• Nenhum resultado encontrado

Documento assinado digitalmente, conforme MP n /2001, Lei n /2006 e Resolução n. 09/2008, do TJPR/OE. Página 1 de 8

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Documento assinado digitalmente, conforme MP n /2001, Lei n /2006 e Resolução n. 09/2008, do TJPR/OE. Página 1 de 8"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1474120-3, DA 3ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA.

APELANTE: Estado do Paraná.

APELADO: Ageneles de Jesus Canalles.

RELATOR: Fabio André Santos Muniz em Substituição ao Desembargador

Rubens Oliveira Fontoura.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. LICENÇA-PRÊMIO NÃO USUFRUÍDA. POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA LICENÇA NÃO GOZADA EM PECÚNIA. TRÊS MESES PARA CADA CINCO

ANOS DE EFETIVO EXERCÍCIO. DIREITO

CONSTITUCIONAL DO SERVIDOR. ART. 37, § 6º, DA CF. NECESSIDADE DE PAGAMENTO SOB

PENA DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PREENCHIMENTO

DOS REQUISITOS. DESNECESSIDADE DE

PRÉVIO PEDIDO ADMINISTRATIVO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO A NEGA PROVIMENTO.

Quando preenchidos todos os requisitos legais, justo é o reconhecimento do direito ao gozo da licença especial. Devido a impossibilidade do Apelado em usufruir a licença especial, já que aposentado, a mesma deve ser convertida em pecúnia, evitando-se assim, o enriquecimento sem causa do Ente

(2)

Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível nº 1474120-3 em que é Apelante Estado do Paraná e Apelado Ageneles de Jesus Canalles.

I- Trata-se de Apelação Cível, interposta pelo Estado

do Paraná contra a sentença (sequência 34.1 – PROJUDI), que nos autos de Ação de Cobrança nº 0001906-07.2014.8.16.0004, julgou procedente o pedido inicial, com fulcro no art. 269, I, do CPC, para condenar o réu ao pagamento de indenização referente à licença especial não gozada do período aquisitivo de 13/08/2000 a 12/08/2005, no valor de três meses de salário do autor vigente à época da aposentadoria, acrescidos de juros de mora e de correção monetária, na forma estabelecida no art. 1º-F da Lei 9.494/97.

Condenou o réu, ainda, ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios, esses fixados em R$ 500,00 (quinhentos reais), com fundamento no art. 20, §§ 3º e 4º, do CPC.

Em suas razões de apelação (sequência 40.1 – PROJUDI) o recorrente alegou que o regime jurídico ao qual o recorrido se submeteu foi o da Lei Estadual 6.174/70, que estabeleceu os direitos funcionais das licenças especiais, não prevendo nenhuma compensação financeira caso não gozadas.

Afirmou que a licença especial é um prêmio de assiduidade que deve ser usufruído enquanto o servidor está na atividade. É de notório conhecimento que referida licença é direito do servidor, mas ela deve ser usufruída durante o exercício funcional. Portanto, a licença não gozada não poderá ser convertida em valor, pois não há autorização legal que autorize esse procedimento.

(3)

Consignou que a conversão em pecúnia de licenças especiais não usufruídas foi considerada inconstitucional pelo STF, tendo o STJ e o TJPR se manifestado a respeito.

As contrarrazões foram apresentadas por Ageneles de Jesus Canalles (sequência 48.1 – PROJUDI).

É o relatório.

II. Cinge-se a controvérsia recursal à verificação da

possibilidade de conversão de licença-prêmio não gozada em indenização pecuniária. Da atenta análise dos autos, denota-se que não assiste razão ao Apelante.

Consigna-se que a matéria posta em desate é regida pelo artigo 247, parágrafo único, da Lei nº 6.174/70, que dispõe sobre o Estatuto do Servidor – Funcionários Civis do Paraná:

Art. 247 - Ao funcionário estável que, durante o período de dez anos consecutivos, não se afastar do exercício de suas funções, é assegurado o direito à licença especial de seis meses, por decênio, com vencimento ou remuneração e demais vantagens.

Parágrafo único - Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, ao funcionário que a requerer, conceder-se-á licença especial de três meses, com todos os direitos e vantagens inerentes ao seu cargo efetivo.

Não passa despercebido que, na época da aposentadoria, a remuneração integral do apelado era de R$ 9.180,42 (nove mil, cento e oitenta reais e quarenta e dois centavos), conforme folha de pagamento constante na seq. 01.5, sendo que este valor que deve ser utilizado para conversão, conforme determina a lei supra e a decisão do Juiz de Primeiro Grau.

