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Exmos. Srs. Desembargadores da Egrégia Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região

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Academic year: 2021

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Processo: 0802219-49.2013.4.05.8300 (AC – Pje) Apelante: WALDIR GOMES DOS SANTOS

Apelado: CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 12.ª REGIÃO PERNAMBUCO/ALAGOAS – CREF12/PE-AL

Apelado: CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Relator: Des. Fed. ROGERIO DE MENESES FIALHO MOREIRA – Quarta Turma PARECER N.º 10706/2015

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. FORMAÇÃO

EM LICENCIATURA. IMPOSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO PLENA NA ÁREA DESTINADA AOS PROFISSIONAIS QUE CURSARAM BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA. DIFERENÇAS E RESTRIÇÕES ENTRE AS MODALIDADES DE GRADUAÇÃO. LEGALIDADE DA RESOLUÇÃO CONFEF Nº 182/2009. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO ADOTADO NO RESP. 1.361.900/SP, JULGADO SOB A SISTEMÁTICA DOS RECURSOS REPETITIVOS. NÃO PROVIMENTO DO RECURSO.

1 – A Constituição Federal, em seu art. 5º, XIII, estabelece o livre exercício de qualquer trabalho ou profissão, uma vez “atendidas as qualificações que a lei estabelecer”, o que significa a liberdade profissional não é irrestrita, devendo observar as limitações legais, a exemplo da restrição contida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), a qual estabelece, em seu art. 62, como requisito para a atuação do profissional na educação básica, a sua formação em curso superior na modalidade de licenciatura.

2 – Foi justamente em observância a tal restrição contida na Lei nº 9.394/96 que o Conselho Nacional de Educação (CNE/CP) elaborou a Resolução nº 01/2002, posteriormente alterada pela Resolução nº 02/2002, as quais estabeleceram que os cursos para formação de professores de qualquer área profissional, e aí se inclui o caso dos educadores físicos, deveriam seguir as determinações curriculares para a formação em curso na modalidade de licenciatura, tendo o mesmo órgão, posteriormente, editado a Resolução nº 07/2004, estabelecendo as diretrizes para a graduação em educação física com atuação voltada para as demais áreas de atuação que não a educação básica, através de curso na modalidade bacharelado, bem como as distinções entre os cursos de licenciatura e graduação.

3 – Desta feita, muito longe de configurar uma extrapolação do poder regulamentar, como sustenta o apelante, a Resolução nº 182/2009 do CONFEF, ao estabelecer que a inscrição do profissional de educação física deverá conter o âmbito de atuação compatível com sua formação, nada mais fez do que adaptar o ato de inscrição no conselho profissional dos educadores físicos às disposições contidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na Lei nº 9.696/98 e nas resoluções do Conselho Nacional de Educação, tudo isso com o claro objetivo de guardar observâncias às limitações ao exercício da profissão de educação física que foram impostas por tais diplomas.

4 – Por oportuno, é o caso de salientar que o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento sobre a questão, ao julgar o REsp 1361900, sob a sistemática dos recursos repetitivos, prevista no art. 543-C, do CPC, prevalecendo o posicionamento segundo o qual não é possível a plena atuação profissional dos portadores de diploma em curso de Licenciatura em Educação Física, em face da existência de duas modalidades distintas de cursos, quais sejam, graduação/bacharelado e licenciatura, com qualificações específicas.

5 – Conclusão: parecer pelo improvimento do apelo, com a manutenção da sentença de primeiro grau em todos os seus termos.

P R O C U R A D O R I A R E G I O N A L D A R E P Ú B L I C A – 5 ª R E G I Ã O

Rua Frei Matias Téves, 65 - Paissandu, Recif e-PE, CEP 50.070- 450 PABX: 0**(81) 2121-9800 - Fax: 0**(81) 3081-9919

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Ilustre Relator,

Trata-se de Apelação Cível interposta por WALDIR GOMES DOS SANTOS em face de sentença proferida pelo MM. Juiz Federal da 1ª Vara da Seção Judiciária de Pernambuco, que, em ação ordinária ajuizada pelo ora recorrente contra o CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA e o CONSELHO REGIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA DA 12ª REGIÃO (CREF/PE-AL), entendeu ser o caso de julgar improcedente o pedido inicial com o qual pre-tendia a declaração da inconstitucionalidade do art. 3º da Resolução CONFEF nº 182/2009 e a condenação dos demandados na obrigação de substituir a anota-ção na carteira profissional do autor de “atuaanota-ção em educaanota-ção básica” para “atu-ação plena”, o que o habilitaria para exercer livremente sua profissão de educa-dor físico tanto em escolas como em academias, clubes ou qualquer ambiente não escolar.

