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Fórum Social Mundial

Memória FSM

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O Movimento Social Palestino rumo ao FME

O Fórum Mundial da Educação na Palestina será realizado de 28 a 31 de outubro de 2010. No cenário social atual na Palestina, esse Fórum expressa uma importante oportunidade para refletir sobre a realidade e desafios existentes em primeiro plano na sociedade palestina.

A relevância desse Fórum não é apenas em relação às recentes questões políticas, mas também tem um significado mais profundo representado pelo papel tradicionalmente forte desempenhado pelos movimentos sociais no país; em toda a história, desde a dominação otomana, a sociedade civil palestina vem ativamente expressando suas demandas e demonstrando sua oposição, assim como testemunhando as contradições internas que movem a sociedade.

Do início do imigração intensa de judeus para a região, o povo palestino começou a se organizar no sentido de enfrentar o problema da ocupação e confisco de terra. Em um país tradicionalmente agrícola por natureza, as questões da terra eram a principal prioridade dos crescentes movimentos sociais; e nas décadas seguintes o movimento feminista também tomou forma. Na década de 1920 tiveram início as mobilizações de trabalhadores pelos sindicatos, primeiro reunidos em Haifa. No mesmo período, os efeitos da Revolução de outubro na Rússia em 1917 espalharam os ventos do socialismo para a Palestina. Esse evento, junto com o socialismo europeu, também afetou a constituição dos sindicatos e a conscientização dos trabalhadores de seus próprios direitos.

Os eventos de 1947-1948 tiveram consequências profundas também na história dos movimentos sociais. A destruição de famílias e comunidades e as violações da vida pública e privada em um país inteiro destruíram a possibilidade de uma reação concreta e uma coalizão e oposição. De 1948 a 1967, movimentos sociais enfrentaram o exílio do povo palestino e passaram por uma longa fase de “elaboração do trauma”. Depois dos efeitos e do choque do Nakba, o movimento social palestino precisou de tempo para reorganizar sua estrutura e demandas. Ao mesmo tempo, as demandas concretas dos refugiados palestinos forçaram o movimento social a organizarem grupos e estruturas

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para responder às necessidades diárias das pessoas, especialmente nos campos de refugiados. Além disso, os movimentos de base enfrentaram uma profunda necessidade expressada pelos pessoas que se tornaram estranhos em suas próprias terras: a proposta inicial foi desta foma identificada na conservação, redefinição e transmissão da identidade e memória palestina.

1967 foi uma virada na história dos movimentos sociais na Palestina, com a constituição da Organização para Libertação da Palestina (OLP); houve também uma reformulação séria dos sindicatos e movimentos de base, que passaram para debaixo do guarda-chuva da OLP. Nos vilarejos, cada vez mais grupos organizaram caridades e serviços (providenciando eletricidade, água e outros serviços), para o povo palestino, os chamados “comitês voluntários” (que particularmente mobilizaram mulheres e jovens) que desempenharam um papel muito importante contra as “ligas dos vilarejos” criadas pelo governo israelense para enfraquecer e substituir a liderança nacional da OLP. Esses comitês voluntários foram experiências autênticas de movimentos de base.

Progressivamente e particularmente nos anos 70, a causa palestina foi vista como primeiro exemplo de repressão e injustiça e os movimentos sociais opondo-se ao regime israelense tornou-se o mais importante na região. Essa vitalidade do movimento social nos anos 70 e na primeira parte dos anos 80 preparou as bases para o levante palestino de 1987.

Durante a Intifada, o papel dos estudantes, mulheres e os diversos movimentos sociais foi crucial: os anos entre 1987 e 1990 foram anos dourados e representaram um salto qualitativo e quantitativo na história da resistência popular palestina. O primeiro levante foi resultado de todos os esforços e experiências amadurecidos nas décadas anteriores.

A primeira Intifada foi o ponto máximo de ação para o movimento social palestino. A década de Oslo, que marcou os anos 90 e a criação da Autoridade Palestina (AP) transformou a realidade do movimento social. O movimento incorporado à estrutura da AP e o aumento de seu papel político – pelo preço de parcialmente esquecer das demandas pelos direitos do povo palestino.

