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Vista do A C F C E E Uma análise da contribuição do filme de ficção científica para a educação escolar

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Academic year: 2021

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Uma análise da contribuição do filme de ficção científica

para a educação escolar

Fábio Alexandre Ferreira Gusmão

Doutorando em Educação – Universidade Tiradentes. Mestre em Educação: Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica-SP. MBA em Gestão de Negócios e Inteligência Competitiva – Universidade Tiradentes-SE. Especialista em supervisão, orientação, gestão da educação básica e em inspeção escolar – Universidade Castelo Branco-RJ. Licenciatura em Ciências Biológicas – Universidade Federal da Bahia-BA. Membro do Grupo de Pesquisa Educação e Sociedade: sujeitos e práticas educativas da Universidade

Tiradentes-SE. E-mail: fa_bio_gus@hotmail.com

Resumo

A pesquisa teve como objetivo analisar qual a contribuição do filme de ficção científica para a educação escolar. O método adotado foi o de pesquisa bibliográfica. Os principais resultados apontam para a necessidade da utilização da narrativa cinematográfica como uma ferramenta de aprendizagem escolar. Além disso, a pesquisa conclui que os filmes de ficção possuem um grande potencial de estimular a aprendizagem na escola, porque deixa de ser simples fator de entretenimento, e passa a ser uma ferramenta capaz de transformar a narrativa cinematográfica em conhecimento escolar por meio da linguagem audiovisual

Palavras-chave

Cinema; educação; ficção científica; filme. Abstract

The research aimed to analyze the contribution of the science fiction film to school education. The method adopted was the one of bibliographical research. The main results point to the need to use the cinematographic narrative as a school learning tool. In addition, the research concludes that the fiction films have a great potential to stimulate the learning in the school, since it stops being a mere entertainment, and happens to be a tool capable of transforming the cinematographic narrative into scholarly knowledge through the audiovisual language

Keywords

Cinema; education; science fiction; movie.

Introdução

A sociedade moderna foi o resultado da transformação do feudalismo em capitalismo, pelo surgimento dos estados nações com poder militar, mas ainda com o desenvolvimento de organizações de mídia, a partir da segunda metade do século XV, que transformaram a cultura de forma sistemática e definitiva, por meio de uma série de inovações tecnológicas e comunicativas que causaram grandes transformações no domínio cultural, que levaram ao desenvolvimento de organizações de mídias, que passaram a mediar a cultura e a modificar os modelos de comunicação e interação entre as pessoas na sociedade.

Segundo Thompson (2009, p. 47), a sociedade moderna foi o resultado de “um conjunto de transformações institucionais” ocorridas na Europa Ocidental no último período da Idade Média. Ainda, segundo o autor, o surgimento da sociedade moderna foi caracterizado pela transformação do feudalismo em capitalismo, pelo surgimento dos estados nações com poder militar, mas ainda com o desenvolvimento de organizações de mídia, a partir da segunda metade do século XV, que transformaram a cultura de forma sistemática e definitiva, por meio de uma série de inovações tecnológicas e comunicativas que causaram grandes

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transformações no domínio cultural, que levaram ao desenvolvimento de organizações de mídias, que passaram a mediar a cultura e a modificar os modelos de comunicação e interação entre as pessoas na sociedade.

Portanto, todas as relações humanas passaram a sofrer muitas mudanças culturais com a chegada da modernidade. De modo que no século XIX, a literatura era um dos principais veículos da cultura dos países ocidentais. Uma vez que a produção de obras literárias era um dos recursos que mais movimentava a cultura desses países. Além disso, com a modernidade surge a fotografia, que passou a ser uma importante ferramenta de registro da cultura. Isso porque foi justamente com a invenção da fotografia, em 1827, que proporcionou o surgimento de uma manifestação cultural que se tornaria uma das atividades mais populares da nossa história, o cinema (COUSINS, 2013).

Segundo Bernardet (1993) o nascimento do cinema se deu na data de 28 de dezembro de 1885, pois foi nesse dia que foram exibidos

[...] uns filmes curtinhos, filmados com a câmara parada, em preto-e-branco e sem som. Um em especial emocionou o público: a vista de um trem chegando na estação, filmada de tal forma que a locomotiva vinha vindo de longe e enchia a tela, como se fosse projetar-se sobre a plateia. O público levou um susto, de tão real que a locomotiva parecia. Todas essas pessoas já tinham com certeza viajado ou visto um trem, a novidade não consistia em ver um trem em movimento. Esses espectadores todos também sabiam que não havia nenhum trem verdadeiro na tela, logo não havia por que assustar-se. A imagem na tela era em preto-e-branco e não fazia ruídos; portanto, não podia haver dúvida, não se tratava de um trem de verdade. Só podia ser uma ilusão.

