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DO ESPONTÂNEO AO INTENCIONAL NA APROPRIAÇÃO DA CULTURA: OS PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA ATIVIDADE

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Academic year: 2021

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DO ESPONTÂNEO AO INTENCIONAL NA APROPRIAÇÃO DA

CULTURA: OS PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA ATIVIDADE

Mariana Tomazi-UEL maritomazi27@gmail.com; Sandra Aparecida Pires Franco-UEL sandrafranco26@hotmail.com; Vânia Alboneti Terra Dias- UEL

vania_terra@hotmail.com;

Eixo 1: Formação e Ação Docente Resumo

Esse trabalho propôs-se a clarificar o ensino pelo viés da Teoria da Atividade como via intencional de educação. Assim, o objetivo dessa discussão teve o foco de abordar alguns elementos condizentes ao arcabouço teórico Sócio-Histórico, em que, buscou-se elementos que subsidiem a compreensão da proposição apresentada por Leontiev acerca da Teoria da Atividade, em uma abordagem sucinta, e também amparada nos pressupostos fundantes da Pedagogia Histórico-Crítica, por encontrar nessa perspectiva a importância do ensino sistematizado. O objetivo também constituiu-se de perceber como a Teoria da Atividade pode oferecer como via de aprendizagem intencional docente, em que o motivo e a necessidade são precursores no processo de apropriação do conhecimento, diante da proposição pontuada por Saviani de que o ensino se dá pela articulação dos conhecimentos científicos, contexto e os indivíduos, para a compreensão da realidade em sua totalidade. Trabalhar com metodologias que possam fazer com que o aluno desvele as reais intencionalidades dos conteúdos, possibilita aos estudantes a formação humana. O trabalho com teorias pautadas no objetivo de buscar a transformação, ressignificação e desenvolvimento dos sujeitos, tornam-se dialeticamente possíveis como propõe a Teoria da Atividade, pois está articulada a concepções filosóficas e científicas que servem de alicerce ao processo educativo intencional.

Palavras-chave: Teoria da Atividade; Aprendizagem; Apropriação do conhecimento.

Introdução

Essa pesquisa é de cunho bibliográfico, e buscou fundamentos nas perspectivas Sócio-Históricas que explicitassem justificativas para a proposição da Teoria da Atividade como de suma importância para organização da educação intencional, apoiando-se em autores que subsidiem os esclarecimentos de conceitos explicitados por Leontiev. Justificando sua compreensão a partir da proposta da Pedagogia-Histórico-Crítica quanto a

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importância de uma ação pedagógica que promova a apropriação do saber elaborado.

Busca também apresentar elementos que entrelaçam o desenvolvimento humano, educação e aprendizado. Assim, buscou-se subsídios de fundamentos ontológicos da perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, diante de uma proposição de aprendizado por meio da transmissão do arcabouço científico e cultural. Nesse aspecto, delineia-se por um movimento que perpassa do espontâneo ao intencional, o qual dá norte para uma reflexão embasada na perspectiva da Teoria Histórico-Cultural para uma discussão voltada ao processo sócio-histórico do desenvolvimento humano a partir das relações sociais, as quais promovem aprendizado/apropriação de conhecimento, pelas ações interpessoais, mesmo que de modo espontâneo. É nesse aspecto que a Teoria da Atividade da margem de análise e oferece substratos para uma via intencional de educação. Nessa conjuntura também ampara-se em uma proposta pedagógica que promova a intersecção da atividade intencional que oportunize a transposição do conhecimento.