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Redefinição de identidade

Os movimentos sociais na Palestina enfrentam agora desafios diferentes. Assim como no contexto político, uma das questões mais críticas na esfera social é a divisão que separa diferentes grupos. A pluralidade das representações de categorias e seções refletem a multiplicidade positiva da realidade, mas corre o risco de enfraquecer o movimento como um todo, comprometendo a unidade. O quadro contextual é, além disso, dividido pela separação física e política entre Gaza e a Cisjordânia e a realidade dos palestinos dentro de Israel.

Os movimentos sociais não podem ter as mesmas prioridades e demandas nos Territórios Palestinos Ocupados (TPO – Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém), dentro de Israel e na diáspora. A importância de uma conexão entre os TPO e a Palestina de 1948 deveria ser cada vez mais frisada para reafirmar que, apesar das diferentes questões, todos esses lugares enfrentam a ocupação israelense e aspiram à libertação nacional e o fim do colonialismo e da discriminação, como meta de sua luta e de sua atitude histórica.

Além disso, a participação coletiva na vida política enfraqueceu na última década. Dois eventos comprovam isso: o primeiro foi a separação entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia e entre o Fatah e o Hamas. Os movimentos sociais não desempenharam nenhum grande papel para impedir essa divisão. Os movimentos sociais se mantiveram silenciosos e não pressionaram de forma concreta o Fatah ou o Hamas. Os movimentos de base não implementaram as demandas populares e prioridades e eles simplesmente seguiram interesses privados ligados a um único partido. Se houvesse um movimento social com uma agenda política clara defendendo os direitos sociais palestinos, o movimento social teria começado uma luta não violenta para impedir a divisão. Recentemente, a falta de demonstrações de massa depois do adiamento das eleições na Cisjordânia demonstram esse auto retiro feito pelos movimentos sociais. A causa palestina vem ganhando apoio internacional, mas, dentro da unidade dos TPO, ainda faltam cooperação e coordenação.

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e a crise da democracia na Palestina – os TPO precisam particularmente de um movimento social forte com uma agenda renovada e sem confundir os objetivos certos.

O Fórum Mundial de Educação

Preparativos para o Fórum Mundial da Educação na Palestina, que será realizado em outubro, começaram meses atrás por meio do estabelecimento de comitês responsáveis e uma agenda programática completa. O foco principal do Fórum será a educação, discutida por meio de uma abordagem ampla e holística: começando com a realidade da ocupação, que impõe limitações severas ao direito à educação levando a discussões e proposições de opções alternativas. O objetivo é encontrar novas maneiras de neutralizar os efeitos da ocupação no setor da educação palestina, e de denunciar o sistema educacional do governo israelense, criado para encorajar a separação entre diferentes partes da população israelense e palestina. Buscando unir diferentes localidades, o FME será realizado em Haifa, nos TPO e no Líbano (para a diáspora palestina).

O FME constitui uma oportunidade importante para debater e promover iniciativas, com a possibilidade de abrir um espaço democrático real de confrontação e análise entre palestinos e estrangeiros. Deste modo, o Fórum representa uma base a partir da qual diferentes atores sociais podem criar alianças duradouras.

A importância do FME também está no envolvimento atual das diferentes regiões e áreas: Cisjordânia, Faixa de Gaza, Palestina 48 e o Líbano, incluindo o estímulo para participação internacional. Essa diversidade irá ajudar a avançar em relação ao conhecimento crítico e à conscientização das realidades da ocupação e consolidar relações profundas e sólidas não apenas dentro da Palestina, mas também fora dela.

Por fim, o FME é uma ocasião importante para o movimento social palestino ganhar um nova centralidade e impulso na definição de seu papel na defesa dos direitos civis. O movimento social agora pode ser uma ferramenta concreta para alcançar objetivos para o povo palestino, ao invés de ser mal utilizado por interesses políticos.

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Referências

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