É aí que residia a novidade: na ilusão. Ver o trem na tela como se fosse verdadeiro. Parece tão verdadeiro - embora a gente saiba que é de mentira - que dá para fazer de conta, enquanto dura o filme, que é de verdade. Um pouco como num sonho: o que a gente vê e faz num sonho não é real, mas isso só sabemos depois, quando acordamos. Enquanto dura o sonho, pensamos que é verdade. Essa ilusão de verdade, que se chama impressão de realidade, foi provavelmente a base do grande sucesso do cinema (p. 125). Logo, pode-se concluir que os primeiros filmes produzidos ainda no final do século XIX não tinham nenhum caráter mais artístico. Eram registros de situações do cotidiano, como, por exemplo, a chegada do trem descrita acima, ou, até mesmo, fatos históricos que ocorriam. Portanto, o que chamava a atenção eram as emoções que o público, ao assistir a esses filmes demonstravam, como se estivessem vivenciando as situações reais registradas pelas câmeras que misturavam a realidade com a ficção fazendo com que as pessoas perdessem a noção de onde começava uma história real ou ficcional

Por isso, cada vez mais diversos filmes começaram a ser construídos e registrados com a única finalidade de entreter os espectadores, uma vez que muitos comparavam o funcionamento do cinema ao funcionamento do teatro, mas o primeiro, ao contrário do segundo, demandava bem menos recursos de montagem, pois bastava registrar com os efeitos que quisesse o filme, e ele poderia ser reproduzido quantas vezes fosse necessário. No caso do teatro, havia sempre a necessidade de remontar a peça, os cenários e preparar mais uma vez os atores e a banda que cuidava da trilha sonora do espetáculo (BERNARDET, 1993).

Além de registar a cotidiano, o cinema no século XIX conseguiu traduzir a literatura de ficção cientifica dos livros de Júlio Verne e Herbert George Wells para as narrativas cinematográficas. Portanto, o gênero literário que começa a se estruturar a partir da ficção trata de situações jamais possíveis na época, ou mesmo inimagináveis em tempos anteriores.

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A chamada ficção surrealista (este talvez seja a primeira classificação para o que depois viria a ser chamado de ficção científica) se preocupava em retratar “fatos que se verificam em ambientes sociais não existentes na atualidade e que jamais existiram em épocas anteriores” (PIASSI; PIETROCOLA, 2009, p. 527). Logo, a narrativa de ficção científica vai além das possibilidades do mundo real, de agora, e imagina, uma realidade que estaria por vir em um futuro distante. Mas ainda, apresenta como um jogo narrativo sobre a essência de toda a ciência.

Segundo Piassi e Pietrocola (2009, p.536):

A ficção científica tem sua própria maneira de falar sobre ciência, que é uma maneira que não encontramos mesmo em outras expressões ficcionais que falam da ciência. Ela é didática, porque se propõe a veicular ideias, mas não no sentido de explicar o que é a ciência ou ensinar conceitos científicos, embora isso possa ocorrer ocasionalmente. O que ela veicula, acima de tudo, são as questões que incomodam ou estimulam as pessoas, e que são questões originadas na ciência e na nossa relação sociocultural com ela.

Por isso, o filme de ficção científica passou a ser um recurso capaz de criar experiências culturais capazes de auxiliar a formação e o desenvolvimento do pensamento humano por meio da “[...]produção de saberes, identidades, crenças e visões de mundo de um grande contigente de atores sociais” (DUARTE, 2002, p.19). De modo que, a educação formal precisou apropriar-se desse recurso para potencializar o processo de aprendizagem escolar do indivíduo, já que em uma sociedade marcada pela grande presença das mídias vai exigir novas formas de aprendizagens baseadas nas linguagens audiovisuais.

Logo, a partir do que foi apresentado anteriormente, o presente ensaio teve como objetivo analisar qual a contribuição do filme de ficção científica para a educação escolar. Portanto, as análises foram feitas, a partir de uma pesquisa bibliográfica, que buscou investigar como os filmes de ficção científica podem influenciar a aprendizagem escolar.