Em suas razões recursais, alega o apelante, em sín-tese, que as Resoluções nº 01/2002 e 07/2004, ambas do Conselho Nacional de Educação, e a Lei nº 9.696/98, que regulamenta a profissão do educador físico, em nenhum momento fazem distinção entre os profissionais que cursaram o ensi-no superior na modalidade de licenciatura ou bacharelado, até mesmo porque as atividades que envolvem a atuação do licenciado e do bacharel em educação físi-ca são essencialmente as mesmas, não havendo diferença entre as atividades desenvolvidas na educação básica e em academias, clubes condomínios, par-ques ou outro ambiente não escolar, daí por que não poderia a Resolução CON-FEF nº 182/2009 estabelecer limites no exercício da profissão de acordo com tais modalidades de formação, sob pena de extrapolar seu poder regulamentar e ofender a garantia constitucional de liberdade profissional, frisando-se que a cria-ção de medidas que restringem as atividades profissionais apenas poderiam ocorrer através de lei federal, jamais por resoluções administrativas, cabendo aos conselhos profissionais, através de tais atos normativos, apenas aplicar a legisla-ção vigente, fiscalizando e regulamentando as atividades da categoria profissio-nal, sem inovar no ordenamento jurídico.

O CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA e o CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 12ª REGIÃO – CREF/PE-AL, ora apelados, ofereceram contrarrazões ao recurso do particular (id. nº. 4058300.748363 e nº. 4058300.753968, respectivamente), rechaçando à inteire-za os argumentos do apelante.

Sendo esse o cenário, passo a OPINAR. Razão não assiste ao apelante.

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O cerne da questão diz respeito à possibilidade ou não de profissionais com formação em Educação Física na modalidade Licenciatura, devidamente registrados no conselho da classe, poderem exercer a profissão não apenas em estabelecimentos de educação básica, mas também em ambientes não escolares, como academias, clubes, parques e condomínios, sabendo-se que essa última área de atuação seria destinada aos educadores físicos que con-cluíram o curso de bacharelado.

Pois bem, é de todos sabido que a Constituição Fede-ral, em seu art. 5º, XIII, estabelece o livre exercício de qualquer trabalho ou pro-fissão, uma vez “atendidas as qualificações que a lei estabelecer”, o que significa dizer que a liberdade profissional não é irrestrita, devendo observar as limitações legais.

Nesse contexto, é o caso de salientar que a Lei de Di-retrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96) estabelece como requisi-to para a atuação do profissional na educação básica a sua formação em curso superior na modalidade de licenciatura, conforme se extrai da leitura do art. 62 do referido diploma normativo, in verbis:

“Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação

básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de

educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)” (grifamos)

Como se observa, os cursos de licenciatura, e aí se in-clui também a categoria dos profissionais de educação física, são voltados para o exercício da profissão especificamente no âmbito da educação básica, sendo tal limitação imposta por lei federal (LDB). Aliás, foi justamente em observância a tal restrição contida na Lei nº 9.394/96 que o Conselho Nacional de Educação (CNE/CP) elaborou a Resolução nº 01/2002, posteriormente alterada pela Reso-lução nº 02/2002, as quais estabeleceram que os cursos para formação de pro-fessores de qualquer área profissional, e aí se inclui o caso dos educadores físi-cos, deveriam seguir as determinações curriculares para a formação em curso na modalidade de licenciatura, tendo o mesmo órgão, posteriormente, editado a Re-solução nº 07/2004, estabelecendo as diretrizes para a graduação em educação física com atuação voltada para as demais áreas de atuação que não a educação básica, através de curso na modalidade bacharelado, bem como as distinções entre os cursos de licenciatura e graduação.

Por sua vez, a Lei nº 9.696/98, que regulamenta a pro-fissão dos educadores físicos e cria os conselhos profissionais da classe, deter-mina, em seu art. 2º, que:

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“Art. 2º Apenas serão inscritos nos quadros dos Conselhos Regionais de Educação Física os seguintes profissionais:

I - os possuidores de diploma obtido em curso de Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido;

(...)”

