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Capítulo 4
Aplicações da
Derivação
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APLICAÇÕES DA DERIVAÇÃO
Veremos que muitos dos resultados deste capítulo dependem de um fato central, que é chamado Teorema do Valor Médio.
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4.2
Teorema do Valor Médio
Nesta seção vamos aprender sobre a importânciado teorema do valor médio. APLICAÇÕES DA DERIVAÇÃO
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TEOREMA DO VALOR MÉDIO
Para chegar ao Teorema do Valor Médio, precisamos primeiro do seguinte resultado. Seja f uma função que satisfaça as
seguintes hipóteses:
1.ƒ é contínua no intervalo fechado [a, b]. 2.ƒ é derivável no intervalo aberto (a, b). 3.f(a) = f(b)
Então existe um número c em (a, b) tal que
f’(c) = 0.
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Antes de dar a demonstração, vamos olhar os gráficos de algumas
funções típicas que satisfaçam as três hipóteses. As figuras mostram os gráficos destas funções. TEOREMA DE ROLLE
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Em cada caso, parece que há pelo menos um ponto (c, ƒ(c)) onde a tangente é horizontal e, portanto, f’(c) = 0. • Assim, o Teorema de Rolle é plausível. TEOREMA DE ROLLE
Existem três casos:
1. f(x) = k, uma constante2. f(x) > f(a) para algum x em (a, b) 3. f(x) < f(a) para algum x em (a, b)
Demonstração TEOREMA DE ROLLE
f(x) = k, uma constante
• Então, f ’(x) = 0.• Assim, o número c pode ser tomado como
qualquer número
em (a, b).
Demonstração – Caso 1 TEOREMA DE ROLLE
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f(x) > f(a)
para algumx em (a, b)
• Pelo Teorema do Valor Extremo (que podemos aplicar pela hipótese 1), ƒ tem um valor máximo em algum ponto de [a, b].
Demonstração – Caso 2 TEOREMA DE ROLLE
© 2010 Cengage Learning. Todos os direitos reservados. • Uma vez que f(a) = f(b), ela
deve assumir esse valor máximo em um número c no intervalo aberto (a, b).
• Então ƒ tem um máximo local em c e, pela hipótese 2, ƒ é derivável em c. • Portanto, f (c) = 0 pelo Teorema de Fermat. Demonstração – Caso 2 TEOREMA DE ROLLE
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f(x) < f(a)
para algumx em (a, b)
• Pelo Teorema do Valor Extremo, ƒ tem um valor mínimo em [a, b], e como f (a) = f (b), ela assume esse valor mínimo em um número
c em (a, b).
• Novamente, f ’(c) = 0 pelo Teorema de Fermat.
Demonstração – Caso 3 TEOREMA DE ROLLE
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Vamos aplicar o Teorema de Rolle à função posiçãos = f(t) de um objeto em movimento.
• Se o objeto estiver no mesmo lugar em dois instantes diferentes t = a e t = b, então f(a) = f(b).
• Teorema de Rolle afirma que existe algum instante do tempo t = c entre a e b quando f ’(c) = 0; isto é, a velocidade é 0.
• Em particular, você pode ver que isto é verdadeiro quando uma bola é atirada diretamente para cima.
Exemplo 1 TEOREMA DE ROLLE
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Demonstre que a equação x3+ x – 1 = 0
tem exatamente uma raiz real.
Exemplo 2 TEOREMA DE ROLLE
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Primeiro, usamos o Teorema do Valor Intermediário (2.5.10) para mostrar que existe uma raiz.
• Seja t f(x) = x3+ x – 1.
• Então, f(0) = – 1 < 0 e f(1) = 1 > 0.
• Uma vez que f é um polinômio, ela é contínua.
• Assim, o Teorema do Valor Intermediário afirma que existe um número c entre 0 e 1 tal que f(c) = 0.
• A equação dada, portanto, tem uma raiz. Exemplo 2 TEOREMA DE ROLLE
Para mostrar que a equação não tem outra raiz real, usamos o Teorema de Rolle e argumentamos por contradição.
Exemplo 2 TEOREMA DE ROLLE
Suponhamos que ela tenha duas raízes a e b. • Então, f(a) = 0 = f(b).
• Uma vez que f é um polinômio, é derivável em (a, b) e contínua em [a,b].
• Assim, pelo Teorema de Rolle, existe um número c entre
a e b tal que f ’(c) = 0.
• Mas, f ’(x) = 3x2+ 1 1 para todo x (uma vez que x2 0), então f ’(x) nunca pode ser zero 0.
Isso fornece uma contradição. Portanto, a equação não pode ter duas raízes reais.
