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Considerações finais

Anexo 5 Notas de Campo

Dia 1º 17 de Setembro de 2010 – Vila Real

Após ser informado por uma amiga de idade avançada sobre o Palácio de Mateus ser assombrado, resolvi ir para o terreno. Vila Real.

Acabei de fazer uma visita guiada pelo interior do Palácio de Mateus, após visitar os jardins. O ambiente é simplesmente perfeito para o projeto pretendido. As largas e quase vazias salas dão a sensação de solidão, apesar da presença dos meus amigos e da guia. Os quadros parecem seguir-nos com o olhar. Absolutamente perfeito!

Na biblioteca o ar é preenchido com o cheiro de livros velhos. Muito creepy.

Acabada a visita encontrei uma senhora de idade, faz-tudo do Palácio, e depois de me apresentar perguntei se sabia de algum caso de assombração no Palácio.

Ela disse que já trabalhava há muitos anos no Palácio e que não se habilita a andar ali a partir das 17h/18h.

Diz que já viu gatos estranhos, cães de olhos vermelhos, que antes na adega tudo abanava quando alguém entrava, inclusive as enormes vasilhas. Mas a mais comum é o famoso Perna de Prata. Um antigo dono do Palácio que perdeu a perna na guerra e lhe foi substituída por uma em prata. Ouve-se o bater da prata no soalho de madeira, mas ela também já o viu. Vestido com roupa de época e com a perna de prata.

Eu, na tarde que passei no Palácio, nada vi ou ouvi. Sentir sim, mas essas sensações são subjetivas visto que estava um pouco influenciado devido ao que tinha lido e que me tinham contado informalmente.

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Dia 2º 24 de Setembro de 2010 – Pedras Salgadas

Quando fiz o levantamento dos locais pela internet, na altura do seminário no primeiro ano de mestrado, um colega tinha-me falado nas termas das Pedras Salgadas. Que eram assombradas, mas mais concretamente o Casino.

Então, hoje decidi visitar as termas e obviamente o Casino.

Após uma visita pelas imediações pude ver que o ambiente é muito estilo filme

de terror em florestas. Há vegetação por todo o lado, e o facto de estar um pouco

abandonado, deixa tudo mais bizarro. Aquelas pequenas estátuas que se destacam no meio da densa vegetação, à noite, devem dar grandes sustos aos transeuntes.

Após passar o hotel, dou de caras com o Casino. A arquitetura é típica de uma casa assombrada que nos remete para a época vitoriana. Fomos informados pela receção das termas que não poderíamos visitar o Casino, porque estava cheio de tralha. É pena. O ambiente exterior é muito interessante e o que procuro para o projeto. Gostaria também de ter podido ver o interior.

Sobre as assombrações, ninguém me soube dizer nada. Apenas que é assombrado. Ainda questionei se tinham visto alguma coisa, mas responderam-me que não, apenas que tinham ouvido que é assombrado.

Isto leva a crer, que, talvez, seja a própria arquitetura do Casino que assusta as pessoas e as leva a crer ser assombrado.

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Dia 3º 7 de Outubro de 2010 – Vidago

Hoje decidir visitar Vidago e os seus muito falados dois hotéis assombrados – Salus e Avenida.

Duas amigas resolveram fazer-me companhia – Liliana e Josefa.

Hotel Salus

É uma excitação ver o edifício destruído do hotel Salus a surgir do meio das árvores à medida que nos aproximamos. Entrando pela porta principal, pode observar-se que se encontra praticamente desfeito e é perigoso andar, visto que o incêndio destruiu parte das vigas. Ainda assim, depois de ver o primeiro andar, resolvemos visitar os restantes dois. O que está em melhor estado é o último, apesar do telhado que caiu bloquear parte do hall. Há muitas paredes grafitadas. Numa das do último andar, tem escrito SALA DA MORTE e uma seta aponta para a sala ao lado. Nessa sala encontrámos no meio das folhas secas, preservativos usados, velas de cemitério, um crucifixo de madeira, manchas vermelhas nas paredes e um pouco no chão (possível sangue?).

De referir que não há nenhuma mobília o interior, com a exceção de um sofá desfeito no hall de entrada.

Nadavimos lá dentro, apenas sentimos o ambiente pesado (dor de cabeça, aperto no peito). Foram ouvidos barulhos, mas visto haver correntes de ar e não ser isolado, é bastante normal ouvir barulhos.

