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Alteração na produção de torque e parâmetros aeróbios e anaeróbios durante uma temporada de futsal

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

ALTERAÇÃO NA PRODUÇÃO DE TORQUE E PARÂMETROS AERÓBIOS E ANAERÓBIOS DURANTE UMA TEMPORADA DE FUTSAL

Campinas 2016

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NATHÁLIA ARNOSTI VIEIRA

ALTERAÇÃO NA PRODUÇÃO DE TORQUE E PARÂMETROS AERÓBIOS E ANAERÓBIOS DURANTE UMA TEMPORADA DE FUTSAL

Tese apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Doutora em Educação Física, na Área Biodinâmica do Movimento e Esporte.

Orientador: Prof. Dr. Sergio Augusto Cunha

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA NATHÁLIA ARNOSTI VIEIRA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. SERGIO AUGUSTO CUNHA.

Campinas 2016

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COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Sergio Augusto Cunha (Orientador)

Prof. Dr. Miguel de Arruda Prof. Dr. Antonio Carlos Gomes Prof. Dr. Charles Ricardo Lopes Prof. Dr. Felipe Arruda Moura

Ata da defesa com as respectivas assinaturas encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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RESUMO

O futsal é uma modalidade esportiva que apresenta alternância entre momentos de alta e baixa intensidade, além de apresentar diferentes ações como acelerações, desacelerações e mudanças de direções. O objetivo geral do presente estudo foi investigar as alterações na produção de torque, parâmetros fisiológicos, quantificação e intensidade do treino de atletas de futsal durante uma temporada de treinamento monitorado. Participaram do presente estudo oito atletas de uma equipe profissional de futsal masculino que disputa a primeira divisão do campeonato paulista. Ao longo de dezoito semanas de treinamento, os atletas foram submetidos a três períodos de avaliações, iniciais (A1), após 6 semanas (A2) e após 18 semanas (A3). Foram realizadas 131 sessões de treinamento e ao final de cada sessão foi apresentada a escala de percepção subjetiva de esforço (PSE) sendo possível, a partir da PSE, avaliar a intensidade de treinamento. Quantificou-se também o volume de treinamento (minutos) realizado em cada uma das sessões e o conteúdo de treinamento trabalhado. Em cada um dos períodos de avaliações foram realizadas coletas referentes ao lactato mínimo e à avaliação isocinética. O protocolo de lactato mínimo foi composto por duas fases, sendo a primeira chamada indução à hiperlactacidemia, na qual o RAST test foi executado, e a segunda chamada fase progressiva. Na fase progressiva os atletas executaram corridas “vai-e-vem” 20m, em intensidades progressivas (entre 8,5 e 14,5 Km/h) distribuídas em estágios, com duração de três minutos cada. A avaliação isocinética consistiu em 1 série de 5 repetições máximas de extensão/flexão do joelho unilateral de forma concêntrica, tanto com o membro dominante como não dominante, na velocidade angular de 60°•s-1 através de um dinamômetro isocinético (Biodex System Pro4). Os parâmetros

analisados:1. velocidade do lactato mínimo, 2. concentração do lactato na velocidade do lactato mínimo, 3. tempo pós atingir a velocidade do lactato mínimo e 4. pico de torque, foram comparados nos diferentes períodos de avaliação através da ANOVA one-way de medidas repetidas e teste post hoc de Tukey. O nível de significância adotado foi p<0,05. Com relação a intensidade analisada pela PSE os escores permaneceram entre 3 e 5 durante as semanas avaliadas. O volume de treinamento, com exceção da primeira semana que apresentou valores próximos a 110 minutos, apontou valores oscilando de 50 a 75 minutos. O conteúdo de treinamento trabalhado constituiu-se de 67% do tempo caracterizado por atividades que envolveram componentes do futsal. A velocidade do lactato mínimo, a concentração do lactato na velocidade do lactato mínimo e o pico de torque de extensores e flexores não apresentaram diferenças estatísticas entre as avaliações. Já na concentração do lactato na velocidade do lactato mínimo, foi possível observar uma melhora estatística da A1 em relação a A2 e A3. Os processos de avaliações foram eficazes na quantificação dos parâmetros aeróbios e anaeróbios bem como na determinação da produção de torque. Porém, os baixos escores apresentados pela PSE e a manipulação dos métodos de treino não foram efetivos para que uma melhora significativa das capacidades avaliadas fossem encontradas.

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ABSTRACT

Futsal is a modality that has alternation between moments of high and low intensity, additionally presents different actions such as accelerations, decelerations and changes of directions. The aim of this study was to investigate the changes in torque production, physiological parameters, quantification and training intensity of futsal athletes during a monitored training season. Eight professional futsal athletes from the first league of Paulista’s Championship team participated of this study. Throughout eighteen weeks of training, the athletes were evaluated in the initial week (A1), after 6 weeks (A2) and after 18 weeks (A3).131 training sessions were performed, at the end of each session the rating of perceived exertion (RPE) was presented, being possible to evaluate the intensity of training. It was also quantified the training volume (minutes) performed in each session and what kind of training content was carried. For each evaluation period the following measures were performed: (a) lactate minimum protocol composed of two phases: the first called inducing the hyperlactacidemia, in which the RAST test was performed, followed by the progressive phase after 8 minutes of passive recovery. In the progressive phase, athletes performed runs "back-and-forth" 20m in progressive intensities (between 8.5 and 14.5 km / h) distributed in stages, lasting three minutes each. (b) Isokinetic evaluation consisted of 1 serie of 5 maximum repetitions of extension/flexion of the unilateral knee in concentric mode, with both the dominant and non-dominant member at an angular velocity of 60°•s-1 using an isokinetic dynamometer (Biodex System Pro4). The analyzed parameters as lactate minimum speed, lactate concentration at lactate minimum speed, time after reaches the lactate minimum speed and peak torque were compared in different evaluation periods by one-way ANOVA repeated measures and Tukey's post hoc. The level of significance adopted was α<0.05.Regarding to intensity analyzed by RPE the scores remained between 3 and 5 during the evaluated weeks. The volume, except the first week that presents values close to 110 minutes, showed values ranging from 50 to 75 minutes. The training content carried presented in 67% of time as feature activities involving futsal components. The lactate minimum speed, lactate concentration in lactate minimum speed and peak torque of extensors and flexors showed no statistical differences between evaluations. While the lactate concentration in lactate minimum speed was possible to observe an improvement when compared A1 in relation to A2. The evaluations processes were effective in quantifying the aerobic and anaerobic parameters as well as the determination of torque production. However, the lower scores presented by RPE and manipulation of the training methods were not effective for a significant improvement of the capacities analyzed.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Figura ilustrativa da cinética lactacidêmica durante a aplicação do protocolo de lactato mínimo.

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Figura 2: Especificações do dinamômetro isocinético. 23

Figura 3: Semanas de treinamento, momentos de avaliações e monitoramento do treinamento ao final de cada sessão.

24 Figura 4: Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (Foster, 1998). 25 Figura 5a: As três fases do teste de lactato mínimo e as respectivas [Lac] em

cada fase.

28 Figura 5b: Ajuste polinomial de segunda ordem, ‘lactato vs tempo’,

determinando a [Lac] mínima no tempo.

28 Figura 5c: Regressão linear ‘intensidade vs tempo’, identifica a velocidade de

exercício correspondente ao tempo que ocorreu a mínima [Lac].

28 Figura 6a: Série de cinco repetições de flexão/extensão determinando o início

e o fim de cada repetição.

30 Figura 6b: Repetições normalizadas para analisar padrão de execução de

todos os atletas em um ciclo de 0 a 100%.

30 Figura 6c: Determinação do máximo e mínimo de cada repetição. Máximo

corresponde a extensão e mínimo a flexão.

31 Figura 7: Volume semanal médio durante as 18 semanas de treinamento. 32 Figura 8: Intensidade semanal média durante as 18 semanas de treinamento. 33 Figura 9: Distribuição do conteúdo de treinamento aplicado aos atletas

durante as 18 semanas de treinamento.

34 Figura 10: Distribuição do conteúdo de força aplicado aos atletas durante as

18 semanas de treinamento.

