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José Rodrigues de Jesus

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Exercício da Actividade de Revisão Legal de Contas por

parte de Revisores Oficiais de Contas de outros

Estados--Membros e de pessoas ou entidades de países terceiros

José Rodrigues de Jesus

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Regime decorrente da Directiva 2006/43/CE do Parlamento Europeu e do

Conselho, de 17 de Maio de 2006

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NOÇÕES

1. Nos termos do Art.º 1.º da Directiva nº 2006/43/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Maio de 2006, entende-se por:

1. «Revisão legal das contas», a revisão ou auditoria das contas anuais e consolidadas, tal como exigido pelo direito comunitário;

2. «Revisor oficial de contas», uma pessoa singular aprovada pelas autoridades competentes de um Estado-Membro, de acordo com a presente directi-va, para realizar revisões legais das contas; 3. «Sociedade de revisores oficiais de contas», uma

pessoa colectiva ou qualquer outra entidade, inde-pendentemente da sua forma jurídica, aprovada pelas autoridades competentes de um Estado--Membro, de acordo com a presente directiva, para realizar revisões legais das contas;

4. «Entidade de auditoria de um país terceiro», uma entidade, independentemente da sua forma jurídi-ca, que executa a revisão ou auditoria das contas anuais ou consolidadas de uma sociedade constituí-da num país terceiro;

5. «Auditor de um país terceiro», uma pessoa singu-lar que executa a revisão ou auditoria das contas anuais ou consolidadas de uma sociedade constituí-da num país terceiro.»

PRINCÍPIO GERAL - A EXIGÊNCIA DE

APROVAÇÃO

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2. O princípio geral da revisão legal de contas no que se refere à territorialidade está expresso no n.º 1 do Art.º 3.º da Directiva nos seguintes termos: «As revi-sões legais das contas são realizadas apenas por reviso-res oficiais de contas ou por sociedades de revisoreviso-res

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1 - Cumpre assinalar que o regime a que o presente documento se refere é o que decorre da Directiva e, como tal, aquele que, uma vez ter-minado o respectivo prazo de transposição deverá estar acolhido no ordenamento jurídico nacional. Até lá, as matérias relacionadas com o acesso à profissão de revisor oficial de contas constam do Estatuto da OROC. Sucintamente, os requisitos de acesso à profissão constam dos Art.ºs. 123.º e seguintes do Estatuto. A regra geral consta do Art.º 123.º: os revisores oficiais de contas e as sociedades de revisores oficiais de contas apenas podem exercer as funções respectivas depois de inscritos na «lista dos revisores oficiais de contas». Para que tal inscrição possa realizar-se, é imposto pelo Art.º 124.º um conjunto de requisitos, no qual, para lá de exigências em respeitantes a idoneidade, a for-mação académica, a aprovação em exame e a realização de estágio, se inclui (al. a) do Art.º 124.º) a exigência de nacionalidade portuguesa. Esta regra geral do Art.º 124.º sofre, todavia, duas excepções, a saber:

Estrangeiros não oriundos da União Europeia – no Art.º 125.º admite-se que possam ser inscritos desde que preencham os demais requisitos do Art. 124.º e o respectivo Estado de origem admita portugueses a exercerem a profissão correspondente à de revisor oficial de contas em igualdade de condições com os seus nacionais (princípio da reciprocidade);

Revisores oriundos da União Europeia – nos Arts. 146.º e seguintes permite-se que possam exercer a profissão em Portugal os revisores ofici-ais de contas autorizados a exercer a sua profissão num Estado Membro da União Europeia, desde que obtenham aprovação em prova de aptidão; além disso, o Art.º 153.º permite a inscrição, nas condições aí estabelecidas, de revisor oficial de contas de outros Estados Membros, para efeitos de exercício do direito de estabelecimento.

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ciais de contas aprovados pelo Estado-Membro que exige a revisão legal das contas».

3. Assim, no caso Português e no modelo actual, ape-nas poderão realizar a revisão legal de contas imposta pelo ordenamento jurídico nacional os revisores oficiais de contas (ROC) ou as sociedades de revisores oficiais de contas (SROC) – inscritos, pois, na Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), única autorida-de agora competente.

