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A INCLUSÃO DE ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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273 A INCLUSÃO DE ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Lilian Ravazzi1 Nilton Munhoz Gomes2 Universidade Estadual de Londrina3 Introdução

Ao olharmos para uma pessoa que não conhecemos muitas vezes a julgamos por sua aparência, sua cor, sua raça, seu tipo físico, entre outros atributos que nos influenciam, e após uma prévia análise, tentamos encaixá-la dentro de uma categoria determinada pela sociedade que dita quais padrões devemos seguir.

Como olhamos então, quando vemos diante de nós alguma pessoa com deficiência (seja ela físico, mental ou apenas distante do que consideramos normal)? Olhamos com estranheza, com receio. Por causa desse olhar, a pessoa com deficiência ao longo dos anos, foi vítima dessa diferença.

Ao falar sobre inclusão escolar, vemos alunos com diversos tipos de deficiência inclusos nas escolas, porém excluídos de várias atividades. Isto também acontece durante as aulas de Educação Física. Talvez porque ainda muitos professores visam o rendimento e a perfeição dos movimentos por parte dos alunos, com isso, não conseguem visualizar a participação destes em suas aulas.

Para incluir um aluno com deficiência física em escolas regulares, não basta apenas reorganizar o espaço físico da escola, com rampas para facilitar o acesso, com banheiros apropriados e pessoas disponíveis para qualquer tipo de ajuda nas dificuldades de locomoção, ou de comunicação. É necessário muito mais do que o espaço em si, é necessário que haja mudanças de atitudes, não apenas do professores, mas de todos que compõem um sistema escolar, diretores, coordenadores, funcionários e os demais alunos envolvidos nesse processo de inclusão.

Geralmente as aulas de Educação Física são dinâmicas, exigindo dos alunos uma participação mais ativa, realizando atividades que exijam dele um maior domínio motor com movimentos que muitas vezes são complexos. Quando temos nessas aulas alunos com deficiência física, especificamente neste estudo, alunos com paralisia cerebral (PC) esta participação “ativa” muitas vezes fica abaixo do esperado pelo professor, que conforme já mencionado visa apenas o rendimento e a perfeição de movimentos.

Algumas vezes, ao pensar e querer agir de forma inclusiva, o professor comete o erro de pensar só no aluno com deficiência, adaptando as atividades de maneira que para os demais alunos esta deixa de ser motivante. Inclusão Escolar significa uma escola igualitária para todos os envolvidos independente de sua condição. Muitos estudos têm sido feitos nesta área, porém, seu maior foco de análise está no professor e/ou no aluno com deficiência. Considerando a proposta da inclusão, em que lugar desse processo inclusivo fica a preocupação com os outros alunos que convivem com esse deficiente? Que percepção estes tem acerca a participação do aluno com deficiência nas aulas de educação física?.

1 Graduanda em Educação Física pela UEL - liravazzi@gmail.com

2 Professor Doutor do Departamento de Estudo do Movimento Humano UEL - niltonmg@sercomtel.com.br 3 Instituição de Ensino Superior

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274 Esse estudo justifica-se pela necessidade de analisarmos o aluno que convive com o PC nas aulas de Educação Física, identificarmos se essas aulas e esse convívio contribuem ara o processo de inclusão.

Com isso, o presente estudo tem como objetivo geral levantar as percepções de alunos do ensino regular quanto a presença de alunos com Paralisia Cerebral nas aulas de Educação Física e, como objetivo específico identificar atitudes discriminatórias quanto a presença de alunos com Paralisia Cerebral nas aulas de Educação Física; mostrar os conceitos dos alunos sem deficiência frente a alunos com Paralisia Cerebral e, o posicionamento dos alunos quanto os benefícios da inclusão.