35 Figura 11: Velocidade do lactato mínimo nas três diferentes avaliações. 36 Figura 12: Concentração de lactato na velocidade do lactato mínimo nas três

diferentes avaliações.

36 Figura 13: Tempo de execução do teste progressivo após atingir a velocidade

do lactato mínimo nas três diferentes avaliações.

37 Figura 14: Torque máximo dos extensores da perna direita nas três diferentes

avaliações.

38 Figura 15: Torque máximo dos extensores da perna esquerda nas três

diferentes avaliações.

38 Figura 16: Torque máximo dos flexores da perna direita nas três diferentes

avaliações.

39 Figura 17: Torque máximo dos flexores da perna esquerda nas três diferentes

avaliações.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Características do conteúdo e treinamento segundo sistema energético e capacidade biomotora predominante.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 10

2. OBJETIVO ... 13

3. REVISÃO DE LITERATURA ... 14

3.1 Caracterização do Futsal ... 14

3.2 Monitoramento e Controle do Treinamento ... 17

3.3 Lactato Mínimo ... 20

3.4 Dinamômetro Isocinético ... 22

4. MÉTODOS... 24

4.1 Abordagem Experimental para o Problema ... 24

4.2 Sujeitos ... 24

4.3 Procedimentos ... 25

4.3.1 Monitoramento do Treinamento... 25

4.3.2 Conteúdo do Treinamento ... 26

4.3.3 Avaliação do Lactato Mínimo ... 26

4.3.4 Avaliação Isocinética ... 28 4.4 Análise Estatística ... 31 5. RESULTADOS ... 32 6. DISCUSSÃO ... 40 7. CONCLUSÕES ... 49 8. APLICAÇÕES PRÁTICAS ... 51 9. ESTUDOS FUTUROS ... 53 REFERÊNCIAS ... 54

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1. INTRODUÇÃO

O futsal é uma modalidade executada em mais de 130 países, atualmente tem suas regras regidas pela Fédération Internationale de Football Association (FIFA) o que facilita a sua prática com relação à regulamentação de regras. Um jogo é realizado entre duas equipes de cinco jogadores, sendo um goleiro e quatro jogadores de linha.

Modalidade coletiva disputada em quadra, o futsal, está em constante mudança de ritmo, alternando direção e distância de cada ação, estabelecendo contato com a bola em diferentes lugares da quadra e em situações diversas. Alterna momentos de alta intensidade com períodos de média a baixa intensidade, sendo caracterizado assim como uma modalidade intermitente (Pacheco et al., 2009).

Muitos estudos relatam as demandas físicas de uma partida de futsal (Barbero-Alvarez et al., 2008; Castagna et al., 2009), enquanto outros apresentam uma compreensão das demandas de jogo (Barbero-Alvarez et al, 2008; Castagna et al, 2009; Barbero-Alvarez et al, 2009; Dogramaci et al., 2011; Bueno et al., 2014). Variáveis fisiológicas como o cortisol, biomarcador de estresse físico e mental (Moreira et al., 2013; Miloski et al., 2016), frequência cardíaca (Barbero-Alvarez et al, 2008; Bricout et al., 2010; Buchheit, et al., 2012; Oliveira et al., 2013), capacidade aeróbia em diferentes níveis de competição (Castagna et al., 2009; Barbero-Alvarez et al, 2009; Milanez et al., 2011); bem como, a intensidade de treinamento (Milanez et al., 2011; Moreira et al., 2013; Miloski et al., 2014; Miloski et al. 2016) auxiliam no entendimento das demandas dos praticantes.

A contribuição do metabolismo anaeróbio é de suma importância para a execução de ações determinantes para modalidade (Rampinini et al., 2007; Castagna et al., 2009; Barbero-Alavarez et al, 2009; Moreira, et al., 2013; Barbero-Álvarez et al., 2015). Essas ações são determinadas quanto às mudanças de direção, aceleração, desaceleração, mudança de intensidade, distância percorrida e intervalo entre ações (Hoffman et al., 1999).

No mesmo tempo que se faz necessário o treinamento dos parâmetros anaeróbios, para que se possa prescrever treinamento adequado a essa modalidade, os parâmetros aeróbios devem estar bem estabelecidos, pois auxiliam na sustentação do treinamento bem como para que os atletas consigam executar de forma plena as demandas táticas de jogo (Algrøy et al., 2011) e possam se recuperar das ações de alta intensidade realizadas durante uma partida (Hoffman et al., 1999; Faude, Kindermann& Meyer, 2009; Messias et al., 2015; Medeiros et al., 2016).

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As adaptações relacionadas aos metabolismos aneróbios e aeróbios são decorrentes de adaptações relacionadas ao treinamento a que os atletas são submetidos. Eniseler (2005) relata que cada meta de treinamento (técnica, tática e treinamento físico) resulta em um diferente estímulo para os sistemas energéticos e esses estímulos podem influenciar adaptações orgânicas.

A partir do exposto, é importante buscar entender o limite entre metabolismo aeróbio e metabolismo anaeróbio, pois a transição aeróbio/anaeróbio auxiliará na prescrição de uma intensidade ótima de treinamento, bem como atuará como base para avaliar individualmente o desempenho dos atletas (Faude, Kindermann & Meyer, 2009).

O limiar anaeróbio parece ser o mais sensível à alterações em desempenhos que necessitam de esforços intensos (Campos et al., 2016). O teste de lactato mínimo é um dos protocolos utilizados para determinar o limiar anaeróbio. Diferentemente dos outros protocolos, o lactato mínimo permite avaliar as variáveis aeróbias e anaeróbias em uma única sessão, uma vez que consiste em um exercício objetivando induzir a hiperlactacidemia (desempenho anaeróbio), seguido por um exercício incremental (desempenho aeróbio) (Araújo et al., 2014). Além dos parâmetros fisiológicos que norteiam a prática da modalidade é importante ter o conhecimento da produção de força realizada na musculatura do quadríceps e isquiotibiais (Kellis & Katis, 2007). Esses grupos musculares estão envolvidos no movimento de extensão e flexão tanto do quadril quanto do joelho e são os principais responsáveis para a realização de ações como acelerações, desacelerações, mudanças de direção, saltos e chutes (Blache & Monteil, 2011), ações frequentes em uma partida de futsal. Qualquer execução dessas ações é causada por um impulso externo a partir do solo e quanto mais rápida a execução da tarefa em uma atividade de alta velocidade maior será a força aplicada em menor tempo de contato com o solo (Campeiz & Santi Maria, 2013).

Foi possível um notável progresso no entendimento do torque articular em atletas a partir da introdução dos dinamômetros isocinéticos computadorizados. Não há dúvida de que tal instrumentação fornece informações úteis sobre características dinâmicas de ativação muscular, mesmo se essas forem resultado de uma ação particular que raramente é verificada durante a atividade de trabalho ou esportiva (Bosco, 2007).

Estudos da literatura apresentam informações sobre o limiar de lactato em diferentes atividades esportivas ao longo do tempo como no ciclismo (Hirano et al., 2014), corredores recreacionais (Hottenrott, Ludyga & Schulze, 2012), futebol (Jastrzebski et al., 2011; Campos et al., 2016), bem como outros estudos que apresentam dados relacionados ao torque isocinético em atletas de diferentes modalidades como basquetebol, voleibol, futebol e

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handbol (Dauty & Rochcongar, 2001; D’Alessandro et al., 2005; Greig, 2008; Croisier et al., 2008; Ferreira et al. 2010; González-Ravé et al., 2014; Ghrairi, Hammouda & Malliaropoulos, 2014; Śliwowski et al., 2015; Bogdanis & Kalapotharakos, 2016). Entretanto, existe pouca informação disponível a respeito destas variáveis em atletas de futsal (Ferreira et al., 2010) durante uma temporada de treinamento considerando, inclusive, o controle de conteúdo e a intensidade de treinamento (Barbieri et al., 2016).

Nesse sentido, avaliar e monitorar o treinamento no futsal durante dezoito semanas de treinamento, especificamente com a quantificação de parâmetros aeróbios, anaeróbios e força, parece-nos apresentar grande relevância para o progresso, conhecimento e aprimoramento do treinamento e resultados nessa modalidade.

