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Fator humano e suas influências na segurança operacional; a importância da saúde mental dos pilotos comerciais.

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JONATHAN DUTRA NASCIMENTO

FATOR HUMANO E SUAS INFLUÊNCIAS NA SEGURANÇA OPERACIONAL: A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL DOS PILOTOS COMERCIAIS

Palhoça 2020

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JONATHAN DUTRA NASCIMENTO

FATOR HUMANO E SUAS INFLUÊNCIAS NA SEGURANÇA OPERACIONAL: A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL DOS PILOTOS COMERCIAIS

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Orlando Flavio Silva, Esp.

Palhoça 2020

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JONATHAN DUTRA NASCIMENTO

FATOR HUMANO E SUAS INFLUÊNCIAS NA SEGURANÇA OPERACIONAL: A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL DOS PILOTOS COMERCIAIS

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 23 de Novembro de 2020.

__________________________________________ Orientador: Prof. Orlando Flavio Silva, Esp.

__________________________________________ Prof. Antônio Carlos Vieira de Campos, Esp.

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Dedico este trabalho à minha esposa Lara e aos meus pais pelo incentivo durante meu caminho acadêmico e profissional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha esposa Lara por todo o apoio prestado durante as diversas fases deste trabalho, onde o incentivo em efetuar as buscas necessárias para o desenvolvimento do mesmo foi de extrema importância.

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RESUMO

Este trabalho visa compreender de que forma os fatores humanos podem contribuir para que ocorram acidentes e incidentes dentro da aviação de linha aérea comercial. A pesquisa é caracterizada como exploratória com procedimento bibliográfico e documental por meio de livros, artigos, leis, regulamentação aérea e reportagens. A abordagem utilizada foi qualitativa. A análise dos dados foi feita através de quadros demonstrativos e embasamento teórico. Com o término da pesquisa, conclui-se o quanto o estudo dos fatores humanos, como fadiga, estresse, ansiedade, entre outros, são importantes na aviação, e o quanto a saúde mental de um piloto influencia diretamente na segurança operacional, sendo necessário o desenvolvimento do indivíduo para que este seja saudável tanto físico quanto psicologicamente.

Palavras chave: Fatores humanos, estresse, fadiga, saúde mental, ansiedade, segurança operacional.

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ABSTRACT

This work aims to understand how human factors may contribute for occurrence of accidents and incidents on commercial airline aviation. The research was exploratory with bibliographic and documentary procedure through books, articles, air laws, regulations and reports. The approach used was qualitative. Data analysis was performed and demonstrated through demonstrative tables and theoretical basis. In the end of the research, has been concluded how important is the study of human factors, such as fatigue, stress, anxiety, among others are important for aviation, and how much a pilot's mental health makes directly influence to operational safety, becoming necessary the individual development to be healthy physically and psychologically.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Pirâmide de Maslow ...20 Figura 2- Figura baseada no modelo de James Reason ………...36 Figura 3- Tráfego nos aeroportos mais movimentados do Brasil ...40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 -Porcentagem dos sintomas psicológicos relatados em tripulantes ...23

Tabela 2- Tendências de comportamento ... 26

Tabela 3 -Frequência de desafios enfrentados pelos pilotos de linha aérea... 31

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LISTA DE SIGLAS

ALPA - Air Line Pilots Association, International (Associação internacional dos pilotos de linha aérea)

CBAER - Código Brasileiro de Aeronáutica CCT - Convenção Coletiva de Trabalho

CENIPA - Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos CNFH - Comissão Nacional de Fadiga Humana

CNPAA - Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

CRM - Crew Resource Management (Gerenciamento de Recursos da Cabine, da Tripulação, da Corporação)

COVID- 19 - Corona virus disease 2019 (Doença do Corona Virus 2019)

EPPSI - European Pilot Peer Support Initiative (Iniciativa de Apoio de Pares Piloto Europeia) FAA - Federal Aviation Administration (Administração Federal da Aviação)

G1 - Portal de Notícias da Rede Globo

ICAO - International Civil Aviation Organization (Organização Internacional da Aviação Civil)

IATA - International Air Transport Association (Associação Internacional de Transporte Aéreo)

NPB - Necessidades psicológicas básicas

SGSO - Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional SIPAER - Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos

SMS - Safety Management System (Sistema de Gerenciamento de Segurança) SNA - Sindicato Nacional dos Aeronautas

SNEA - Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias ONU - Organização das Nações Unidas

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...13 1.1 PROBLEMA DA PESQUISA...14 1.2 OBJETIVOS...15 1.2.1 Objetivo Geral...15 1.2.2 Objetivos Específicos...15 1.3 JUSTIFICATIVA...15 1.4 METODOLOGIA...17

1.4.1 Natureza e tipo de pesquisa...17

1.4.2 Sujeitos e métodos da pesquisa ...17

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO...18

2 COMPORTAMENTO HUMANO...19

2.1 NECESSIDADES E A MOTIVAÇÃO...19

2.2 DESEMPENHO DA PERFORMANCE HUMANA...21

2.3 A SAÚDE MENTAL...23

3.0 PILOTOS E A GESTÃO OPERACIONAL...27

3.1 QUESTÕES DESAFIADORAS PARA OS PILOTOS ...29

3.2 O DESAFIO DE GERENCIAR A FADIGA...31

4.0 OS AGENTES QUE ATUAM NO ESTADO COGNITIVO...35

5.0 EFEITO DE UMA ENFERMIDADE EPIDÊMICA...40

6.0 CONCLUSÃO...43

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1 INTRODUÇÃO

A mente humana é complexa e desde muito tempo existem estudos voltados para tentar compreender e se ter uma melhora em sua performance. Cientistas e estudiosos tem observado por diversos ângulos em busca de respostas para questões comportamentais as quais envolvem o ser e sua interação com o meio.

Com o surgimento de aeronaves, o desenvolvimento permitiu que o ser humano comandasse e operasse de forma direta, sistemas complexos tendo que possuir habilidades técnicas cognitivas as quais irão influenciar nas operações. Diante disto, pode-se compreender que para qualquer tarefa realizada pelo homem, sua performance pode ser afetada por diversos fatores, sendo que poderão contribuir para um acidente ou incidente aéreo. O conhecimento bem como a identificação de ameaças, devem ser estudadas pois as mesmas trazem de forma significativa a vulnerabilidade do ser humano quando este opera máquinas mais pesadas que o ar, que voam a velocidades altíssimas e possibilitam que influenciado por suas emoções, problemas pessoais, entre outros fatores, permitir que esteja sujeito a falha mais facilmente.

Nos dias atuais, devido a avanços nas mais diversas áreas, é possível ter acesso a tecnologias e programas, os quais foram desenvolvidos para o aumento da segurança aérea com a função de diminuir as chances do erro humano. Apesar da mitigação, ainda existem acidentes e incidentes graves que trazem uma preocupação constante em procurar a melhoria da máquina como também do indivíduo que opera ou a desenvolveu.

Segundo o Professor Edwards, (ICAO, DOC 9683- AN/950, 1998, 1.2.6, pág. 1-1-2), declara que “Os fatores humanos estão preocupados em otimizar o relacionamento entre pessoas e suas atividades pela aplicação sistemática das ciências humanas, integrada no âmbito da engenharia de sistemas”.

