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Centralidades urbanas: hierarquia de fatores determinantes para o planejamento de transportes.

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Academic year: 2021

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Centralidades urbanas: hierarquia de fatores determinantes para o planejamento de transportes.

1Giovanna Megumi Ishida Tedesco; 2Erika Cristine Kneib.

1Instituto Federal de Brasília – IFB; Departamento de Logística; Campus Gama – Brasília, DF;

E-mail: g.tedesco@yahoo.com.br; 2Universidade Federal de Goiás – UFG; Faculdade de Artes Visuais;

Curso de Arquitetura e Urbanismo; Campus Samambaia - Goiânia, GO; E-mail:

erikacristine@gmail.com.

RESENHA

O trabalho mostra as especificidades do espaço urbano que interferem na maneira como os subcentros se desenvolvem e se consolidam, constituindo uma ferramenta valiosa para o diagnóstico e planejamento da estrutura espacial da cidade e, consequentemente, do seu sistema de transportes.

PALAVRAS CHAVE

Centralidades, Método de Análise Hierárquica, Subcentros urbanos 1. INTRODUÇÃO

A estrutura espacial das cidades é amplamente estudada e definida na literatura correlata. Para alguns autores, a abordagem inicia-se com o conceito de espaço, considerado um conjunto de fixos e fluxos (Santos, 2001); enquanto esse espaço passa a ser estruturado por uma rede de centros e subcentros, ou como um conjunto de nós e links (Rodrigue, 2006a). A partir da convergência das abordagens, constata-se que as centralidades e o sistema de transportes têm uma relação indissociável, sendo fundamental estudos que consigam diagnosticar seus elementos, avaliá-los e propor medidas para que alterações em um dos elementos sejam desejadas e potenciais para os demais, e vice-versa.

Nesse contexto, cabe destacar ainda que a conformação dos centros e subcentros subsidia o desenvolvimento de diretrizes relacionadas ao planejamento de transportes, que impactam diretamente a mobilidade das pessoas nas cidades. Sua identificação é imprescindível, por exemplo, para a estruturação de Planos Diretores Municipais e de Mobilidade Urbana, direcionando o planejamento das ações e a implementação dessas políticas.

O Ministério das Cidades (2004) relaciona a formação e a consolidação dos subcentros urbanos – multicentralidade ou policentralidade – à eficiência e organização das próprias cidades, pois é capaz de proporcionar aos cidadãos o acesso aos serviços essenciais dispensando-se deslocamentos motorizados, realizando pequenas viagens a pé ou de bicicleta; ou ainda favorece a possibilidade de acessá-los pelos modos coletivos de transporte. Conclui-se, portanto, que analisar as centralidades urbanas pode contribuir sobremaneira para a formulação de diretrizes de ordenamento territorial e diretrizes de planejamento de transportes, que favoreçam os modos coletivos e não motorizados de transportes, contribuindo para a melhoria da mobilidade urbana, nas cidades brasileiras. Ciente da importância da caracterização, identificação e análise das centralidades urbanas no contexto do planejamento de transportes, Kneib (2008) desenvolveu um método para este fim, baseado na expertise de especialistas. O método utiliza a Análise Hierárquica – MAH, para caracterização dos Subcentros; e este é seguido e complementado por um procedimento que busca aliar Análise Espacial e Delphi, consolidado a partir do conhecimento tácito de especialistas em relação ao espaço urbano com o qual se relacionam. Esses procedimentos foram aplicados a duas cidades distintas, com o intuito de hierarquizar os fatores que caracterizam estes subcentros e de identifica-los espacialmente em sua malha urbana.

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Destarte, este trabalho busca comparar os resultados obtidos a partir da aplicação do método, que possibilita i) comparar a hierarquia dos fatores que caracterizam os subcentros, obtida a partir de entrevistas com especialistas destas duas cidades; ii) identificar espacialmente os subcentros e atribuir-lhes graus de importância.

2. CENTRALIDADES URBANAS PARA PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES

Para Santos (2001), espaço é um conceito fácil de ser entendido, todavia, difícil de ser definido, uma vez que cobre uma variedade muito ampla de objetos e significados. Para o autor, o espaço pode ser considerado de duas formas: com um conjunto de fixos e fluxos; ou como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações.

