Sujeição Passiva Tributária
é a situação definida em lei em que a pessoa física ou jurídica se torna obrigada ao pagamento de tributos e eventuais multas e/ou ao cumprimento de deveres instrumentais em benefício do “Estado”
OBS: os acordos particulares sobre o pagamento de tributos não tem o poder de alterar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias
Exemplo: um compromisso de compra e venda de imóvel ou de estabelecimento comercial que atribui a responsabilidade pelas dividas passadas ao vendedor, por exemplo, tem efeito apenas entre as partes e não contra o “Estado” que poderá cobrar do novo proprietário as dívidas passadas
2 Estado (Sujeito Ativo) Contribuinte / Responsável (Sujeito Passivo) + Deveres instrumentais
Definição dos Sujeitos Passivos
(arts. 121 e 122 do CTN)} Contribuinte: sujeito com “relação pessoal e direta com a situação
que constitua o respectivo fato gerador” Alguns exemplos: - proprietário de imóvel urbano – IPTU
- Prestador de serviços – ISS - vendedor da mercadoria – ICMS
- o industrial ou importador no caso de produto industrializado de procedência estrangeira – IPI
} Responsável: pessoa que, mesmo sem ter a “condição de
contribuinte” é obrigada em matéria tributária em razão de disposição expressa de lei
Exemplo: a empresa é responsável pela arrecadação e recolhimento das contribuições previdenciárias dos empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais que lhe prestam serviços (além de suas próprias contribuições como “contribuinte”!)
Substituição Tributária
} Conceito
Transferência de obrigações tributárias próprias do contribuinte, como o pagamento do tributo, para outra pessoa da cadeia produtiva que em razão da lei assume a condição de substituto e responsável tributário de fatos geradores passados
ou ainda futuros e presumidos
} Objetivos
• Facilitar a fiscalização tributária que, em regra, passa a se concentrar já na fase inicial do processo produtivo • Agilizar e adiantar a arrecadação com o pagamento do
tributo, por exemplo, no momento da venda do produtor • Combater eventual sonegação fiscal nas etapas de
comercialização de produtos
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Com substituição Sem substituição
Ilustração de Aldemario Araujo Castro Continuação: Substituição Tributária
} Substituição Tributária “Para trás”
Atribuição ao industrial ou comerciante de responsabilidade em substituição ao contribuinte de direito quanto aos tributos devidos na operação anteriores promovida com a mercadoria ou seus insumos
Exemplo: frigorífico quanto ao ICMS devido pelos vendedores de gado:
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} Substituição Tributária “Para Frente” (E.C. 03/93 – § 7º, art. 150, CF/88)
Sistema utilizado para o recolhimento antecipado de IPI, COFINS e ICMS em diversas atividades econômicas como dos setores de automóveis, tintas, produtos farmacêuticos e combustíveis etc.
ü Principais problemas: valor de revenda ao consumidor final restar inferior ao valor
utilizado como base para o recolhimento antecipado do tributo; não ocorrência do fato gerador futuro presumido, por exemplo, por furto ou roubo da mercadoria
Com substituição
ü Alguns exemplos:
– a industria automobilística é considerada como responsável em substituição quanto aos tributos devidos nas operações futuras, presumindo o preço de revenda do automóvel, por exemplo, ao consumidor final; - A distribuidora de bebidas
recolhe o ICMS devido nas operações futuras de revendas
aos consumidores finais; Modificado de Aldemario Araujo Castro
Capacidade Tributária
} Conceito Capacidade Jurídica
Condição definida em lei para adquirir e exercer direitos e contrair obrigações
} Personalidade e Capacidade Civis
Pessoas Naturais: a personalidade civil começa do nascimento com vida e a capacidade se torna plena, em regra geral, aos 18 anos; Pessoas jurídicas: sua personalidade e capacidade jurídicas são adquiridas
com a inscrição dos seus atos constitutivos no registro competente (Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas ou Junta Comercial)
} A Capacidade Tributária não depende da Capacidade Civil
◦ Serão, portanto, sujeitos passivos em matéria tributária também os menores de idade, as pessoas jurídicas de fato ou irregulares etc. Exemplo: imóvel registrado em nome uma pessoa com 14 anos de idade,
ainda assim ela será considerada contribuinte apesar da menoridade (os pais serão apenas os responsáveis tributários)
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Domicílio Tributário
} Conceito jurídico amplo de direito civil
lugar escolhido como residência ou estabelecimento “definitivo” para manter seus negócios e demais relações civis
} Regra Geral em Matéria Tributária (art. 127 do CTN)
Pessoas Naturais: domicílio como a residência habitual e se esta for incerta, o centro habitual de sua atividade
Pessoas jurídicas e firmas individuais: o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, será considerado o de cada estabelecimento
Exceções
◦ São ainda possíveis definições diferentes das regras gerais acima, de
acordo com leis específicas de cada tributo sendo, nestes casos, considerado como domicílio tributário o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação ◦ Há também a permissão legal para que a autoridade administrativa
recuse o domicílio indicado quando este “impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo” (art. 127, § 2º do CTN)
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Continuação: Domicílio Tributário
} Principais exceções à regra geral sobre o domicílio tributário do
contribuinte-prestador de serviços como critério espacial do fato gerador do ISS (art. 3º da L.C. 116/2003):
◦ Estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço quando incerto o domiciliado do prestador (contribuinte);
◦ Município onde está sendo executado o transporte;
◦ Estabelecimento do tomador da mão-de-obra;
◦ Local de instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas e da execução em si de obras listados na lei;
◦ Local de execução de certos serviços de limpeza como varrição,tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, dentre outros, listados na lei;
◦ Local de execução de certos serviços como decoração e jardinagem e de florestamento, reflorestamento, listados na lei;
◦ Local dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, dos serviços específicos listados na lei;
◦ Local do armazenamento, depósito, carga listados na lei;
◦ Local da execução dos serviços de da feira, exposição, congresso; dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres dos serviços específicos listados na lei;
Continuação: Domicílio Tributário
} Regra anti-elisiva do ISS (L.C. 116/2003):
Art. 4o Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas.