Com o passar do tempo à medida que esta tecnologia teve seus avanços, o homem foi deixado um pouco de lado e ficando em segundo plano. Com equipamentos mais precisos, obtendo melhores resultados em questão de dinâmica, a procura pelo famoso “tempo é dinheiro”, desenvolveu uma pressão no sujeito que monitora, opera e ou desenvolve funções correlacionadas com essas máquinas voadoras. Variáveis que antes não eram notadas, como a influência nas operações, passaram a atrair atenção para situações que apesar de toda a tecnologia envolvida e sistemas de precisão, incidentes graves e acidentes continuavam a acontecer. As variáveis situacionais que envolvem uma operação não são totalmente

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manipuláveis através de um controle completo, considerando que o desempenho de um sujeito em determinado trabalho depende não somente de fatores físicos ou organizacionais, mas também de variáveis associadas a sentimentos que podem provocar medo, ansiedade, estresse, sofrimento, entre outros que variam em sua intensidade de acordo como cada pessoa responde a uma determinada situação. Este conjunto facilita na ocorrência de um indivíduo vir a cometer erros e falhar em algum momento na operação. Erros são cometidos diversas vezes ao dia por muitas pessoas, porém os erros cometidos pelos pilotos em uma cabine de comando, muitas vezes comprometem vidas humanas. Considerando a perspectiva de um acidente aéreo é importante ter como certo que o julgamento na ocorrência de uma situação, deve ser observado em diferentes ângulos, onde o problema causador não é apenas a falha do indivíduo ou mesmo um fato isolado, mas representa a falha do sistema como um todo. (MARTINS, 2008)

Tendo em conta as dificuldades em buscar soluções para o equilíbrio dentro de um sistema que funciona a muito tempo no caso da aviação, é importante olhar para fatores externos que quando surgem, podem trazer um agravante extremamente forte e desafiador para todos aqueles que fazem parte do meio afetado, neste caso específico o setor aéreo que foi atingido por uma crise mundial devido ao COVID-19. Este último, trouxe um devastador cenário não somente em questões econômicas, mas na forma de eventos em cadeia, que refletiu as consequências dentro um sistema mundial desequilibrando muitos seres humanos psiquicamente, adicionando dificuldades nunca antes vividas no meio aéreo.

Tentar entender o que realmente se manifesta em indivíduos com responsabilidades e funções ativas ligadas ao controle de máquinas, onde apenas seguir protocolos e procedimentos pode não ser a única maneira de buscar soluções por problemas enfrentados por pilotos, que estão longe ainda de serem controlados por regras ou regulamentos, mas que devem ser estudados, compreendidos e trabalhados por cada um em seu íntimo reconhecendo suas próprias falhas, se melhorando e visualizando a saúde mental como mais do que segurança operacional mas uma melhor qualidade de vida.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

O estado mental e comportamental de um piloto de linha aérea comercial regular pode influenciar ao ponto de causar deficiências em suas habilidades cognitivas e operacionais?

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Demonstrar que o estado mental e comportamental irá influenciar fortemente nas operações bem como na tomada de decisão em situações cotidianas e emergenciais, afetando o julgamento de pilotos comerciais onde ressalta-se a importância da saúde mental para a segurança operacional e uma melhor qualidade de vida.

1.2.2 Objetivos Específicos

Apresentar aspectos teóricos sobre os fatores humanos trazendo uma atenção especial para um piloto de linha aérea comercial.

Explicar a norma que trata a gestão da segurança operacional na aviação brasileira compreendendo seu significado.

Analisar se a fadiga pode ser responsável pela redução das habilidades cognitivas na tomada de decisão em situações emergenciais para os pilotos.

Identificar como, stress e a ansiedade nos pilotos de linha aérea comercial, podem ser os causadores que levam a falha bem como alguns dos agentes que levam ao stress e ansiedade no meio da aviação.

Verificar alguns efeitos causados pela pandemia do COVID-19 em relação ao estresse e ansiedade dos pilotos.

1.3 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho fornecerá informações referentes ao impacto do fator humano na tomada de decisões quando abordado o tema e suas influências na segurança operacional, reforçando sobre a importância da saúde mental o que é de extrema relevância quando se percebe o grande número de voos diários de companhias aéreas, onde pilotos exercendo funções em um ambiente artificial pressurizado precisam ser capazes de agir de

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forma que sua performance seja suficiente para tomar decisões acertadas quando em situações emergenciais e conduzir com sucesso o gerenciamento.

Mostrará a importância de ter um conhecimento mais aprofundado sobre os fatores humanos como o medo, estresse, ansiedade e fadiga, que agem diretamente nas habilidades cognitivas considerando que o conjunto destes devem ser trabalhados e tratados em terapias com profissionais especializados de forma a se buscar a diminuição da falha humana ocasionada por fatores internos pessoais e comportamentais agindo diretamente para um aumento na segurança operacional e melhor qualidade de vida aos pilotos.

No presente momento, especialmente pela pandemia mundial causada pelo COVID-19 onde muitas diversidades acercam a qualidade de vida dos pilotos de linha aérea comercial, pontos de destaque para evitar falhas são necessários, chamando a atenção no gerenciamento da segurança operacional que é atingido como reflexo de incertezas, crise financeira entre outros que fazem parte de um novo modo normal de vida a ser enfrentado pelo meio aéreo.

O setor de transporte aéreo regular garante a conexão entre pessoas e cargas, permitindo até onde é possível de se observar, o desenvolvimento de economias que nos últimos anos houve um aumento considerável. As pessoas se acostumaram a viajar de avião no qual diferentes propósitos são supridos seja por necessidade de trabalho ou mesmo a lazer. A conexão intercontinental se tornou uma facilidade jamais percebida até então quando por fim uma pandemia se instalou trazendo um forte impacto para todos os envolvidos, mas principalmente aos operadores destas complexas máquinas as quais proporcionam esta integração a nível global. Inevitavelmente, a mudança veio com força trazendo novos métodos, novos procedimentos, novas regras, para tudo e para todos onde neste meio, os pilotos foram drasticamente afetados. Enfrentar uma situação onde não existem precedentes é um desafio para estes profissionais que precisam estar com atenção focada em atender procedimentos e manter um padrão elevado de consciência situacional. As barreiras para manter a segurança podem ser levantadas buscando novas medidas, mas como o indivíduo interpreta este novo modo em sua mente está diretamente ligado à sua percepção.

Os fatores humanos sempre existiram e fazem parte de ocorrências na segurança operacional desde quando o homem se voltou a analisar melhor o indivíduo, sua interação com a máquina e partindo desta uma influência de certa maneira nas decisões, no gerenciamento e por fim no julgamento de qualquer tipo de ação que deve ser tomada na cabine de comando pelos pilotos. Reconhecendo assim, a importância que existe a saúde mental, comportamental e de fatores internos relacionados a um piloto comercial que

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transporta vidas ou cargas valiosas as quais propiciam o desenvolvimento econômico a nível mundial.

1.4 METODOLOGIA

Natureza e tipo da pesquisa

A presente pesquisa caracteriza ser de forma exploratória, com procedimento bibliográfico e documental, e tem abordagem qualitativa.

A pesquisa exploratória se familiariza com o problema tornando-a mais clara ou construindo hipóteses. Seu planejamento pode ser flexível, pois considera vários aspectos do fenômeno estudado. (GIL, 2002).

O Procedimento para coleta de dados se caracteriza como bibliográfico e documental, que de acordo com o autor acima citado, ambas se assemelham muito. A pesquisa bibliográfica utiliza principalmente a contribuição de diversos autores, enquanto a pesquisa documental usa materiais que não recebem um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.

A abordagem se define como qualitativa por se basear na realidade para fins de compreender uma situação única (RAUEN, 2002).

Sujeitos e métodos da pesquisa

A pesquisa abrange os pilotos de linha aérea comercial de modo geral. Esta amostra foi definida em função de que são estes um dos principais responsáveis pela segurança operacional, e o estudo que compõe as falhas relacionadas à fatores humanos na aviação comercial é fundamental.

Foi definido o estudo de pilotos comerciais de modo geral, pois os estudos referem-se às falhas e stress causado em pilotos a nível mundial, não apenas à uma parte deles.

Em relação aos materiais a serem analisados estes serão:

Bibliográfico: Livros e periódicos que englobam fatores humanos, estresse e ansiedade, psicologia na aviação, medicina aeroespacial e segurança de voo.

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Documentais: Diversos documentos que regem o padrão de procedimentos de acordo com o tema. Estes são:

- Documentos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).

-Documentos referentes a regulamentação e fadiga e medicina aeroespacial da International Civil Aviation Organization (ICAO).