4. De acordo com o Art.º 6.º da Directiva, para que a inscrição possa efectuar-se é necessário que os ROC e as SROC preencham os requisitos legalmente impostos relativamente a idoneidade (Art.º 4.º), a qualificações académicas (Art.º 6.º) e a aprovação em exame da aptidão profissional ou a experiência prática de longa duração (Art.ºs 7.º a 11.º).

OS REVISORES DE OUTROS

ESTADOS--MEMBROS - A APROVAÇÃO

5. Para poderem realizar a revisão legal de contas em Portugal, os revisores de outros Estados-Membros estão, igualmente, sujeitos a aprovação pela autoridade nacional competente. Nos termos do Art.º 14.º da Directiva, tal aprovação deve estar sujeita a procedi-mentos que, todavia, não devem ir além da obrigação de obter aprovação numa prova de aptidão, de acordo com o Art.º 4.º da Directiva 89/48/CEE do Conselho, de 21 de Dezembro de 1988, relativa a um sistema geral de reconhecimento dos diplomas de ensino superior que sancionam formações profissionais com um duração

mínima de três anos. Essa prova de aptidão deve ser conduzida numa das línguas autorizadas pelos regimes linguísticos aplicáveis no Estado-Membro em causa (no caso, em Português)2 e deve incidir apenas nos

conhe-cimentos do revisor oficial de contas da legislação e da regulamentação do Estado-Membro em causa (no caso, Portugal), com vista a verificar a adequação daqueles conhecimentos à revisão legal das contas.

OS AUDITORES

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DE PAÍSES TERCEIROS

- A APROVAÇÃO

6. Quanto à autorização de auditores de países tercei-ros, o Art.º 44.º da Directiva prevê que, sob reserva de reciprocidade, as autoridades competentes de um Estado-Membro (no caso, Portugal) podem aprovar um auditor de um país terceiro como revisor oficial de con-tas, se essa pessoa provar que cumpre requisitos equi-valentes aos referidos no anterior número 4 e, bem assim, que se encontra submetida a um regime de for-mação contínua (Art. 13.º).

7. Além da comprovação daqueles requisitos, a Directiva exige que, antes de concederem a aprovação a um auditor de um país terceiro, as autoridades com-petentes dos Estados-Membros devem aplicar os requi-sitos previstos no Art. 14.º da Directiva, isto é, subme-ter essas pessoas a uma prova de aptidão com as carac-terísticas referidas no anterior número 54.

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2 - A Directiva parece permitir que se possa concluir que quem não domine a língua portuguesa tenha maiores dificuldades em obter sucesso na prova de aptidão, devendo assinalar-se que a prova se destina a aferir o conhecimento dos quadros legais e regulamentares em que assen-ta a revisão de conassen-tas no espaço de aplicação geográfica onde o candidato pretende exercer actividade.

3 - A diferença de terminologia entre Auditores e Revisores Oficias de Contas (cf. sub-título anterior) procura acompanhar as definições decor-rentes da Directiva; aí, a expressão revisores (sociedade de revisores) está reservada para quem seja aprovado na UE; já para as pessoas ou entidades oriundas de países terceiros (e que ainda não tenham sido aprovados na UE) a expressão usada é a de auditores ou entidades de auditoria; note-se, porém, que esses “auditores” uma vez aprovados por uma autoridade competente de um Estado Membro passam a merecer o qualificativo de “revisor”.

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OS AUDITORES DE PAÍSES TERCEIROS

– O REGISTO PARA EFEITOS DE

RECONHECIMENTO DA CERTIFICAÇÃO

LEGAL DE CONTAS DE SOCIEDADES

DE PAÍSES TERCEIROS COM VALORES

ADMITIDOS À NEGOCIAÇÃO

EM UM MERCADO REGULAMENTADO

DO ESTADO-MEMBRO

8. Ainda quanto a auditores e entidades de auditoria de países terceiros, o Art.º 45.º da Directiva determina que as autoridades competentes de um Estado-Membro devem proceder ao registo, de acordo com os Art.ºs 15.º a 17.º (registo público), de todos os auditores e de todas as entidades de auditoria de países terceiros que apresentem relatórios de auditoria ou certificações legais das contas anuais ou consolidadas de uma socie-dade constituída fora da Comunisocie-dade cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação num mer-cado regulamentado desse Estado-Membro5,6.

