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Unificação do ICMS interestadual para produtos importados

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JOSÉ VICTOR REBELATO DA SILVA

UNIFICAÇÃO DO ICMS INTERESTADUAL PARA PRODUTOS IMPORTADOS: REFLEXOS SOBRE AGENTES SITUADOS EM SANTA CATARINA.

Florianópolis 2013

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UNIFICAÇÃO DO ICMS INTERESTADUAL PARA PRODUTOS IMPORTADOS: REFLEXOS SOBRE AGENTES SITUADOS EM SANTA CATARINA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais em 2013, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Kátia Regina de Macedo, Msc.

Florianópolis 2013

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UNIFICAÇÃO DO ICMS INTERESTADUAL PARA PRODUTOS IMPORTADOS: REFLEXOS SOBRE AGENTES SITUADOS EM SANTA CATARINA.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado adequado à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 30 de Outubro de 2013.

_______________________________________________________________ Prof. e Orientadora Prof. Kátia Regina de Macedo, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________________________________ Prof. Fabiana Witt Msc.

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Dedico o presente trabalho de conclusão de curso à minha família, de onde busco forças para nunca desistir dos meus objetivos

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Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus por ter sido tão perfeito em todas suas escolhas para comigo.

À minha orientadora, professora Kátia Macedo que acreditou no meu potencial e conseguiu tornar os encontros de orientação em momentos descontraídos e prazerosos e extremamente produtivos.

À minha mãe Juçara, ao meu pai Murilo e à minha irmã Joana, aos quais dedico não só este trabalho, mas a minha vida, pelo apoio, auxílio e compreensão nos momentos difíceis, por serem a única e verdadeira definição do que é o amor.

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A Resolução 13, oriunda do Projeto de Resolução do Senado 72, aprovada em abril de 2012, unifica a alíquota de ICMS interestadual para produtos importados em 4%. O principal argumento utilizado pelos defensores da unificação é de que os benefícios fiscais oferecidos a produtos importados acabam por desvalorizar a indústria nacional, uma vez que o produto brasileiro tinha uma carga tributária mais elevada. Já os que são contra a Resolução 13, afirmam que o problema não está no incentivo às importações, e sim, nos altos impostos pagos para a produção no Brasil. Portanto, após a aprovação desta Resolução, alterações acontecem no cenário do comércio exterior de Santa Catarina. Programas de incentivos fiscais perdem seus poderes de atuação e empresas catarinenses, principalmente as tradings companies, tem que buscar alternativas para conseguirem se manter. O presente trabalho mostra os dois lados envolvidos nestas alterações e apresenta um estudo a cerca dos efeitos que estas alterações levarão para as empresas instaladas em Santa Catarina.

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Resolution 13, derived from the Project Senate Resolution 72 , aproved in April 2012, unifies the interstate ICMS aliquot for imported products at 4% . The main argument used by advocates of unification is that the tax benefits offered to imported products basically devalue the domestic industry, since the Brazilian product had a higher tax burden. Those who are against Resolution 13, say that the problem is not the incentive to imports, but, the high taxes paid to produce in Brazil. Therefore, after the adoption of this resolution, changes occur in the setting of foreign trade of Santa Catarina. Tax incentive programs lose their powers of acting and Santa Catarina companies, especially trading companies, have to look for alternatives to stay on the market. The present work shows the two sides involved in these changes and presents a study about the effects that these changes will lead to the companies located in Santa Catarina.

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Gráfico 01 – Posição das importações catarinenses entre os estados brasileiros... Gráfico 02 – Valores das importações por municípios....

Gráfico 03 – Importações da “Importejá” e sua colocação no total catarinense... Gráfico 04 – Importações em Santa Catarina de janeiro a junho de 2013.... Gráfico 05 – Arrecadação de ICMS em Santa Catarina....

Gráfico 06 – Colaboradores da empresa “Importejá”.... Gráfico 07 – Importações realizadas pela “Importejá”....

Gráfico 08 – Valores das importações realizadas pela “Importejá”....

Gráfico 09 - Número de operações de importação realizadas pela “Importejá”.. Gráfico 10 – Movimentação total de contêineres atracados no porto de Itajaí.... Gráfico 11 – Movimentação de contêineres cheios atracados no porto de Itajaí... Gráfico 12 – Volume das importações no Porto de Santos...

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CNI – Confederação Nacional das Indústrias

COFINS – Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária

DARE – Documento de Arrecadação DI – Declaração de Importação

FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FMI – Fundo Monetário Internacional

FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica GATT – General Agreement on Tarifs and Trade

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços II – Imposto de Importação

IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados

ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza LI – Licenciamento de Importação

MDIC – Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul

OMC – Organização Mundial do Comércio PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIB – Produto Interno Bruto

PIS – Programa de Integração Social PPB – Processos Produtivos Básicos PRS – Projeto de Resolução Social

REI – Registro de Exportadores e Importadores

SINDASP – Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado de São Paulo TTD – Tratamento Tributário Diferenciado

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1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ... 12 1.2 OBJETIVOS ... 14 1.2.1 Objetivo geral... 14 1.2.2 Objetivos específicos ... 14 1.3 JUSTIFICATIVA ... 15 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 18 2.1 GLOBALIZAÇÃO ... 18 2.2 COMÉRCIO EXTERIOR ... 20 2.2.1 Exportação ... 21 2.2.2 Importação ... 23 2.3 TRADINGS ... 26

2.4 BARREIRAS SOBRE A IMPORTAÇÃO ... 27

2.5 TRIBUTOS SOBRE A IMPORTAÇÃO ... 28

2.6 IMPOSTOS SOBRE IMPORTAÇÕES NO BRASIL... 29

2.6.1 Imposto de importação (II) ... 30

2.6.2 Imposto sobre produtos industrializados (IPI) ... 30

2.6.3 Programa de integração social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) ... 31

2.6.4 Imposto sobre operações financeiras e contribuições para fins sociais (Cofins) ... 31

2.6.6 Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS) ... 32

3 INCENTIVOS FISCAIS ÀS IMPORTAÇÕES E SUAS ALTERAÇÕES EM SANTA CATARINA ... 33

3.1 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO ANTES DA UNIFICAÇÃO ... 33

3.1.1 Programa Pró-emprego ... 34

3.1.2 Dados das importações de Santa Catarina antes da unificação do ICMS 35 3.2 UNIFICAÇÃO DO ICMS INTERESTADUAL PARA OS PRODUTOS IMPORTADOS ... 38

3.2.1 Projeto de Resolução 72 ... 39

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ENVOLVIDOS ... 45

3.3.1 Tradings Companies ... 45

3.3.2 Portos ... 49

3.3.3 Despachante ... 52

3.3.4 Empresa de logística internacional ... 53

3.3.5 Empresas Importadoras ... 53

3.3.6 Estado de Santa Catarina ... 54

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 55

REFERÊNCIAS ... 57

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1 INTRODUÇÃO

Esta parte do trabalho tem como principal objetivo explicar o tema e a problemática da pesquisa. Em seguida, o objetivo geral e os objetivos específicos são introduzidos. E a seguir, a justificativa de forma que se entenda a relevância do trabalho para sua realização e os procedimentos metodológicos utilizados para que se conseguisse alcançar todos os tópicos citados anteriormente.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

Neste trabalho de conclusão de curso, inicialmente serão abordados temas relacionados à globalização, que nada mais é do que o aumento do conhecimento e da troca de experiências nas esferas cultural, política, social e econômica.

Adentrando ao comércio internacional e sua ligação direta com a globalização, pois é perceptível que ambos ganharam força na mesma época. Pode-se dizer que o aumento da globalização levou o aumento do comércio exterior, assim como dizer que o aumento do comércio internacional ocasionou o aumento da globalização.