- Reportagens sobre o impacto do COVID- 19 na saúde mental dos pilotos.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está dividido em seis capítulos, conforme a estrutura que segue abaixo:

Capítulo 1 -Introdução que apresenta considerações iniciais sobre o assunto tratado, a metodologia utilizada, os objetivos específicos e o objetivo geral.

Capítulo 2 -Uma compreensão teórica dos aspectos, necessidades, estímulos externos e internos onde se segue a explanação da motivação, emoções, saúde mental e o comportamento do indivíduo.

Capítulo 3 -A definição oficial de piloto no sistema em si e seus desafios, abordando o assunto da gestão de segurança operacional.

Capítulo 4 -Aborda a forma dos agentes estressores e sua manifestação nos pilotos. Capítulo 5 -Apresenta a situação enfrentada pelos pilotos frente a uma enfermidade que afetou o mundo da aviação de uma forma nunca vista antes; COVID- 19.

Capítulo 6 -Conclusão onde aborda o quanto o estudo dos fatores humanos, como fadiga, estresse, ansiedade, entre outros, são importantes na aviação, e o quanto a saúde mental de um piloto influencia diretamente na segurança operacional

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2 COMPORTAMENTO HUMANO

2.1 NECESSIDADES E A MOTIVAÇÃO

Entender os elementos fundamentais que definem o ser humano e seu comportamento exigem estudos afim de compreender os motivos internos e externos que influenciam o indivíduo. Cada ser é dotado de uma personalidade própria, porém com diversas diferenças entre si, cada qual com sua história pessoal particular e com conhecimentos e habilidades diversificadas. Os aspectos considerados importantes para uma moderna gestão de pessoas são trazidos em meio a evolução, que neste contexto busca um melhor entender o papel e a importância das pessoas para uma organização. Independente de qual for o ramo da empresa e sua ideologia, o relacionamento entre pessoas e organizações partem de objetivos próprios que nem sempre se ajustam entre si. Os motivos internos funcionam na maneira de como o ser humano responde aos seus interesses, o qual está ligado a fatores psicológicos sociais e fisiológicos, vindo a trazer comportamentos e impulsos de natureza interna que atraem ou menosprezam algo, desenvolvendo suas aptidões e habilidades. Os estímulos recebidos pelo ambiente para um indivíduo atuam como motivos externos refletindo na representação de uma necessidade que satisfaz ou desperte um sentimento de interesse em forma de recompensa para este que busca um objetivo pessoal a ser alcançado. Objetivos individuais de uma forma genérica, onde se tem fatores como a busca por salários e ganhos, benefícios, estabilidade no emprego, segurança no trabalho, qualidade de vida, respeito, satisfação, oportunidades na carreira, liberdade para trabalhar, liderança e orgulho da organização, atendem como diferentes necessidades a cada um, de forma a impulsionar no processo de motivação, que é um importante fator de desempenho. Existem três meios para entender sobre o comportamento humano, onde o primeiro é partir de que é uma casualidade dos elementos que influenciam em uma decisão devido aos estímulos internos ou externos, o segundo é compreender que existe uma finalidade neste comportamento que é motivado e por último, mas não menos importante, que o comportamento humano é focado para metas pessoais, ou seja, existe uma disposição, uma gana em empreender algo baseado em benefício a si próprio. (CHIAVENATO, 2014).

Para aqueles que pensam em discutir o comportamento de um indivíduo com fins de real entendimento deste tema, é necessário partir da inicialização feita que parte de que as necessidades básicas humanas são a garantia para uma motivação a nível introdutório quando assim se trata de motivos internos. As causas para o comportamento podem ser conscientes ou inconscientes desde que atendam às necessidades que procedem ao objetivo no qual se

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fundamenta. De acordo com o mesmo autor citado acima, as necessidades podem ser divididas em três onde são elas fisiológicas, psicológicas e de auto realização. A nível de entendimento direto no assunto de pesquisa com o interesse na saúde mental dos pilotos, as necessidades psicológicas básicas (NPB) provam que quando a primeira necessidade fisiológica se satisfaz, surge a segunda trazendo indispensabilidade de amor, afeto e pertencimento, onde são universais sendo mandatório para o conforto, contentamento e segurança, determinando uma saúde próspera refletindo nos demais elementos que postulam a motivação. A satisfação em atender completamente as necessidades consideradas como secundárias, são dificilmente realizadas seguindo o princípio da hierarquia, tendo como, observar que a medida em que um indivíduo sobe na hierarquia dos desejos atingidos, ocorre um aumento da não satisfação, basicamente porque o homem por sua natureza busca sempre uma satisfação maior para suas necessidades. Pode ser possível assim perceber que o ser humano comum em nosso meio de convívio é metade satisfeito e metade insatisfeito com todos seus objetivos e metas. (MASLOW, 2019). O perigo inserido neste meio é que a possibilidade da frustação sempre permanece como sendo uma ameaça psicológica vindo a gerar reações que podem influenciar e provocar problemas básicos de motivação onde é preciso um esforço em redefinir e aplicar os conceitos de necessidade do que é certo e bom para o indivíduo, vontades, desejos entre outros que implicam no papel do comportamento humano. (CANNON, 1938).

Figura 1: Pirâmide de Maslow.

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2.2 DESEMPENHO DA PERFORMANCE HUMANA

Visto que é possível verificar a importância da motivação para que um indivíduo desenvolva tarefas conscientemente ou não dentro de uma organização com seus objetivos, os fatores que motivam o mesmo a desempenhar uma melhor performance está diretamente ligado ao seu comportamento. O ser humano manifesta uma performance positiva ou negativa por meios associados a interesses internos ou externos como mencionado anteriormente. Desde muito antes de se conhecer e definir os fatores humanos bem como a segurança operacional, é importante entender que o ser humano utiliza de sua capacidade intelectual e cognitiva no objetivo de conseguir cada vez mais resultados independentemente do setor a qual se destina seu esforço. Diversos avanços foram obtidos devido a estudos na área a qual se preocupa com o ser em si, na tentativa de entender melhor o indivíduo colocando a performance humana em destaque, diretamente associada a interação entre o homem através de suas percepções e o meio o qual convive. O ser humano é capaz de se adaptar sendo flexível, mas por outro lado é vulnerável a influências as quais agem contra sua performance. (ICAO, Doc. 9683- NA/950, 1998).

A vulnerabilidade do ser humano traz a necessidade de saber lidar de certa forma com suas emoções. Os sentimentos os quais trazem agitação ou uma perturbação mental geram pensamentos distintos, onde psicólogos e estudiosos discutem há muito tempo uma definição literal para emoção. Partindo de que pesquisas feitas por cientistas com o intuito de identificar quais seriam as emoções primárias, muitos deles apesar de não chegarem a um acordo final sobre tal assunto, se propõe uma lista que apesar de não resolver a questão proposta, busca caracterizar de alguma maneira a emoção. Sendo assim, pode se conhecer:

- Ira: a raiva, revolta, o ressentimento, indignação, aborrecimento, irritabilidade, violência, hostilidade, fúria, e no extremo o ódio.

- Tristeza: sofrimento, desânimo, mágoa, solidão, desespero, melancolia, auto piedade, desamparo, vindo como patologia a depressão.

- Medo: nervosismo, apreensão, ansiedade, preocupação, inquietação, pavor, escrúpulo e desenvolvendo como psicopatologia a fobia e pânico.

- Prazer: alegria, felicidade, alívio, satisfação, bom humor, contentamento, euforia, diversão, orgulho, gratificação.

- Amor: dedicação, confiança, aceitação, afinidade, paixão, adoração. - Surpresa: espanto, choque, maravilha, espasmo.

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- Vergonha: remorso, culpa, vexame, mágoa, humilhação, arrependimento. (EKMAN, 1992).

Por mais que se possa tentar definir ou ir em busca de um padrão que sustenta a fórmula correta para tal compreensão das emoções, ainda sim existirão variantes fundidas através de combinações como o ciúme, onde a tristeza se funde com a ira. Outra forma para ressaltar inserido neste contexto, são as virtudes as quais se conhece como coragem, perdão, esperança, preguiça, tédio, entre outros os quais não são possíveis classificar de maneira clara.

