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A evolução do risco associado às ações PBR via modelo de regressão quantílica

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Academic year: 2021

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(1)

Luisa Santoro Teixeira Pontes

A evolu¸

ao do Risco associado `

as a¸

oes PBR

via modelo de Regress˜

ao Quant´ılica

Niter´oi - RJ, Brasil 21 de dezembro de 2017

(2)

Universidade Federal Fluminense

Luisa Santoro Teixeira Pontes

A evolu¸

ao do Risco associado `

as

oes PBR via modelo de Regress˜

ao

Quant´ılica

Trabalho de Conclus˜ao de Curso

Projeto Final I apresentado para obten¸c˜ao do grau de Bacharel em Estat´ıstica pela Universidade Federal Fluminense.

Orientador: Prof. Wilson Calmon Almeida dos Santos

Niter´oi - RJ, Brasil 21 de dezembro de 2017

(3)

Universidade Federal Fluminense

Luisa Santoro Teixeira Pontes

A evolu¸

ao do Risco associado `

as a¸

oes PBR

via modelo de Regress˜

ao Quant´ılica

Projeto Final I sob o t´ıtulo “A evolu¸c˜ao do Risco associado `as a¸c˜oes PBR via modelo de Regress˜ao Quant´ılica”, defendida por Luisa Santoro Teixeira Pontes e aprovada em 21 de dezembro de 2017, na cidade de Niter´oi, no Estado do Rio de Janeiro, pela banca examinadora constitu´ıda pelos professores:

Prof. Dr. Wilson Calmon Almeida dos Santos Departamento de Estat´ıstica – UFF

Prof. Dr. Fabio Nogueira Demarqui Departamento de Estat´ıstica – UFF

Prof. Dr. Eduardo Ferioli Gomes Departamento de Estat´ıstica – UFF

(4)

Ficha catalográfica automática - SDC/BIME Gerada com informações fornecidas pelo autor

Bibliotecário responsável: Ana Nogueira Braga - CRB7/4776

P813e Pontes, Luisa Santoro Teixeira

A evolução do risco associado às ações PBR via modelo de regressão quantílica / Luisa Santoro Teixeira Pontes ; Wilson Calmon Almeida dos Santos, orientador. Niterói, 2019. 60 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Estatística)-Universidade Federal Fluminense, Instituto de Matemática e Estatística, Niterói, 2019.

1. Petrobrás e operação lava-jato. 2. Regressão Quantílica. 3. Valor em Risco. 4. CAViaR. 5. Produção

intelectual. I. Santos, Wilson Calmon Almeida dos, orientador. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Matemática e Estatística. III. Título.

(5)

-Resumo

As a¸c˜oes da PETROBRAS [negociadas tanto no exterior quanto na bolsa de valores de S˜ao Paulo] vˆem decaindo de maneira cont´ınua desde 2009. J´a em 2014, a divulga¸c˜ao dos esquemas de corrup¸c˜ao da Opera¸c˜ao Lava-Jato foi associada `a queda de valor expressivo da empresa. No entanto, como as a¸c˜oes vˆem se desvalorizando desde antes da ”crise pol´ıtica” que atingiu os brasileiros na transi¸c˜ao entre o primeiro e o segundo mandato da presidenta Dilma, outros fatores poderiam justificar esses n´umeros, como por exemplo a crise econˆomica e financeira internacional de 2008, e a consequente queda do pre¸co internacional do barril do petr´oleo. J´a em tempos mais recentes, as a¸c˜oes tem tido um comportamento mais vol´atil, o que poderia ser associado ao aumento do risco de se investir na companhia. No presente trabalho, empregamos o modelo de regress˜ao quant´ılica, tal como proposto em Engle and Manganelli, 2004 [1], a fim de analisar a evolu¸c˜ao do risco associado `a a¸c˜ao da Petrobras [PBR], usando para isto a medida Valor em Risco [VaR - Value at Risk], firmada no Segundo Acordo de Basil´eia, e verificar se, de fato, houve um aumento do risco a partir do momento em que foram divulgados os escˆandalos de corrup¸c˜ao envolvendo membros da empresa. Comparamos tamb´em o VaR estimado em diferentes modelos do tipo CAViaR. O melhor modelo CAViaR que ajustou-se aos dados, tanto da vari´avel PBR, quanto das outras escolhidas para compara¸c˜oes, foi o SAV. O modelo ADP se mostrou menos adaptativo na maioria dos casos. Verificou-se que o risco da a¸c˜ao PBR se tornou substancialmente maior do que o de outras companhias do setor no mundo ou mesmo do que o de empresas que possuem a¸c˜oes na bolsa de S˜ao Paulo ou nos Estados Unidos, o que pode ser um efeito da exposi¸c˜ao negativa da imagem da companhia na m´ıdia por conta da opera¸c˜ao Lava-Jato.

Palavras-chaves:

Petrobras; Opera¸c˜ao Lava-Jato; Regress˜ao Quant´ılica; Valor em Risco; Backtests; CAViaR;

(6)

Sum´

ario

Lista de Figuras 1 Introdu¸c˜ao p. 7 2 Objetivos p. 9 2.1 Objetivos Gerais . . . p. 9 2.2 Objetivos Espec´ıficos . . . p. 9 3 Materiais e M´etodos p. 10

3.1 Quantil e Perda Absoluta Assim´etrica . . . p. 10 3.1.1 Quantil . . . p. 10 3.1.2 Fun¸c˜ao perda . . . p. 13 . . . p. 13 3.2 Quantil Condicional . . . p. 16 3.2.1 Distribui¸c˜ao condicional de Y dado X e Esperan¸ca condicional . p. 16 3.2.2 Quantil condicional . . . p. 17 3.3 Modelo de Regress˜ao Quant´ılica . . . p. 18 3.3.1 Modelos Estat´ısticos . . . p. 18 3.3.2 Modelo de Regress˜ao linear simples . . . p. 19 3.3.3 Modelo de Regress˜ao Quant´ılica . . . p. 20 3.3.4 Funcionais Estat´ısticos, Fun¸c˜ao de Distribui¸c˜ao Emp´ırica e

Esti-mador Plug-in . . . p. 21 3.4 Valor em Risco via Regress˜ao Quant´ılica . . . p. 24

(7)

3.4.1 Valor em Risco . . . p. 24 3.4.2 Modelo N˜ao Param´etrico B´asico . . . p. 25 3.4.3 Modelo Param´etrico B´asico Normal . . . p. 25 3.4.4 Modelo CAViaR . . . p. 26 3.5 Backtesting: testando aderˆencia do VaR estimado . . . p. 28 3.5.1 Testes de cobertura incondicional (Kupiec-POF) . . . p. 28 3.5.2 Testes de cobertura condicional . . . p. 29 3.6 Dados: A¸c˜oes PBR e vari´aveis correlatas . . . p. 31 3.6.1 Pre¸co da A¸c˜ao PBR . . . p. 31 3.6.2 Outras vari´aveis . . . p. 32

4 An´alise dos Resultados p. 34

4.1 An´alise Explorat´oria dos Dados . . . p. 34 4.2 Estimando do Risco da a¸c˜ao PBR e outras vari´aveis . . . p. 38 4.2.1 CAViaR e abordagens tradicionais . . . p. 38 4.2.2 Evolu¸c˜ao temporal do risco . . . p. 42

5 Conclus˜ao p. 45

Referˆencias p. 47

Anexo A -- Demonstra¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 3.1 p. 49

B -- Demonstra¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 3.2 p. 52

C -- Estat´ısticas Anuais p. 54

(8)

Lista de Figuras

1 O α-quantil QY,α da distribui¸c˜ao N (0, 1). . . p. 11 2 Fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao acumulada da Ber(0.5). . . p. 12 3 Fun¸c˜oes perda segundo α . . . p. 14 4 Pre¸co di´ario das a¸c˜oes PBR e PETRA . . . p. 31 5 M´edias m´oveis do pre¸co das a¸c˜oes da PBR . . . p. 35 6 Desvios-padr˜ao m´oveis do log-retorno do pre¸co das a¸c˜oes da PBR . . . p. 36 7 Desvios-padr˜ao anuais do log-retorno di´ario: a¸c˜ao PBR vs outras vari´aveis p. 37 8 Desvios-padr˜ao do log-retorno di´ario: a¸c˜ao PBR vs outras vari´aveis . . p. 38 9 Valor em risco estimado e Frequˆencia de viola¸c˜oes . . . p. 39 10 Viola¸c˜oes: PBR x Outras vari´aveis . . . p. 42 11 Valor em risco estimado: PBR x Outras vari´aveis . . . p. 43 12 Boxplot das diferen¸cas por per´ıodos PBR x Outras vari´aveis . . . p. 44 13 Valor em risco estimado e Frequˆencia de viola¸c˜oes . . . p. 57 14 Valor em risco estimado e Frequˆencia de viola¸c˜oes . . . p. 58 15 Valor em risco estimado e Frequˆencia de viola¸c˜oes . . . p. 58 16 Valor em risco estimado e Frequˆencia de viola¸c˜oes . . . p. 58 17 Valor em risco estimado e Frequˆencia de viola¸c˜oes . . . p. 59 18 Valor em risco estimado e Frequˆencia de viola¸c˜oes . . . p. 59

(9)

7

1

Introdu¸

ao

As a¸c˜oes da PETROBRAS [tanto as negociadas na bolsa de valores de S˜ao Paulo, como as negociadas no exterior] apresentaram quedas expressivas de valor a partir de 2009. No caso da a¸c˜ao PBR [a¸c˜ao da Petrobras negociada na bolsa NYSE], por exemplo, que chegou a ser vendida por mais de US$44 em 2009, no ano de 2016 foi comercializada por valores inferiores a US$4 1. Tal queda de valor das a¸c˜oes [e, por conseguinte, da companhia] despertou o interesse da literatura acadˆemica, revelado em diversos trabalhos.

Pereira, et al, 2015 [2] fazem uma revis˜ao dos impactos econˆomicos e pol´ıticos causados pelas mudan¸cas da regula¸c˜ao do setor de ´oleo e g´as no Brasil. J´a o artigo Fortunato, et al, 2017[3], investigam os impactos no pre¸co das a¸c˜oes da PETROBRAS causados pelas mudan¸cas no modelo de concess˜ao e os novos regulamentos para as reservas de pr´ e-sal. Finalmente Severich, 2016[4], aborda de maneira mais espec´ıfica os escˆandalos de corrup¸c˜ao da PETROBRAS e suas influˆencia na economia brasileira.