Assim, esta reflexão se apoia nos pressupostos fundantes da Pedagogia Histórico-Crítica, por encontrar nessa perspectiva elementos que esclarecem a importância do ensino sistematizado. O objetivo do trabalho foi de perceber como a Teoria da Atividade pode oferecer-se como via de aprendizagem intencional, em que o motivo e a necessidade são precursores no processo de apropriação do conhecimento, em que o ensino passa pela articulação dos sujeitos, conhecimento científico e contexto. Pois, o modo com que se organiza o conhecimento, sistematiza a sua transposição e o engajamento nas atividades propostas, pode proporcionar a compreensão da realidade em sua totalidade, pois aprender passa pela participação e interação durante o processo de apropriação do conhecimento. Nesse sentido, a proposta teórica da Teoria da Atividade evidencia a relação conjunta, articulando o movimento da dialética por meio da tríade instrumentos (ferramentas e signos) sujeitos (participantes) e objetos (atividades), dentre a qual, é passível de mudança a medida que qualquer mudança desses elementos ou dessa dinâmica propicia outro modo de participação, o que proporciona outra forma de apropriação da realidade objetiva.

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Por esse aspecto é de suma importância, o professor ter clareza do processo pelo qual os sujeitos se apropriam do conhecimento, e quais são os fatores determinantes para tal, de modo que oportunize melhor os métodos a fim de que o ensino possa ser de caráter significativo.

Duarte (2013) e Martins (2015) endossam essa proposição diante do fato de refletirem sobre a organização e a sistematização do conteúdo, para que este promova o aprendizado. Para tanto é necessário que essa organização esteja atrelada aos objetivos de desenvolvimento da consciência. Em suma, o trabalho busca evidenciar que as operações mentais não são espontâneas, mas depende da apropriação da Atividade material e intelectual na forma mais desenvolvida. Dessa forma, torna-se um desafio para a psicologia, segundo Leontiev (2001), entender como a atividade, os motivos e meios transformam as necessidades humanas, e ao mesmo tempo que suscitam novas necessidades. Portanto, denota-se a importância da psicologia compreender a natureza sócio-histórica do psiquismo humano. Sendo um processo de caráter mediador, pelo qual o homem ao modificar o ambiente em que está exposto modifica também o próprio ser em sua forma de pensar, de agir e de se relacionar com os indivíduos ao seu redor.

Resultados e Discussão

Constou-se nos resultados a transmissão da cultura como fundamental ao desenvolvimento humano, diante de um processo que transita necessariamente via educação, sendo esta espontânea ou intencional por meio das ações interpessoais. Diante desta análise observou-se que as discussões levantadas por Leontiev se precedem a partir dos fundamentos do Materialismo Histórico e Dialético. O autor também considera o que foi apresentado por Marx e Engels (1977) quando pontuam os homens como produtos das circunstâncias sociais.

Leontiev (2001) considera o processo educacional atrelado às relações sociais em que tem-se o contexto como condicionante ao desenvolvimento e pertinente à transformação e ressignificação no processo de apropriação cultural dos sujeitos, pois não basta olhar apenas para o individual

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se não se avaliar o produto da atividade. Santos e Santade (2012) esclarecem que Leontiev retoma a ideia iniciada por Vigostski1 muda a unidade de análise para ação na atividade humana.

Leontiev enfatizava as relações sociais e regras de conduta governadas por instituições culturais, políticas e econômicas e, por isso, inclui ao contexto da atividade as regras, a comunidade e a divisão de trabalho e expande a unidade de análise de ação individual para atividade coletiva. (SANTOS; SANTADE, 2012, p.56).

Assim, é possível ancorar-se à concepção científica de Leontiev atreladas às concepções filosóficas do Materialismo Histórico e Dialético e alicerçadas aos estudos psicológicos da Teoria Histórico-Cultural, junto ás inter-relações entre o desenvolvimento humano e a atividade humana como forma de conhecimento e elevações psíquicas, em que o inter, passa a ser intrapessoal.

Queirol, Cassandre e Bulgacov (2014) destacam a Teoria da Atividade, articulada entre os fundamentos dialéticos marxianos, as discussões SóciosHistóricas precedidas por Vigotski e Leontiev em que se revela como uma alternativa metodológica que concebe a mediação como fator preponderante para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores, sendo que os signos recebem destaque nesta função.

