I
NSUFICIÊNCIA
RESPIRATÓRIA
AGUDA
E
CRÓNICA
NA
CRIANÇA
Teresa Nunes
Pediatria 5ª ano Outubro 2011 DEPARTAMENTO DE PEDIATRIACLÍNICA UNIVERSITÁRIA DE PEDIATRIA
Insuficiência Respiratória
Incapacidade de efectuar as trocas gasosas de modo a
satisfazer as necessidades metabólicas
PaO2 < 60 mmHg PaCO2 > 50mmHg
Classificação
TIPO I/ II
Insuficiência Respiratória tipo I (hipoxemia)
Insuficiência Respiratória tipo II (hipercapnia com/sem hipoxemia)
Particularidades anatómicas e fisiológicas
Via aérea mais pequena e colapsável
Tórax mais complacente
Músculos respiratórios > fadiga
Diminuição mais acentuada do tónus durante o sono
Menor ventilação colateral alveolar
Superficie alveolar mais pequena
Sistema imunitário menos eficiente
Maior reactividade da via aérea
A criança tem maior susceptibilidade para
desenvolver insuficiência respiratória
Causas de Insuficiência Respiratória
Perturbação da OXIGENAÇÃO Bronquiolite Pneumonia grave Atelectasia Aspiração Edema pulmonar ARDS Sépsis Contusão pulmonar Perturbação da VENTILAÇÃO Hipoventilação central (congénita, drogas) Doenças neurológicas/ neuromusculares
Doenças da parede torácica Aumento resistência das vias
HIPOXÉMIA
Desequilíbrio da relação ventilação/ perfusão (V/Q)
ventilação e fluxo sanguíneo desencontrados nos campos pulmonares relações com pouca ou sem ventilação (V/Q=0) até zonas sem fluxo
(V/Q= infinito).
Shunt
Sangue entra no sistema arterial sem passar pelo pulmão ventilado (shunt intracardíaco/ extracardíaco)
O2 100% não resolve a hipoxémia.
Alterações difusão
HIPERCAPNIA
Hipoventilação alveolar
PaCO2= VCO2 / VA
(VCO2= produção CO2)
Ventilação alveolar (VA) = V min – V m
V min = Frequência respiratória X Volume Corrente
V m = Ventilação do espaço morto
Insuficiência Respiratória- avaliar
In APLS
Frequência Respiratória (FR)
Varia também com a febre, dor e ansiedade. Valorizar a variação da FR ao longo do tempo! Taquipneia acentuada, … bradipneia
Trabalho Respiratório
Adejo
Tiragem supraesternal, intercostal, subcostal, global Uso dos músculos acessórios (balanceio da cabeça) Respiração paradoxal
Volume Corrente
Expansão torácica
Sons respiratórios (estridor, sibilância, gemido, gasping)
Estridor: inspiratório; obstrução vias aéreas superiores Sibilos: Expiratórios; obstrução vias aéreas inferiores Gemido: Ruído expiratório; tentativa de manter o
volume pulmonar no final da expiração (PEEP)
Auscultação
Alarme: Ausência de murmúrio vesicular/
Oxigenação
Oximetria de pulso
Grande valor na avaliação da insuficiência
respiratória- oxigenação
Não é um indicador sensível de ventilação
adequada Limitações técnicas Qdo SpO2<70% Má perfusão/ Choque Outras Hb (Carboxi Hb/ metaHb)
IMPORTANTE RECONHECER
SINAIS DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA (causa mais comum de paragem cardíaca na criança)
Monitorização Degradação Rápida!!
Sinais pré terminais
Bradicardia Cianose Exaustão
Gasimetria
Avalia trocas gasosas
Capilar /arterial/ venosa (pCO2 5-10 mmHg mais elevado) PaO2 na gasimetria arterial
Avaliação metabólica Bicarbonato, lactatos “compensação renal”
Pope, J e col. Pediatrics in Review, 2004
Insuficiência Respiratória Aguda-
Medidas gerais
A
airways
• Manter e restaurar a permeabilidade
da via aérea
B
breathing
• Corrigir a perturbação da ventilação e
oxigenação
C
circulation
• Manter o débito cardíaco e o aporte de
oxigénio aos tecidos
Assegurar a ventilação
Critérios clínicos
Respiratórios: apneia, esforço respiratório não eficaz, exaustão
Cardíacos: assístole, bradicardia ou taquicardia grave SNC: coma, hipertensão intracraniana
Critérios laboratoriais PaCO2 > 55-60 mmHg (>60-65 no RN) PaO2 (FiO2 100%) < 50-60 mmHg (<40-50 no RN)
Insuficiência respiratória
História Clínica Doença actual obstrução nasal, estridor, respiração ruidosa, disfonia, tosse,
polipneia, adejo, tiragem, sibilância, farfalheira
Palidez, cianose, irritabilidade, recusa alimentar, vómitos Contexto epidemiológico de infecção (família, creche), de
contacto com alergénios
Insuficiência Respiratória
História Clínica
Antecedentes Pessoais
prematuridade, displasia broncopulmonar, sibilância recorrente, asma, dificuldades alimentares, refluxo gastroesofágico, má progressão ponderal
Outras doenças crónicas: cardíacas, imunodeficiência, síndromes
genéticos/ polimalformativos
Outros internamentos/terapêuticas
Local de permanência diário (infantário, ama, mãe/avó)
Insuficiência Respiratória
História Clínica
Antecedentes Familiares
Tabagismo (gravidez, pai/mãe, dentro de casa/carro/…) Atopia, asma, rinite/sinusite
Consanguinidade Fibrose Quística
Radiografia de tórax
Deve ser considerada a relação benefício/ risco no pedido de todos os exames com uso de radiação ionizante (tomografia+++).