Em 2014, problemas de corrup¸c˜ao tˆem sido apontados como causa para as perdas de valor da companhia. Em Miceli, 2016[5], a PETROBRAS ´e apontada como protagonista da Opera¸c˜ao Lava-Jato, o que teria refletido diretamente na queda brusca das a¸c˜oes da empresa no mercado. No entanto, os dados revelam que a queda do pre¸co das a¸c˜oes da PETROBRAS tem ocorrido desde 2008 [antes da ”crise pol´ıtica”associada `a transi¸c˜ao do primeiro para o segundo governo Dilma].

Sendo assim, outros fatores al´em da corrup¸c˜ao e dos escˆandalos envolvendo executivos da empresa poderiam justificar a perda de valor da companhia, como por exemplo a crise econˆomica e financeira internacional de 2008, a consequente crise da economia mundial e a queda do pre¸co internacional do petr´oleo 2.

Em anos mais recentes, por´em, aparentemente, o pre¸co das a¸c˜oes da PETROBRAS tem apresentado um comportamento mais vol´atil - isto pode significar um aumento do

1ao comercializada na bolsa NYSE dispon´ıvel em https://finance.yahoo.com/quote/PBR?p=PBR 2O pre¸co internacional do barril de Petr´oleo [Brent] em 2012 ultrapassou a barreira de US$120. J´a

(10)

1 Introdu¸c˜ao 8

risco. Conforme Jorion, 2006[6], o Valor em Risco [VaR - Value at Risk] ´e uma das medidas de risco mais utilizadas desde o Segundo Acordo de Basil´eia. Neste trabalho gostar´ıamos de analisar a evolu¸c˜ao do risco associado `a a¸c˜ao PBR, usando para isto a medida VaR e investigar se, de fato, houve um aumento do risco a partir do momento em que se tornaram p´ublicos os fatos que caracterizaram a corrup¸c˜ao dentro da empresa.

Diversas metodologias foram propostas nos ´ultimos 20 anos para a estima¸c˜ao do VaR conforme Roccioletti, 2016[7]; Hull 2015[8]; Jorion, 2006[6]. Aqui, por´em, utilizaremos o m´etodo CAViaR proposto em Engle and Manganelli, 2004[1], que ´e baseado na Regress˜ao Quant´ılica.

O Cap´ıtulo 2 deste trabalho enuncia os objetivos [gerais e espec´ıficos]. No Cap´ıtulo 3 trata-se da metodologia que ser´a empregada e dos conceitos que a cercam afim de justificar todos os m´etodos usados. Introduz-se os conceitos prim´arios acerca das no¸c˜oes de Quantil e Perda Absoluta Assim´etrica na Se¸c˜ao 3.1. J´a na Se¸c˜ao 3.2 define-se quantil condicional, estabelecendo-se, ent˜ao, as bases para a melhor compreens˜ao da Se¸c˜ao 3.3, onde ´e definido o Modelo de Regress˜ao Quant´ılica. Na Se¸c˜ao 3.4. discute-se como a Regress˜ao Quant´ılica pode ser utilizada na estima¸c˜ao do Valor em Risco atrav´es do m´etodo CAViaR, para na Se¸c˜ao 3.5 esse VaR estimado ser testado conforme a propor¸c˜ao de viola¸c˜oes esperadas e sua distribui¸c˜ao atrav´es de 2 backtets. Por fim, na Se¸c˜ao 3.6 discuti-se os dados a serem usados no trabalho: a vari´avel PBR, e outras vari´aveis 6 vari´aveis escolhidas que possam estar correlatadas com essa vari´avel. No cap´ıtulo 4 apresentaremos o VaR estimado para a a¸c˜ao PBR e demais vari´aveis, bem como os resultados dos testes de ajuste dos diferentes M´etodos CAViaR para cada uma das vari´aveis. O cap´ıtulo ´e encerrado com uma an´alise comparativa da evolu¸c˜ao do risco PBR com rela¸c˜ao `as demais vari´aveis. A conclus˜ao ´e apresentada no cap´ıtulo 5.

(11)

9

2

Objetivos

2.1

Objetivos Gerais

• Avaliar se o risco da a¸c˜ao PBR aumentou desde que se tornaram p´ublicos os fatos levantados na opera¸c˜ao Lava Jato. Para isso, analisaremos a evolu¸c˜ao do risco entre 2010 e 2017 usando a medida de risco Valor em Risco [VaR]. Estimaremos o VaR em cada instante utilizando o m´etodo proposto por Engle e Manganelli (2004)[1] que ´e baseado no Modelo de Regress˜ao Quant´ılica.

2.2

Objetivos Espec´ıficos

• Avaliar a adequa¸c˜ao da metodologia CAViaR para estimar o VaR da a¸c˜ao PBR -atrav´es de testes de hip´otese conhecidos como Backtests.

• Identificar se nos per´ıodos em que o risco [medido pelo VaR estimado] foi maior, tamb´em houve um aumento da volatilidade em vari´aveis que n˜ao s˜ao diretamente relacionadas com a corrup˜ao: Pre¸co do Petr´oleo no mercado Internacional, ´Indices representativos do Mercado Financeiro Internacional [como NASDAQ, por exemplo].

(12)

10

3

Materiais e M´

etodos

3.1

Quantil e Perda Absoluta Assim´

etrica

3.1.1

Quantil

Uma vari´avel aleat´oria Y definida sobre um espa¸co de probabilidade (Ω, A, P ) ´e uma fun¸c˜ao real definida no espa¸co amostral Ω tal que [Y ≤ y] ´e um evento aleat´orio para todo y ∈ R, i.e., Y : Ω −→ R ´e vari´avel aleat´oria se [Y ≤ y] ∈ A, ∀ y ∈ R [9]. Dessa forma, ´e poss´ıvel associar a cada vari´avel aleat´oria (de agora em diante, v.a.) Y uma fun¸c˜ao FY, chamada de Fun¸c˜ao de Distribui¸c˜ao Acumulada [F.D.A.]. Tal fun¸c˜ao, com dom´ınio real, associa a cada n´umero y, a probabilidade do evento [Y ≤ y], ou seja:

FY(y) = P ([Y ≤ y]) = P (Y ≤ y)

Geralmente, lidamos com dois tipos de vari´aveis aleat´orias: discretas e cont´ınuas. Uma vari´avel aleat´oria Y ´e discreta se assume valores em um conjunto enumer´avel {y1, y2, . . .} ⊂ R ; e nesse caso, existe uma fun¸c˜ao de probabilidade pY de Y tal que :

pY(yi) = P (Y = yi), i = 1, 2, . . . Note que se Y ´e v.a. discreta, FY(y) =

X

i:yi6y

p(yi).

Uma vari´avel aleat´oria Y ´e cont´ınua se o conjunto de valores que ela pode assumir ´e n˜ao enumer´avel e existe uma fun¸c˜ao de densidade de probabilidade [densidade, simplesmente] fY(y) > 0, ∀ y ∈ R tal que:

P (a < Y ≤ b) = Z b

a

fY(t)dt

Repare que se Y ´e v.a. cont´ınua , FY(y) = Ry

(13)

3.1 Quantil e Perda Absoluta Assim´etrica 11

A distribui¸c˜ao de uma v.a. Y ´e uma fun¸c˜ao PY(.) que associa a eventos da forma [Y ∈ B] sua probabilidade de ocorrˆencia, ou seja, PY(B) = P ([Y ∈ B]). A distribui¸c˜ao de Y determina a Fun¸c˜ao de Distribui¸c˜ao Acumulada de Y e, de forma an´aloga, ´e determinada de modo ´unico por ela. No caso discreto, a distribui¸c˜ao determina e ´e determinada pela fun¸c˜ao de probabilidade tamb´em. De modo similar, no caso cont´ınuo, a distribui¸c˜ao determina e ´e determinada pela densidade.

Muitas vezes, h´a o interesse em conhecer apenas alguns aspectos ou caracter´ısticas da distribui¸c˜ao de Y. Tais caracter´ısticas costumam ser chamadas de parˆametros. Po-demos considerar, por exemplo, o valor esperado (da distribui¸c˜ao) de Y, a variˆancia (da distribui¸c˜ao) de Y, etc. Aqui, ser´a de particular interesse o estudo acerca do quantil (da distribui¸c˜ao) de Y.

No caso cont´ınuo, assumindo que a F.D.A. ´e estritamente crescente em [0, 1], se 0 < α < 1, o α-quantil de Y ser´a o (´unico) n´umero real QY,α que satisfaz a equa¸c˜ao a seguir

FY(QY,α) = P (Y ≤ QY,α) = α,

Quando Y tem distribui¸c˜ao normal-padr˜ao, por exemplo, (ver James, 2015[9] ), Y ´e v.a. continua com F.D.A. estritamente crescente. Observe que, neste caso, o gr´afico do quantil de Y [Figura 1] ´e estritamente crescente, ou seja, apenas um n´umero QY,α estar´a associado ao α-´esimo quantil.

(14)

3.1 Quantil e Perda Absoluta Assim´etrica 12

Com base na defini¸c˜ao de quantil, pode-se definir o conceito de fun¸c˜ao quantil, deno-tada por QY, que est´a estritamente associado com o conceito de fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao acumulada. No caso cont´ınuo, em que a F.D.A ´e estritamente crescente, a fun¸c˜ao quantil, avaliada em um n´umero real alfa, 0 < α < 1, ser´a definida por:

QY(α) ≡ FY−1(α) = QY,α,

para qualquer valor α. Note que α = FY(QY,α) e QY,α= FY−1(α).

Observe agora o caso em que Y ´e v.a. discreta. Veja o gr´afico [figura 2] da distribui¸c˜ao acumulada de Y quando este assume distribui¸c˜ao Bernoulli com parˆametro 12

Figura 2: Fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao acumulada da Ber(0.5).

Note que n˜ao existe um n´umero real tal que F (y) = 14, e, de maneira similar existem v´arios valores para y que satisfazem F (Y ) = 12 no intervalo [0, 1). Sempre que a vari´avel aleat´oria for discreta esse tipo de situa¸c˜ao ser´a recorrente. Dessa maneira, precisamos definir o quantil de modo mais geral.

Em shao, 2010, p.378[10], ´e definido, por exemplo, o α-quantil da v.a. Y como sendo:

QY,α = inf {y : FY(y) ≥ α}

Como destacado pelo autor, para todo α ∈ (0, 1) e Y v.a., o seu α-quantil est´a definido de forma ´unica. Com a defini¸c˜ao mais geral, tem-se que a fun¸c˜ao quantil satisfaz:

(15)

3.1 Quantil e Perda Absoluta Assim´etrica 13

QY : (0, 1) −→ R

∀ α ∈ (0, 1), QY(α) = QY,α= inf {y : FY(y) ≥ α}

OBS: Em alguns textos ´e comum representar a fun¸c˜ao quantil acima por F−1(F−1 = QY)(como em Shao 2010[10]).