9. As pessoas ou entidades referidas no número anterior devem ficar sujeitas aos sistemas de supervisão pública, aos sistemas de controlo de qualidade e aos sistemas de inspecção e de sanções do Estado-Membro em que é efectuado o registo (no caso, Portugal). O Estado--Membro (no caso, Portugal) pode, no entanto, isentar os auditores ou as entidades de auditoria de países ter-ceiros registados da sujeição ao seu sistema de contro-lo de qualidade, se o sistema de controcontro-lo de qualidade de outro Estado-Membro ou de um país terceiro que tenha sido reconhecido como equivalente nos termos do Art.º 46.º da Directiva tiver realizado uma verificação de controlo de qualidade do auditor ou da entidade de

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188 RREEVVIISSOORREESS AAUUDDIITTOORREESS JAN/MAR 2007

5 - Salvo se a sociedade apenas emitir valores mobiliários representativos de dívida admitidos à negociação num mercado regulamentado num Estado-Membro, cujo valor nominal unitário seja, pelo menos, de 50 000 EUR ou, no caso de valores mobiliários representativos de dívida emitidos noutra moeda, seja equivalente, pelo menos, a 50 000 EUR, na data da emissão.

6 - Admita-se, por exemplo, um revisor espanhol de um lado e um auditor norte-americano do outro: o auditor espanhol, dado que é oriun-do de um Estaoriun-do-Membro, não tem de comprovar que preenche os requisitos legalmente impostos em sede de ioriun-doneidade, qualificações académicas e de aprovação em exame da aptidão profissional ou de experiência prática de longa duração; em relação a este auditor, uma vez que Espanha está igualmente sujeita ao regime da Directiva, presume-se, inelutavelmente, que esses requisitos estão preenchidos; assim ape-nas terá de se submeter à já referida prova de aptidão, com o alcance mencionado; já o auditor norte-americano, para lá de ter de se subme-ter a tal prova de aptidão, subme-terá de demonstrar, adicionalmente, que preenche os requisitos acima referidos.

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toria de país terceiro em questão no decurso dos três anos precedentes.

10. Para que possam ser registados num Estado--Membro (no caso, em Portugal), as pessoas ou

entidades de países terceiros referidas no anterior número 8 devem:

10.1. Satisfazer (ou estar sujeitas a requisitos equiva-lentes aos estabelecidos no anterior número 4;

10.2. Assegurar que a maioria dos membros dos seus órgãos de administração ou de direcção satisfaz os requisitos do anterior número 4;

10.3. Assegurar que o auditor que realiza a revisão ou auditoria por conta da entidade de auditoria de país terceiro satisfaz requisitos equivalentes aos estabelecidos no anterior número 4;

10.4. Assegurar que a revisão ou auditoria das contas anuais ou consolidadas referidas no anterior número 8 é realizada de acordo com normas interna-cionais de auditoria previstas no Art.º 26.º da Directiva e, bem assim, em respeito pelos requisitos estabelecidos nos Art.ºs 22.º e 24.º (inde-pendência) e 25.º (honorários) da Directiva, ou por normas e requisitos equivalentes;

10.5. Publicar no seu sítio Internet um relatório anual de transparência, que inclua as infor-mações previstas no Art. 40.º da Directiva, ou cumprir requisitos de divulgação equivalentes.

11. Na ausência da inscrição no registo público, sem prejuízo do Art.º 46.º (regime de derrogação em caso de equivalência)7, os relatórios de auditoria

das contas anuais ou das contas consolidadas, a que se fez referência no anterior número 8, emitidos pelos auditores ou pelas entidades de auditoria de países terceiros, não têm qualquer valor jurídico em Portugal.

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7 - Note-se que, com base na reciprocidade, os Estados-Membros podem não aplicar ou alterar os requisitos em questão, unicamente se as entidades de auditoria ou os auditores de um país terceiro estiverem submetidos no país terceiro a sistemas de supervisão pública, de contro-lo de qualidade e de inspecção e de sanções que cumpram os requisitos equivalentes aos previstos na Directiva.