O sistema de transportes é um elemento tanto formador da estrutura espacial urbana, quanto formado por ela. Cabe destacar que os elementos principais dessa estrutura espacial são as centralidades. A abordagem de Villaça (2001), por exemplo, considera como elementos da estrutura espacial urbana o centro principal da metrópole (a maior aglomeração de empregos ou de comércio e serviços); os subcentros de comércio e serviços (aglomerações diversificadas de comércios e serviços, réplicas menores do centro principal), os bairros residenciais e as áreas industriais. Já o trabalho de Rodrigue (2006a) assevera que o propósito do transporte é geográfico por natureza, pois este facilita movimentos entre locais distintos. Assim, o transporte tem uma função primordial na organização e estrutura espacial urbana.

2.1. Ferramental utilizado nas metodologias a) MAH

Neste trabalho o Método de Análise Hierárquica - MAH é utilizado para hierarquizar características de subcentros urbanos para o planejamento de transportes; assim como uniformizar, entre os especialistas, as definições e características de tais subcentros. Sobre este método cabe destacar que foi desenvolvido por Saaty (1991), e procura reproduzir o raciocínio humano na avaliação comparativa dos elementos de um conjunto, com base na percepção de especialistas. O MAH se baseia em três fundamentos básicos: a construção de hierarquias; o estabelecimento das prioridades e a verificação da consistência. A etapa de construção de hierarquias, também denominada por alguns autores de modelagem, inicia-se com a definição da estrutura hierárquica, que consiste em uma abstração da estrutura de um sistema para estudar as interações funcionais e seus impactos no sistema total, a partir da reunião dos aspectos relevantes em subconjuntos.

b) Delphi

O Delphi foi utilizado para identificar espacialmente subcentros a partir do consenso de um grupo de especialistas. O método surgiu da necessidade de analisar questões de alta complexidade conferindo confiabilidade ao resultado do método (Sáfadi, 2001). Os especialistas constituem a própria fonte dos dados (opiniões), pois são estes os detentores da capacidade de julgamento, para avaliar o desempenho de um determinado objeto em estudo (Marinho, 2006). Há consenso entre os autores pesquisados quanto às características de sustentação do Delphi: o uso de especialistas; o anonimato; a aplicação interativa de várias rodadas do questionário, oferecendo feedback a cada interação; e a busca de um consenso para a questão abordada.

c) Análise espacial

O estudo da relação entre sistemas de transportes e subcentros, a partir da sua inserção no espaço é possível a partir da abordagem afeta à análise espacial, assim como as ferramentas decorrentes de tal análise. Assim, é importante destacar que a análise espacial é o estudo quantitativo de fenômenos que são possíveis de serem localizados no espaço, e procura avaliar se o fenômeno estudado possui uma referência espacial ou geográfica. Para Câmara et al. (2000), a ênfase da análise espacial é quantificar as propriedades e os

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relacionamentos dos dados espaciais que são definidos como quaisquer dados que possam ser caracterizados no espaço em função de algum sistema de coordenadas. Destarte, a ideia central da análise espacial é incorporar o espaço à análise a que se deseja fazer. d) Escala de Pontos

Para mensurar o grau de importância de cada um dos Subcentros identificados utiliza-se uma escala de avaliação do tipo diferencial semântico, "Escala diferencial semântica de Osgood", (Osgood et al., 1964). Segundo esse método, é elaborada uma matriz de pontuação, que pode ser de 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, onde o 4 seria a origem; ou +3, +2, +1, 0, 1, -2, -3, com a origem representada pelo zero. Essa subdivisão em sete itens permite identificar quais variáveis ou características tendem a ter um significado oposto, de menos a mais importante.

3. METODOLOGIA PARA CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CENTRALIDADES A metodologia utilizada neste trabalho foi desenvolvida por Kneib (2008). Como pode ser observado na Figura 1, para sua aplicação, devem ser estabelecidos critérios para escolha dos especialistas, visando garantir perfis adequados à consecução do estudo; o Método de Análise Hierárquica – MAH é utilizado para hierarquizar os atributos dos subcentros e para que os especialistas possam assimilar as características utilizadas como conceito, para a etapa 3. O método Delphi adapatado – a partir da utilização de SIG e análise espacial – é utilizado para identificar os subcentros. O último método – da Escala de Pontos – é utilizado para atribuir graus de importância aos subcentros identificados.

1. Selecionar especialistas 1. Selecionar especialistas 2. Apreender o conceito 2. Apreender o conceito 3. Identificar espacialmente subcentros 3. Identificar espacialmente subcentros MAH Delphi adaptado à análise espacial 4. Mensurar o grau de importância dos subcentros 4. Mensurar o grau de importância dos subcentros Escala de Pontos

A. Estabelecer critérios para escolhas dos especialistas B. Selecionar possíveis nomes C. Fazer contato para verificar disponibilidade

A. Identificação do objetivo (goal); B. Identificação e clusterização das características de subcentros; C. Seleção dos especialistas; D. Preenchimento dos julgamentos; E. Análise das prioridades.