3.1.2

Fun¸

ao perda

O α-quantil de uma vari´avel aleat´oria ´e um parˆametro (caracter´ıstica) da distribui¸c˜ao Y, assim como valor esperado. Considera-se a mediana (quantil 0,5) e o valor esperado parˆametros de grande importˆancia pois s˜ao medidas de tendˆencia central da v.a. de interesse. Davino, et al, 2014[11], por exemplo, comenta que a compara¸c˜ao entre m´edia e mediana ajuda a definir o padr˜ao de assimetria da distribui¸c˜ao.

A ideia de fun¸c˜ao perda aparece quando o interesse ´e a avalia¸c˜ao de parˆametros associados a uma determinada distribui¸c˜ao, sendo respons´avel por quantificar o valor pelo qual a previs˜ao baseada em uma estimativa se desvia dos valores verdadeiros. Em problemas de estima¸c˜ao, tipicamente deseja-se minimizar alguma fun¸c˜ao perda (ou sua esperan¸ca). A seguir, exibiremos alguns exemplos de fun¸c˜ao perda.

• Fun¸c˜ao perda quadr´atica

O valor esperado de Y, denotado por µ = E(Y )1, ´e o n´umero real mais pr´oximo de Y quando se adota uma perda quadr´atica, ou seja, E[Y ] ´e o n´umero real mais pr´oximo da v.a. no sentido que ele minimiza a esperan¸ca da perda quadr´atica:

µ = arg min

c∈R E(Y − c) 2

(ver James, 2015, pg. 137[9]) • Fun¸c˜ao perda absoluta

Por outro lado, a mediana ´e o n´umero real que minimiza a esperan¸ca da perda absoluta, isto ´e,

1Seja Y uma v.a. qualquer e F sua fun¸ao de distribui¸ao. A esperan¸ca de Y ´e dada por: E[Y ] =

R∞

(16)

3.1 Quantil e Perda Absoluta Assim´etrica 14

QY,1

2 = arg minc∈R E|Y − c|

(ver James, 2015, pg. 138[9])

Sendo assim, a fun¸c˜ao `sq, tal que `sq(u) = u2 ´e chamada de perda quadr´atica, e a fun¸c˜ao `abs, tal que `abs(u) = |u| ´e chamada de perda absoluta. Ambas as fun¸c˜oes s˜ao utilizadas como medidas alternativas de discrepˆancia.

No caso em que deseja-se avaliar a discrepˆancia entre a v.a. Y e o n´umero real c, tanto `sq(Y − c) quanto `abs(Y − c) s˜ao, tamb´em, vari´aveis aleat´orias. Por isso, para avaliar a distˆancia entre ”Y”e ”c”calcula-se o valor esperado de `sq(Y − c) e `abs(Y − c), como fizemos acima.

• Fun¸c˜ao perda absoluta assim´etrica

Em alguns contextos pr´aticos, pode-se desejar dar mais peso para ”erros”ou ”des-vios”positivos de u em compara¸c˜ao `a desvios negativos de u ou vice versa. Uma maneira de lidar com isso seria, por exemplo, adotando a perda absoluta assim´etrica, `α conforme a defini¸c˜ao a seguir:

`α(u) = (

α|u|, se u ≥ 0,

(1 − α)|u|, se u < 0 (3.1)

Vejamos, agora, os gr´aficos de `sq e `α para alguns valores de α (α = 0.5, α = 0.2, α = 0.8 :

(17)

3.1 Quantil e Perda Absoluta Assim´etrica 15

Na verdade, a metade da perda absoluta (sim´etrica) `abs ´e um caso particular da perda absoluta assim´etrica `α com α = 0.5. Note ainda que as fun¸c˜oes perda retornam valores menores quando u est´a pr´oximo de 0.

Obs: Usualmente, representa-se a perda absoluta assim´etrica (Davino, 2014[11] e Koenker, 2005[12]) via:

`α(u) = [α − I(u < 0)]u

em que I() ´e a fun¸c˜ao indicadora. I(S) = 1 se a senten¸ca S ´e verdadeira, I(S) = 0 se a senten¸ca S ´e falsa.

Observe que, de fato, as duas defini¸c˜oes s˜ao equivalentes, pois, para qualquer α ∈ (0, 1), usando a fun¸c˜ao indicadora podemos escrever a fun¸c˜ao perda absoluta as-sim´etrica de n´ıvel α, denotada por `α, como:

`α(u) = ( α|u|, se u ≥ 0, (1 − α)|u|, se u < 0 = α|u|I(u ≥ 0) + (1 − α)|u|I(u < 0) = αuI(u ≥ 0) + (1 − α)(−u)I(u < 0) = αuI(u ≥ 0) − uI(u < 0) + αuI(u < 0) = αu((I(u ≥ 0)) + (I(u < 0))) − uI(u < 0) = αu − uI(u < 0) = [α − I(u < 0)]u

Note que na pen´ultima linha usamos o fato de que I(u ≥ 0)) + I(u < 0) = 1. Note ainda que, se α = 0.5 obtemos a metade Perda Absoluta [sim´etrica], `0.5 = 12|u| . Segundo Shao 2010[10], o α-quantil de Y minimiza o valor esperado de `α(Y − c), isto ´e,

QY,α= arg min

c∈R E{`α(Y − c)}.

Aqui apresentaremos uma demonstra¸c˜ao desse resultado que ´e uma extens˜ao da Proposi¸c˜ao 3.4 apresentada por James, 2015, pg. 138[9].

Proposi¸c˜ao 3.1. Seja Y uma vari´avel aleat´oria e seja QY,αo seu o α-quantil. Ent˜ao E(Y ) minimiza E{`α(Y − c)}, c ∈ R i.e. (Demonstra¸c˜ao no apˆendice A).

E{`α(Y − QY,α)} = min

(18)

3.2 Quantil Condicional 16

3.2

Quantil Condicional

3.2.1

Distribui¸

ao condicional de Y dado X e Esperan¸

ca

condicional

Sejam Y e X vari´aveis aleat´orias definidas sobre um mesmo espa¸co de probabilidade (Ω, A, P ). Nosso objetivo ´e definir a distribui¸c˜ao condicional de Y dado X=x para todo X ∈ R. Usando o conceito de probabilidade condicional, podemos definir a distribui¸c˜ao condicional de Y dado X=x atrav´es da rela¸c˜ao abaixo [de acordo com James, 2015, pg. 170[9]].

Rela¸c˜ao 1. P (Y ∈ B|X = x) = lim ∆x−→0

P (Y ∈ B|X ∈ I), em que I ´e um intervalo que cont´em x, de comprimento ∆x e que cont´em o ponto x, e B ´e um subconjunto de R tal que [X ∈ B] ´e evento aleat´orio.

Uma outra forma de definir a distribui¸c˜ao condicional de Y dado X=x ´e assumir que esta ´e representada pela Fun¸c˜ao de Distribui¸c˜ao Acumulada Condicional de Y dado X=x, destacada pelo autor, denotada pela fun¸c˜ao FY(.|X = x) e que satisfaz a rela¸c˜ao 2, a seguir:

Rela¸c˜ao 2. FY,X(y, x) = Rx

−∞FY(y|X = t)dFX(t), (y, x) ∈ R 2.

Caso discreto. X discreta. Para a sequˆencia finita ou enumer´avel de valores x1, x2, . . . tais que P (X = xn) > 0, definimos:

P (Y ∈ B|X = xn) =

P (Y ∈ B, X = xn) P (X = xn)

, se[Y ∈ B] ´e evento aleat´orio.

Caso cont´ınuo. Y e X possuem densidade conjunta f (.., ..). Dado que X=x e fX(x) > 0, definimos a densidade condicional via:

fY |X=x(y) = f (y, x) R∞ −∞fY(t, x)dt = f (y, x) fX(x), y ∈ R

A F.D.A. condicional de Y dado X=x pode ser obtida, ent˜ao, via FY |X=x(y) = Ry

−∞fY |X=x(t)dt.

Assim como no caso n˜ao condicional, pode existir o interesse em avaliar carac-ter´ısticas espec´ıficas da distribui¸c˜ao condicional de Y dado que X assume um valor espec´ıfico x. Modelos de regress˜ao, por exemplo, geralmente assumem uma forma espec´ıfica para a fun¸c˜ao de regress˜ao, que nada mais ´e do que a Esperan¸ca Condici-onal, ou seja, o valor esperado associado `a distribui¸c˜ao condicional. Formalmente, definimos a esperan¸ca condicional de Y dado X=x via:

(19)

3.2 Quantil Condicional 17

E(Y |X = x) = Z

ydFY(y|X = x).

A esperan¸ca condicional possui (condicionalmente) todas as propriedades da espe-ran¸ca ordin´aria e, adicionalmente, uma propriedade de extrema importˆancia que ser´a enunciada para usos posteriores: E[E(Y |X)] = E[Y ]. Conhecida como lei das expectativas iteradas, esta propriedade equivale a dizer que:

E[Y ] = Z

E(Y |X = x)dFX(x).

Sendo assim, vamos verific´a-la quando Y e X tˆem densidade conjunta f (y, x) (Con-forme James, 2015, pg.190[9]):

E(Y |X = x) = R ydFY(y|X = x) = R∞ −∞yf (y, x)dy = R∞ −∞y f (y,x) fX(x)dy, se fX(x) > 0.

Logo, se est˜ao definidas as integrais acima [e admitindo que as integrais abaixo tamb´em est˜ao definidas] temos,

E{E(Y |X)} = Z E(Y |X = x)dFX(x) = Z ∞ −∞ Z ∞ −∞ yf (y, x) fX(x) dy  fX(x)dx = Z ∞ −∞ Z ∞ −∞ yf (y, x)dydx = Z ∞ −∞ Z ∞ −∞ f (y, x)dx  ydy = Z ∞ −∞ yfY(y)dy = E{Y }.

3.2.2

Quantil condicional

Com base na defini¸c˜ao de quantil e de distribui¸c˜ao condicional, pode-se definir o conceito de quantil condicional. Sendo assim, podemos definimos o α-quantil con-dicional de Y dado X que est´a diretamente associado com o conceito de F.D.A. condicional, denotado por QY |X=x,α, da seguinte maneira:

QY |X=x,α= infy ∈ R, FY |X=x(y) ≥ α

(20)

3.3 Modelo de Regress˜ao Quant´ılica 18

E, por consequinte, podemos definir a fun¸c˜ao Quantil Condiconal de Y dado X, conforme a seguinte defini¸c˜ao:

Defini¸c˜ao: Para todo α ∈ (0, 1), x ∈ R, Y e X vari´aveis aleat´orias, define-se : QY |X(α; x) = QY |X=x,α= infy ∈ R, FY |X=x(y) ≥ α

Vamos, agora, verificar como o quantil condicional minimiza a perda absoluta as-sim´etrica.