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2. OBJETIVO

O objetivo geral do presente estudo foi:

• Investigar as alterações na produção de torque, parâmetros fisiológicos, quantificação e intensidade do treino de atletas de futsal durante uma temporada de treinamento monitorado.

Os objetivos específicos do estudo foram:

• Avaliar as variáveis fisiológicas para o diagnóstico das condições aeróbia e anaeróbia por meio do teste de lactato mínimo.

• Analisar torque de quadríceps e isquiostibiais por meio do torque concêntrico na velocidade angular de 60º·s-1 utilizando o dinamômetro isocinético.

• Acompanhar um programa de treinamento elaborado para a modalidade, quantificando a intensidade e o volume de treinamento individualmente, analisando as respostas aeróbias e anaeróbias em testes invasivos e os parâmetros de força em diferentes momentos do programa de treinamento.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Caracterização do Futsal

O rendimento físico e as habilidades técnica e tática dos jogadores de futsal são apresentados em uma quadra com dimensões de 40 x 20m. O futsal é uma modalidade esportiva coletiva que contém dois tempos de 20 minutos cronometrados, ou seja, o jogo pode durar de 75 a 85% a mais do que os 40 minutos previstos, dependendo de ações que obrigam a paralisação do cronômetro como laterais, escanteios, faltas e atendimento médico (Barbero-Alvarez et al., 2008). É permitido que cada uma das equipes faça um pedido de tempo em cada período de jogo e os períodos são separados por um intervalo de dez minutos (Barbero-Alvarez et al., 2009; Cbfs, 2015). Durante uma competição um número ilimitado de substituições pode ser executado (Pacheco et al., 2009; Castagna et al., 2009; Miloski et al., 2014). Nesse sentido, a demanda de jogo é mantida em alta intensidade (Barbero-Alvarez et al., 2008).

Ao longo dos últimos anos, o jogo sofreu profundas alterações, apresentando-se hoje, claramente, distinta do que se poderia observar nos primórdios da modalidade (Santi Maria, Almeida & Arruda, 2009). O jogo apresenta uma constante mudança de ritmo, alternando direção e distância de cada ação, estabelecendo contato com a bola em diferentes lugares da quadra e em situações diversas (Freitas et al., 2015).

Uma equipe de futsal compõe-se de cinco jogadores, quatro atuam na linha e um atua no gol. Cada um desses atletas realizam um grande número de ações motoras e técnico-táticas, desta maneira a carga de jogo exigida no organismo do esportista é muito alta (Milanovic et al., 2011). Atualmente, os esforços são realizados em intensidades elevadas e a capacidade que o atleta possui de se recuperar entre os estímulos proporciona uma participação mais efetiva nas ações específicas e nas movimentações ofensivas e defensivas, assegurando um ritmo elevado à equipe durante toda a partida (Castagna et al., 2009). É importante ressaltar que aqui não é descartado o nível das habilidades dos atletas e a motivação (Rampinini et al., 2007).

Estudos relatam que as demandas físicas de uma partida de futsal são maiores do que as demandas físicas no futebol ou em outra modalidade coletiva (Barbero-Alvarez et al., 2008; Castagna et al., 2009).

Diversos estudos apresentam uma compreensão acerca das demandas de jogo, e entre eles destacam-se Barbero-Alvarez et al. (2008); Castagna et al. (2009); Barbero-Alvarez et al.(2009); Dogramaci et al.(2011); Bueno et al. (2014). Determinadas variáveis fisiológicas

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auxiliam na elucidação das necessidades dos praticantes, evidenciando-se o cortisol, biomarcador de estresse físico e mental (Moreira et al., 2013), a frequência cardíaca (Barbero-Alvarezet al, 2008; Bricout et al., 2010; Buchheit, et al., 2012; Oliveira et al., 2013), a capacidade aeróbia em diferentes níveis de competição (Castagna et al., 2009; Barbero-Alvarez et al, 2009; Milanez et al., 2011), e a intensidade de treinamento (Milanez et al., 2011; Moreira et al., 2013; Miloski et al., 2014).

Particularmente quanto às demandas físicas relacionadas com a competição, as análises que têm sido avaliadas são referentes à quantificação da distância percorrida pelos jogadores durante uma partida, à distância percorrida em determinada faixa de velocidade e ao tempo despendido em cada zona de velocidade. Buscar entender essas demandas e compreender a caracterização cinemática dos jogadores durante o processo competitivo pode auxiliar técnicos a estimar de forma mais precisa o perfil físico das competições e formular exercícios de treinamento para ajudar os atletas a enfrentarem os desafios específicos da modalidade (Bueno et al., 2014).

Contudo, por se tratar de uma modalidade de alta intensidade e intermitente, o futsal exige o fornecimento de energia tanto das vias aeróbias quanto anaeróbias (Moreira, et al., 2013), e também necessita da força muscular de membros inferiores no contexto específico de competição em alto nível de exigência (Naser & Ali, 2016).

O metabolismo aeróbio é responsável por 76% de toda a energia utilizada pelo atleta durante a partida (Barbieri et al., 2016), e exigência de VO2, durante o jogo, entre 45ml

kg−1min−1 e 50ml kg−1min−1. Para Hoffmann et al. (1999), uma das principais funções deste metabolismo é auxiliar no processo de recuperação das atividades de alta intensidade, permitindo a manutenção do desempenho esportivo.

Porém, os momentos determinantes do jogo são caracterizados por ações de alta intensidade com curta duração (Barbero-Alvarez et al., 2008; Castagna et al., 2009). Castagna et al. (2009) aponta que a cada 79 segundos o atleta realiza um esforço de alta intensidade. Ainda no mesmo estudo, os autores encontraram a existência de 3 a 4 séries de sprints com tempo de recuperação variando de 20 a 30 segundos, em menor intensidade.

Outro componente analisado nos estudos é força muscular que exerce um papel importante para o desenvolvimento da modalidade, considerando a crescente demanda por altos níveis de força e potência no futsal em ações que envolvem um elevado número de sprints, chutes em alta velocidade, saltos, mudanças de direção, acelerações e desacelerações (Bogdanis & Kalapotharakos, 2016).

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Para que seja possível executar esses movimentos, tanto o membro dominante como o não dominante necessita da força, potência e velocidade muscular dos grupos responsáveis pela extensão e flexão do joelho. Esses grupos musculares são o quadríceps que desempenham a função de estender o joelho para o contato do pé com a bola (Kellis e Katis, 2007), e os isquiotibiais, responsáveis pela flexão o joelho e controle do movimento articular executado (Ferreira et al., 2010).

Nessa direção, variáveis relacionadas às capacidades aeróbia e anaeróbia e aos parâmetros de força são de suma importância para uma melhor caracterização dos atletas, já que, por meio desses dados, treinadores e preparadores físicos obtêm mais subsídios para prescreverem programas de treinamentos específicos.

Entretanto, estudos acerca do futsal têm se mostrado escassos e se restringem a alguns autores específicos do Brasil e da Espanha, países em que o futsal é mais difundido. A relevância dessa pesquisa está em realizar avaliações fisiológicas e biomecânicas específicas ao futsal, quantificando e avaliando os efeitos do treinamento monitorado sobre as condições aeróbia, anaeróbia e parâmetros de força dos atletas.

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3.2 Monitoramento e Controle do Treinamento

A eficiência do processo de preparação dos esportistas deve-se, na sua maioria, à utilização de meios e métodos de controle complexo que direcionará o treinamento, permitindo estabelecer relações entre o treinador e o atleta, facilitando, assim, as resoluções de possíveis problemas encontrados ao longo da preparação dos esportistas (Platonov, 2008). Para Tschiene (1988) o controle a ser exercido durante todo o processo de preparação esportiva ocorre a longo prazo e apresenta características sistêmicas e auto-organizadas, com períodos, etapas e fases que são mutuamente dependentes e se sucedem de maneira estruturada.

O treinamento esportivo tem como um de seus principais objetivos a otimização do desempenho dos esportistas com a intenção de alcançar maiores ganhos especialmente em competições oficiais (Borresen & Lambert, 2009; Platonov, 2008). Destacam-se também, segundo Gomes (2009), a complexidade das tarefas executadas no processo de preparação esportiva e a superação das crescentes dificuldades.