A. Primeira rodada: questionário e mapa produto;

B. Segunda rodada: questionário e mapa produto;

C. X rodada: questionário e mapa final.

Atribuição de um valor de importância aos subcentros identificados em cada uma das rodadas do método Delphi.

Fase Técnica Etapas

Selecionar os especialistas com perfis adequados à execução da pesquisa

Hierarquizar características de subcentros urbanos para o planejamento de transportes; Uniformizar, entre os especialistas, as definições e características de tais subcentros.

Identificar espacialmente subcentros em um determinado município, a partir do consenso de um grupo de especialistas, por meio da aplicação de questionários sucessivos e um processo de feedback das respostas.

Mensurar o grau de importância de cada um dos subcentros identificados, em relação aos demais.

Objetivos

Figura 1 – Metodologia de caracterização e identificação de Subcentros (Kneib, 2008) Esta metodologia foi aplicada a duas cidades brasileiras: Brasília e Manaus, cujos resultados, análises e comparações são apresentados no item a seguir.

4. APLICAÇÃO DO MÉTODO: CASOS DE ESTUDO EM MANAUS E BRASÍLIA

Para atingir o objetivo deste trabalho foram realizados estudos de caso no município de Manaus, capital do estado do Amazonas; e em Brasília, no Distrito Federal. A seleção das cidades justifica-se pela necessidade de aplicação do método em ambientes urbanos com características distintas e pela disponibilidade das bases de dados e de especialistas. 4.1. APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (MAH) À MANAUS E BRASÍLIA: CARACTERIZAÇÃO DAS CENTRALIDADES

A partir das referências bibliográficas que caracterizam as centralidades, abordadas no item 2.1, foram identificadas as características mais relevantes. Posteriormente, as mesmas

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foram clusterizadas e inseridas no software Expert Choice para avaliação pelos especialistas. O modo de operação dentro do ambiente proporcionado pelo software Expert Choice, inicia-se com a formulação do problema, após a identificação dos elementos relevantes ao processo decisório, promovendo a montagem da árvore hierárquica em função dos objetivos a serem alcançados, dos agentes de decisão, dos critérios e das alternativas propostas (Figura 2).

Figura 2 – Árvore hierárquica dos elementos relevantes ao processo decisório

A característica Acessibilidade, facilidade de se atingir determinado destino, foi detalhada conforme os agentes que a percebem, visando possibilitar a análise das diferentes escalas (micro-acessibilidade e macro-acessibilidade), do pedestre (voltado à micro-acessibilidade); do ciclista; do usuário de transporte coletivo – TC; e do usuário de automóvel. O item Geração de Viagens foi detalhado de modo a conformar um conjunto de fatores: densidade populacional, usos, características socioeconômicas, empregos e acessibilidade. Propositalmente, este item inclui características de uso do solo e da acessibilidade, de acordo com a abordagem sobre geração de viagens citada anteriormente, visto que tais itens são extremamente relacionados, sendo que o impacto em um altera os demais.

A partir da definição da estrutura da árvore hierárquica, o Expert Choice determina o formato das matrizes a serem empregadas no programa, conforme a interação entre os vários níveis da estrutura da árvore, e em função do Objetivo Global a ser alcançado. Os especialistas preencheram, individualmente, os resultados de seus julgamentos no próprio software, já que este apresenta uma linguagem gráfica simples. A seguir, apresentam-se os principais resultados, a partir da normalização dos valores, de cada um dos itens do 2º nível, para Manaus e Brasília. Cabe destacar ainda que, no geral, a consistência das análises foi considerada satisfatória, uma vez que se apresentou inferior a 0,1.

a) Item Usos (uso do solo)

Com relação ao item Usos, cabe destacar (Figura 3): para Manaus, o item comércio/serviços, seguido do público/institucional, como os tipos de usos do solo que mais caracterizam áreas como subcentros urbanos, voltados ao objetivo deste trabalho. Para

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Brasília, o público/institucional foi considerado o mais relevante para a caracterização de uma centralidade, seguido do uso comércio e serviço.

