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PROGRAMA DIVERPET: SAÚDE DE CÃES E GATOS E O MEIO AMBIENTE

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Academic year: 2021

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PROGRAMA DIVERPET: SAÚDE DE CÃES E GATOS E O MEIO AMBIENTE

Saúde

Coordenadora da atividade: Eunice Akemi KITAMURA1 Instituto Federal Catarinense (IFC) - Campus Araquari Autoras: Édina de OLIVEIRA2; Karla Rafaela MIRANDA2; Gabriely de Paula MOURA2; Samara Soares LAURINDO2; Eunice Akemi KITAMURA1.

Resumo

Com o aumento crescente no número de animais de estimação no Brasil, intensifica-se também a preocupação com os maus-tratos e abandono de animais e consequentes problemas de saúde pública. Neste contexto, o DiverPet torna-se importante para minimizar esta questão na cidade onde atua. Realizando para isso, ações de extensão com crianças de seis a 10 anos de idade com o intuito de promover o bem-estar animal e humano, saúde animal e o meio ambiente. Estes conceitos são repassados às crianças através da confecção de brinquedos com materiais recicláveis e de baixo custo fundamentados nos conceitos de enriquecimento ambiental para cães e gatos. Estes brinquedos propiciam a estimulação cognitiva, diminuindo possíveis estereotipias e distúrbios comportamentais que afetam a qualidade de vida dos animais e de seus tutores, e que são comumente causas de abandono de cães e gatos. Ao final da ação as crianças respondem a uma avaliação escrita, com o objetivo de se obter uma estimativa mais criteriosa sobre o aprendizado das crianças. Ao longo dos quase dois anos de projeto, já se atingiu 141 crianças do município de Araquari-SC, além de realizações e participações em outros eventos. Todas as ações foram muito apreciadas pelas crianças, comprovando-se através do percentual de 76% de acertos na avaliação escrita e também por seus relatos durante a ação. Além de benefícios para as crianças e a comunidade local, o DiverPet também proporcionou as acadêmicas de Medicina Veterinária a oportunidade de evolução em quanto ser humano, o aprimoramento da escrita e capacidade de transmitir os conhecimentos aprendidos em sala de aula de forma simples e clara às crianças.

Palavra-chave: educação infantil; saúde animal; reciclagem. Introdução

Nas últimas décadas a relação entre os animais de estimação e os seres humanos se intensificou. Constatando-se através de dados do IBGE (2013), onde a população felina e canina em domicílios foi estimada em 22,1 milhões e 52,2 milhões respectivamente. Com isso, alguns pontos tornam-se centrais para garantir que estes animais tenham uma promoção assertiva do seu bem-estar. Uma vez que, a falta de conhecimentos pode levar

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1 Eunice Akemi Kitamura, Profª Drª de Clínica Médica de Pequenos Animais, Medicina Veterinária. 2 Aluna de Graduação, Medicina Veterinária.

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aos maus-tratos, abandonos e problemas de saúde pública consequentemente. Ao refletir sobre esse panorama, o projeto DiverPet torna-se muito pertinente no contexto atual.

O projeto DiverPet, foi idealizado e concretizado por acadêmicas e uma docente do Curso de Medicina Veterinária do segundo semestre de 2017, referente a uma atividade avaliativa do projeto de ensino Veterinário do Bem. Em vista dos bons resultados atingidos, o projeto foi submetido em 2018 ao edital de fluxo contínuo da Coordenação de Extensão do IFC-Araquari sem bolsa e no final de 2018 também foi submetido e aprovado com bolsa nos editais 135/2018-PROEX e 17/2018 IFC-Araquari, tornando-se um programa de extensão e continuando as ações em 2019.