A aplicação dos estímulos de treinamento provoca adaptações. Forteza De La Rosa (2006) afirma que o problema científico do treinamento esportivo é constituído pela relação entre a condição do atleta e os estímulos de treinamento. Gomes (2010) amplia esse entendimento ao apontar que a influência sobre o organismo humano provoca reações e, consequentemente, gera uma adaptação. A partir destes pressupostos, é relevante apontar que estímulos e adaptações estão diretamente relacionados.

A distribuição diária dos estímulos de treinamento deve maximizar a adaptação, ao passo que distribuir os estímulos propositalmente de forma planejada minimiza os riscos de resultados negativos que seriam de se esperar se não acontecesse tal conduta, como lesão por esforço, supertreinamento ou mesmo a estagnação (Algrøy et al., 2011).

É possível entender esses estímulos na relação com volume e intensidade de trabalho (Forteza De La Rosa, 2006). Para Zakharov & Gomes (2003) o volume é caracterizado, geralmente, como indícios externos do exercício, ou seja, duração da execução do exercício, número de repetições, distância total, etc.. No ciclo de preparação o volume é constituído por quantidades de dias de treinamento, sessões de treinamento, dentre outros. O controle do volume tem sido o parâmetro mais bem consolidado quanto a sua mensuração devido às dificuldades metodológicas para controlar outros fatores. Diversos estudos apresentam o entendimento sobre volume de treinamento em períodos de um ciclo completo de treino ou realizados nas diferentes modalidades (Impellizzeri et al., 2004; Manzi et al., 2010; Minganti et al., 2010; Algrøy et al., 2011; Enokesen et al., 2011).

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No que tange a intensidade de treinamento, vem sendo consolidado na literatura que treinar em alta intensidade, tanto para esportes coletivos, como individuais, é componente essencial da melhora do desempenho competitivo (Mohr, Krustrup & Bangsbo 2003; Dupont et al., 2004; Rampinini et al., 2007; DiSalvo et al., 2009; Iaia & Bangsbo, 2010; Enoksen et al., 2011; Manchado-Gobatto et al., 2014; Dantas et al., 2015). A intensidade parece ter maior influência na magnitude de treinamento, induzindo melhora nas respostas adaptativas e de rendimento no exercício (Lehmman et al., 1992; Laursen, 2010; Mujika, 2010; Enoksen et al., 2011; Messias et al., 2011; Vieira et al., 2011). A mensuração das respostas fisiológicas é efetuada para a quantificação da intensidade de esforço, mas também é possível quantificar os parâmetros físicos e percebidos (ex: velocidade de execução de movimento, razão esforço:pausa).

Outro ponto importante a ser considerado objetivando o melhor desempenho esportivo é controlar o que o atleta está executando, pois dessa forma espera-se encontrar o equilíbrio adequado entre os estímulos de treinamento e as adaptações encontradas. Nesse contexto, o monitoramento do conteúdo de treinamento fornece aos treinadores informações relevantes permitindo ajustes entre as sessões, maximizando o desempenho dos atletas (Oliveira et al., 2013; Wilke et al., 2016; Barbieri et al., 2016).

As respostas adaptativas provocadas pelo treinamento são diretamente dependentes dos estímulos de treinamento (Nakamura, Moreira & Aoki 2010; Perandini et al., 2012; Miloski, et al., 2014). A percepção subjetiva de esforço (PSE, como será denominada doravante) da sessão de treinamento proposta por Borg, Hassmén & Lagerström (1987) e adaptada por Foster (1998) é um procedimento útil e não invasivo para quantificar a intensidade de treinamento. A PSE é baseada no entendimento de que o atleta pode perceber intrinsecamente o estresse fisiológico do seu corpo durante o exercício e, assim, ser capaz de ajustar sua intensidade de treinamento usando suas próprias percepções (Borresen & Lambert, 2009).

Para Foster et al. (2001), esse simples procedimento pode ser apontado com uma técnica útil para quantificar a carga de treinamento interna em vasta variedade de aplicações atléticas. Além disso, a PSE pode fornecer mecanismo para quantificar o componente da intensidade do exercício. É uma avaliação da dificuldade geral da sessão e não apenas do último estímulo e é avaliada 30 minutos após o término do treinamento para que um entendimento global da atividade seja realizado.

Mesmo sendo uma ferramenta consolidada na literatura (Foster et al., 2001; Borresen & Lambert, 2009; Miloski, Freitas & Barra-Filho, 2012) atletas de uma mesma equipe

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podem apresentar diferentes respostas a um determinado treinamento aplicado, apresentando um certo grau de variabilidade dentro do grupo (Manzi et al., 2010; Milanez et al., 2011). Porém, devido à elevada aplicabilidade e correlação com variáveis fisiológicas, a PSE vem se tornando uma ferramenta importante para auxiliar a quantificação do treinamento e oferecendo subsídios, de forma direta, para a construção de uma periodização bem controlada (Borin et al., 2010).

Então, o monitoramento do treinamento realizado com o objetivo específico de avaliar o comportamento das respostas dos atletas, das cargas aplicadas e do efeito da carga durante um período de treinamento, proporciona um entendimento do processo de adaptação ao treino.

A partir deste entendimento, a utilização de metodologias específicas e direcionadas à modalidade analisada apresentará informações relevantes com o intuito de direcionar a aplicabilidade do treinamento.

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3.3 Lactato Mínimo

Ao longo dos anos a denominação 'Limiar Anaeróbio' vem sendo estudada por cientistas da fisiologia do exercício por apresentar uma variável confiável na designação da transição metabólica durante uma atividade física.

Inicialmente, a denominação 'Limiar anaeróbio' foi proposta por Wasserman e McIlroy (1964) como sendo correspondente à máxima intensidade de exercício, sendo a solicitação energética abastecida pelo volume de O2, ou seja, uma intensidade ainda realizada

de forma aeróbia. Em intensidades superiores a descrita anteriormente, a produção de lactato ultrapassa a sua remoção, sendo necessária a utilização de reservas anaeróbias para a disponibilização de energia. Nesse sentido, o limiar anaeróbio pode ser determinado por um teste com intensidades progressivas e coletas de lactato sanguíneo após cada estágio realizado. A partir do exposto entende-se que uma das ferramentas mais importantes na busca de identificar a intensidade de esforço nas modalidades esportivas é o lactato sanguíneo.

Tegtbur (1993) apresentou o teste de lactato mínimo que se constitui de uma fase de indução à hiperlactacidemia, seguida por 8 minutos de recuperação e consecutivamente o teste incremental, ou progressivo. Um dos objetivos era o de predizer a máxima fase estável de lactato em um dia de treinamento.

O valor mínimo de lactato encontrado no teste e a intensidade de exercício equivalente a esse ponto apontam hipoteticamente a intensidade de transição metabólica (aeróbia/anaeróbia), representando supostamente a máxima intensidade, na qual produção e remoção de lactato se equivalem, como é mostrado na Figura 1. A transição do metabolismo aeróbio anaeróbio, denominada formato “U”, é encontrada a partir das coletas de amostras de sangue ao final de cada estágio do teste incremental (Tegtbur, 1993; Jones & Dust, 1998, Ribeiro et al., 2008; Faude et al., 2009; Araujo et al., 2014).

Em atletas de quadra, como o basquetebol e o handebol, utilizou-se o RAST (Zacharogiannis, Paradisis & Tziortzis, 2004) na primeira fase do protocolo do lactato mínimo permitindo de forma assertiva a indução da hiperlactacidemia, possibilitando ainda a realização de gestos motores próximos à especificidade da modalidade (Araújo et al., 2006; Roseguini, Da Silva, Gobatto, 2008; Camargo et al., 2013; Araújo et al., 2014).

O teste de lactato mínimo apresenta como vantagem, em relação aos demais, a fácil aplicação, além de maior especificidade, visto que é aplicado no ambiente de treinamento em uma única sessão (Sotero et al., 2007; Johnson, Sharpe & Brown, 2009), sendo dependente das cargas iniciais durante a aplicação do teste incremental (Carter, Jones & Doust, 1999), além de

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identificar a máxima fase estável de lactato sugerida por outros autores (Beneke, 2003; Billat et al., 2003).