Figura 3 – Árvore hierárquica dos elementos relevantes ao processo decisório b) Item Acessibilidade

Conforme as escalas de percepção dos agentes, para Manaus a mais importante foi atribuída ao usuário de transporte coletivo – TC, seguida do pedestre. Sobre o detalhamento das categorias do usuário de transporte coletivo, que podem servir para embasar a adoção de políticas de consolidação de subcentros, destacam-se a frequência e número de linhas. Já para os pedestres, foi destaque a existência das calçadas. Tal análise pode revelar importantes indicadores de preferência de investimento nas infraestruturas prioritárias a cada um desses agentes, contrariamente à grande parte das políticas hoje elaboradas, voltadas apenas ao usuário de automóvel (Figura 4).

No caso de Brasília, os especialistas entrevistados também consideraram a acessibilidade do usuário de transporte coletivo a mais relevante (Figura 4), sendo que a variável frequência das linhas também foi a que recebeu maior pontuação nas avaliações.

Tal análise indica que, para favorecer a acessibilidade aos Subcentros, ao contrário do que é tradicionalmente adotado em Brasília – a implantação crescente de infraestrutura para favorecer o modo motorizado individual, como abertura de novas vias e novas áreas de estacionamento – os especialistas julgam mais adequado favorecer os usuários de transporte coletivo, a partir da melhoria da frequência das linhas e das condições de circulação viária dos ônibus, como corredores preferenciais e exclusivos, que procuram garantir a prioridade do transporte coletivo e colaborar para a melhoria da velocidade operacional dos veículos.

Figura 4 – Valores normalizados para o item Acessibilidade

Manaus

Brasília

Manaus

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c) Item Geração de Viagens

Conforme Figura 5, é possível observar que, no caso de Manaus, a mais importante foi atribuída às características socioeconômicas da população, seguida dos usos do solo, acessibilidade, densidade populacional e empregos. Para Brasília, a densidade populacional foi o critério considerado mais importante para caracterização de uma centralidade, seguido pelos critérios usos, acessibilidade e características socioeconômicas.

Figura 5 – Valores normalizados para o item Geração de viagens d) Comparação Geração de viagens x Acessibilidade x Usos

Por fim, apresentam-se os valores normalizados para os itens do nível dois, cuja análise deve permitir atingir o objetivo Hierarquizar características de subcentros urbanos para planejamento de transportes. A principal característica de tais subcentros urbanos consiste na geração de viagens, tanto para a cidade de Manaus quanto para a cidade de Brasília. No entanto, no caso de Manaus, a variável Acessibilidade mostrou-se mais importante que a variável Usos. Para Brasília, a variável Usos foi destacada pelos especialistas como mais importante que a variável Acessibilidade (Figura 6).

Tal resultado corrobora com as abordagens relacionadas nos trabalhos de Spósito (2001), ratificando a importância de se considerar o número de viagens geradas, reflexo das características socioeconômicas, dos usos, da acessibilidade, da densidade populacional e do número de empregos na área. Sobre a acessibilidade, destaca-se sua importância para guiar políticas públicas relacionadas à infraestrutura de transporte – principalmente para o transporte público e para os pedestres, de acordo com os resultados deste trabalho – que visam consolidar subcentros ou mesmo frear seu crescimento.

Figura 6 – Valores normalizados para o objetivo (goal)

4.2. APLICAÇÃO DO MÉTODO DELPHI À MANAUS E BRASÍLIA: IDENTIFICAÇÃO ESPACIAL DAS CENTRALIDADES

A terceira e quarta fase do método contemplaram a identificação espacial e a mensuração de seu grau de importância. Após a identificação dos subcentros, foram confeccionados mapas que apresentam os subcentros identificados e seu grau de importância, sendo os

Manaus

Brasília

Manaus

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níveis de importância obtidos por meio de tratamentos estatísticos. Essa aplicação possibilitou identificar espacialmente os subcentros nestas cidades a partir do consenso de um grupo de especialistas, utilizando para isso a associação de três métodos anteriormente descritos – o MAH, o método Delphi, e o método da Escala de Pontos.

Os subcentros identificados na cidade de Manaus não estão concentrados apenas na região do centro histórico, região sul do mapa (Zonas 101 e 104), como pode ser observado na Figura 7 (os números correspondem à divisão em zonas de tráfego).

Figura 7 – Subcentros identificados e respectivos graus de importância – Manaus Além do centro da cidade, destacam-se outras duas regiões: a área central do mapa, com uma população de mais alta renda e importantes zonas comerciais com shoppings e lojas, e a região norte, na qual está localizado um dos terminais de transporte público mais importantes (fronteira entre as Zonas 503 e 504). Nesse local, destaca-se a região do entorno do terminal, importante região de comércio popular. As regiões leste e oeste também apresentaram subcentros relevantes, sendo respectivamente o Polo Industrial (leste) e uma região turística denominada Ponta Negra (oeste). Os subcentros identificados confirmam a hierarquia apresentada na Figura 5, segundo a qual o fator mais importante identificado em Manaus foi o item comércio/serviços.