Breve histórico sobre o cinema

A partir do momento em que uma imagem de fotografia era sobreposta a outra e a outra e, assim sucessivamente, de maneira muito ágil, o movimento característico do cinema se consolidou. Logo, essa sobreposição de imagens capturadas pela fotografia e vista pela visão permitiu que o cérebro humano percebe-se o “[...] movimento contínuo de uma série de imagens estáticas consecutivas rapidamente projetadas (COUSINS, 2013, p. 22).

Contudo, essa técnica não surgiu inicialmente como atividade artística, mas sim científica. Porque, as imagens, umas sobrepostas às outras serviam para que os estudiosos dos movimentos e do corpo humano pudessem compreender como o nosso corpo funcionava. Por isso, as primeiras imagens projetadas eram sempre de pessoas fazendo movimentos no corpo, como, por exemplo, caminhando, sentando, deitadas etc.

Segundo Cousins (2013) não existe um inventor único do cinema, já que muitos contribuíram para o desenvolvimento das técnicas de captura e projeção de imagens, mas pode-se citar como principais inventores: Thomas Edson, Louis e Auguste Lumière e Marie George Jean Méliès. Além desses nomes, podemos citar Louis Le Prince, que já havia patenteado na década de 1880, na Inglaterra, uma máquina do tamanho de uma geladeira capaz de fazer filmagens.

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de segurar a fita do filme para expor a imagem na lente e em uma fração de segundo avançar para a próxima imagem. Isso nos mostra que a invenção do cinema não foi obra de um só homem, mas, sim, de uma associação de técnicas e invenções, que tiveram a contribuição de inúmeros inventores.

No século XIX, os filmes que foram produzidos pelos irmãos Lumière foram aqueles mais assistidos. Portanto, muitos historiadores datam a criação do cinema no dia 28 de dezembro de 1895, dia em que os irmãos Lumière apresentaram para o público, em uma sala no Boulevard des Capucines, em Paris, um programa curto com seus filmes que mais eram documentários, pois se tratavam apenas de registros de fatos ocorridos do cotidiano. Logo, foi a partir dessa primeira produção, que os irmãos Luimière passaram a enviar filmes e a reproduzir suas produções em diversos países do mundo, não só na europa, mas na ásia e na américa (COUSINS, 2013).

A partir do XX, surge no cinema, novas formas de contar histórias de forma sequencial, mostrando como as coisas aconteciam. Dessa maneira, o cinema teatral, comum no século IX; que mais parecia com a estrutura própria dos teatros como estavam acostumados os antigos espectadores passa a ter uma estrutura mais de ação, com movimentos sequenciais e tomadas em close com a câmera se aproximando e se distanciando dos atores e dos elementos no cenário.

Cousins (2013, p. 50) destaca que

Os anos de 1913 e 1914 foram cruciais para o cinema, com uma guerra divisória iniciando bem no momento em que a indústria começava a esquentar. Em 1913, a cidade de Nova York contava com 986 casas de cinema; um exuberante diretor chamado Cecil B. DeMille dirigiu o primeiro filme de longa-metragem em Hollywood [...] e os cineastas russos estavam explorando temas mais sombrios. Na verdade, os filmes que eram exportados da Rússia para os Estados Unidos logo antes da guerra, e muitos desde então, tinham seus finais adaptados de maneira positiva para que pudessem agradar o público americano. Temos aqui a primeira sensação, portanto, da potencial pluralidade do cinema mundial. O apetite humano é amplo, e Estados Unidos, Escandinávia, Itália e Rússia estavam começando a agradar a muitas partes diferentes.

Logo, com o advento do cinema as pessoas de diferentes países e culturas puderam conhecer e interagir com outras culturas antes desconhecidas, o que contribuiu para que o cinema ampliasse o entendimento sobre outras civilizações, ao mesmo tempo que enriquecia sua produção cinematográfica a partir dessa interação entre diferentes culturas.

Com o fim da primeira guerra mundial, a indústria norte-americana do cinema se fortalece, e por isso, de 1914 a 1918 passa a exportar para europa e para outras nações as suas produções. Por isso, de acordo com Cousins (2013, p. 59)

A década seguinte viria a testemunhar uma expansão maciça de estilo cinematográfico por todo o mundo. Os públicos afluíam aos cinemas, os astros atraíam uma atenção fanática e todos os aspectos da forma cinematográfica seriam explorados. A década de 1920 seria a mais lucrativa e criativa do cinema.