Será possível também, compreender como se realiza uma importação, os elementos necessários para realizar este tipo de comércio e após isto, uma abordagem dos incentivos fiscais que os estados brasileiros oferecem.

Dentre estes incentivos, uma análise mais aprofundada sobre o Programa Pró-Emprego iniciado em 2007 e finalizado em 2012 pela Resolução 13.

Este programa de incentivo, como citado, durou cinco anos, e basicamente consistia na diminuição do ICMS pago pelo importador e a geração de crédito de ICMS nas operações interestaduais, que será explicado mais adiante, o que acabava deixando o produto estrangeiro em vantagem competitiva em relação ao produto nacional.

Interessante é notar como cada estado brasileiro pensa e briga apenas no que é melhor pra si. Prova disso é a grande discordância entre representantes dos estados que não ofereciam benefícios às importações, como São Paulo, e

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representantes dos estados que davam incentivos, como os estados de Santa Catarina, Goiás e Espírito Santo.

Após longas discussões sobre a legalidade dos benefícios, uma vez que não eram aprovados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), o Senador Romero Juca do estado de Roraima apresentou o Projeto de Resolução 72 (PRS 72) em dezembro de 2010, que objetivava zerar a alíquota de ICMS interestadual para produtos importados, o que acabaria com a “guerra fiscal” e “guerra dos portos”.

Novamente representantes dos estados afetados realizaram diversos debates no Senado. Senadores dos estados de SC, GO e ES afirmavam que o benefício não era a causa da falta de competitividade do produto nacional, e sim a alta carga tributária paga pela indústria brasileira, o que acabava tornando o produto nacional mais caro do que o importado.

Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) Paulo Skaf (2010) concordava que a indústria nacional paga altos impostos, porém, não seria “racional” oferecer incentivos às importações no momento que o país necessita de uma reforma tributária muito maior, que levaria muito mais tempo, dinheiro e esforço do governo.

Foi em 26 de abril de 2012 que a Resolução 13 foi aprovada, após mudanças serem realizadas e tornando-se vigente desde o dia 1º de janeiro de 2013. Esta Resolução unifica a alíquota de ICMS interestadual para produtos importados em 4%, diminuindo consideravelmente o poder de benefício que alguns estados ofereciam aos exportadores.

Dado o exposto acima citado, este trabalho terá como principal função responder a seguinte problemática: Como a unificação do ICMS sobre os produtos importados afetou os agentes que operam em Santa Catarina: tradings, portos, despachantes, empresas de logística internacional, empresas importadoras e o governo do Estado de Santa Catarina.

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1.2 OBJETIVOS

Tendo como base o problema de pesquisa, seguem, na sequência, o objetivo geral do trabalho e os objetivos específicos a serem buscados na conclusão do mesmo.

1.2.1 Objetivo geral

Identificar quais são os efeitos da unificação do ICMS interestadual para produtos importados nas empresas instaladas em Santa Catarina que operacionalizam importações.

1.2.2 Objetivos específicos

Para atender o que foi estabelecido no objetivo geral deste trabalho, serão utilizados dados referentes aos agentes envolvidos no processo de importação e que estão situados em Santa Catarina. Para tanto, buscar-se-á compreender os motivos que levaram a alteração de ICMS interestadual para produtos importados, e as consequências que esta alteração trouxe para as principais partes envolvidas. Com as análises feitas por meio dos dados será possível:

- Explicar o funcionamento do Programa de incentivo fiscal Pró-Emprego; - Apresentar a legislação referente a unificação do ICMS sobre as importações, o Projeto de Resolução 72 e a Resolução 13;

- Identificar as partes afetadas com a unificação do ICMS interestadual para os produtos importados;

- Descrever os impactos da unificação do ICMS para os principais atores envolvidos nas importações em Santa Catarina.

- Apresentar dados considerados relevantes no processo de importação que foram afetados após a unificação.

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1.3 JUSTIFICATIVA

Resumidamente, este trabalho será a cerca da unificação do ICMS interestadual para produtos importados a 4% e diminuindo a possibilidade de estados oferecerem incentivos à importações.

Visando informar de uma forma generalizada sobre o comércio exterior brasileiro, explicar os incentivos fiscais oferecidos por alguns estados brasileiros e como ocorreu a mudança da alíquota de ICMS interestadual sobre produtos importados, este trabalho tem outros motivos pelos quais foi realizado.

Buscando atingir todas as partes da sociedade, o trabalho será de extrema importância para que seja possível entender o processo de unificação do ICMS interestadual para mercadorias importadas e busquem novas formas de suprir o incentivo, antes oferecido, objetivando diminuir os prejuízos aos estados afetados.

Ainda para a sociedade, o trabalho terá relevância na busca de um melhor conhecimento do funcionamento do comércio exterior brasileiro, para que seja compreendido os motivos que levaram a unificação do ICMS interestadual para importados e para o entendimento dos motivos que podem levar ao aumento de preços de algumas mercadorias.

Principalmente para ramos da indústria, empresas e empresários, será possível visualizar as alterações na estrutura do comércio exterior catarinense e mudanças dos volumes e arrecadações ocasionadas pelas mudanças no período estabelecido para a realização do trabalho.

Aos estudantes, principalmente dos cursos de relações internacionais, comércio exterior e economia será possível maximizar o entendimento sobre as etapas do comércio internacional, as práticas de incentivos fiscais às importações e as atitudes do governo frente as dificuldades e divergências internas.

Para que se alcance os objetivos anteriormente citados, a seguir será visto as formas de pesquisas utilizadas para a elaboração do trabalho.

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1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para se realizar qualquer tipo de trabalho, o conhecimento do autor não é suficiente, faz-se necessário, dependendo do tipo de trabalho, exaustivas pesquisas para que se consiga alcançar os melhores resultados possíveis.

Pesquisa é toda atividade voltada para a solução de problemas; como atividade de busca, indagação, investigação, inquirição da realidade, é a atividade que vai nos permitir no âmbito da ciência, elaborar um conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que nos auxilie na compreensão desta realidade e nos oriente em nossas ações (PÁDUA, 2004, p 31).

Portanto, para a realização deste trabalho de conclusão de curso, a classificação da pesquisa será quanto sua natureza, seus procedimentos, seus objetivos e como se realizará a abordagem da problemática do trabalho.

Quanto a natureza, será qualitativa uma vez que possuí características que buscam facilitar o entendimento de casos que possuem uma complexidade. O que é facilmente encontrado neste trabalho, uma vez que será necessário que se entenda a tributação brasileira e suas vertentes.

No que diz respeito à abordagem do trabalho, o trabalho utilizará pesquisa quantitativa, visto que serão utilizados dados estatísticos, os tornando quantificáveis. A cerca da pesquisa quantitativa, Rodrigues (2006, p. 9), afirma que elas “traduzem em números as opiniões e informações”.

Segundo os procedimentos utilizados, o trabalho conta com pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica é baseada no estudo e no aprimoramento do conhecimento utilizando livros e outras obras. A cerca do objetivo deste tipo de pesquisa, Köche (1999, p. 122) diz que é “conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema ou problema, tornando-se um instrumento indispensável para qualquer tipo de pesquisa”.

Já a pesquisa documental é menos abrangente do que a bibliográfica, uma vez que ela se limita a pesquisa a documentos, sendo eles escritos ou não. Exatamente o que Reis (2008, p. 53) afirmou:

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A pesquisa documental é um tipo de pesquisa que objetiva investigar e explicar um problema a partir de fatos históricos relatados em documentos. Este tipo de pesquisa baseia-se em informações e dados extraídos de documentos que não receberam ainda tratamento científico.