Ainda de acordo com o mesmo autor acima citado, que desenvolve em sua obra trazendo a questão de que em certos momentos o ser humano é racional e em outros momentos irracional, determina que as emoções têm razão e lógica, assim influenciam nas ações de um indivíduo, sendo que a mente emocional desenvolve uma resposta muito mais rápida que a racional refletindo em ações com rapidez exagerada excluindo a caracterização analítica da mente racional. Quando o pó assenta, ou até durante o ato reativo, muitas das vezes se pensa, “Por que isso foi feito? ”, sendo esta a indicação de que a mente racional percebe o que acontece, porém não com tempo suficiente e agilidade da mente emocional. O mecanismo que desencadeia a percepção de um acontecimento é realizado em milésimos de segundos pelo cérebro onde a resposta para uma reação na qual a mente emotiva é capaz de rapidamente identificar uma emoção, atuando como um radar como no exemplo relacionado a um perigo ao qual se encontra o indivíduo atuando e mobilizando este a agir em situações emergenciais. É claro que existe a desvantagem pelo fato de que muitas das impressões ou julgamentos os quais são considerados intuitivos podem ser equivocados trazendo de forma errada a maneira de atingir o alvo objetivado previamente. O mesmo autor desenvolveu uma técnica que foi capaz de detectar os movimentos da musculatura da face, ocorrendo em milésimos de segundos depois de um fato acontecer que causou determinada emoção, há a verificação de alterações dos batimentos cardíacos e no fluxo sanguíneo, sendo que quanto maior a intensidade da emoção, mais rápido se iniciam as alterações, como pode se exemplificar o sentimento associado ao medo a frente a uma ameaça repentina. Os sentimentos mais intensos são reações consideradas involuntárias e não condiz ao indivíduo decidir quando irão acontecer, simplesmente assumem o comando de forma a urgência da sobrevivência, não sendo possível escolher qual a emoção que irá se manifestar. Ainda que não seja possível de uma forma fácil estabelecer a emoção que um pensamento irá despertar, quando possível muda-se o foco do pensamento. Como exemplo disto, é possível observar que lembranças agradáveis deixam a alegria brotar e por outro lado os pensamentos tristes produzem melancolia, bem como as fantasias sexuais geram sensações sexuais. É importante

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compreender e prestar atenção que a mente racional não decide sobre quais emoções surgem, o que ela faz é controlar o curso da reação, mas é claro com algumas exceções que podem ter a fúria e a tristeza como consequência. Quando há uma percepção de si próprio e da realidade, pode haver uma influência negativa nas decisões, o que eleva o nível de um risco operacional. (BAUER, 2020).

É possível observar através da tabela abaixo, o estudo de pesquisa realizado com a finalidade de identificar sintomas de ansiedade e depressão em aeronautas no Estado de São Paulo. Foram participantes 40 pessoas, sendo 20 comissários, 10 comandantes e 10 copilotos. (RIAUL, VABONI E SOUZA, 2012).

Tabela 1- Porcentagem dos sintomas psicológicos relatados em tripulantes

Sintomas Porcentagem (%)

Tristeza 5%

Desânimo 50%

Sem esperança quanto ao futuro 2,5%

Fracasso 17,5%

Culpa 42,5%

Não sentir prazer na vida 52,5%

Não conseguem encontrar o prazer na vida 7,5% Insatisfação ou aborrecimento 5%

Adiar decisões 27,5%

Dificuldades em tomar decisões 42,5% Não conseguem mais tomar decisões 2,5%

Fonte: RIUL, VABONI, SOUZA (2012).

2.3 A SAÚDE MENTAL

Os pilotos são um segmento distinto da população em geral, pois para serem considerados pilotos seguros é necessário que sejam saudáveis físico e mentalmente. Em relação ao estudo da personalidade dos pilotos, revela-se que estes tendem a ser autossuficientes e as vezes arrogantes, o que pode colocá-los em certa dificuldade quando não há um bom CRM (Crew Resource Management) no trabalho em equipe. Muitos podem ter dificuldade em confiar no trabalho do outro, acreditando que ninguém faz o trabalho como

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ele. Pilotos tendem a ser desconfiados, até um pouco paranoides, que com moderação pode se tornar uma qualidade que ajuda no trabalho, fazendo com que algumas empresas busquem por isso quando definem o tipo de personalidade procurada em um piloto. Porém, esta tendência desconfiada/ paranoide também pode os afetar na vida privada. Pilotos tendem a ser concretos, práticos e com pensamento linear. Quando analisados em escala emocional, estes tendem a ficar no final em relação ao resto da população, pois são práticos, realistas e orientados em relação ao objetivo. Preferem apresentar uma lista escrita de problemas do que falar sobre eles. São competitivos e tem baixa tolerância com imperfeições pessoais, bons em conclusões rápidas e gerenciamento situacional. Tendem a lidar com pessoas como se fossem instrumentos e tem conclusões rápidas, práticas e poucos emocionais.

Em relação ao trabalho estas podem ser características que ajudam na pratica da profissão, porém o mesmo estudo ainda ressalta que pilotos, por serem muitos práticos, são mais introspectivos, tem dificuldades em expressar emoções e até mesmo reconhecer e lidar com os próprios sentimentos. Quando passam por experiências e tem sentimentos que não sabem lidar a tendência é que seja mascarado, escondido, as vezes usando recursos do humor ou da raiva para não demostrar. Ser não emocional ajuda os pilotos a lidarem melhor com crise, mas os torna mais insensíveis em relação às pessoas, como a família, e essa barreira emocional pode criar dificuldade de comunicação que afeta diretamente à aviação. (ALPA, 2007).

Com tudo isso, reconhecendo algumas das características da personalidade de um piloto de modo geral, é ainda preciso considerar muitos outros fatores que influenciam na vida pessoal e no trabalho dessa classe na aviação comercial. Pilotos são um grupo de profissionais com desafios psicológicos fora do comum que passa por inúmeros estressores que aumentam o risco de desenvolvimento de transtornos mentais, estes mesmos passam por repetidas avaliações para manterem-se em condições de voo. (AVIATION AND AEROSPACE PSYCHOLOGY, 2017).

A influência do fator humano de forma contributiva nas ocorrências de grande proporção tendo como muitos dos acidentes aéreos mundialmente conhecidos, traz a demonstração das deficiências desta área quando se observa que o indivíduo leva a intoleráveis situações devido a sua ação. De mesma forma, é possível notar por outro lado que quando se estuda estas ações humanas, se deve reconhecer da necessidade humana para operar sistemas os quais não são totalmente automatizados e de certa maneira precisam ser compensados pelo homem, no qual opera este com função de compensar falhas em sistemas não autônomos. (DOC 9859, AN/474, 2013).

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Quando se observa as condições da população em geral de saúde mental, os distúrbios de ansiedade e depressão, são as condições mais comumente relatadas, enquanto apenas uma pequena parte de pessoas apresentam doenças mentais graves, como psicose ou transtorno bipolar. A apresentação de uma condição de saúde mental no trabalho implica de modo diferente devido a consequências que dependem do tipo de trabalho. Podem existir grupos onde os Fatores Humanos e ou condições de saúde mental podem afetar negativamente a acuidade mental, trazendo consequências com potencial devastador. A aviação é uma destas áreas que pode ser considerada crítica para a segurança, porque tem uma ligação de alta confiabilidade das operações e com isso consequências materiais na segurança de todos os envolvidos. Tendo como certo de que o risco não possa ser totalmente descartado das operações, o setor aéreo traz uma história de melhorias contínuas na redução e gerenciamento dos riscos residuais e que emergem, aumentando a segurança operacional. (AVIATION AND AEROSPACE PSYCHOLOGY, 2017).