Proposi¸c˜ao.3.2 E{`α(Y − QY |X(α; X))} ≤ E{`α(Y − g(X))} se α ∈ (0, 1) (De-monstra¸c˜ao no apˆendice B).

3.3

Modelo de Regress˜

ao Quant´ılica

3.3.1

Modelos Estat´ısticos

Sejam (z1, . . . , zn) realiza¸c˜oes de uma amostra aleat´oria (Z1, . . . , Zn) formada por vari´aveis aleat´orias [ou vetores aleat´orios] independentes e identicamente distribu´ıdos (i.i.d) de uma F.D.A. desconhecida FZ. Usualmente, refere-se a (Z1, . . . , Zn) como uma amostra aleat´oria de F [X ∼ F], onde “∼”designa “ ´e distribuido como ”ou, mais especificamente, ” possui distribui¸c˜ao que pode ser representada pela F.D.A. FZ”. Formalmente, define-se um modelo com uma classe de distribui¸c˜oes da forma:

P = {Pθ : θ ∈ Θ}

em que Pθ representa uma distribui¸c˜ao poss´ıvel para Z. Usualmente, s˜ao considera-das classes conheciconsidera-das de distribui¸c˜oes como, por exemplo, a classe das distribui¸c˜oes normais ou a classe das distribui¸c˜oes gama, etc. Quando cada uma das distribui¸c˜oes na classe pode ser representada por um conjunto de parˆametros espec´ıfico, diz-se que o modelo ´e param´etrico. Caso contr´ario, tem-se um modelo n˜ao param´etrico. Exemplo 1. Modelo Normal bivariado

No modelo normal bivariado, cada observa¸c˜ao zi ´e um vetor bidimensional zi = (xi, yi) e sup˜oe-se que zi ´e realiza¸c˜ao do vetor aleat´orio(Xi, Yi) tal que (Xi, Yi) ∼ N2(µY, µX, σY2, σX2, ρ), em que µY, µX, σY2, σX2, ρ s˜ao parˆametros (constantes e desco-nhecidos) da distribui¸c˜ao de Z. Neste caso, o modelo pode ser representado, alter-nativamente, pela classe de densidades conjuntas normais bivariadas 2

(21)

3.3 Modelo de Regress˜ao Quant´ılica 19 P = f (., ..|θ) : θ = (µX, µY, σX2, σY2, ρ) ∈ Θ sendo, f (x, y|θ) =  1 2πσYσX √ 1−ρ2 exp{ −1 2(1−ρ2)[( y−µY σY ) 2− 2ρ(y−µY σY )( x−µX σX ) + ( x−µX σX ) 2]}  e Θ = R2× (0, +∞)2× [−1, 1]

3.3.2

Modelo de Regress˜

ao linear simples

O tipo mais elementar de modelo de regress˜ao ´e o modelo de regress˜ao linear simples (LRM), que pode ser expresso pela seguinte equa¸c˜ao:

yi = β0 + β1xi+ ei (3.1)

em que o subindice “i”´e usado para associa¸c˜ao com as observa¸c˜oes da amostra. O n´umero total das observa¸c˜oes, tamb´em chamado de tamanho amostral, ´e denotado por “n”. Sendo assim, “i”varia de 1 `a n. Cada observa¸c˜ao compreende uma rea-liza¸c˜ao yi da vari´avel dependente Yi e, por vezes, sup˜oe-se que xi ´e realiza¸c˜ao da vari´avel independente Xi.

Os parˆametros desconhecidos β0 e β1 e a distribui¸c˜ao do erro ei 3 s˜ao comuns para todas as n observa¸c˜oes. De acordo com (3.1), para cada i, o valor de yi ´e dado pela soma de uma fun¸c˜ao linear de xi e pelo erro ei. Essa fun¸c˜ao linear, que nesse caso ´

e β0+ β1xi, ´e chamada de fun¸c˜ao de regress˜ao.

O modelo (3.1)pode ser interpretado como um modelo para a m´edia de Yi condici-onada a Xi = xi. Vamos assumir que o termo de erro ei tem m´edia condicionada a Xi = xi igual a 0. Sendo assim, aplicando a esperan¸ca condicional dos dois lados da equa¸c˜ao populacional que define o modelo de regress˜ao linear, ou seja,

Yi = β0+ β1Xi+ ei temos que,

E(Yi|Xi = xi) = β0+ E(β1xi|Xi = xi) + E(ei|Xi = xi) = β0+ β1xi .

(22)

3.3 Modelo de Regress˜ao Quant´ılica 20

Obs: Sem assumir que E(ei|xi) = 0 a segunda igualdade n˜ao se sustenta.

A hip´otese da esperan¸ca condicional linear ´e compat´ıvel com o modelo normal bi-variado visto no exemplo 1. De fato, se (X, Y ) ∼ N2(µY, µX, σY2, σ2X, ρ),

Y |X = x ∼ N (µY + ρ σY σX (x − µX), σ2Y(1 − ρ 2 )), conforme James, 2015, p.194[9], e, portanto,

E{Y |X = x} = µY + ρ σY σX (x − µX) = (µY − ρ σY σX µX) + (ρ σY σX )x = α + βx, onde α = µY − ρσσYXµX e β = ρσσYX.

3.3.3

Modelo de Regress˜

ao Quant´ılica

Segundo Koenker e Basset (1978)[13], o modelo de regress˜ao quant´ılica linear (MRG) pode ser expresso por:

yi = β0α+ β1αxi+ eαi em que Qeα

i|Xi(α; xi) = 0 para todo i = 1, 2, . . . , n ´e condi¸c˜ao b´asica para que o

modelo se sustente.

No QRM se especifica que o α− quantil condicional ´e determinado pelos parametros βα

0 eβ1α, e pelo valor espec´ıfico da covari´avel xide forma linear. Sendo assim o quantil condicional dado xi pode ser expresso por:

QYi|Xi(α, xi) = β α 0 + β α 1xi+ Qeα i|Xi(α; xi) = β α 0 + β α 1xi

A hip´otese do quantil condicional linear ´e compat´ıvel com o modelo normal bivariado visto no Exemplo 1, assim como foi visto na se¸c˜ao anterior para a esperan¸ca con-dicional. Sendo assim, de forma an´aloga, como Y |X = x ∼ N2(µY, µX, σY2, σX2, ρ), segue que o α−quantil condicional ´e dado por:

(23)

3.3 Modelo de Regress˜ao Quant´ılica 21 QY |X=x(α; x) = µY + ρ σY σX (x − µX) + σY p 1 − ρ2z α = (µY − ρ σY σX µX + σY p 1 − ρ2.z α) + (ρ σY σX )x = β0α+ β1αx,

em que zαrepresenta o α−quantil da normal (0,1) e β0α = µY−ρσσY

XµX+σYp1 − ρ 2z

α e β1α = ρσY

σX.

3.3.4

Funcionais Estat´ısticos, Fun¸

ao de Distribui¸

ao Emp´ırica

e Estimador Plug-in

Em muitos problemas de inferˆencia, estamos interessados em estimar caracter´ısticas (parˆametros) da popula¸c˜ao desconhecida e n˜ao de toda popula¸c˜ao. Assumindo que Y1, Y2, . . . , Yn s˜ao vari´aveis i.i.d. com F.D.A. desconhecida F , a maioria das caracter´ısticas de F pode ser escrita como T(F ), em que T ´e um funcional conhecido de F. Se estimarmos F por ˆF , ent˜ao, um estimador natural de T (F ) seria T ( ˆF ) [m´etodo plug-in que ser´a visto adiante] (Shao, 2010, pg. 338[10]). Vejamos alguns exemplos abaixo de funcionais importantes.

Exemplo 1. T(F )=R xdF (x) = E(X), X tem F.D.A. F. i)T(Φ)=0, em que Φ ´e F.D.A. da Normal Padr˜ao.

ii)T(FBer(p))=p, em que FBer(p) ´e a F.D.A. da Bernoulli de parˆametro p. Exemplo 2. T(F )=inf {x : F (x) ≥ α} i)T(Φ)=zα, em que Rzα −∞ 1 √ 2πe −1 2 z 2 dz = α.

ii)T(FU (0,1))=α, em que FU(0, 1) ´e a F.D.A. da Uniforme-Padr˜ao.

Um estimador simples da F.D.A. ´e dado pela chamada Fun¸c˜ao de Distribui¸c˜ao Emp´ırica, definida em Wasserman, 2003[14], como abaixo.

Defini¸c˜ao: A fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao emp´ırica ˆFn ´e a estat´ıstica que associa a cada n´umero real y o valor:

ˆ Fn(y) =

Pn

i=1I(Yi 6 y)

(24)

3.3 Modelo de Regress˜ao Quant´ılica 22

I(Yi 6 y) = (

1, se Yi ≤ y, 0, se Yi > y

Exemplo. (M´edia) Suponhamos que µ = T (F ) = R ydF (y) = E(Y ) se Y tem F.D.A. F. Um estimador bastante popular de µ ´e dado por:

ˆ µ = T ( ˆFn) = Z yd ˆFn(y) = 1 n n X i=1 Yi = ¯Y .

Exemplo. (Quantil) Se ϕY,α = T (F ) = inf {y; F (y) ≥ α} = arg min

c∈R E{`α(Y − c)}, em que Y tem F.D.A. F , ent˜ao, podemos estimar ϕY,α via:

ˆ

ϕY,α = T ( ˆFn) = inf {y : ˆFn(y) ≥ α} = arg min

c∈R E{`α( ˜Y − c)},

em que ˜Y tem F.D.A. ˆFn. Conforme citado, vamos agora definir o estimador de plug-in segundo Wasserman, 2003[14]:

Defini¸c˜ao. Um estimador de plug-in para θ = T (F ) ´e definido por

ˆ

θ = T ( ˆF ),

em que ˆF ´e um estimador qualquer de F . Em particular, podemos estimar θ via ˆ

θ = T ( ˆFn), sendo, como antes, ˆFn a Fun¸c˜ao de Distribui¸c˜ao Emp´ırica.

No modelo de regress˜ao linear, em geral, os parˆametros s˜ao estimados pelo m´etodo de M.Q.O. Tais estimadores s˜ao estimadores de plug-in quando se assume que a m´edia condicional de Y |X = x ´e linear.

Sabemos que E(Y |X) minimiza E(Y − g(X))2. Assumindo que E(Y |X) = α + βX, temos que

(α, β) = arg min

a,b E[Y − a − bX]

2, em que (Y, X) ∼ F Y,X.