Ela será empregada neste trabalho, como no próprio nome já a classifica, através da coleta de documentos nos envolvidos, a fim de comparar estes dados com a literatura existente, buscando trazer novos avanços para a problemática da pesquisa.

Então, com base no programa Pró-Emprego (Lei nº 13.992), no PRS 72 e na Resolução 13, serão utilizados os tipos de pesquisas citadas acima para responder a problemática de pesquisa. Apesar dos muitos pontos a serem explorados com relação ao tema, este trabalho abordará os impactos destas alterações de ICMS interestadual para produtos importados sobre as partes envolvidas situadas e operando pelo estado de Santa Catarina.

Além das pesquisas citadas, serão realizadas pesquisas de campo por meio de questionários, realizados e entregues ao porto de Itajaí, a uma empresa de despacho e outra empresa de logística internacional, buscando assim, uma aproximação das partes envolvidas nas mudanças explícitas no decorrer do trabalho, além de compreender melhor certas medidas tomadas pelas mesmas buscando a diminuição dos prejuízos.

As escolhas do porto, trading, despachante e empresa de logística internacional foram realizadas a partir de análises a cerca dos volumes movimentados e também de parcerias que a empresa “Importejá”1 mantinha.

Quanto aos objetivos, serão realizadas pesquisas exploratórias e descritivas. A primeira conceitua-se em uma pesquisa bibliográfica ou a utilização de entrevistas. Já a pesquisa descritiva caracteriza-se por apenas mostrar, relatar, analisar os fatos, sem que o autor emita sua opinião sobre o assunto (RODRIGUES, 2007).

Portanto, os impactos serão estudados e apresentados partindo dos dados e questionários coletados, buscando assim, alcançar os objetivos firmados anteriormente.

1

“Importejá” é um nome fictício utilizado para representar uma trading company de Florianópolis, preservando a identidade da empresa a fim da não divulgação de dados confidenciais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para que se compreenda todo o início do comércio internacional, passando pelo início destas atividades no Brasil, adentrando na sua complexa área tributária e por fim, entendendo os incentivos oferecidos, faz-se necessário um embasamento teórico a cerca dos assuntos anteriormente citados.

2.1 GLOBALIZAÇÃO

Globalização, em sua essência, é um processo de aumento da integração nas esferas econômicas, políticas, sociais e culturais. Segundo Maia (2011), a globalização é a unificação do mercado em escala mundial.

Um termo muito utilizado nos dias atuais é o mercado global, ele está sendo discutido e abordado, principalmente, após a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) onde, seu principal objetivo é o livre comércio. Para que isso aconteça, barreiras estão sendo gradativamente eliminadas para que fique mais fácil e que todos os países consigam realizar trocas de mercadorias e serviços.

Partindo para uma vertente histórica, para que fique claro o início da globalização, é preciso compreender que ele começou devido a necessidade de aumento e expansão de mercados para os países desenvolvidos, uma vez que estes já tinham seus mercados saturado. Vieira apud Oman (1984, p.11) observa que

O período posterior à Segunda Guerra Mundial se destaca na história dos investimentos internacionais por pelo menos duas razões: primeiro, que o volume dos investimentos efetuados nos países em desenvolvimento cresceu num ritmo muito rápido, bem superior aquele observado antes da primeira guerra mundial, e, em segundo lugar, pelo fato de terem sido realizados principalmente sob a forma de investimento direto, cuja manifestação mais clara, nos anos cinquenta e sessenta, foi o crescimento rápido das empresas multinacionais, envolvendo a criação de filiais dependentes, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, detendo a sociedade-mãe a totalidade ou a maioria do seu capital social.

Na observação do autor, fica claro que a globalização já é um processo, de certa forma antigo, porém, que apenas vem sendo entendido pela sociedade em geral nos últimos anos, principalmente pelas consequências dele – que serão abordadas a seguir - estarem sendo sentidas mais concretamente nos dias atuais.

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Segundo Maia (2011), esta situação de mercado globalizado é benéfica as grandes empresas, uma vez que possuem produção em larga escala, o que torna seus custos menores e as torna mais competitivas no mercado. Como estas empresas estão localizadas em vários países, se privilegiam disto para comprar onde a matéria prima é mais barata. Isto acarreta numa maior interdependência destas empresas em relação aos seus Estados de origem.

Vieira (2004) destaca que esta autonomia obtida pelas empresas e, em consequência disto, o fortalecimento das mesmas, tornaram-se elementos fundamentais para que o processo de globalização continuasse e ganhasse força.

O mesmo autor faz uma referência e compara a globalização com o regionalismo. Ele refere-se a globalização como sendo um “fenômeno privado e informal, ainda que decisões públicas afetem e/ou facilitem seu processamento” (VIEIRA, 2004, p. 233), ou seja, a globalização, em sua essência, realiza-se entre empresas privadas, mesmo que estas relações sejam controladas ou realizadas nos moldes que o poder público define.

Já o “regionalismo (em oposição a globalismo) econômico, conquanto também beneficiada e sob varias maneiras conectada, direta ou indiretamente, a interesses privados, constitui uma construção predominantemente publica, na medida em que haurida no âmbito das relações interestatais e dependente, em regra, de uma formalização por intermédio de tratados, no contexto do Direito Internacional Publico” (VIEIRA, 2004, p. 233).

Vale lembrar que segundo Barbosa (apud VIEIRA, 2004), estas duas palavras são opostas, enquanto globalização busca um impulso transnacional e cosmopolita, o regionalismo é realizado através de um impulso seletivo e local, privilegiando a história e culturas locais.

Como a maioria dos assuntos internacionais, a globalização também não é unanimidade, diversos estudiosos apontam criticas à sua implementação.

Seria injusto querer emitir um juízo definitivo sobre a Globalização, fenômeno ainda incipiente e incompleto. Não se pode, por outro lado, negar que ela não conseguiu até o momento realizar a promessa de um crescimento mais rápido. Ricúpero (apud MAIA, 2011, p. 341).

Por isso que atualmente vive-se num momento de extrema importância para que todos os envolvidos no processo de globalização realizem reflexões para

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que exponham sua opinião sobre o assunto, para que ele seja debatido e se encontre a uma forma de conviver com a globalização de uma forma em que todos, principalmente os países menos favorecidos, saiam ganhando.

Llosa (apud MAIA, 2011) afirma que a globalização trouxe mais prejuízos do que benefícios a países como Nigéria, Zaire e Peru, porque os investimentos estrangeiros, em vez de contribuir para o desenvolvimento desses países, serviram especialmente para multiplicar a corrupção. Continuando ele diz: “os prejuízos da globalização se evitam com a democracia”

2.2 COMÉRCIO EXTERIOR

Inegavelmente, o Comércio Exterior está diretamente ligado à Globalização e já foi visto que a expansão destes foi de caráter capitalista e, primeiramente, para benefício dos países desenvolvidos e das grandes empresas multinacionais.

Neste sentido, o comércio internacional nada mais é do que a troca de bens e/ou serviços entre os Estados. “A teoria do comércio internacional consiste na aplicação da teoria do preço à situação em que mercadorias são trocadas entre pelo menos dois países com moedas diferentes (DIALLO, 2001, p. 26).

Na visão de Campos (1990, p.23), “o Comércio Internacional se constitui no elo que vincula as relações de convivência do Direito Internacional com a Economia Internacional”, ou seja, as vertentes do direito e da economia estão diretamente ligadas, é impossível realizar alguma importação ou exportação se não obtiver conhecimento destas duas linhas.