As crenças que um sujeito apresenta, estruturadas em experiências passadas podem, ou não, serem dolorosas. Estas se identificam através dos pensamentos automáticos e regulam a forma como o indivíduo observa a si e o mundo. Essas cognições podem ativar sentimentos equivalentes, o que no ambiente operacional pode interferir quando o sujeito passa a acreditar não ser capaz de superar obstáculos, sentir-se inferior diante de um grupo e exposto negativamente. Porém, quando este reconhece seu potencial, o poder de superar adversidades, traz melhora na autoconfiança, aceitação e valorização social, o que gera progresso e aperfeiçoamento em seu desempenho nas atividades. Estes pontos são determinantes na experiência profissional, pois o ocupante da função percebe que não é o grupo que determina sua capacidade, mas o que ele pensa sobre si, os sentimentos que alimenta, e quando percebe que não é da forma adequada, tem capacidade de superar condições adversas. (BAUER, 2020).

Ao prestar atenção no modo de pensar das pessoas, é possível verificar as relações efetivadas entre emoções e comportamentos. A repetição que ocorre em comportamentos que estão sustentados em pensamentos correlacionados ou crenças recorrentes, desenvolve em hábitos que por sua vez muitas vezes são inconsequentes. (BAUER, 2020).

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Tabela 2- Tendências de comportamento

Fato Crença/ Pensamento Emoção Subjacente

1. O Piloto inicia o voo sem fazer o cheque de partida

Eu tenho o controle sobre o voo, já fiz isso muitas vezes, não preciso usar o check list.

Sentimento de certeza elevado,

autossuficiência. 2. Demonstra intolerância para

com as diferenças interpessoais, compara-se aos demais pilotos e conclui ser melhor do que eles.

Se fosse comigo, as coisas seriam diferentes, isso não aconteceria; afinal, sei o que estou fazendo.

Sentimento de

grandeza, onipotência, superioridade.

3. Deixa de fazer a inspeção de abandono porque está com pressa.

Eu faço do meu jeito e sempre dá certo, qual é o problema, estou cansado.

Constrangimento

4. Falta ao treinamento de emergências.

Vamos dar um jeito, depois eu reviso isso, na hora do perigo vou saber como agir. Já fiz tantos cursos.

Triunfo e onipotência.

5. Estimula o segundo piloto a carregar a carga externa, sem um planejamento completo.

Não vai dar nada, sempre dá certo, sempre fiz isso e estou aqui, temos que fazer isso.

Superioridade, coragem, arrojo, improvisação. 6. Fecha-se quando o segundo

piloto o interpela para saber se vai ou não fazer o procedimento.

Não gosto quando um novato vem me ensinar o que fazer.

Indignação, certeza excessiva.

7. Decola mesmo sabendo que as condições meteorológicas são instáveis.

Penso que teremos tempo para fazer a missão e retornar antes da chuva.

Autoconfiança elevada, invulnerabilidade, receio.

8. Pousa em local impróprio. Posso fazer isso, não vejo nenhuma ameaça, depois decolo sem problemas.

Ansiedade em cumprir a missão.

9. Desembarca tripulante para embarcar outras pessoas.

Temos que dar atenção a ele, é pessoa importante.

Autoconfiança elevada, improvisação, exibição.

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3 PILOTOS E A GESTÃO OPERACIONAL

A definição dada para piloto, conforme o autor abaixo, é a pessoa responsável pela operação e segurança da aeronave durante o tempo de voo. (ANTAS, 1979). O piloto quando atuando profissionalmente, habilitado, exercendo atividade a bordo de uma aeronave civil nacional e possuindo contrato de trabalho regido pela legislação trabalhista, é considerado aeronauta de acordo com a Lei n° 7.183 de 5 de abril de 1984. Este aeronauta quando atuando em uma função de acordo com sua licença, tem a designação de tripulante. O piloto responsável pela segurança da aeronave bem como por sua operação é o comandante, exercendo autoridade que a legislação aeronáutica permite através do Art. 165 do CBAER (Código Brasileiro de Aeronáutica), onde ele será responsável também pela guarda de valores, mercadorias e bagagens, devendo garantir o cumprimento da regulamentação profissional desde quando se apresenta para o voo até o momento em que ocorre a entrega da aeronave, concluindo a viagem. O copiloto atua e desempenha a função de auxiliar o comandante em toda a operação da aeronave. (BRASIL, 1984).

A gestão de segurança na área da aviação se estende em um padrão mundial através do SGSO (Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional). Os provedores de serviços de aviação civil desenvolvem o SGSO e o PSO-BR (Programa de Segurança Operacional) que interagem com conceitos de gestão, gerenciando riscos e buscando garantir a segurança operacional de uma forma proativa, sendo fundamental dentro de um aspecto da gestão empresarial. (BRASIL, 2006).

A importância da segurança operacional pode chegar a um nível aceitável, porém não a uma redução a zero, isso baseando-se também na definição pela ICAO (International Air Transport Association). (SANTOS, 2014).

Segurança operacional vem ser definida pela ICAO (2006, p. 1-1) através de:

[...] o estado no qual o risco de lesões ás pessoas ou danos ás propriedades é reduzido e mantido em, ou abaixo de, um nível aceitável, mediante um contínuo processo de identificação de perigos e gerenciamento de riscos.

Considerando o mesmo autor, o objetivo de chegar ao destino sem arranhão algum para aqueles que viajam é literalmente a segurança operacional. Mesmo que algo de errado venha acontecer no qual a possibilidade de se machucar exista, ainda que remota, ocorre a disposição de aceitar esse risco e prosseguir.

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No meio aéreo as companhias precisam considerar em operar com um nível aceitável de segurança, onde encontrar o equilíbrio no gerenciamento de proteção e criação ao método estabelecido é de suma importância no controle da gestão. Quando se determina os objetivos na produção, é mandatório resguardar os riscos na operação com segurança, assim encontrando o balanceamento de uma maneira constante. (ICAO, Doc 9859- NA/474, 2013). A aviação brasileira, adota documentos traduzidos da Organização Internacional de Aviação Civil onde este preconiza a segurança de voo através de uma metodologia introduzida no ano de 2006 através do Safety Management System (SMS), termo em inglês utilizado para o Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO). O termo Segurança Operacional, passou a ser utilizado no qual antes conhecido apenas como Segurança de Voo, sendo que, ambos os termos refletem ao assunto específico da segurança no contexto da aviação. De forma rápida, é possível compreender que a segurança de voo é a ausência de acidentes no emprego da aeronave e a Segurança Operacional é o estado no qual os riscos associados a essas atividades da aviação, direta ou indiretamente são reduzidos em um nível aceitável. O SIPAER (Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos) que integra a infraestrutura aeronáutica, tendo amparo legal através do CBAER pelo artigo 25 da Lei n° 7.565 de 19 de dezembro de 1986, tem a competência de planejar, orientar, coordenar, controlar e executar atividades de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos. Sendo assim, através da gestão da segurança de voo na aviação brasileira é estabelecido protocolos, responsabilidades e atribuições para a execução de atividades de prevenção de acidentes aeronáuticos. O cuidado pela prevenção é de responsabilidade de todas as pessoas envolvidas com operação, manutenção, circulação e ao possuidor do cargo mais elevado das organizações cumpre saber que é de sua responsabilidade observar a filosofia de segurança de voo SIPAER. (NSCA 3-3/2013).

De acordo com a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), os processos adotados para o SGSO são:

-Reporte de Eventos de Segurança Operacional, - Identificação de Perigos,

- Gerenciamento de Riscos, - Medição de Desempenho,

- Garantia da Segurança Operacional.

É possível na história da aviação, rastrear parte de sua evolução que foi dedicada à adaptação do homem ao meio ambiente pela utilização de capacetes, roupas adequadas,

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máscaras de oxigênio entre outros, que procuravam fazer com que a sua interação resultasse em sucesso, levando a um efeito positivo. No contínuo desenvolvimento foi observado outros desafios que apareceram a medida que voos mais altos, com maiores velocidades foram atingidos, onde hoje sabe-se de problemas notáveis com respeito a concentração de ozônio e níveis de radiação em níveis altos, distúrbios biológicos causados pela depravação de sono e consequências de troca de fusos horários. Neste contexto, determina-se que o setor aéreo opera em um aspecto que engloba uma completa interação com o piloto nos quais os aspectos ambientais influenciam e podem modificar o comportamento humano possibilitando margens para uma falha. De acordo com Admiral Donald Engen, ex-administrador da FAA (Federal Aviation Administration), tem sido gasto mais de 50 anos com hardware o qual é muito confiável, e destaca que agora é hora de focar nas pessoas, isto vem com a necessidade de uma atenção especial aos Fatores Humanos, porque é possível saber que três de quatro acidentes são resultados da performance de erro causada por indivíduos aparentemente saudáveis e com seus certificados e licenças em dia. (DOC 9859, AN/474, 2013).