Um dos principais objetivos do programa DiverPet, é orientar a população do município de Araquari-SC de forma que os permita garantir o bem-estar de seus animais de estimação. Em razão disso, as ações do projeto são realizadas com crianças na faixa etária de seis a 10 anos de idade, pois a abordagem com as crianças é a melhor estratégia à longo prazo para alcançar mudanças efetivas (FRASER et al., 2009). Estando as crianças na escola, o local torna-se ideal para a disseminação do tema bem-estar animal (BEA) (LOBO e PAIXÃO, 2008). Se as informações sobre o BEA forem bem repassadas, estimulará os alunos a evoluírem seus conceitos sobre os cuidados adequados com os animais, e como resultado, os casos de maus-tratos e abandono de animais de estimação serão reduzidos (LIMBERT, 2009).

Nas ações as crianças entram em contato com o conceito de enriquecimento ambiental (EA) através da fabricação de brinquedos para seus animais de estimação. Com estes brinquedos fundamentados no EA, pretende-se estimular cognitivamente os animais (WELLS, 2003). Evitando desta forma o surgimento de estereotipias e distúrbios comportamentais, como o ato de correr atrás da cauda, abocanhar objetos imaginários ou comportamentos destrutivos, além de outros como lamber, cavar ou latir, de forma obsessiva, para satisfazer uma necessidade causada por uma frustração, ansiedade e falta de estímulo externo (PERUCA, 2012). Problemas estes que podem diminuir a qualidade de vida dos animais e de seus tutores, levando até mesmo ao abandono de animais. No mercado pet, existem diversos modelos de brinquedos, contudo em sua maioria são pouco acessíveis à população de baixa renda. Pensando nisso, nas ações do projeto DiverPet as crianças produzem os brinquedos para seus animais de estimação exclusivamente com materiais recicláveis e de baixo custo.

Ao utilizar os materiais recicláveis como base do projeto, colabora-se na construção de um futuro melhor para o planeta e as pessoas que aqui vivem. Para isso, o trabalho com

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a educação ambiental é essencial, colocando-se em prática uma ação transformadora da nossa consciência e de nossa qualidade de vida (DIAS, JUNIOR e LEAL, 2016). O DiverPet, estimula as crianças ao ato da reciclagem e a conscientização no descarte adequado na coleta seletiva, evitando a poluição e degradação ambiental.

O programa DiverPet também promove o bem-estar humano através do fortalecimento do laço afetivo entre a criança e seu animal de estimação. Já que, o convívio da criança com os animais promove a edificação de muitas virtudes, como solidariedade, afeto, generosidade e responsabilidade (COSTA-VAL e TATIBANA, 2009).

O objetivo geral é realizar ações de extensão com crianças de seis a 10 anos de idade, do ensino fundamental de escolas públicas e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) no município de Araquari-SC. Ensinando-as a confeccionar brinquedos e objetos para o enriquecimento ambiental de cães e gatos, a partir de materiais recicláveis e de baixo custo. Pratica-se assim, a sustentabilidade em prol da saúde animal e bem-estar animal e humano.

Metodologia

O Programa DiverPet apresenta como público-alvo crianças de seis a 10 anos de idade, cursando o ensino fundamental I na rede municipal de ensino de Araquari-SC. Optou-se por esta faixa etária devido a necessidade de promover um futuro melhor a sociedade associado também a maior participação e demonstração de interesse por parte destes alunos, conforme orientado pela diretora da primeira escola onde realizaram-se as ações.

A escolha das escolas são pela parceria com a Prefeitura Municipal de Araquari e a avaliação por parte das integrantes do programa, referente a quantidade de alunos/crianças que serão atingidos, disponibilidade de horários vagos das alunas de medicina veterinária e coordenadora além da concessão de espaço físico ou sala de aula da escola e o tempo para executar a ação. São realizadas reuniões com a direção da escola, professora orientadora e alunas participantes do projeto definindo as datas das ações.

Antes de ocorrer alguma ação, são encaminhadas autorizações impressas para o uso de imagem das crianças, para assinatura pelos pais ou responsáveis, as imagens são utilizadas em relatórios, apresentações eventos científicos e divulgação no Instagram (@diverpetifc). A identidade visual nas ações é com a camiseta com o logotipo bordado.