O que países menos favorecidos tem, constantemente se perguntado é de que forma o comércio internacional pode os ajudar a reduzir a pobreza, e apenas nos últimos anos esta discussão apareceu à tona.

Sardenberg (apud MAIA, 2011) ao analisar estudos do FMI, mostra que a renda anual per capita da Europa Ocidental no ano 1000 era de 500 dólares de hoje, no ano de 1880 este valor duplicou, e na entrada do século XXI chegou a 20 mil dólares anuais.

Então, é inegável que com o passar dos anos, com o crescimento do Comércio Exterior e da Globalização, a população tem conseguido um aumento na

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sua qualidade de vida, e o que em 1820 era considerado uma riqueza extrema, hoje em dia não passaria de um país com necessidades alarmantes.

Porém, Bourguignon (apud MAIA, 2011) pensa que, muitas vezes, o sucesso de alguns países no comércio exterior é anulado pelo fracasso de outros. Por exemplo, entre 1981 a 2004 na China, 440 milhões de pessoas saíram da pobreza, enquanto na África, durante o mesmo período, aumentaram 150 milhões de pobres.

Portanto, é perceptível que esta riqueza não está sendo distribuída equitativamente entre os países.

A análise feita por Rubens Barbosa sobre o estudo Política comercial e pobreza, de autoria de Cline, do Instituto de Economia Internacional de Washington (apud MAIA, 2011) é em cima de que o livre comércio global – principal objetivo da OMC – geraria aumento da renda de pelo menos US$ 90 bilhões por ano para os países em desenvolvimento. Metade deste ganho seria oriundo da eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias dos países desenvolvidos.

A partir disso, é perceptível que o comércio exterior tem muito mais coisas boas a oferecer do que ruins, como mostra a análise extremista do ex-Ministro da Fazenda do Brasil, Galveas (apud CAMPOS, 1990, p. 26) onde ele afirma que: “Em teoria econômica diz-se que a única teoria que se pode provar, matematicamente, é que algum comércio é melhor que nenhum comércio.”

Visto isto, a seguir serão abordados os conceitos de exportação e importação, onde será possível compreender as etapas necessárias para a realização destas operações.

2.2.1 Exportação

Por definição, exportação é a saída de bens ou serviços de seu território de origem para outros países. Segundo Minervini (2008), dentre os principais motivos que levam as empresas a exportar, estão a diversificação dos riscos e mercados, busca de maior tecnologia e, principalmente, o lucro.

Porém, é visível que muitas empresas preferem não se arriscar no comércio exterior por diversos motivos.

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Para que se compreendam os motivos que as exportações brasileiras não crescem como poderiam, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) (apud LOPEZ, 2005) realizou uma pesquisa em 2001.

Os cinco principais motivos citados pelas empresas como empecilhos às exportações são:

a) Burocracia alfandegária; b) Custos portuários; c) Tributos;

d) Fretes;

e) Dificuldade de obter financiamento para exportar.

Dias e Rodrigues (2010) concordam com a pesquisa e ainda acrescentam, dizendo que no ano de 2010, o Brasil registrava grande dificuldade para se comercializar com o mercado internacional. Os motivos são os apontados anteriormente, além da falta de conhecimento para exportar e pela cultura das empresas brasileiras com relação à exportação.

Então, como Minervini (2008) diz, é necessário que as empresas tenham mais que o Registro de Exportadores e Importadores (REI) para que se “aventurem” no mercado internacional.

Para realizar exportações, as empresas precisam estar aptas para venderem criatividade, design, qualidade e ter fé no seu produto.

As exportações no Brasil dividem-se em três modalidades: exportação direta, exportação indireta e exportação via trading.

A exportação direta, é quando o fabricante emite os documentos no nome do importador. O fato de acontecer uma intermediação do processo por uma empresa terceirizada não descaracteriza a exportação direta (GARCIA, 2001).

Neste caso, a empresa exportadora deve ter conhecimentos sobre o processo inteiro. Realizar estudos aprofundados sobre os melhores mercados para inserir seu produtos, assim como a documentação necessária e a tributação a ser cobrada.

Já a exportação indireta, pode ser realizada por intermédio de uma comercial exportadora, empresa de atividade mista (importação e exportação), cooperativas ou por uma indústria que realize exportação com produtos

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terceirizados. Onde o interveniente compra o produto para depois exportar (GARCIA, 2001).

Segundo o mesmo autor, a exportação via trading é bem semelhante a exportação indireta, difere apenas no porte da empresa. As tradings companies são caracterizadas por terem porte de médio pra grande, o que pode gerar uma segurança maior para a negociação.

Mesmo o Brasil estando entre as dez maiores potências econômicas do globo, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) (apud DIAS; RODRIGUES, 2010), as exportações brasileiras são insignificantes num contexto mundial, pois apenas em algumas vezes alcançou a marca de 1% das exportações mundiais.

Porém, como pode ser observado a seguir, estes números estão numa crescente.

Em 2012, o país registrou o segundo melhor número da balança comercial, ficando com um superávit de 242,6 bilhões de dólares, perdendo apenas para o ano anterior que registrou 256 bilhões de dólares (BRASIL, 2012).

Como o Brasil não vem utilizando todo seu potencial exportador, para continuar com o saldo positivo na balança comercial, é necessário que se aplique barreiras quanto à entrada de produtos no território brasileiro. A seguir será possível compreender melhor estes impedimentos, assim como a importação como um todo.

2.2.2 Importação

Hoje em dia, é praticamente impossível que qualquer país consiga estabilizar-se sem contar com o comércio exterior.

“Nos dias de hoje, não é possível que um país possa, no aspecto socioeconômico, desenvolver-se isoladamente. Nenhum país, por mais que se esforce, consegue ser autossuficiente” (DIAS; RODRIGUES, 2010, p. 213).

Por isso, os países buscam se especializarem em segmentos onde consigam se dedicar e produzir com mais qualidade e quantidade, já os segmentos que não conseguem, seja pela limitação de seus recursos naturais, pela capacidade de sua mão-de-obra ou pela diferença de tecnologia, realiza-se a importação.

Smith (1776) foi o primeiro a afirmar que cada país tem produtos ou serviços que consegue produzir melhor, seja pela cultura de seus antepassados,

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pelo clima ou até por subsídios oferecidos pelo governo. Então para ele, um sistema mundial ideal é onde os países produzam e exportem somente o que tem capacidade e competência, e importem o que não forem capazes.

No comércio exterior, dá-se o nome de importação o ato da entrada de bens ou serviços vindos de outros países.

Campos (1990, p. 116) classifica as importações como sendo “transações de compra firmadas pelo país importador, a operação comercial respectiva situa-se na área da importação.”

Mello e Reis (apud CAMPOS, 1990, p. 123) limita o procedimento de importação como sendo

o ato de introduzir produtos estrangeiros no território nacional, com a finalidade de fazê-los circular no mercado interno, isto é, o ato de vontade que alguém pratica fazendo entrar aquém dos limites territoriais do país bens móveis por natureza, de origem estrangeira, para fazê-los entrar em circulação no mercado nacional.

Assim como o resto dos países em desenvolvimento, o Brasil está aumentando tanto suas importações quanto as exportações. Em 2011, as importações brasileiras contabilizaram um recorde na história do país totalizando US$ 226,2 bilhões. Em 2012, houve uma pequena queda, fechando em US$ 223,1 bilhões. De janeiro à junho do ano corrente, as importações já atingiram US$117,5 bilhões, o que mostra um aumento de 6,7% quando comparado com o mesmo período do ano anterior (BRASIL, 2013).