Com a chegada da Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918), as indústrias de cinema tiveram uma considerável queda, pois a exportação entre nações se reduziu drasticamente. Muitos países da europa que enviavam e consumiam o cinema produzido por outros países, por causa dos bloqueios e das rivalidades econômicas, deixaram de fazer.

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Desta forma, isso fez com que os países investissem muito mais na produção e na distribuição no próprio território nacional, como, por exemplo, os Estados Unidos que cada vez mais usava a sua própria população como consumidores da indústria de entretenimento que se montava em Hollywood. Portanto, o cinema não se limitou somente a um mecanismo de disseminação de artes visuais, mas também se tornou um propagador da cultura e da política das nações (COUSINS, 2013).

Com o tempo, percebe-se que o cinema não se limitava apenas ao ramo do entretenimento, mas também se tratava de uma forma de conhecer e de entrar em contato com culturas, e formas de pensamento inteiramente diferentes das suas. Por isso, percebeu-se que o cinema é capaz de ensinar, de fazer pensar, de transmitir ideologias, valores, culturas, hábitos e costumes, por meio da linguagem cinematográfica, que trabalha de forma estruturada a comunicação e a subjetividade do espectador por meio da imaginação, principalmente em filmes de ficção.

A ficção científica: origem e características

A arte de contar histórias ficcionais e imaginativas é muito antiga e data de épocas remotas da nossa história. Por isso, não temos como saber qual a origem exata para a técnica de contar esse tipo de história. Porque, esse tipo de ficção, provavelmente surgiu a partir de obras, como: Drácula, de Bram Stoker, Frankenstein, de Mary Shelley, e O médico e o

monstro, de Robert Stevenson, Vinte mil léguas submarinas e a Viagem ao centro da terra, de

Júlio Verner, O homem invisível, A guerra dos mundos, A máquina do tempo, de Herbert George Wells.

Dessa forma, são esses escritores do século XIX, que contribuíram para a criação do gênero da ficção científica. Logo, não existe um consenso sobre quem seria o criador da ficção científica, pois foram vários autores que contribuíram para a criação desse gênero literário (PIASSI, 2007)

No Brasil, acredita-se que os autores não tenham, assim, uma produção próxima ao que podemos chamar de ficção científica. No entanto, se considerarmos alguns importantes trabalhos publicados ainda no século XIX, como uma série de obras com a estrutura próxima ao que estava sendo produzido na europa em relação à ficção científica.

Como exemplo desses gêneros no Brasil, podemos citar: a antologia organizada por Roberto de Sousa Causo, Os melhores contos de ficção científica, O imortal, de Machado de Assis, no livro de contos Demônios de Aluízio de Azevedo e O presidente negro, de Monteiro Lobato (MONT’ALVÃO JÚNIOR, 2009).

As obras de ficção científica narram a dissolução de fronteiras entre o que é o humano e o não-humano, factual e ficcional, visível e invisível, ciências humanas e teórico-experimentais, o que confere o caráter múltiplo de suas histórias e seus temas. Mas também essas histórias de ficção científica são influenciadas pelas narrativas das viagens extraordinárias construídas no século XIX, como por exemplo as histórias de Júlio Verne.

Além disso, as histórias de ficção científica carrega a interrogação de caráter filosófico, sobre o que é o humano. Dessa forma, ela se dedica a indagar sobre o lugar do homem no mundo a partir da tríade: subjetividade, desenvolvimento tecnocientífico e futuro – cujas condições foram forjadas em seu nascimento, na modernidade. Logo,

[...] hoje encontremos ficção científica em histórias em quadrinhos, videogames, filmes e RPG, o gênero nasceu como narrativa literária. A ficção científica herdou das narrativas de viagens e das fábulas a tarefa de