Ora, diante da distinção, feita por lei federal, entre os cursos de licenciatura e bacharelado, com especificação de áreas restritas de atuação, as quais não se confundem entre si, bem como da necessidade de o profissional de educação física registrar-se perante o conselho profissional da classe, é que o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) editou a Reso-lução nº 182/2009, a qual prevê, em seu art. 3º, que: “Após deferido o requeri-mento de inscrição, o CREF expedirá Cédula de Identidade Profissional, onde constará o campo de atuação do Profissional compatível com a documentação de formação apresentada”. Dito por outras palavras, o referido dispositivo passou a prever que as carteiras profissionais dos educadores físicos passariam a conter a especificação da área de atuação na qual o profissional estaria habilitado a trabalhar, ou seja, na área de educação básica, no caso dos que possuem forma-ção em licenciatura, ou na área não formal, no caso dos que optaram por cursar o bacharelado em educação física.

Desta feita, muito longe de configurar uma extrapola-ção do poder regulamentar, como sustenta o apelante, tal ato normativo (Resolu-ção nº 182/2009 do CONFEF) nada mais fez do que adaptar o ato de inscri(Resolu-ção no conselho profissional dos educadores físicos às disposições contidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na Lei nº 9.696/98 e nas resoluções do Conselho Nacional de Educação, tudo isso com o claro objetivo de guardar ob-servâncias às limitações ao exercício da profissão de educação física que foram impostas por tais diplomas. Com isso quero significar que as limitações ao exercí-cio da profissão ora em debate não foram estabelecidas pela Resolução nº 182/2009, tida como inconstitucional pelo ora apelante, mas sim pela própria le-gislação geral acerca da educação nacional e pela lei que regulamenta o exercí-cio da profissão do recorrente, não havendo nenhuma irregularidade, portanto, na inscrição do profissional com delimitação da área de atuação para a qual está ha-bilitado a laborar.

É de se dizer isso porquanto, muito embora seja incon-testável a proximidade e semelhança entre a carreira dos educadores físicos que atuem na educação básica e daqueles que exercem a profissão em ambientes não escolares, como academias, parques, condomínios, clubes etc., o certo é que não existe uma identidade total de atuação entre ambas, uma vez que a for-mação em licenciatura em educação física abrange qualificações especificamen-te voltadas para a atividade de magistério, enquanto o curso de bacharelado abrange qualificações mais abrangentes, direcionadas para instruir a sociedade acerca de um estilo de vida ativo e saudável, conforme se infere da leitura do art. 4º da Resolução CNE/CES nº 07/2004.

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Ademais, as já mencionadas resoluções do CNE esta-beleceram jornadas temporais distintas de formação para cada modalidade de curso na área de educação física, determinando, para o caso de licenciatura, uma duração mínima de três anos e carga horária de 2800 horas, sendo 400 ho-ras para estágio, ao passo que no bacharelado há previsão de, no mínimo, quatro anos e 3200 horas para a conclusão do curso, sendo que o estágio e atividades complementares não poderão exceder 20% da carga horária total.

Assim, não há como acolher a pretensão do apelante, formado em educação física na modalidade Licenciatura, de que não haja delimi-tação de área de atuação em sua carteira profissional, pois tal restrição ocorreu em conformidade com a legislação regente da matéria, nos termos do art. 5º, XIII da Constituição, não havendo que se falar em mácula à garantia do livre exercí-cio profissional.

A jurisprudência dos tribunais pátrios, inclusive dessa eg. Corte Regional, já vinha se posicionando no mesmo sentido, conforme se ob-serva dos seguintes precedentes:

“PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO - PEDIDO DE AN-TECIPAÇÃO DE TUTELA NEGADO - CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - LICENCIATURA PLENA - ÁREA DE ATUA-ÇÃO - RESTRIATUA-ÇÃO - AGRAVO REGIMENTAL - DECISÃO MANTI-DA. 1. A questão posta Neste incidente diz respeito à (i)legalidade do ato oriundo do Conselho Federal de Educação Física que restringiu a atuação dos graduados em cursos de licenciatura, apenas na área de educação básica (escolar). 2. Segundo o entendimento dos Tribu-nais RegioTribu-nais Federais, não há direito do graduado em curso de licenciatura para a educação básica em obter o registro perante o Conselho Profissional com a categoria de bacharel para a área não escolar ( como academias, clubes, etc), tendo em vista as diferenças substanciais relativamente à duração e à carga horá-ria mínima exigidas, bem como ao conteúdo curricular especifi-camente direcionado aos cursos de bacharelado e de licencia-tura, na área de Educação Física (AG 0025516-03.2013.4.01.0000 / DF, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL LUCI-ANO TOLENTINO AMARAL, SÉTIMA TURMA, e-DJF1 p.698 de 23/08/2013). 3. "De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacio-nais para os cursos de Educação Física, de 18/02/2004, o curso de Licenciatura em Educação Física passou a formar profissio-nais exclusivamente para a Educação Básica, ou seja, para atuar nas escolas de Educação Infantil e do Ensino Fundamental e Médio, bem como para desempenhar atividades de planejamento, coorde-nação e supervisão de atividades pedagógicas do sistema formal de ensino. O licenciado poderá também atuar em pesquisas relaciona-das ao ensino e suas interfaces com outras áreas de estudo. Entre-tanto, os novos licenciados não podem atuar em academias, clubes e outros espaços não-escolares". (TRF2ª Região, AC 200851010083350, Desembargador Federal FREDERICO GUEI-ROS, - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, 18/03/2011). 4. "A Reso-lução CNE/CP nº 1/2002, instituiu as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da Educação Básica em nível

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supe-rior, curso de Licenciatura, de Graduação plena, em consonância com o art. 62, da Lei nº 9.394/1996, diferindo da disciplina anterior-mente disposta na Resolução CFE nº 3/1987, na medida em que a Licenciatura plena permitia o exercício dos profissionais formados em Educação Física nas áreas formal e não formal, ao passo que a Licenciatura de Graduação plena, regulamentada posteriormente na Resolução CNE/CP nº 1/2002 permite ao profissional atuar tão-somente no ensino básico, qual seja, na área formal". (AMS 200861000159074, JUIZ MAIRAN MAIA, TRF3 - SEXTA TURMA, 13/04/2011). 5. Decisão mantida. Requisitos da tutela antecipada au-sentes. 6. Agravo Regimental não provido.” (AGA 00091816920144010000, DESEMBARGADOR FEDERAL REYNAL-DO FONSECA, TRF1 - SÉTIMA TURMA, e-DJF1 DATA:04/07/2014 PAGINA:311 - grifei.)

“ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE EDUCA-ÇÃO FÍSICA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO COM INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE ENSINO. INCOMPETÊNCIA AB-SOLUTA DA JUSTIÇA FEDERAL QUANTO À UNIVERSIDADE PRI-VADA. LEI Nº 9.696/98. RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIO-NAL DE EDUCAÇÃO. ÁREA DE ATUAÇÃO. RESTRIÇÃO. EDUCA-ÇÃO BÁSICA. LICENCIATURA. DANOS MORAIS NÃO CONFIGU-RADOS. 1. Lide em que se discute a possibilidade de o autor inscre-ver-se no Conselho Regional de Educação Física na modalidade de Graduação Plena, e não apenas como Licenciado, o que lhe possibi-litaria atuar não somente na Educação Básica, mas também em ou-tros setores da sua especialidade profissional (academias, clubes, etc.). 2. A hipótese não configura litisconsórcio passivo necessário, que, em razão da presença de autarquia federal (art. 109, I, da CRFB/88) no polo passivo, permitiria o deslocamento da competên-cia para a Justiça Federal para processar e julgar ação proposta também em face de pessoa jurídica de direito privado. Assim, sendo a hipótese de litisconsórcio facultativo, não é possível a apreciação da ação em face da instituição de ensino superior privada, ante a in-competência absoluta desta Justiça Especializada. 3. Excetuados os casos daqueles profissionais graduados sob a égide da Resolução CFE nº 03/1987 (duração mínima do curso de 4 anos), que podem trabalhar nas áreas formal e não formal, para que um diplomado em Educação Física possa ter atuação profissional irrestrita deverá ter cursado duas graduações (Licenciatura e Bacharelado), comprova-das pela expedição de dois diplomas. Com a edição comprova-das Resoluções CNE/CP nos 01 e 02, do Conselho Nacional de Educação, ambas de 2002, o curso de Graduação em Educação Física passou a ser ofe-recido nas modalidades Licenciatura (área formal - Educação Básica - duração mínima 3 anos) e Bacharelado (área não formal - acade-mias, clubes, etc. - duração mínima 4 anos). 4. A obtenção de regis-tro profissional que habilite a atuação de forma plena, como Licen-ciado/Bacharelado, é incompatível com a formação acadêmica do recorrente, que é de Licenciatura Plena em Educação Básica, con-cluída em 3 anos. 5. A restrição de atuação profissional pelo Conse-lho-réu não tem o condão de, por si só, ensejar danos à dignidade do recorrente, porque, em princípio, houve atuação da Admi nistra-ção Pública baseada em diversos atos normativos dotados de