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (apud MAIA, 2011) em 2009, o Brasil era o 26º importador de mercadorias, com participação de 1,1% e 21º importador de serviços, com participação de 1,4%. Estes dados mostram que mesmo com o crescimento contínuo do comércio exterior brasileiro, a participação do país na escala mundial é muito aquém da sua capacidade.

As importações no Brasil, são divididas em três tipos, são elas: Importação por Conta e Ordem de Terceiro, Importação por Encomenda e a Importação Direta.

A importação por conta e ordem “se caracteriza pela existência de duas pessoas: o real adquirente e o importador. A mercadoria é importada por um, mas apenas para repassá-la posteriormente ao real adquirente” (LUZ, 2007, p. 179).

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O autor afirma que este tipo de importação é realizada por dois motivos: para o adquirente não se mostrar aos órgãos públicos ou pela contratação de uma empresa terceira e especializada no processo.

Já a importação por encomenda é realizada no nome de uma pessoa jurídica, e depois a mercadoria é revendida a um encomendante predeterminado, firmado em contrato (SILVA, 2012).

A cerca da importação direta, a autora diz que:

Quando um interessado por mercadoria estrangeira efetua a aquisição deste bem e a transação da importação se conclui com a entrada da mercadoria no território nacional, configurar-se-á a incidência do imposto de importação e dos demais tributos, o que, por conseguinte, qualifica o importador como o contribuinte, por fim, concretizando-se a importação direta (SILVA, 2012, p. 49).

Então, resumidamente, a importação por conta e ordem de terceiros é quando o importador realiza o despacho aduaneiro em seu nome com os recursos do adquirente. Já a importação por encomenda, realiza-se pelo importador, todo o processo também é pago por ele, com o adquirente já previsto em contrato, e a importação direta é quando o próprio importador será o adquirente, assim, responsável por todos os procedimentos da importação.

Em uma operação de importação no Brasil é necessário seguir uma série de passos, que tornam o processo complexo demais. Estes, visivelmente, são fatores que fazem com que muitas importadoras decidam procurar empresas especializadas, as chamadas tradings companies¹, para começar a fazer parte do comércio internacional, o que acaba gerando custos extras e encarecendo o produto ou serviço final.

Para exemplificar isto, (DIAS; RODRIGUES, 2010) afirmam que por culpa da burocracia encontrada no comércio exterior brasileiro, a liberação de uma mercadoria no porto de Santos, por exemplo, é a mais demorada do mundo.

Apesar disto, atualmente, cada vez mais empresas tradings, abordadas mais detalhadamente em tópico posterior, estão sendo contratadas para fazer o processo de importação.

Deste modo, é necessário, primeiramente, que o importador escolha a mercadoria que será importada, o fornecedor, a forma e prazo de pagamento, e o prazo que a mercadoria será entregue; após feito isso, o importador receberá

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proformas invoice² de possíveis exportadores e assinará uma delas aceitando a proposta.

Após realizado estes procedimentos, será necessário que se realize a classificação fiscal das mercadorias, no caso do Brasil, a classificação atualmente utilizada é a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). A classificação fiscal serve para determinar os tributos das operações, para controle estatístico e para tratamento administrativo (DIAS; RODRIGUES, 2010).

O próximo passo é solicitar ao governo brasileiro a Licenciamento da Importação (LI), que nada mais é do que uma forma do governo organizar e controlar algumas importações.

Nas importações sujeitas a LI (Automático ou não-Automático), o importador, diretamente ou por intermédio de agentes credenciados, deverá prestar as informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal, no Siscomex com o objetivo de obter o deferimento do licenciamento previamente ao embarque da mercadoria no exterior ou antes do despacho aduaneiro, conforme o caso (BIZELLI, 2010, p. 68).

Sendo deferida a solicitação do licenciamento, é realizado o embarque da mercadoria, consequentemente é solicitado a liberação da mesma – esta é considerada uma das fases mais burocráticas do processo - depois o importador envia uma Declaração de Importação (DI) que deverá ser entregue a Receita Federal com todas as informações específicas de cada mercadoria importada, podendo prosseguir com o despacho aduaneiro e após isto, é autorizada a entrega da mercadoria ao importador (DIAS; RODRIGUES, 2010).

2.3 TRADINGS COMPANIES

Empresas chamadas de tradings companies são instituições responsáveis por realizar processos de importações e exportações de bens ou serviços.

Para Werneck (2007) trading é um tipo especial de empresa, onde realiza a compra de mercadorias ou serviços num país e os vende para outro, fazendo a intermediação entre vendedores e compradores. Porém, Werneck pensa que trading company e empresa comercial exportadora/importadora são e fazem a mesma coisa.

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O autor afirma que “apesar de uma trading não precisar realizar todos os requisitos legais das empresas comerciais exportadoras para poderem exportar e importar” (WERNECK, 2007, p. 24), as duas denominações referem-se a instituições que realizam os mesmos processos, logo, são sinônimas.

Apesar dos fatores econômicos e burocráticos anteriormente citados, às tradings tem conseguido manter suas operações num nível que as tornam uma parte importante no comércio internacional brasileiro.

Nos primeiros seis meses de 2013, as exportações brasileiras realizadas pelas tradings companies registraram US$ 11,69 bilhões e as importações US$ 2,12 bilhões. O que significa que o saldo foi positivo de US$ 9,57 bilhões (BRASIL, 2013). Em comparação com o total vendido pelo país ao exterior no período, – US$ 114,42 bilhões – as exportações realizadas pelas tradings representaram 10,2%, exatamente igual ao registrado no primeiro semestre de 2012. Já nas importações, a participação das empresas intermediárias foi de 1,8% menor do que o mesmo período de 2012 (BRASIL, 2013).

2.4 BARREIRAS SOBRE A IMPORTAÇÃO

É inegável que os países estão sempre tentando achar um equilíbrio entre a proteção de sua indústria e o incentivo ao comércio exterior.

Se o país não incentiva a produção interna com impostos reduzidos, melhores juros, linhas de créditos, dentre outros benefícios, torna-se mais atraente para determinados setores da indústria a importação de insumos, o que pode levar a um desequilíbrio na balança comercial. Esta situação pode gerar consequências desfavoráveis, como o desabastecimento de produtos, quando o país não consegue produzi-los, a estagnação desse setor da economia, além do desperdício de possíveis potenciais.

Para proteger a indústria nacional, os países utilizam-se de barreiras sobre importações.

Elas são divididas entre barreiras tarifárias (imposto de importação) e as não tarifárias (medidas sanitárias e fitossanitárias, medidas compensatórias, antidumping, restrições quantitativas, licenciamentos de importação) (DIAS; RODRIGUES, 2012).

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Dentre as barreiras tarifárias, a mais utilizada no Brasil são as tarifas ad valorem. Isto deve-se ao fato da inflação globalizada e do crescimento da importância do comércio de produtos manufaturados (CARBAUGH, 2009, tradução nossa).

Para exemplificar isto, nos últimos anos é possível perceber algumas medidas do governo brasileiro que podem ser consideradas protecionistas na esfera internacional. Entre estas medidas estão o aumento do II (Imposto de Importação) por meio da Resolução 70 de 28/09/2012 e o aumento do IPI para carros importados (Decreto nº 7.796 de 30/08/2012).

Estas duas medidas tomadas pelo governo no ano passado tornaram as importações mais caras e os carros produzidos internamente tornaram-se mais competitivos frente aos vindos de fora.

2.5 TRIBUTOS SOBRE A IMPORTAÇÃO

Para melhor organizar o comércio exterior em constante crescimento, no ano de 1947 aconteceu uma reunião em Cuba com a presença da maioria dos Estados independentes.