Usando o m´etodo Plug-In e, trocando, portanto, FY,X por ˆFn (neste caso, associa-se probabilidade 1

n a cada par (xi, yi)), nos deparamos com a vers˜ao amostral do problema populacional acima. Sendo assim temos o estimador de Plug-In:

(25)

3.3 Modelo de Regress˜ao Quant´ılica 23 ( ˆα, ˆβ) = arg min a,b E( ˜Y − a − b ˜X) 2, em que ( ˜Y , ˜X) ∼ ˆF n. Note que: E( ˜Y − a − b ˜X)2 = n X i=1 (yi− a − bxi)2. 1 n (3.2) = 1 n n X i=1 (yi− a − bxi)2 (3.3)

Dessa forma, temos:

( ˆα, ˆβ) = arg min a,b 1 n n X i=1 (yi− a − bxi)2,

ou seja, encontramos exatamente as estimativas obtidas pelo M´etodo de M´ınimos Quadrados Ordin´arios. De maneira an´aloga, lembramos que na Regress˜ao Quant´ılica, QY |X(α; X) = β0α+ β1αX, e, portanto,

0α, β1α) = arg min

a,b E{`α(Y − a − bX)}, onde (Y, X) ∼ FY,X Novamente, usando o m´etodo plug-in, podemos definir::

( ˆβ0 α , ˆβ1 α ) = arg min a,b E{`α( ˜Y − (a + b ˜X))} (3.4) = arg min a,b 1 n n X i=1 `α(yi− (a + bxi)). (3.5) Ou seja, ( ˆβ0 α , ˆβ1 α ) = arg min a,b 1 n n X i=1 [α − I((yi− (a + bxi)) ≥ 0)](yi− (a + bxi))

Para encontrar as estimativas dos parˆametros do modelo de regress˜ao quant´ılica devemos, portanto, resolver o problema acima. Como destacado em Koenker, 2005, o mesmo consiste em um problema de programa¸c˜ao linear. Maiores detalhes na referˆencia citada.

(26)

3.4 Valor em Risco via Regress˜ao Quant´ılica 24

3.4

Valor em Risco via Regress˜

ao Quant´ılica

3.4.1

Valor em Risco

O valor em risco provavelmente ´e a medida de risco mais amplamente utilizada em finan¸cas, sendo usada como uma medida cl´assica que os executivos financeiros usam para quantificar o risco de mercado (Roccioletti, 2016, pg.7[7]). Muitas vezes, a carteira (portf´olio) de uma institui¸c˜ao financeira depende de in´umeras vari´aveis de mercado e, dessa maneira, o Valor em Risco (VaR, de Value-at-Risk) ´e uma tentativa de fornecer um ´unico n´umero que resume o risco total em uma carteira (Hull, 2015[8]).

Suponha que foi realizado um investimento W0 no ativo [ou carteira] no instante inicial. No instante final de tempo, o valor do ativo [ou carteira] acrescido de eventuais dividendos recebidos ser´a dado por W1 - que, obviamente, n˜ao ´e conhecido no instante 0. O ganho, denotado por G, corresponde `a diferen¸ca W1 − W0. A perda, L, ´e definida via L = −G = W0 − W1. Tanto o ganho quanto a perda s˜ao desconhecidos no instante inicial e, portanto, considerados vari´aveis aleat´orias. Segue abaixo a defini¸c˜ao formal de VaR.

Defini¸c˜ao (Valor em Risco): Dado algum n´ıvel de confian¸ca 1 − α ∈ (0, 1), o VaR associado ´e dado pelo menor n´umero Vα tal que a probabilidade de que a perda L exceda Vα seja α.

Note que, supondo que a perda L seja uma v.a. cont´ınua, a defini¸c˜ao acima implica na equa¸c˜ao

P (L > Vα) = α. Como G = −L, temos ainda

P (−G > Vα) = P (G < −Vα) = α

e, portanto, o oposto do VaR de n´ıvel α corresponde ao α-quantil do ganho. O retorno percentual do investimento ´e dado por R = (W1−W0)

W0 . Utilizaremos a

hip´otese [padronizadora e simplificat´oria] de que o investimento inicial seja de uma unidade monet´aria [ou seja, W0 = 1], teremos R = W1−W0 = G. Ou seja, o retorno percentual, com esta padroniza¸c˜ao, se torna igual ao ganho G. Dessa forma, o valor em risco de n´ıvel alfa satisfaz

(27)

3.4 Valor em Risco via Regress˜ao Quant´ılica 25

P (−R > Vα) = P (R < −Vα) = α e, portanto, corresponde ao oposto do α-quantil do retorno.

3.4.2

Modelo N˜

ao Param´

etrico B´

asico

Na descri¸c˜ao do modelo n˜ao param´etrico do VaR proposto por Jorion, 2006, n˜ao assume-se nenhum pressuposto acerca do modelo da distribui¸c˜ao dos retornos. Se R ´e uma v.a. cont´ınua, QR,α satisfaz:

α =RQR,α

−∞ fR(r)dr, onde fR representa a densidade do Retorno.

Na pr´atica, fR ´e desconhecida. Por´em, uma maneira simples de estimar R∗ [sem pressupor nenhum formato particular] ´e atrav´es da estat´ıstica quantil amostral, aplicada aos retornos observados no passado. ´E interessante perceber, como visto na se¸c˜ao 3.3.4., que tal quantil amostral ´e o estimador do quantil populacional obtido pelo m´etodo plug-in atrav´es da Fun¸c˜ao de Distribui¸c˜ao Emp´ırica.

3.4.3

Modelo Param´

etrico B´

asico Normal

Na abordagem param´etrica normal, tem-se como hip´otese b´asica que R tem uma distribui¸c˜ao normal com os parˆametros desconhecidos m´edia (µ) e variˆancia (σ2). Sendo assim, estima-se a variˆancia (ˆσ2) e m´edia (ˆµ) com base nos retornos obser-vados no passado. Por exemplo, se observamos uma s´erie temporal de retornos r1, r2, . . . , rn, podemos simplificadamente empregar os estimadores usuais

ˆ µ = ¯reˆσ = v u u t 1 n − 1 n X i=1 (ri− ¯r)2

Usando novamente o m´etodo Plug-In [por´em, neste caso trocando a distribui¸c˜ao normal verdadeira desconhecida pela N ∼ (ˆµ, ˆσ2)], podemos estimar o α-quantil de R a partir da seguinte igualdade:

α = P (R − ˆµ ˆ

σ ≤ −zα) (3.6)

α = P (R ≤ ˆµ − zασˆ2), emqueR ∼ N (ˆµ, ˆσ2) (3.7)

(28)

3.4 Valor em Risco via Regress˜ao Quant´ılica 26

ˆ

QR,α = ˆµ − zασˆ2, em que zα ´e o α−quantil da distribui¸c˜ao normal.

3.4.4

Modelo CAViaR

Engle and Manganelli 2004[1] propuseram estimar o VaR atrav´es da modelagem direta do quantil [condicional] da taxa de retorno, denotada anteriormente por R. O m´etodo proposto ´e conhecido como CAViaR [Conditional Autoregressive VaR]. Quando falamos da abordagem quant´ılica, prop˜oe-se a estima¸c˜ao de maneira dife-rente: modela-se o quantil diretamente, sem a necessidade de modelar a distribui¸c˜ao. O VaR econtra-se fortetamente relacionado ao desvio-padr˜ao da distribui¸c˜ao, que, por sua vez, tipicamente apresenta dependˆencia temporal em s´eries financeiras. Essa caracter´ıstica motivou os autores a propor um modelo de regress˜ao quant´ılica au-torregressivo em que o α-quantil condicional no instante t depende do α-quantil condicional no instante t − 1.

Suponha que observamos uma s´erie temporal rt, em que t ≥ 1, com os retornos hist´oricos do ativo [carteira], 1 − α ser´a o n´ıvel de confian¸ca do VaR e xt ser´a um vetor de vari´aveis observadas no instante t. β denotar´a o vetor p-dimensional dos parˆametros desconhecidos e ft(β) ≡ ft(xt−1, β) denota o α−quantil da distribui¸c˜ao condicional dos retornos no tempo t − 1. Um modelo gen´erico CAViaR seria:

Rt= β0+ q X i=1 β1ft−i(β) + v X i=1 βi+ql(xt−j) + eαt onde Qeα t|Z=z(α; z) = 0 e Z = (xt, xt−1, xt−1, xt−2, . . .)

que tamb´em pode ser representado via:

ft(β) = β0+ q X i=1 βift−1(β) + V X j=1 βi+jl(xt−j)

Os termos autoregressivos garantem que o quantil mude de forma suave durante o tempo. Espera-se que o VaR aumente quando rt−1 se torna negativo. Abaixo s˜ao exibidos os modelos CAViaR apresentados na proposta orginal de Engle and Manganelli 2004[1].

(29)

3.4 Valor em Risco via Regress˜ao Quant´ılica 27

Modelo Adaptativo:

ft(β1) = ft−1(β1) + β1{[1 + exp(G[rt−1− ft−1(β1)])]−1− α},

em que G ´e uma constante a ser definida - os autores utilizaram G = 10 no artigo original.

Modelo Absoluto Sim´etrico:

ft(β) = β1+ β2ft−1(β) + β3|rt−1|.

Modelo com Inclina¸c˜ao Asim´etrica:

ft(β) = β1+ β2ft−1(β) + β3(rt−1)++ β4(rt−1)−, em que (x)+ = max(x, 0) e (x)= −min(x, 0)

GARCH indireto:

ft(β) = (β1 + β2ft−12 (β) + β3r2t−1) 1 2

O primeiro e o terceiro respondem simetricamente para os retornos passados, en-quanto o segundo permite que a resposta aos retornos positivos e negativos sejam diferentes.

´

E importante ressaltar que estes modelos n˜ao pressup˜oem ausˆencia de heterocedas-ticidade condicional ou alguma distribui¸c˜ao espec´ıfica para o termo de erro.

De acordo com Engle and Manganelli 2004[1], para qualquer uma das formas acima os parˆametros do modelo CAViaR podem ser estimados atrav´es da resolu¸c˜ao do seguinte problema: min β 1 T T X t=1 [α − I(rt < ft(β))][rt− ft(β)]}

Repare que o problema acima ´e similar ao que introduzimos ao final da Se¸c˜ao 3.3. De fato, o modelo CAViaR ´e um modelo de regress˜ao quant´ılica [por´em, n˜ao linear]. Maiores detalhes sobre como resolver o problema na pr´atica podem ser encontrados na referˆencia4.