Outro item de destaque é que, em Manaus, considera-se o uso terminais de transporte, como atividade expressiva para suas centralidades. Na Figura 06, é possível observar que, dos 06 terminais de transporte coletivo, 04 estão inseridos em uma área considerada subcentro, ratificando a relação entre as centralidades e o sistema de transporte, no caso, o transporte coletivo. Este item pode indicar a potencialidade de se trabalhar os deslocamentos entre os subcentros por transporte coletivo, inclusive avaliando-se a possibilidade de inserção de novos terminais em subcentros consolidados ou desejados, o que pode contribuir para a melhoria da mobilidade na cidade e fortalecimento dos subcentros pretendidos.

No caso de Brasília (Figura 8), os subcentros identificados são mais concentrados na região Central da cidade, sendo locais de agrupamento de pontos de comércio ou serviços, ou locais onde estão localizados edifícios públicos, de uso institucional.

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Figura 8 – Subcentros identificados e respectivos graus de importância - Brasília Nesta região Central, encontra-se a rodoviária do Plano Piloto, que conforma um importante nó com oferta de transporte coletivo por ônibus e por metrô, facilitando a acessibilidade a este subcentro e contribuindo, sobremaneira, para consolidar esta centralidade. Em Brasília, dentre os 25 subcentros identificados, apenas um apresenta uso residencial, confirmando os resultados apresentados na Figura 3, na qual os usos Público/Institucional e Comércio/Serviços foram identificados como os dois principais tipos e uso do solo que determinam subcentros urbanos.

Mesmo projetada para priorizar a circulação, Brasília apresenta graves problemas de mobilidade, confirmados pelos autos índices de motorização e utilização de autos, mencionados anteriormente. Em todas as centralidades do Plano Piloto, é constatado o excesso de veículos motorizados individuais, o que contribui para áreas de estacionamento cada vez mais demandas e que acabam por degradar a qualidade da paisagem, assim como a qualidade dos espaços para os usuários dos modos coletivos e não motorizados. 5. CONCLUSÕES

O presente trabalho procura avaliar os resultados obtidos a partir da aplicação de um método para identificação de subcentros urbanos aplicados a cidades brasileiras distintas quanto à conformidade de seu espaço urbano. Esta identificação e suas análises buscam, dentre outras coisas, contribuir com o entendimento da relação da estrutura espacial urbana com o sistema de transporte, de modo a contribuir para o planejamento da mobilidade urbana, bem como subsidiar diretrizes relacionadas ao ordenamento territorial e ao planejamento de transportes que facilitem o modo de ir e vir das pessoas nos aglomerados urbanos. Acredita-se que os resultados alcançados possam subsidiar pesquisas futuras e projetos que se dediquem ao tema.

A hierarquização de critérios permitiu uma avaliação quanto aos resultados obtidos por meio da validação dos critérios em função das áreas mapeadas resultantes. Com isso foi possível definir, para o caso de Manaus, que as principais características relacionadas à conformação de subcentros estão relacionadas à presença das atividades de comércio e serviços, enquanto em Brasília a presença de edifícios públicos ou de uso institucional são as mais importantes para que uma localidade se destaque como um subcentro urbano. Esta diferença confirma os resultados obtidos por meio da localização geográfica dos subcentros, identificados por meio de entrevistas com especialistas usuários do espaço urbano nestas duas cidades.

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Os resultados poderão auxiliar a estabelecer diretrizes relacionadas ao ordenamento territorial e ao planejamento dos sistemas de transportes nas cidades brasileiras, em especial nas cidades de Manaus e Brasília, uma vez que as centralidades impactam e são impactadas pelos sistemas de transporte e podem, ainda, constituir importantes nós para a rede de transportes. Identificados os subcentros e as características mais relevantes para a conformação de centralidades nessas cidades, é possível, por exemplo, estabelecer diretrizes de atuação pública no sentido de fomentar sistemas de transporte coletivo que façam a ligação entre os subcentros; enquanto a mobilidade das pessoas intrasubcentro (curtas distâncias) pode ser favorecida a partir da implantação de uma infraestrutura que favoreça os deslocamentos pelos modos não motorizados, como a pé e bicicleta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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São Paulo.

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