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EM SUMA:

(i) Só podem realizar revisões legais das contas os revisores oficiais de contas ou as sociedades de revi-sores oficiais de contas aprovados em Portugal; essa aprovação só pode ser concedida às pessoas ou entidades que preencham os requisitos legalmente impostos em sede de idoneidade, qualificações académicas e de aprovação em exame da aptidão profissional ou de experiência prática de longa duração;

(ii) Os requisitos de aprovação de revisores oficiais de contas de outros Estados-Membros não devem ir além da obrigação de obter aprovação numa prova de aptidão, que deve incidir, apenas, nos conheci-mentos do revisor oficial de contas da legislação e da regulamentação de Portugal, com vista a veri-ficar a adequação daqueles conhecimentos à revisão legal das contas;

(iii) A aprovação de auditores de países terceiros está sujeita à comprovação do preenchimento dos requi-sitos gerais de aprovação aplicáveis em Portugal e, bem assim, à submissão a uma prova de aptidão, nos termos referidos em ii);

(iv) Os auditores e as entidades de auditoria de países terceiros que apresentem relatórios de auditoria ou certificações legais das contas anuais ou consoli-dadas de uma sociedade constituída fora da Comunidade cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação num mercado regulamenta do de Portugal, devem estar inscritos no registo público, sob pena de os relatórios de auditoria das contas anuais ou das contas consolidadas não terem qualquer valor jurídico em Portugal.

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A Revisão de Contas nos Municípios

A nova Lei das Finanças Locais (LFL), aprovada pela

Lei n.º 2/2007, de 15 de Janeiro de 2007, que revoga a Lei n.º 42/98, de 6 de Agosto, contempla, pela primeira vez, a auditoria externa às contas1dos municípios e das

associações de municípios com participações de capital em fundações ou entidades do sector empresarial local (art.º 48.º da LFL).

1 - Termo utilizado no art.º 48.º da LFL mas que, na prática, deve ser interpretado como “revisão legal das contas” ao abrigo do Estatuto dos ROC (EOROC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 487/99, de 6 de Novembro.

Joaquim Fernando da Cunha

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Neste breve

apontamento

comenta-mos alguns aspectos

técnicos relativos à

revisão de contas

ínsi-tos na LFL

São evidentes as vantagens desta iniciati-va, em prol da credibilização das contas dessas entidades e da transparência da informação, tendo em conta o enquadra-mento legal da profissão de ROC, nomea-damente o respectivo Estatuto Profissional e a legislação societária.

Neste breve apontamento comentamos alguns aspectos técnicos relativos à revi-são de contas ínsitos na LFL, que, em nossa opinião, carecem de ajustamentos de redacção, tendo em conta, nomeada-mente, aspectos conceptuais da profissão de ROC, face ao Estatuto da Ordem dos ROC (EOROC), aprovado pelo Decreto--Lei n.º 487/99, de 16 de Novembro. Pela sua importância, destacamos, ainda, algumas conclusões e recomendações cons-tantes nos dois livros sob o título “Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses”

(AFMP) referente aos anos de 2003 e de 2004.

1. A CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS

O art.º 46.º da LFL determina a obrigato-riedade da consolidação de contas, definin-do alguns aspectos definin-do perímetro de conso-lidação (municípios que detenham serviços municipalizados ou a totalidade do capital de entidades do sector empresarial local) e reforçando que os procedimentos contabi-lísticos de consolidação são os definidos no Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais (POCAL), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 54-A/99, de 22 de Fevereiro.

Note-se, que o n.º 1 do art.º 46.º da LFL apenas se refere aos municípios que de-tenham serviços municipalizados ou a

Âmbito Articulado Descrição

Consolidação de contas N.º 1, do art.º 46.º As contas dos municípios que detenham serviços munici-palizados ou a totalidade do capital de entidades do sec-tor empresarial local.

Apreciação das contas N.º 2, do art.º 47.º As contas dos municípios e das associações de municípios que detenham participações no capital de entidades do sector empresarial local.

Auditoria externa N.º 1, do art.º 48.º As contas anuais dos municípios e das associações de municípios que detenham capital em fundações ou em entidades do sector empresarial local.

QUADRO 1

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totalidade do capital de entidades do sector empre-sarial local2, quando o n.º 2 do art.º47.º e o n.º 1

do art.º48.º apresentam âmbitos diferentes, como podemos verificar no quadro 1.