4Os autores disponibilizaram um c´odigo para a estima¸ao dos parˆametros no programa MATLAB

(30)

3.5 Backtesting: testando aderˆencia do VaR estimado 28

3.5

Backtesting: testando aderˆ

encia do VaR

esti-mado

Vamos supor que temos os dados observados dos retornos di´arios de uma a¸c˜ao na ´

epoca t = 0, e observa-se apenas os retornos do passado r0, r1, r2, . . .. No instante 0 podemos utilizar um dos quatro modelos CAViaR ou algum outro m´etodo para estimar o Valor em Risco nos pr´oximos instantes V1, . . . , VT para algum n´ıvel de confian¸ca 1-α.

Depois de observar os retornos r1, r2, . . . , rT podemos compar´a-los aos valores em risco estimados V1, . . . , VT, de maneira que ´e poss´ıvel calcular, por exemplo, o n´umero de instantes nos quais foram observadas viola¸c˜oes do VaR estimado. No instante t, podemos observar:

rt < −Vt a perda ´e maior do que a perda esperada - ocorreu viola¸c˜ao.

rt ≥ −Vt - 0 - ganho ou perda inferior `a perda m´axima esperada - n˜ao ocorreu viola¸c˜ao.

´

E poss´ıvel associar a tais eventos vari´aveis aleat´orias I1, I2, . . . , IT de modo que:

It = (

1, se ocorrer viola¸c˜ao no instante t

0, se n˜ao ocorrer viola¸c˜ao no instante t (3.8) ´

E razo´avel assumir que It∼Ber(p), onde p ´e a probabilidade desconhecida de ocorrer viola¸c˜ao [esperamos que p seja igual a α].

3.5.1

Testes de cobertura incondicional (Kupiec-POF)

Assumindo que, adicionalmente, I1, I2, . . . , IT s˜ao independentes, podemos testar se p = α usando um Teste de Raz˜ao de Verossimilhan¸ca - teste de cobertura n˜ao condicional [teste de Kupiec].

Suponha que I1, I2, . . . , IT s˜ao independentes e identicamente distribu´ıdos (i.i.d.) com distribui¸c˜ao de Bernoulli (p). Sua fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca ser´a dada por:

L(p) = pPTj=1ij(1 − p)T −PTj=1ij

onde x =PT

(31)

3.5 Backtesting: testando aderˆencia do VaR estimado 29

O teste da raz˜ao verossimilhan¸ca ir´a testar H0 : p = α contra H1 : p 6= α, e sua estat´ıstica de teste ser´a dada por,

Tuc = −2ln( L(ˆp) L(ˆpr) ) ∼ Xr2 ou seja, Tuc= −2ln( αx(1 − α)T −x x T x(1 − x T) T −x)

onde Tx, a frequˆencia observada de viola¸c˜oes, ´e o estimador de m´axima verossimi-lhan¸ca irrestrito de p e α ´e o estimador restrito.

Sob a hip´otese nula, tal estat´ıstica tem distribui¸c˜ao assint´otica qui-quadrada com 1 grau de liberdade, conforme Roccioletti, 2015 [15].

3.5.2

Testes de cobertura condicional

A hip´otese de independˆencia, feita no teste n˜ao condicional, n˜ao ´e necessariamente razo´avel. Todavia, na literatura, h´a uma proposta que permite test´a-la simultanea-mente com a hip´otese p = α.

Suponha que a estrutura de dependˆencia da sequˆencia de sucesso pode ser represen-tada como uma cadeia Markov de primeira ordem com a matriz de probabilidade de transi¸c˜ao subsequente: Π1 = " 1 − π01 π01 1 − π11 π11 #

Podemos interpretar os n´umeros na matriz da seguinte maneira:

(a) π01´e a probabilidade de ter uma viola¸c˜ao amanh˜a, ao evento n˜ao ocorre viola¸c˜ao hoje;

(b) π11 ´e a probabilidade de amanh˜a ser uma viola¸c˜ao dada hoje tamb´em ´e uma viola¸c˜ao;

(c) π00 = 1 − π01 de que n˜ao ocorra viola¸c˜ao amanh˜a dado que hoje n˜ao ocorre viola¸c˜ao;

(d) π10 = 1 − π11 de que n˜ao ocorra viola¸c˜ao amanh˜a dado que hoje ocorra uma viola¸c˜ao.

(32)

3.5 Backtesting: testando aderˆencia do VaR estimado 30

Se tivermos dispon´ıvel uma amostra de T observa¸c˜oes, ent˜ao podemos escrever a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca como,

L(π1) = (1 − π01)T00π01T01(1 − π11)T10π11T11

onde Tij, i, j = 0, 1 ´e o n´umero de observa¸c˜oes com um j sucedendo um i. Para encontrar as estimativas de M´axima Verossimilhan¸ca devemos tomar tomar as pri-meiras derivadas em rela¸c˜ao a π01 e π11, e igualando a zero. Assim teremos,

ˆ π01= T01 T00+ T01 , ˆπ11= T11 T10+ T11 E dada a defini¸c˜ao de probabilidade, temos

ˆ

π00= 1 − ˆπ01, ˆπ10= 1 − ˆπ11

Estamos interessados em descobrir se ˆπ01´e estatisticamente diferente de ˆπ11, e mais precisamente se ˆπ11 ´e maior do que ˆπ01. Isso implicaria que ser´a mais prov´avel ter duas viola¸c˜oes consecutivas, do que ter uma viola¸c˜ao ap´os uma n˜ao viola¸c˜ao. Podemos testar a hip´otese de independˆencia

H0 : π01= π11 usando a estat´ıstica de raz˜ao de verossimilhan¸ca

LRind = −2ln((1 − π) T00+T10πT 01+ T11 (1 − π01)T00 πT01 01 (1 − π11)T10πT1111, onde π = T01+T11 T00+T01+T10+T11

Assintoticamente, o teste segue uma distribui¸c˜ao de Qui-quadrado com um grau de liberdade, LRind ∼ X2

1.

Podemos testar conjuntamente a independˆencia e a hip´otese p = α usando a es-tat´ıstica de teste.

LRcc= LRuc+ LRind,

(33)

3.6 Dados: A¸c˜oes PBR e vari´aveis correlatas 31

3.6

Dados: A¸

oes PBR e vari´

aveis correlatas

3.6.1

Pre¸

co da A¸

ao PBR

A a¸c˜ao PBR, emitida pela companhia Petr´oleo Brasileiro S.A. [Petrobras] ´e comer-cializada na bolsa NYSE (New York Stock Exchange - Bolsa de Valores de Nova Iorque) em d´olar. A Petrobras emite a¸c˜oes ordin´arias e preferenciais5.

Existem a¸c˜oes da Petrobras que s˜ao negociadas na Bolsa de Valores de S˜ao Paulo [BOVESPA], onde as ordin´arias tˆem o s´ımbolo PETR3 e as preferenciais PETR4. As a¸c˜oes PBR s˜ao do tipo ordin´aria e sua principal diferen¸ca em rela¸c˜ao a PETR4 s˜ao as bolsas de valores onde elas s˜ao comercializadas, a PETR4 ´e negociada na BOVESPA e a PBR ´e negociada na bolsa NYSE. H´a tamb´em uma a¸c˜ao preferencial da Petrobras negociada na NYSE, cujo s´ımbolo ´e PBRA.

Figura 4: Pre¸co di´ario das a¸c˜oes PBR e PETRA

Observando o gr´afico das 4 a¸c˜oes acima, percebe-se que as s´eries evoluem de maneira similar e apresentam os mesmos padr˜oes de crescimento. No entanto, como a PBR e PBRA s˜ao medidas em d´olar, elimina-se problemas de varia¸c˜ao na taxa de cˆambio, quest˜oes arbitr´arias s˜ao resolvidas.

Atualmente, as a¸c˜oes ordin´arias correspondem a cerca de 57, 1% do capital social da companiha e as a¸c˜oes preferenciais por 42, 9% (http://www.investidorpetrobras.com.br).

5”A a¸ao ordin´aria (ON – s´ımbolo na Bovespa: PETR3) d´a ao acionista direito de participa¸ao na

administra¸c˜ao da empresa, pelo fato de seus propriet´arios terem direito a voto. A autoridade maior de administra¸c˜ao da empresa ´e a Assembl´eia dos Acionistas. A a¸c˜ao preferencial (PN – s´ımbolo na Bovespa: PETR4) n˜ao d´a direito ao acionista de participar da administra¸c˜ao da empresa, pelo fato de seus propriet´arios n˜ao terem direito a voto. Por outro lado, estes acionistas (“preferenci-alistas”) tˆem preferˆencia de receber os dividendos, al´em de possu´ırem direito a dividendos m´ınimos anuais.”(http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/acoes-e-dividendos/acoes)

(34)

3.6 Dados: A¸c˜oes PBR e vari´aveis correlatas 32

Em 2005, as a¸c˜oes PBR come¸caram a passar por processos de desobramentos afim de facilitar a compra de a¸c˜oes da Petrobras por pequenos e m´edios investidores e conse-quentemente ampliar a base de acionistas da Companhia. Assim, em 28/04/2008, no ´

ultimo desdobramento, as cota¸c˜oes unit´arias das a¸c˜oes foram divididas por 2 o que significa que cada acionista passou a duplicar sua posi¸c˜ao acion´aria, n˜ao havendo, portanto, nenhuma perda financeira para estes.

A a¸c˜ao PBR tem dados disponibilizados no site https://finance.yahoo.com desde o ano de 2007. No presente estudo, os desdobramentos dessa a¸c˜ao ser˜ao considerados de forma que as an´alises a serem feitas ter˜ao o ano de 2009 como ano de partida.

3.6.2

Outras vari´

aveis

Visando identificar se houve um aumento da volatilidade em outros ´ındices que n˜ao est˜ao diretamente relacionadas com a corrup˜ao, aqui apresentaremos as vari´aveis que ter˜ao seu risco avaliado durante o per´ıodo da opera¸c˜ao Lava Jato. S˜ao elas: Pre¸co internacional do Petr´oleo Nominal comercializado no mercado mercado Inter-nacional, Taxa de Cˆambio [R$/D´olar], IBOVESPA [mercado brasileiro], S&P 500 [mercado norte americano], S&P GLOBAL OIL INDEX.

O pre¸co nominal do petr´oleo [pre¸co por barril] geralmente ´e medido em d´olares norte-americanos por barril, o pre¸co real do petr´oleo ´e calculado ajustando o pre¸co nominal do petr´oleo para quaisquer mudan¸cas no n´ıvel de pre¸cos dos EUA. Consideraremos duas vari´aveis para tratar sobre o pre¸co internacional do Petr´oleo nominal, s˜ao elas o BRENT (Europe Brent Spot Price FOB), que tem dados di´arios dispon´ıveis desde 1987, e o WTI (West Texas Intermediate), que tem dados di´arios dispon´ıveis desde 1986 (https : //www.eia.gov/).