Durante o decorrer do programa, são ponderadas as criações de novos brinquedos a serem desenvolvidos. Cada aluna integrante deve apresentar pelo menos dois exemplares

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distintos, de preferência um para cães e outro para gatos ou ambos. Todos os brinquedos são confeccionados com materiais reciclados e de baixo custo, coletados e adquiridos pelos próprios integrantes do programa em supermercados e na residência. Entre eles, destaca-se caixas de papelão, bandeja de papelão para ovos, caixa de papelão para pizza, jornal, tampas de amaciante, sabão líquido, conserva e requeijão, garrafinha de plástico de iogurte líquido, rolinho de papelão do papel higiênico e papel toalha além de materiais diversos de papelaria como papelão, cartolina e papel cartão e bazar/armarinhos adquiridos com recursos próprios.

Atualmente são confeccionados durante as ações os seguintes brinquedos: comedouro para cães, que prolonga o tempo de alimentação; fita e peninha, indicadas para gatos e que estimulam os sentidos e a interação social; toca para gato, que simula o habitat natural com a utilização de esconderijo; tabuleiro damas, indicado para cães e que desenvolve a resolução de problemas; bolinha, indicada para cães e gatos, estimulando a atividade física vinculada a um maior esforço para a alimentação; peixinho, indicado para gatos como forma de expressar o seu instinto natural de caça; rolinho indicado para gatos, que estimula os sentidos; labirinto com a caixa de pizza, indicada para gatos como forma de resolução de problemas; bonequinha com a garrafinha de iogurte líquido recomendado para a ração úmida de cães e gatos, que prolonga o tempo de alimentação; frisbee com prato de papel utilizado para cães estimulando a coordenação motora e atividade física; saturno para cães e gatos, com função alimentar semelhante a da bolinha como petisqueira

Durante a ação quatro alunas envolvidas no projeto DiverPet, atuam na confecção de brinquedos e materiais de enriquecimento ambiental e transmissão de conhecimentos sobre BEA para as crianças. As duas alunas restantes ficam responsáveis pela realização de fotografias, conferência de autorizações, organização do sorteio e auxílio nas mesas. Estes cargos são revezados e redistribuídos durante cada nova ação, de maneira que todas as alunas possam participar de todas as atividades durante a permanência no projeto.

Ao final de cada ação são realizados sorteios de brinquedos confeccionados pelas integrantes, de modo que as crianças possam ter acesso aos itens que foram construídos nas outras mesas. Além disso, são entregues sacolas com os folders de todos os brinquedos e lembrancinhas dos apoiadores que são empresas fabricantes de rações para cães e gatos, que fornecem amostras grátis e materiais informativos. Há o apoio também de uma empresa especializada em desenvolvimento de brinquedos e objetos de enriquecimento ambiental para cães e gatos, que são utilizados como referência na confecção em materiais recicláveis e de baixo custo.

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Desenvolvimento e processos avaliativos

No ano de 2017 o DiverPet realizou duas ações na escola Amaro Coelho em Araquari-SC. A primeira ação ocorreu no dia 27/10/2017 e a segunda no dia 17/11/2017, com a participação de 13 e 17 crianças respectivamente.

Em 2018, o projeto realizou no dia 08/06/2018 um minicurso prático no IFC-Araquari com o tema “Bem-estar e Enriquecimento Ambiental para Cães e Gatos” promovido para os estudantes de Medicina Veterinária. O resultado foi muito satisfatório, uma vez que os alunos demonstraram grande interesse e relataram como esses conhecimentos colaboram na edificação da futura vida profissional, em que poderão prescrever e indicar os brinquedos como parte do tratamento de doenças.

Ainda em 2018, o DiverPet foi convidado para participar da “IV Feira do Meio Ambiente” da escola Rosalvo Fernandes no dia 05/07/2018. Houve duas ações neste dia sendo no período matutino e vespertino, com stand e os brinquedos que foram apresentados para as crianças de todas as faixas etárias da escola.

Na escola Rosalvo Fernandes ainda foram realizadas mais duas ações em 2018, a primeira no dia 21/09/2018 e a segunda no dia 19/10/2018, contando com a participação de 21 e 23 crianças respectivamente.