Dessa forma, vários estudos apresentam a validade do método de lactato mínimo na identificação da intensidade correspondente ao limiar anaeróbio (Campbell, Simões & Denadai, 1998; Simões et al., 1998; Carter, Jones & Doust, 1999; MacIntosh et al., 2002; Simões et al., 2005; Roseguini, Da Silva & Gobatto, 2008; Santhiago et al., 2008; Zagatto, Beck & Gobatto, 2009; Johnson, Sharpe & Brown, 2009; Camargo et al., 2013; Araujo et al., 2014; Campos et al., 2016).

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3.4 Dinamômetro Isocinético

A modalidade futsal exige de seus participantes a utilização da potência como fator chave para executar chutes, incrementar movimentos com acelerações diversas e mudanças de direção, realizar desarmes e outros movimentos possíveis, como apontam Reilly, Drust & Clarke (2008).

Adicionalmente, movimentações corporais executadas durante um jogo exigem um grande número de contrações musculares com o intuito de manter o equilíbrio e o controle da bola nas diversas situações de ofensiva e defensiva, a partir das atividades já observadas da modalidade que são realizadas em alta intensidade.

Durante uma partida de futsal as habilidades decisivas estão diretamente ligadas com a produção de potência, sendo essa uma capacidade do sistema neuromuscular. Todas essas habilidades decisivas necessitam do atleta um bom nível de força e potência. A capacidade do sistema neuromuscular em produzir força e potência, demonstra ser tão importante quanto a resistência (Requena et al., 2009). De fato, quando atletas são observados durante as competições em que executam atividades de força, pode-se notar que a força é aplicada principalmente nas altas intensidades de velocidade (O’Donoghue, 2001).

A força isocinética foi avaliada em diferentes modalidades esportivas (Yu & Garrett, 2007; Renstrom et al., 2008; Leeet al., 2009; Eitzen et al., 2010; Cheung, Smith & Wong, 2012), não apenas em estudos com prevenção de lesão. Esses estudos trouxeram informações acerca de valores de torque isocinético em atletas de diferentes modalidades como basquetebol, voleibol e futebol (Cometti et al., 2001; Devan et al., 2004; Ferreira et al., 2010; Fonseca et al., 2007; Croisier et al., 2008; Gioftsidou et al., 2008; O’Sullivan et al., 2008; Malý, Zahálka & Malá, 2010), e avaliam também o torque muscular em relação ao treinamento e ao desempenho esportivo em modalidades como basquetebol e futebol (Zakas et al., 2005; Zakas, 2006; Bradic et al., 2009; Requena et al., 2009).

O dinamômetro isocinético mensura o torque resultante produzido pelos grupos musculares em velocidade angular constante e na amplitude de movimento previamente estabelecida (Dvir, 2002). Esse equipamento efetua uma resistência de movimento e a medição do torque só se inicia quando o segmento atinge a velocidade angular predeterminada, no qual, nesse momento, o segmento se moverá em velocidade constante (Pua et al., 2008).

Entre as informações que o dinamômetro isocinético encontra em uma avaliação, estão torque, trabalho e potência. A primeira representa o efeito de rotação da força aplicada por um músculo ou grupo muscular em relação a uma articulação. A segunda é o produto da

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força e do deslocamento na direção daquela força, meio pelo qual a energia é transferida de um objeto ou sistema a outro. E a terceira, é a medida do torque pela velocidade angular (Komi, 2006).

Segundo Dvir (2002), o dinamômetro isocinético é composto por alguns elementos básicos: i) cadeira de posicionamento: local de posicionamento do sujeito para a realização do teste, cintos são posicionados para que a movimentação do tronco seja anulada. Esse elemento apresenta ajuste de altura (alinhamento da articulação do joelho e o eixo do braço de alavanca); ii) braço de alavanca: detém um eixo para o encaixe da unidade de aceitação de força movendo-se por um eixo fixo. É possível regular a altura do implemento; iii) unidade de aceitação de força: elemento metálico posicionado na perna do sujeito. A área onde ocorre a conexão da unidade de aceitação de força e do braço de alavanca é localizada a célula de carga; por fim, iv) célula de carga: converte o sinal de força em um sinal elétrico e esse é transmitido ao computador ocorrendo o processamento do sinal elétrico em torque (Figura 2).

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4. MÉTODOS

4.1 Abordagem Experimental para o Problema

Ao longo de 18 semanas de treinamento monitorado os atletas realizaram 3 avaliações (lactato mínimo e torque isocinético) e foram monitoradas 131 sessões de treinamento, registrando o conteúdo diário, intensidade e volume (minutos). A primeira avaliação aconteceu logo após a apresentação da equipe (A1), a segunda após 6 semanas de treinamento (A2) e a terceira após 18 semanas de treinamento (A3) (Figura 1).

Figura 3: Semanas de treinamento, momentos de avaliações e monitoramento do treinamento ao final de cada sessão.

4.2 Sujeitos

Participaram do estudo 8 atletas (idade: 24 ± 3 anos; estatura: 175 ± 7 cm; massa corporal: 71 ± 8 kg) de uma equipe profissional que disputa a primeira divisão do campeonato paulista, com experiência mínima de 3 anos de prática da modalidade. Os participantes foram previamente avaliados quanto às condições físicas iniciais, para posteriormente serem submetidos ao programa de treinamento monitorado e avaliações. Todos os procedimentos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (protocolo 368/2011).

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Em um primeiro momento a equipe era composta por quinze atletas, porém alguns atletas não conseguiram atingir as exigências mínimas do desenvolvimento do teste do lactato mínimo (n = 3), sendo excluídos da amostra. Na segunda e terceira avaliações, as lesões foram responsáveis pela exclusão de 4 atletas, na segunda avaliação um dos atletas apresentou lesão no isquiotibiais e, na terceira avaliação lesões no joelho, tornozelo e muscular.

Dessa forma, optou-se avaliar apenas os oito atletas que realizaram todas as avaliações e participaram do grande contexto do treinamento proposto pela comissão técnica no intuito de buscar entender as respostas biomecânicas e fisiológicas ao longo das 18 semanas de treinamento monitorado.

4.3 Procedimentos

4.3.1 Monitoramento do Treinamento

Durante as 18 semanas foram monitoradas 131 sessões de treinamento, registrando o conteúdo diário, intensidade e volume (minutos). Após trinta minutos do final da sessão de treinamento, foi apresentada a escala de PSE (Foster, 1998) aos atletas pelo preparador físico. Após esse procedimento inicial, foi perguntado aos atletas 'quão intensa foi a sua sessão?' e foi pedido para que escolhessem um escore que representasse sua percepção de esforço, e que o escore escolhido traduzisse a intensidade da sessão completa do treinamento e não apenas dos últimos exercícios.

Percepção Subjetiva de Esforço

0 Repouso

1 Muito, Muito Fácil

2 Fácil 3 Moderado 4 Algo Forte 5 Forte 6 - 7 Muito Forte 8 - 9 - 10 Máximo

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4.3.2 Conteúdo do Treinamento

Durante as 18 semanas de treinamento o conteúdo foi distribuído e classificado de acordo com a proposta de Gomes & Souza (2008) podendo ser definido como funcional ou neuromuscular. O primeiro engloba as capacidades de resistência aeróbia, anaeróbia e especial, sendo esta última caracterizada por treinamentos técnico-tático em grupo. No segundo, estão inclusas as capacidades de velocidade, força, potência, coordenação e flexibilidade (Quadro 1). Quadro 1: Características do conteúdo e treinamento segundo sistema energético e capacidade biomotora predominante.

Treino Capacidade Biomotora Total de Minutos Trabalhados

F u n ci o n al Resistência Aeróbia 45 Resistência Anaeróbia 300 Resistência Especial 5840 N eu ro m u sc u la r Força 1300 Potência 585 Velocidade 140 Coordenação 400 Flexibilidade 115

4.3.3 Avaliação do Lactato Mínimo

O teste de lactato mínimo consiste em três fases (Figura 5a): Primeira fase – Indução à Hiperlactacidemia – a indução à hiperlactacidemia foi conduzida pela aplicação do RAST test; Segunda fase – Recuperação Passiva – depois da indução à hiperlactacidemia os participantes realizaram uma recuperação passiva de 8 minutos; Terceira fase – Teste Incremental - logo após a recuperação passiva, um teste incremental foi realizado executando corridas ‘vai-e-vem’ de 20m, distribuídas em estágios com duração de três minutos cada um e com velocidades entre 8,5 e 14,5 Km/h que foram controladas com sinal sonoro.