Metodologia

Esse estudo é caracterizado como uma pesquisa descritiva que procura determinar praticas e opiniões presentes de uma população especifica podendo ser utilizada de formas de entrevistas e questionários (THOMAS; NELSON, 2002)

Participaram desta pesquisa alunos matriculados no ensino fundamental (1ª a 5ª série) em escolas regulares da rede municipal do município de Londrina/PR. Para o estudo foi indicado pela Secretaria de Educação do município 3 escolas que atendiam alunos com paralisia cerebral. Nas turmas desses alunos de maneira aleatória foram selecionado 5 alunos, totalizando 15 participantes.

Para a coleta de dados, utilizou-se uma entrevista semi estruturada, contendo 8 (oito) questões abertas e fechadas, adaptada do instrumento de Silva e Gomes (2007). A entrevista foi realizada pela própria pesquisadora após autorização da escola.

A análise dos dados considerou aspectos qualitativos e quantitativos. Para as questões abertas utilizou-se Análise de Conteúdo (Bardin, 2004) criando categorias de respostas e para as questões fechadas verificou-se a frequencia das respostas dadas pelos acadêmicos com interpretação das estatísticas descritivas.

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275 Resultados

Apresentaremos a seguir os dados obtidos nas entrevistas realizadas em três escolas da Rede Municipal de Londrina, totalizando 15 crianças. As entrevistas foram realizadas no período de aula, e somente as crianças autorizadas pelos responsáveis, tiveram os seus dados analisados e categorizados.

Quando os alunos foram questionados se havia em sua sala, algum aluno deficiente, especial ou diferente, dos 15 alunos, 11 responderam que SIM, que havia algum aluno deficiente em sua sala. Outros quatro alunos, responderam que NÃO havia nenhuma criança com deficiência em sala. Algo que chama atenção nessa questão, é que desses 4 alunos que disseram NÃO, 3 são da segunda série. Analisando isso, podemos perceber que nas séries iniciais os alunos não tem uma visão preconceituosa quanto aos alunos com deficiência. Ferreira e Guimarães (2003) confirmam isso quando dizem: “A integração inicia-se nos primeiros anos de vida, quando a criança, nas várias etapas de desenvolvimento, começa a expressar sua maneira de sentir, pensar e agir...”

P – Nas aulas de Educação Fisica que você faz, tem algum assim, diferente de você, com alguma deficiência?

A – Tem o meu amigo (cita o nome que não é o do aluno com deficiência).... ele... não obedece professora e... faz tudo errado, e sempre vem na minha mesa copiar, né?! Mas eu não deixo, eu conto pra professora. Acho que ele vai repetir de ano...

A partir dessa questão, o numero total de crianças, diminui para 11, pois as 4 que disseram não haver alunos com deficiência, deixam de ser o foco da nossa pesquisa. Na segunda questão sobre a participação desse aluno com deficiência nas aulas de Educação Física, 8 crianças responderam que esse aluno participa e 3 responderam que esse aluno as vezes participa. Nenhuma criança respondeu que o aluno com deficiência não participa da aula, demonstrando assim, uma participação efetiva do aluno com deficiência nas aulas de Educação Física.

Quando questionados se o aluno com deficiência utiliza algum recurso ou ajuda durante as aulas de Educação Física, 2 crianças disseram que não. As outras 9 crianças responderam que sim, e citaram a cadeira de roda como recurso utilizado, e 1 aluno, além da cadeira de roda, citou a ajuda da professora assistente.

Os alunos foram questionados também, sobre a ajuda que fornecem ao aluno com deficiência durante as aulas, 6 alunos responderam que sim, que ajudam esse aluno quando ele precisa, e 5 alunos responderam que as vezes ajudam. Todos os alunos respondendo que pelo menos as vezes ajudam o aluno com deficiência durante as aulas, reforça a idéia de quanto a inclusão beneficia a todos que participam desse processo. “... A inclusão de todos, na escola, independente do seu talento ou de sua deficiência, reverte-se em benefícios para os alunos, para os professores e para a sociedade em geral” (Ferreira e Guimarães, 2003)

Todos os alunos entrevistados quando perguntados se o aluno com deficiência atrapalha as aulas de educação física, responderam que não. Alguns citaram que ele não atrapalha porque brinca, porque sempre participa, porque ele ajuda.