Essa metodologia oferece ferramentas metodológicas que ajudam o pesquisador a identificar uma rede de atividades, de forma que os resultados e conclusões obtidos possam ser comparados e que, por sua vez, generalizações

teórico-genéticas sejam realizadas. (QUEIROL; CASSANDRE;

BULGACOV, 2014, p. 412)

Na pesquisa, Piccolo (2012) ressalta que Rubeisntein foi considerado como o segundo colaborador da Teoria da Atividade. Os estudos de Rubeinstein precederam os de Vigotski e de Leontiev e tomou por base: o

1 Nas diversas obras do autor e naquelas que apresentam os seus pressupostos o nome do

psicólogo soviético pode ser encontrado com diferentes grafias, como Vigotski, Vygotsky, Vygotski e Vigotskii. Neste trabalho, adotamos a grafia Vigotski. Porém, nas referências reproduziremos a forma que estiver na edição utilizada.

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trabalho no processo de formação psicológica do homem; objetos criados pelo homem atuam na formação dos sentidos e da consciência e a importância da história na psicologia humana.

A pesquisa de Piccolo (2012) menciona que o objeto principal da Teoria da Atividade não é o sujeito ou o meio de forma isolada, mas o processo conjunto dialético de transformação entre sujeito e meio, “[...] reflete a relação entre o sujeito humano como ser social e a realidade humana” (PICCOLO, 2012, p. 285). Baseado em Leontiev, o autor esclarece que o motivo pode ser considerado o objetivo, ou seja, o que leva o aluno a realizar uma tarefa, o que necessita fazer para obter algo. Considerando que para Teoria da Atividade a ação não é isolada, mesmo que o sujeito tenha em um primeiro momento um objeto alienado ele pode ser ressignificado pela ação do outro. Condição premissa ao desenvolvimento proximal. Para Queiro, Cassandre e Bulgacov (2012, p. 111) “Um importante conceito na TA é o de zona de desenvolvimento proximal (ZDP), o qual serve para determinar as possibilidades de desenvolvimento futuro tanto de indivíduos quanto de atividades[...]”

Eidt e Duarte (2007) discutem sobre a natureza da Atividade no ensino. Os autores expõem ao princípio a preocupação de Vigotski com o ensino que promova o desenvolvimento psíquico, aquele que se adianta ao desenvolvimento biológico, denominado de “bom ensino”, demonstrando assim, que a escola deve ir além de uma função utilitarista, como bem pontua Saviani (2012) a função social da Escola e a transmissão do saber elaborado.

Conclusões

Esse trabalho teve como propósito apresentar a Teoria da Atividade e seus enfoques voltado para analisar o meio social, o indivíduo e os materiais utilizados pelo docente e como que essas três instâncias se relacionam para a obtenção de uma aprendizagem significativa, em que alterando um dos elementos citados pode alterar toda a articulação do pensamento.

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Portanto, são articulações teóricas que inferem respostas quanto à estrutura de um trabalho pedagógico que possa transcender ao desenvolvimento humano. Assim, pode-se considerar o arcabouço teórico que dá luz à Teoria da Atividade como um meio ao trabalho educativo que visa oferecer substratos que possibilitam novas diretrizes para o processo de ensino e aprendizagem, em que a função social da escola é fornecer os instrumentos necessários para apropriação dos conhecimentos científicos, bem como a transmissão do saber elaborado, condição discutida por Saviani (2012) justificando a importância de um trabalho pedagógico que proporcione o desenvolvimento e a emancipação dos sujeitos,

Quanto relação à atividade pedagógica, os autores baseados na Teoria da Atividade consideram que a organização das atividades deve abarcar: as necessidades, motivos, finalidades, tarefas, ações e operações. Sendo que as necessidades, ou seja, os motivos são considerados históricos sociais, pois modificam de acordo com o contexto vivenciado pelo homem. De modo que não se trata apenas de trazer conceitos, mas em como o professor os materializa para que gere a necessidade ao conhecimento.

Referências

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Referências

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