Assim, face a essas divergências de “âmbito”, pode-remos colocar a dúvida de se as entidades referidas no n.º 2 do art.o 47.º e no n.º 1 do art.º 48.º mas não referidas no n.º 1 art.º 46.º, também se incluem no perímetro da consolidação das contas. Analisando essas diferenças, podemos inferir que,

designadamente, as seguintes situações não são relevantes para efeitos de consolidação de contas:

• As contas das assembleias de municípios que detenham (ou não) participações no capital de entidades do sector empresarial local3;

• As contas dos municípios ou das associações de municípios que apenas detenham capital em fundações4.

De notar que os AFMP de 2003 e de 2004 recomen-dam a publicação de legislação que obrigue a con-solidação de contas das autarquias de forma a obter-se informação agregada para o todo do “grupo autárquico”.

Além disso, o AFMP de 2004 ao referir-se à LFL, regista o facto positivo de se contemplar a consoli-dação de contas, recomendando, porém, o alarga-mento do perímetro de consolidação a participa-ções maioritárias e não apenas a participaparticipa-ções totais.

2. OS RELATÓRIOS DO ROC

O n.º 2 do art.º 47.º da LFL prevê:

«As contas dos municípios e das associações de municípios que detenham participações no capital de entidades do sector empresarial local são reme-tidas ao órgão deliberativo para apreciação junta-mente com o certificado5legal das contas e o

pare-cer sobre as contas apresentados pelo revisor oficial de contas ou sociedade de revisores oficiais de con-tas.».

2 - Engloba, nomeadamente, as empresas municipais e intermunicipais. 3 - Desconhecemos se na prática existem algumas destas situações.

4 - No pressuposto de que as fundações, tendo em conta o seu escopo não lucrativo, não se enquadram no “sector empresarial local”. 5 - A palavra “certificado” deve ser substituída pela de “certificação”, conforme prevê o art.º 44.º do EOROC.

Joaquim Fernando da Cunha

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Este articulado prevê dois relatórios a emitir pelo ROC/SROC: a “Certificação Legal das Contas” e o “Parecer sobre as Contas”.

Note-se, no entanto, que a alínea e) do n.º 3 do art.º 48.º da LFL preceitua como competência do auditor externo6 «Emitir parecer sobre as contas

do exercício…», o que poderá interpretar-se como o segundo daqueles relatórios. Ou seja, este articula-do deveria mencionar, tal como prevê o n.º 2 articula-do art.º 47.º, a «certificação legal das contas e o pare-cer sobre as contas», a fim de evitar tal interpreta-ção.

É óbvio, porém, que o preâmbulo desse articulado (n.º 3 do art.º 48.º) estabelece a competência do auditor externo (ROC/SROC) de proceder anual-mente à revisão legal das contas, pelo que podemos deduzir que a certificação legal das contas está implícita naquela alínea e), pois a mesma constitui, efectivamente, o principal relatório emitido pelo ROC/SROC, nos termos do art.º 44.º do EOROC. Acresce, ainda, que o ROC/SROC deverá emitir o Relatório Anual da Fiscalização Efectuada (RAFE), face ao disposto na alínea a) do n.º 1 do art.º 52.º do EOROC e na Directriz de Revisão/Auditoria n.º 790, de Janeiro de 20037.

3. A DESIGNAÇÃO DE ROC

O art.º 50.º “Designação” do EOROC determina as diversas hipóteses quanto ao órgão da sociedade responsável pela designação/nomeação do

ROC/SROC, sendo, regra geral, a assembleia geral de sócios/accionistas (n.º 1 do art.º 50.º do EOROC).

O n.º 2 do art.º 48.º da LFL determina:

“O auditor externo é nomeado por deliberação da assembleia municipal, sob proposta da câmara, de entre revisores oficiais de contas ou sociedades de revisores oficiais de contas.”.

Assim, a nomeação do ROC/SROC deverá ser efec-tuada por deliberação da assembleia municipal, sob proposta do órgão executivo8 da câmara, o que se

justifica pelo facto de este ser o “órgão máximo” do município, tal como a assembleia geral o é nas sociedades comerciais.

4. AS COMPETÊNCIAS DO ROC

Além de alguns aspectos já atrás referidos, subli-nhamos que o n.º 3 do art.º 48.º da LFL estabele-ce um conjunto de competências do ROC/SROC, que, de uma forma geral, se encontram previstas no art.º 420.º do CSC no que concerne às competên-cias do Conselho Fiscal/Fiscal Único das socieda-des anónimas.