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276 Os alunos foram questionados também se gostavam de fazer atividades com o aluno deficiente, e os 11 alunos responderam que sim, que gostam de fazer atividade junto com esse aluno.

P – Você gosta de fazer atividade com ele? A – Sim

P – Por que você gosta?

A – Porque ele é deficiente e tem que ter uma maior cuidado com ele, né!?

P – Você gosta de fazer atividade com ele? A – Gosto

P – Por que que você gosta?

A – Ah...porque as vezes a gente fica carregando a cadeira dele...é legal. Ai a gente faz alguma coisa... as vezes ele cai, e ele da risada. É divertido!

Foram lidas algumas alternativas para os alunos entrevistados, sobre como o aluno com deficiência deveria fazer as aulas de Educação Física, 5 alunos responderam que eles deveriam fazer as aulas em grupo, 5 responderam que deveriam fazer a aula em dupla e apenas 1 respondeu que esse aluno deveria fazer apenas o que conseguisse.

A ultima questão diz respeito ao professor de Educação Física. Foi questionado aos alunos, se o professor de Educação Física ajuda, se faz adaptações nas aulas, para que o aluno com deficiência, possa participar das mesmas. Todos os alunos responderam que sim, que os professores ajudam e adaptam suas aulas para que todos participem. “Para considerar uma proposta de escola inclusiva, é preciso pensar como os professores devem efetivamente capacitados para transformar sua pratica educativa” (Ferreira e Guimarães, 2003)

P- Nas aulas de Educação Física que você faz, o professor de Educação Física ajuda esse aluno com deficiência a fazer as aulas?

A- Sim. Ele faz brincadeira pra todo mundo participar... ele coloca corda pra gente passar por cima, e pra ele passar com a cadeira por cima também. Ele sempre brinca com a gente quando consegue, e ele quase sempre consegue.

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277 Conclusão

Ao coletar os dados, e categorizá-los, pudemos concluir que os alunos não demonstram nenhum tipo de preconceito em relação a inclusão de alunos com deficiência no ensino regular.

Analisar a atitude dos alunos diante do aluno com deficiência acaba remetendo também, a postura que os professores tem diante desse deficiente. Pois se um professor tratar de forma desigual esse aluno, no caso com Paralisia Cerebral, é possível que todos os outros alunos comecem a enxergá-lo com estranheza.

Algo que merece atenção, é a diferença encontrada nas respostas dos alunos da segunda série, e dos alunos da quarta série. Quanto menor a série escolar, notamos uma atitude menos discriminatória quanto a presença de alunos com deficiência nas salas do ensino regular. Para esses alunos, todos são iguais, independente do uso de uma cadeira de roda ou de qualquer outro recurso. Conforme essa série escolar progride, maior é o numero de crianças que cita a presença de alunos deficientes em sua sala.

Ao final desse trabalho, podemos concluir os benefícios que a inclusão, desde os primeiros anos escolares, traz para o convívio de alunos do ensino regular, com alunos deficientes. Esse convívio contribui para que o processo de inclusão, aconteça de maneira natural. Concluímos também que as atitudes dos professores, muito contribui para essa visão igualitária dos alunos diante de alunos com algum tipo de deficiência.

As atitudes dos alunos em nenhum momento mostraram-se discriminatórias, reforçando assim, a idéia central desse trabalho, que tratam da inclusão de alunos com paralisia cerebral nas aulas de Educação Física, não como algo impossível de acontecer, mas como algo completamente viável caso haja um processo inclusivo nas escolas e na sociedade.

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278 Referências

DIEHL, R. M. Jogando com as Diferenças: Jogos para crianças e jovens com deficiência. São Paulo: Phorte, 2006

FERREIRA, M. E. C. ; GUIMARÃES, M. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: DP&A, 2003 BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3.ed. - Lisboa: Edições 70, 2004

THOMAS, J.R.; NELSON, J.K. Método de Pesquisa em Atividade Física. 3. ed. Porto Alegre; Artmed,2002

Referências

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