Hipotransparências
Hipertransparências/ Fuga de ar
-após determinação da causa-
Asma- broncodilatadores, corticóides
Fibrose Quística- broncodilatadores, mucolíticos, antibióticos Laringite- corticóides
Pneumonia- antibióticos
Depressão respiratória por opiáceos- naloxona
Secreções brônquicas abundantes- aspiração, cinesiterapia I. Card. Cong.- diuréticos, vasodilatadores, aminas
Hipertensão pulmonar- vasodilatadores pulmonares ARDS- decúbito ventral
Corpo estranho- broncoscopia
Insuficiência respiratória
Terapêuticas específicas
Insuficiência Respiratória Crónica da
Criança e Adolescente
Quando a insuficiência respiratória persiste
mais do
que um mês
, necessitando de
suporte ventilatório
ou de suplemento de oxigénio
para assegurar as
trocas gasosas necessárias às funções vitais
Insuficiência Respiratória Crónica
Menos provável a deterioração rápida
Repercussões:
Cardiopulmonares (HT pulmonar e cor pulmonale)
Policitémia
No crescimento estaturo-ponderal Neurocomportamentais
Risco de exacerbações com insuficiência respiratória
Insuficiência Respiratória Crónica Bomba Músculos Respiratórios Parede
Torácica Central da Controlo ventilação Pulmão Vias Aéreas Grandes vias Extratorácicas Intratorácicas Pequenas vias Parênquima
Adaptado de Kendigs Disorders of the Respiratory Tract in Children
Falência da “bomba”
Mecanismo principal:
hipoventilação alveolar
Diagnósticos principais:
DNM (distrofia muscular Duchenne, atrofia muscular espinhal,
outras distrofias, miopatias)
Escoliose congénita
Doenças neuro-metabólicas com perturbação do controlo
Falência da “bomba”
Evolução da IR nos Doentes Neuromusculares (DNM)
A. Simonds. Chest 2006
VNI na criança- Que benefícios?
VNI no Sono
Melhoria persiste durante o dia, porque:
> Vol. corrente < microatelectasias melhor V/Q repouso nocturno dos músculos melhora o seu funcionamento
diurno
recuperação da sensibilidade do centro respiratório à
hipercapnia (>vol /min diurno)
Insuficiência Respiratória Crónica
Traqueostomia
Indicações...
Alterações via aérea
Drenagem secreções/ acentuada alteração reflexos
bulbares
Dependência extrema de ventilação
Complicações
Descanulação ObstruçãoVNI crónicos- monitorização
Sonolência diurna, disposição diurna, cefaleias,
rendimento escolar, atenção, irritabilidade, cansaço
Deformação torácica, escoliose, evolução ponderal Gasimetria (pCO2/ HCO3)
Oximetria/ETCo2
Capacidade vital forçada, peak cough flow Polissonografia
Avaliação cardíaca
Adesão à terapêutica (nº horas de VNI/cartão de dados)
DNM
Agudização respiratória
Intervenção
Drenagem secreções-
Tosse assistida (insuflador manual/CoughAssist®).
Optimizar a VNI
mais tempo de ventilação
reduzir a fuga máscara nasaloronasal ajustar parâmetros (se hipercapnia aumentar o
volume/minuto)
Assegurar aporte hídrico adequado
Falência do “pulmão”
Mecanismo principal
:
Desequilibrio da relação V/Q
Diagnósticos:
Displasia broncopulmonar Fibrose quística Bronquiolite Obliterante/BronquiectasiasFalência do “pulmão”
Gold standard da terapêutica: Oxigénio
VNI apenas parecem beneficiar os doentes com: traqueomalácea
hipercapnia marcada
Insuficiência Respiratória Crónica
Terapêutica/Intervenção
Oxigenioterapia de longa duração (OLD)
Ventilação não invasiva (VNI)
Ventilação invasiva por traqueostomia
Técnicas adjuvantes da tosse
Suporte nutricional
Correcção deformidades coluna
Abordagem multidisciplinar
Prognóstico/Implicações
Progresso técnico-centífico
Muitas crianças com doenças crónicas graves e/ou
fatais sobrevivem actualmente até à idade adulta
A possibilidade de estar no domicílio implica “viver
com” suportes de tecnologia de complexidade
variável
TRANSIÇÃO PARA O DOMICÍLIO
ESTABILIDADE CLÍNICA ENSINOS À CRIANÇA E FAMÍLIA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR DISPONÍVEL.