Nesta reunião foi criada a Carta de Havana, porém, ela não vingou pelo fato dos Estados Unidos e da Inglaterra terem recusado a ratificá-la (DIALLO, 2001).

Então, realizou-se uma conferência em Genebra, Suíça, onde nasceu o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, formando a sigla General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) (DIALLO, 2001).

Inicialmente, o GATT tinha, em sua estrutura, dois princípios que o dava suporte, são eles a cláusula da nação mais favorecida e o princípio do tratamento nacional (BARRAL, 2007).

Após alguns anos, foram sendo estudados novos princípios para que o comércio internacional fosse livre e transparente, foi onde foram criados cinco princípios que permanecem até os dias de hoje, são eles: não discriminação, previsibilidade, concorrência leal, proibição de restrições quantitativas e tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento (BRASIL, 2010).

Foi então, a partir de 1995 que o GATT passou a ser chamado de (Organização Mundial do Comércio) OMC que tem como seu principal objetivo o

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“livre comércio”, onde busca-se que a aplicação dos tributos no comércio internacional ocorra sem maiores prejuízos aos países.

Os tributos são obrigações impostas pelo Estado tanto para pessoa física quanto jurídica. Eles são federais, estaduais e municipais e podem ter três objetivos: barreira para mercadorias vindas de fora, arrecadação para o governo e, principalmente, como forma de proteção à indústria nacional.

Segundo Diallo (2001, p. 17) “tributo é a prestação em dinheiro que o Estado, no exercício do seu poder de império, exige dos cidadãos, com o objeto de obter recursos para o cumprimento de seus fins”.

O Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio (MDIC) classifica os tributos como sendo medidas de defesa comercial para que os consumidores nacionais não sejam afetados por importações feitas a preços de dumping, prática considerada desleal nos acordos internacionais (BRASIL, 2012).

Fabretti (2009, p. 104) frisa que “tributo é um pagamento compulsório em moeda, forma normal de extinção da obrigação tributária.”

Então, os tributos nas importações são impostos que o Estado aplica sobre as mercadorias que adentram o território brasileiro.

Estes impostos aduaneiros são classificados de duas formas:

específico – determinado pelas características físicas do produto, pelas suas quantidades, peso, medidas, etc., não se levando em conta o valor declarado da mercadoria e ad valorem – determinado pelo valor declarado das mercadorias importadas, em geral sob a forma de percentagem desse valor (DIALLO, 2001, p. 25).

A cerca dos impostos nas importações, a seguir será visto suas características e como são divididos.

2.6 IMPOSTOS SOBRE IMPORTAÇÕES NO BRASIL

Segundo o artigo 5º do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66), os tributos dividem-se em três tipos: taxas, impostos e contribuições (ASHIKAGA, 2006).

Como citados anteriormente, suas principais funções são proteger o mercado interno. A seguir, os impostos aplicados nas importações brasileiras de

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uma forma generalizada, mostrarão que apesar da OMC buscar reduzir estas barreiras, elas ainda são essenciais para as indústrias nacionais.

2.6.1 Imposto de importação (II)

O imposto de importação é claramente utilizado pelo Brasil como forma de proteção da indústria nacional, controle das importações e arrecadação para os cofres públicos.

Ele pode ser definido como o imposto que incide sobre todas as mercadorias vindas de fora do Brasil (Diallo, 2001).

O I.I. tem como fato gerador a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data de registro da DI de mercadoria a ser submetida a despacho para consumo, ou no dia do lançamento respectivo, nos casos definidos em lei (BIZELLI, 2010, p. 107).

Então, o I.I. é aplicado a todos os bens que adentrem no território brasileiro, salve as exceções citadas no Decreto-Lei nº 37, art. 1º.

2.6.2 Imposto sobre produtos industrializados (IPI)

“O IPI, na importação, incide sobre produtos industrializados de procedência estrangeira, excetuando-se apenas aqueles que tenham sido desembaraçados na não incidência do I.I. ou na imunidade tributária” (BIZELLI, 2010, p. 128)

Diallo (2001) explica que um produto industrializado é aquele que passou por alguma operação que modificou, ou seu estado inicial, ou sua finalidade inicial.

O fato gerador do IPI, segundo Bizelli (2010) é o desembaraço aduaneiro, a não ser que o produto nacional retorne ao país nas formas previstas em lei ou sob o regime de exportação temporária.

Então aplica-se o IPI, nas importações, aos produtos que vieram de outros países e sofreram alterações na sua forma ou utilização.

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2.6.3 Programa de integração social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep)

O PIS/Pasep, diferentemente do IPI, é destinado aos servidores públicos e suas necessidades.

Ashikaga (2006) define o PIS/Pasep como sendo uma contribuição federal destinada ao financiamento da seguridade social, especificamente o PIS, onde busca a promoção e integração dos funcionários tanto na vida pessoal, quanto na empresarial.

Ele é aplicado no momento da chegada do produto no Brasil, como afirma Bizelli (2010, p. 135):

O PIS/Pasep têm como fato gerador a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data de registro da DI (Declaração de Importação) de mercadoria a ser submetida a despacho para consumo, ou no dia do lançamento respectivo, nos casos definidos em lei.

Após abordado os impostos PIS/Pasep, a seguir será visto como funciona o Imposto sobre operações financeiras e contribuições para fins sociais (Cofins).

2.6.4 Imposto sobre operações financeiras e contribuições para fins sociais (Cofins)

Igual ao PIS, a cofins também não tem uma tabela específica informando qual o valor do imposto.

Bizelli (2010) confirma isto quando diz que, caso a mercadoria ou a operação não tenha nenhuma especificidade, utiliza-se as alíquotas ad valorem de 1,65% para o PIS e 7,6% para a cofins.

A cerca da finalidade do imposto, Ashikaga (2006) diz que a cofins trata-se de uma contribuição federal aplicado sobre a receita de pessoas jurídicas, trata-sendo destinado para gastos nas áreas da saúde, previdência e assistência social.

O imposto é aplicado às operações de crédito oferecidas pelos bancos, sociedades de crédito, investimentos e financiamentos, além das operações de seguros (DIALLO, 2001).

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E assim como o PIS/Pasep, a cofins também têm é gerado a partir da chegada da mercadoria no Brasil.

2.6.5 Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISQN)

Como mostra o artigo 147 da Constituição Federal (apud FABRETTI, 2009, p. 190), “O ISS é um imposto de competência dos municípios e do Distrito Federal. O DF, no território sob sua jurisdição, pode instituir e cobrar os impostos municipais.”

O autor descreve que o imposto é gerado é a constante prestação de serviços presentes na Lista de Serviços, o contribuinte é o prestador de serviço (art. 5º) e sua base de cálculo é o preço do serviço (art. 7º) (FABRETTI, 2009).

O ISS é um imposto municipal, e como o próprio nome já diz, incide sobre a prestação de serviços de qualquer natureza, exceto os serviços de comunicação e transporte interestadual e intermunicipal, estes, tributados pelo ICMS, imposto que será abordado mais a fundo a seguir e no decorrer do trabalho (ASHIKAGA, 2006).

A seguir será abordado o ICMS, imposto que nos últimos anos tem sido assunto de diversos debates na área de Comércio Exterior.

2.6.6 Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS)

O ICMS, objeto de estudo do trabalho, foi criado em 1988 com a Constituição Federal e sua competência cabe aos Estados e ao Distrito Federal.

Conforme o art. 155 (apud CAMARGO, 1999), o ICMS é aplicado nas “operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior”.

Ou seja, nas importações, ele aplica-se sobre a entrada de bens vindos do exterior, seja por pessoa física ou jurídica.