(4)

objetiva do Estado, prevista no art. 37, § 6°, da Constituição Federal, sob pena de enriquecimento sem causa da Administração Pública.

Neste sentido, é a jurisprudência:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INTERPRETAÇÃO DE DIREITO LOCAL. SÚMULA 280/STF. LICENÇA-PRÊMIO NÃO GOZADA. CONVERSÃO EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE. SÚMULA 83/STJ. 1. Segundo se observa dos fundamentos que serviram para a Corte de origem apreciar a controvérsia acerca da concessão da licença-prêmio, o tema foi dirimido no âmbito local (Leis Estaduais n. 6.672/74 e 9.075/90 e Lei Complementar Estadual n. 10.098/94), de modo a afastar a competência desta Corte Superior de Justiça para o deslinde do desiderato contido no recurso especial. Incidência da Súmula 280 do STF. 2. Ademais, a jurisprudência desta Corte já está firmada no sentido de que é devida a conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada, e não contada em dobro, na ocasião da aposentadoria do servidor, sob pena de indevido locupletamento por parte da Administração Pública. Precedentes. Agravo regimental improvido. (STJ, AgRg no AREsp 120.294/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/05/2012, DJe 11/05/2012).

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA. LICENÇA-PRÊMIO NÃO GOZADA. CONVERSÃO EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de ser devida a conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada e não contada em dobro, por ocasião da aposentadoria do servidor, sob pena de indevido locupletamento por parte da Administração Pública. 2. Os valores recebidos a título de licença-prêmio não gozada são de caráter indenizatório, não constituindo acréscimo patrimonial a ensejar a incidência do Imposto de Renda. 3. Agravo Regimental não provido.” (STJ,AgRg no REsp 1246019/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/03/2012, DJe 13/04/2012).

(5)

Assim, no presente caso, o servidor está impossibilitado de gozar a licença prêmio a qual tinha direito em razão de sua aposentadoria, razão pela qual é plenamente possível a conversão em pecúnia do benefício.

Salienta-se, ainda, que, embora exista a previsão legal no sentido de que o pedido de concessão de licença especial deve ser requerido administrativamente, o fato do autor/apelado não ter assim procedido não o impede de postular em Juízo a respectiva conversão em pecúnia.

Nesse sentido:

Apelação cível. Reclamatória trabalhista. Licença especial não usufruída. Conversão em pecúnia. Possibilidade. Vedação do enriquecimento indevido do Município. Requerimento administrativo. Desnecessidade. Base de cálculo. Remuneração de caráter permanente, sem a função gratificada. Inovação recursal. Não conhecimento. Juros de mora e correção monetária. Período de graça constitucional. Súmula Vinculante nº 17. Sucumbência recíproca. Configurada. Honorários advocatícios. Recurso parcialmente conhecido e, na parte conhecida, parcialmente provido. 1. Muito embora haja previsão no sentido de que as licenças devem ser requeridas formalmente, via ofício, o não cumprimento de tal determinação não pode acarretar o indeferimento do pedido de conversão das licenças não usufruídas em pecúnia, sob pena de enriquecimento indevido do município. 2. "Conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça, é possível a conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada e não contada em dobro, quando da aposentadoria do servidor, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração". (STJ -1ª T. - AgRg no AREsp 396977/RS - DJ 24/03/14) 3. Não havendo abordagem específica anterior, o pedido de que a conversão da licença especial em pecúnia seja realizado com base na remuneração permanente do servidor, sem incluir a função gratificada por ele percebida, não poderá ser conhecido. 4. Diante do

(6)

realizado (data da aposentadoria), até a entrada em vigor da Lei nº 11.960/2009, quando então a correção deverá ser calculada pelos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, estes incidentes a partir da citação. 5. Não deve incidir juros de mora contra a Fazenda Pública no período entre a homologação dos valores devidos e a expedição do precatório ou requisição de pequeno valor, nos termos da Súmula Vinculante nº 17. 6. Sendo cada litigante em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as custas processuais. 7. Os honorários advocatícios devem ser fixados nos termos do artigo 20, §§ 3º e 4º, do CPC, admitindo-se a compensação, conforme Súmula 306, do STJ.” (TJPR - 3ª C.Cível - AC - 1150359-6 - Telêmaco Borba - Rel.: Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima - Unânime - - J. 02.06.2015)

Denota-se, portanto, que é perfeitamente possível a conversão em pecúnia da licença-prêmio não usufruída, não se vislumbrando, com tal posicionamento, a violação aos princípios constitucionais da legalidade, moralidade e eficiência.

