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REQUERIMENTO. (Do Sr. Deputado Celso Russomanno)

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REQUERIMENTO

(Do Sr. Deputado Celso Russomanno)

Requer o envio de Indicação ao Poder Executivo, relativo à criação de órgão civil para controle do tráfego aéreo.

Senhor Presidente:

Nos termos do art. 113, inciso I e § 1o, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, requeiro a V. Exª. seja encaminhada ao Poder Executivo a Indicação em anexo, dirigida ao Ministério da Defesa, sugerindo a criação de órgão civil para controle do tráfego aéreo de natureza civil.

Sala das Sessões, em de de 2006.

Deputado CELSO RUSSOMANNO

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INDICAÇÃO N

o

, DE 2006

(Do Sr. Deputado Celso Russomanno)

Sugere que o Governo Federal crie órgão civil, vinculado ao Ministério da Defesa, para controle do tráfego aéreo de caráter civil.

Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Defesa:

A par de cumprimentar Vossa Excelência pelo empenho observado na condução dos nobres desígnios da Pasta e pelos resultados obtidos na formulação e execução das políticas de Defesa Nacional, venho sugerir que o Governo Federal crie, no âmbito desse Ministério, órgão de natureza civil para controle do tráfego aéreo civil.

Trata-se da grave questão do controle de tráfego aéreo que assombrou o país desde o lamentável evento de 29 de setembro último, envolvendo uma aeronave Boeing 737/800, em vôo de carreira da empresa aérea Gol, de Manaus para Brasília, que se chocou contra uma aeronave comercial Legacy, nos céus da selva amazônica, com o trágico resultado de 154 mortos.

Parece inviável uma solução a curto prazo para o problema de colapso no tráfego aéreo do país, dada a repercussão do episódio e o subseqüente comportamento dos atores envolvidos, desde o Ministério da Defesa, o Comando da Aeronáutica, até os controladores de vôo, divididos entre civis e

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militares, tudo observado pelas empresas aéreas, associações de pilotos e outros interessados, enquanto os usuários suportam o caos da chamada “greve branca” ou “operação-padrão”, negada mas sentida.

Não é preciso muita especulação, Senhor Ministro, para entender que, independentemente da relação entre o acidente mencionado e a alegada sobrecarga e estresse oriundo do excesso de serviço dos controladores de vôo, o sistema passa por uma fase que demanda definição. Para uns existiria uma “zona cega”, um “buraco negro” nos limites da área de responsabilidade de cada centro de controle, especialmente entre as áreas do Cindacta-1 (Brasília) e do Cindacta-4 (Manaus). Para outros seria exatamente a falta de pessoal, a sobrecarga de trabalho, a deficiência de preparo e de treinamento e a baixa remuneração dos controladores, sem uma carreira única definida e atraente, o que causaria desmotivação e, por conseqüência, incúria. Daí, a própria falha humana se uniria a defasagens tecnológicas devido à falta de investimento, falhas episódicas de equipamento ou adoção de critérios mais elásticos em relação às normas de fluxo e espaçamento, conforme a demanda cada vez maior. Para um efetivo de controladores que não cresce na mesma proporção, estariam criadas as condições ideais ao desastre.

Assim, uma das soluções propostas é a adoção do sistema de controle exclusivamente civil para o tráfego aéreo de natureza civil, como ocorre na maioria dos países. Nos países desenvolvidos a própria legislação trabalhista pertinente é especial, com proibição de greve e outras perturbações do serviço. Um controle civil traria mais transparência ao serviço e evitaria medidas de caráter castrense a que supostamente estariam sendo submetidos controladores de vôo civis, como o noticiado “aquartelamento”. Segundo a imprensa a própria operação-padrão teria se iniciado em razão das condições inadequadas de trabalho, mais uma vez expondo uma prática comum no país. Questiona-se: se o padrão é feito como se greve fosse, antes dela se descumpriam normas de segurança, colocando em risco milhares de pessoas? Embora a relação de acidentes por milhão de decolagens no Brasil (1,59) esteja próxima da média mundial (1,40), o objetivo de todos os países deve ser sempre o de melhorar os índices.