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Foram coletas amostras de sangue (25µ L) extraídas do lóbulo da orelha dos sujeitos da pesquisa, no 5º minuto e no 7º minuto da recuperação passiva após o RAST teste, e ao final de cada estágio incremental. Com as concentrações de lactato sanguíneo obtidas durante a recuperação passiva, e das respectivas intensidades de esforço (ao final de cada estágio incremental) foram gerados ajustes individuais referenciados pela função polinomial de segunda ordem. A partir deste procedimento descrito anteriormente, determinou-se o lactato mínimo pelo ajuste ‘lactato vs tempo’, considerando, além das concentrações lactacidêmicas dos estágios do teste incremental, o valor de lactato pico obtido com a indução à hiperlactacidemia, considerando que o atleta continua produzindo lactato após a atividade. Desse modo, foi determinada a concentração mínima de lactato no tempo ([Lac at LMS] – Figura5b), e após regressão linear ‘intensidade vs tempo’ foi identificada a velocidade de exercício correspondente ao tempo que o lactato mínimo ocorreu (LMS – Figura 5c). A taxa de sucesso (SR) do teste de lactato mínimo foi determinada considerando R2 0.80 em um ajuste

polinomial de segunda ordem, de acordo com Araújo et al. (2007).

Outra análise realizada foi a identificação do tempo em que o atleta consegue permanecer no teste incremental após atingir a LMS (pLMS). Para análise do pLMS foi subtraído o tempo que o atleta demora para atingir a velocidade do LMS do tempo total do teste progressivo. Tais análises implicam na determinação de quanto tempo os atletas conseguem realizar atividades com intensidades acima do limiar.

4.3.3.1 Análise de Lactato por Espectrofotometria

As concentrações de lactato sanguíneo foram determinadas por método enzimático. O sangue (25μL) coletado durante as avaliações foi transferido imediatamente para tubos Eppendorf de 1,5ml contendo 400μL de solução de ácido tricloroacético a 4% (TCA) para sua desproteinização e armazenado a uma temperatura de 2 a 8 ºC. Em seguida os Eppendorfs foram agitados e centrifugados, para posterior retirada de 50μl do sobrenadante em cada uma das amostras, que foram transferidas para tubos de ensaio, sendo adicionados 250μl de reativo (estoque de glicina / EDTA), Hidrazina Hidrato 23-25%, NAD (Beta-Nicotinamide Dinucleotide, SIGMA) e LDH (L-Lactic Dehydrogenase bovine heart – 1000 units/mL, SIGMA) em pH 9,45. As amostras foram encubadas por 1 hora. A concentração de lactato foi determinada 340nm contra a curva de calibração com padrões de 1, 5, 10 e 15mM (Engel & Jones, 1978).

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Figura 5a: As três fases do teste de lactato mínimo e as respectivas [Lac] em cada fase.

Figura 5b: Ajuste polinomial de segunda ordem, ‘lactato vs tempo’, determinando a [Lac] mínima no tempo.

Figura 5c: Regressão linear ‘intensidade vs tempo’, identifica a velocidade de exercício correspondente ao tempo que ocorreu a mínima [Lac]

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4.3.4 Avaliação Isocinética

Foi utilizado para obtenção dos dados o dinamômetro isocinético do tipo Biodex System 3 (marca Biodex Medical Systems, Nova York, EUA), com frequência de aquisição de 100 Hz, em alusão ao torque produzido em contrações voluntárias máximas.

A partir das medições obtiveram-se os dados referentes ao tempo (segundos), torque resultante (N·m), ângulo (°) e velocidade angular (°·s-1), para cada uma das 5 repetições a 60°·s-1, tanto para o membro dominante como para o membro não-dominante. Entende-se que os valores de torque máximo de quadríceps e isquiotibiais nem sempre ocorrem na mesma repetição, e a partir deste entendimento, todas as cinco repetições foram analisadas.

Previamente à elaboração do teste, cada participante realizou um aquecimento de 5 minutos em bicicleta ergométrica (marca Movement), em uma cadência de pedalada de preferência do sujeito.

Em seguida, cada sujeito foi posicionado sentado na cadeira do dinamômetro com a perna fixada pelo tornozelo. A região distal da coxa e o tronco foram fixados e estabilizados por meio de cintos de velcro, prevenindo movimentos acessórios. O eixo de rotação do joelho (parte lateral do côndilo femoral) foi alinhado com o braço de alavanca do dinamômetro.

A ação da musculatura de quadríceps e dos isquiotibiais foram avaliadas com o movimento da articulação do joelho na amplitude de movimento limitada entre 90° de flexão e 0° de extensão, sendo que 0° de extensão foi considerado extensão completa. Foi utilizado o modo concêntrico-concêntrico em que tanto o quadríceps, quanto os isquiotibiais contraíam concentricamente durante os movimentos de flexão e extensão.

Para a familiarização dos participantes ao dinamômetro isocinético foi realizada uma série de cinco repetições submáximas de extensão e flexão do joelho na velocidade de 60°·s-1, seguido por um período de recuperação de 90 segundos e posteriormente a avaliação foi realizada.

Em uma etapa seguinte, a avaliação foi realizada em uma série de cinco repetições de flexão/extensão do joelho no modo concêntrico-concêntrico, na velocidade angular de 60°·s

-1 (velocidade escolhida, pois é indicada para melhor determinação do pico de torque), tanto do

membro dominante como não dominante. Os participantes receberam estímulo auditivo para desenvolver torque máximo a cada repetição.

Os dados foram analisados individualmente em cada série de cinco repetições de extensão e flexão do joelho na velocidade de 60°·s-1 tanto do membro dominante como não dominante. Em seguida foi determinado o início e o fim de cada repetição (Figura 6a). Para que

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fosse possível observar um padrão de execução da avaliação entre os atletas, as repetições foram normalizadas dentro de um ciclo, de 0 a 100% (Figura 6b). Posteriormente, foram determinados os valores máximos e mínimos do ciclo. O valor máximo representa o pico de torque dos extensores (N·m) e o valor mínimo representa o pico de torque dos flexores (N·m) (Figura 6c).

Figura 6a: Série de cinco repetições de flexão/extensão determinando o início e o fim de cada repetição.

Figura 6b: Repetições normalizadas para analisar padrão de execução de todos os atletas em um ciclo de 0 a 100%.

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Figura 6c: Determinação do máximo e mínimo de cada repetição. Máximo corresponde a extensão e mínimo a flexão.

4.4 Análise Estatística

Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade de Lilliefors (p<0.05) para a verificação da sua normalidade. Como apresentaram distribuição normal (p=0.05), os parâmetros analisados (1. velocidade do limiar anaeróbio, 2. concentração de lactato no limiar, 3. tempo pós atingir a velocidade do limiar anaeróbio e 4. pico de torque), foram comparados nos diferentes momentos de avaliação através da ANOVA one-way de medidas repetidas e teste

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5. RESULTADOS

Como segue, a figura 7 apresenta o volume semanal médio de treinamento durante as 18 semanas monitoradas neste estudo. É possível observar que os valores médios semanais de volume são superiores no período preparatório, e uma queda com relação aos valores médios é observada no período competitivo.

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Como segue, a Figura 8 apresenta a intensidade média de treinamento. Apesar de ter apresentado alguma oscilação ao longo do tempo em sua maioria, teve seus valores observados entre 3 e 5. Na PSE tais valores apresentam significado de treinamento moderado e forte, como observado anteriormente na Figura 4.