Em situações semelhantes pronunciou-se este Tribunal de Justiça:

Administrativo. Ação de cobrança. Servidor público estadual. Licença prêmio não usufruída. Recurso do autor. Paranaprevidência. Ilegitimidade Passiva. Discussão sobre verba que não possui natureza previdenciária. Manutenção no polo passivo. Desnecessidade. Recurso do Estado. Prescrição. Prazo prescricional que tem início com a aposentadoria. Mérito. Conversão em pecúnia após aposentadoria. Possibilidade. Vedação ao enriquecimento sem causa do Estado do Paraná à custa do direito do servidor. Juros de mora. Súmula Vinculante nº 17, STF. Observância. Correção monetária. Matéria de ordem pública. Adequação do índice a ser aplicado de ofício. Apelação cível (1) não provida. Apelação cível (2) parcialmente provida. Sentença alterada, de ofício, quanto à correção monetária, e mantida, no mais, em reexame necessário. (TJPR - 1ª C.Cível - ACR - 1344149-7 - Curitiba - Rel.: Salvatore Antonio Astuti - Unânime - - J. 21.07.2015)

(7)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDORA PÚBLICA APOSENTADA QUE NÃO USUFRUIU LICENÇA-PRÊMIO. SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL CONDENANDO A REQUERIDA AO PAGAMENTO DE REMUNERAÇÕES REFERENTE AO PERÍODO DE LICENÇA NÃO GOZADO. CONVERSÃO EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE. ALTERAÇÃO DE OFÍCIO. CORREÇÃO MONETÁRIA PELO ÍNDICE IPCA-E. JUROS DE MORA CORRETAMENTE ESTIPULADO. RECURSO NÃO PROVIDO, COM ALTERAÇÃO, DE OFÍCIO, DO ÍNDICE DA CORREÇÃO MONETÁRIA. (TJPR - 1ª C. Cível - AC - 1320737-5 - Andirá - Rel.: Jorge de Oliveira Vargas - Unânime - - J. 07.07.2015)).

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL INATIVO. ESCRIVÃ DE POLÍCIA.PRETENDIDA CONVERSÃO DE LICENÇA PRÊMIO EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE.ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA SEGUNDO O ARTIGO 1º-F DA LEI 9494/1997 E O ENTENDIMENTO FIRMADO NA ADIN 4357/DF.Recurso não provido; sentença parcialmente alterada em sede de reexame necessário. (TJPR - 1ª C.Cível - ACR - 1362731-3 - Curitiba - Rel.: Ruy Cunha Sobrinho - Unânime - - J. 23.06.2015).

Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de apelação, uma vez que a sentença se encontra em consonância com a jurisprudência predominante nesta Corte e no Superior Tribunal de Justiça.

(8)

III. Pelo exposto, acordam os Magistrados

integrantes da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso e modificar parcialmente a sentença em reexame necessário, nos termos do voto do relator.

O julgamento foi presidido pelo Desembargador Guilherme Luiz Gomes, sem voto, e dele participou o Desembargador Salvatore Antonio Astuti e o Desembargador Jorge de Oliveira Vargas.

Curitiba, 23 de fevereiro de 2016.

Fábio André Santos Muniz, Relator

Referências

Documentos relacionados

Tapenade de azeitona, alface, cebola roxa, cenoura, tomate, molho pesto e rúcula. Olives tapenade, lettuce, red onion, carrot, tomato, pesto sauce

adstringência ou aspereza de paladar. PARÁGRAFO 1 - Serão eliminadas do Concurso as amostras que não se enquadrarem nos grupos acima descritos.. PARÁGRAFO 1 - A

d) Resumo Expandido/APRESENTAÇÃO ORAL: deve conter de 3 a 10 laudas tendo sua formatação justificada, espaçamento simples entre linhas, não devendo ultrapassar

A presença pneumopatia intersticial associada a DM torna o quadro mais grave e letal, porém quanto mais assertivo e precoce for o diagnóstico e implementação do

E isso ocorre por um motivo muito simples: Goodman trabalha com a idéia de que todos os signos (ele diz “símbolos”, claro) são convencionais, não havendo;

“No caso de fundos de investimento, os documentos listados no subitem 14.2.1 deverão ser acompanhados do ato constitutivo com a última alteração arquivada perante o órgão

c) Documentação de regularidade fiscal e trabalhista (CND´s Federal, Estadual e Municipal, CADIN, CAFIP, FGTS e CNDT);.. Raja Gabaglia, nº. 4943, Cidade Jardim, CEP: 30630-663,

Produtividade (Mg ha -1 ) e desvios da produtividade de tubérculos de batata (Mg ha -1 ) em relação ao cenário climático atual (cenário 1 da Tabela 1) nas datas de emergência para os