As práticas de gerenciamento de segurança operacional utilizadas têm sido desenvolvidas afim de adotar um foco específico e melhor gerenciar o método proativo do que reativo. Entre os pilares da gestão da segurança operacional está a integração de treinamento, onde inclui os fatores humanos. A segurança operacional é de responsabilidade de todos, porém de certa forma esse pensamento nem sempre é realidade ao fato de que deve se abordar os conceitos de segurança operacional nas mais diversas classes de pessoal. (SANTOS, 2014).

O setor de transporte aéreo, o qual inclui uma grande diversidade de organizações, pessoas e produtos é um sistema complexo o qual requer uma enorme avaliação da contribuição humana para a segurança e entendimento de como a performance humana pode ser afetada por componentes inter-relacionados diversificados. (DOC 9859, AN/474, 2013).

3.1 QUESTÕES DESAFIADORAS PARA OS PILOTOS

No Brasil a lei N° 13.475, de 28 de agosto de 2017, dispõe o exercício da profissão de tripulante de aeronave. Regula e traz os parâmetros de limites de horas de voo e pousos, escala mensal, questões de contrato de trabalho, acomodações para descanso a bordo de aeronaves, folgas periódicas, remuneração, alimentação, assistência médica e férias. Esta lei estabelece que será de responsabilidade para as autoridades de aviação civil regulamentar um sistema de risco de fadiga, seguindo recomendações internacionais.

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Para a aviação regular onde os pilotos comerciais de linha aérea atuam com suas respectivas funções, existe a CCT (Convenção Coletiva de Trabalho Aviação Regular), onde atualmente em vigor está acordado entre ambas as partes, pilotos e empresas, que representados pelo SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) e SNEA (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) definem diversos fatores importantes tais como segue abaixo em destaque: - Salários, - Empregabilidade, - Escala, - Folgas, - Férias.

É possível notar que os fatores acima são de extrema importância não somente para os pilotos comerciais, mas para qualquer colaborador que diante de um sistema onde os indivíduos estão inseridos precisam ter suas necessidades atendidas. Houve saltos gradativos da área de recursos humanos onde primeiramente as pessoas eram apenas recursos produtivos, depois passaram a serem considerados através da gestão de pessoas como seres humanos, mais tarde com a gestão de talentos humanos foram intituladas como provedores de competências. Hoje se observa a participação ativa e proativa, na era do conhecimento e com ênfase estratégica, trabalho intelectual valorizado, tendo tecnologia e inovação. (CHIAVENATO, 2014).

Partindo da premissa que atuar como piloto de avião, normalmente é entendido como um diferente modo de trabalho, de deveres, proficiência, emprego e salário; revela-se então, desafios únicos que no dia-a-dia demonstram um estilo de vida incomum. Muitos deles são vistos sem certa atenção onde se pode estabelecer que, pilotos comerciais devem se atentar em permanecer descansados para longas viagens, saudáveis ao ponto de continuar passando nos exames médicos obrigatórios para manter seu certificado de capacidade física em dia. Os mesmos realizam um trabalho simultâneo na cabine de comando com extremas responsabilidades que quando combinado a fatores externos de estresse, podem desempenhar um papel muito significativo no o estilo de vida do profissional. Entre os pilotos de transporte aéreo comercial, desafios expostos como estarem longe de casa, problemas conjugais, viver longe do aeroporto, são desafiadores. Em um estudo realizado onde 185 pilotos responderam um questionário, incluindo 80 pilotos de linha aérea, demonstram estes desafios. (CHAPIN, 2010).

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Tabela 3- Frequência de desafios enfrentados pelos pilotos de linha aérea.

Desafio Diário Semanal Mensal Anual Raro Nunca Incerto

Longa distância. 7 22 12 4 9 15

Etapa extra não planejada.

2 14 16 9 27 1

Exames. 1 1 66 1

Estar longe de casa. 15 43 5 6

Medo de demissão. 5 1 5 8 31 17 2 Preocupação de disputa trabalhista. 9 4 6 2 30 17 1 Problemas conjugais. 3 3 4 23 36 Briga entre a tripulação. 5 3 9 40 12 Interrupção durante os procedimentos. 26 16 7 1 13 6

Fonte: CHAPIN (2010) – Adaptado.

De acordo com a tabela acima é possível perceber que o maior número em relação aos desafios enfrentados está ligado aos exames. O estado físico e mental dos pilotos é de extrema importância no qual é cobrado para que este mantenha sua habilitação médica válida.

3.2 O DESAFIO DE GERENCIAR A FADIGA

Quando se observa os fatores e os desafios enfrentados pelos pilotos, é possível entender que o conjunto destes atuando mesmo que não seja estabelecido um padrão a todos os envolvidos, estes colaboram para que o índice de fadiga seja estabelecido. Vários elementos estão inseridos, despertando sempre no meio aéreo a busca de conhecimentos que estão associados ao estado fisiológico bem como à saúde mental de cada indivíduo. Conforme o artigo sobre a saúde onde estudos revelam os motivos mais frequentes relacionado ao sintoma da fadiga, no qual afetam as condições físicas são:

- Depravação de sono; - Perturbação do sono;

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- Estresse mental, emocional em relação a problemas familiares, ansiedade ou até o estresse perante a exames periódicos;

- Esforço físico em demasia e;

- Problemas de saúde, com inclusão de dieta não adequada e desidratação.

Durante a atividade, os pilotos procuram gerenciar diversos sistemas os quais contém muitas informações necessárias para executar a função. (RAYOL, 2009).

A fadiga pode ser entendida como o estado fisiológico onde acontece uma redução das capacidades no desempenho físico e ou mental, que são consequências dos fatores acima mencionados. As pesquisas realizadas, relatam que a fadiga contribui entre 15 a 20% nos acidentes aéreos. A fadiga não é um caso único, porém é uma consequência de muitos fatores que interconectam a necessidade fisiológica de um indivíduo. O cansaço sendo uma debilidade contida entre unicamente o período de uma atividade, sendo ela por exemplo uma fraqueza muscular devido a uma atividade física que desenvolvem sintomas os quais podem ser aliviados com um repouso; já a exaustão se apresenta através de uma confusão mental, na qual pode trazer delírios, desmaio, dificuldades de permanecer acordado, dificuldades para dormir, até mesmo tornar a pessoa reclusa. (CALDWELL, 2009, apud RAYOL, 2009).

O estado de fadiga tem base na interação combinada dos ritmos circadianos, estado de alerta, sonolência e efeitos do débito de sono. A influência negativa pela falta de sono, trazem degradação física, psicomotora, sonolência excessiva e comprometimento do desempenho cognitivo. O estado de melhor performance do cérebro corresponde a um estado de alerta adequado onde permite que o indivíduo seja capaz de captar as informações que são importantes ou deletar as mesmas dentro de um determinado ambiente. O estado de alerta pode depender da hora do dia pois é influenciado através do mecanismo circadiano. O relógio biológico humano, produzirá efeitos de sonolência independentemente das atividades executadas, estando o indivíduo em repouso ou trabalhando. Pode de se compreender que a referência de o quanto melhor uma pessoa executa uma tarefa, é determinado pelo seu nível de alerta. Assim sendo, quando se trata de relacionar a fadiga humana em seu entendimento por completo é preciso considerar muito além das horas consecutivas de trabalho, mas também os efeitos produzidos pelo período do dia no qual a tarefa está sendo realizada. (CNFH & CNPAA, 2017).