Salientamos, porém, as previstas nas alíneas b) e d) que transcrevemos:

b) Participar aos órgãos municipais competentes as irregularidades, bem como os factos que

6 - O articulado refere auditor externo quando deveria referir ROC ou SROC.

7 - De notar que o Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março, alterou a redacção dos n.os2 e 4 do art.º 451.º do CSC, deixando de exigir o RAFE para as sociedades anónimas, mantendo-se, contudo, a dúvida se também é aplicável às sociedades por quotas, pois os n.os 5 e 6 do art.º 263.º não foram alterados por esse diploma. Neste contexto, fizemos uma exposição à OROC que se pro-nunciou pela prevalência daquela norma estatutária, i.e., mantém-se a obrigatoriedade da emissão do RAFE para todas as sociedades, dado que o art.º 52.º do EOROC se mantém. Na Nota Técnica INFOCONTAB n.º 2, de 8 de Janeiro de 2007, do nosso Portal INFOCONTAB em www.infocontab.com.pt, no menu “Notas Técnicas” incluímos o teor dessa exposição e da respos-ta da OROC.

8 - Embora o texto do articulado refira «sob proposta da câmara», julgo, salvo melhor opinião, que deveria fazer referência ao órgão executivo.

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considere reveladores de graves dificuldades na prossecução do plano plurianual de investimen-tos do município;

d) Remeter semestralmente ao órgão deliberativo do município ou da entidade associativa muni-cipal, consoante o caso, informação sobre a respectiva situação económica e financeira;”.

A alínea b) supra constitui um procedimento de alerta9.

Relativamente à alínea d), trata-se de um relatório semestral do ROC/SROC sobre a evolução da situação económica e financeira10, devendo incluir

referências sobre a execução orçamental semestral, face ao espírito do disposto na alínea e), do n.º 3 do art.º 48.º da LFL, a fim de lhe incutir uma maior dinâmica no relato.

Note-se, ainda, que o parecer sobre as contas do exercício, previsto na alínea e) do n.º 3 do art.º 48.º da LFL, deverá também incidir sobre a execu-ção orçamental, o que constitui uma característica específica dos municípios. Ou seja, o ROC/SROC deverá pronunciar-se sobre as condições gerais de cumprimento do orçamento do município,

nomea-damente sobre as justificações do órgão executivo relativamente aos possíveis desvios orçamentais.

5.

O ANUÁRIO FINANCEIRO DOS

MUNICÍPIOS PORTUGUESES

5.1 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Visando um melhor enquadramento deste tema, julgamos útil destacar e enaltecer algumas das con-clusões retiradas do AFMP/2004, da autoria de João Carvalho, Maria José Fernandes, Pedro Camões e Susana Jorge, cuja 2.ª edição de 2004 (a primeira referiu-se ao exercício de 2003) foi recen-temente apresentada.

Assim, das conclusões destacamos as seguintes: • «.../... No entanto, apesar das reconhecidas

vantagens do novo sistema de contabilidade autárquica, e do já significativamente elevado grau médio de implementação do POCAL pelos municípios portugueses, a fiabilidade e a comparabilidade da informação económica e patrimonial ainda não são as desejadas»;

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9 - De notar que, por exemplo, nas empresas municipais e intermunicipais o ROC/SROC deverá exercer o “Dever de vigilância” pre-visto no art.º 420.º- A do CSC para as sociedades anónimas.

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• «../... Quanto às características de relevância e oportunidade, verificamos que a informa-ção elaborada pelo sistema de contabilidade patrimonial e pelo sistema de contabilidade de custos ainda é pouco utilizada no apoio à tomada de decisões e nas auditorias exter-nas»;

• «Relativamente aos Indicadores de Gestão a apresentar no Relatório de Gestão verifi-cou-se que existe um número significativo de municípios (31%) que não apresenta nenhum indicador no Relatório de Gestão, nem orça-mental nem económico e/ou patrimonial, não cumprindo assim com o definido no POCAL…/…»;

• «Relativamente à utilidade da informação elaborada pelos municípios na perspectiva do Tribunal de Contas, em sede de auditoria, verificou-se que, para além da análise dos aspectos orçamentais, que continuam a mere-cer uma grande atenção por parte das audito-rias, houve um alargamento do seu âmbito, passando a abranger também, embora de uma forma ainda “tímida”, a apreciação da vertente patrimonial, contemplando as análises econó-mica e financeira e a implementação do POCAL nas suas diferentes perspectivas.». Relativamente às recomendações salientamos as seguintes:

- «1. É fundamental a publicação de legislação que obrigue à consolidação das contas das autarquias de forma a obter-se informação agregada para o todo do “grupo autárquico”.