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contar histórias sobre seres maravilhosos ou extraordinários, fascinando assim seus leitores. As viagens fantásticas, como As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, descrevem seres maravilhosos e lugares exóticos e longínquos, acendendo a curiosidade sobre o desconhecido, mas mantendo em suspense a real existência dos ambientes descritos. A ficção fantástica – a ficção científica e seus primos mais próximos, a fantasia e o horror – são produtos da Idade Moderna, e, constituíram-se no campo da literatura. Diferente da fábula, a literatura é ficcional, mas se compromete a produzir efeitos de realidade. A literatura fantástica permanece, no entanto, com o mesmo objetivo da fábula: criar seres e mundos desconhecidos, despertando curiosidade e deslumbramento em seus leitores (OLIVEIRA, 2004, p. 1). Com isso, cada vez mais as produções cinematográficas passam a ser influenciadas pelo que há de mais moderno nas ciências. Não só mais pelas produções literárias, mas por todo um conjunto de tecnologias digitais, microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/radiodifusão, optoeletrônica, nanotecnologia, engenharia genética e suas aplicações e a biotecnologia; que passam a ser parte integrante de toda atividade humana caraterizada pela imprevisibilidade e flexibilidade, que são consequências da sociedade contemporânea.

A contribuição do filme de ficção científica para a educação

escolar

A escola contemporânea encontra-se em período de transição em que se precisa transformar a pedagogia tradicional em uma pedagogia midiática para que possa expandir as habilidades e competências, a fim de que possa utilizar as mídias para transformar os estudantes em produtores e participantes culturais em uma sociedade marcada pela convergência das mídias.

Portanto, a cultura da convergência refere-se ao fluxo de conteúdos por meio de múltiplas plataformas de mídia, a cooperação entre múltiplos mercados mediáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação. Portanto, neste contexto, o cinema, a ficção científica propiciam uma experiência de entretenimento associada com a aprendizagem informal, uma vez que a narrativa cinematográfica permite criar novas experiências de aprendizagens por meio da narrativa transmídia (JENKINS, 2009), que é a criação em um universo ficcional que permite uma nova experiência de aprendizagem.

Por isso,

A arte cinematográfica criou uma linguagem que, como toda linguagem, é uma elaboração para se chegar a um conhecimento, um objeto cultural que não pode ser descontextualizado; é através da linguagem que nos integramos à nossa cultura, adquirimos identidade e internalizamos os sistemas de valores que estruturam nossa vida (CIPOLINI E MORAIS, 2009, p. 269). Portanto, a obra cinematográfica não é composta por um saber acabado e descontextualizado. Ela possibilita que cada indivíduo seja capaz de uma interpretação independente, o que permite que cada pessoa produza um conhecimento especifico a partir de sua experiência audiovisual. Por isso que o uso do filme na escola deve ser feito a partir de um planejamento prévio com objetivos de aprendizagens definidos. De forma que o docente possa transformar o filme em uma fonte de cultura e um agente transmissor de conhecimento capaz de potencializar a aprendizagem escolar.

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Piassi (2013) e Piassi Pietrocola (2009) destacam que a maior contribuição do filme de ficção cientifica para a educação escolar não está nem na precisão científica, nem no potencial lúdico que esse tipo de narrativa produz; mas nos mecanismos de produção ficcional que envolvem um modo especial de raciocinar sobre o mundo natural.

Desta forma, esses mecanismos baseia-se em conjecturas que promovem o chamado estranhamento cognitivo capaz de promover nos estudantes a problematização que pode ser o ponto de partida para uma abordagem crítica, não só de conceitos e de leis, mas também de suas implicações e motivações, sejam elas epistemológicas ou socioculturais.

Além disso, a o filme de ficção científica constitui uma modalidade de narrativa transmídia capaz de transmitir conhecimentos em torno de questões que estão presentes na ciência e que envolvem diretamente todo o seu âmbito sociocultural. Portanto, os filmes de ficção cientifica não são apenas um recurso didático; mas são uma ferramenta regida por mecanismos ficcionais capazes de criar novas experiências de aprendizagem no ambiente escolar.

Aumont (2008) e Wilson (2013) destacam a contribuição do cinema para a educação escolar, porque os filmes podem potencializar a aprendizagem e o pensamento por meio das narrativas cinematográficas. Porque, o filme possibilita diferentes experiências de aprendizagens por meio da experiência sensível ou afetiva.

Portanto, um filme pode exercer uma certa capacidade de reflexão crítica, porque contribui para equipar os estudantes com habilidades de raciocínio possibilitando que eles acessem os serviços de alta qualidade das mídias e de outros provedores de informação por meio da experiência sensível.