Devido aos diferentes horários que ocorrem os voos, onde a escala de trabalho se realiza muitas vezes á noite através de madrugadas em claro, os pilotos são expostos a um conflito direto com o organismo o qual está ligado ao sono, afetando a saúde dos mesmos e podendo ser problemático em sua vida social e familiar. Dependendo de que forma ocorre a

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alteração do sono dentro de seu ciclo, é possível ter um considerável desgaste que afeta a performance e eficiência da pessoa em referência a saúde, estado psicológico e comportamental. (RAYOL, 2009).

Seguindo ainda o autor, que através de sua obra destaca o encontro de alguns dos efeitos que fadiga ocasiona, trazendo uma preocupação para a gestão de segurança de voo onde é necessário uma especial atenção e cuidado com eles que são:

- Ausência de motivação; - Esquecimento;

- Baixa performance; - Julgamento prejudicado;

- Baixo índice para tomada de decisão, considerando falta de posicionamento correto ou ações precipitadas que afetam o parecer final.

Diante dos itens mencionados e que estão relacionados à fadiga, pode se compreender que os riscos existentes na vida dos aeronautas devem ser estudados a fim de se buscar o gerenciamento constante das jornadas de trabalho, escalas de voos, descanso adequado entre outros fatores que podem oferecer uma incerteza de alta modificação nos níveis de saúde física e mental. Estes aumentam a probabilidade da ocorrência de perigo durante as operações. (RAYOL, 2009).

Durante a jornada de trabalho do piloto, é evidente que esteja submetido a riscos devido a modificações no ambiente ao qual executa suas tarefas, ele sofre influência de fatores como vibração, ruído, baixa umidade do ar e de pressão de oxigênio que atuam no organismo. A prestação dos serviços aéreos é feita de uma forma dinâmica nos dias atuais e expõe o tripulante a um sistema de longas jornadas, cruzando fusos horários fazendo modificações no ciclo biológico. O ciclo conhecido com circadiano onde este que tem a origem de uma combinação de palavras, circa e diem proveniente do latin, é influenciado pela luz, temperatura do dia e noite e completa a atividade dos seres vivos. Através destas informações, pesquisadores tentam buscar uma maneira de definir as variáveis que influenciam na vida destes profissionais. (RAYOL, 2009).

Uma investigação sobre distúrbios específicos de afastamento temporário por motivos de saúde por mais de 15 dias foi feita durante o período de 21/08/1996 a 20/10/2000, no qual revela uma realidade desafiadora. (MORAES, 2001).

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Tabela 4- Número em percentuais de 77 pilotos afastados por distúrbios

CAUSA DO AFASTAMENTO %

Transtornos mentais (Exceto fobia de voo) 55,85

Distúrbios Ósteo-Mio-Articulares (exceto da coluna vertebral) 22,27

Transtornos na coluna 11,69

Alcoolismo 7,79

Transtornos auditivos 5,19

Transtornos cardiovasculares 5,19

Fobia de voo 3,90

Transtornos do metabolismo dos carboidratos 3,90

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) 2,60

Uso de cocaína 1,30

Gravidez 1,30

Transtornos da tireoide 1,30

Fonte: Relatório de afastamento temporário CEMAL (2001) – Adaptado.

Conforme a tabela acima é possível perceber que até o ano de 2000, a fadiga não é percebida como causa de afastamento, porém tendo com maior causa, os transtornos mentais com 55,85%. Sendo assim é possível compreender a mudança em relação ao estudo da fadiga que vem sendo acompanhado por diversos pesquisadores e chamando a atenção das autoridades.

O controle de estresse e fadiga é de suma importância na aviação, pois a carga de trabalho quando constantemente alta pode vir a reduzir a capacidade física e mental de um piloto comprometendo as funções cognitivas, assim como, a memória para procedimentos de emergência, sua percepção para riscos, julgamento e tomada de decisões não adequadas para a correta resolução de um conflito. A atividade aérea ainda pode ser comprometida pela baixa motivação do piloto, que pode levar ao prejuízo no controle do risco e prática de erros em situações de perigo. Portanto, o controle de fadiga deve ser algo fundamental para garantir um bom funcionamento e saúde operacional. (BAUER, 2020).

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4.0 OS AGENTES QUE ATUAM NO ESTADO COGNITIVO DOS PILOTOS

O estresse na vida pessoal ou no trabalho é considerado normal e acontece com todas as pessoas em algum momento da vida, mas quando o estresse é persistente, irracional, e o indivíduo não consegue superar e seguir as atividades diárias com normalidade, isso pode ser um indicativo de que esteja se tornando algo maior, como um transtorno de ansiedade. Na profissão de piloto comercial, onde percebe-se que este sofre um conjunto de agentes estressores é importante que se entenda como o estresse e a ansiedade agem na mente humana e como este tópico ganha destaque dentro desse meio.

Quando uma pessoa desvia de certa maneira de seu estado normal ou melhor dizendo, quando a mesma se desvia de seu estado ótimo, de melhor performance, onde seu corpo sofre estímulos de alguma maneira causando a resposta não específica de uma demanda feita sobre ele, se chega ao estresse. Este desvio representa uma tentativa do corpo de se adaptar ou estabelecer uma ligação com a situação tentando retornar ao seu estado normal. É possível perceber que todas as pessoas em algum momento ao longo de sua vida, apresentam alguns estressores. Seja por questões adversas como problemas de doença, no relacionamento, luto familiar ou então por fatores ambientais e cognitivos, que estão ligados às atividades específicas que realizam. O estresse ambiental são fatores como umidade, temperatura, pressão, barulho, vibração e iluminação. O estresse cognitivo está ligado ao propósito mental da própria ocupação. A relação da capacidade de uma pessoa prestar atenção ao ambiente está relacionada diretamente ao estresse. Quando uma situação é complexa, cheia de indícios o estresse diminuirá o desempenho pois muitos destes vestígios passarão despercebidos. (DOC 9859, AN/474, 2013).

O erro humano estudado por pesquisadores através de trabalhos focados no comportamento humano e por estudiosos como o psicólogo James Reason, o qual dedicou seu esforço neste assunto e publicou seu livro em 1990, Human Error, trouxe uma enorme contribuição para a área onde através de desenvolvimento sobre teorias de que não se pode mudar a condição humana, mas pode-se mudar as condições sobre qual o ser humano trabalha. Existe uma analogia que é trabalhada dizendo que as falhas ativas são como os mosquitos. Podem ser abatidos um por um, porém irão vir mais, no qual o melhor remédio para tal é criar alguma maneira de retirar estes dos banhados onde se reproduzem. O banhado pode ser identificado como uma condição latente. “Antes de considerar os operadores os principais causadores do acidente, é preciso compreender que eles são herdeiros dos defeitos do sistema, criados por uma concepção ruim, uma instalação mal desenvolvida, uma manutenção deficiente e por decisões errôneas da direção”. (REASON, 1990).

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Figura 2: Figura baseada no modelo de James Reason

Fonte: REASON (1990) – Adaptado.

O conceito de que erros e violações são equívocos ressalta que quando unidos às brechas nas defesas causam acidentes. Os equívocos ou falhas latentes são deficiências nas defesas do sistema e, ao se unirem as imperfeições ativas ou fatores estimulam, criam uma trajetória de oportunidades de acidentes através de algumas ou de todas as camadas protetoras do sistema. (REASON, 1990).

Um ponto importante a lembrar é que o estresse traz distúrbios que afetam na qualidade do sono podendo levar ao aumento da fadiga, que por sua vez prejudica o desempenho social e cognitivo. Os pilotos comerciais que diante de diversas circunstâncias impostas pela responsabilidade da profissão, respondem legalmente à justiça. Considerando que por ser uma atividade com riscos, que no dia a dia produzem ameaças envolvendo diversos fatores que devem ser controlados de alguma maneira, procedimentos são seguidos, protocolos são criados para enfrentar situações, mas quando submetidos ao fator humano, pode ser influenciada por um sentimento como o medo e ou ansiedade, que acarretam mudanças no comportamento. De acordo com Professor Marks, da Universidade de Londres, citado por (SILVA, 2011.p 15).