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presunção de legalidade. A atuação do Conselho, nesse particu-lar, está inserida nas suas atribuições fiscalizatórias, não ocorren-do ilegalidade, a ensejar reparação por danos morais. 6. O pró-prio autor em seu apelo reconhece ser eminentemente preventivo o papel fiscalizatório da União no que concerne ao credenciamen-to das instituições de ensino privadas, assim como em relação ao reconhecimento e renovação dos cursos por elas ofertados. Nes-sa linha de entendimento, o fato de a instituição de ensino em tela ter obtido o devido reconhecimento do curso de Licenciatura em Educação Física pelo MEC não demonstra ter havido falha na fis-calização por parte da Administração Pública, mas sim que houve a prévia realização do necessário procedimento de análise de seu enquadramento nas normas de regência da matéria, descabendo, assim, falar em pagamento de indenização por dano moral em decorrência da responsabilidade civil do ente federado, eis que inexistente no caso em apreço. 7. Apelo conhecido e desprovido.”

(AC 201151040029630, Desembargador Federal JOSE ANTONIO LISBOA NEIVA, TRF2 - SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data::21/10/2014.)

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO INOMINADO. ARTIGO 557, CPC. CONSELHO REGI-ONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. EXPEDIÇÃO DE CARTEIRA PROFISSIONAL COM A RUBRICA "ATUAÇÃO PLENA". JURIS-PRUDÊNCIA CONSOLIDADA. DESPROVIMENTO DO RECUR-SO. 1. Destaca-se que o artigo 557 do Código de Processo Civil é aplicável quando existente jurisprudência dominante acerca da matéria discutida e, assim igualmente, quando se revele manifes-tamente procedente ou improcedente, prejudicado ou inadmissí-vel o recurso, tendo havido, na espécie, o específico enquadra-mento do caso no permissivo legal, conforme expressamente constou da respectiva fundamentação. 2. A liberdade de profis-são é consagrada pela Constituição Federal, atendidas as qualifi-cações profissionais estabelecidas em lei (artigo 5º, XIII). Nesse âmbito, foi editada a Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) diferenciando os cursos de bacharelado/graduação (artigos 43, II e 44, II) e licenciatura (artigo 62), e, ainda, a Lei 9.696/98 regulamentando o exercício do profissional de educação física. 3. Com advento das Resoluções do Conselho Nacional de Educação questionadas (01/2002, 02/2002 e 07/2004) instituiu-se diretrizes curriculares nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, cuja formação possibilita a atuação em educação básica; além do curso de bacharelado em Educação Física, com carga horária e conteúdo curricular diferenciado. 4. Encontra-se consolidada a

jurisprudência, inclusive da Terceira Turma desta Corte, no sentido de que o curso de licenciatura apenas habilita o gra-duado à atuação na Educação Básica, afastando-se o direito de obter o registro perante o Conselho Profissional na cate-goria de bacharel, tendo em vista a distinção da grade curri-cular, além da duração do curso. 5. Todos os pontos discutidos

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pela agravante foram superados na decisão terminativa que com base na legislação e na jurisprudência, concluiu pelo acerto da decisão, estando, pois, o agravo inominado a discutir matéria que, no contexto em que decidida, não é passível de encontrar solução distinta no âmbito deste colegiado, àluz de toda a funda-mentação deduzida. 6. A hipótese é, pois, inequivocamente, de negativa de seguimento à apelação, como constou da decisão agravada, sendo certo que os argumentos expostos no agravo inominado não trouxeram elementos de convicção a direcionar a solução do caso em sentido contrário. 7. Agravo inominado des-provido.” (AC 00050555720114036100, JUIZ CONVOCADO

RO-BERTO JEUKEN, TRF3 - TERCEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:10/01/2014 ..FONTE_REPUBLICACAO: - negritei.)

“ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. LICENCIATURA BÁSICA. INSCRIÇÃO COM ATUAÇÃO PLENA. IMPOSSIBILIDADE. RESTRIÇÃO. EDUCAÇÃO BÁSICA. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (LEI Nº 9.394/96). RESOLUÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO Nº 1/2002. PRECEDENTES DESTA CORTE. 1. Apelação interposta pela parte autora, em face da sentença que indeferiu o pleito autoral, extinguindo o processo com resolução de mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC. Buscou-se provimento judicial, objetivando que o Conselho Regional de Educação Física da 5ª Região inserisse a anotação "atuação plena" na carteira profissional do Apelante. 2. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.304/96) distinguiu os cursos de Educação Física com formação superior em duas áreas, a graduação, denominada bacharelado, disposta no art. 44, II e a licenciatura, prevista no art. 62 da Lei nº 9.394/1996, esta que permite ao profissional tão somente atuar na área de educação básica. 3. Não se trata aqui de restrição ao livre

exercício profissional por meio de atos normativos, com ofensa ao princípio da reserva legal. As Resoluções do Conselho Nacional de Educação - CNE e do Ministério da Educação - MEC, estão coadunadas com a legislação de regência, qual seja, as Leis nº 4.024/1961, nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e nº 9.696/1998. 4. Os Apelantes, por não serem portadores do Curso de Bacharelado em Educação Física, não poderão exigir do Conselho profissional a inserção na sua carteira profissional da "atuação plena". 5. Apelação improvida.” (AC 08013881920134058100, Desembargador Federal Cesar Carvalho, TRF5 - Segunda Turma – grifos acrescidos.)

“ADMINISTRATIVO. CONSELHO FEDERAL E REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. LICENCIATURA BÁSICA. INSCRIÇÃO COM ATUAÇÃO PLENA. IMPOSSIBILIDADE. RESTRIÇÃO. EDUCAÇÃO BÁSICA. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (LEI 9.9394/96). RESOLUÇÃO DO CONSELHO

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NACIONAL DE EDUCAÇÃO nº 1/2002. PRECEDENDES DESTA CORTE. 1. Remessa oficial e recurso de apelação interposto pelo CONSELHO FEDERAL DE EDUCACAO FISICA em face de sentença responsável por julgar procedente o pleito autoral, determinando aos demandados a suprimirem a referência "atuação em educação básica" constante da carteira profissional da autora, inserindo, em substituição, a anotação "atuação plena", permitindo-lhe o livre exercício de sua profissão de Educador Físico tanto em escolas (Educação Básica), sem as restrições impostas pela Resolução nº 182/2009 do CONFEF. 2. A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação - passou a diferenciar os cursos destinados à formação superior em duas áreas: a graduação, também denominada bacharelado, disposta no art. 44, II e a licenciatura, prevista no art. 62 da Lei nº 9.394/1996. 3. A Licenciatura de Graduação Plena foi regulamentada na Resolução CNE/CP nº 01/2002, permitindo ao profissional atuar tão somente no ensino básico, qual seja, na área formal. Por conta disso, o conteúdo curricular de Licenciatura Plena é especialmente voltado à formação destes profissionais, repita-se, que atuam somente no ensino básico, subsistindo, por outro lado, os cursos de Bacharelado em Educação Física, com carga horária e conteúdo curricular diferenciado (Resolução CNE/CES nº 7, de 31.03.04, art. 4º, parágrafo 1º). 4. Tendo em vista as diferenças substanciais quanto ao conteúdo curricular especialmente direcionado a diversas áreas de atuação profissional, não há direito do graduado em um curso de licenciatura para a educação básica em obter o registro perante o Conselho Profissional com a categoria de bacharel para a área não formal, razão pela qual age de maneira correta o Conselho Regional de Educação Física ao emitir carteira profissional constando a habilitação em Educação Básica, nos casos em que a formação do Educador Físico se der em Licenciatura Plena e não em Bacharelado. 5. Precedentes desta corte: PROCESSO: 00061402020134050000, AG132704/CE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 29/08/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 05/09/2013 - Página 102; PROCESSO: 00039185420124058200, AC561544/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO NAVARRO, Terceira Turma, JULGAMENTO: 14/11/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 21/11/2013 - Página 194). 6. Remessa Oficial e Apelação providas.” (APELREEX 08012388320144058300, Desembargador Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, TRF5 - Terceira Turma.)