Ao sair, encontrámos a entrada de um túnel subterrâneo, mas preferimos não entrar, visto ser escuro e não saber que tipo de animais (cobras) vamos encontrar...

Resolvemos então, falar com duas senhoras de idade que encontrámos no centro da vila. Disseram que não sabiam que hotel era o Salus, mas assim que disse que era

aquele hotel velho que está em frente ao Hotel Palace, já me responderam que sabiam

sim. Disseram que tinha ardido. Perguntei se sabiam de alguma morte, responderam-me que não, mas que era possível ter acontecido. (Não encontrei registo algum de mortes no incêndio do hotel). Perguntei então se era realmente assombrado. Responderam, após alguma hesitação, que sim. Que se ouvia uma máquina de costura a costurar, vozes de pessoas, e um piano que toca, mas tudo isso à noite. (Talvez volte um dia à noite para confirmar as histórias). Perguntei também se alguma das duas ouviu isso que referiram,

82 uma delas disse que há uns anos, ia a fazer uma caminhada noturna com uma amiga e que ouviram pessoas a falar – Até pensei serem drogados. Mas aí ouvi um piano a tocar

e então vi que o que diziam eram verdade.

Hotel Avenida

Após investigar o Hotel Salus, partimos para o Avenida. Encontrámos uma senhora a varrer umas folhas numa casa vizinha. Resolvi, então, fazer-lhe umas perguntas. Comecei por me apresentar e perguntei o que sabia do Hotel Avenida. Disse que pouco, só sabia que estava fechado. Perguntei se poderíamos entrar para dar uma vista de olhos, ela disse que sim, que havia umas portas abertas nas traseiras e que mais pessoas entram para ver. Perguntei se já tinha ouvido algo sobre ser assombrado. Ela, apesar de não estar muita disposta a falar do assunto de início, mas acabou por se sentir um pouco mais à vontade, depois de eu referir que não estava a julgar nada, apenas a investigar para um trabalho. Referiu que as pessoas dizem ver e ouvir coisas vindas de

lá de dentro e que ela própria já viu vultos a espreitar na janela, cortinas que mexem de

dia ou de noite. Referiu também que já viu luzes a acender à noite, apesar do hotel ter a luz elétrica desligada.Perguntei se sabia de alguma morte no hotel ou algo que levasse a esses fenómenos, ela respondeu que não.

Despedimo-nos da senhora e resolvemos entrar no hotel, pelas traseiras referidas pela senhora. Deparámo-nos com muitas portas abertas. A Josefa então pergunta-me:

Começamos por onde? De repente, sem vento algum, uma porta abre-se. E eu disse: Por ali. Entrámos e vimos uma espécie de cozinha, com uma adega e uma sala com roupa.

O ar era quase impossível de respirar, devido ao pó que havia no ar. Fomos explorar o salão de jantar, aí a Josefa referiu estar a sentir-se muito mal e que queria sentar-se, que não conseguia respirar e que estava com tonturas. Sentámo-nos com ela um pouco e, não mais de 10 segundos depois, ela diz: Já não sinto nada de nada. Estranho.

Passámos a receção, subimos as escadas e fomos dar ao hall dos quartos. Havia sanitas partidas espalhadas pelo hall. Nos quartos havia mobília (como em todas as divisões), peluches, roupa, chaves espalhadas pelo chão dos vários quartos. Num dos quartos, ouvimos passos e pessoas a falar, pareceu O meu quarto é este. Até

amanhã.Nitidamente uma voz de homem, espreitámos e vimos uma porta bater, mas

ninguém no corredor. Então, dirigimo-nos á porta que bateu, abrimo-la e não vimos nada no quarto, nem na casa de banho. Apesar da reticência das minhas colegas,

83 acabámos por subir umas estreitas escadas, onde fomos dar a um quarto minúsculo, apenas com uma cama e um baú e uma entrada para uma espécie de sótão. A Liliana gritou: Está alguma coisa ali. E apontou para a escuridão do sótão. Eu e a Josefa, apesar de não termos visto nada, decidimos que devíamos sair porque já tínhamos visto tudo. Saímos. Fiquei confiante de que este, seria um bom local para desenvolver este projeto, devido às experiências “supostamente paranormais” que tivemos.

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