Exemplo 2 TEOREMA DE ROLLE
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Nosso principal uso do Teorema de Rolle é na demonstração do seguinte importante teorema, o qual foi primeiro enunciado por outro matemático francês, Joseph-Louis Lagrange.
TEOREMA DE ROLLE
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Seja f uma função que satisfaça as seguintes hipóteses:
1. f é contínua no intervalo fechado [a, b]. 2. f é derivável no intervalo aberto (a, b).
Então existe um número c em (a, b) tal que
Ou, de maneira equivalente,
Equações 1 e 2 ( ) ( ) '( ) f b f a f c b a ( ) ( ) '( )( ) f b f a f c b a TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Antes de demonstrar esse teorema, podemos ver que ele é razoável interpretando-o
geometricamente.
As Figuras mostram os pontosA(a, f(a)) e B(b, f (b)) sobre os gráficos de duas funções deriváveis.
TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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A inclinação da reta secante AB é:
• Que é a mesma expressão mostrada no lado direito da Equação 1. ( ) ( ) AB f b f a m b a Equação 3 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Uma vez que f’ (c) é a inclinação da reta tangente no ponto (c, ƒ(c)).
• O Teorema do Valor Médio na forma dada pela Equação 1 diz que há no mínimo um ponto P(c, ƒ(c)) sobre o gráfico onde a inclinação da reta tangente é igual à inclinação da reta secante AB.
TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Em outras palavras, há um ponto P onde a reta tangente é paralela à reta secante AB.
TEOREMA DO VALOR MÉDIO
DEMOSTRAÇÃO
Aplicamos o Teorema de Rolle a uma nova função h definida como a diferença entre ƒ e a função cujo gráfico é a reta secante AB.
Usando a Equação 3 vemos que a
equação da reta AB pode ser escrita como:
Ou como: DEMONSTRAÇÃO
( )
( )
( )
f b
f a
(
)
y f a
x a
b a
( )
( )
( )
f b
f a
(
)
y f a
x a
b a
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Assim, como mostrado na Figura, ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) f b f a ( ) h x f x f a x a b a Equação 4 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Precisamos primeiro verificar que h satisfaz as três hipóteses do Teorema de Rolle.
TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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HIPÓTESE 1
A função h é contínua em [a, b], pois é soma de f e um polinômio do primeiro grau, ambos contínuos.
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A função h é diferenciável em (a, b), pois tanto ƒ quanto o polinômio do primeiro grau são deriváveis.
• De fato, podemos calcular diretamente h’ da Equação 4:
• Observe que f(a) e [f(b) – f(a)]/(b – a) são constantes. ( ) ( ) '( ) '( ) f b f a h x f x b a HIPÓTESE 2
© 2010 Cengage Learning. Todos os direitos reservados. Portanto, h(a) = h(b).
( )
( )
( )
( )
( )
(
)
0
( )
( )
( )
( )
( )
(
)
( )
( ) [ ( )
( )]
0
f b
f a
h a
f a
f a
a a
b a
f b
f a
h b
f b
f a
b a
b a
f b
f a
f b
f a
HIPÓTESE 3© 2010 Cengage Learning. Todos os direitos reservados.
Uma vez que h satisfaz as hipóteses do Teorema de Rolle, esse teorema afirma que existe um número c em (a, b) tal que h’(c) = 0.
• Portanto, • E assim, ( ) ( ) 0 h c'( ) f c'( ) f b f a b a
( )
( )
'( )
f b
f a
f c
b a
TEOREMA DO VALOR MÉDIO Para ilustrar o Teorema do Valor Médio com uma função específica, vamos considerar f (x) = x3– x, a = 0, b = 2.
Uma vez que ƒ é um polinômio, então ela é contínua e derivável para todo x.
Logo, é certamente contínua em [0, 2] e derivável em (0, 2).
• Portanto, pelo Teorema do Valor Médio, existe um número c em (0, 2) tal que f(2) – f(0) = f ’(c)(2 – 0).
Exemplo 3 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
Mas, f(2) = 6, f(0) = 0, e f ’(x) = 3x2– 1. Então essa equação fica
6 = (3c2– 1)2= 6c2– 2
• O que dá c2= , isto é, c = .
• Porém c deve estar em (0, 2); logo, c = .
2 / 3 r 4 3 2 / 3 Exemplo 3 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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A Figura ilustra esse cálculo: a reta
tangente nesse valor de c é paralela à reta secante OB.
Exemplo 3 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Se um objeto move-se em uma linha reta com uma função posição s = f(t), então a velocidade média entre t = a e t = b é
e a velocidade em t = c é f ’(c).
( )
( )
f b
f a
b a
Exemplo 4 TEOREMA DO VALOR MÉDIO© 2010 Cengage Learning. Todos os direitos reservados.