A taxa de cˆambio nominal em um ponto espec´ıfico no tempo ´e expressa em moeda nacional por d´olar norte-americano [R$/D´olar], o que implica que um aumento reflete uma valoriza¸c˜ao nominal do d´olar norte-americano ou uma desvaloriza¸c˜ao do real frente ao d´olar. A a¸c˜ao da taxa de cˆambio nominal ´e expressa pelo simbolo BRL=X e tem dados di´arios dispon´ıveis desde 2004 (http : //www.bcb.gov.br). O ´Indice Ibovespa ´e o indicador do desempenho m´edio das cota¸c˜oes dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de a¸c˜oes brasileiro. A a¸c˜ao

da Ibovespa possui dados di´arios dispon´ıveis desde 1993 (http : //www.bmf bovespa.com.br). O S&P 500 ´e amplamente considerado como o melhor indicador ´unico de a¸c˜oes

(35)

3.6 Dados: A¸c˜oes PBR e vari´aveis correlatas 33

aproximadamente 80% de cobertura de capitaliza¸c˜ao de mercado dispon´ıvel. O S&P 500 possui dados di´arios dispon´ıveis desde 1950 (https : //us.spindices.com) O S&P GLOBAL OIL INDEX ´e o ´ındice que mede o desempenho de 120 das maiores empresas de capital aberto envolvidas em explora¸c˜ao e extra¸c˜ao de petr´oleo e g´as de toda a parte do mundo. O S&P GLOBAL OIL INDEX possui dados di´arios dispon´ıveis desde 2007(https : //us.spindices.com).

(36)

34

4

An´

alise dos Resultados

4.1

An´

alise Explorat´

oria dos Dados

Seja {xt}t, uma s´erie temporal. A m´edia m´ovel centrada com janela 2k + 1 ´e a s´erie {¯xt}t, definida via: ¯ xt= 1 2k + 1 2k X i=−2k xt+i.

Chamaremos de volatilidade a s´erie {st}t definida via:

st = 1 2k + 1 2k X i=−2k (xt− ¯xt)2 !12 .

A volatilidade ´e uma esp´ecie de desvio-padr˜ao m´ovel.

Na sequˆencia exibimos gr´aficos com a m´edia m´ovel do pre¸co da a¸c˜ao PBR e a volatilidade do eu log-retorno.

(37)

4.1 An´alise Explorat´oria dos Dados 35

Figura 5: M´edias m´oveis do pre¸co das a¸c˜oes da PBR

Olhando para a figura 5, acompanhando a linha cinza que indica a s´erie da m´edia m´ovel, percebemos que houve uma tendˆencia acentuada de crescimento ao longo do ano de 2007 e no primeiro semestre de 2008 - per´ıodo imediatamente posterior `a descoberta do pr´e sal, conforme Schutte, 2012 [16]. No segundo semestre de 2008, por´em, h´a uma forte queda no valor das a¸c˜oes PBR, exatamente no mesmo per´ıodo em que o mundo sofria com as conseq¨uˆencias da crise financeira internacional ini-ciada no mercado norte-americano um ano antes - Bresser-Pereira, 2010 [17] e que ocorreu o ´ultimo desdobramento das a¸c˜oes PBR. Depois de uma breve recupera¸c˜ao em 2009, iniciou-se um processo de deteriora¸c˜ao do valor da a¸c˜ao. Os pre¸cos des-pencaram de algo em torno de 40 d´olares entre 2010 e 2011 para menos de 8 d´olares em 2016 [entre 2015 e o primeiro semestre de 2017 o valor da a¸c˜ao n˜ao ultrapassou a barreira dos 20 d´olares]. ´E interessante notar que a queda dos pre¸cos [que implica em perda de valor da Petrobras] tem in´ıcio quase que 5 anos antes da divulga¸c˜ao dos primeiros ind´ıcios de corrup¸c˜ao envolvendo executivos da companhia de acordo com a opera¸c˜ao lava-jato .

(38)

4.1 An´alise Explorat´oria dos Dados 36

Figura 6: Desvios-padr˜ao m´oveis do log-retorno do pre¸co das a¸c˜oes da PBR J´a analisando o gr´afico dos log-retornos di´arios do pre¸co da a¸c˜ao PBR, podemos acompanhar a evolu¸c˜ao da volatilidade do investimento na a¸c˜ao PBR. Acompa-nhando a linha azul que representa uma esp´ecie de intervalo de confian¸ca para o retorno m´edio, percebemos que em 2014 esse intervalo aumenta, assim, a volatili-dade aumenta. Destacamos o fato de que a partir de 2009 as maiores volatilivolatili-dades s˜ao observadas a partir de 2014. Se, por um lado, a tendˆencia de queda dos pre¸cos ´

e anterior `a opera¸c˜ao Lava-Jato, aparentemente os retornos di´arios se tornam mais vol´ateis, o que indica um poss´ıvel aumento do risco de se investir nessas a¸c˜oes. Dessa maneira, podemos olhar para o Log-Retorno de outras vari´aveis que n˜ao s˜ao diretamente ligadas com a Petrobras e verificar se houve o aumento da volatilidade no mesmo per´ıodo em que se tornaram p´ublicos os fatos oriundos da investiga¸c˜ao de corrup¸c˜ao na companhia.

(39)

4.1 An´alise Explorat´oria dos Dados 37

Figura 7: Desvios-padr˜ao anuais do log-retorno di´ario: a¸c˜ao PBR vs outras vari´aveis Olhando para as compara¸c˜oes dos desvios-padr˜ao do pre¸co da a¸c˜ao PBR com as vari´aveis BRENT [Pre¸co do Petr´oleo BRENT] e WTI [Pre¸co do Petr´oleo WTI] percebemos que de 2013 at´e 2016 houve um deslocamento do risco (medido pelo desvio-padr˜ao) dessas a¸c˜oes, sendo o risco da a¸c˜ao PBR bem mais acentuado. Isso nos leva a tentar explicar o risco associado ao BRENT e WTI por outros fenˆomenos que n˜ao est˜ao relacionados ao pre¸co do petr´oleo, como problemas de produ¸c˜ao e demanda.

J´a por outro lado, comparando o risco da a¸c˜ao PBR com com a vari´avel BVSP [´ındice IBOVESPA] e BRL [Taxa de Cˆambio], percebemos que a evolu¸c˜ao do risco da PBR tamb´em se d´a de maneira mais acentuada do que estas vari´aveis no per´ıodo 2013-2017. Aparentemente, o aumento da volatilidade do retorno da a¸c˜ao PBR n˜ao se justifica apenas por um aumento da volatilidade no mercado de a¸c˜oes Brasileiro ou da taxa de cˆambio. Isso nos leva a crer esse fenˆomeno n˜ao ´e algo espec´ıfico do Brasil mas sim da a¸c˜ao PBR por si s´o.

E, por fim, olhando os ´ındices que tratam do mercado norte-americano [GSPC = ´Indice S&P500] e das maiores empresas do setor de explora¸c˜ao e produ¸c˜ao de Petr´oleo no mundo [SEP500GOI], observamos que a volatilidade oscila relativamente pouco no per´ıodo analisado.

(40)

4.2 Estimando do Risco da a¸c˜ao PBR e outras vari´aveis 38

Figura 8: Desvios-padr˜ao do log-retorno di´ario: a¸c˜ao PBR vs outras vari´aveis J´a olhando para os gr´aficos do desvio-padr˜ao do log-retorno di´ario das vari´aveis no per´ıodo de 2009 `a 2017, percebemos que a¸c˜ao da PBR se descola das outras vari´aveis a partir de 2013. Esse descolamento ocorre de maneira mais brusca quando em compara¸c˜ao `as vari´aveis BRL, GSPC, BVSP e SEP500GOI. J´a em compara¸c˜ao `as vari´aveis BRENT e WTI esse descolamento se d´a de maneira mais suave por´em tamb´em significativa.

4.2

Estimando do Risco da a¸

ao PBR e outras

vari´

aveis

4.2.1

CAViaR e abordagens tradicionais

Estimamos o Valor em Risco das vari´aveis de interesse com base nos quatro modelos CAViaR apresentados por Engle e Manganelli (2004), conforme se¸c˜ao 3.4: Modelo Absoluto Sim´etrico (SAV), Modelo Adaptativo (ADP), Modelo GARCH indireto (GAR) e Modelo com Inclina¸c˜ao Assim´etrica (ASY). Para estima¸c˜ao dos parˆametros de cada modelo utilizamos dados di´arios de 2009 at´e 2015. Com base nas estimativas obtidas, realizamos previs˜oes um passo a frente para os dados di´arios oservados a partir de 2016. Os resultados das previs˜oes para o retorno da a¸c˜ao PBR s˜ao apresentados na sequˆencia.

(41)

4.2 Estimando do Risco da a¸c˜ao PBR e outras vari´aveis 39

Figura 9: Valor em risco estimado e Frequˆencia de viola¸c˜oes

Olhando para a figura 9 podemos perceber que em todos os modelos as propor¸c˜oes de viola¸c˜oes observadas n˜ao ultrapassaram a propor¸c˜ao esperada de 5%, sendo o modelo SAV o que mais se aproximou dessa frequˆencia. O modelo ADP, foi o que se mostrou menos adaptativo por se manter praticamente constante em todo o intervalo de tempo.

Tabela 1: P-valores dos Backtests Modelo LRTuc LRTcc

SAV 0.9555 0.6720 ADP 0.6104 0.4652 GAR 0.4581 0.3477 ASY 0.7788 0.9596

Aplicando os testes de cobertura incondicional (LRTuc) e cobertura condicional (LRTcc), podemos testar a aderˆencia das metodologias de estima¸c˜ao do VaR ado-tadas. De acordo com a tabela 1, percebe-se que as hip´oteses nulas para todos os modelos n˜ao foram rejeitadas nos dois testes, ou seja, a frequˆencia de viola¸c˜oes condiz com a esperada segundo o teste incondicional e, al´em disso, essas viola¸c˜oes ocorrem de maneira bem distribu´ıda (independente) ao longo do tempo. Sendo assim, todos os quatro modelos CAViaR se mostraram adequados para a vari´avel PBR.

Os quatro modelos CAViaR tamb´em foram utilizados para estimar o VaR para os demais ativos considerados neste trabalho: WTI, BRENT, GSPC, BVSP, BRL e SEP500GOI. As estimativas dos parˆametros foram feitas com dados para o mesmo per´ıodo: 2009-2005. Da mesma maneira, realizamos previs˜oes um passo-a-frente

(42)

4.2 Estimando do Risco da a¸c˜ao PBR e outras vari´aveis 40

para os dias observados de 2016 a 2017. Os gr´aficos com os retornos observados e VaR estimado em cada modelo s˜ao apresentados no apˆendice. Na sequˆencia apresen-tamos as frequˆencias de viola¸c˜oes observadas e os p-valores dos testes incondicionais e condicionais para cada ativo.