Lizote e Bidinha (2012) comentam que o ICMS, por ser o principal imposto estadual, são eles e o Distrito Federal que decidem o momento de sua cobrança, ou seja, o fato gerador do tributo.

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Como regra geral, a base de cálculo do ICMS é o valor da operação relativa à circulação de mercadoria ou o preço do serviço, sendo que fazem parte da base de cálculo do imposto as despesas acessórias cobradas do adquirente/consumidor, fretes, descontos condicionais concedidos e IPI, sendo que o IPI somente nas seguintes condições: A) a operação não for realizada entre contribuintes. B) o objeto da operação for produto não destinado à industrialização ou à comercialização. C) a operação não configurar fato gerar de ambos os impostos (LIZOTE; BIDINHA, 2012, p. 3).

No caso de Santa Catarina, o ICMS representa mais de 80% da arrecadação fiscal, sendo a maior fonte de receita do Estado. Dos valores arrecadados, 25% vão para os municípios e 20% do restante é repassado ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) (SANTA CATARINA, 2013).

Dado o exposto, é notório que a carga tributária é um dos principais fatores que travam a economia brasileira, tanto o excesso de impostos, quanto os altos preços que a população paga, sendo que acaba por receber muito pouco em troca.

Então, nos próximos capítulos, será visto mais afundo o imposto de ICMS nas importações, como ele funcionava no ano de 2012, as mudanças que ocorreram para o estado de Santa Catarina, especificamente, e como atualmente ele é aplicado.

3 INCENTIVOS FISCAIS ÀS IMPORTAÇÕES E SUAS ALTERAÇÕES EM SANTA CATARINA

Os incentivos fiscais em Santa Catarina são regulamentados pelo Regulamento de Normas Gerais de Direito Tributário do Estado de Santa Catarina (RNGDT-SC) aprovado em 27 de junho de 1984 pelo decreto Nº 22.586.

3.1 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO ANTES DA UNIFICAÇÃO

Antes de ocorrer a unificação da alíquota de ICMS interestadual para produtos importados, muitas empresa em Santa Catarina desfrutavam do Programa Pró-Emprego, o que aumentou significativamente as importações realizadas pelo estado, como será visto a seguir.

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3.1.1 Programa Pró-emprego

Este trabalho tem como principal objetivo analisar o benefício tributário para as importações em Santa Catarina nos últimos dois anos, suas alterações, e o que elas trouxeram de consequências para o estado e para as empresas aqui instaladas.

Para isso, é necessário que seja realizada uma abordagem a cerca da legislação vigente antes do Projeto de Resolução 72 e da Resolução 13, ou seja, como funcionava o incentivo de ICMS oferecido pelo governo para empresas importadores instaladas e operando em Santa Catarina.

O principal programa de incentivo às empresas de Santa Catarina foi o Pró-Emprego. Ele foi aprovado em 15 de fevereiro de 2007 pela Lei nº 13.992 e regulamentado em 14 de março de 2007, pelo Decreto nº 105.

Este programa objetivava a geração de empregos e aumento de renda para a população de Santa Catarina por meio de um incentivo de ICMS, atraindo empreendimentos prioritários para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico, além de projetos que fomentassem o comércio exterior do Estado.

Na prática, até dezembro de 2012, o benefício era aplicado da seguinte forma: As mercadorias vindas do exterior ao entrarem por Santa Catarina recebiam o benefício pagando o ICMS inferior ao aplicado sobre a mercadoria produzida localmente ao sair da fábrica. Ao revender o produto importado a outro Estado, o ICMS recolhido nesta etapa seria como se ele tivesse pago o ICMS sem o benefício, ou seja, além do produto importado entrar no país pagando menos, ele ainda recebia este crédito e ao ser repassado a outro Estado, era como se ele tivesse pago a mesma alíquota que o produto nacional.

Além dos benefícios citados o Programa Pró-Emprego oferecia:

a) Prorrogação do ICMS para importações que entraram por Santa Catarina. b) Aumento do prazo para pagar o ICMS.

c) Crédito presumido de ICMS.

d) Diferimento do ICMS sobre vendas no estado de Santa Catarina de forma que o ICMS resulte em uma alíquota de 12%, tanto nas operações com 17% ou 25%.

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f) Possibilidade de envio da mercadoria à filiais situados em outros estados com alíquota de ICMS de 3%.

g) Redução de ICMS na realização melhorias e expansão nos portos catarinenses.

h) Redução de ICMS para projetos com fins relacionados a energia elétrica e linhas de transmissão.

Para a solicitação do incentivo, as empresas preenchiam algumas informações de sua pessoa física e de sua empresa por meio do Tratamento Tributário Diferenciado (TTD) além do pagamento de uma taxa – Documento de Arrecadação (DARE) (SANTA CATARINA, 2007).

As análises dos pedidos eram realizadas por um Grupo Gestor do Programa, sendo de responsabilidade do Secretário de Estado da Fazenda emitir o parecer, deferindo ou indeferindo a solicitação (SANTA CATARINA, 2007).

Num primeiro momento, quando o fim deste incentivo foi anunciado para o início de 2013, todos os envolvidos com importações pelo estado de Santa Catarina ficaram extremamente preocupados.

Grande parte destas empresas acreditavam que o volume de importações cairia significativamente, o que as levaram a tomar algumas medida.

3.1.2 Dados das importações de Santa Catarina antes da unificação do ICMS

No gráfico 1, nota-se que a partir de 2007, quando o Programa Pró-Emprego foi implementado, as importações em Santa Catarina aumentaram consideravelmente.

No ano de 2007, o estado estava apenas em 9º entre os maiores importadores brasileiro. O total contabilizado neste ano foi de, aproximadamente, 5 bilhões de dólares.

Em 2011, Santa Catarina chegou a quase 15 bilhões de dólares movimentados e em 2012 teve uma pequena redução, fechando em 14,5 bilhões de dólares.

Portanto, percebe-se que enquanto o Programa Pró-Emprego esteve presente, o crescimento das importações realizadas em Santa Catarina foi em torno de 290%.

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Gráfico 1- Posição dasimportações catarinenses entre os estados brasileiros.

Fonte: SANTA CATARINA. Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). Elaborado pelo autor.

A seguir observa-se os valores importados pelos municípios de Itajaí e Florianópolis. Nos dois exemplos, a partir que o Programa Pró-Emprego foi estabelecido, houve um aumento considerável nasimportações.

Em Itajaí as importações em 2007 somaram praticamente 1,8 bilhão de dólares. Já no ano de 2012, contabilizou-se 6,5 bilhões de dólares, um crescimento de quase quatro vezes.

Gráfico 2-Valores dasimportações por município.

2007/9º 2008/8º 2009/6º 2010/5º 2011/5º 2012/5º 1913ral

1921ral 1919ral

1932ral

1940ral 1939ral

Importações

em

Santa

Catar

ina

com

os

bene

f

íc

ios

(38)

Fonte: SANTA CATARINA. Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). Elaborado pelo autor

Acompanhando o movimento crescente das importações desde 2007, como visto no gráfico anterior, no quadro a seguirfica visível o aumento dos valores movimentados pela trading “Importejá”.

No início do Programa Pró-Emprego, que a trading era contemplada, a empresa estava na 9ª posição entre asimportadoras de Santa Catarina, operando 81 milhões de dólares. Estes númerosforam crescendo, e no ano de 2010 registrou o recorde da empresa, conquistando o segundo lugar no valor movimentado, fechando o ano em 360 milhões de dólares.