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A figura 9 apresenta a distribuição total semanal do conteúdo de treinamento, em minutos, ao longo das 18 semanas de treinamento. Nota-se, com excessão da primeira semana, que a grande demanda de treino aplicada aos atletas refere-se ao treinamento técnico-tático. Nas semanas 10 e 16 o treinamento foi dedicado, exclusivamente, ao trabalho técnico-tático. O treinamento de força aparece em segundo plano, quando pensamos em minutos de estímulos aplicados, com excessão das semanas 6, 10 e 16, nas quais não foram aplicados tais estímulos. Os estímulos de resistência anaeróbios, aparecem apenas nas 3 primeiras semanas de treinamento e em menor escala nas semanas 11 e 17. A flexibilidade tem sua demanda concentrada no primeiro bloco, ou seja, no período preparatório. Já a velocidade e a coordenação aparecem de forma diluída ao longo das 18 semanas de treinamento.

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A figura 10 apresenta de forma detalhada a distribuição do conteúdo de força aplicado aos atletas durante as 18 semanas de treinamento. Nota-se que os estímulos executados são de 60%-70% do 1RM e de potência durante toda a temporada estudada. Uma concentração maior do estímulo de força encontra-se no período preparatório de treinamento. No segundo bloco há uma diminuição dos estímulos de força; nas semanas 10 e 16, não houveram estímulos. No primeiro bloco os estímulos são maiores na aplicação de força com 60%-70% do 1RM, já no segundo bloco há uma alternância entre predominância, mas foram encontrados, em maior quantidade de minutos estímulos de potência.

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Os dados encontrados com relação à velocidade do lactato mínimo (LMS) estão demonstrados na figura 11. Nota-se uma queda entre o A1 (10,8 ± 0,3 km/h) e A2 (10,5 ± 0,4 km/h) e em A2 (10,5 ± 0,4 km/h) e A3 (10,5 ± 0,4 km/h) houve um aumento na média do grupo mas não o suficiente para alcançar os valores iniciais (M1), daí ser possível observar que não houve diferença estatística entre os períodos avaliados.

Figura 11: Velocidade do lactato mínimo nas três diferentes avaliações.

A figura 12 apresenta dados relacionados com a Concentração Lactato (mM) na velocidade do limiar ao longo dos diferentes momentos de avaliação. Nota-se que houve diferenças estatísticas de A1 (4,7 ± 1,3 mM) em relação tanto a A2 (3,4 ± 0,7 mM) quanto a A3 (2,7 ± 0,7 mM). Essa diferença sugere que a partir dos conteúdos de treinamento aplicados, a execução de atividades quase que exclusivamente técnico-táticos acarretou melhora na capacidade aeróbia dos atletas ao longo das 18 semanas de treinamento monitorado.

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A figura 13 demonstra o tempo de execução do teste progressivo após atingir a velocidade do lactato mínimo. Nota-se que não houve diferença entre os momentos A1, A2 e A3 (sendo A1 = 9 ± 2 min; A2 = 10 ± 2 min; A3 = 11 ± 2 min). Essa análise possibilitou avaliar o tempo em que os atletas realizam atividades supra limiar, ou seja, atividades de alta intensidade. Nesse sentido, é possível interpretar que o treinamento efetuado foi insuficiente para proporcionar aos atletas a permanência em atividade neste nível de intensidade após atingirem o limiar de lactato, tomado como referencial de intensidade.

Figura 13: Tempo de execução do teste progressivo após atingir a velocidade do lactato mínimo nas três diferentes avaliações.

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A figura 14 apresenta informações dos torques máximos dos extensores da perna direita (TME_D) nos diferentes momentos de avaliação. Nota-se uma queda entre o A1 (245,9 ± 39,9 N·m) e A2 (235,1 ± 41,8 N·m). Em A2 (235,1 ± 41,8 N·m) e A3 (240,4 ± 40,3 N·m) houve um aumento na média do grupo mas não o suficiente para alcançar os valores iniciais (A1), sendo possível observar também que não houveram diferenças estatísticas entre os diferentes momentos avaliados.

Figura 14: Torque máximo dos extensores da perna direita nas três diferentes avaliações.

A mesma oscilação de valores com relação ao grupo foi encontrada para os torques máximos dos extensores da perna esquerda (TME_E) conforme figura 15, não sendo possível encontrar diferenças estatísticas entre os momentos (A1 = 247,8 ± 40,9 N·m; A2 = 238,7 ± 42,9 N·m; e, A3 = 245,5 ± 47,8 N·m).

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Os torques máximos dos flexores da perna direita (TMF_D), figura 16, apresentaram uma melhora ao longo das 18 semanas de treinamento monitorado, A 1= 128,3 ± 17,9 N·m; A2 = 132,6 ± 23,8 N·m; e, A3 = 135,1 ± 23,7 N·m, porém essas melhoras não foram significativas.

Figura 16: Torque máximo dos flexores da perna direita nas três diferentes avaliações.

Os torques máximos dos flexores da perna esquerda (PMF_E), figura 17, voltam a apresentar a mesma oscilação de valores encontrados nos torques máximos de extensores da perna direita e esquerda e também não apresentam diferenças estatísticas. Há uma queda de valores médios entre A1 (131,3 ± 16,5 N·m) e A2 (129,3 ± 20,7 N·m). Posteriormente, os valores médios voltam a subir em A3 (130,3 ± 21,4 N·m), mas os mesmos não alcançam os números iniciais.

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6. DISCUSSÃO

Este estudo foi realizado com o objetivo de investigar as alterações dos parâmetros aeróbios e anaeróbios e produção de torque em atletas de futsal durante uma temporada de treinamento monitorado.

Entre as considerações que estudiosos do treino fazem sobre o processo do treino em si, Stone et al. (1999), Rhea e Alderman (2004), Apel et al.(2011) afirmam que o grande objetivo de uma periodização de treinamento é obter variações e manutenções planejadas das capacidades biomotoras. Lambert & Borresen (2010) apontam um outro objetivo aparentemente menos expressivo, porém de grande importância, que é o objetivo de evitar fadiga decorrente dos esforços empreendidos nas atividades de treinamento e competição. O treinamento esportivo, tomado como um processo multifacetado, deve ser descrito fundamentalmente pelos processos e pelos resultados mensuráveis, como afirmam Impellizzeri et al. (2004); Impellizzeri, Rampinini & Marcora (2005); Miloski et al.(2016). No caso do presente estudo, o processo consistiu-se no volume, intensidade e conteúdo de treinamento aplicado aos atletas, ao passo que os resultados mensuráveis estiveram associados às adaptações induzidas nas diferentes variáveis.

Em decorrência dos resultados obtidos pro meio das coletas de dados observou-se que a partir das dinâmicas de volume, intensidade e conteúdo de treinamento analisados durante as 18 semanas não foi possível encontrar diferença estatística no parâmetro anaeróbio e na produção de torque tanto do grupo de músculos flexores como de extensores do joelho, de ambos os membros. Apenas a concentração de lactato na velocidade do limiar apresentou uma melhora significativa entre avaliações.

A organização da intensidade de treinamento, analisada pela PSE nesse grupo de alto nível de atletas de futsal é relativamente uniforme, tanto no período preparatório como no período competitivo. Os resultados aqui apresentados divergem dos encontrados por Algrøy et al. (2011) nos quais a distribuíção da intensidade é similar durante o período preparatório e competitivo, mas com uma tendência a ter mais sessões com alta intensidade no período competitivo. No estudo de Algrøy e colaboradores foram avaliados atletas profissionais de futebol da Noruega e tal estudo teve como principal objetivo quantificar a distribuição diária da intensidade das atividades realizadas e comparar as características de treino durante a pré-temporada e pré-temporada de treinamento.

No entanto, planejar de forma adequada a intensidade do treinamento implica diretamente nos resultados obtidos pelos atletas (Platonov 2009), pois eles precisam

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desempenhar a forma esportiva em um nível elevado durante várias semanas. Bangsbo et al. (2006), ao avaliarem a preparação da seleção dinamarquesa durante 18 dias em duas fases de 9 dias, relatam que os exercícios de alta intensidade mantiveram-se similares durante as duas fases, enquanto que a quantidade total do volume de treinamento executado foi reduzida na segunda fase. Mujika et al. (2004) enfatizam a importância da manipulação da intensidade, inclusive na fase que precede a competição induzindo adaptações cardiorespiratórias, metabólicas, hormonais e neuromusculares. No presente estudo não foi possível observar a manipulação da intensidade de forma enfática no período predecessor à competição entendido como período preparatório, podendo ser este um dos motivos para que não houvessem adaptações positivas das capacidades biomotoras. Deve-se tomar que adaptações positivas se referem às manifestações ótimas das capacidades biomotoras.