Assim, o Teorema do Valor Médio (na forma da Equação 1) nos diz que em algum
instante t = c e entre a e b a velocidade instantânea f’ (c) é igual à velocidade média.
• Por exemplo, se um carro percorrer 180 km em duas horas, então o velocímetro deve ter passado pela marca dos 90 km/h pelo menos uma vez.
Exemplo 4 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Em geral, o Teorema do Valor Médio pode ser interpretado como se dissesse que existe um número no qual a taxa de variação instantânea é igual à taxa de variação média em um intervalo.
Exemplo 4 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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A grande importância do Teorema do Valor Médio reside no fato de ele nos possibilitar obter informações sobre uma função a partir de dados sobre sua derivada.
• O próximo exemplo mostra esse princípio TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Suponha que f(0) = -3 e f ’(x) 5 para todos os valores de x.
Quão grande ƒ(2) pode ser?
Foi-nos dado que ƒ é derivável (e, portanto, contínua) em toda a parte.
Em particular, podemos aplicar o Teorema do Valor Médio ao intervalo [0, 2].
• Existe então um número c tal que f(2) – f(0) = f ’(c)(2 – 0)
• Logo, f(2) = f(0) + 2 f ’(c) = – 3 + 2 f ’(c) Exemplo 5 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
Foi-nos dado quef ’(x) 5 para todo x. Assim, sabemos quef ’(c) 5.
• Multiplicando por 2 ambos os lados dessa desigualdade, temos 2 f ’(c) 10.
• Então, f(2) = – 3 + 2 f ’(c) – 3 + 10 = 7
• O maior valor possível para f (2) é 7. Exemplo 5 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
O Teorema do Valor Médio pode ser usado para estabelecer alguns dos fatos básicos do cálculo diferencial.
• Um deles é o teorema a seguir.
• Outros serão encontrados nas seções seguintes. TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Se f ’(x) = 0 para todo x em um intervalo (a, b), então f é constante em (a, b).
Teorema 5 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Seja x1e x2dois números quaisquer em (a,
b), sendo x1< x2.
• Como ƒ é derivável em (a, b), ela deve ser derivável em(x1, x2) e contínua em [x1, x2].
Teorema 5 – Demostração TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Aplicando o Teorema do Valor Médio a f no intervalo [x1, x2], obtemos um número c tal que x1< c < x2e f(x2) – f(x1) = f ’(c)(x2– x1).
Teorema 5 – Demostração TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Uma vez que f ’(x) = 0 para todo x, temos
f ’(c) = 0.
Equação 6 fica f(x2) – f(x1) = 0 ou f(x2) = f(x1).
• Portanto, ƒ tem o mesmo valor em quaisquer dois números x1e x2em (a, b).
• Isso significa que ƒ é constante em (a, b).
Teorema 5 – Demostração TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Se f ’(x) = g ’(x) para todo x em um intervalo (a, b), então f – g é constante em (a, b).
Então f(x) = g(x) + c em que c é uma constante.
Corolário 7 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
© 2010 Cengage Learning. Todos os direitos reservados. Seja F(x) = f(x) – g(x).
Então, F’(x) = f ’(x) – g ’(x) = 0 para todo x em (a, b).
• Assim, pelo Teorema 5, F é constante
• Isto é, f – g é constante.
Corolário 7 – Demonstração TEOREMA DO VALOR MÉDIO
OBSERVAÇÃO
É necessário cuidado ao aplicar o Teorema 5.
• Seja
• O domínio de f é D = {x | x 0} e f ’(x) = 0 para todo x em D. 1 if 0 ( ) 1 if 0 | | x x f x x x ! ® ¯ OBSERVAÇÃO
Mas obviamente f não é uma função constante.
Isso não contradiz o Teorema 5, pois D não é um intervalo.
• Observe que ƒ é constante no intervalo (0, )
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Demonstre a identidadetg-1x + cotg-1x = /2.
• Embora não seja necessário o cálculo para demonstrar essa identidade, a demonstração usando cálculo é bem simples.
Exemplo 6 TEOREMA DO VALOR MÉDIO
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Se f(x) = tg
-1x + cotg
-1x, então
para todos os valores de x.
• Portanto, f(x) = C, uma constante.
2 2
1
1
'( )
0
1
1
f x
x
x
Exemplo 6 TEOREMA DO VALOR MÉDIO© 2010 Cengage Learning. Todos os direitos reservados.
Para determinar o valor de C fazemos x = 1 (porque podemos calcular f (1) exatamente).
Então,
• Assim tg-1x + cotg-1x = /2.
Exemplo 6 TEOREMA DO VALOR MÉDIO