Para afastar qualquer sombra de dúvida acerca da ma-téria ora em análise, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento so-bre a questão, ao julgar o REsp 1361900, sob a sistemática dos recursos repeti-tivos, prevista no art. 543-C, do CPC, prevalecendo o posicionamento segundo o qual não é possível a plena atuação profissional dos portadores de diploma em curso de Licenciatura em Educação Física, em face da existência de duas moda-lidades distintas de cursos, quais sejam, graduação/bacharelado e licenciatura, com qualificações específicas. Veja-se, por oportuno, a ementa do referido jul-gado:

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“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RE-CURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. PROFISSIONAL FORMADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA MODALIDADE DE LICENCIATURA DE GRADUAÇÃO PLENA. IM-POSSIBILIDADE DE ATUAR NA ÁREA DESTINADA AO PROFISSI-ONAL QUE CONCLUIU O CURSO NA MODALIDADE DE BACHA-RELADO. 1. Caso em que se discute se o profissional formado em educação física, na modalidade licenciatura de graduação plena, pode atuar, além de no ensino básico (área formal), em clubes, academias, hotéis, spas, dentre outros (áreas não formais) 2. Atu-almente, existem duas modalidades de cursos para profissionais de educação física, quais sejam: o curso de licenciatura de graduação plena, para atuação na educação básica, de duração mínima de 3 anos, com carga horária mínima de 2.800 (duas mil e oitocentas) horas/aula; e o curso de graduação/bacharelado em educação física, para atuação em áreas não formais, com duração mínima de 4 anos, com carga horária mínima de 3.200 (três mil e duzentas) horas/aula, conforme estabelecem os arts. 44, II, e 62 Lei n. 9.394/1996, regula-mentados pelos arts. 5º do Decreto n. 3.276/1999, 1º e 2º da Resolu-ção CNE/CP n. 2/2002, 14 da ResoluResolu-ção CNE/CES n. 7/2004 e 2º, inciso III, "a", c/c Anexo, da Resolução CNE/CES n. 4/2009. 3. O profissional de educação física o qual pretende atuar de forma plena, nas áreas formais e não formais (sem nenhuma restrição, como pretende, o recorrente), deve concluir os cursos de gra-duação/bacharelado e de licenciatura, já que são distintos, com disciplinas e objetivos particulares. 4. O curso concluído pelo recorrente é de licenciatura e, por isso mesmo, é permitido que ele tão somente atue na educação básica (escolas), sendo-lhe defeso o exercício da profissão na área não formal, porquanto essa hipótese está em desacordo com a formação por ele con-cluída. 5. As Resoluções do Conselho Nacional de Educação fo-ram emitidas com supedâneo no art. 6º da Lei n. 4.024/1961 (com a redação conferida pela Lei n. 9.131/1995), em vigor por força do art. 92 da Lei n. 9.394/1996, sendo certo que tais Reso-luções, em momento algum, extrapolam o âmbito de simples regulação, porque apenas tratam das modalidades de cursos previstos na Lei n. 9.394/1996 (bacharelado e licenciatura). 6. Recurso especial parcialmente conhecido (ausência de prequestio-namento) e, nessa extensão, não provido. Acórdão que deve ser submetido ao rito do art. 543-C do CPC.” (RESP 201300117283, BE-NEDITO GONÇALVES, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:18/11/2014 ..DTPB: - grifei.)

Dessa maneira, não há como conceber, in casu, ne-nhuma ilegalidade relacionada à Resolução nº 182/2009 do CONFEF, tampouco ofensa à garantia constitucional do livre exercício da profissão, mas tão somente uma atuação do conselho profissional da classe dos educadores físicos dentro dos limites impostos pela própria legislação federal regente da matéria.

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Por todo o exposto, OPINO pelo não provimento do recurso, com a manutenção da sentença de primeiro grau em todos os seus ter-mos.

É o parecer, sem prejuízo de entendimento outro, como é próprio da seara jurídica.

Recife, 11 de junho de 2015.

FRANCISCO CHAVES DOS ANJOS NETO* Procurador Regional da República

* Assinado eletronicamente

FCAN/RCV

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