No ano de 2018 o DiverPet participou da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE) promovida pelo IFC - Araquari, realizando a apresentação oral.

Neste ano de 2019, o projeto executou uma ação no CRAS-Justina Cabral em 27 /03/2019, com 12 crianças e no dia 10/04/2019 no CRAS-Esmeralda Conceição Duarte, com 30 crianças, e em 17/05/2019 ação na escola Rosalvo Fernandes com 25 crianças.

Ao todo o projeto DiverPet contou com sete ações, uma participação na Feira do Meio Ambiente e um minicurso. Atingindo diretamente 141 crianças, além de outras crianças, professores, diretores, pais e colaboradores indiretamente.

Para a avaliação mais criteriosa das crianças, elaborou-se em duas etapas, sendo a primeira o aluno tem que ligar as palavras-chaves do projeto como bem-estar animal e humano, as cinco liberdades dos animais e reciclagem as imagens correspondentes. Já na segunda etapa o aluno deve circular o benefício e os materiais utilizados no brinquedo que confeccionou na ação, constatou nas ações um índice de 76% de acertos na avaliação.

Com todas essas atividades realizadas as acadêmicas participantes do projeto puderam experimentar diversas sensações. Permitindo-se, conhecer novas realidades, de se aperfeiçoar na capacidade de transmitir os conhecimentos aprendidos em sala de aula de forma simples e clara as crianças e aprimorar-se na habilidade da escrita de projetos,

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artigos e resumos científicos. Além disso, a participação em ações de extensão colabora na edificação de determinadas virtudes como a paciência, empatia e solidariedade. É importante salientar que as ações de extensão do DiverPet comunicam o meio acadêmico IFC-Araquari a comunidade, criando assim, uma nova consciência sobre saúde e bem-estar animal, enriquecimento ambiental e meio ambiente.

Considerações finais

Após pouco menos de dois anos de projeto, observou-se através dos relatos de alunos, professores e diretores, além do resultado objetivo das avaliações, que as crianças gostaram muito das atividades. Notou-se como algumas crianças começavam a ação com pré-conceitos e terminavam com conhecimentos sólidos sobre os temas abordados na ação

As acadêmicas de Medicina Veterinária evoluíram como ser humano ao edificar virtudes como paciência, empatia, temperança, afabilidade, disciplina, adaptabilidade e docilidade, com aperfeiçoamento profissional na formação humanística ao aprender a lidar com diferentes públicos, situações, além do refinamento na escrita e apresentação oral.

Referências

COSTA-VAL, A.P.; TATIBANA, L.S. Relação homem-animal de companhia e o papel do médico veterinário. Revista Oficial do Conselho Regional de Medicina Veterinária do

Estado de Minas Gerais, 2009.

DIAS, S,L; JUNIOR, C, S; LEAL, C,A. Educação ambiental: conceitos, metodologias e práticas. 1. ed,Tupã, Anap, 2016.

FRASER, D. et al. Capacitação para implementar boas práticas de bem-estar animal. 1 ed.

Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação: Roma, 2009.

IBGE, Pesquisa Nacional de Saúde: Acesso e Utilização dos Serviços de Saúde,

Acidentes e Violências. Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de

Janeiro: IBGE, 2013.

LIMBERT, B. N. P. Estudo da tríade: educação sanitária, posse responsável e bem-estar animal em animais de companhia em comunidade de baixa renda. Anuário da

Anhanguera, 2009.

LOBO, I. V. P.; PAIXÃO, R. L. A. A construção do conceito da educação humanitária nas escolas: ensinando o bem-estar animal. In. I Congresso Brasileiro de Bioética e

Bem-estar Animal, 2008.

PERUCA, Juliana, Comportamento compulsivo em cães. 2012. 37f. Monografia-Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

WELLS, D.L. The influence of auditory stimulation on the behaviour of dogs housed in a rescue shelter. Animal Welfare, 2003.

Referências

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