Para Miloski et al. (2014), os escores de PSE encontrados na pré-temporada de jogadores atuantes na liga nacional brasileira de futsal permeavam entre 4 e 6 u. a.. Barbieri et al. (2016) avaliaram atletas semiprofissionais brasileiros durante 12 semanas de treinamento específico, de acordo com o estudo os atletas apresentaram escores de 3 a 5 u. a. em atividades de baixa intensidade (trotes, coordenação, controle de bola) e escores entre 7 e 9 u. a. em atividades de alta intensidade (corrida contínua ou intervalada). Já no presente estudo tanto no período preparatório quanto no competitivo os valores apresentados ficam na margem de 3 e 5 u. a. na escala da PSE. Iaia & Bangsbo (2010), Laursen, (2010) e Mujika (2010) apontam que escores elevados favorecem a melhora de respostas adaptativas das capacidades biomotoras, então as intensidades encontradas no presente estudo (entre 3 e 5), localizadas em um intervalo entre moderado e forte, não condiz com a literatuda quando o objetivo é buscar alterações positivas nas capacidades biomotoras.

Com relação a velocidade do limiar encontrada no teste de lactato mínimo, o presente estudo não apresentou diferença estatística entre as avaliações para essa variável, conforme Figura 11. Seiler & Kjerland (2006) e Algrøy et al. (2011) apontam três zonas de treinamento na PSE que fazem referência ao VT1 e VT2. Essas zonas foram nominadas de

acordo com as características do lactato sanguíneo: i) zona de baixo lactato, ii) zona de acomodação do lactato e iii) zona de acumulação de lactato. O VT1 está localizado entre 4 e 5

u.a. e o VT2 entre 6 e 7 u.a., o primeiro relacionado ao limiar aeróbio e o segundo ligado ao

limiar anaeróbio.

Mujika (2010), relata que treinamentos intensos aplicados de forma a correspoderem com a velocidade do limiar anaeróbio ou executados em intensidade acima da

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velocidade do limiar anaeróbio são mais efetivos quando o objetivo é melhorar respostas anaeróbias e aeróbias e de desempenho em atletas de alto rendimento.

A partir do que foi anteriormente citado e de acordo com os conteúdos de treinamento trabalhados (Figura 6), nota-se que poucos foram os estímulos anaeróbios. Foram 170 minutos na primeira semana, 170 minutos na segunda semana, 70 minutos na terceira semana, 30 minutos na décima primeira semana e 45 minutos na décima quarta semana. A somatória desses estímulos em conexão com a intensidade apresentada pela PSE (entre 3 e 5), parece subsidiar a não alteração do limiar anaeróbio, visto que pelo apresentado por Seiler & Kjerland (2006) e Algrøy et al. (2011) no qual valores acima de 7 u. a. representam atividades acima de VT2, ou seja, atividade anaeróbia.

As equipes nacionais de futsal do Brasil e Espanha venceram juntas 7 das últimas 8 edições do Campeonato Mundial de Futsal que é disputado desde 1989. Os brasileiros foram vencedores 5 vezes, e os espanhóis 2 vezes. Torna-se relevante trazer à tona o conhecimento de estudos realizados com atletas destes países com a finalidade de validar seus referenciais e os achados provenientes destes estudos. Alguns são os estudos em futsal (Aziz et al., 2007; Fernandes da Silva, Guglielmo & Bishop, 2010) que apresentam resultados do limiar anaeróbio analisado em testes incrementais em esteira, porém a comparação dos resultados com os testes de campo deve ser realizada com ponderação, pois se mostra inadequado comparar o teste de esteira com o teste de campo que subestima o limiar, que tenderá a se mostrar de valor menor.

Avaliando atletas profissionais e semi-profissinais da Espanha, Barbero-Álvarez et al. (2009) encontraram para profissionais 12,2 ± 1,6 km/h e para semi-profissionais 12,2 ± 0,7 km/h. Valores similares são apresentados por Castagna et al. (2008) analisando atletas espanhóis da segunda divisão, 12,9 km/h (variando de 10,2 até 15,5 km/h). Já os atletas brasileiros parecem apresentar valores inferiores aos demonstrados acima. Milanez et al. (2011) analisaram atletas da primeira divisão do campeonato estadual e encontraram 11,3 ± 1,1 km/h para os valores de limiar anaeróbio. O presente estudo também avaliou atletas da primeira divisão do campeonato estadual, referente ao campeonato da primeira divisão da Federação Paulista de Futsal, e os valores encontrados são inferiores, quais sejam 10,80 ± 0,30 km/h (A1), 10,46 ± 0.43 km/h (A2) e 10,53 ± 0,42 km/h (A3). O estudo também demonstrou valores inferiores aos encontrados por pesquisadores espanhóis, porém os métodos utilizados para se realizar a análise foram diferentes. É possível considerar então que outros fatores, como o ambiente, as características morfofuncionais, a cultura esportiva, as intervenções dos gestores do treino, os estados emocionais e de motivação, influenciam de forma direta os resultados obtidos.

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Treinamento de alta intensidade altera o limiar anaeróbio, como visto em Bangsbo (2006) e Mujika (2010). Conforme a organização do conteúdo de treinamento apresentado no presente estudo, notou-se que estiveram ausentes estímulos específicos de intensidade planejados objetivamente ao longo das 18 semanas. Quando o treinamento é realizado em intensidades elevadas, é possível encontrar alteração significativa na velocidade do limiar anaeróbio como o caso do estudo de Hottenrott, Ludyga & Schulze (2012). Os pesquisadores avaliaram atletas de corrida recreacionais após 12 semanas de treinamento, sendo que em cada semana eram realizadas quatro sessões de treinamento em alta intensidade e uma corrida adicional. Como resultado da pesquisa, apresentou-se uma melhora significativa na velocidade do limiar (pré = 9,7 ± 2,2 km/h e pós = 11,7 ± 1,8 km/h). Nas coletas realizadas no presente estudo, não foram encontradas diferenças estatísticas entre as avaliações. Então, pode-se considerar que quando os estímulos específicos estão ausentes, também estarão ausentes seus efeitos diretos, como é o caso da melhora de velocidade de limiar, que não ocorreu.

A alta intensidade de treinamento se torna mais significativa do que o alto volume de treinamento, quando a intenção explícita é gerar adaptações positivas das capacidades biomotoras, como se vê nos estudos de Burgomaster et al. (2008) e Soultanakis, Mandaloufas & Platanou (2012). Os autores apontam que certos tipos de treinamento intervalado de alta intensidade podem acarretar mais benefícios do que treinamento de alto volume no desempenho tanto de atletas treinados como não treinados, principalmente durante as fases de competição, corroborando com o observado sobre a falta da aplicação da intensidade nas sessões de treinamento realizadas pelos sujeitos da pesquisa.

O tempo em que o atleta consegue permanecer em atividade após atingir a velocidade do limiar (apresentado pela figura 13), expressa o que foi realizado durante os treinamentos, ou seja, a baixa intensidade das sessões de treinamento demonstrada pelos escores da PSE (Figura 8) e os poucos estímulos realizados em intensidade acima do limiar (Figura 13) não alteraram o tempo em que o atleta permanece em atividade a partir do momento que atingiu a velocidade do limiar de lactato. Também não foram observadas melhoras no tempo de realização da atividade ao longo da temporada analisada (A1 = 9 ± 2 min; A2 = 10 ± 2 min; A3 = 11 ± 2 min). Tendo-se que no futsal os momentos cruciais da partida demonstram alta participação do sistema anaeróbio (Castagna et al., 2009), conseguir manter essas atividades durante um período prolongado e com um desempenho ótimo poderia significar a permanência do atleta em alto desempenho por mais tempo. Como já descrito anteriormente, treinamentos focados na intensidade com características correspondentes à intensidade de VT2 ou intensidade

Referências

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