“ é praticamente impossível para nós, seres humanos, vivermos sem medo. E,

para provar isso, ele cita situações cotidianas, presentes na vida de todos nós, como o simples fato de atravessar uma rua. O medo de ser acidentado ou atropelado por um automóvel faz com que olhemos de um lado para o outro da rua, antes de nos lançarmos à travessia. ”

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De acordo com o mesmo autor acima citado, pode-se compreender que o medo quando em medida correta, atua de forma sadia no comportamento de um ser humano, no qual é de suma importância para a garantia e manutenção dos perigos que o cercam. Para atuar diante de ameaças cotidianas que devem ser enfrentadas, as pessoas necessitam de algum modo de uma porção correta de medo a fim de evitar o aumento à exposição destas situações ameaçadoras, porém é necessário o adequado equilíbrio. Deve ser entendido, que o medo e a ansiedade são parceiros e estão ligados intimamente onde não se pode ver um sem o outro. O sentimento de inquietação pode ser percebido quando um perigo iminente se aproxima seja ele real ou da imaginação. De uma forma muito parecida, o receio, a ânsia sem uma causa certa, traz perturbação podendo ser revelada como ansiedade. Esta dupla, se torna um problema quando fugindo de um padrão de equilíbrio, torna-se incontrolável e recebe assim um nome mais específico, transtornos de ansiedade, os quais trazem prejuízos expressivos para a vida de um indivíduo.

As pessoas com transtorno de ansiedade muitas vezes se encontram sem condições de trabalhar de modo eficaz, não conseguem desenvolver-se em seu meio social tendo relações saudáveis, tornando-se reclusas, bem como, podem não conseguir realizar ações simples do dia a dia, pois isso traz algum tipo de medo e ansiedade. E de modo geral, também podem não dormir bem. Isso tudo gera um grande custo à sociedade, pois pessoas ansiosas estão ligadas a problemas cardíacos, gastrointestinais, respiratórios, de hipertensão, diabetes, asma, problemas de pele, artrite, fadiga, entre inúmeras outras condições. Contudo, isso gera um alto custo social, pois estas pessoas tendem a usar mais serviços médicos e de emergência e se tornam muito menos produtivas no trabalho. (LEAHY, 2011).

De acordo com estudo realizado sobre ansiedade em aeronautas, 40% dos copilotos apresentaram sintomas leves de ansiedade, 10 % sintomas de ansiedade moderada e 50% não apresentaram nenhum sintoma. Em relação aos comandantes, 30% apresentaram sintomas de ansiedade leve, 10% com ansiedade moderada e 60% nenhum tipo de sintoma. Em nenhum dos casos foi identificado ansiedade grave. (RIUL, VABONI, SOUZA, 2012). Quando a ansiedade é elevada nos pilotos, pode prejudicar a percepção, julgamento e tomada de decisão, pois mesmo que ele domine as técnicas de procedimento de emergência, o procedimento pode deixar de ser executado corretamente devido à ansiedade por ter o pensamento bloqueado mesmo entendendo o perigo iminente, ou mesmo, pode executar o procedimento erroneamente por uma falha na avaliação do que está ocorrendo no momento. A ansiedade elevada em um piloto pode também ocorrer devido à uma situação traumática

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durante um voo, recente ou não. (COELHO; MAGALHÃES apud RIUL, VABONI E SOUZA, 2012).

É preciso compreender melhor o funcionamento básico de memória vindo como um fenômeno o qual se constroem os pensamentos, disparando um gatilho inconsciente que é acionado a cada estímulo extra psíquico, ou seja, através de estímulos sonoros, táteis, olfativos, gustativos e de luz; ou então intrapsíquico que se apresentam como desejos, emoções, imagens da mente, fantasias e outras vezes se manifestando por estímulos orgânicos (drogas psicoativas, pela falta de neurotransmissores ou substâncias metabólicas). O fato deste gatilho atuar muitas vezes auxiliando os seres humanos a ser uma espécie pensante, pode também abrir portas para interpretações distorcidas e quando isso acontece, o aumento de tensão desta porta a qual se abriu bloqueia o indivíduo de maneira que este não consiga acessar as informações, podendo assim gerar a chamada Síndrome do Circuito Fechado da Memória. A armadilha psíquica na qual a pessoa é pega, bloqueia seu entendimento, inteligência e lucidez. Um exemplo disto é a situação na qual um aluno que é excelente vai mal em um teste. Ele estuda, se prepara, porém, fica tenso não conseguindo recordar as devidas informações, então vai mal na prova. Após o acontecimento ele recebe críticas do professor e fica abalado registrando na memória o evento. Para a próxima vez ele estuda mais ainda para ter garantias de sucesso, mas o gatilho de memória entra em ação e abre a porta que possuía o medo de falhar obstruindo sua capacidade intelectual. Neste dilema, é possível encontrar a superação e definir uma estruturação para autoestima desenvolvendo o resgate da liderança situacional através de gerenciamento dos pensamentos e resguardando suas emoções. (CURY, 2013).

Considerando a alta velocidade de deslocamento de uma aeronave comercial, de aproximadamente 900 quilômetros por hora durante um voo, é interessante observar que as decisões tomadas pelos pilotos são suficientes para que haja interação entre máquina e ser humano. Tendo em vista isso, a maneira como os pensamentos de um piloto atuam em sua mente através dos mecanismos de construção, vem de forma a acelerar este processo e quando não gerenciado de forma eficaz traz um custo psíquico e físico alto, que por fim deixa a seguinte pergunta: - Afinal de contas o que isto quer dizer e o que tem a ver com os pilotos?

Isto se torna um outro problema que o autor acima citado comenta, é a perturbação na qualidade de vida das pessoas devido a velocidade exagerada dos pensamentos. Descreve que nenhum indivíduo seria capaz de aguentar por muito tempo assistir um filme onde as cenas passam em uma velocidade rápida, porém as pessoas suportam por anos os pensamentos em alta velocidade passando como um filme. Mesmo considerando

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que os conteúdos sejam positivos e interessantes, a aceleração do pensamento cria uma degradação cerebral intensa e produz a maior e mais importante ansiedade da modernidade a qual possui uma sintomatologia abundante tais como:

- Mente agitada, - Insatisfação,

- Cansaço físico demasiado, - Impaciência,

- Sofrimento por antecipação.

Este último é uma condição muito marcante e na qual a angústia acontece por coisas que ainda nem aconteceram, mas já foram criados na mente e um plano já foi arquitetado. Assim sendo, muitas pessoas acordam fadigadas pois gastam boa parte de sua energia com o processo de pensar e se preocupar quando se encontram no estado de vigília, onde deveria ser usado como sono reparador e não conseguindo repor a quantidade de energia gasta de acordo com a velocidade. De mesma forma, o gasto de energia sem sua reposição traz os sintomas físicos aparecendo uma série de fatores psicossomáticos incluindo o esquecimento. O déficit de atenção neste caso atinge também de certa maneira demonstrando o quanto um indivíduo não sabe gerenciar os seus pensamentos; vivendo esgotado. Uma pessoa que está demasiadamente estressada e com a síndrome do pensamento acelerado, poderá utilizar um gasto de energia muito maior comparado a dez trabalhadores que desenvolvem atividades braçais. (CURY, 2013).

O sistema ao qual os pilotos fazem parte, traz de certa forma uma necessidade de pensar em um plano pré-estabelecido para uma falha de motor na decolagem, em voo de cruzeiro com estratégias, rotas de escape, entre outras que impõe a aplicação de um gasto de energia suficiente à velocidade que este precisa ter para gerenciar uma situação anormal que possa surgir. Em meias palavras, é necessário ao piloto sempre ter um plano alternativo; um plano “B”. Este comportamento gera um padrão de um pensamento mais rápido, podendo desenvolver fadiga caso não gerenciado e trazendo consequências de falhas humana.

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