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Solidariedade nas Obrigações Tributárias
} Noção Geral de Obrigação solidária – Código Civil
“Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.”
“Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.”
} Solidariedade tributária no Código Tributário Nacional (art. 124 )
Em matéria tributária, são solidariamente obrigadas “as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal”, além de outras expressamente previstas em lei Exemplos:
- quanto a solidariedade por interesse comum: tem-se os co-proprietários de um imóvel em relação aos deveres do IPTU; - em relação à solidariedade expressa em lei: seriam, em tese,
solidários os sócios, administradores e gerentes de empresas (art. 13 da Lei n. 8.620/93) – porém, essa específica determinação legal tem sido questionada na justiça, sendo aplicada apenas no caso de excesso de poderes!
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Sujeição Passiva Indireta
} Noções gerais
Trata-se da possibilidade da lei transferir em determinadas situações as obrigações tributárias, em especial o pagamento do tributo, a outra pessoa sem relação direta ou interesse comum quanto ao fato gerador } Responsabilidade dos sucessores (arts. 129 a 133 do CTN)
sucessor tributário é a pessoa que ocupa o lugar do sujeito passivo (sucedido) e responde tanto pelos créditos constituídos ou ainda não constituídos se não tiver se extinguido o direito do Estado “cobrá-los” Respondem como sucessores:
◦ o “Adquirente” (novo proprietário) de bens móveis ou imóveis ◦ o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro pelos tributos devidos
pelo “de cujus” (falecido) até a data da partilha, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação ◦ A pessoa jurídica que resultar de fusão, transformação ou incorporação
de outra ou em outra em relação aos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas fusionadas, transformadas ou incorporadas
Continuação:
Sujeição Passiva Indireta
Respondem ainda como sucessores: (...)
◦ o “Adquirente” (novo proprietário) de “fundo de comércio” se
continuar a exploração a atividade econômica ainda que sob outra razão social, firma ou nome individual, sendo responsável tributariamente da seguinte forma:
integralmente, se o “alienante” (pessoa sucedida) “cessar” (parar)
a exploração do comércio, indústria ou atividade econômica em questão
subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão
OBS: Esta forma de responsabilidade não ocorre se a sucessão se der em processo de Recuperação Judicial ou de Falência, nestes casos, desde que o sucessor não seja nenhum dos sócios nem seu parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau!
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Continuação:
Sujeição Passiva Indireta
} Responsabilidade de terceiros
Trata-se da previsão do CTN de outras pessoas que se responsabilizam caso não seja possível exigir a obrigação tributária primeiramente do contribuinte, em razão de sua participação ou omissão na obrigação em atraso
Respondem como “terceiros” segundo o art. 134 do CTN ◦ os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores
◦ os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou
curatelados
◦ os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes ◦ o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio
◦ o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário (empresa em recuperação judicial)
◦ os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos
devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício
◦ os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas
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Responsabilidade por Infrações
} Responsabilidade do contribuinte ou seu representante quanto
◦ ao descumprimento simplesmente das obrigações tributárias em
razão de atraso ou não pagamento (integral ou parcial) por erro não intencional
◦ aos crimes fiscais (casos de evasão fiscal em que há a intenção do
agente em não pagar corretamente o tributo efetivamente devido)
Observações
◦ Há ainda a possibilidade de responsabilização pessoal e direta de
diretores, gerentes, administradores e demais representantes de pessoas jurídicas quando agirem com “excesso de poderes”, ou seja, além ou fora de suas atribuições fixadas, por exemplo, no contrato social ou mandato
◦ Caso ocorra a “denúncia espontânea da infração” e pagamento
integral do débito, antes da denúncia do crime à Justiça pelo Ministério Público, é afastada a responsabilidade criminal do responsável pela infração na esfera criminal