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As justificativas para a não adoção do controle civil passa pela alegação de que a divisão das atribuições implicaria imensos gastos na aquisição de equipamentos para atender à defesa aérea, de um lado, e o controle de tráfego aéreo, de outro. A própria divisão entre servidores da Aeronáutica e da Infraero, porém, visaria a atender norma internacional que não admite apenas militares na função.Outra justificativa é a de que o controle civil ficaria à espera da formação dos profissionais, hoje incumbência da Aeronáutica, os quais demandariam o segmento civil, que certamente ofereceria condições mais atraentes, especialmente no tocante à questão salarial. A valorização desses profissionais, atualmente, certamente engloba a vertente salarial, justificando-se a impossibilidade de incremento, uma vez que os controladores militares são sargentos e qualquer aumento concedido a eles – para valorizar o controlador civil, note-se – repercutiria em toda a escala remuneratória militar, das três forças. Donde a opção em manter controladores militares, necessários, junto a civis, também exigíveis, mantendo-se estes sob as duras condições de trabalho impostas aos militares, inclusive no trato salarial, como bomba de retardo que, afinal, explodiu. Se outra justificativa for a de que, como civis, fariam greves, causando colapso no sistema, viu-se que não é preciso ir tão longe. Além disso, basta lembrar que o controle de tráfego aéreo é considerado serviço essencial pela Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989 (Lei de Greve) – e, portanto, deve ser eficaz, seguro e contínuo –, cuja descontinuidade fere o artigo 22 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor).

Outro aspecto a ser considerado, na presente argumentação, é o notório aumento da atividade aérea civil no país, o que se faz sentir na necessidade de novos aeroportos e reformas nos antigos, bem como a urgente reestruturação do controle de tráfego aéreo. Nesse ponto, as próprias informações disponíveis não são congruentes quanto ao efetivo existente de controladores de vôo, quantos são civis, quantos militares. No entanto a comparação entre os cerca de 24.000 controladores de vôo dos EUA e cerca de 2.700 do Brasil dá uma relação de nove para um, proporcionalmente ao número de aeronaves, de 4.000 para 1.000. É sabido que a atividade requer procedimentos técnicos redundantes para garantir a segurança dos passageiros de cerca de 4.000 vôos diários no país. Desses, o centro de controle aéreo de Brasília (Cindacta-1) monitora cerca de 3.000 (outras fontes dão 85% ou 75%) dos

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vôos regulares, o que implica a necessidade de descentralização da atividade. Segundo a revista Veja, há dez anos 23 milhões de pessoas voavam anualmente no Brasil, número atual aumentado para 48,5 milhões. O resultado financeiro das empresas aéreas principais (TAM e Gol) em 2006 deve ser o maior do setor em uma década, sendo que até o final do próximo ano as duas empresas pretendem colocar mais cinqüenta aeronaves no mercado, trinta por cento mais que a frota atual. Vislumbra-se um mercado em célere expansão, que deve ser acompanhada pelos mecanismos governamentais de regulação e controle.

A pesquisadora Rita de Cássia Seixas Sampaio Araújo, assessora do Ministério Público do Trabalho do Estado de São Paulo, prognosticou, há dez anos, o problema que enfrentamos agora. Especialista em estudos relacionados às condições de trabalho dos controladores de tráfego aéreo, realizou pesquisa qualitativa com controladores de vôo, concluindo sua dissertação de mestrado no sentido de que a subordinação a órgão civil é a mais adequada a essa essencial atividade.

Não há projeto nesta Casa acerca da matéria, visto que proposições dessa natureza não são de atribuição do Poder Legislativo, posto que assunto de alçada privativa do Presidente da República, nos termos do art. 61, § 1º, inciso II, alínea e, da Constituição Federal. Entretanto, em razão da relevância do tema é que se apresenta a presente Indicação, sugerindo ao Governo Federal a iniciativa, no sentido da criação de órgão civil para, com exclusividade, assegurar o controle do tráfego aéreo civil em todo o país.

Por tais razões, Senhor Ministro, é que sugiro a Vossa Excelência as propostas da presente Indicação, reiterando meu cordial apreço e consideração.

Sala das Sessões, em de de 2006.

Deputado CELSO RUSSOMANNO

Referências

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