(43)

4.2 Estimando do Risco da a¸c˜ao PBR e outras vari´aveis 41

Tabela 2: P-valores dos Backtests

Vari´avel Modelo LRTuc LRTcc Frequˆencia(%)

WTI SAV 0.7207 0.3543 4.63 ADP 0.0001 0.0005 9.49 GAR 0.7596 0.2608 5.32 ASY 0.4138 0.3267 4.17 BRENT SAV 0.9555 0.9976 4.94 ADP 0.0000 0.0000 14.35 GAR 0.7788 0.9596 4.71 ASY 0.9555 0.3341 4.94 BRL SAV 0.9826 0.9948 4.98 ADP 0.0000 0.0002 9.73 GAR 0.8453 0.7622 5.02 ASY 0.2155 0.3090 6.33 BVSP SAV 0.9733 0.6404 4.95 ADP 0.0625 0.1762 7.09 GAR 0.7958 0.5500 4.73 ASY 0.9733 0.6050 4.95 GSPC SAV 0.0008 0.0030 1.88 ADP 0.0255 0.0460 7.53 GAR 0.0008 0.0030 1.88 ASY 0.0001 0.0003 1.41 SEP500GOI SAV 0.6885 0.5391 4.59 ADP 0.0000 0.0000 10.78 GAR 0.5297 0.8062 4.36 ASY 0.5297 0.8062 4.36

Analisando a tabela 2, observamos que para as vari´aveis WTI, BRENT, BRL e SEP500GOI todos os modelos com exce¸c˜ao do ADP se mostraram adequados para ambos os testes condicional e n˜ao condicional. J´a para a vari´avel BVSP todos os modelos se adequaram `a metodologia proposta pelos dois backtests.

Por outro lado, nenhum dos modelos se mostrou adequado quando falamos da vari´avel GSPC.Em ambos os backtests, rejeitou-se cada um dos poss´ıveis mode-los do tipo CAViaR.

Para interpretar os resultados [pr´oxima subse¸c˜ao], devemos escolher uma melhor metodologia. Embora SAV, GAR e ASY n˜ao tenham sido rejeitadas em pratica-mente todos os casos [exceto para a vari´avel GSPC] ao n´ıvel de significˆancia de 5%, a frequˆencia de viola¸c˜oes no m´etodo SAV esteve mais pr´oxima da propor¸c˜ao espe-rada [5%]. Por isso, utilizaremos como medida de risco as estimativas obtidas pelo emprego de tal m´etodo.

(44)

4.2 Estimando do Risco da a¸c˜ao PBR e outras vari´aveis 42

4.2.2

Evolu¸

ao temporal do risco

Para a an´alise da evolu¸c˜ao do risco ao longo dos anos de 2009 `a 2017, iremos utilizara metodologia SAV que se mostrou mais dequada conforme os backtests realizados e de acordo com a taxa de viola¸c˜oes observadas. Essa an´alise ser´a feita atrav´es da compara¸c˜ao do valor em risco da vari´avel PBR com as demais; como veremos, as evidˆencias emp´ıricas s˜ao de que, de fato, houve um aumento do risco em investir na a¸c˜ao da PETROBRAS no per´ıodo 2014-2017.

Figura 10: Viola¸c˜oes: PBR x Outras vari´aveis

Olhando para a Figura 10, observamos que a partir de 2014 as viola¸c˜oes di´arias das a¸c˜oes da PBR se tornam mais agrupadas, ou seja, ´e mais comum observar uma viola¸c˜ao hoje dado que ontem tamb´em ocorreu viola¸c˜ao. Esse agrupamento ´e pouco atrativo para os investidores do mercado de a¸c˜oes.

Observa-se, tamb´em, que em poucos dias as viola¸c˜oes das a¸c˜oes PBR coincidem com as viola¸c˜oes das outras vari´aveis analisadas. Sendo assim, podemos dizer que as viola¸c˜oes da PBR se d˜ao por motivos que n˜ao estejam t˜ao relacionados com outras vari´aveis, e sim por alguma particularidade dessa a¸c˜ao.

(45)

4.2 Estimando do Risco da a¸c˜ao PBR e outras vari´aveis 43

Figura 11: Valor em risco estimado: PBR x Outras vari´aveis

Analisando o gr´afico do Valor em Risco estimado da PBR versus as outras vari´aveis escolhidas para as devidas compara¸c˜oes, percebemos que no ano de 2014 h´a um descolamento das s´eries em respeito a a¸c˜ao PBR. Esse descolamento tamb´em ´e ind´ıcio de que o fato do Valor em risco da a¸c˜ao PBR ter aumentado a partir de 2014 possa ser explicado por fator intr´ınseco `a companhia PETROBRAS.

Note que as s´eries WTI e BRENT que s˜ao as s´eries do pre¸co do petr´oleo internacional possuem o mesmo padr˜ao de crescimento da s´erie PBR. No entando, ainda sim, em 2014 h´a um descolamento da s´erie em rela¸c˜ao `a s´erie da PBR. Ou seja, apesar do pre¸co da a¸c˜ao da PBR sofrer uma forte influˆencia do pre¸co do petr´oleo internacional, em 2014 outro motivo pode explicar o aumento do risco de se investir na Petrobr´as.

(46)

4.2 Estimando do Risco da a¸c˜ao PBR e outras vari´aveis 44

Figura 12: Boxplot das diferen¸cas por per´ıodos PBR x Outras vari´aveis

Acima, temos a figura da diferen¸ca entre o VaR da PBR e o VaR das outras vari´avel separados em dois grupos: de 2009 `a 2013 e de 2014 `a 2016. Sendo assim, conforme os gr´aficos, a m´edia dessa diferen¸ca aparenta ser maior de fato no per´ıodo de 2014 `

a 2016 em todos os casos.

Tabela 3: P-valores do teste V´ariavel P-valor WTI 1.63e-87 BRENT 7.76e-161 BRL 1.50e-146 BVSP 4.69e-187 GSPC 3.85e-232 SEP500GOI 4.35e-231

Foi aplicado o Teste T-Student em cada uma dessas diferen¸cas para confirmar as suspeitas. Conforme a Tabela 3 percebemos que o teste rejeita a hip´otese nula de que essas m´edias s˜ao iguais nos dois per´ıodos de tempo an´alisados. Sendo assim, o risco da a¸c˜ao PBR de fato se distˆancia do risco das outras vari´aveis no per´ıodo da opera¸c˜ao Lava-Jato.

(47)

45

5

Conclus˜

ao

Nesse trabalho mostramos uma forma de avaliar o risco associado as a¸c˜oes da PE-TROBRAS. A metodologia escolhida para a estima¸c˜ao do Valor em Risco foi a modelagem direta do quantil condicional da taxa de retorno, conhecida como me-todologia CAViaR. Essa modelagem se deu a partir de 4 modelos: Modelo Adapta-tivo (ADP), Modelo Absoluto Sim´etrico (SAV), Modelo com Inclina¸c˜ao Assim´etrica (ASY) e Modelo GARCH indireto (GAR). Em consequinte foi testada a aderencia do VaR estimados em cada um dos 4 modelos CAViaR segundo 2 backtests: Teste de Cobertura Incondicional (Kupiec-POF) e Teste de Cobertura Condicional. O primeiro verifica se a frequˆencia de viola¸c˜oes em cada modelo CAViaR condiz com a frequˆencia esperada de 5% e o segundo verifica se essas viola¸c˜oes se d˜ao de maneira distribu´ıda ao longo do tempo. De maneira an´aloga, o VAR da s´erie de a¸c˜oes de ou-tras vari´aveis (BRENT, WTI, BRL, BVSP,GSPC e SEP500GOI) que s˜ao de alguma forma ligadas `as a¸c˜oes do Petr´oleo brasileiro tamb´em foram estimados segundo a metodologia CAViaR e testados segundo os backtests para fins de compara¸c˜oes. Nas vari´aveis consideradas, o modelo mais adequado segundo a metodologia CAViaR foi o modelo SAV de acordo com os resultados apontados pelos backtests e com a frequˆencia observada. O modelo ADP foi o que teve o pior desempenho tamb´em de acordo com os resultados dos backtests. Quando trata-se apenas da vari´avel PBR, todos os modelos se mostraram adequados mas sendo de fato o modelo SAV o melhor por ter a frequˆencia observada mais pr´oxima da frequˆencia esperada (5%). No que diz respeito `as compara¸c˜oes das vari´aveis em rela¸c˜ao a PBR, fica evidente que no per´ıodo do 2013 a 2016 o risco associado `a PBR se torna maior de maneira que visualmente podemos observar essa s´erie do risco se distanciar das s´eries dos riscos das outras vari´aveis. Esse descolamento se d´a de maneira mais suave com as vari´aveis BRENT e WTI (pre¸co do petr´oleo internacional).

Analisando a distribui¸c˜ao das viola¸c˜oes que ocorreram do VaR da vari´avel PBR observamos que de 2014 em diante essas viola¸c˜oes acontecem de maneira mais

(48)

agru-5 Conclus˜ao 46

pada, o que siginifica que ´e mais prov´avel a ocorrˆencia de viola¸c˜oes em dias seguidos. E, tamb´em, ´e vis´ıvel notar que essas viola¸c˜oes na maior parte do tempo n˜ao ocorrem no mesmo dia que as viola¸c˜oes do VaR das outras vari´aveis. Sendo assim h´a mais um ind´ıcio de que o fato do VaR da PBR ter aumentado a partir de 2013 ´e uma particularidade dessa a¸c˜ao e do contexto hist´orico do Brasil.

Por fim, mais um teste foi feito fim de avaliar se a diferen¸ca entre o VaR da PBR e o VaR das outras vari´aveis foi maior no per´ıodo de 2014 `a 2016. O teste proposto foi o teste t-student para compara¸c˜oes de m´edias entre 2 vari´aveis que confirmou o aumento dessa diferen¸ca em tempos mais recentes. ´E poss´ıvel que, dentre outras coisas, a divulga¸c˜ao dos boatos envolvendo altos executivos da PETROBRAS seja um dos motivos para explicar, dessa forma, o aumento significativo do risco da a¸c˜ao PBR. Ao contr´ario do que ocorre com o pre¸co da a¸c˜ao, que aparentemente manteve uma tendˆencia de queda, houve um abrupto aumento do risco quase que no mesmo momento em que se tornaram p´ublicas as den´uncias oriundas da opera¸c˜ao Lava-Jato.

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