Como será citado posteriormente, em 2010 o Senador Romero Juca apresentou o Projeto de Resolução do Senado 72, o que podeter geradoincertezas por parte dosimportadores, como pode se perceber no gráfico.

2007 2008 2009 2010 2011 2012 1794 3320 3200 5261 6805 6536 381 535 470 913 920 840

Vo

lume

das

importações

(US$

x

1

m

i

lhão

)

(39)

Gráfico 3 - Importações da “Importejá” e sua colocação nas importações

catarinenses.

Fonte: SANTA CATARINA. Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC).

Elaborado pelo autor.

Portanto, dado o exposto, é notável que programas de incentivos fiscais para as importações são extremamente vantajosos para estados que os oferecem, gerando a concorrência com os produtos nacionais, o que acarreta numa dimuição de preços e na redução de impostos por parte dos governantes responsáveis.

3.2 UNIFICAÇÃO DO ICMS INTERESTADUAL PARA OS PRODUTOS IMPORTADOS

As propostas que serão explicadas a seguir, são decorrentes das chamadas “guerra fiscal” e “guerra dos portos”. Estas expressões foram criadas a partir de descontentamentos por partes de alguns estados que não ofereciam benefícios fiscais e, segundo eles, acabavam sendo prejudicados.

81 130 174 360 332 229 0 50 100 150 200 250 300 350 400 2007/9º 2008/6º 2009/6º 2010/2º 2011/5º 2012/10º

Importações da "Importejá"

US$ x 1 milhão

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3.2.1 Projeto de Resolução 72

A Resolução 13, atualmente vigente no Brasil, foi uma modificação e adaptação do Projeto de Resolução 72 (PRS 72). Então, para que fique claro todas as etapas que levaram a unificação do ICMS Interestadual, é necessário que se entenda o processo por inteiro.

O PRS 72 foi apresentado em 22 de dezembro de 2010 pelo Senador Romero Juca e objetivava alterar o ICMS Interestadual para 0% sob bens e mercadorias importadas, como mostra a ementa:

Estabelece que a alíquota do ICMS, nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior, será de 0%; aplica-se esta alíquota aos bens e mercadorias importados do exterior, após o seu desembaraço aduaneiro, desde que tenham sido submetidos a processo que importe apenas em alterar a apresentação do produto, pela colocação de embalagem, e não tenham sido submetidos a processo de industrialização (BRASIL, 2010).

Conforme o Art. 1º, aplica-se apenas após o desembaraço aduaneiro em dois casos: “1) os produtos que não tenham sido industrializados. 2) Processo que apenas altere a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original” (BRASIL. 2010).

A principal justificativa para os defensores do PRS 72 é acabar com a “guerra dos portos”. Este termo, muito utilizado na época, criou-se pelo fato de 10 Estados (Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina, Sergipe, Tocantins) estarem oferecendo incentivos que barateiam as importações por seus portos, barateando estes produtos e deixando os produtos nacionais em desvantagem competitiva.

Para que se entendam os argumentos a favor deste projeto, é importante entender a diferença entre as expressões “guerra fiscal” e “guerra dos portos”. A “guerra fiscal”, começou no Brasil nos anos 70 (setenta) e baseava-se na redução de impostos, pelos governos estaduais, para que as empresas se instalassem em seus Estados, o que ajudava a descentralizar a produção do país.

Já a “guerra dos portos” começou na ultima década com os incentivos de ICMS oferecidos por alguns Estados, e que diferentemente da “guerra fiscal” que atraía empresas, a “guerra dos portos” visa atrair produtos estrangeiros, começando assim esta grande discussão.

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Outra justificativa para esta alteração, é a suposta diminuição de postos de trabalho relativos aos produtos que acabam não sendo produzidos no Brasil.

Além destes dois motivos pelos quais o PRS 72 foi proposto, outros três fatores foram citados, como mostra o texto inicial do projeto:

Estruturação de operações visando ao aproveitamento dos benefícios indevidos, prejudicando o equilíbrio da concorrência; insegurança nas decisões de investimento na produção nacional; redução das receitas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme exposto no tópico a seguir, em prejuízo dos investimentos em saúde, educação e outras importantes áreas para a sociedade (BRASIL, 2010).

Certamente, vários argumentos foram apresentados, tanto para a aprovação quanto para a rejeição do PRS 72, vindos das mais diversas áreas. Mas é visível que os envolvidos estão buscando sempre o melhor para o seu Estado, ou seu ramo de atividade.

Então, para que se compreenda as causas e as consequências que este projeto trouxe aos envolvidos, é importante que se visualize claramente os dois lados, são eles: os Estados que ofereciam benefícios às importações, principalmente Goiás, Espírito Santo e Santa Catarina e os Estados que não ofereciam estes benefícios, tendo como liderança, o Estado de São Paulo.

Em audiência publica no Senado Federal realizada no dia 20 de março de 2012, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) Paulo Skaf (2012), começou seu discurso deixando claro que é a favor que seja discutido, em outra oportunidade, políticas de incentivos à indústria nacional, para que se obtenha mais competitividade e o produto fique mais barato para o consumidor. Na visão do empresário, estes incentivos estavam deixando os produtos importados a preços mais baixos comparado com os produzidos internamente, afetando negativamente, e diretamente, à indústria nacional.

A “guerra dos portos” acaba por beneficiar os países que exportam ao Brasil a preços mais baratos, gerando empregos e melhorando suas balanças comerciais, ao invés de utilizar o dinheiro dos incentivos para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, realizando melhorias nas áreas de saúde, educação, segurança, entre outras.

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Ainda, segundo o empresário, pesquisas realizadas pela FIESP, 915 (novecentos e quinze) mil empregos deixaram de ser gerados no Brasil devido ao incentivo oferecido por alguns Estados da Federação.

A única parte que Paulo Skaf e os representantes dos Estados que perderam os benefícios concordam, é em relação à alta e abusiva carga tributária que a indústria brasileira paga.

Neste sentido, em relação aos altos custos de produção, o Senador de Santa Catarina, Paulo Bauer, afirmou que as indústrias brasileiras pagam energia muito mais cara do que a paga pelos países desenvolvidos, o preço do gás é quase três vezes mais caro que o dos Estados Unidos, por exemplo. O Senador ainda cita a folha de pagamentos dos funcionários público, que é extremamente onerosa.

Apesar disso, Paulo Bauer e outros Senadores dos Estados de Goiás, Espírito Santo e Santa Catarina, discordam do presidente da FIESP sobre os motivos pelos quais a indústria brasileira não está conseguindo concorrer com os produtos estrangeiros.

A falta de competitividade dos produtos nacionais em relação aos importados deve-se, além dos motivos anteriormente citados, ao fato de que o nível de renda da população está aumentando, os levando a comprar mais. Uma vez que a indústria não recebe um programa organizado e eficiente de incentivo fiscal, acaba por não conseguir produzir toda a demanda, é quando acontece a intensificação das importações.

Os Senadores afirmam ainda, que os produtos importados são produtos não acabados, como máquinas para indústrias e insumos, além de carros, onde o país não tem indústria nacional. Logo, os importados não podem ser considerados os problemas de falta de concorrência dos produtos brasileiros.

Em entrevista à TV UNIVALI de Itajaí, o Presidente do Sindicato das Empresas de Comércio Exterior de Santa Catarina, Rogério Marin, diz que as expressões “guerra fiscal” e “guerra dos portos”, utilizadas pela maioria, estão equivocadas. Ele afirma que o que acontecia era única e exclusivamente concorrência, o que acaba por se tornar benéfico para o consumidor, uma vez que a indústria nacional perdendo espaço para os produtos importados, força o Estado a diminuir a carga tributária.

Referências

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