Segundo Piassi e Pietrocola (2009) cada vez mais tem sido comum a utilização de filmes de ficção científica para introduzir os conhecimentos científicos na sala de aula das escolas. Entretanto, mesmo com tanta utilização, é possível perceber que o uso feito desses filmes ainda ocorre sem planejamento ou sem definição de objetivos de aprendizagem.

Desta forma no ambiente escolar, os filmes de ficção científica podem ser transformados em um recurso didático/pedagógico capaz de criar experiências de aprendizagem que permitem aos estudantes construir/reconstruir o conhecimento cientifico, por meio da produção de sentidos e pela dimensão criativa e sensível provocada pela linguagem cinematográfica.

Além disso, as narrativas produzidas pelos filmes de ficção cientifica possibilitam criar situações problematizadoras que vão permitir que as pessoas utilizem o conhecimento científico adquirido na escola, durante a educação escolar; para desenvolver suas competências sociais, éticas, intelectuais e profissionais, em uma sociedade em que o conhecimento produzido vai ser caracterizado pela imprevisibilidade e flexibilidade.

Portanto, o filme é um recurso didático/pedagógico que possui um potencial educativo que deve ser levado em consideração pelos docentes e demais profissionais da educação; para que desta forma, possa associar as aprendizagens informais proporcionadas nos filmes para potencializar a aprendizagem escolar, a fim de que sejam incorporados a imersão, a paixão, o auto direcionamento no processos de educação escolar.

Considerações finais

Ao se analisar a contribuição do filme de ficção científica para a educação escolar foi possível constatar como o filme pode ser utilizado como um recurso didático com enorme potencial para a divulgação do conhecimento cientifico. Portanto, o filme de ficção científica

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cria um ambiente favorável para novas formas de aprendizagens, a partir de conhecimentos que surgem da narrativa cinematográfica.

Por isso, as relações entre o cinema e o conhecimento não são recentes. Porque, o cinema nasceu de uma necessidade científica de analisar o movimento dos corpos por meio das fotografias que eram passadas uma depois da outra, em sequência. Portanto, o filme de ficção científica não é apenas um instrumento de entretenimento e de diversão, mas é também uma estratégia didática/pedagógica; capaz de possibilitar novas experiências de aprendizagens, que fazem os estudantes participarem ativamente de uma sociedade marcada pela grande presença do conhecimento científico e das tecnologias.

Portanto, os filmes de ficção científica na sociedade contemporânea tem um grande potencial de estimular a aprendizagem na escola; porque deixa de ser uma simples fonte de entretenimento popular, para torna-se um veículo capaz educar e formar na escola. Porque, neste processo educativo ocorre a utilização da narrativa transmídia e da linguagem audiovisual, que proporcionam novas formas de aprendizagem.

Referências

AUMONT, Jacques. Pode o filme ser um ato de teoria? Revista Educação e Realidade, Porto Alegre, n. 33, n.1, p.21 – 34, jan./jun. 2008.

BERNARDET, Jean Claude. O que é cinema. São Paulo: Círculo do Livro, 1993.

CIPOLINI, Arlete; MORAES, Amaury Cesar. Não é fita, é fato: tensões entre instrumento e objeto – um estudo sobre a utilização do cinema na educação. Revista Educação, Santa Maria, v. 34, n. 2, p. 265-278, maio/ago. 2009.

COUSINS, Mark. História do cinema: dos clássicos mudos ao cinema moderno. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

DUARTE, Rosália. Cinema & Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002

MONT’ALVÃO JÚNIOR, Arnaldo Pinheiro. As definições de ficção científica da crítica brasileira contemporânea. Revista de Estudos Linguísticos, São Paulo, v.38, n.3, p.381- 393, set./dez, 2009.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2ª ed. São Paulo: Aleph, 2009.

OLIVEIRA, Fátima Régis A ficção científica e a questão da subjetividade do homem-máquina. Revista Eletrônica de Jornalismo Científico. 2004. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/2004/10/08.shtml>. Acesso em 2 out. 2016. PIASSI, Luís Paolo; PIETROCOLA, Maurício. Ficção científica e ensino de ciências: para além do método de “encontrar erros nos filmes”. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 525-540, set./dez. 2009.

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WILSON, Carolyn. Alfabetização midiática e informacional: currículo para formação de

professores. Brasília: UNESCO, UFTM, 2013.

THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 11. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.

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