dimensão essencial para realizar trabalhos com qualidade científica e aprender a pensar. Pardal e Correia por seu lado entendem-na como sendo,

(…) um vocábulo utilizado com diversos sentidos, sendo, por esse facto, portador de não pequena ambiguidade. No uso corrente, aparece não apenas associado à ciência que estuda os métodos científicos, como a técnicas de investigação e, até mesmo, a uma certa aproximação da epistemologia. (1995:

p. 12)

Parecendo-nos portanto a recolha de dados o que melhor se adequava a esta investigação.

(44)

29

III.I. Questão inicial

A definição do problema constitui a primeira fase na elaboração de um projeto ou concretização de uma investigação.

Na esteira de Sousa (2009: p. 43), o problema define o objetivo da investigação,

desenrolando-se toda a investigação com o propósito de descobrir a resposta para essa pergunta.

Para desempenhar corretamente a sua função, a pergunta de partida deve apresentar determinadas qualidades que têm a ver com: a clareza, (ser precisa, concisa e unívoca); a exequibilidade (ser realista) e a pertinência (ser uma verdadeira pergunta e ter uma intenção de compreensão dos fenómenos estudados), isto é, deve deixar transparecer que o problema que traduz é um problema significativo. Uma pergunta com estas características contribui para a exequibilidade da pesquisa, muito embora isso não seja um dado adquirido automaticamente, pois consegui-lo depende também dos meios e disponibilidade de dados que o investigador dispões e, igualmente, da sua experiência e conhecimento na área. (Cunha. 2009: p. 43-44)

A pergunta ou questão que inicialmente se nos colocou foi a seguinte:

- O Turismo Paranormal pode ter uma promoção mais eficaz quando a ele se associa a Animação?

Como forma de “dar vida” a zonas com este tipo de riqueza paranormal, talvez fosse interessante explorá-las com esta recente forma de Turismo. Mas, de forma a torná-lo inovador, foi decidido aliar o Turismo à Animação para o desenvolvimento deste projeto de Animação Turística Paranormal.

Em Portugal, seria novidade quer fosse abordado pela temática turística e no mundo pela sua interação com a Animação. Isto porque, em Portugal não existe este tipo de Turismo e no mundo não existe Animação Turística Paranormal daí também não ser possível implementar apenas a animação paranormal.

Imagem

Figura 1 - Materialização
Figura 3 - Entrada principal do casino de Pedras Salgadas
Figura 4 – Vista frontal do Palácio de Mateus
Figura 6 – Vista frontal do Hotel Avenida
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Referências

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