Verificamos que a nova Lei das Finanças Locais (em discussão Pública) prevê obrigatoriedade de apresentação de contas con-solidadas para as autarquias que possuam ser-viços municipalizados e empresas municipais. É um primeiro passo para uma consolidação mais alargada, ou seja, que inclua participa-ções maioritárias e não apenas participaparticipa-ções de 100% do capital»;

• «2. A não aplicabilidade do POCAL às empresas municipais é questionável, pois difi-mente se entende que entre duas entidades que tenham a mesma lógica de prestação de serviços (por exemplo, serviço de água) obede-çam a sistemas contabilísticos distintos (POCAL no caso dos Serviços Municipalizados e POC no caso das Empresas Municipais)»;

5.2 RELATÓRIO DE GESTÃO

No que concerne à informação constante do Relatório de Gestão, a designação de ROC/SROC irá certamente contribuir para a melhoria do rela-to do órgão executivo, pois o ROC/SROC terá de proceder à verificação da concordância da informa-ção financeira constante do relatório de gestão com as demonstrações financeiras, de acordo com o

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modelo de certificação legal das contas, previsto na Directriz de Revisão/Auditoria n.º 700 (DRA 700) de Fevereiro de 2001, sob o título “Relatório de Revisão/Auditoria” (item 5).

Deste modo, o ROC/SROC terá de assumir uma postura crítica sobre o conteúdo do relatório de gestão, apresentando sugestões e correcções visan-do a melhoria visan-do seu conteúvisan-do.

5.3 A PRESTAÇÃO DE CONTAS (ACCOUNTABILITY)

O AFMP/2004 preconiza a necessidade de uma melhoria da prestação de contas dos municípios, num contexto de accountability, definida como “prestação de responsabilidade” por parte do órgão de gestão (órgão executivo) no que respeita à ges-tão e utilização dos dinheiros públicos. A este pro-pósito o AFMP/2004 (p. 25) sublinha:

«O termo inglês accountability não é de simples tradução para a língua portuguesa, sendo difícil a sua tradução directa numa única palavra. Não obstante, podemos considerar accountability como prestação de responsabilidades, ou seja, como “prestação de contas”, não só na perspectiva conta-bilística ou monetário-financeira, como também e sobretudo na gestão e concretização de programas estabelecidos e de actividades previamente defini-das e aprovadefini-das.

Assim, à responsabilidade dos órgãos executivos por uma boa gestão de dinheiros públicos (redistri-buição de rendimentos e riqueza, com vista a uma melhor justiça social) e por informarem sobre a forma como utilizam os recursos públicos disponi-bilizados, podemos designar de accountability.»

6. CONCLUSÕES

A LFL prevê a auditoria externa (revisão legal das contas) a realizar por ROC/SROC, o que constitui um factor positivo em prol da credibilização das contas dos municípios portugueses.

Neste trabalho destacamos alguns comentários e recomendações ínsitos nos AFMP/2003 e AFMP/2004, com maior ênfase para este último, o qual enfatiza a necessidade do órgão executivo (órgão de gestão) dos municípios incrementar e melhorar o nível de relato da prestação de contas, numa óptica de responsabilidade pela gestão dos dinheiros públicos accountability.

Relativamente aos articulados inerentes à revisão legal de contas, a LFL apresenta alguns aspectos de redacção e de âmbito que carecem de clarifica-ção, daí termos apresentado o nosso contributo. Tendo em consideração que está em causa a gestão dos dinheiros públicos, e que, mais até que nas empresas privadas, as contas dos municípios inte-ressam a um conjunto mais vasto de utilizadores/stakeholders internos e externos, nomeadamente o público em geral e, em especial, aos munícipes da área geográfica do município, jul-gamos que tal iniciativa governamental deve mere-cer aprovação e apoio de todos os cidadãos.

Referências

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